Em quem confia? Cientistas lideram, depois são os colegas e o seu CEO
Enquanto 75% das pessoas confiam nos cientistas, apenas 42% confia nos líderes governamentais. Depois de ter sido a instituição mais confiável em 2020, o Governo é agora uma "força de divisão".
Praticamente dois anos após o começo de uma pandemia que correu o mundo e que ainda não teve um ponto final, as pessoas olham para os cientistas de outra forma. Veem estes profissionais como os membros mais confiáveis da sociedade – pelo menos três quartos dos inquiridos – o que faz destes líderes os que ocupam o primeiro lugar do pódio quando o tema é confiança. Depois surgem os colegas e o CEO da empresa onde trabalha. Já os líderes governamentais são, agora, os menos confiáveis, revela o “Edelman Trust Barometer 2022”, elaborado pela Edelman Data & Intelligence (DxI), a que a Pessoas teve acesso. Perder o emprego está, juntamente, com os temas de saúde, no topo das preocupações das pessoas.
A seguir aos cientistas (75%), os membros da sociedade mais confiáveis são os colegas de trabalho (74%) e o CEO da empresa onde o inquirido trabalha (66%).
Este detalhe de ser o líder da organização empregadora faz toda a diferença entre a confiança e a desconfiança, já que na ponta oposta no gráfico, com os níveis mais altos de desconfiança, estão precisamente os CEO. Apenas 49% confiam nestes profissionais, seguindo-se os jornalistas (46%) e os líderes governamentais (42%).
Já as preocupações são cada vez mais profundas e intensas. O Governo e os media são vistos como “forças de divisão” (por quase um em cada dois entrevistados), enquanto empresas e ONG são vistas como “unificadoras”. Além disso, dois terços dos entrevistados estão convencidos que são enganados por chefes de Governo, jornalistas e líderes empresariais.
“O Governo foi a instituição mais confiável em maio de 2020, quando o mundo procurou uma liderança capaz de enfrentar uma pandemia global”, começa por recordar Richard Edelman, CEO da Edelman. “Agora, após a resposta confusa, quando se trata de competência básica, o Governo é menos confiável do que empresas e ONG. As pessoas ainda querem que o Governo enfrente os grandes desafios, mas apenas quatro em cada dez inquiridos afirmam que o Governo pode executar e obter resultados”, continua.
O estudo demonstra que as empresas por agora são a fonte de informação mais confiável, mas essa confiança é local, com 77% dos entrevistados a confiar no seu próprio empregador em vez dos negócios em geral, e 65% acredita na comunicação do seu próprio empregador em vez de outras fontes.
Agora, após a resposta confusa, quando se trata de competência básica, o Governo é menos confiável do que empresas e ONG. As pessoas ainda querem que o Governo enfrente os grandes desafios, mas apenas quatro em cada dez inquiridos afirmam que o Governo pode executar e obter resultados.
Além disso, 81% dos inquiridos também acreditam que os CEO devem ser pessoalmente visíveis ao discutir políticas públicas com partes interessadas externas ou o trabalho que a sua empresa fez para beneficiar a sociedade, e 60% dos entrevistados gostariam que as empresas desempenhassem um papel mais ativo em temas como as mudanças climáticas, a desigualdade económica, a requalificação da força de trabalho e a injustiça racial.
“Enfrentar estes inúmeros desafios exigirá uma nova maneira de operar e um nível muito mais alto de desempenho das nossas principais instituições”, refere o líder da Edelman. “Os media precisam de voltar a um modelo de negócio que substitua a indignação pela sobriedade, o click bait pela autoridade calma. As ONG têm um papel inestimável a desempenhar nas mudanças climáticas e na última etapa da pandemia”, acrescenta.
Tecnologia e negócios familiares são os mais confiáveis
Analisando os níveis de confiança pelas várias indústrias, o setor tecnológico é o que merece, atualmente, maior confiança por parte da sociedade, com 72% dos inquiridos a afirmarem acreditar e confiar nesta indústria. O pódio fica completo com a saúde (69%) e o setor dos alimentos e bebidas (67%).
Na ponta oposta, com níveis de confiança menos expressivos, estão os serviços financeiros (54%), os bens de consumo embalados (60%) e o entretenimento (61%). Convém, no entanto, salientar que os serviços financeiros têm vindo a registar uma trajetória de crescimento nos níveis de confiança, tendo este setor aumentado dez pontos percentuais desde 2012 a 2022.
Quanto à tipologia das empresas, são as empresas familiares que são vistas como as mais confiáveis (67%), seguindo-se as companhias privadas (58%). As menos confiáveis, revela o barómetro anual, são as organizações que são propriedade do Estado, em que apenas metade das pessoas confiam.
85% das pessoas têm medo de perder o emprego
Sem fé de que nossas instituições ofereçam soluções para os principais problemas sociedade ou que as lideranças sejam capazes de combatê-los trazê-los para o centro, os medos sociais são cada vez maiores. Destaca-se a preocupação de perder o emprego, com 85% dos inquiridos pela Edelman DxI a assumirem este receio, mais um ponto percentual do que o valor apurado no barómetro de 2021.
Seguem-se as preocupações com as mudanças climáticas (75%) e com os ataques cibernéticos (71%), ambas com mais três pontos percentuais do que no ano passado.
No entanto, o receio de perder a liberdade como cidadão e de experienciar o preconceito ou racismo foram os medos que mais aumentaram entre a sociedade este ano, com um crescimento de quatro e seis pontos percentuais, respetivamente.
O “2022 Edelman Trust Barometer”, desenvolvido pela Edelman Data & Intelligence (DxI), envolveu 36 mil entrevistas online de 30 minutos realizadas entre o dia 1 de novembro e 24 de novembro de 2021, em 28 países (Portugal não está incluído). Para mais informações, clique aqui.
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