Seis números que explicam a desigualdade salarial entre homens e mulheres
Se, em 2006, a disparidade salarial entre géneros era de 8,4%, em 2020 aumentou para 11,4%. Trabalho igual ainda não dá direito a salário igual entre os géneros. Dará apenas daqui a 135 anos.
É preciso recuar 16 anos para chegar ao valor mais baixo no que toca à desigualdade salarial entre homens e mulheres. A (dura) realidade é que trabalho igual ainda não dá direito a salário igual entre os géneros, como seria de esperar em pleno 2022. Esta problemática — que as estatísticas divulgadas pelas várias entidades comprovam — só chegará ao fim daqui a 135,6 anos.
2157
2157. Poderia ser um número qualquer, mas é o ano em que o problema da desigualdade salarial chegará finalmente ao fim, ou seja, daqui a 135,6 anos, revela o World Economic Forum no “Global Gender Gap Report 2021”. Portanto, qualquer um de nós a ler este artigo já não estará cá para testemunhar o fim das disparidades salariais com base no género.
“Mais uma geração de mulheres terá de esperar pela paridade de género (…). Enquanto o impacto da pandemia de Covid-19 continua a ser sentido, terminar com o gender gap global adiou-se de 99,5 para 135,6 anos”, descreve o Fórum Económico Mundial. A pandemia de Covid-19 foi a principal responsável pelo recuo, aponta a entidade.
11,4%
Em Portugal, o fosso salarial entre homens e mulheres aumentou de 10,9%, em 2019, para 11,4%, em 2020, segundo os dados revelados esta terça-feira pelo Pordata. O valor corresponde a uma perda de 51 dias de trabalho remunerado para as mulheres, pode ler-se.
O valor registado em 2020 é, ainda, três pontos percentuais mais elevado do que o apurado em 2006. Quer isto dizer que mais do que uma evolução temos assistido, neste item, a um retrocesso. Durante este período a percentagem nunca voltou a estar perto dos 8,4% registados em 2006. Aliás, em 2015, o número quase duplicou, situando-se nos 16%.
2,5 p.p.
Na taxa de risco de pobreza, as mulheres são, uma vez mais, as que saem mais penalizadas. Durante a pandemia da Covid-19, o crescimento da taxa de risco de pobreza foi mais intenso no sexo feminino, com um aumento de 2,5 pontos percentuais, de 2019 para 2020, mostrou o relatório anual “Portugal, Balanço Social 2021. Um retrato do país e de um ano de pandemia”, elaborado pela Nova SBE Economics for Policy e divulgado no início do ano.
49%
Embora continuem a receber salários inferiores comparativamente aos seus pares masculinos, as mulheres têm os níveis mais altos de escolaridade. “O ensino superior tem vindo a expandir-se ao longo das últimas décadas e, em 2020, as mulheres entre os 25 e os 34 anos eram mais propensas do que os homens a frequentar uma carreira universitária em todos os países da OCDE”, pode ler-se no relatório “Education at a Glance 2021″.
Em Portugal, 49% das mulheres nesta faixa etária tinham um diploma universitário, em comparação com 35% dos seus pares masculinos. Já a média dos países da OCDE, embora também distante, é um pouco mais elevada, na ordem dos 52% e 39%, respetivamente.
1986
Desde 1986 que há mais alunas matriculadas no ensino superior. Elas também são a maioria entre os diplomados em todas as áreas, com exceção das Ciências, Matemática e Informática, dos Serviços e das Engenharias. Se nas primeiras áreas elas estão muito próximas dos homens (47% e 46%), nas Engenharias não chegam nem a 1/3 dos diplomados, revelam os dados do Pordata.
65%
Apesar de as mulheres serem mais propensas a concluir a formação universitária, continuam a registar as taxas de empregabilidade mais baixas. As mulheres jovens têm menos probabilidades de serem contratadas, comparativamente aos homens jovens, sobretudo as que têm níveis de escolaridade mais baixos.
Apenas 65% das mulheres entre os 25 e os 34 anos, com qualificações inferiores ao 12.º ano, estavam empregados em 2020, em comparação com 80% dos homens em Portugal com as mesmas habilitações. Esta diferença de género consegue ser, contudo, menor do que a média apurada nos países da OCDE, onde 43% das mulheres e 69% dos homens com o mesmo nível de escolaridade estão empregados.
Assine o ECO Premium
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.
De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.
Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.
Comentários ({{ total }})
Seis números que explicam a desigualdade salarial entre homens e mulheres
{{ noCommentsLabel }}