Coface põe Rússia com risco país muito elevado
Estabelecendo cenário com risco agravado de estagflação e agitação social, a seguradora de crédito admite comportamento negativo para economia da UE em 2022.
Com o conflito Rússia-Ucrânia, o mundo mudou e o mesmo aconteceu com os riscos. Estimando que a economia russa registe variação negativa de 7,5% no produto em 2022, esta previsão de recessão profunda na economia do rublo, “levou à revisão em baixa da avaliação de risco do país de B (risco bastante elevado) para D (risco muito elevado)”, anunciou a Coface.
No relatório “Consequências Económicas do Conflito Rússia-Ucrânia: Rumo à estagflação,” a seguradora francesa indica que, pela dependência ao petróleo gás natural russos, “a Europa parece ser a região mais exposta às consequências deste conflito.”
Enquanto a Alemanha, a Itália ou alguns países da região da Europa Central e Oriental são mais dependentes do gás natural russo, “a interdependência comercial dos países da zona Euro sugere um abrandamento generalizado”. Face à crise e ao impacto dos preços da energia, a Coface estima pelo menos 1,5 pontos percentuais de inflação adicional em 2022, “o que irá prejudicar o consumo das famílias e, juntamente com a queda esperada do investimento empresarial e das exportações, reduzir o crescimento do PIB em aproximadamente um ponto percentual”.
Isto, conjuntamente com um corte completo no fornecimento de gás natural russo, a companhia francesa de seguros de crédito admite um cenário de estagflação que poderá, em 2022, “custar pelo menos 4 pontos do PIB, levando assim a um crescimento do PIB da UE próximo de zero – mais provavelmente em território negativo, dependendo da gestão da redução da procura,” lê-se no estudo que destaca várias condicionantes:
- Conflito ameaça comprimir ainda mais os mercados de energia e matérias primas: “Embora os preços elevados das matérias-primas sejam um dos riscos já identificados como potencialmente perturbadores da recuperação, a escalada do conflito aumenta a probabilidade de os preços das matérias-primas permanecerem mais elevados por muito mais tempo“. Por sua vez, intensifica a ameaça de uma inflação elevada e duradoura, “aumentando assim os riscos de estagflação e agitação social, tanto nos países mais desenvolvidos como nos países emergentes,” aponta o relatório Coface.
- Transportes, Automóveis, Produtos químicos entre setores mais vulneráveis: As fábricas de automóveis na Ucrânia abastecem os principais fabricantes de automóveis da Europa Ocidental; algumas anunciaram a paragem de fábricas na Europa, enquanto “outras fábricas em todo o mundo já estão a planear paragens devido à escassez de chips”. As companhias aéreas e de transporte marítimo de mercadorias “também irão sofrer” com os preços mais elevados dos combustíveis, sendo as companhias aéreas as que correm maior risco. O transporte ferroviário de mercadorias também será afetado: as empresas europeias estão proibidas de fazer negócios com os caminhos-de-ferro russos, o que provavelmente perturbará a atividade de transporte de mercadorias entre a Ásia e a Europa, que transita através da Rússia. “Também esperamos que a matéria-prima para a petroquímica seja mais cara, e que a subida dos preços do gás natural tenha impacto nos mercados de fertilizantes e, consequentemente, toda a indústria agroalimentar.”
- Nenhuma região será poupada pela inflação importada e pelas perturbações no comercio internacional: No resto do mundo, as consequências económicas “serão sentidas principalmente através do aumento dos preços das mercadorias, o que irá alimentar as pressões inflacionistas já existentes”. Na Ásia-Pacífico, continua o mesmo relatório, “o impacto será sentido quase imediatamente através de preços de importação mais elevados, particularmente nos preços da energia, sendo muitas economias da região importadores líquidos de energia, liderados pela China, Japão, Índia, Coreia do Sul, Taiwan e Tailândia”.
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