Continente promete prateleiras cheias e promoções nas lojas em 2022

Cláudia Azevedo diz que Sonae tem “flexibilidade e criatividade” para garantir abastecimento e preços baixos nos supermercados. Critica a Concorrência e pede ao Governo corte de impostos na energia.

A Sonae garante que “não tem nenhum sinal” de que possam vir a faltar produtos alimentares nas prateleiras do Continente. E apesar do contexto de aumento de custos com a energia e matérias-primas, promete igualmente que vai “lutar” por manter os preços baixos para os consumidores e que “não vão faltar as promoções” nos supermercados em 2022.

Em conferência de imprensa, a presidente executiva da Sonae disse que “tudo [fará] para que não aconteça” um aumento generalizado dos preços, assegurando que a empresa vai “lutar” por manter os preços baixos nas lojas. “Posso garantir que faremos tudo para reduzir ao máximo [o impacto da subida dos custos] e encontrar formas criativas de fornecer outros produtos, outros cabazes”, sublinhou.

“Nestes últimos dois anos de pandemia ganhámos um músculo de flexibilidade e de criatividade. Passámos dois anos, sobretudo na MC, em que nos perguntávamos se iam ou não faltar produtos. E conseguimos garantir que há sempre produtos. Se não conseguirmos de um lado vamos buscar ao outro. Conhecemos bem os consumidores, o Continente tem 36 anos [no mercado] e sempre conseguiu dar resposta. Não vão faltar as promoções”, resumiu Cláudia Azevedo.

A empresária nortenha explicou que “as negociações com os fornecedores são uma constante” – alguns são pequenos produtores, outros multinacionais muito maiores do que a Sonae – e avisou que “toda a cadeia de valor tem de absorver alguns choques e procurar alternativas (…), baixando num sítio e aumentando noutro”. “Não pode passar tudo para o consumidor final, acrescentou.

Cláudia Azevedo (CEO), João Günther Amaral (CDO) e João Dolores (CFO) durante a apresentação de resultados da Sonae, na MaiaDR Sonae 17 Março, 2022

A limitação na venda de óleo alimentar nos supermercados, explicou, é apenas uma tentativa de evitar o açambarcamento, já que os armazéns estão cheios desse tipo de artigos – “é mais para moldar a procura”. Sobre o risco da dependência do mercado português na importação de cereais da Ucrânia, como o milho para rações, Cláudia Azevedo, vestida esta quinta-feira com as cores da bandeira ucraniana da cintura para cima, lembra que “há sítios alternativos no Brasil ou nos EUA para ir buscar esses cereais”.

A totalidade do trigo que é usado nas padarias do Continente já é produzida em Portugal, num total de sete toneladas de farinha, a partir de searas plantadas em 1.500 hectares no Alentejo. Pode esse projeto ser alargado a outros cereais, como o milho? “Demora algum tempo. Já não produzíamos praticamente trigo em Portugal e este foi um projeto da MC com o Clube de Produtores para reintroduzir este cereal no país. É um bom desafio voltarmos a cultivar outros cereais em Portugal”, respondeu.

Dos impostos na energia ao regulador “chato”

Durante a conferência de imprensa realizada na Maia, Cláudia Azevedo frisou ainda que a subida dos preços da energia “afeta toda a gente [e] tem de haver desenvolvimentos” nesse campo. Reclamou que “não faz sentido afetar tanto a indústria portuguesa e 50% dos custos serem impostos”. “Não faz sentido prejudicar toda a gente para recolher mais impostos. Espero novidades nessa frente. Portugal tem muitos dias 70% de abastecimento por energias renováveis, temos de ter esse benefício”, argumentou.

Já questionada sobre os processos da Autoridade da Concorrência relativos a concertação de preços que têm visado os supermercados, como o Continente, Cláudia Azevedo confia que “os consumidores não têm dúvidas de que [o setor é] um dos mais competitivos e promocionais de toda a Europa”, que espanta até os operadores estrangeiros que entram em Portugal, como a Mercadona. Contesta que “o que Autoridade da Concorrência vê, mais ninguém vê”, que “é muito chato os reguladores serem assim em Portugal, mas [vai] defender o bom nome da empresa até ao fim”.

Um mês depois de refrescar a marca e os valores para “moldar o amanhã”, a Sonae apresenta os resultados de 2021 no meio de um cenário de guerra na Europa. A empresa portuguesa tinha apenas uma pequena filial da Losan (vestuário infantil) na Rússia, que “já estava a tentar fechar”. “Tínhamos contratos com distribuidores de roupa para criança e simplesmente fechámos. É pouco significativo”, descreveu a filha do fundador, que quer tornar a Sonae mais ágil, menos perfeita e tão eficiente como a de Belmiro.

Os lucros da Sonae aumentaram para 268 milhões de euros em 2021, um crescimento de 45,6% face ao ano anterior. Este é o valor mais elevado dos últimos oito anos. O volume de negócios consolidado da empresa liderada por Cláudia Azevedo subiu 5,3% e atingiu um valor recorde, ultrapassando os sete mil milhões de euros.

Numa altura em que continuam “parados” os processos judiciais que estão a correr em Portugal e também em Angola relativamente a Isabel dos Santos, com quem a Sonae tinha criado a Zopt para juntar os interesses no setor das telecomunicações — e que controlavam em partes iguais —, Cláudia Azevedo admite que “a única coisa boa no meio disto tudo é que a Nos mantém um desempenho muito bom e conseguiu-se proteger a empresa de qualquer turbulência acionista”.

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