EDP compra Soon Energy na Polónia para crescer no solar descentralizado
A EDP Comercial quer reforçar o crescimento alcançado no solar descentralizado: já conta hoje com 800 MWp de capacidade. A aquisição da Soon Energy garantirá um portfólio total de 30 MW no país.
Depois de já o ter feito em geografias tão diferentes como Itália, Brasil, América do Norte e Ásia-Pacífico, a EDP Comercial quer reforçar o crescimento já alcançado no solar descentralizado (em 2021 duplicou a capacidade instalada e chegou aos 500 MW) e, para isso, vai avançar para a compra da empresa Soon Energy, na Polónia. A aquisição garantirá logo à partida um portfólio total de 30 MW no país.
Em entrevista ao ECO, Vera Pinto Pereira, administradora executiva da EDP Comercial, explicou que o negócio agora anunciado (cujo valor não revela) insere-se numa “nova tendência, uma nova oportunidade, de termos geração de energia solar distribuída, no sentido em que ela acontece não em grandes centrais mas sim no telhado das casas, das fábricas, levando a transição energética às famílias e às empresas”.
As previsões mostram que se a capacidade de geração de energia renovável no mundo vai crescer nos próximos cinco anos cerca de 60% (para mais de 4800 GW), cerca de 20 a 25% desse crescimento será através do solar descentralizado (cerca de 1800 GW em 2026). A oportunidade existe e a EDP já está a colher frutos.
“Março de 2022 foi, em Portugal, o mês que nós, na história da EDP, mais crescemos em solar distribuído desde sempre. A instalação média das famílias portuguesas são três painéis solares, 1 KWp [KW pico], com um investimento inicial de cerca de 2000 euros”, revela a CEO ao ECO.
Em Itália a EDP comprou a Enertel e, mais recentemente, na Ásia Pacífico, a Sunseap. No mercado polaco a EDP entrou em 2020, com uma operação comercial que permitiu já alcançar os primeiros 5 MW de solar descentralizado no país do Leste europeu, aos quais se juntam agora mais de 25 MWp (MW pico) da carteira de energia solar da Soon Energy, instalados em clientes empresariais e residenciais em várias regiões da Polónia (Varsóvia, Lublin, perto Ucrânia, e Gdansk). Destes, 10 MWp foram instalados em 2021, ano em que a companhia agora adquirida teve receitas de seis milhões de euros.
De acordo com as expectativas da EDP, as “sinergias entre ambas as empresas vão permitir o crescimento de cinco vezes da presença atual da elétrica portuguesa no mercado polaco” até 2025. Na Polónia, a EDP é também comercializadora de eletricidade e em 2021 forneceu cerca de 50 GWh de energia a clientes empresariais
A venda, construção e manutenção de instalações solares descentralizadas é um dos eixos de crescimento do plano estratégico da EDP até 2025, que prevê investir 24 mil milhões de euros na transição energética e duplicar a capacidade eólica e solar (4 GW/ano), dos quais mais de 10% serão em solar descentralizado. Ou seja, isto implica crescer, até 2025, mais de 10 vezes o que a EDP tinha no arranque de 2021, para 2,2 GW instalados em casa das famílias e nas empresas a uma escala global.
As “sinergias entre ambas as empresas vão permitir o crescimento de cinco vezes da presença atual da elétrica portuguesa no mercado polaco” até 2025. Na Polónia, a EDP é também comercializadora de eletricidade e em 2021 forneceu cerca de 50 GWh de energia a clientes empresariais
Ao longo de 2021, a empresa continuou a registar um crescimento no número de clientes com soluções solares, contando atualmente com cerca de 800 MWp de energia limpa a ser produzida nas instalações de clientes empresariais ou em residências familiares.
“2021 foi o ano em que mais crescemos organicamente, passando de 200 MW para mais de 500 MW contratados em solar descentralizado a nível global (Europa, Brasil e Estados Unidos). Mais do que duplicámos num ano tudo o que tínhamos feito até então, apesar de 2020 já ter sido um ano recorde”, reforça Vera Pinto Pereira.
Com os seus próprios painéis solares, os clientes EDP em todo o mundo produzem o equivalente ao consumo de mais de 185 mil famílias e evitam a emissão de 170.000 toneladas de CO2.
Em Portugal o total é de 201 MWp. São mais de 21 mil famílias com instalações solares (+45% do que em 2020), com 21 MWp (mais de 30% das instalações contratadas até hoje à EDP Comercial no nosso país). Nas empresas, mais de 2.000 já aderiram, com 55 MWp contratados com a EDP
Espanha tem instalados 64 MWp e praticamente todo o crescimento no segmento residencial foi feito em 2021 – 16 MWp de 20 MWp contratados, que permitirão dar resposta às necessidades de mais de 3,5 mil clientes residenciais. Nas empresas (230) a EDP garantiu a contratação de quase 45 MWp, um aumento de cerca de 2,5 vezes mais face a 2020.
Já em Itália são 19 MWp, assegurados em 2021 com a aquisição da Enertel (14 MWp em mais de 350 projetos).
“Isto é duplamente importante. Não só faz com que as famílias e as empresas participem na transição energética e no esforço de descarbonização, mas também protege da enorme volatilidade que temos assistido nos mercados energéticos porque reduz a dependência da energia comprada à rede. Quem tem painéis passa a gerar parte do seu consumo”, sublinha Vera Pinto Pereira ao ECO.
E alerta para as poupanças na fatura: 20% a 50% com instalação solar, ou até 60% com bateria. Aqui, além das moradias entram também já os edifícios, sendo possível uma instalação solar de um prédio se a energia for repartida pelos condóminos, sob a forma de comunidade de energia.
Nas empresas, a poupança varia entre 20% e 40%, garante, ainda mais agora que já existe um contexto regulatório específico que prevê que uma indústria eletrointensiva pode ter a sua instalação de autoconsumo longe do local onde opera.
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