Trabalhadores da Altice denunciam “brutal ataque” da administração aos planos de saúde da empresa
"Querem aumentar o cofinanciamento dos trabalhadores beneficiários, em alguns desses serviços, até 300%”, apontam os trabalhadores.
Os trabalhadores da Altice concentram-se quinta-feira, em Lisboa, para denunciar o que dizem ser “um brutal ataque” da administração aos planos de saúde da empresa, que, por sua vez, garante pretender manter as “características ímpares” desta proteção.
Em declarações, esta seguna-feira, à agência Lusa, o presidente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores das Telecomunicações e Audiovisual (Sinttav) acusou a administração da Altice Portugal de pretender “destruir mais uma fatia do pouco que já resta do primeiro plano do subsistema de saúde” da empresa, ao pretender aumentar em “até 300%” o cofinanciamento dos trabalhadores.
“Isto é um serviço cofinanciado, em que os trabalhadores pagam uma quota à empresa todos os meses. Há serviços que têm cofinanciamento maior, outros um cofinanciamento mais pequeno e outros não têm cofinanciamento nenhum. E querem aumentar o cofinanciamento dos trabalhadores beneficiários, em alguns desses serviços, até 300%”, avançou Manuel Gonçalves.
Para o sindicato, trata-se de “mais um brutal ataque aos direitos dos beneficiários da Altice-ACS (Altice Cuidados de Saúde, antiga PT-ACS) no ativo, com suspensão de contrato, pré-reforma, reforma/aposentação e seus familiares”, que “é preciso travar”.
Contactada pela Lusa, fonte oficial da Altice Portugal confirmou que, “seguindo o seu compromisso sério com o diálogo social, deu início a um processo negocial com sindicatos e Comissão de Trabalhadores, com vista a manter o caráter solidário dos planos de saúde e as suas características ímpares no mercado”.
“O contexto da saúde em Portugal tem sofrido múltiplas alterações, com um incremento de custos assinalável, sem que qualquer alteração profunda fosse aplicada aos planos de saúde da empresa desde 2014. Torna-se assim incontornável, a bem do rigor e da gestão eficientes desta área da Altice Portugal, a revisão destes planos”, explicou.
O objetivo, enfatiza, é que, “com toda a segurança, se garanta a sua sustentabilidade e a manutenção da qualidade dos cuidados de saúde prestados, assegurando que continuam a ser os mais completos no mercado nacional ao nível da rede de prestadores e das especialidades clínicas asseguradas”.
“De assinalar que se pretende uma revisão equilibrada que garanta sempre uma sólida sustentabilidade no tempo a todos os seus beneficiários”, acrescenta.
Recordando que “há mais de 26 anos que a atuação da Altice Cuidados de Saúde (ACS) contribui para a promoção da saúde e melhoria da qualidade de vida dos seus beneficiários”, que são “hoje mais de 36.000”, a empresa salienta que “a ACS tem sido alvo de diversos novos investimentos”, avançando como exemplos as “novas especialidades e reabilitações de instalações, além de novas instalações, para garantir mais, melhores e eficientes cuidados de saúde aos seus beneficiários”.
Pelo contrário, a Frente Sindical da Altice – que integra o Sinttav e outros sindicatos representativos – acusa a administração da empresa de, “na senda do que tem sido a sua atitude contra todos os direitos dos trabalhadores, e depois de tudo o que tem feito nestes mais de seis anos”, ter agora “virado o ataque a todos os planos de saúde da Altice-ACS, pretendendo destruir mais uma fatia do pouco que já resta do primeiro plano do subsistema de saúde” do grupo.
Decidida a “trazer a luta para a rua”, a Frente Sindical pretende organizar semanalmente concentrações de denúncia em várias cidades, de acordo com um calendário que “será brevemente divulgado”, estando a primeira iniciativa marcada para quinta-feira, frente às Picoas, em Lisboa, entre as 11:30 e as 13:00.
“A mobilização é muito importante. Beneficiários no ativo, suspensão de contrato, pré-reforma, reformados/aposentados e seus familiares, porque estão em causa os direitos de cada um. Cada um dos cinco sindicatos da Frente Sindical e cada trabalhador por si, temos de assumir a responsabilidade de participar e mobilizar os beneficiários que for possível”, lê-se num comunicado divulgado hoje pela estrutura sindical.
À Lusa, o presidente do Sinttav garantiu que os sindicatos “não vão permitir” que as negociações terminem em maio, conforme pretendido pela Altice: “Eles queriam acabar a negociação em maio, mas na última reunião, na semana passada, dissemos que suspendíamos a nossa presença nas reuniões até sermos recebidos pela nova CEO [presidente executiva, Ana Figueiredo, que assumiu funções no passado sábado, substituindo Alexandre Fonseca]. Queremos saber se ela tem a mesma visão ou não. Não vamos permitir que nos alterem assim o plano”, assegurou.
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