Polícia brasileira sobre Temer: há indícios de corrupção

  • Lusa
  • 20 Junho 2017

Depois das denúncias, a polícia brasileira diz existirem fortes indícios de corrupção na conduta do atual Presidente brasileiro que tomou posse após o impeachment de Dilma Rousseff.

A polícia federal brasileira considerou haver indícios de corrupção por parte do Presidente Michel Temer no âmbito de um inquérito iniciado depois de executivos da empresa JBS terem assinado um acordo com a Justiça, informou a imprensa local. As autoridades policiais concluíram que existem fortes indícios de que o Presidente e o seu ex-assessor Rodrigo Rocha Loures praticaram o crime de corrupção passiva num relatório entregue na segunda-feira ao Supremo Tribunal Federal (STF).

A polícia também pediu ao STF cinco dias para terminar uma outra investigação, que visa apurar se o chefe de Estado e seu ex-assessor também cometeram o crime de obstrução da Justiça. O pedido para aumentar o prazo para concluir o inquérito teve lugar porque quatro gravações de áudio entregues pelos executivos da JBS à Justiça, que comprometem diretamente Temer e Rocha Loures, ainda estão a ser analisados por peritos para verificar se o material foi ou não editado.

Michel Temer e Rodrigo Rocha Loures foram denunciados, em maio, no âmbito de um acordo de delação premiada (que permite vantagens, como a redução de pena de prisão, a quem der informações sobre um caso judicial) firmado por executivos da JBS com as autoridades que estão à frente da operação Lava Jato.

Na passada sexta-feira, Joesley Batista, um dos donos da JBS que colabora com as investigações, prestou depoimento na polícia federal e manteve a denúncia de que subornou o Presidente para favorecer sua empresa. Segundo o executivo, Michel Temer também o autorizou a subornar ao ex-deputado Eduardo Cunha para que ficasse calado e não colaborasse com as investigações policiais.

Eduardo Cunha está preso desde o ano passado em Curitiba, cidade da região sul do Brasil, e já foi condenado a mais de 14 anos e prisão por envolvimento nos crimes cometidos na petrolífera estatal Petrobras.

As gravações instauraram uma grande crise no Governo do Brasil porque além de indicar o suposto pagamento de subornos ao ex-deputado também mostram que Michel Temer ouviu o empresário Joesley Batista relatar uma série de crimes sem se manifestar e sem denunciar os factos às autoridades competentes.

Na segunda-feira, os advogados de Michel Temer entraram com duas ações judiciais contra Joesley Batista, acusando-o de ter cometido os crimes de calúnia, difamação e injúria.

Os processos são uma resposta às declarações do empresário que afirmou que o Presidente era “chefe da maior e mais perigosa organização criminosa” do Brasil, numa entrevista publicada no passado sábado pela revista brasileira Época.

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Michel Temer: “Não renunciarei”

O atual Presidente do Brasil diz que não renuncia ao cargo e rejeita as acusações que lhe foram feitas esta quinta-feira.

Michel Temer no momento da sua comunicação aos brasileiros esta quinta-feira.

Temer foi direto na sua comunicação ao país: “Não renunciarei“. O atual presidente brasileiro garante que não autorizou nenhum pagamento, algo que diz que vai demonstrar junto do Supremo Tribunal Federal, que abriu um inquérito. Michel Temer diz que não comprou o silêncio de ninguém e diz que “a revelação de conversa gravada clandestinamente trouxe de volta o fantasma de crise política”.

Temer disse ainda que “essa situação de dúvida não pode persistir por muito tempo”, referindo que não tem nada a esconder. “Sempre honrei meu nome. Nunca autorizei que utilizassem meu nome indevidamente“, afirmou Michel Temer na conferência de imprensa em que reagiu à divulgação da gravação de uma conversa com um empresário. A revelação foi feita pelo jornal brasileiro O Globo ter revelado que o empresário Joesley Batista, acionista da empresa JBS, gravou uma conversa na qual Temer o autoriza a pagar um suborno pelo silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha, condenado por participação no esquema de corrupção na Petrobras.

Antes de comentar o caso, Temer referiu que o seu Governo “viveu nessa semana seu melhor e o pior momento: dados de geração de emprego, e a queda da inflação criaram condições de um país melhor”. Em causa está a retoma da economia brasileira que esteve em recessão. O Presidente do Brasil argumentou que o trabalho que está a ser feito não pode ir para o “lixo da história”. “Meu compromisso é com o Brasil, e é só esse compromisso que me guiará”, declarou. Pode ver aqui o vídeo completo:

O índice de São Paulo, o Ibovespa, logo após as declarações de Temer, estava a cair 7% e está neste momento a cair para lá de 8%.

Temer passa, assim, a estar formalmente sob investigação no âmbito da Lava Jato. Segundo a Constituição brasileira, o Presidente do país só poderá ser investigado por atos cometidos durante o exercício do mandato e com autorização do STF. Os factos denunciados por Joesley Batista já terão ocorrido durante a legislatura, em março deste ano. Michel Temer anunciou ainda que já pediu acesso ao conteúdo das gravações que o citam.

(Atualizado às 20h37 pela última vez)

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Crash na bolsa e moeda do Brasil, Ibovespa afunda 10%

Ibovespa afunda 10% no arranque da sessão com nova crise política no Brasil, depois das gravações que implicam Temer num caso de suborno a testemunha do Lava Jato. Moeda tomba 7%.

Crash na bolsa brasileira. O índice Ibovespa abriu a afundar mais de 10%, o que desencadeou automaticamente os mecanismos de travão na bolsa para impedir uma queda ainda mais acentuada. Isto depois de Michel Temer ter sido apanhado numa gravação que pode comprometer a sua liderança enquanto Presidente do Brasil. O real tomba 7%.

O Brasil está mergulhado numa nova crise política. De acordo com a imprensa brasileira, existe uma gravação secreta que mostra Michel Temer a aprovar um pagamento “para comprar o silêncio de Cunha” e que já chegou às mãos do Supremo Tribunal Federal. Esta gravação é comparada a “bomba atómica” com um poder de destruição maior do que as denúncias feitas pela construtora Odebrecht no caso Lava-Jato.

O jornal Globo adianta que os donos de uma produtora de proteína animal, a JBS, entregaram no tribunal uma gravação em que Temer terá autorizado o pagamento de uma mesada a Eduardo Cunha, testemunha naquele caso de corrupção, para se manter calado na prisão. “Tem que manter isso, viu?”, terá dito Temer nas gravações, citado por aquele jornal.

O Presidente brasileiro já veio desmentir as informações, afirmando que “jamais” solicitou pagamentos para comprar o silêncio de Cunha. Para já, Temer cancelou a sua agenda e está a preparar um discurso ao país.

Crash na bolsa brasileira com crise política

Fonte: Bloomberg (valores em pontos)

“As acusações colocam em causa o programa económico de Temer e a estabilidade política dos últimos meses”, refere Marc Chandler, estratego da Brown Brothers Harriman, à Business Insider. Craig Botham, economista da Schroders, considera que as “consequências para o Brasil podem ser amplas”. “As reformas nas pensões e no mercado de trabalho podem estar sob ameaça”, frisou Botham.

"As acusações colocam em causa o programa económico de Temer e a estabilidade política dos últimos meses.”

Marc Chandler

Brown Brothers Harriman

O Ibovespa, o principal índice bolsista brasileiro, abriu a sessão desta quinta-feira a afundar 10,47% para 60.470,22 pontos. Este afundanço parou momentaneamente a negociação na bolsa brasileira. Ao mesmo tempo, o real brasileiro derrapa 6,78% para 0,2968 dólares.

Deste lado do Atlântico, também há empresas europeias a sofrer com a turbulência política no Brasil. Sobretudo aquelas que estão expostas ao mercado brasileiro. A Galp, cuja atividade de exploração de petróleo se concentra no pré-sal brasileiro, cai 3,83% para 13,8 euros. A EDP, que detém a EDP Brasil, perde 1,77% para 3,00 euros. Em Espanha, o Santander cede 4,48% para 5,685 euros.

Questionada pelo ECO sobre o impacto desta crise política, fonte oficial da Galp refere que a empresa está “focada na execução dos projetos que tem em curso no Brasil e, nesse contexto, sublinha a importância da entrada em operação, precisamente [esta quinta-feira], da sétima unidade de produção no Brasil, na área sul do campo de Lula”. Sobre a situação política do Brasil, a Galp não tece comentários, assim como a EDP. Já a EDP preferiu não comentar.

Em Wall Street, o índice tecnológico Nasdaq sobe 0,36%, escapando à maré vendedora que tem fustigado as ações um pouco por todo o lado. O S&P 500 e industrial Dow Jones cedem em torno de 0,02%.

Tesouro cancela leilão, banco central atento

Com a instabilidade política a pressionar os mercados, o Governo brasileiro cancelou os leilões de dívida que estavam programados para esta quinta-feira. “Em razão da volatilidade observada no mercado, o Tesouro Nacional não realizará os leilões de venda” de títulos, adiantou aquela entidade, já depois de ter afirmado que iria “adotar as medidas necessárias para assegurar a plena funcionalidade e a adequada liquidez dos mercados”.

Numa nota citada pela Bloomberg, também o Banco do Brasil revelou que está a monitorizar “o impacto das informações recentemente divulgadas pela imprensa e atuará para manter a plena funcionalidade dos mercados”.

(Notícia atualizada às 15h18)

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Cenário de impeachment de Temer pressiona ações europeias

Brasil mergulhou numa nova crise política. O Presidente Temer terá subornado Eduardo Cunha, que desencadeou o impeachment de Dilma. Cotadas com exposição ao mercado brasileiro em queda.

Caso que envolve Temer está a arrasar confiança dos investidores.Fotomontagem: Raquel Sá Martins

O Brasil está mergulhado numa nova crise política, depois das notícias sobre o envolvimento do Presidente, Michel Temer, num esquema de corrupção que envolve Eduardo Cunha, o antigo presidente do Congresso brasileiro que desencadeou o processo de impeachment de Dilma Rousseff, no ano passado. Aumentam os protestos nas ruas contra o Presidente. E as ações europeias expostas ao mercado brasileiro, casos do banco espanhol Santander ou das energéticas portuguesas Galp e EDP, estão em forte queda.

De acordo com a imprensa brasileira, existe uma gravação secreta que mostra Michel Temer a aprovar um pagamento “para comprar o silêncio de Cunha” e que já chegou às mãos do Supremo Tribunal Federal. Esta gravação é comparada a “bomba atómica” com um poder de destruição maior do que as denúncias feitas pela construtora Odebrecht no caso Lava-Jato.

De acordo com o jornal O Globo (acesso livre / conteúdo em português), foram os donos de uma produtora de proteína animal, a JBS, quem entregou no tribunal uma gravação em que Michel Temer terá autorizado o pagamento de uma mesada a Eduardo Cunha para se manter calado na prisão. “Tem que manter isso, viu?”, terá dito Temer nas gravações, citado pel’O Globo.

O Presidente brasileiro já veio desmentir as informações, afirmando que “jamais” solicitou pagamentos para comprar o silêncio de Cunha, mas as revelações estão a provocar uma nova onda de protestos no Brasil e a arrasar confiança dos investidores. Os deputados da oposição já pediram a demissão de Temer.

Galp sob pressão

As ações de cotadas europeias com elevada exposição ao mercado brasileiro estão sob intensa pressão vendedora esta quinta-feira. O banco espanhol Santander está a cair 4,78% para 5,67 euros. As operadoras de telecomunicações Telefonica (dona da Vivo) e a Telecom Italia cedem mais de 2%. Em Portugal, Galp e EDP perdem 3% e 0,55%, respetivamente.

O real brasileiro está “sob o risco de mais penalizações” com a evolução do escândalo político durante o dia de hoje, referiu Jameel Ahmad, analista da FXTM. “O timing desta notícia não podia ser mais inapropriado, considerando a incerteza no mercado que vem dos EUA”, acrescentou.

“O enfraquecimento dramático do governo deverá, no mínimo, adiar as reformas no mercado de trabalho e no sistema de pensões”, comentava a consultora Arko Advice.

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Balança comercial do Brasil regista melhor excedente desde 2006

  • Lusa
  • 2 Janeiro 2017

As exportações do Brasil superaram em 2016 as importações em 47,6 mil milhões de dólares (45,4 mil milhões de euros), ultrapassando o recorde alcançado em 2006, anunciou o Ministério da Indústria.

Este foi o melhor resultado da balança comercial brasileira em toda a série histórica, iniciada em 1989, e superou o recorde anterior de 2006 quando o país registou um excedente de 46,5 mil milhões de dólares (44,4 mil milhões de euros).

Em todo o ano de 2016 as exportações brasileiras totalizaram 185,2 mil milhões de dólares (176,9 mil milhões de euros) e as importações foram de 137,5 mil milhões de dólares (131,3 mil milhões de euros).

Apesar do saldo recorde, o Brasil vive uma grave recessão económica e apenas conseguiu o resultado positivo porque as importações caíram 20%, dado que regista uma velocidade muito maior do que o recuo das exportações, que foi de 3,18%.

Quando se considera a média diária, os dados divulgados pelo Governo brasileiro indicam que as exportações passaram de 764 milhões de dólares (729,9 milhões de euros) para 738 milhões de dólares (705 milhões de euros).

Já as importações nesta média diária passaram de 685 milhões de dólares (654 milhões de euros) para 548 milhões de dólares (523,5 milhões de euros).

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Atividade económica do Brasil regista a maior queda desde maio de 2015

  • Lusa
  • 20 Outubro 2016

A atividade económica do país caiu 0,91% em agosto face a julho, o pior resultado desde maio de 2015, quando o Índice de Atividade Económica do Banco Central (IBC-Br) registou um recuo de 1,02%.

Na comparação entre agosto deste ano e o mesmo mês de 2015 houve uma queda de 2,72%. Nos últimos 12 meses, a retração da economia brasileira atingiu 5,48%, enquanto no ano a perda já soma 4,98%.

O IBC-Br é considerado uma prévia mensal do Produto Interno Bruto (PIB) já que para medir a atividade económica leva em conta os resultados da indústria, comércio, serviços e agropecuária, além do volume de impostos.

Os dados recolhidos pelo Banco Central em agosto mostraram que a economia da maior economia da América do Sul continua a enfrentar grande dificuldade para voltar a crescer.

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicaram que no segundo trimestre do ano o PIB brasileiro registou um recuo de 0,6% face aos três meses anteriores. Para o ano, o Governo espera uma queda de 3,3%.

Cem economistas de instituições privadas do Brasil, consultados semanalmente pelo Banco Central na formulação do boletim Focus, preveem que o PIB do país deve ter uma contração de 3,19% em 2016.

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