Bruegel pede a Maria Luís Albuquerque “reforma transformadora” na supervisão dos mercados

Think thank defende que a autoridade europeia do mercado de capitais deve ter um reforço dos poderes e recomenda que essa seja a prioridade da próxima comissária para os serviços financeiros.

Maria Luís Albuquerque será ouvida esta quarta-feira no Parlamento Europeu na qualidade de comissária indigitada para a Comissão Europeia. A audiência será uma das 26 previstas para esta semana no âmbito do escrutínio dos candidatos a comissários europeus e terá a duração de três horas. Em causa está a avaliação da aptidão da antiga ministra das Finanças para os Serviços Financeiros, pasta cujo think tank Bruegel considera ser uma com mais impacto, sobretudo no que toca à reforma do sistema de supervisão bancário.

“A União dos Mercado dos Capitais (UMC) é, sem dúvida, a questão mais imediata na agenda do comissário. A supervisão dos mercados de capitais é o único domínio da UMC em que uma reforma transformadora é exequível, e deve ser priorizada“, sugere o think thank, ecoando as palavras da presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, em 2023. Para tal, Maria Luís Albuquerque deverá tentar concretizar uma reforma da Autoridade Europeia de Mercados de Valores Mobiliários (ESMA, na sigla em inglês), com vista a reforçar os poderes que hoje estão concentrados em supervisores nacionais, como é o caso da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), em Portugal.

Bruegel recomenda que a reforma se centre em potencializar a ESMA e não as suas agências congéneres da banca e dos seguros, “para evitar uma coligação de opositores motivada por preocupações não diretamente relacionadas com a UMC“, sugerindo que a ESMA passe a assumir um papel semelhante à da Securities and Exchange Commission (SEC), nos EUA, o supervisor responsável por moldar os mercados de capitais americanos desde a sua criação na década de 1930.

Maria Luís Albuquerque mostrou-se disponível para concretizar tal ambição. Na sua resposta ao questionário dos eurodeputados, a comissária indigitada defende que “um sistema de supervisão melhorado a nível da UE pode ser um motor essencial para a realização de todo o potencial dos nossos mercados de capitais“. Desta forma, será possível reduzir “ineficiências”, realizando economias de escala e “criando confiança no funcionamento dos mercados”. De que forma?

Por um lado, criando uma única autoridade de supervisão que ficaria responsável por supervisionar “determinados intervenientes no mercado” em diferentes Estados-membros, dando o exemplo do Mecanismo Único de Supervisão no setor bancário. Por outro, assegurando que as autoridades nacionais de supervisão, como a CMVM, “estejam melhor alinhadas nas suas abordagens e resultados, assegurando assim conjuntamente uma supervisão convergente”. O objetivo será uniformizar as regras de supervisão.

Bruegel recomenda assim que esta visão integrada da supervisão dos mercados de capitais junte o alargamento da autoridade da ESMA com uma reforma de fundo para transformar a instituição numa autoridade de supervisão “independente, eficaz e atenta ao mercado, o que não acontece atualmente em grau suficiente“, avisa o think tank. Ademais, deve ainda prever a criação de uma nova Autoridade Anti-Branqueamento de Capitais da UE (AMLA), tal como pedido pela própria presidente da Comissão Europeia na carta de missão enviada a Maria Luís Albuquerque.

Segundo o think tank, seria ideal que esta nova versão da ESMA “fosse a única autoridade de supervisão das áreas dos mercados de capitais para as quais está habilitada”, por forma a evitar “armadilhas de uma centralização excessiva”. No fundo, o objetivo é que este regulador combine o melhor dos dois mundos: a coerência e a previsibilidade das práticas, em contraste com a atual divergência de abordagens nacionais que perpetua a fragmentação do mercado; e ainda a familiaridade e proximidade adequadas com as realidades, os legados e as práticas do mercado local.

Bruegel vê união bancária como “mais importante” mas progressos não são animadores

Paralelamente à reforma da autoridade europeia do mercado de capitais, o think tank reconhece a importância da concretização da união bancária. Ainda que tenha menos expectativas quanto à sua concretização: “Os progressos no sentido da sua conclusão também parecem mais difíceis de alcançar rapidamente”, lê-se na análise.

Bruegel recorda a proposta legislativa conhecida como Gestão de Crises e Seguro de Depósitos (CMDI), apresentada pela Comissão Europeia, no ano passado, e adotada no verão pelo Conselho, dizendo que embora tivesse sido uma “tentativa de melhoria progressiva”, ficou “atolada em compromissos paralisantes entre os Estados-membros”, sendo por isso necessário que próximo comissário (ou comissária) faça progressos nesse sentido.

Segundo o think tank, a proposta “inverteria a racionalização da antiguidade dos depósitos proposta pela Comissão, introduziria mais incentivos para tratar as falências bancárias ao abrigo da legislação nacional e prejudicaria a governação do Conselho Único de Resolução da UE (CUR)”. No fundo, considera Bruegel, a CMDI “não resolveu muitos dos problemas de incompletude da união bancária e poderá estar agora irreparável”.

Assim, recomenda que o executivo comunitário, mais propriamente a futura comissária para os Serviços Financeiros, reformule a proposta por forma conceber “o duplo desafio da concentração de exposições soberanas nacionais” e de um quadro de intervenção em situações de crise mal concebido, que perpetuam o nexo banco-soberania na união monetária.

Aos olhos da instituição sediada em Bruxelas, tanto a concretização da união bancária como a UMC são desejáveis para o futuro do bloco europeu “por razões de eficiência económica, de capacidade de investimento e, como a crise da zona euro demonstrou, de estabilidade financeira na zona euro e, implicitamente, na UE no seu conjunto”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Parlamento Europeu testa Maria Luís Albuquerque. Assis entre os que decidirão futuro da comissária indigitada

Comissária indigitada para os Serviços Financeiros enfrenta escrutínio dos eurodeputados, um deles Francisco Assis. Futuro de Maria Luís em Bruxelas será decidido hoje, e antecessora já deixou avisos.

Três horas irão ditar o futuro de Maria Luís Albuquerque na Comissão Europeia. Historicamente, não chegam a dez o número de candidatos chumbados pelo Parlamento Europeu. E mesmo depois de uma série de obstáculos se terem apresentado diante da presidente da Comissão Europeia na formação da nova equipa executiva, não se espera que os eurodeputados rejeitem algum dos candidatos em cima da mesa. Alguns, no entanto, irão enfrentar um escrutínio intenso. Seja pelo peso político e orçamental da pasta que lhes foi atribuída – por exemplo, Mercado Interno, Economia e Transição Energética – como pelo currículo e histórico do candidato – como Robert Fitto, Olivér Várhelyi e Hadja Lahbib. Maria Luís Albuquerque é um desses nomes.

Por um lado, a pasta atribuída por Ursula von der Leyen à ex-ministra das Finanças de Portugal — Serviços Financeiros, Poupança e a União dos Investimentos — estará na linha da frente, numa altura em que a União Europeia procura recuperar parte da competitividade que perdeu nos últimos anos para os EUA e China. Tanto Mario Draghi como Enrico Letta, em relatórios recentes entregues ao executivo comunitário, apontam a futura pasta da ex-ministra das Finanças como uma peça chave para tapar o tal fosso. E parte disso será possível com a concretização da União da Poupança e dos Investimentos, fundamental para direcionar as poupanças para investimentos sustentáveis e de longo prazo, e União dos Mercados de Capitais e a União Bancária, duas reformas que tardam em concretizar-se.

Enquanto isso, o passado de Maria Luís Albuquerque será, certamente, um tema quente durante a audição desta quarta-feira. A transição do setor público para o privado, e agora de novo para o público (se passar o teste do Parlamento Europeu), é um aspeto que não convence muitos eurodeputados — sobretudo os socialistas, que alertam para um potencial conflito de interesses. A própria presidente da Comissão Europeia foi rápida a sair em defesa da candidata portuguesa, garantido que a experiência nesses dois campos confere a Maria Luís Albuquerque conhecimentos adequados para a pasta dos Serviços Financeiros.

Maria Luís Albuquerque vai ser excelente no portefólio”, garantiu Ursula von der Leyen no dia em que anunciou o nome da comissária indigitada, desdramatizando a passagem direta da antiga governante, em 2016, para a Arrow Global, empresa de gestão de ativos, e em 2022 para o banco norte-americano Morgan Stanley.

Tem uma vasta experiência como ministra das finanças e também no setor privado. Sabe as dificuldades tanto do campo político como do investimento privado. É uma pasta difícil, mas é a pessoa indicada”, ressalvou. Mas a palavra de Von der Leyen, nesta fase, tem pouco ou nenhum poder de influência.

A decisão final recairá sobre os eurodeputados. Maria Luís Albuquerque será ouvida na Comissão dos Assuntos Económicos e Monetários (ECON) do Parlamento Europeu. Do ECON fazem parte os eurodeputados portugueses Lídia Pereira (PSD), que terá direito a fazer um questão e Francisco Assis (PS).

O antigo presidente do Conselho Económico e Social (CES) será outro dos inquisidores que se sentará na ala socialista do ECON. Ao ECO, o agora eurodeputado não tem dúvidas quanto às suas aptidões técnicas — “é indiscutível que as tem”, diz — nem quanto ao seu percurso político — “temos de partir do pressuposto que [Maria Luís] não pensa como nós [socialistas], não temos de ter a expectativa que corresponda ao nosso posicionamento político. É provável que mantenhamos diferenças nalguns casos”, acrescenta.

O foco da audição, explica Francisco Assis, será perceber de que forma Maria Luís irá executar a pasta que lhe foi atribuída, uma vez que esta foi desenhada por Ursula von der Leyen, que, em junho, na altura em que procurava uma reeleição à frente da Comissão Europeia, assumiu perante os socialistas um leque de compromissos programáticos em troca do voto a favor da bancada socialista, “alguns deles na área que será atribuída a Maria Luís Albuquerque”.

Tenho a expectativa de que a nova comissária, dentro dessa linha de orientação corresponda às nossas expectativas. É com esse estado de espírito que parto para a audição“, refere ao ECO, detalhando que a questão que o próprio lhe fará durante a audição será no âmbito do plano de ação de Maria Luís para os próximos cinco anos.

Além de Lídia Pereira e Francisco Assis, estarão presentes na audição de Maria Luís Albuquerque os eurodeputados portugueses Catarina Martins (BE), João Oliveira (PCP) e António Tânger-Corrêa (Chega), que também procurarão saber quais são as ambições da futura comissária europeia à frente dos Serviços Financeiros. Ao todo, a ex-ministra das Finanças será inquirida por 43 eurodeputados.

Mas a ex-governante deverá ir para a audição sem grandes nervos. O seu mandato enquanto ministra das Finanças durante o tempo da troika ter-lhe-á conferido resistência a grandes pressões e a sua passagem pelas comissões de inquérito, na Assembleia da República, conferiu-lhe pulso firme.

Além de ter de prestar esclarecimentos adicionais aos adiantados nas respostas ao questionário dos eurodeputados, e nas quais são dadas garantias de ter competências para executar o mandato, Maria Luís Albuquerque deverá ser confrontada com um capítulo inesperado do seu passado: a privatização da TAP e o relatório da Inspeção Geral de Finanças (IGF) que levantou suspeitas de crime na privatização da companhia aérea. Em Portugal, já foi chamada pelo Parlamento para responder às questões dos deputados e em Estrasburgo os eurodeputados portugueses à esquerda não deverão deixar passar o assunto. Assis assim o sugere: “É possível que essa questão seja levantada. Eu, pessoalmente, não a vou levantar. Não vejo como um obstáculo“, garante.

Antecessora deixa reformas pelo meio e alerta Maria Luís

A verdade é que os Serviços Financeiros e a União de Poupança e Investimento não tendem a ser pastas mediáticas em Bruxelas e, no passado, foram muitas vezes diluídas entre outros dossiês nas mãos dos comissários. A sua antecessora, Mairead McGuinness, teve pouco tempo de antena durante os seus cinco anos de mandato, e no final, em entrevista ao The Banker, disse ter ficado “desiludida” por ter deixado o trabalho a meio, admitindo dificuldades em concretizar a união bancária e a união dos mercados financeiros visionada por Jean Claude Juncker em 2014, acusando os Estados-membros de serem individualistas.

“Com demasiada frequência, durante o meu tempo na Comissão, assisti à prioridade dada aos interesses nacionais a curto prazo em detrimento do interesse europeu a longo prazo. Isto tem de acabar”, referiu na entrevista. A irlandesa termina o seu mandato sem ter concretizado as reformas estruturais previstas, embora reconheça que ambas são urgentemente necessárias.

“O peso relativo da União Europeia na economia mundial diminuiu nos últimos 20 anos”, adverte. “Não há tempo a perder. Temos de melhorar o nosso desempenho em termos de competitividade, produtividade e crescimento”, vincou.

O testemunho será agora entregue a Maria Luís Albuquerque, se passar pelo crivo dos eurodeputados, que anunciarão o seu parecer nas 24 horas depois da audição. E depois de vários mandatos nas sombra, a expectativa é de que os Serviços Financeiros ganhem espaço na ribalta nos próximos cinco anos. Mais do que teve a Coesão, com Elisa Ferreira, ou a Inovação, com Carlos Moedas.

Por fim, a importância e influência da pasta dependerão ainda da ambição da própria comissária. Nas respostas ao questionário do Parlamento Europeu, a comissária indigitada por Portugal propõe um horizonte de cinco anos para concretizar um conjunto de medidas, desde a União dos Mercados de Capitais à União Bancária, mas também materializar uma reforma da autoridade que supervisiona os mercados financeiros e desfazer o impasse que dura há anos em torno do sistema de garantia dos depósitos. Durante este processo, diz que Bruxelas pode abrir mão de regulamentação e simplificar requisitos, para reduzir obstáculos e encargos às empresas e aumentar a competitividade. A questão agora é Maria Luís terá oportunidade de realizar esse sonho. Só o Parlamento Europeu poderá responder.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Emilio Sanchez Vicario recebe o reconhecimento pela sua carreira nos Professional Tennis Registry Awards

  • Servimedia
  • 6 Novembro 2024

A 35ª Semana do Ténis Profissional distinguiu Emilio Sánchez Vicario pela sua carreira profissional, num evento organizado em Madrid pelo Registro Profesional de Tenis (RPT).

O tenista e fundador da Academia Emilio Sánchez recebeu este reconhecimento pela sua carreira, que inclui 65 títulos, o número 7 do mundo em singulares, o número 1 em pares e uma medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Seul, bem como o seu trabalho como capitão da equipa espanhola da Taça Davis que ganhou a Taça Davis em 2008.

O júri, composto pela comissão técnica e executiva da RPT, também valorizou a contribuição de Sánchez Vicario para o desenvolvimento e promoção do ténis em Espanha, tanto no âmbito competitivo como educativo. Neste sentido, a academia promovida pelo tenista celebra este ano o seu 25º aniversário e estabeleceu-se como uma referência na combinação do desporto de elite com uma proposta académica reconhecida internacionalmente.

“A RPT tem sido fundamental na minha vida de treinador. Quero agradecer ao diretor técnico, Luis Mediero, por me ter convencido tanto para que, além de formar jogadores e criar programas incríveis na academia, pudesse dar oportunidades a tantos treinadores”, disse Sánchez Vicario, num vídeo de agradecimento gravado a partir de Nápoles (Estados Unidos).

O tenista destacou ainda o papel de Espanha na formação e promoção de tenistas graças às referências que marcaram um percurso: “O grande êxito do ténis espanhol é ser o número um na formação de tenistas. E um tenista não é apenas alguém que joga bem, ser tenista é uma forma de viver o ténis, para o ténis e para dar ao ténis tudo o que ele nos deu”.

Por seu lado, a RPT atribuiu o grau de “International Master Professional”, o mais alto prémio de reconhecimento profissional concedido pelo registo e detido por apenas 56 treinadores no mundo. Entre os galardoados contam-se Stefan Ortega e Pep Plasin, treinadores da Academia Emilio Sánchez de Barcelona; Lucas Regas e Victor Hugo Camargo, treinadores da Academia Emilio Sánchez de Nápoles, na Florida, e Arantxa Sánchez Vicario.

Presente em três continentes e com escritórios em Barcelona (Espanha), Naples, Flórida (Estados Unidos) e Dubai (Emirados Árabes Unidos), a Academia Emilio Sánchez formou mais de 10.000 alunos de mais de 100 nacionalidades nos seus 25 anos de história, muitos dos quais seguiram carreiras de sucesso no ténis profissional, como Andy Murray, Grigor Dimitrov, Svetlana Kuznetsova e Daniela Hantuchova, entre outros.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

O dia em direto nos mercados e na economia – 6 de novembro

  • ECO
  • 6 Novembro 2024

Ao longo desta terça-feira, 5 de novembro, o ECO traz-lhe as principais notícias com impacto nos mercados e nas economias. Acompanhe aqui em direto.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

TAP anula garantias de empréstimo da Azul. Companhia brasileira recorre à CMVM

A companhia aérea portuguesa afirma num documento disponibilizado a investidores que considera sem efeito as garantias prestadas. Azul vai fazer exposição à CMVM.

A TAP informou os investidores da recente emissão de dívida de 400 milhões de euros que considera “nulas” as garantias prestadas à Azul pelo empréstimo obrigacionista de 90 milhões de euros, realizado em 2016, segundo um documento da operação. Um entendimento que veio escalar a tensão com a companhia brasileira e que contraria um parecer legal emitido na altura pela sociedade de advogados Vieira de Almeida. A Azul vai avançar com exposição à CMVM, apurou o ECO junto de fonte ligada ao processo.

O nosso conselho de administração entende que os direitos de garantia previstos no Contrato de Garantia Azul são nulos e sem efeito, com base num parecer jurídico que classifica as Obrigações Azul como equivalentes a um empréstimo acionista subordinado à TAP SGPS, com a consequência de que todas as garantias concedidas em relação às Obrigações Azul são nulas e sem efeito”, lê-se num documento legal da emissão de dívida realizada pela transportadora portuguesa na semana passada, obtido pelo ECO. Sendo considerado subordinado, deixa de ter precedência em relação aos restantes créditos.

É este o parágrafo que veio agravar a disputa legal entre a TAP e a Azul, levando esta última a considerar que a empresa portuguesa entrou formalmente em incumprimento das garantias prestadas, solicitando a intervenção do agente fiduciário da operação, como avançou o Diário de Notícias. O ECO contactou a TAP, que não quis fazer comentários.

Os advogados que estão a assessorar a Azul vão, além disso, avançar com uma exposição à CMVM do alegado incumprimento da TAP e das diligências já tomadas, antes ainda da liquidação da emissão de 400 milhões de euros, prevista para dia 7, segundo apurou o ECO.

A TAP refere no documento disponibilizado aos investidores que a Azul poderá contestar o seu entendimento em relação às garantias e “tentar executar os direitos de garantia previstos no Contrato de Garantia Azul, até ao montante máximo garantido (90 milhões de euros)“.

A companhia aérea liderada por Luís Rodrigues está a ser assessorada neste processo pela Morais Leitão. Em março de 2016, uma outra sociedade de advogados, a Vieira de Almeida, emitiu um parecer, pedido pela TAP e enviado à Azul e à chinesa Hainan Airlines, que chegou a ser acionista indireta da transportadora portuguesa, que assegura a legalidade de todo o processo, incluindo as garantias prestadas.

Todas as ações societárias necessárias ao abrigo das leis de Portugal foram devidamente tomadas, por ou em nome da TAP SGPS, para a celebração dos Acordos pela TAP SGPS e para o cumprimento pela TAP SGPS de cada uma das obrigações expressamente assumidas por esta nos termos dos Acordos.

Parecer de 2016 da Vieira de Almeida

“Todas as ações societárias necessárias ao abrigo das leis de Portugal foram devidamente tomadas, por ou em nome da TAP SGPS, para a celebração dos Acordos pela TAP SGPS e para o cumprimento pela TAP SGPS de cada uma das obrigações expressamente assumidas por esta nos termos dos Acordos“, afirma a opinião legal a que o ECO teve acesso, emitida dois dias depois da subscrição das obrigações pela Azul e a Parpública, que entrou com 30 milhões de euros.

O caso remonta a 2015, quando David Neeleman, fundador e maior acionista da Azul, venceu com Humberto Pedrosa a privatização da TAP, ficando com 61% das ações. Além de capitalizar a companhia aérea com os polémicos fundos oriundos da Airbus, por troca de um contrato vinculativo para a compra de aeronaves, o empresário brasileiro levou em 2016 a TAP SGPS a subscrever um empréstimo obrigacionista, convertível em ações, de 90 milhões de euros. Os títulos têm um juro elevado, de 7,5%, que, além disso, é composto. A fatura para a TAP SGPS já vai em 165,7 milhões.

A atravessar graves dificuldades financeiras, agora aparentemente mais sanadas, a Azul tentou encontrar liquidez adicional no empréstimo feito oito anos antes. Em setembro enviou uma carta a solicitar um “aperfeiçoamento” das garantias prestadas ou um pagamento antecipado da dívida, com negociação dos juros devidos. A TAP contestou as garantias e propôs o pagamento de 50 milhões de euros, sem no entanto avançar com uma proposta formal, como avançou o ECO.

O que levou o CEO da companhia brasileira a ameaçar romper o acordo comercial entre a Azul e a TAP no Brasil, tendo informado os interessados na privatização da companhia portuguesa dessa possibilidade. O diferendo esteve também na agenda da recente visita do ministro dos Portos e Aeroportos brasileiros a Portugal, que incluiu um encontro com o Governo e a administração da TAP.

Azul recorre a árbitro e quer reembolso antecipado

No documento da recente emissão disponibilizado aos investidores, a TAP elenca os direitos de garantia das obrigações subscritas pela Azul, que diz serem considerados nulos. São eles:

  • Um penhor sobre direitos de propriedade intelectual;
  • A cessão de créditos e penhor de contas bancárias;
  • A cessão da posição contratual em determinados contratos de software;
  • a constituição de uma nova empresa para deter e operar o programa Miles&Go (“NewCo”); e um penhor sobre as ações dessa NewCo.

A Azul decidiu recorrer ao agente fiduciário do contrato de subscrição das obrigações, a Bondholders, uma sociedade com sede em Valência, Espanha, de forma a dirimir o conflito.

Na carta, datada de 1 de novembro e enviada também à Parpública e à TAP, a Azul escreve que “identificou vários eventos e circunstâncias provocadas pelo emitente, seja diretamente ou em resultado de ações tomadas pelo acionista de controlo, (….) que consideramos Eventos de Incumprimento ao abrigo dos termos e condições das obrigações“. Dá como exemplo “a intenção de repudiar um documento financeiro”, “a violação dos compromissos de informação” ou a “violação de compromissos relativos a alienações”.

A companhia brasileira notifica o agente fiduciário para “convocar uma assembleia de obrigacionistas extraordinária” para discutir “certos Eventos de Incumprimento” e a “possibilidade de desencadear o reembolso antecipado das obrigações“.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Factorenergia aposta na digitalização da energia para impulsionar as comunidades solares

  • Servimedia
  • 6 Novembro 2024

A Factorenergia apresentou no Smart City Expo World Congress a sua visão para as cidades do século XXI: um modelo energético sustentável e digital baseado em comunidades solares.

Segundo a empresa, este projeto de digitalização energética visa não só acelerar a transição para um consumo energético mais limpo, mas também promover o autoconsumo coletivo, reforçando o compromisso da empresa com a sustentabilidade.

Na sua intervenção no congresso realizado em Barcelona, o diretor do Departamento de Transição Energética da Factorenergia, Antoni Franquesa, explicou como as comunidades solares podem ajudar a descarbonizar as cidades, oferecendo uma alternativa eficiente que também capacita os cidadãos. Esta abordagem não só facilita o acesso à energia solar em ambientes urbanos, como também introduz a utilização da tecnologia blockchain, que permite a monitorização em tempo real do consumo de energia de cada utilizador, proporcionando transparência e fiabilidade.

Durante o congresso, a Factorenergia detalhou a sua colaboração com a Blockchain Digital Energy, que resultou na criação de um dispositivo de digitalização de energia. Integrado na aplicação da Factorenergia, este dispositivo permite ao utilizador visualizar o seu consumo individualizado e o desempenho dos seus painéis solares, com dados acessíveis e precisos em tempo real.

A Factorenergia desenvolveu mais de 40 projetos em Espanha para promover a transição energética através de comunidades solares. O seu portefólio inclui as instalações de La Pobla de Claramunt, em Barcelona, com uma potência de 123,5 kWp, e de Paterna, em Valência, com 115,5 kWp. Ambas as instalações podem abastecer mais de 100 famílias cada uma.

Além disso, a Factorenergia implementou projetos-piloto em Barcelona, como na urbanização La Mallola, em Esplugues de Llobregat, onde 14 sistemas de autoconsumo coletivo geram 511,11 kWp para mais de 150 vizinhos. Outros exemplos incluem a utilização partilhada de energia em edifícios públicos, como o Instituto Torrent dels Alous e o tribunal de Rubí, que partilham a eletricidade gerada no telhado do instituto. No setor industrial, a empresa implementou também um sistema de autoconsumo coletivo no parque industrial de Almeda, em Cornellà del Llobregat.

De 5 a 7 de novembro, Barcelona acolhe a maior edição do Smart City Expo World Congress, com 1100 expositores de 850 cidades e mais de 600 especialistas internacionais. Organizado pela Fira de Barcelona, o evento tornou-se uma referência mundial para as cidades inteligentes e inclui sessões de debate sobre soluções inovadoras para melhorar a qualidade de vida urbana.

 

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

5 coisas que vão marcar o dia

Ressaca eleitoral nos EUA, audição de Maria Luís Albuquerque no Parlamento Europeu, resultados da EDP Renováveis, emprego e audições do OE2025 vão marcar o dia.

Dos resultados eleitorais nos Estados Unidos à audição de Maria Luís Albuquerque no Parlamento Europeu, passando pelas audições setoriais no Parlamento português sobre o Orçamento do Estado para 2025 aponte na agenda os principais eventos do dia. Destaque ainda para a apresentação dos resultados da EDP Renováveis e para a publicação dos dados do emprego do terceiro trimestre.

Ressaca eleitoral nos Estados Unidos

Os norte-americanos votaram nas eleições de terça-feira para escolher o 47.º Presidente da história dos Estados Unidos, mas o seu efeito irá prolongar-se, com os analistas a anteciparam volatilidade nos mercados ao longo das próximas sessões. Esta quarta-feira deverá ficar marcada pelas reações aos resultados da grande noite eleitoral seja no campo político, seja no mercado de ações, moeda e obrigações.

Audição de Maria Luís Albuquerque no Parlamento Europeu

Maria Luís Albuquerque, comissária indigitada com a pasta Serviços Financeiros e União da Poupança e dos Investimentos, é ouvida na Comissão dos Assuntos Económicos e Monetários (ECON) no Parlamento Europeu. É nestas audições, nas quais os comissários indigitados apresentam os seus programas, que os eurodeputados avaliam se estes têm a independência e competências necessárias para as funções.

EDP Renováveis apresenta resultados

A EDP Renováveis divulga os resultados do terceiro trimestre, após ter visto os lucros disparar 163% no primeiro semestre, para 210 milhões de euros. Crescimento de 5% da produção ajuda a explicar forte aumento dos lucros da elétrica, bem como os ganhos da rotação de ativos, apesar de um aumento dos custos financeiros.

INE publica estatísticas do emprego

O Instituto Nacional de Estatística (INE) divulga as estatísticas do emprego do terceiro trimestre. O segundo trimestre foi sinónimo de uma redução do desemprego em Portugal. De acordo com os dados do organismo de estatística, a taxa fixou-se em 6,1% entre abril e junho, abaixo dos 6,8% registados no arranque do ano. Por outro lado, a população empregada aumentou, mantendo-se em máximos de mais de uma década.

Audições sobre OE2025 continuam

As audições no âmbito da apreciação na especialidade do Orçamento do Estado para 2025 (OE2025) continuam. Esta quarta-feira, é a vez de serem ouvidas durante a manhã a Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) e a Associação Nacional de Freguesias (ANAFRE). Da parte da tarde, caberá à ministra da Cultura, Dalila Rodrigues, defender a proposta orçamental.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Naturgy atribui 15 milhões de euros para substituir todo o equipamento danificado dos seus clientes nas zonas mais afetadas

  • Servimedia
  • 6 Novembro 2024

De acordo com a Naturgy, a empresa efetuará igualmente verificações gratuitas das instalações para garantir a sua segurança. Esta medida terá um impacto potencial em 25.000 habitações e empresas.

A Nedgia, distribuidora de gás do grupo Naturgy, atribuirá 15 milhões de euros para a reparação ou substituição de instalações e equipamentos de gás (caldeiras, aquecedores, etc.) e prestará assistência financeira para a substituição de eletrodomésticos (máquinas de lavar e frigoríficos) aos seus clientes das zonas mais afetadas pela DANA e pelas chuvas torrenciais da semana passada.

A este respeito, o presidente da empresa, Francisco Reynés, explicou que sabem “que nada pode aliviar completamente a dor das pessoas afetadas por esta tragédia, mas estamos à disposição dos nossos clientes para ajudar, na medida do possível, a recuperar as condições de habitabilidade das suas casas”.

“Estamos conscientes da nossa responsabilidade social enquanto prestadores de um serviço essencial e queremos contribuir para a recuperação das zonas afetadas”, afirmou.

Esta iniciativa pode agora ser gerida através dos canais de Serviço ao Cliente da Nedgia (‘www.nedgia.es’). Além disso, através do número de telefone 900408080 e nos pontos de atendimento ao cliente que serão implantados na área, como os já habilitados em Benetusser (Camí Nou, 36) e Catarroja (Igreja de San Antonio).

A Naturgy anunciou na semana passada que irá permitir o adiamento de todas as faturas de eletricidade, gás e serviços energéticos aos agregados familiares, PME e trabalhadores independentes das zonas afetadas. O adiamento pode ser solicitado diretamente através do Serviço de Apoio ao Cliente e ligando para 900100251. Além disso, a empresa já ativou um programa de priorização e adiantamento de pagamentos a todos os seus fornecedores na Comunidade Valenciana e noutras zonas afetadas.
Por outro lado, a Fundação Naturgy fez uma doação financeira para os afetados que será canalizada através da Cruz Vermelha e da Caritas. Para além disso, a empresa também põe à disposição dos seus empregados as formas em que podem complementá-la com donativos privados.

Por outro lado, para acolher as pessoas cujas casas foram destruídas, a Naturgy ofereceu tanto às autoridades das zonas mais afetadas como à Cruz Vermelha e à Cáritas a utilização de residências para empregados que o grupo possui na província de Cuenca.

No que diz respeito ao fornecimento de energia, a Naturgy reforçou a sua presença no terreno através da sua filial Nedgia, enviando mais de 200 pessoas de outras comunidades autónomas que já estão a verificar o estado dos gasodutos sempre que possível, sempre em coordenação com os serviços de emergência e sob a premissa da segurança de clientes e funcionários.

De facto, o fornecimento de energia já começou a ser restabelecido nas zonas onde as equipas da empresa conseguiram aceder. As atuais interrupções de fornecimento devem-se às exigências dos serviços de emergência, com cortes controlados para poderem aceder aos locais com toda a segurança.

 

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Provável vitória de Trump nos EUA leva bitcoin a novo recorde de 75.208,82 dólares

A criptomoeda mais popular do mundo atingiu um novo máximo histórico, cerca de oito meses depois de ter registado o recorde anterior. Na ressaca das eleições nos EUA, tocou nos 75.208 dólares.

A bitcoin voltou a atingir preços nunca antes vistos. Esta quarta-feira, no rescaldo das eleições norte-americanas, a criptomoeda mais popular do mundo trocou de mãos a valer 75.208,82 dólares, batendo o recorde anterior. Este preço supera o máximo histórico anterior de 73.750,07 dólares, que foi registado no dia 14 de março deste ano, segundo dados da plataforma CoinMarketCap.

O republicano Donald Trump, que por esta altura, em plena contagem de votos, está muito próximo da vitória face à democrata Kamala Harris, é visto como mais favorável à comunidade das criptomoedas, tendo prometido numa conferência este verão que fará dos EUA a “capital cripto do planeta” e a maior “superpotência de bitcoin do mundo”, caso vença as eleições, de acordo com a NBC News.

Trump também prometeu colocar aos comandos da Securities and Exchange Commission (SEC), o regulador dos mercados de capitais, uma personalidade mais favorável ao universo das criptomoedas, que “construa o futuro” em vez de o bloquear. Ademais, a sua campanha tem estado a aceitar donativos em criptomoedas.

Mas estas declarações de Trump representaram uma mudança de perspetiva, pois, em 2021, o republicano criticou a bitcoin dizendo que a criptomoeda “parece uma fraude”. “Não gosto dela porque é outra moeda a competir com o dólar“, sublinhou também na mesma altura, citado pela BBC.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Nuno Mangas afastado do Compete. Alexandra Vilela é a sucessora

O Governo decidiu afastar Nuno Mangas do Compete, uma exoneração que surge depois das investigações judiciais no âmbito da Operação Maestro. Alexandra Vilela deverá ser a nova presidente.

A liderança do Compete vai mudar. O Governo decidiu afastar Nuno Mangas da presidência do programa que gere os apoios comunitários para as empresas na digitalização, inovação e qualificação. O gestor deverá ser substituído por Alexandra Vilela que é, até agora, vogal da Agência Nacional de Inovação (ANI), a entidade que tem por missão potenciar as políticas públicas de inovação em Portugal, apurou o ECO junto de duas fontes conhecedoras do processo.

A possibilidade de afastamento de Nuno Mangas era há muito antecipada tendo em conta a suspeita que recaiu sobre o Compete no âmbito da Operação Maestro que está a investigar, há seis anos, Manuel Serrão e várias pessoas com quem se relaciona, pessoal e profissionalmente, por uma alegada fraude que terá lesado o Estado português em 39 milhões de euros. Em causa está a apropriação indevida de fundos europeus através de faturas falsas e despesas inflacionadas.

Foi feita uma auditoria aos serviços com responsabilidade nas fraudes em investigação no âmbito da Operação Maestro — Compete, IAPMEI e Aicep. O inquérito interno, encomendada pelo ministro da Coesão, concluiu que apenas na Aicep foram identificadas “insuficiências ao nível da aplicação dos procedimentos de gestão nas fases de análise e seleção de candidaturas, verificações de gestão (administrativas, no local e encerramento) e supervisão das funções delegadas, concluindo que a mesma não foi eficaz na prevenção, deteção e correção de erros”. Mas o facto de o Ministério Público suspeitar do “comprometimento” de Nuno Mangas fragilizou o gestor que tem a seu cargo o segundo maior programa do Portugal 2030, com 3,9 mil milhões de euros (maior só o Pessoas 2030 com 5,7 mil milhões).

Oficialmente, nem o Ministério da Coesão nem o Ministério da Economia confirmam a notícia, mas o ECO sabe que Nuno Mangas já foi informado da decisão do Governo e deverá ser substituído por Alexandra Vilela, vogal executiva da ANI, que vai protagonizar um regresso a casa da qual já foi vogal da comissão diretiva entre 2016 e 2023. Teve responsabilidades diretas na área da ciência e do sistema de incentivos ao I&DT, da transformação digital da Administração Pública, da qualificação dos trabalhadores das empresas, das infraestruturas de transporte e da auditoria. Até à publicação desta notícia, não eram conhecidos os nomes dos gestores que vão acompanhar Alexandra Vilela na liderança do Compete, organismo que tem a tutela conjunta de Manuel Castro Almeida e Pedro Reis.

Tendo em conta a forte pressão que existe para executar as avultadas verbas de fundos europeus que Portugal dispõe, seja ao nível do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) seja do PT2030, era fundamental a escolha recair sobre um gestor público com vasta experiência em fundos comunitários. Alexandra Vilela é licenciada em Sociologia pela Universidade Nova de Lisboa, e começou a sua experiência com fundos da União Europeia, no Ministério do Planeamento, em 1992.

No seu currículo revela que foi perita nacional destacada na Comissão Europeia – na DG Emprego e Assuntos Sociais (FSE/Portugal), gestora dos Eixos Prioritários «Qualificar para Modernizar a Administração Pública» (POEFDS/FSE), diretora da Agência Nacional para os Programas Sócrates e Leonardo da Vinci II, vogal executiva do Programa Operacional Potencial Humano QREN 2007-2013 e também vogal executiva programa subsequente Capital Humano do PT2020, entre outros cargos.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Prémios da Mapfre Portugal cresceram 43%

  • ECO Seguros
  • 5 Novembro 2024

As operações do ramo Vida em Portugal deram nas vistas na apresentação de contas globais da Mapfre no terceiro trimestre do ano. A companhia espanhola subiu lucros e dividendos.

O lucro atribuível nos primeiros nove meses do ano da Mapfre subiu 39% em termos homólogos para 654 milhões de euros e os prémios emitidos crescem 4,6% para mais de 21,6 mil milhões de euros. Na Iberia os prémios cresceram 6,2% para 7,159 mil milhões, com destaque para Espanha com crescimento e 4,8% para 6,826 mil milhões e em Portugal os prémios sobem 43% impulsionados pelo forte crescimento em vida. Já “o resultado líquido é de 283 milhões, dos quais a Espanha e Portugal contribuíram com 273 e 10,9 milhões respetivamente”, anunciou o grupo em comunicado.

Antonio Huertas, presidente da Mapfre: “Aproveitamos para fortalecer ainda mais nosso balanço em um exercício de prudência, mantendo o crescimento da nossa base de capital”.

Os principais fatores responsáveis pela subida do lucro do grupo foram a “melhoria significativa na rentabilidade técnica de Não Vida, graças tanto às assinaturas quanto à atualização de tarifas”, a “uma contribuição relevante do resultado financeiro de Não Vida que chega a 576 milhões, (567 milhões no ano anterior) antes de deteriorações de ágio, apoiado nas rentabilidades das carteiras”, “a grande contribuição dos negócios de Vida, tanto de poupança quanto de Risco, especialmente em LATAM (América Latina) e IBÉRIA.

Melhorias na gestão técnica em todas as regiões e unidades de negócio impulsionaram o forte crescimento de lucros, afirma a companhia.

A seguradora registou ainda um aumento do ROE (Return on Equity ou rentabilidade dos capitais próprios) em 12% e dos fundos próprios em 4,5%, para 8,434 mil milhões de euros.

Estes resultados permitem à seguradora aumentar o dividendo provisório para 6,5 cêntimos brutos por ação (mais 8% face ao ano anterior).

Os dados do terceiro trimestre confirmam as tendências positivas impulsionadas pelo novo Plano Estratégico. O aumento do dividendo é o reflexo da nossa confiança no futuro e do nosso compromisso com os acionistas. Além disso, aproveitamos para fortalecer ainda mais nosso balanço em um exercício de prudência, mantendo o crescimento da nossa base de capital”, comenta Antonio Huertas, presidente da Mapfre.

O índice de Solvência II do grupo alcançou 196,6% em junho de 2024, em comparação com os 199,6% do final do ano passado e dentro da faixa prevista como objetivo.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

5ª Conferência ECOseguros: Como o seguimento anual digital atenua dificuldades do setor da saúde

  • ECO Seguros
  • 5 Novembro 2024

Ana Pina Head of Digital Health do Future Healthcare abordou ferramentas digitais que facilitam o acesso aos cuidados de saúde na 5.ª Conferência Anual Ecoseguros.

A palavra “desafios” é um dos motes que caracteriza o panorama do setor da saúde globalmente e Portugal não é exceção. Facto amplamente abordado por Ana Pina, Head of Digital Health do Grupo Future Healthcare – – Future Healthcare Virtual Clinic, na sua intervenção no Fórum Nacional do Eco seguros, onde partilhou com a audiência como é que ferramentas digitais podem facilitar a contornar os três principais obstáculos: aumento da necessidade, escassez de profissionais de saúde, aumento do custo e sustentabilidade.

Veja, ou reveja, a intervenção de Ana Pina:

A 5ª Conferência ECOseguros com o tema geral “Os seguros como parceiros do crescimento económico e da proteção social” teve lugar na passada semana em Lisboa, no Centro Cultural de Belém.

Empresas que viabilizaram a Conferência

A 5ª Conferência ECOseguros foi possível devido ao apoio recebido de importantes protagonistas do setor segurador, permitindo o acesso gratuito aos profissionais inscritos. As companhias de seguros apoiantes foram a Ageas Seguros, Allianz, Azuaga, BPI Vida e Pensões, Caravela, CA Seguros, Fidelidade, GamaLife, Generali Tranquilidade, Mgen, Mútua Saúde, Prévoir e Real Vida.

Entre as corretoras e mediadoras de seguros, apoiaram a 5ª Conferência a Innovarisk Seguros, MDS, NacionalGest e Universalis/Acrisure.

Entre as tecnológicas estiveram Cleva, lluni, MPM e RandTech Computing.

Entre protagonistas especiais na área dos seguros estiveram presentes a Broseta – Advogados, EY, Future HealthCare e NTT Data.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.