S&P Global reconhece a gestão ética, social e ambiental do Grupo Prosegur

  • Servimedia
  • 22 Janeiro 2025

Melhora a sua classificação ESG e coloca-a acima da média global do seu setor.

A Prosegur e a Prosegur Cash, a sua unidade de negócio especializada no transporte e gestão de valores, obtiveram uma melhoria nas respetivas classificações na gestão de fatores ambientais, sociais e de governo corporativo (ESG), de acordo com os resultados da versão 2024 da “S&P Global Corporate Sustainability Assessment (CSA)”.

Especificamente, a Prosegur Cash alcançou uma classificação ESG total de 51 (em 100) (em 14/01/2025), enquanto a Prosegur Compañía de Seguridad, a empresa-mãe do Grupo, tem uma classificação de 44 (em 100) (em 27/12/2024), o que representa uma melhoria de oito e quatro pontos, respetivamente, em relação à classificação do ano anterior.

De igual modo, ambas as empresas superaram a média global da indústria do seu setor, Serviços e Fornecimentos Comerciais, nas três dimensões da avaliação CSA: Ambiental, que analisa a política e a gestão ambiental e a estratégia climática; Social, que inclui a gestão do capital humano, as práticas laborais, os direitos humanos e a saúde e segurança no trabalho; e Governance & Economic, que avalia a ética empresarial, a gestão do risco e a gestão da cadeia de fornecimento.

Especificamente, a Prosegur obteve uma Pontuação ESG de 47 pontos na categoria Ambiental (em comparação com a média do setor de 33), uma Pontuação ESG de 50 na categoria Social (em comparação com 27 pontos para o setor) e um total de 35 pontos (em comparação com 32 pontos para o setor) na categoria Governação e Economia.

Por seu lado, a Prosegur Cash obteve um ESG Score de 57 pontos na categoria Ambiental (em comparação com a média do setor de 33), um ESG Score de 57 na categoria Social (em comparação com 27 pontos para a indústria) e em Governação e Economia um total de 42 (em comparação com 32 pontos para a média).

A empresa indicou que estas pontuações são um reflexo do compromisso do Grupo Prosegur com os critérios ESG estabelecidos nos seus Planos Diretores de Sustentabilidade, destacando fatores como a transição energética e a ação climática, a gestão da equipa humana e a conduta exemplar.

Antonio Rubio, Secretário-Geral e Secretário do Conselho de Administração da Prosegur, indicou que “as classificações obtidas nesta avaliação demonstram o compromisso da Prosegur com o cumprimento da regulamentação, a boa governação, a criação de emprego de qualidade e a redução do impacto ambiental. Além disso, demonstram também a coincidência das nossas operações com os objetivos estratégicos dos investidores, permitindo-nos estar alinhados e atrair capital através de práticas responsáveis e sustentáveis”.

Entre as 107 empresas avaliadas no setor “Serviços e fornecimentos comerciais”, tanto a Prosegur como a Prosegur Cash obtiveram classificações acima da média do setor, que se situa em 31 (em 100) em janeiro de 2025. Ambas as empresas estão no quintil superior da avaliação neste setor.

A pontuação ESG da S&P Global, calculada a partir da CSA, mede o desempenho de uma empresa e a sua gestão dos riscos, oportunidades e impactos ESG relevantes, com base numa combinação de divulgações da empresa, análise dos meios de comunicação social e das partes interessadas, modelação do desempenho e envolvimento aprofundado da empresa através da CSA.

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O dia em direto nos mercados e na economia – 22 de janeiro

  • ECO
  • 22 Janeiro 2025

Ao longo desta quarta-feira, 22 de janeiro, o ECO traz-lhe as principais notícias com impacto nos mercados e nas economias. Acompanhe aqui em direto.

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Salários dos trabalhadores da distribuição alimentar com aumento médio de 5%

Associação dos distribuidores de produtos alimentares e sindicato dos trabalhadores do setor dos serviços chegaram a acordo para revisão da tabela salarial. Aumento médio será de 5%.

Os trabalhadores do setor da distribuição alimentar vão ver os seus salários aumentar, em média, 5% este ano, face ao praticado em 2024. Essa atualização está prevista na revisão da tabela salarial negociada entre a Associação dos distribuidores de produtos alimentares (ADIPA) e o Sindicato dos trabalhadores do setor dos serviços (SITESE).

“A ADIPA e o SITESE chegaram a acordo quanto à revisão da tabela salarial e demais cláusulas de expressão pecuniária dos Contratos Coletivos de Trabalho para os setores do comércio e distribuição alimentar grossista e retalhista“, foi anunciado numa nota enviada às redações.

Além do aumento médio de 5% dos ordenados face a 2024, ficou estabelecido que o vencimento base de entrada na carreira profissional continuará acima do salário mínimo nacional, que subiu este mês dos 820 euros praticados em 2024 para 870 euros, conforme ficou acordado na Concertação Social.

No caso do setor da distribuição alimentar, o “salário mínimo” sobe para 875 euros, explicou a ADIPA ao ECO.

“A ADIPA continua empenhada no diálogo social estabelecido com as respetivas organizações sindicais, na procura das melhores soluções que garantam as condições retributivas adequadas aos colaboradores e que não ponham em causa a sustentabilidade das empresas de um setor maioritariamente constituído por micros, pequenas e médias empresas, independentes”, acrescenta a mesma associação que representa os empregadores.

Convém notar que as convenções coletivas em questão abrangem cerca de 300 empresas e mais de 12 mil trabalhadores.

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Tribunais preparam “carta de ética” para uso de inteligência artificial

Os Tribunais Administrativos e Fiscais (TAF) vão ter um grupo de trabalho vai preparar uma carta de ética que irá regular o uso de inteligência artificial (IA) nos mesmos.

Os Tribunais Administrativos e Fiscais (TAF) vão ter um grupo de trabalho que vai preparar uma carta de ética para regular o uso de inteligência artificial (IA) nos mesmos.

Segundo o que o ECO/Advocatus apurou, esperam-se os primeiros resultados em fevereiro de 2025, que vão permitir o Conselho Superior destes tribunais aprovar a nova Carta Ética ou de Conduta.

Apesar dos riscos de trabalhar com plataformas de IA, o CSTAF considera que “se trata de um apoio à melhoria da produtividade dos tribunais da jurisdição administrativa e fiscal”.

Inteligencia artificial

Pretende-se que, com o uso da IA no trabalho judicial, “o trabalho se torne mais célere e eficiente; as tarefas repetitivas diminuem ou são eliminadas e tarefas como a verificação de documentos e a pesquisa são otimizados”, segundo garantiu fonte do CSTAF à Advocatus.

O órgão encarregue da gestão e disciplina dos juízes da jurisdição administrativa e fiscal lembra que já existem instrumentos a nível internacional, criados no âmbito do Conselho da Europa e da União Europeia de regulação jurídica, ética e técnica como a Convenção-Quadro sobre Inteligência Artificial de 2024, juridicamente vinculativa e ainda aberta a assinaturas, e o Regulamento da Inteligência Artificial, que entrou em vigor a 1 de agosto de 2024.

Recorde-se ainda a Carta Europeia de Ética sobre o Uso da IA em Sistemas Judiciais que o Conselho da Europa já tinha adotado em 2018 princípios direcionados em especial à atividade dos tribunais.

Relação terá recorrido a IA para escrever acórdão

O anúncio da criação desta Carta Ética surge pouco depois de ter sido tornado público o alegado uso de IA para redigir um acórdão do Tribunal da Relação de Lisboa.

Em novembro, um acórdão dos desembargadores Alfredo Costa, Hermengarda do Valle-Frias e Margarida Ramos de Almeida no processo que envolveu a antiga deputada do PSD Helena Lopes da Costa e a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa terá alegadamente recorrido a ferramentas de inteligência artificial, citando legislação e jurisprudência inexistentes.

Rui Patrício e Catarina Martins Morão, advogados de Helena Lopes da Costa, contestaram junto do coletivo de desembargadores a validade do acórdão, num requerimento, em que pediram que fosse declarado inexistente.

Na altura, Guilhermina Freitas, à data presidente da Relação, garantiu que lhe foi transmitido pelo juiz desembargador relator, Alfredo Costa, “que a argumentação do recurso à inteligência artificial é completamente descabida”.

A 4 de dezembro, o Conselho Superior da Magistratura (CSM) deliberou ser “intempestiva a intervenção do Conselho” relativa à queixa de 12 advogados sobre o alegado uso de inteligência artificial no acórdão, mas considerou urgente uma reforma legislativa sobre a matéria.

Em comunicado divulgado a 11 de dezembro, os advogados de defesa no processo que envolve a antiga deputada do PSD Helena Lopes da Costa e a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa contestaram a decisão do Tribunal da Relação de Lisboa (TRL) relativa às reclamações apresentadas por vários arguidos a propósito de um acórdão que alegam ter sido proferido com recurso a inteligência artificial. “Entendemos que a decisão tomada pelos senhores desembargadores acerca das reclamações não esclarece nenhuma das dúvidas e perplexidades acerca do acórdão”, defendem os advogados, que já tinham também apresentado queixa junto do Conselho Superior da Magistratura (CSM).

Os advogados defendem que “o que está em causa transcende em muito o processo concreto, suscitando reflexão séria sobre a forma como o sucedido (e a reação ao mesmo) põe em causa o Estado de Direito, a dignidade e a credibilidade das instituições e a confiança na Justiça, bem como os direitos fundamentais dos cidadãos”.

Argumentam que a decisão do tribunal superior sobre as reclamações não só não esclarece “dúvidas e perplexidades”, como “agrava-as bastante” e suscita novas, “pois não só não explica os erros e falhas, gritantes e evidentes, do acórdão, como — até com falsidade — lhes adiciona outros”.

“Nada se alterou com esta decisão, pelo contrário, tudo se agravou, uma vez que o que antes quisemos admitir ser uma possibilidade afigura-se agora, pelo menos, uma forte e fundada suspeita. (…) Porém, o que terá acontecido não pode ficar sem investigação, e sem a censura, disciplinar ou até outra, que possa caber ao que melhor e mais profundamente se apurar”, defendem os advogados, entre os quais se encontram Rui Patrício, Paulo Sá e Cunha ou Tiago Rodrigues Bastos.

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Asempleo alerta para o “enraizamento” do desemprego juvenil em Espanha

  • Servimedia
  • 22 Janeiro 2025

A taxa de desemprego juvenil atinge os 26,9%, a segunda mais elevada da Europa, apenas atrás da Suécia.

Asempleo, a associação patronal das Empresas de Trabalho Temporário (ETT) e das Agências de Emprego em Espanha, alertou na quarta-feira para o “enraizamento” do desemprego entre os menores de 25 anos como um problema estrutural que reduz a competitividade e as oportunidades da economia.

No seu último estudo monográfico “Radiografia do desemprego juvenil em Espanha”, a associação salienta que o país se encontra no último lugar da União Europeia, com 26,9% de desemprego juvenil, apenas atrás da Suécia (28%).

A associação empresarial destaca questões-chave e questiona como é que um mercado de trabalho próximo do pleno emprego deixa quase 30% da força de trabalho com menos de 25 anos desempregada e com poucas oportunidades de acesso, especialmente num cenário de envelhecimento da força de trabalho e em que é essencial uma maior participação dos jovens na formação da estrutura laboral do país.

“É crítico que, com a geração de jovens mais bem preparada, com um crescimento médio do emprego jovem de 8,4% em 2024, nos encontremos com um conjunto de desempregados de 25 anos que está a aumentar o seu peso no total de desempregados. Passaram de representar 14% no primeiro trimestre de 2022, quando atingiu um mínimo histórico, para subir para 19% no terceiro trimestre deste ano. Este último número é fundamental, porque não o víamos desde 2009, quando estávamos imersos na crise”, afirmou o presidente da Asempleo, Andreu Cruañas.

A análise indica que, em média para o ano (média dos três primeiros trimestres), a diferença percentual entre 2024 e 2023 é de quase um ponto, o que, retirando o efeito sazonal, mostra também um enraizamento do desemprego do lado do grupo etário com menos de 25 anos. Isto traduz-se em 523 500 jovens que querem e podem trabalhar, mas não conseguem encontrar um emprego.

“Neste sentido, o emprego temporário deve ser entendido como um meio e não como um fim. O nosso objetivo é facilitar a transição dos jovens do desemprego para um emprego estável. É por isso que mais de 32% das pessoas colocadas à disposição dos ETT acabam por ser contratadas pelas empresas utilizadoras”, afirma Cruañas.

Mais de 55,6% dos jovens estão à procura do primeiro emprego ou estão no último emprego há mais de um ano devido a uma combinação de fatores que dificultam a procura de emprego. A entidade salientou que a realidade do mercado de trabalho espanhol continua a revelar um desajustamento preocupante: “enquanto as taxas de desemprego dos jovens continuam a ser das mais elevadas da Europa, quase 150 000 vagas em sectores-chave para o crescimento económico continuam por preencher. Este fenómeno não só reflete uma desconexão estrutural entre a oferta e a procura de talentos, como também evidencia a falta de medidas eficazes para incentivar a transição dos jovens para o emprego e o desenvolvimento profissional”.

Asempleo, e em consonância com a análise de organizações internacionais como a OIT, que no seu relatório “Tendências Globais de Emprego para os Jovens 2024” destaca a Espanha por não abordar seriamente este problema, sublinha que a política laboral seguida em Espanha carece de respostas ambiciosas para enfrentar estes desafios. Em vez de políticas ativas e ágeis que promovam a formação, incentivem a contratação e adaptem as necessidades das empresas às competências das novas gerações, “assistimos a uma perigosa normalização deste problema. A ausência de incentivos efetivos, tanto para as empresas como para os próprios jovens, perpetua um círculo vicioso de precariedade, falta de oportunidades e desconfiança no sistema”, sublinha a organização empresarial.

E acrescenta que “não podemos deixar-nos cair no conformismo ou na autossatisfação. A Espanha tem potencial para liderar uma transformação do emprego juvenil que inspire e promova o desenvolvimento profissional dos seus jovens, mas isso requer uma mudança de abordagem: promover parcerias público-privadas que promovam a formação dual, reforçar as políticas de intermediação laboral e garantir um quadro sólido de apoio às empresas que apostam no talento jovem”.

Perante esta situação, “desde o setor privado e, especialmente, desde as empresas de Recursos Humanos (ETT, Agências de Emprego, etc.) não só estamos comprometidos em servir de plataforma de emprego juvenil, como também servimos de ponte entre as necessidades do mercado e estas pessoas que procuram a sua primeira oportunidade de trabalho”, destaca Cruañas.

Um compromisso que, na sua opinião, deve ser acompanhado de uma bateria de políticas ativas de emprego para ajudar uma população (com menos de 25 anos) que enfrenta “uma clara dissociação entre formação e oportunidades de emprego”. “Embora o ensino superior esteja a aumentar neste grupo, são as profissões com menos requisitos de formação que estão a crescer neste grupo, como se pode ver na análise, que destaca o peso deste segmento populacional na hotelaria e restauração (20,1%) e no comércio por grosso e a retalho (17%)”, conclui.

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Preço do lítio pressionado em 2025. China e Trump ditam excesso de oferta

O abrandamento económico na China e a produção acentuada de lítio, assim como o travão de Trump nos incentivos verdes, estão a pressionar os preços do lítio, que devem manter-se ou até descer em 2025.

Os preços do lítio chegam a 2025 com uma tendência negativa, depois de uma quebra de mais de 20% em 2024, que afastou os preços do pico de 2022. O excesso de oferta atual e a redução na procura faz com que a evolução dos preços deste metal ao longo do presente ano não seja promissora, assinalam os analistas contactados pelo ECO/Capital Verde, embora possa verificar-se um futuro mais risonho a longo prazo.

Espera-se um ano de consolidação de preços, sem aumentos significativos, ou até mesmo com uma pequena descida, devido ao excesso de oferta e à desaceleração da procura”, prevê o representante de contas da ActivTrades, Henrique Valente.

Apesar do abrandamento nas vendas de veículos elétricos na China nos últimos dois anos, as mineiras de lítio continuam a operar, evitando fechar instalações para preservar a sua quota de mercado e manter relações estratégicas com governos e fabricantes de baterias, justificando a queda de preços em 2024, observa Paulo Rosa, economista sénior do Banco Carregosa. “Essa manutenção da produção excessiva mantém a oferta elevada, pressionando os preços eventualmente em 2025“, conclui.

Assistiu-se a uma desvalorização do lítio superior a 20% em 2024, relata o Banco Carregosa, que deteta uma “forte volatilidade no preço do carbonato de lítio” nos últimos anos. “Tem sido visível um claro excesso de oferta que conduziu os preços a uma queda superior a 80% desde os máximos de 2022“, acrescenta Henrique Tomé, analista na XTB.

Em 2022, o preço do lítio ultrapassou os 70.000 dólares por tonelada, disparando a par da procura de veículos elétricos e dos avanços no armazenamento de energia, mas caiu mais de 80% nos dois anos seguintes, para cerca de 10.000 dólares.

O caso do lítio ilustra o clássico ciclo das matérias-primas, explica Henrique Valente. Uma mudança estrutural, neste caso a orientação para a aposta em veículos elétricos, provoca uma subida acentuada nos preços de uma matéria-prima. Este aumento atrai novos investimentos, mas há um desfasamento entre os sinais de preço, que são imediatos, e a expansão da oferta, que depende da construção de infraestruturas, estudos de impacto ambiental e processos de licenciamento.

“Durante este intervalo, o desequilíbrio entre a oferta e a procura contribui para a escalada de preços. Quando a nova oferta chega ao mercado, ocorre uma correção seguida de uma desalavancagem generalizada do setor”, conclui o analista da ActivTrades.

China, Trump e outros pesos pesados ‘esmagam’ o lítio

“O lítio continuará a ser considerado o ‘ouro branco’ da transição energética”, assume Henrique Valente, olhando à escassez de alternativas viáveis. No entanto, os analistas apontam vários fatores que afetam, negativamente, os preços deste metal precioso.

O excesso de oferta de lítio proveniente da China é apontado pela ActivTrades como uma das principais pressões sobre o preço da matéria-prima. Prevê-se uma acumulação de inventários até 2027, aponta Valente. Mas também têm existido desenvolvimentos relevantes fora do gigante asiático. Paulo Rosa assinala que, no Chile, está prevista uma duplicação da produção de lítio na próxima década. Em paralelo, a brasileira Rio Tinto ampliou a sua presença no mercado, ao adquirir a Arcadium Lithium, nos Estados Unidos, por 6,7 mil milhões de dólares. Além disso, investiu mais de 2,5 mil milhões de dólares para expandir a capacidade do projeto Rincon, localizado na Argentina.

Por outro lado, “a aceleração da procura, impulsionada pela transição energética, não será tão imediata como inicialmente antecipada“, escreve a ActivTrades, assinalando a desaceleração na adoção de veículos elétricos “em mercados chave”.

Nos Estados Unidos, o presidente Donald Trump prometeu reduzir os incentivos à produção e adoção de veículos elétricos. Já a desaceleração do crescimento económico na China prejudica a venda de elétricos neste país, aponta o Banco Carregosa. Trump tem ainda adotado uma postura cética em relação às energias renováveis, o que prejudica o lítio na medida em que o armazenamento também é aplicável ao sistema elétrico, relembra a XTB.

“Se esta abordagem se materializar durante a sua governação, teria um impacto negativo nos investimentos no setor a curto prazo, retardando o seu desenvolvimento”, prevê a ActivTrades. O esperado reforço do investimento na exploração de combustíveis fósseis também poderá levar a uma desvalorização maior do lítio, acrescenta Henrique Tomé.

A par destas dificuldades, o Banco Carregosa destaca eventuais avanços na tecnologia das baterias, que podem aumentar a eficiência e levar a uma redução do uso de lítio, moderando o crescimento da procura. Novas alternativas, como baterias de íons de sódio, ou “baterias de sal”, podem também fazer sombra ao ouro branco.

Contudo, nem tudo são pressões negativas. A refrear o excesso de procura podem vir a estar questões ambientais, geopolíticas e atrasos em projetos de mineração, acrescenta Paulo Rosa. “A longo prazo, a procura pelo lítio deverá continuar a crescer, movida pela crescente necessidade de baterias e pela transição para a eletrificação“, perspetiva ainda a ActivTrades. Este aumento também deve ser reforçado pelas metas de redução de emissões de carbono, pelo papel ativo dos governos na subsidiação e promoção das energias renováveis.

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Da gastronomia à natureza, os trunfos que os municípios levam à Fitur

De Norte a Sul do país, municípios acenam aos visitantes da Fitur, em Madrid, com os melhores ativos turísticos das regiões para alavancar a economia local.

Colocar o território no mapa do turismo internacional, acenando com o que de melhor existe em cada uma das regiões para captar cada vez mais visitantes, de modo a alavancar a economia local. É este um dos grandes objetivos que leva cada vez mais municípios portugueses a participar, a partir desta quarta-feira, na Feira Internacional de Turismo (Fitur) de Madrid.

Cada concelho usa os melhores trunfos que tem, como as únicas e memoráveis experiências que pode proporcionar, para estar sob os holofotes daquela que é considerada a maior feira de turismo da Península Ibérica e uma das mais importantes da Europa. E algumas das autarquias até juntam sinergias, “numa parceria inédita”, para apresentar uma estratégia conjunta, como acontece com as quatro comunidades intermunicipais (CIM) da região Centro do país – Leiria, Coimbra, Beiras e Serra da Estrela, e Viseu Dão Lafões.

Parque Natural da Serra da EstrelaTurismo Centro de Portugal

Juntos, conseguimos apresentar uma proposta turística integrada que destaca as singularidades de cada território, consolidando a nossa posição como um destino de referência no mercado ibérico”, começa por assinalar Fernando Ruas, presidente da CIM Viseu Dão Lafões.

Até 26 de janeiro, as quatro CIM avançam com uma estratégia comum na 45.ª edição da Fitur “com o objetivo de reforçar a notoriedade do território enquanto destino turístico diferenciador”, nota, por sua vez, Emílio Torrão, presidente da CIM Região de Coimbra. E os municípios têm razões de sobra para o fazer. Até porque, “este tipo de iniciativas reforça o posicionamento internacional da região e o seu atrativo no competitivo mercado turístico global”, justifica Gonçalo Lopes, na liderança da comunidade da Região de Leiria.

Juntos, conseguimos apresentar uma proposta turística integrada que destaca as singularidades de cada território, consolidando a nossa posição como um destino de referência no mercado ibérico.

Fernando Ruas

Presidente da Comunidade Intermunicipal (CIM) Viseu Dão Lafões

Igualmente Luís Tadeu, responsável pela CIM da Região Beiras e Serra da Estrela, considera tratar-se de “uma oportunidade ímpar para destacar o papel [destas regiões] no mapa turístico ibérico europeu e reforçar a visibilidade dos territórios conhecidos pela sua tradição cultural e histórica, gastronomia, natureza e aventura e saúde e bem-estar”.

Num espaço comum, as quatro comunidades vão dar a conhecer os diversos ativos turísticos, como o enoturismo e as experiências de referência do território. Tempo ainda para conquistar os turistas pelo paladar com momentos para degustação de queijos e vinhos dos quatro territórios, bem à semelhança do que outras regiões do país vão fazer nesta 45.ª edição da Fitur.

Serra do Larouco, Montalegre, distrito de Vila Real, 14 de outubro de 2017. PEDRO SARMENTO COSTA / LUSAPEDRO SARMENTO COSTA / LUSA

Também a Comunidade Intermunicipal do Alto Tâmega e Barroso (CIMAT), uma estreia neste certame, visa posicionar-se como um destino de excelência para experiências de gastronomia, enoturismo e natureza.

“Além de promover os nossos ativos, geramos impactos positivos na economia local, estimulando o crescimento do turismo e do comércio regional”, afirma Ramiro Gonçalves, primeiro secretário da CIMAT. Esta comunidade integra os municípios de Boticas, Chaves, Montalegre, Ribeira de Pena, Valpaços e Vila Pouca de Aguiar.

Queremos mostrar ao mundo que o Oeste é muito mais do que um destino, é uma experiência autêntica que combina tradição, inovação e hospitalidade.

Pedro Folgado

Presidente da Comunidade Internacional do Oeste (OesteCIM)

Desde a Feira de Sabores e o Festival Gastronómico (Chaves), passando pelo icónico Vinho dos Mortos e o Boticas Parque (Boticas) até à apresentação da Festa de São Brás e as Carranhosas – considerados ícones da identidade cultural local de Ribeira de Pena –, e os fumeiros de Montalegre, muitos são os ativos que esta região mostra neste certame.

Além de dar a conhecer os produtos turísticos e conquistar visibilidade internacional, as autarquias pretendem ainda “fortalecer a rede de contactos e parcerias com operadores turísticos e investidores”, detalha Ramiro Gonçalves.

NazaréCâmara Municipal da Nazaré

Depois de, na edição de 2023, ter contabilizado a visita de 250.000 pessoas no seu stand, a OesteCIM volta a pisar território madrileno para acenar com os produtos, as paisagens, as praias e a gastronomia para captar mais visitantes e investimento no território.

Queremos mostrar ao mundo que o Oeste é muito mais do que um destino, é uma experiência autêntica que combina tradição, inovação e hospitalidade”, frisa o presidente da OesteCIM, Pedro Folgado. Esta comunidade representa os concelhos de Alcobaça, Alenquer, Arruda dos Vinhos, Bombarral, Cadaval, Caldas da Rainha, Lourinhã, Nazaré, Óbidos, Peniche, Sobral de Monte Agraço e Torres Vedras.

Mais a Norte, Gondomar vai a Madrid, pelas mãos do Turismo de Portugal, reafirmar a filigrana, classificada no inventário nacional como património cultural imaterial e um ícone deste território. Em destaque estará a Rota da Filigrana com a mestria das artesãs do ofício desta técnica secular.

Em 2024, a Fitur registou 153 mil profissionais e 97 mil visitantes do público em geral.

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Sucesso dos media em 2025 depende de “apoio governamental contínuo”, alerta APImprensa 

APImprensa e Plataforma de Media Privados antecipam os principais desafios para 2025.

Cláudia Maia, presidente da APImprensa.

A Associação Portuguesa de Imprensa (APImprensa) espera “consolidar avanços na digitalização e inovação do setor” em 2025, mas realça que o sucesso “depende de apoio governamental contínuo e políticas que promovam a sustentabilidade”. Sem a “intervenção adequada”, Cláudia Maia, presidente da APImprensa, antecipa que “a escassez de publicações poderá agravar-se, particularmente em regiões onde a informação local já é insuficiente”.

Segundo a responsável, a sustentabilidade financeira do setor continua em risco devido à queda nas receitas publicitárias e ao aumento dos custos de produção, pelo que a APImprensa tem promovido junto do poder político “um conjunto de medidas de apoio ao setor”.

E o atual Governo também “já deu sinais de que pretende apoiar a imprensa”, refere, nomeadamente com o Plano de Ação para a Comunicação Social, que “responde a muitas das propostas que têm vindo a ser feitas pela associação”, como o aumento do porte pago, os apoios à modernização tecnológica ou a publicitação dos fundos europeus e das deliberações autárquicas na imprensa local e regional.

Estes apoios são essenciais para enfrentar o que a associação considera um contexto económico desfavorável, que ameaça a viabilidade de muitos editores e a qualidade da informação disponível para os cidadãos. No fundo, são essenciais para garantir que a imprensa continua a desempenhar um papel vital na democracia portuguesa“, diz Cláudia Maia que alerta, no entanto, que “falta concretizar estes incentivos“.

Luís Nazaré, diretor executivo da Plataforma de Media Privados (PMP).

Também Luís Nazaré, diretor executivo da Plataforma de Media Privados (PMP) — que antecipa um 2025 “árduo”, face às “transformações tecnológicas e socioeconómicas, bem como às lacunas na defesa dos princípios da liberdade e do funcionamento justo do mercado” –, considera que “a implementação efetiva das medidas do Plano de Ação para a Comunicação Social, em todos os seus eixos, poderá mitigar o quadro adverso do atual contexto“.

Para este ano e para os anos seguintes, o responsável antevê ainda uma “mistura” de desafios e oportunidades. Ao nível das “ameaças, cada vez mais intensas”, aponta o “poder abusivo” das plataformas digitais, a “pirataria impune” e as falhas do sistema de regulação.

Já a APImprensa acredita que o setor dos media enfrenta desafios significativos em 2025, nomeadamente ao nível da evolução tecnológica e, em particular, com a inteligência artificial (IA). É nesse sentido que a associação destaca a “urgência de modernizar e adaptar o setor, uma vez que mais de um terço das publicações ainda não têm uma presença digital robusta“.

“Para se manterem competitivos e relevantes, os meios têm de investir em inovação tecnológica e fortalecer a sua presença digital, de forma a captar a atenção de públicos mais jovens e diversificados. A IA apresenta oportunidades para automatizar certas tarefas editoriais, como a curadoria de conteúdos e a personalização de notícias, ainda que coloque também desafios em termos de verificação de factos e combate à desinformação, que se intensifica com as tecnologias de IA generativa“, entende Cláudia Maia.

Neste sentido, além de continuar a trabalhar com o Governo na “discussão de medidas que ajudem a fortalecer a imprensa nacional”, a APImprensa vai trabalhar este ano na “expansão de parcerias com empresas tecnológicas que sirvam as necessidades dos editores e a formação digital dos seus membros, para aproveitarem melhor as ferramentas de IA e as tendências emergentes no consumo de informação”.

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BCE, turismo e economia: a tríade do terceiro dia em Davos

Christine Lagarde é a figura de destaque esta quarta-feira na estância suíça. O ministro da Economia, Pedro Reis, termina a sua série de encontros bilaterais no Fórum Económico Mundial, na Suíça.

A intervenção da presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, é a mais esperada no terceiro dia do Fórum Económico Mundial em Davos, que decorre uma semana antes da próxima reunião do Conselho de governadores do BCE, onde analistas antecipam o primeiro corte de juros do ano. Apesar de ser a figura principal do certame, é presença habitual nos Alpes suíços.

Desta vez, Christine Lagarde vai dividir o palco, às 15h15 (hora de Lisboa), com o CEO da L’Oréal, o empresário francês Nicolas Hieronimus, a CEO da gigante da ciência e tecnologia alemã Merck, Belen Garijo, e o vice-chanceler da Alemanha, Robert Habeck, para debater o que é necessário para que os líderes estejam à altura dos desafios demográficos e de produtividade na União Europeia, na sequência de relatos de “vulnerabilidades” e agonia lenta”, como caracterizou o relatório Draghi sobre a competitividade europeia.

O discurso de Christine Lagarde ocorre pouco depois de o economista austríaco Robert Holzmann, governador do banco central da Áustria, ter dito na segunda-feira, em entrevista ao Político, que “cortar as taxas de juros quando a inflação sobe mais rápido do que o previsto, mesmo que temporariamente, corre o risco de prejudicar a credibilidade” da instituição com sede em Frankfurt. Mais: alertou que os riscos de nova escalada de preços estão a crescer e a decisão de cortar os juros, na próxima reunião de política monetária, ainda não é certa. O conselho de governadores do BCE reúne-se nos dias 29 e 30 de janeiro.

o ministro da Economia, Pedro Reis, termina hoje a sua série de encontros bilaterais na Suíça, que arrancaram ontem com uma agenda repleta de reuniões com outros governantes de países como Angola e Arábia Saudita. A comitiva política portuguesa é ainda composta pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, e a ministra do Ambiente e da Energia, Maria da Graça Carvalho, que falou esta terça-feira.

O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sanchéz, que recentemente fez correr tinta por querer limitar a compra de casa por investidores não europeus, é outro dos políticos que sobressai na agenda do fórum esta quarta-feira, assim como a diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva.

O programa prevê ainda outros tópicos de relevo para a economia mundial, entre os quais o turismo no panorama de negócios, tendo por base o cenário económico emergente que se espera para 2025. Para tal, o leque de oradores também é premium: uma managing director da consultora Bain & Company, Karen Harris, o economista-chefe da AXA Investment, Gilles Moëc, e o economista-chefe do Banco Bradesco, o brasileiro Fernando Honorato Barbosa. Na vertente do desenvolvimento turístico, a presidente executiva da Trip.com, Jane Sun, o comissário europeu Apostolos Tzitzikostas, o primeiro-ministro da Albânia e o ministro do Turismo da Arábia Saudita, Ahmad Alkhateeb, com quem Pedro Reis tem reunião marcada.

Energia dá gás ao segundo dia de trabalhos

Horas após Donald Trump tomar posse como 47º presidente dos EUA, começavam os trabalhos na estância de esqui mais famosa do mundo esta semana — e o tema Casa Branca não foi ignorado pelas personalidades que estiveram em Davos, nomeadamente a ministra do Ambiente e da Energia, Maria da Graça Carvalho.

Em linha com o objetivo de Donald Trump de que os outros países aumentem as importações de petróleo e gás natural norte-americanos, o Governo português mostrou-se disponível e interessado em comprar mais Gás Natural Liquefeito (GNL) aos EUA e também à Nigéria para reduzir (ainda mais) os negócios de energia com a Rússia.
“Já somos bastante independentes do gás russo. Em 2021, tivemos 15% de importações deste gás e no ano passado passámos a importar 5%. Esperamos diminuir ainda mais essa percentagem, importando sobretudo gás da Nigéria e dos EUA”, antecipou ontem Maria Graça Carvalho, no debate em Davos.

A ministra do Ambiente e Energia, Maria da Graça Carvalho, faz uma curta intervenção após visitar uma pedreira de mármore no âmbito de uma visita ao concelho de Vila Viçosa, 13 setembro 2025. NUNO VEIGA/LUSANUNO VEIGA/LUSA

A presidente da Comissão Europeia abordou o mesmo assunto e garantiu que existe interesse em negociar, embora “as regras do jogo” estejam “a mudar”. “Nenhuma outra economia está tão integrada como estamos. De todos os ativos americanos no estrangeiro, dois terços estão na Europa e os EUA fornecem 50% do nosso GNL. As empresas europeias contratam cerca de 3,5 milhões de americanos, e outros milhões de empregos dependem do comércio com Europa”, argumentou Ursula von der Leyen.

O CEO da EDP, que também se deslocou a Davos no dia seguinte à tomada de posse de Donald Trump, garantiu que continua a ver os EUA como um grande mercado para a empresa portuguesa, até porque a maior economia do mundo precisa “de toda a oferta [de energia] que for possível”. Em entrevista ao canal CNBC, Miguel Stilwell de Andrade previu inclusive o crescimento, dada a necessidade de fontes de energia para alimentar os centros de dados e desenvolvimento de sistemas de IA.

EDP apresenta rebranding da marca - 02JUN22

A 55ª edição do Fórum Económico Mundial, que decorre entre os dias 20 e 24 de janeiro, está subordinada ao tema “Collaboration for the Intelligent Age” (“Colaboração para a Era da Inteligência”) e deverá receber cerca de três mil líderes mundiais de 130 países, entre os quais 60 chefes de governo e 900 CEO ou presidentes de empresas. A CEO da Sonae, Cláudia Azevedo, vai discursar na quinta-feira às 12h15 (hora de Lisboa) sobre como se pode garantir um acesso mais equitativo aos benefícios da inteligência artificial a nível global.

Para receber todas estas individualidades, a segurança está reforçada em Davos desde o Natal através de cerca de cinco mil membros das Forças Armadas suíças que estão destacados para evitar e responder às ameaças de violência ou terrorismo. Desta vez, o contexto meteorológico é menos severo, comparativamente ao ano passado, quando as mínimas eram de -16ºC. Até sexta-feira, esperam-se temperaturas mínimas de – 6ºC e máximas de 7ºC.

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Zurab Pololikashvili, Secretário-Geral do Turismo da ONU: “O turismo é um defensor silencioso da paz e da unidade”

  • Servimedia
  • 22 Janeiro 2025

Coincidindo com a abertura da Fitur 2025, a ONU Turismo deu início à celebração do seu 50º aniversário com um evento de alto nível em Madrid.

Presidida pelo Secretário-Geral, Zurab Pololikashvili, a entidade destacou que o evento reafirmou o papel do turismo como um “motor de coesão, compreensão e paz num mundo marcado por divisões e conflitos”.

No seu discurso comemorativo, Pololikashvili sublinhou os desafios que o setor enfrenta, destacando a capacidade do turismo para promover o respeito mútuo e o diálogo. “O turismo é, em tempos de divisão, um defensor silencioso mas poderoso da unidade. Hoje, quando nos reunimos para celebrar, não podemos ignorar a realidade: 56 conflitos ativos assolam o mundo, o número mais elevado desde a Segunda Guerra Mundial. No entanto, acreditamos que o turismo, quando floresce, traz estabilidade; oferece às comunidades uma participação na paz; mostra que o diálogo supera a discórdia e que as experiências partilhadas transcendem as fronteiras. O turismo é paz e a paz é turismo”, afirmou.

Durante o seu discurso, o Secretário-Geral refletiu sobre a capacidade do turismo para ultrapassar crises mundiais como os ataques de 11 de setembro, a pandemia de COVID-19 e a guerra na Ucrânia. “Ao longo dos anos, à medida que o turismo evoluiu, esta organização também evoluiu. Desde a União Internacional das Organizações Oficiais de Viagens até ao Turismo da ONU de hoje, temos respondido aos desafios do nosso tempo”, afirmou.

O evento destacou as realizações da ONU Turismo na criação de Gabinetes Regionais e Temáticos em regiões-chave como a Arábia Saudita e o Uzbequistão, bem como a sua aposta na aproximação entre o global e o local. Estes gabinetes foram criados durante os mandatos de Pololikashvili, que se candidata agora a um terceiro mandato, sublinhando o seu empenho na educação, na inovação e no investimento como pilares para garantir que o turismo continue a ser um motor de crescimento económico e de sustentabilidade.

“O nosso compromisso com a educação, a inovação e o investimento garante que o turismo continua a ser um veículo de capacitação e resiliência. Presto homenagem aos visionários que nos precederam, cuja visão transformou o turismo numa força global. Atualmente, enfrentamos um futuro de rápidos avanços tecnológicos e desafios imprevisíveis. Juntos, com os Estados-Membros, estamos a construir um setor inclusivo, sustentável e virado para o futuro”, concluiu Pololikashvili.

FITUR

O 50.º aniversário da ONU Turismo coincide com a 45.ª edição da Fitur, a feira internacional de turismo mais importante do setor. Durante o evento, Pololikashvili destacou a importância da Fitur no desenvolvimento do turismo mundial. “Nascida apenas cinco anos antes da ONU Turismo, a FITUR cresceu connosco, exemplificando o espírito de colaboração que define o nosso setor”, afirmou.

Nesta edição, o Brasil é o país parceiro convidado, com a presença em Madrid do seu Ministro do Turismo, Celso Sabino. Para além disso, o Brasil assume a presidência do Conselho Executivo do Turismo da ONU para 2025. Pololikashvili agradeceu ao Brasil a sua “liderança e colaboração”.

 

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Antiga Sonae Capital engorda rede de ginásios “low cost” até aos 40

Negócio de ginásios detido pela holding da família Azevedo vai continuar a crescer em 2025 com a abertura de duas unidades da Solinca e de 16 da marca Element, que já levou para a Chéquia.

Depois de ter investido mais de 10 milhões de euros no ano passado para fazer crescer a marca Element Gyms de 14 para 24 ginásios, a SC Fitness, que detém também a rede Solinca, tem um plano de expansão para chegar até ao final de 2025 com 40 unidades neste segmento “low cost”, adiantou ao ECO o presidente executivo, Bernardo Novo.

O gestor da empresa detida pela SC Investments — resultou da reestruturação do portefólio da Sonae Capital e pertence a 100% à Efanor, holding da família Azevedo – adianta que, após abrir em Canidelo (Gaia) a 30 de dezembro, prosseguiu “a bom ritmo” em janeiro com aberturas em Braga, Águas Santas (Maia), Castelo Branco e Oeiras (Taguspark), e chega ainda este mês ao Campo Pequeno (Lisboa).

“Dos novos ginásios, cinco foram construídos de raiz e um foi uma aquisição. O mercado português pode continuar a consolidar e a SC Fitness quer liderar esse movimento. Em 2024 assumimos a gestão de vários ginásios e, neste momento, temos outros processos de negociação e avaliação em curso que esperamos concluir nos próximos meses”, avança Bernardo Novo.

O mercado português pode continuar a consolidar e a SC Fitness quer liderar esse movimento. Em 2024, assumimos a gestão de vários ginásios e, neste momento, temos outros processos de negociação e avaliação em curso.

Bernardo Novo

CEO da SC Fitness

Criada no final de 2020 e acelerada pela pandemia que fez cair a pique a faturação dos ginásios, a Element tem um processo de gestão 100% digital, desde a inscrição até à frequência, com a promessa de “democratizar do fitness, tornando o treino mais autónomo e acessível a todos os jovens”. E foi com esta marca que a família Azevedo decidiu internacionalizar o negócio dos ginásios em 2024.

O líder da SC Fitness contabiliza que, neste momento, já tem quatro ginásios “em plena operação” na Chéquia, na região da Morávia, e “com uma performance muito positiva”. “Temos uma abertura prevista para abril e, no segundo semestre, iremos continuar a crescer” neste país do leste europeu, acrescenta.

Bernardo Novo, CEO da SC Fitness

Questionado sobre se está a ser avaliada a expansão para outros países, Bernardo Novo responde que está “focado em consolidar a operação na Chéquia e crescer durante 2025”. “Em paralelo”, completa o gestor da empresa controlada pela SC Investments, que este ano vai entrar com hotel na Madeira e somar uma unidade turística no Algarve, está “obviamente atento a oportunidades que surjam noutros mercados, mas sem fazer disso um a prioridade”.

A SC Fitness soma mais de 1.000 colaboradores e fechou o último exercício com uma “faturação a rondar os 63 milhões de euros”. No que toca à marca principal detida pela empresa, a rede da Solinca está a operar com 35 ginásios e no planeamento para este ano está a abertura de mais duas localizações, uma delas ainda no primeiro trimestre, refere o CEO, sem fornecer mais detalhes.

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Salário de Marcelo sobe 650 euros e Montenegro ganha mais 500 com fim dos cortes. Ordenados “ainda são baixos”, dizem peritos

Aguiar-Branco, deputados e autarcas conseguem um aumento de mais de 200 euros com a eliminação da penalização de 5%. Chega entrega aumento a instituições e Livre lança iniciativa para apoiar formação.

Os titulares de cargos políticos vão ter um aumento na conta bancária de até 650 euros brutos, a partir deste mês, com o fim do corte salarial de 5%, aprovado pelo Parlamento por proposta de PSD e CDS, no âmbito do Orçamento do Estado para 2025 (OE2025), e por via da atualização geral dos vencimentos da Função Pública em 2,15% para este ano.

O ordenado do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, vai saltar cerca de 650 euros para 11.718,2 euros mensais brutos; o presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco, terá um vencimento de 9.374,55 euros, um incremento remuneratório de 525 euros; e o primeiro-ministro, Luís Montenegro, vai auferir 8.768,65 euros, o que significa um encaixe adicional de 472 euros (ver quadro em baixo), segundo as contas feitas pelo ECO. De salientar que estes valores são brutos. Descontando IRS, contribuições sociais e ADSE, os ordenados podem encolher para metade como é o caso do salário de Marcelo que passa de 11.700 euros brutos para cerca de 6.000 euros líquidos.

Mas os salários “ainda são baixos” para as funções e responsabilidade em causa, alertam os peritos consultados pelo ECO que elogiam a reposição dos 5% que perdurava desde os tempos das troika. Ainda assim, reconhecem que, face à remuneração bruta média do país, de 1.528 euros por mês, segundo os últimos dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), os vencimentos dos políticos podem ser um “tema incómodo e muito propício a abordagens populistas”. Veja-se, por exemplo, a polémica ação de protesto realizada pelo Chega contra a aprovação do fim do corte salarial, com a colocação de tarjas nas janelas do Parlamento, em clara “vandalização” do património público, como acusou, na altura, o presidente da Assembleia da República.

Os ministros serão aumentados em 427 euros mensais brutos e os secretários de Estado 389 euros, totalizando ordenados de 7.616,83 euros e de 6.779,81 euros ilíquidos, respetivamente. Também os vice-presidentes do Parlamento, como Teresa Morais, do PSD, Marcos Perestrello, do PS, Diogo Pacheco de Amorim, do Chega, ou Rodrigo Saraiva, da IL, terão um ganho adicional de 315 euros, totalizando um salário de 5.231,34 euros mensais brutos. Os deputados vão receber 4.185,07 euros: são mais 293 euros. E, se estiverem em exclusividade de funções, o avanço será maior, de 302 euros, para 4.603,58 euros, de acordo com as contas do ECO, entretanto confirmadas esta terça-feira pela Assembleia, através da publicação da respetiva tabela remuneratória no site do Parlamento.

As estas retribuições acrescem ainda ajudas de custo com alojamento, alimentação e deslocação, no caso dos parlamentares. Os governantes e membros dos seus gabinetes vão voltar a auferir estes abonos a partir deste ano, depois de terem sido retirados durante o período do resgate financeiro. Mas estes apoios, agora repostos, por decisão do atual Executivo de Luís Montenegro, terão “limites” e “regras de utilização”, que ainda serão definidos por portaria dos ministérios das Finanças e da Presidência.

Os cálculos para apurar os vencimentos dos titulares dos órgãos políticos foram realizados pelo ECO a partir da legislação em vigor e somando o salário base (indexado à remuneração do Chefe do Estado) às despesas de representação, uma parcela do vencimento que é paga de forma regular, todos os meses.

O vencimento do Presidente da República estava, no ano passado, em 8.193,97 euros mensais brutos. Aplicando a atualização da Função Pública de 2,15%, aquela remuneração sobe para 8.370,14 euros, já sem o corte de 5%. A este valor acrescem as despesas de representação, de 3.348,06 euros, que correspondem a 40% do salário base. Juntando as duas parcelas, Marcelo Rebelo de Sousa vai receber 11.718,2 euros.

Os ordenados dos restantes titulares de cargos políticos estão indexados à remuneração base do Chefe de Estado. O salário do presidente da Assembleia da República corresponde a “80% do vencimento do Presidente da República“, de acordo com o estatuto remuneratório dos titulares de cargos políticos. Para além disso, “tem direito a um abono mensal para despesas de representação no valor de 40% do respetivo vencimento“, segundo o mesmo diploma. Assim, José Pedro Aguiar-Branco vai receber 6.696,11 euros brutos de vencimento mais 2.678,44 euros de despesas de representação, o que totaliza 9.374,55 euros ilíquidos.

No caso do primeiro-ministro, o vencimento é equivalente a 75% do ordenado base do Presidente da República, o que resulta num ganho mensal bruto de 6.277,61 euros. Tem ainda direito “a um abono mensal para despesas de representação no valor de 40% do respetivo vencimento”, o que corresponde a 2.491,04 euros. No total, vai auferir 8.768,65 euros ilíquidos por mês.

Já os vencimentos dos ministros são 65% do ordenado do Chefe de Estado, o que se traduz em 5.440,59 euros mensais brutos. A esta parcela acrescem despesas de representação, correspondentes a 40% da respetiva remuneração: 2.176,24 euros. Tudo somado, dá um ganho mensal global de 7.616,83 euros brutos por mês. Os secretários de Estado recebem 60% do montante que é atribuído ao Presidente da República, isto é, 5.022,08 euros. Mais o abono mensal de 35% do respetivo salário, no valor de 1.757,73 euros, estes governantes terão uma remuneração mensal global de 6.779,81 euros.

No que diz respeito aos deputados, o salário corresponde a 50% do salário base de Belém. Isto significa que, este ano, os parlamentares irão auferir um vencimento de 4.185,07 euros. Se estiverem em exclusividade de funções, têm direito um abono mensal para despesas de representação equivalente do seu ordenado base 10%, isto é, a mais 418,51 euros. Juntando as duas alíneas, estes deputados terão uma retribuição brutal mensal de para 4 603,58 euros. O montante a atribuir aos vice-presidentes da Assembleia da República para despesas de representação é superior, sendo equivalente a 25% do seu ordenado base, o que corresponde a 1.046,27 euros. Assim, estes parlamentares conseguem tirar 5.231,34 euros no final do mês.

O fim da penalização de 5% sobre os salários dos titulares de órgãos políticos e gestores públicos, implementada em 2010, durante o chamado PEC [Programa de Estabilidade e Crescimento] II de José Sócrates, também vai beneficiar os presidentes de câmara e vereadores dos executivos municipais a tempo inteiro.

Os vencimentos destes autarcas são guiados pelo vencimento de Belém, sendo que as percentagens variam consoante o número de eleitores, segundo o estatuto dos eleitos locais. Os presidentes dos municípios de Lisboa, Carlos Moeda, e do Porto, Rui Moreira, ganham 55% do ordenado do Presidente da República, o que corresponde a 4.603,58 euros mensais brutos. A esta parcela, acrescem ainda despesas de representação no valor de 30% do vencimento base, isto é, 1,381,13 euros. Tudo somado, dá um ganho mensal bruto de 5.984,10 euros, o que significa um aumento de cerca de 351 euros face ao vencimento atual. No caso dos vereadores em regime de permanência, o incremento remuneratório será de 273 euros (ver tabela em cima), entre o ordenado de 3.682 euros mensais, equivalente a 80% do vencimento do presidente da autarquia, e os abonos mensais de 736,57 euros, que correspondem a 20% do respetivo ordenado.

Rui Moreira, presidente da Câmara do Porto, e Carlos Moedas, presidente da Câmara de Lisboa

Em autarquias com um número de votantes superior a 40 mil como Oeiras, Cascais ou Vila Nova de Gaia, o ordenado do presidente de câmara corresponde a 50% da remuneração base do Chefe do Estado a que se somam abonos mensais para despesas de representação. No total, estes autarcas vão receber 5.440,60 euros, isto é, mais cerca de 319 euros face ao vencimento do ano passado. Os vereadores a tempo inteiro vão dar um salto salarial de cerca de 248 euros para 4.017,67 euros.

Nos executivos municipais com um número de eleitores entre 40 mil e 10 mil, os presidentes auferem 45% do ordenado do Chefe do Estado, isto significa, para este ano, um ordenado de 3.766,56 euros mensais brutos, sem o corte de 5%. Adicionando as despesas de representação, no valor de 1.129,97 euros, estes edis vão ganhar 4.896,53 euros, ou seja, mais cerca de 287 euros. No caso dos vereadores, o incremento remuneratório irá rondar os 224 euros, o que irá elevar a retribuição final de 3.392,31 euros para 3.615.90 euros ilíquidos por mês.

Nas câmaras mais pequenas, com menos de 10 mil eleitores, os vencimentos dos presidentes sobem 255 euros para 4.352,48 euros mensais brutos, já incluindo as despesas de representação de 1.004,42 euros. Os vereadores vão auferir 3.214,14 euros, entre salário (2.678,45 euros) e abonos (535,69 euros), o que significa um incremento de 199 euros.

Especialistas alertam para “salários baixos” e criticam deriva “populista”

Protesto do Chega nas janelas da Assembleia da República contra a aprovação, no Parlamento, do fim do corte de 5% nos salários dos titulares de cargos públicos.JOSÉ SENA GOULÃO/LUSA

Apesar dos aumentos salariais expressivos dos titulares de órgãos políticos por via do fim do corte de 5% e da atualização regular dos ordenados da Função Pública, vários especialistas ouvidos pelo ECO consideram que “os ordenados ainda são demasiado baixos para as funções e responsabilidades em causa, em especial no que diz respeito a funções executivas“, conclui André Azevedo Alves, professor do Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica.

O politólogo concorda com o fim da penalização de 5% sobre o salário, uma vez que “os restantes cortes implementados em circunstâncias similares já foram levantados”. “Parece-me até demagógico e sintoma de cobardia política que ainda se mantivesse”, sublinha. No entanto, e “tendo em conta o baixo nível salarial geral do país, o tema é compreensivelmente incómodo e muito propício a abordagens populistas”, reconhece. Os últimos dados do INE indicam que o salário médio bruto, Portugal, está nos 1.528 euros mensais, o que compara com o ordenado do primeiro-ministro que ultrapassa os oito mil euros brutos ou de um deputado, que ronda os 4.600 euros ilíquidos, já contando com os abonos para despesas de representação.

Ainda assim, defende, “quem ocupa posições executivas de grande responsabilidade deveria ter remunerações superiores”. “As remunerações de quem exerce cargos políticos não são apenas pouco atraentes por comparação com as posições melhor remuneradas no setor privado, mas também por comparação com posições no próprio setor estatal, incluindo posições de nomeação eminentemente política como entidades reguladoras e variadas empresas estatais, as quais acabam por ser assim destinos privilegiados das redes de clientelismo partidário, argumenta.

António Costa Pinto, professor de Ciência Política e investigador no Instituto de Ciências Social, também considera que “os políticos, em Portugal, são mal pagos”. Porém, “quando há um forte sentimento anti-partidos, não é fácil aumentar os salários dos políticos”, admite. “Há um grande receio político de impopularidade por parte dos grandes partidos, há uma extrema dificuldade em assumir politicamente um salário de um político com dedicação exclusiva”, sublinha.

Para Costa Pinto, “o ponto mais importante é prosseguir com a dedicação exclusiva para justificar salários melhores, para que os políticos sejam melhor remunerados sob pena de termos lobistas no Parlamento”. “Outro ponto importante é atrair, sobretudo para a elite governante, quadros competentes da sociedade civil e para isso é preciso oferecer salários compatíveis”, reforça.

Na mesma senda, Gonçalo Carrilho, advogado e docente da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, considera que “os salários dos políticos e dos titulares de altos cargos públicos são baixos”, perante “o nível de responsabilidade, nomeadamente a responsabilidade financeira”. “Mesmo com o fim do corte, os salários dos políticos são baixos, nomeadamente no caso dos membros do Governo, face ao respetivo nível de responsabilidade. Porém, estão alinhados com os salários dos políticos dos países mais pobres da União”, constata o mesmo especialista.

Citando um estudo do Instituto Mais+Liberdade, Gonçalo Carrilho mostra como “o salário do primeiro-ministro português é o 8.º mais baixo entre os países da União Europeia (UE) e o Reino Unido, Noruega, Suíça e Islândia”, considerando apenas o ordenado base, isto é, sem os abonos mensais para despesas de representação. Ainda assim, o vencimento do chefe do Executivo representa 345% do salário médio português, de acordo com a mesma análise.

O especialista em direito administrativo concorda igualmente com o fim de corte salarial de 5% e apela a uma mudança quanto à atualização dos vencimentos dos políticos. “Qualquer decisão – que no caso dos órgãos de soberania e poder local compete ao Parlamento – devia ser precedida de um estudo de direito comparado, isto é, um estudo sobre as remunerações destes cargos ao nível dos países UE e de um estudo horizontal e vertical dos salários da Administração Pública”, salienta.

Já Susana Coroado considera que “o tema” está “muito dependente do contexto do país, do nível de Governo, do um cargo em causa (executivo ou legislativo)”, pelo que “é difícil chegar a conclusões”. “Os estudos empíricos têm tido resultados contraditórios: estudos sobre os municípios no Brasil e Itália demonstraram que um aumento dos incentivos financeiros atraiu mais candidatos qualificados e melhorou a eficiência da gestão. Já no Canadá, os incentivos não tiveram nenhum efeito na idade ou na qualificação dos deputados e, no Parlamento Europeu, até diminuiu a qualificação dos deputados. Na Finlândia, o impacto foi apenas na atração de mais mulheres qualificadas, mas não de homens”, exemplificou a politóloga, e investigadora na Dublin City University.

Coroado nota que “vale a pena ter esta discussão”, contudo “é preciso avaliar a forma de recrutamento dos candidatos políticos a nível partidário”. “Listas fechadas não permitem aos eleitores premiarem pessoas mais qualificadas, pelo que um aumento salarial poderia criar ainda mais incentivos aos menos qualificados, mas mais obedientes ao partido, para fazerem tudo para garantir um lugar nas listas”, sinaliza.

Assim, o ideal seria “um debate público franco, através por exemplo de uma Assembleia de Cidadãos”, o que “poderia aumentar a legitimidade de um aumento salarial, uma vez que não seriam os políticos a decidir em causa própria”, vinca.

Chega entrega aumento a associações e Livre lança uma espécie de bolsa

Entre os grupos parlamentares que votaram contra a reposição do corte salarial, Chega e Livre confirmaram ao ECO que vão prescindir do aumento. Os deputados do partido de André Ventura vão doar os 5% a várias instituições de solidariedade social à sua escolha, como a “liga portuguesa contra o cancro, entidades de apoio a crianças com doença grave ou associações de ex-combatentes”, revelou fonte oficial do partido ao ECO. “Estamos em diálogo com os serviços financeiros da Assembleia da República para operacionalizar toda a situação atempadamente”, salientou fonte do gabinete de comunicação.

o partido de Rui Tavares espera lançar um apoio na área da educação e da formação que poderá passar pela criação de uma bolsa de estudo, mas o modelo ainda está a ser afinado. “Foram já dadas instruções para a abertura de uma conta numa instituição bancária que vai receber as transferências das verbas correspondentes ao valor dos 5% do corte, agora reposto, nos salários mensais dos deputados do Livre. O grupo parlamentar conta apresentar na primavera o regulamento e outros pormenores relacionados com esta iniciativa“, indicou ao ECO fonte oficial do partido.

O Bloco de Esquerda (BE), que igualmente rejeitou o projeto de PSD e CDS para eliminar a penalização de 5% sobre os vencimentos dos titulares de cargos políticos, vai entregar esse aumento à própria estrutura partidária. “As deputadas e deputados do Bloco de Esquerda fazem donativos regulares ao partido para financiar a sua atividade política. O valor do aumento, ao qual o Bloco de Esquerda se opôs, será refletido integralmente nesse mesmo donativo”, indicou ao ECO fonte do gabinete de comunicação do grupo parlamentar.

Já a Iniciativa Liberal (IL), que também votou contra o fim do corte, não vai prescindir da reposição dos 5%, ainda que seja favorável a uma melhoria dos salários dos políticos. Na altura, o partido de Rui Rocha opôs-se à iniciativa de PSD e CDS por considerar que estariam a decidir em causa própria, uma vez que o diploma iria ter efeitos imediatos já a 1 de janeiro deste ano. Para além disso, a IL defende um novo mecanismo de atualização salarial que deve estar indexado à evolução das condições socioeconómicas do país. Inclusivamente, apresentaram uma proposta legislativa nesse sentido, segundo a qual os salários dos políticos devem depender do crescimento do ordenado médio dos portugueses.

No que diz respeito ao PCP, que se absteve, fonte oficial do partido esclareceu que a reversão do corte não terá impacto algum no vencimento dos deputados, uma vez que “o salário efetivo dos eleitos do PCP é o que corresponde ao salário que auferia anteriormente”, isto é, antes de assumir funções na Assembleia da República. Este tem sido o princípio seguido por todos os comunistas eleitos, recorda fonte do gabinete parlamentar: “Há muito que os eleitos do PCP assumem o princípio de nem beneficiado nem prejudicado no exercício de funções públicas”. Ou seja, o valor que exceder o salário que o comunista já recebia antes de ser deputado é entregue ao comité central. O PCP esclarece ainda que só não votou favoravelmente o fim da penalização, porque “subsistem cortes que ainda não foram eliminados, nomeadamente sobre o valor do trabalho suplementar,” e que o partido de Paulo Raimundo exige que sejam repostos.

O projeto de lei de PSD e CDS, partidos que suportam o Governo da Aliança Democrática (AD), que terminou com o corte salarial de 5% passou assim com os votos favoráveis dos proponentes, do PS e do PAN. De lembrar que os socialistas tinham um diploma semelhante mas com produção de efeitos apenas nos mandatos políticos seguintes.

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