Pedro Dominguinhos considera “inconcebível” candidaturas ao PRR esperarem 200 dias por resposta

  • ECO
  • 12 Maio 2024

Pedro Dominguinhos considera que tal como o PRR, o PT2030 também deveria ter uma comissão de acompanhamento da execução dos fundos de coesão.

O Presidente da Comissão de Acompanhamento do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) considera inaceitável, inconcebível e incompreensível que existam candidaturas ao PRR que estão 200 dias à espera de uma resposta, após o fim do prazo do aviso.

Em entrevista à Antena 1 e ao Jornal de Negócios, Pedro Dominguinhos considera que as entidades quando publicam os avisos têm de cumprir com os prazos que definem e se têm falta de meios devem acautelar previamente os meios necessários para cumprir os prazos que elas próprias definiram.

O responsável considera que a definição de um prazo de 60 dias, como limite máximo nas respostas às candidaturas a fundos europeus, defendido pelo primeiro-ministro, só é exequível se existirem os meios humanos e técnicos necessários.

Pedro Dominguinhos considera que, neste momento, o problema do PRR está na execução dos pagamentos: 19% do PRR estão pagos e 24% do total de investimentos também estão, mas este valor poderia estar cerca de 8 pontos percentuais acima, defende o presidente da CNA. A “execução física do PRR é superior à financeira”, diz. Ou seja, as empresas e as instituições avançaram com os projetos, nalguns casos endividaram-se e os pagamentos não estão a chegar, criando problemas de tesouraria. Ainda assim, a avaliar pelas declarações públicas do IAPMEI, acredita que no final de julho esses atrasos já tenham sido compensados.

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Fernando e Sandra Madureira suspeitos de lucrar com venda de bilhetes falsos

As autoridades suspeitam que foram desviados fundos dos cofres do FC Porto para responsáveis dos Super Dragões, nomeadamente Fernando Madureira, líder dos Super Dragões, e a sua mulher Sandra.

Dez arguidos constituídos, milhares de bilhetes apreendidos e em causa crimes de distribuição e venda de ingressos falsos e abuso de confiança qualificada. Este foi o resultado das buscas realizadas este domingo no estádio do Dragão, no Porto, numa investigação liderara pelo DIAP do Porto, em que Fernando Madureira, líder da claque dos dragões e a mulher, Sandra Madureira, são suspeitos de lucrar com a venda de bilhetes do FC Porto.

Segundo o que o ECO apurou, em causa uma atividade ilícita altamente rentável entre funcionários do clube e elementos da claque Super Dragões. O DIAP do Porto investiga mais quatro elementos dos Super Dragões, quatro funcionários do FC Porto, um diretor e um administrador do grupo do clube azul e branco.

Segundo as suspeitas do Ministério Público, as autoridades suspeitam de uma alegada colaboração e cumplicidade de funcionários do FC Porto na comercialização de bilhetes e de bilhetes falsos, mas também de representantes de órgão sociais do FC Porto que cessaram recentemente o seu mandato, em função do mandato de buscas apontar para “abuso de confiança qualificado”.

A Porto Comercial é uma das várias empresas do universo do FC Porto e que tem a responsabilidade pela comercialização de direitos de imagem, sponsorização, merchandising e licenciamento de produtos do clube do dragão.

Estas buscas surgem na sequência da Operação Pretoriano que investiga os incidentes ocorridos na Assembleia Geral (AG) do FC Porto, em 13 de novembro de 2023, sustentando o Ministério Público que a claque Super Dragões pretendeu “criar um clima de intimidação e medo”, para que fosse aprovada a revisão estatutária “do interesse” da então direção ‘azul e branca’, liderada por Pinto da Costa.

A 31 de janeiro deste ano, a PSP deteve 12 pessoas – incluindo dois funcionários do FC Porto e o líder dos Super Dragões, Fernando Madureira, que continua em prisão preventiva, juntamente com Hugo Carneiro.

Em comunicado, o Futebol clube do Porto avançou as buscas “numa das participadas do grupo, a Porto Comercial, e na loja do Associado no Estádio do Dragão“, notando ainda que o clube azul e branco, agora liderado por André Villas-Boas “compromete-se a prestar todo e qualquer apoio às autoridades no desenrolar das suas diligências”, e sem avançar com mais detalhes sobre os contornos ou os propósitos das buscas.

Segundo as autoridades, a operação de venda irregular de bilhetes iniciava-se com o levantamento dos bilhetes destinados aos Super Dragões pelo seu líder, em conluio com Cátia GUedes (funcionária da loja do Associado ) e Fernando Saul (Oficial de Ligação aos adeptos do FC Porto), que estão entre os visados pelas buscas.

Fernando Madureira. HUGO DELGADO/LUSAHUGO DELGADO/LUSA

Como funcionava este esquema

A investigação suspeita que a claque dos Super Dragões, com alguma antecedência em relação aos jogos, remetia emails para a Porto Comercial indicando o número de ingressos com o nome dos filiados que necessitava relativo à área reservada no estádio para a claque.

Ora, a venda irregular acontecia com o levantamento dos bilhetes por parte de Fernando Madureira — através do Porto Estádio ou através de vários dirigentes do FC Porto — e por Fernando Saul enquanto facilitador de não retorno dos bilhetes levantados por Madureira, o que permitia que este ficasse com os bilhetes e o valor pago pelos mesmos.

A investigação está a tentar apurar, agora, se esse valor referente aos bilhetes emitidos são entregues ao FCP, na totalidade ou apenas em parte. Caso se concretizem essas suspeitas, será uma vantagem ilegítima de valores por parte dos suspeitos e que prejudica o FCP.

O DIAP do Porto considera ainda que, de toda a prova reunida, não existem dúvidas que são várias as pessoas com lucros consideráveis referente à venda irregular de bilhetes que lesa claramente o FCP e o Estado, o que é conhecido e aceite no seio do clube como moeda de troca pelo apoio da claque ao clube. Tal enriquecimento é evidenciado pelos sinais exteriores de riqueza aquando a detenção do casal Madureira, que não se coadunam com os rendimentos obtidos na atividade profissional que exercem.

As autoridades judiciais defendem ainda, tal como o ECO apurou, que atualmente as linhas orientadoras do circuito de venda irregular de bilhetes são feitas através de um contacto formal da Associação Super Dragões, via whatsapp, que funciona como um balcão para pedir, pagar e recolher os bilhetes pretendidos. Assim, os interessados enviam para este grupo o número de bilhetes pretendidos e recebem confirmação por mensagem em que é indicado o método de pagamento.

As buscas acontecem horas antes de o FC Porto, terceiro classificado da I Liga, com 66 pontos, receber o ‘vizinho’ Boavista, 14.º, com 31, a partir das 20:30, no dérbi portuense da 33.ª e penúltima ronda, sob arbitragem de Artur Soares Dias, da associação do Porto.

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Aliança Ibérica pela Ferrovia pede serviço direto Lisboa-Madrid em 2025

  • Lusa
  • 12 Maio 2024

O mote da Aliança Ibérica passa pelo lançamento do serviço ferroviário direto entre Lisboa e Madrid já em 2025, sem esperar por futuras infraestruturas e pelos grandes investimentos.

A Aliança Ibérica pela Ferrovia apelou para que não se espere pela plena concretização dos grandes investimentos e propôs que se operacionalize já em 2025 o serviço direto de longa distância entre Madrid e Lisboa, foi hoje anunciado.

Esta foi uma das conclusões da segunda edição das Jornadas Ibéricas pela Ferrovia, que decorreu este fim de semana em Lisboa, promovida pela Aliança Ibérica pela Ferrovia, uma plataforma que junta 21 organizações sociais, sindicais, económicas e ambientais de Portugal e Espanha, para melhorar os serviços ferroviários em toda a Península Ibérica, e organizada pela associação ambientalista Zero.

“Das jornadas saiu o apelo para que a criação de serviços que podem ser operacionalizados desde já não espere pela plena concretização dos grandes investimentos que, sendo inadiáveis e urgentes, demorarão algum tempo a concretizar-se, como a nova travessia ferroviária do Tejo, que não ficará pronta antes de 2030″, informou hoje a organização, em comunicado.

Em concreto, foram propostos para 2025 serviços diretos de longa distância entre Madrid e Lisboa, em formato diurno, e em formato noturno para Barcelona.

Foram ainda pedidos serviços diretos entre Madrid e Porto via Salamanca e Fuentes de Oñoro, assim como serviços regionais entre Badajoz e Lisboa, e na costa atlântica, no eixo Porto-Vigo-Santiago-A Corunha.

A Jornada apoiou também o pedido da CP para organizar um serviço noturno entre Lisboa e Madrid, assim como recuperar a ideia de uma ligação noturna entre Lisboa e Hendaya, para Paris.

“Numa altura em que os investimentos na alta velocidade ferroviária entre Lisboa e Madrid, e entre Lisboa e Porto, estão plasmados no Plano Ferroviário Nacional e podem e devem ser acelerados tendo em vista a realização do Campeonato Mundial de Futebol da FIFA, agendado para 2030, em Portugal, Espanha e Marrocos, é imperativo que sejam tomadas medidas com o objetivo de tornar os tempos de viagem através da ferrovia competitivos com as viagens aéreas“, lê-se na nota enviada à comunicação social.

Relativamente ao transporte de mercadorias, que representa cerca de 40% das emissões de dióxido de carbono da mobilidade terrestre e do consumo de combustíveis rodoviários, a Aliança apelou para a rápida infraestruturação ferroviária dos portos e para a constituição de plataformas rodoferroviárias junto dos grandes centros geradores de carga.

Do encontro saiu ainda o pedido para que Portugal não repita “os erros de Espanha”, que desenvolveu uma rede transeuropeia de ligação aos portos, aeroportos e grandes centros urbanos, sem ter em conta a sua conexão com a rede convencional, ou seja, utilizando duas bitolas (distância entre carris) diferentes.

As Jornadas apontaram ainda a contradição entre o discurso político consensual sobre a importância da ferrovia para cumprir metas climáticas e as medidas práticas, que são “favoráveis ao transporte rodoviário ineficiente dependente de combustíveis fósseis”.

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Autoridades fazem buscas em empresa ligada ao FC Porto

O FC Porto confirma que estão a decorrer buscas na Porto Comercial e na loja do Associado no Estádio do Dragão. as buscas estão a ser realizadas pela PSP na sequência da Operação Pretoriano.

O FC Porto continua a estar sob os holofotes das autoridades policiais. De acordo com um comunicado enviado este domingo às redações, o FC Porto confirma que estão a ser realizadas buscas numa empresa do grupo.

“O Futebol clube do Porto informa que estão a decorrer buscas numa das participadas do grupo, a Porto Comercial, e na loja do Associado no Estádio do Dragão“, notando ainda que o clube azul e branco, agora liderado por André Villas-Boas “compromete-se a prestar todo e qualquer apoio às autoridades no desenrolar das suas diligências”, e sem avançar com mais detalhes sobre os contornos ou os propósitos das buscas.

A CNN Portugal avança que as buscas estão a ser realizadas pela PSP na sequência da Operação Pretoriano, que levou à detenção de Fernando Madureira, líder da claque dos Super Dragões, e que poderão estar ligadas à venda ilícita de bilhetes para os jogos de futebol da equipa principal, que joga hoje para Liga Portugal às 20h30 contra o Boavista.

Segundo as suspeitas do Ministério Público que constam no mandato de buscas citado pela CNN Portugal, as autoridades suspeitam de uma alegada colaboração e cumplicidade de funcionários do FC Porto na comercialização de bilhetes e de bilhetes falsos, mas também de representantes de órgão sociais do FC Porto que cessaram recentemente o seu mandato, em função do mandato de buscas apontar para “abuso de confiança qualificado”.

A Porto Comercial é uma das várias empresas do universo do FC Porto, que é responsável pela comercialização de direitos de imagem, sponsorização, merchandising e licenciamento de produtos do clube do dragão.

No último relatório e contas do clube, apresentado a 19 de novembro do ano passado, a administração liderada então por Jorge Nuno Pinto da Costa revelava que, nesse ano, “o FC Porto cedeu à Porto Comercial a exploração de todo o tipo de suportes de comunicação, incluindo a criação e disponibilização de suportes de sponsorização visando a atração de parceiros comerciais, a promoção e a própria produção de eventos de natureza desportiva, cultural, social e empresarial do Dragão Arena, pela contrapartida de 2 milhões de euros anuais.”

Além disso, o relatório e contas anuais da SAD do mesmo exercício fiscal, notava que a 30 de junho de 2023, o grupo FC Porto apresentada “garantias bancárias no montante global de 114.009 euros a favor de proprietários de lojas arrendadas em centros comerciais”, em relação a atividades da Porto Comercial.

Sob o desígnio da Porto Comercial está também a exploração do Museu do FC Porto (cuja abertura ao público ocorreu em outubro de 2013), que resultou num acordo assinado entre o clube e esta empresa no decorrer do exercício findo a 30 de junho de 2014 que estabelece “o direito de exploração do Museu durante um período de 20 anos, tendo [a Porto Comercial] pago antecipadamente o montante de 12 milhões de euros relativos às rendas vincendas dos primeiros 8 anos”, lê-se no relatório e contas do primeiro semestre 2023/2024 da FC Porto SAD, que nota ainda que a “1 de julho de 2017, e de acordo com aditamento celebrado entre as partes, a renda anual passou a ser de 637.500 euros.”

Nesse mesmo documento, a SAD do Dragão refere que a Porto Comercial já apresentava um volume de negócios “muito relevante nas receitas totais do grupo” e que durante este período (entre junho de 2023 e dezembro de 2023), a empresa “continuou a contribuir positivamente para o resultado consolidado, após um período em que as suas receitas foram significativamente afetadas pela pandemia.” No final do ano passado, o volume de 114.009 euros de garantias bancária sobre a Porto Comercial mantinha-se também sem alteração.

O também relatório e contas anual da SAD azul e branca, publicado a 13 de outubro de 2023, revelava que, no último exercício fiscal (terminado a junho de 2023), a Porto Comercial faturou 33,5 milhões de euros e obtido um resultado líquido de cerca de 1,1 milhões de euros.

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Coreia do Sul vai apoiar indústria de semicondutores com 7 mil milhões de euros

  • ECO
  • 12 Maio 2024

Com o intuito de construir o maior centro de desenvolvimento e produção de semicondutores do mundo, o governo sul coreano pretende alargar ainda mais o investimento nesta indústria.

Num movimento estratégico ambicioso, o governo da Coreia do Sul anunciou este domingo um pacote de auxílio financeiro de 10 biliões de won (cerca de 7 mil milhões de euros), destinado a reforçar a sua indústria de semicondutores.

Esta decisão surge no contexto de uma aposta renovada na área tecnológica que tem sido a espinha dorsal das exportações e do crescimento económico do país asiático liderado por Yoon Suk-yeol.

A medida é uma continuação do compromisso assumido no ano passado pelo governo de construir o maior centro de chips do mundo, um projeto que conta com uma injeção superior a 220 mil milhões de euros de investimento privado, liderado pela Samsung Electronics, o maior fabricante mundial de semicondutores de memória, e está no centro das aspirações sul-coreanas de se posicionar na vanguarda da indústria global.

O pacote financeiro de 7 mil milhões de euros do governo sul coreano poderá ser viabilizado através de um novo fundo, financiado tanto por instituições financeiras privadas como públicas.

Segundo o Ministro das Finanças, Choi Sang-mok, este “mega” pacote financeiro terá como objetivo “suportar não só as empresas fabless — que desenham, mas não fabricam chips – como também o setor de materiais para chips e o equipamento de fabrico em todas as áreas da indústria de semicondutores”.

Choi partilhou estas informações numa reunião na sexta-feira com executivos dos fabricantes de chips do país, adiantando que os detalhes adicionais serão anunciados oportunamente, destaca a Barron’s.

O pacote financeiro de 7 mil milhões de euros do governo sul coreano poderá ser viabilizado através de um novo fundo, financiado tanto por instituições financeiras privadas como públicas. A iniciativa enquadra-se num plano mais amplo de investimentos, em que a Coreia do Sul pretende alocar recursos significativos em seis tecnologias-chave, incluindo chips, displays e baterias – áreas em que os gigantes tecnológicos sul-coreanos já possuem uma presença consolidada.

A indústria de semicondutores é a principal exportação de Seul, tendo alcançado 11,7 mil milhões de dólares em março, o valor mais elevado nos últimos quase dois anos, o que representa cerca de um quinto do total das exportações sul-coreanas, segundo dados divulgados pelo ministério do Comércio.

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Subida dos juros dificulta financiamento de Angola nos mercados

  • Lusa
  • 12 Maio 2024

Com a yield das Eurobonds do Tesouro angolano a negociarem acima dos 10%, o governo de João Lourenço procura evitar recorrer ao mercado, e com isso o investimento público fica ainda mais pressionado.

O economista-chefe do Banco Fomento Angola (BFA) considera que a evolução das taxas de juro verificada na segunda quinzena de abril está a tornar mais difícil a emissão de dívida pública por Angola.

“Esta mudança pode pôr em cheque uma potencial opção de emitir Eurobonds mais cedo no ano”, disse José Miguel Cerdeira à Lusa, apontando que “as yields da dívida angolana estavam progressivamente a caminhar para ficarem abaixo dos 10%, o que deixou de ser o caso com esta mudança de expectativas” dos investidores.

A evolução das taxas de juro exigidas pelos investidores para comprarem dívida pública angolana, que serve de indicador para potenciais novas emissões de dívida pública, mostra valores abaixo de 10% entre 19 de março e 12 de abril, tendo voltado a ficar acima de 10%, o valor considerado como limite para emissões internacionais, em quase toda a segunda quinzena de abril.

“No caso do Tesouro angolano, julgamos que não ponderará emissões com ‘yields’ acima dos 10%, e as yields a 8 anos, que andavam perto dos 10%, possivelmente a sinalizar uma descida desse patamar, estão agora claramente acima.

José Miguel Cerdeira

Economista-chefe do Banco Fomento Angola

“As yields das Eurobonds (títulos de dívida emitidos em moeda estrangeira) angolanas, em conjunto com os de outras geografias africanas e emergentes, estiveram a subir desde o início do ano, relacionado com uma convicção por parte dos mercados de que a Reserva Federal dos EUA (Fed) iria cortar juros já a meio do ano”, referiu o economista.

Esta evolução tem um impacto nas yields, que estão muito ligadas aos juros das emissões dos EUA, que dependem das taxas de juros vigentes na economia norte-americana, disse José Miguel Cerdeira.

“Essa perspetiva mudou bastante entre a primeira e a segunda quinzena de abril, o que justifica a nossa avaliação; os mercados estão agora convencidos de descidas de juros mais tardias por parte da Reserva Federal, e no caso do Tesouro angolano, julgamos que não ponderará emissões com ‘yields’ acima dos 10%, e as yields a 8 anos, que andavam perto dos 10%, possivelmente a sinalizar uma descida desse patamar, estão agora claramente acima”, salientou o economista-chefe do BFA nas declarações à Lusa.

Pressão sobre o governo de João Lourenço

A ministra das Finanças de Angola, Vera Daves, tinha dito em março que a emissão de novos títulos de dívida em moeda estrangeira, ou Eurobonds, dependerá do apetite do mercado para o risco e a visão do país.

Estamos abertos a participar, dependendo das condições do mercado. Naturalmente não queremos participar a um preço que nos coloca numa situação pior do que a que estamos. Então, o que estamos a fazer é analisar o mercado, analisar o apetite do mercado para o risco Angola”, afirmou Vera Daves numa entrevista à Lusa à margem das reuniões de ministros de Finanças e governadores de bancos centrais do G20, na cidade brasileira de São Paulo, na qual acrescentou: “Se entendermos que a taxa de juros é incomportável, não vamos. Se sentirmos que é uma taxa confortável, vamos”, apontou.

Na entrevista em São Paulo, em março, Vera Daves de Sousa afirmou: “A emissão de Eurobonds depende de como a dívida do país vai comportar-se; a visão do mercado sobre o país está melhor do que já esteve, mas ainda não está no nível que gostaria que estivesse, por isso vamos continuar a observar e a gerir com outras fontes de financiamento enquanto não for possível recorrer a essa”.

Dias depois, o Ministério das Finanças anunciava que pretendia realizar “uma emissão de títulos do Tesouro nacional em moeda externa, no âmbito da estratégia de fomento do mercado de títulos públicos”, mas sem adiantar datas nem montantes, especificando que o formato seria o de Bookbuilding, um processo que serve para avaliar junto do mercado o interesse pelos títulos que quem emite quer colocar.

Desde janeiro, a Costa do Marfim, o Benim e o Quénia já emitiram dívida, sempre com juros abaixo de 10%, marcando o regresso da África subsaariana aos mercados, dois anos depois da última emissão.

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CTT investiram 20 milhões de euros na compra de ações próprias no último ano

As últimas operações realizadas ao abrigo do programa de recompra de ações decorreu entre 3 de 9 de maio, com os CTT a adquirirem mais de 158 mil ações pelo preço médio de 4,46 euros.

Os CTT – Correios de Portugal CTT 0,13% anunciaram a conclusão do seu programa de recompra de ações próprias, iniciado em junho do ano passado, com um investimento total de 20 milhões de euros.

Lançado com o objetivo de otimizar a estrutura de capital da empresa, o programa permitiu aos CTT adquirir 5.475 milhões de ações que “serão oportunamente canceladas, conforme aprovado na Assembleia Geral Anual que ocorreu em 23 de abril de 2024”, refere a empresa em comunicado enviado à CMVM.

As últimas operações realizados ao abrigo desde programa de recompra de ações decorreu entre os dias 3 e 9 de maio, com os CTT a adquirirem mais de 158 mil ações no mercado pelo preço médio de 4,46 euros, despendendo assim quase 707 mil euros nestes negócios.

As ações encerram na última sexta-feira a negociar nos 4,37 euros e desde o início do ano que acumulam ganhos de 25,2%. Para dia 16 deste mês está agendado o pagamento dos dividendos referentes aos resultados alcançados em 2023, que se traduz em 17 cêntimos por ação — a partir de 14 de maio os títulos passam a negociar sem direito a dividendo (ex-dividendo).

Os Correios revelam ainda que, com esta operação, a empresa liderada por João Bento acumula 11.560 milhões de ações recompradas no mercado desde 2022 num investimento global de 41,6 milhões de euros.

Este programa foi executado sob a supervisão do Banco BPI, que agiu como intermediário financeiro, permitindo aos CTT deter à data de hoje mais de 6,8 milhões de ações próprias representativas de 4,76% do capital social.

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China expande poder energético com conquista no Iraque

A China deu um passo significativo este sábado no reforço da liderança energética com a aquisição dos direitos de exploração de vários campos de petróleo e gás no Iraque.

O Iraque, no seu mais recente leilão de petróleo e gás, demonstrou uma vez mais o seu papel central no xadrez energético global, atraindo o interesse predominante de empresas chinesas.

Num sábado decisivo, o país lançou a uma ronda extra de licenciamento para 29 projetos de exploração e produção, com a expectativa de desenvolver as suas vastas reservas de gás, impulsionar a economia nacional e atrair milhões de dólares em investimentos.

Espalhados por 12 áreas nas regiões central, sul e oeste do Iraque, os blocos de exploração incluíram, pela primeira vez, um bloco offshore nas águas do Golfo Árabe do Iraque. Este leilão marca uma nova fase na estratégia de diversificação das fontes de energia do país, que procura reduzir a sua dependência das receitas petrolíferas tradicionais.

O domínio chinês na participação deste leilão foi evidente, com cinco dos campos principais leiloados a serem concedidos a empresas da China, revela a Reuters.

A Zhongman Petroleum and Natural Gas Group assegurou a extensão norte do campo de Eastern Baghdad, localizado na capital, e o campo de Middle Euphrates que se estende pelas províncias sulistas de Najaf e Karbala. Adicionalmente, o China’s United Energy Group ganhou a licitação para desenvolver o campo de Al-Faw em Basra, ao sul, enquanto a ZhenHua ficou com o campo de Qurnain, situado na fronteira entre o Iraque e a Arábia Saudita, e a Geo-Jade desenvolverá o campo de petróleo e gás de Zurbatiya, no leste da província de Wasit.

Apesar da crescente atenção global voltada para critérios ambientais, sociais e de governance, que têm desacelerado alguns investimentos, o Iraque, que é o segundo maior produtor de petróleo do mundo a seguir à Arábia Saudita, mantém ambições elevadas para o seu setor energético. Sinal disso mesmo é o facto de ter registado um crescimento da sua capacidade de produção 3 milhões para cerca de 5 milhões de barris por dia nos últimos anos.

Contudo, a saída de gigantes do setor como a Exxon Mobil e a Royal Dutch Shell de diversos projetos, devido a retornos abaixo do esperado, semeia incertezas sobre o crescimento futuro da produção de petróleo e gás no país.

O recente leilão, que também incluiu uma nova “sexta ronda” com 14 projetos, não contou com a presença de grandes petrolíferas norte-americanas, diferentemente de rondas anteriores. Este fato reforça uma reconfiguração do interesse internacional no Iraque, com uma presença significativa de grupos europeus, chineses, árabes e iraquianos, refletindo uma diversidade crescente de atores dispostos a investir no potencial energético iraquiano.

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Marcas e futebol feminino, uma relação mais que financeira

O objetivo dos patrocínios ao futebol feminino parece ir além do mero apoio financeiro em troca de exposição. Derrubar estigmas ou promover a igualdade de género também entram em jogo.

  • Este artigo integra a quinta edição do ECO magazine, que pode comprar aqui.

As competições, equipas e seleções de futebol feminino têm contado com uma visibilidade crescente e atraído cada vez mais atletas, espetadores e apoiantes, mas também marcas e patrocinadores. Estes apoios são uma “importante fonte de receita” para os clubes e permitem um maior investimento na modalidade, melhoria de infraestruturas, captação de talento e desenvolvimento da formação, diz a Federação Portuguesa de Futebol (FPF). Mas o que leva as marcas a investir?

Uma maior exposição da sua marca, junto de um público que lhe interessa, aportando também novos valores à sua marca e permitindo atrair novos clientes e fidelizar os atuais”, garante José Eduardo Coelho, administrador financeiro da Marec – Espaço Casa, marca que apoia o SL Benfica.

“Se pensarmos na ótica do custo/benefício de um patrocínio desportivo, acaba por ser altamente compensatório para as marcas, em função de um número elevado e diferenciado de iniciativas de que poderá beneficiar, que não se esgotam apenas na colocação de uma marca numa camisola de jogo”, acrescenta.

A Solverde – que com o apoio à equipa feminina do Valadares Gaia FC, se tornou esta época a primeira casa de apostas em Portugal a patrocinar uma equipa de futebol feminino – parece concordar. Pretende que o seu apoio se traduza em “mais do que visibilidade para a marca na competição, nas camisolas e nos suportes de comunicação da equipa”, apostando na dinamização de ativações e merchandising geradores de “ganhos mútuos” em determinados jogos, explica Carlos Ferreira, gestor de patrocínios e ativações da Solverde.pt.

Mas há mais ganhos nessa aposta. “Contribuir para derrubar certos estigmas e caminhar para uma igualdade de oportunidades no desporto nacional” são metas traçadas por Carlos Ferreira. Já apoiar a construção de uma sociedade mais justa, promover a igualdade de género e dar continuidade ao crescimento e consolidação do futebol feminino em Portugal, são os objetivos apontados por José Eduardo Coelho.

Para a AE Economics, que apoia a equipa feminina do Sporting CP e do GD Estoril Praia, estes patrocínios são fundamentais para que o crescimento da modalidade “seja cada vez mais consistente e crie condições estruturais e financeiras estáveis para que os clubes possam apostar na formação e em equipas seniores cada vez mais competitivas”, refere Madalena Morais, consultora da AE Economics.

Quando, em 2018, falou pela primeira vez com a FPF para estabelecer uma parceria, o principal objetivo do BPI era já o apoio ao futebol feminino, garante Constança Macedo, diretora executiva de comunicação do BPI. “Hoje é fácil olhar para trás e perceber que foi a aposta certa”, acrescenta, apontando para o forte crescimento no número atletas federadas – que, em pouco mais de uma década subiu de 6.750 (época 2013/2014) para 18.299 (época 2023/24), segundo dados da Federação –, nas audiências e o “caminho de sucesso” das jogadoras, clubes e seleções.

Além de patrocinador da seleção feminina, o BPI é responsável pelo naming da principal liga feminina portuguesa (Liga BPI). Em novembro, quando renovou a parceria com a FPF até 2030, passou também a patrocinar a Taça da Liga feminina. Segundo Constança Macedo, o acordo representa uma “fatia importante do orçamento global de promoção da marca BPI”, ao qual se acrescenta o investimento publicitário feito em jogadoras como Kika Nazareth que, em julho, se tornou embaixadora do banco.

O “investimento significativo” feito pelo BPI tem crescido não só a nível financeiro, mas também social, através do desenvolvimento de projetos de inclusão social e da criação de bolsas de estudo, diz a Federação. “A parceria entre a FPF e o BPI é um caso de sucesso que demonstra o potencial do futebol feminino para inspirar e unir as pessoas, e que vai além do apoio financeiro”, refere.

O patrocínio da AE Economics – que se estende aos escalões de formação – vai também além do apoio na área desportiva. A marca procura “incentivar diariamente a carreira dual através de um apoio específico aos estudos”, diz Madalena Morais. Para isso, atribui anualmente uma bolsa à jogadora com a melhor nota académica e desportiva em cada escalão.

No verão passado, a seleção feminina de futebol portuguesa participou pela primeira vez no Campeonato do Mundo de Futebol Feminino, reunindo o apoio de marcas como a Sagres, o BPI, a CUF, o Continente, a Altice ou a Nike. Foram várias as campanhas lançadas em apoio à equipa das quinas que acabou por cair na fase de grupos.

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Livre defende união à Esquerda para conquistar a Presidência da República

  • Lusa
  • 11 Maio 2024

Isabel Mendes Lopes defendeu a união das forças de esquerda para eleger uma figura presidencial comprometida com a justiça social, ambiental e o aprofundamento democrático.

A líder parlamentar do Livre defendeu hoje uma união das forças de esquerda para que a Presidência da República tenha uma figura “que defenda liberdades e direitos cívicos” assim como o aprofundamento da democracia em Portugal.

Há quase 20 anos que a direita ocupa o Palácio de Belém, muitas vezes colocando em causa ou tentando adiar e protelar avanços sociais importantes. E se podemos dizer que isto aconteceu por organização e união das áreas da direita, podermos dizer também que a esquerda não se tem organizado como devia” referiu Isabel Mendes Lopes.

A deputada eleita nas legislativas de março pelo círculo de Lisboa falava no pavilhão municipal da Costa de Caparica, no concelho de Almada, no 14.º Congresso que decorre até domingo para eleger os novos órgãos internos e aprovar o programa eleitoral para as eleições europeias de 9 de junho.

Isabel Mendes Lopes, que lidera a lista A candidata ao Grupo de Contacto, adiantou que as constantes divisões à esquerda resultam num adiamento de Portugal e defendeu a sua união para que a Presidência da República tenha, de novo, “uma figura que defenda a justiça social e ambiental”.

É preciso fazer um caminho conjunto, entre forças progressistas, para garantir que cenários de desunião e desentendimento não resultem em mais anos perdidos na Presidência da República. É preciso uma figura que defenda liberdades e direitos cívicos; igualdade e justiça social; aprofundamento da democracia em Portugal e construção de uma democracia europeia; ecologia, sustentabilidade e solidariedade intergeracional”, reforçou a deputada.

Na sua intervenção, Isabel Mendes Lopes defendeu ainda que o Livre vai continuar o seu caminho “preparado para uma mudança de ciclo e um próximo governo das esquerdas”.

Continuaremos a fazer uma política positiva e pro-positiva, que mostre a todas as pessoas um caminho claro de participação coletiva, que desmonte discursos de ódio e polarização e que apresente, no seu lugar, um futuro desejável e alcançável”, frisou, adiantando que o partido está “no melhor momento de sempre”.

A líder parlamentar do Livre considera que o país tem hoje um cenário difícil, com grandes ameaças à democracia e aos direitos humanos, com o crescimento da extrema-direita que faz com que a estabilidade governamental e parlamentar estejam fragilizadas e constantemente em causa.

Por outro lado, Isabel Mendes Lopes adiantou que “o campo da direita democrática tem sido inconstante quanto à sua disponibilidade para dialogar e entender-se com a extrema-direita, e também isto deve deixar todos os democratas alarmados e atentos”.

Isabel Mendes Lopes alertou que o partido tem agora a grande responsabilidade de corresponder ao crescimento recente, com desafios exigentes, entre eles os processos eleitorais dos próximos dois anos.

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Está iminente uma ofensiva terrestre de Israel em Rafah

As Forças de Defesas Israelitas recorreram à rede social X para apelarem à evacuação de Rafah, após uma noite de bombardeamentos que provocaram a morte de 24 palestianos.

Israel intensificou o seu apelo para que os palestinianos evacuem mais áreas da cidade de Rafah, no sul de Gaza, direcionando-os para uma zona humanitária alargada em Al-Mawasi.

Este apelo, feito através de um post na rede social X pela conta das Forças de Defesas Israelitas, surge como um indicativo claro de que Israel está a prosseguir com os seus planos para um ataque terrestre na região.

A pressão sobre os residentes de Gaza aumentou também no norte da região, com apelos direcionados às pessoas deslocadas na área de Jabalia e em outras 11 vizinhanças do enclave, para que se desloquem imediatamente para os abrigos a oeste da Cidade de Gaza.

Segundo a agência de notícias palestiniana WAFA, a última noite foi marcada pela morte de 24 palestinianos após bombardeamentos de jatos israelitas em várias áreas do centro de Gaza.

Apesar da intensa pressão dos EUA e do alarme expresso por residentes e grupos humanitários, Israel declarou que avançará com a incursão em Rafah, onde mais de um milhão de deslocados procuraram refúgio durante os sete meses de conflito.

Até ao momento, cerca de 300 mil habitantes de Gaza movimentaram-se em direção a Al-Mawasi, conforme indicado pelo exército israelita, que sustenta que a vitória no conflito passa necessariamente por erradicar milhares de combatentes do movimento islâmico Hamas, que acredita estarem posicionados em Rafah.

Na sexta-feira, tanques israelitas capturaram a principal estrada que divide as secções oriental e ocidental de Rafah, cercando efetivamente o lado oriental numa ofensiva que levou Washington a suspender a entrega de alguma ajuda militar ao seu aliado.

A Casa Branca expressou na sexta-feira a sua preocupação com as operações israelitas, que parecem centrar-se em torno da travessia fechada de Rafah e não indicam uma invasão em larga escala da cidade. Além disso, a administração Biden apontou também que o uso de armas fornecidas pelos EUA por Israel pode ter violado a lei humanitária internacional durante a operação em Gaza, naquela que foi a crítica mais forte até à data por parte dos EUA.

Contudo, a administração não chegou a uma avaliação definitiva, mencionando que, devido ao caos da guerra, não foi possível verificar instâncias específicas em que o uso dessas armas poderia ter estado envolvido em alegadas violações.

O conflito foi desencadeado por um ataque liderado pelo Hamas no sul de Israel, resultando na morte de aproximadamente 1.200 pessoas e no sequestro de mais de 250, segundo o governo israelita. A operação militar de Israel em Gaza, que visa eliminar o Hamas, já resultou na morte de cerca de 35 mil palestinianos, segundo o ministério da Saúde de Gaza.

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Crescimento do PIB de Moçambique deverá abrandar para 4,6%

  • Lusa
  • 11 Maio 2024

Confiança dos empresários e atrasos no recomeço dos projetos de gás natural em Cabo Delgado condicionam crescimento da economia em 2024.

A consultora Oxford Economics prevê que a economia de Moçambique abrande o crescimento para 4,6% este ano, no seguimento da redução da confiança dos empresários e atrasos no recomeço dos projetos de Cabo Delgado.

Os empresários em Moçambique estão a sentir-se menos confiantes sobre o futuro da atividade económico, num contexto em que o projeto de exploração de gás natural no norte de Moçambique continua fechado e enfrenta novos possíveis atrasos”, escrevem os analistas do departamento africano da Oxford Economics.

Num comentário aos números sobre a confiança dos empresários, que desceu em março para terreno negativo, pela quarta vez em cinco meses, os analistas salientam que “o crescimento económico deverá abrandar, de 5% em 2023, para 4,6% este ano devido ao crescimento menor da produção de gás natural e aos atrasos na construção do projeto da TotalEnergies”.

Os últimos números do índice PMI, que mostra a confiança dos empresários na evolução da economia de um país, “não são indicativos de um abrupto abrandamento do crescimento económico, mas mostram, na verdade, que as condições empresariais não estão a melhorar substancialmente e que a confiança dos empresários está, de alguma forma, enfraquecida”.

Moçambique tem três projetos de desenvolvimento aprovados para exploração das reservas de gás natural da bacia do Rovuma, classificadas entre as maiores do mundo, ao largo da costa de Cabo Delgado.

A previsão da Oxford Economics para o país liderado por Filipe Nyusi desde 2015 aponta para o regresso da TotalEnergies a Moçambique “no princípio do segundo semestre”, beneficiando da extensão da presença das tropas do Ruanda no norte de Moçambique, para garantir mais segurança no recomeço dos trabalhos de construção do megaprojeto de exploração das vastas reservas de gás natural neste país lusófono africano.

O índice PMI de atividade empresarial em Moçambique desceu em março para terreno negativo, pela quarta vez em cinco meses, sinalizando “fraca atividade económica”, disse o Standard Bank em abril.

Este índice tinha subido em fevereiro (50,7 pontos), pela primeira vez em cinco meses, registando então o maior crescimento desde julho de 2023, mas voltou em março a terreno negativo (49,7 pontos).

Citado no estudo, o economista-chefe do Standard Bank Moçambique, Fáusio Mussá, comentou que a “o PMI de março sinaliza uma fraca atividade económica no final do primeiro trimestre deste ano, com contrações nos setores da manufatura e do comércio, mas com a agricultura e os serviços em geral a crescerem”.

Na apresentação dos números, Fáusio Mussá disse ainda que “o subíndice de expectativas futuras permaneceu em território positivo, mas registou uma descida para um mínimo de seis meses em março, o que sugere que os fenómenos climáticos recorrentes, assim como os atrasos na implementação dos projetos de gás natural liquefeito (GNL) em Cabo Delgado têm impactado a confiança dos empresários”.

O Purchasing Managers Index (PMI) publicado mensalmente pelo Standard Bank resulta das respostas de diretores de compras de um painel de cerca de 400 empresas do setor privado.

Moçambique tem três projetos de desenvolvimento aprovados para exploração das reservas de gás natural da bacia do Rovuma, classificadas entre as maiores do mundo, ao largo da costa de Cabo Delgado. Dois desses projetos têm maior dimensão e preveem canalizar o gás do fundo do mar para terra, arrefecendo-o numa fábrica para o exportar por via marítima em estado líquido.

  • Um é liderado pela TotalEnergies (consórcio da Área 1) e as obras avançaram até à suspensão por tempo indeterminado, após um ataque armado a Palma, em março de 2021, altura em que a energética francesa declarou que só retomaria os trabalhos quando a zona fosse segura.
  • O outro é o investimento ainda sem anúncio à vista liderado pela ExxonMobil e Eni (consórcio da Área 4).
  • Um terceiro projeto concluído e de menor dimensão pertence também ao consórcio da Área 4 e consiste numa plataforma flutuante de captação e processamento de gás para exportação, diretamente no mar, que arrancou em novembro de 2022.

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