“Triste” com eleições antecipadas, CEO da Jerónimo Martins pede “por amor de Deus” que políticos se entendam

Na conferência de apresentação de resultados, Pedro Soares dos Santos deu o exemplo alemão, deixando um apelo ao entendimento entre os partidos para evitar uma crise política prolongada no país.

O CEO da Jerónimo Martins pediu esta quinta-feira uma “visão partilhada” entre os partidos políticos portugueses para evitar que o país atravesse uma crise política prolongada.

“Deixa-me triste não termos esta visão partilhada para Portugal em áreas como a saúde, a justiça, o ensino… Não termos uma base de visão partilhada leva-nos a sofremos o que estamos a sofrer, com eleições antecipadas. Só peço: por amor de Deus, não fiquemos de fora desta visão da Europa por não nos conseguirmos entender”, afirmou Pedro Soares dos Santos na conferência de imprensa após a apresentação dos resultados de 2024.

O presidente executivo da dona do Pingo Doce deu o exemplo alemão, que deveria servir de inspiração para o parlamento nacional. “A geopolítica mudou muito desde a Covid-19. Não desapareceu nem vai desaparecer esta instabilidade. A Europa enfrenta um grande desafio porque vai ter de ter uma visão partilhada para o mundo. Um sinal positivo foi na Alemanha, a CDU e os sociais-democratas [SPD] terem-se unido no pós-eleições“, exemplificou.

Quando questionado sobre a disponibilidade para continuar a acumular os dois cargos na administração da Jerónimo Martins, cujos órgãos sociais sofrerão alterações no final do ano, Pedro Soares dos Santos – atual chairman e CEO – referiu que “depende dos acionistas”.

O grupo Jerónimo Martins, que detém a cadeia de supermercados Pingo Doce, teve lucros de 599 milhões de euros no ano passado, o que representa uma queda de 20,8% em relação a 2023. As contas foram impactadas pelo pagamento de prémios e a dotação inicial da Fundação Jerónimo Martins, de acordo com a Chief Financial Officer (CFO), Ana Luísa Virgínia. Porém, mesmo excluindo esse valor para a nova entidade, os lucros não deixariam de descer.

O conselho de administração da Jerónimo Martins vai propor aos acionistas, na Assembleia Geral que se realiza no próximo dia 24 de abril, a distribuição de um dividendo bruto de 0,59 euros por ação, 16% abaixo do anterior.

“Pagámos mais impostos do que investimos”

Pedro Soares dos Santos voltou a criticar a elevada carga fiscal das geografias onde opera e revelou que, pela primeira vez, o valor pago em impostos foi superior ao capex. “Pagámos mais impostos do que investimos. Crescemos, lucramos e cumprimos totalmente as nossas obrigações”, destacou, em declarações aos jornalistas a partir da sede, em Lisboa.

No total, foram pagos 1.058 milhões de euros em impostos, do quais 144 milhões de euros em Portugal, 883 milhões de euros na Polónia, 28 milhões na Colômbia e dois milhões nos outros países. “Tivemos um ano muito desafiante (…), que reforçou muito a solidez do balanço da Jerónimo Martins. Cumprimos as nossas metas”, assinalou o gestor, acrescentando que a deflação foi positiva, porque “nos anos transatos tinha sido muito violento com a inflação”.

Colômbia é para ficar e maioria investimento ruma à Polónia

Relativamente ao programa de investimento de 1,1 mil milhões de euros, a administração esclareceu que mais de 50% será destinado à Biedronka na Polónia. Segue-se a cadeia de hipermercados nacionais Pingo Doce e a Ara com 14%. “Muito do capex que veem em Portugal é essencialmente para alteração da filosofia do Pingo Doce”, assinalou o CEO da Jerónimo Martins.

Na Colômbia, o grupo está de pedra e qual, afiança o CEO. “Não temos intenção nenhuma de abandonar o negócio na Colômbia. [EDP Renováveis e Jerónimo Martins] são dois mundos completamente diferentes. As razões por que eles abandonaram só eles sabem. Nós continuamos a acreditar no projeto. Há uma coisa muito importante na gestão e em tudo na vida: estabilidade, caminho bem definido e diminuir o risco. Temos tido essa capacidade, portanto esse problema não nos afeta”, defendeu Pedro Soares dos Santos.

País que será um dos motores para chegar aos 50 mil milhões de euros em vendas até 2030. No ano passado, as vendas da Jerónimo Martins cresceram 9,3%, em termos homólogos, para os 33,5 mil milhões de euros. A empresa recusa que as vendas tenham aumentado devido à inflação, mas sim à subida no número de clientes e dos volumes. “Nos nossos principais negócios trabalhámos com deflação”, o que levou a aumentos dos volumes para compensar, de acordo com a CFO, Ana Luísa Virgínia.

A propósito do negócio agroalimentar do grupo, o CEO admitiu que “está muito competitivo” e que a “a tecnologia joga um papel importante”, pelo que a empresa terá de avaliar os próximos passos e perceber qual a dimensão que lhe pretende dar e a sua importância no portefólio da Jerónimo Martins.

Notícia atualizada às 13h20

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Hospitais privados atingem recorde de 131 unidades e 10,7 milhões de consultas em 2024

  • Lusa
  • 20 Março 2025

Segundo a Associação Portuguesa de Hospitalização Privada (APHP), "nunca os hospitais privados tiveram tanta atividade e serviram tantos portugueses como no ano passado”.

O número de hospitais privados atingiu, em 2024, um recorde de 131 unidades, que realizaram 10,7 milhões de consultas, mais 10% face a 2023, número muito próximo do total da população portuguesa, anunciou esta quinta-feira a associação do setor.

O crescimento da atividade dos hospitais privados portugueses verificou-se em praticamente todas as áreas de intervenção, graças, em grande parte, ao esforço de investimento em novos equipamentos e no reforço da capacidade instalada do setor“, segundo a Associação Portuguesa de Hospitalização Privada (APHP).

De acordo com os dados divulgados esta quinta-feira pela APHP, foram investidos, em 2024, mais de 200 milhões de euros, um acréscimo de 18% face a 2023.

Os hospitais privados registaram um aumento de 3% no número de episódios de urgência, que totalizaram 1,5 milhões, segundo os dados divulgados pelo presidente da APHP, Óscar Gaspar, numa conferência de imprensa para apresentação do desempenho de 2024 da hospitalização privada.

“Em termos diários, estes dados refletem um setor em intensa atividade, com mais de 29 mil consultas e mais de 4 mil urgências realizadas, diariamente, em unidades privadas de saúde”, salientou a associação.

O número de cirurgias realizadas nos hospitais privados também registou um aumento de 6%, somando 286.941 no final de 2024, “o que representa o maior registo de sempre da hospitalização privada nacional”.

Do total de cirurgias efetuadas, apenas 5,5% foram abrangidas pelo programa de combate às listas de espera cirúrgicas do Serviço Nacional de Saúde (SIGIC).

“Assim, a contratualização pelo Estado de cirurgias ao setor privado atingiu, em 2024, o seu ponto mais baixo de sempre”, realçou.

O presidente da associação assinalou que, apesar da tendência de queda da natalidade portuguesa, o número de partos realizados no privado aumentou perto de 5% face ao ano anterior, com 15.092 nascimentos.

Contudo, a área que maior crescimento registou nos indicadores de atividade dos hospitais privados portugueses foi a dos exames complementares de diagnóstico, com especial destaque para a ressonância magnética, com mais de meio milhão de exames efetuados, um aumento de 15% face a 2023.

Os raio-X (RX) cresceram também 12% face ao ano anterior, com 1,9 milhões de registos.

A APHP destacou que o inquérito anual à atividade dos seus membros registou “um crescimento significativo da capacidade e ação deste setor, que, em 2024, reforçou o seu papel na prestação de cuidados de saúde a todos os cidadãos”.

“Na verdade, nunca os hospitais privados tiveram tanta atividade e serviram tantos portugueses como no ano passado“, frisou.

Outro dos aspetos destacados na atividade dos hospitais privados nacionais diz respeito à chamada estratégia ESG (Environmental, Social and Governance), ou seja, a gestão para o desenvolvimento sustentável.

Entre as ações desenvolvidas neste âmbito está a criação de um parque solar fotovoltaico para obter energia 100% verde e a redução das emissões de CO2, a descarbonização nos blocos operatórios assente nos gases anestésicos ou o desenvolvimento de estratégias de redução dos consumos de água, luz, gás e comunicações face a 2023, que se saldou em poupanças de mais de 17%.

No âmbito da linha de apoio social, foram fornecidas diariamente mais de 400 sopas e outros alimentos a população em situação de vulnerabilidade socioeconómica e à promoção de rastreios oncológicos, cognitivos e nutricionais gratuitos.

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Banco de Portugal prevê que tarifas reduzam PIB em 1,1% em três anos

Banco de Portugal calcula que, no cenário de adverso, o impacto das tarifas pode levar a economia portuguesa a crescer apenas 1,4% este ano, ao invés dos 2,3% previstos no cenário base.

O Banco de Portugal (BdP) estima que o impacto global da guerra de tarifas, e consequente aumento da incerteza, poderá levar a uma redução cumulativa do Produto Interno Bruto (PIB) português de cerca de 1,1% no final de três anos, com os efeitos concentrados nos dois primeiros anos. Neste cenário adverso, a economia portuguesa cresce apenas 1,4% este ano, ao invés dos 2,3% estimados no cenário base.

No “Boletim Económico de março”, o BdP prevê que a implementação das tarifas a partir do segundo trimestre deste ano levará a uma redução do PIB próxima de 0,7% ao fim de três anos e mais concentrada no primeiro ano. No entanto, para além dos efeitos diretos da imposição de tarifas, incorporando o ambiente de maior incerteza, o impacto aumenta.

Esta evolução resulta de “repercussões negativas na confiança dos agentes económicos fruto da imprevisibilidade de futuras políticas comerciais, da sua escala e duração, da possibilidade de medidas retaliatórias e da volatilidade induzida nos custos de produção e nos preços dos bens”, levando a uma “redução do investimento e do consumo privado”.

Assim, o impacto global dos choques considerados “aponta para uma redução cumulativa do PIB em torno de 1,1% no final de três anos, com os efeitos concentrados nos primeiros dois anos”. Neste modo, o maior impacto verifica-se este ano, segundo o qual significa uma redução de 0,9 pontos percentuais face aos 2,3% previstos no cenário base. Ou seja, na prática o crescimento da economia ficaria pelos 1,4%.

Fonte: Banco de Portugal, Boletim Económico de março

Em 2026, o impacto é contudo menor: neste cenário a economia cresce 1,7%, ao invés dos 2,1% previstos no cenário base. Por outro lado, o impacto em 2027 seria positivo, significando mais 0,2 pontos percentuais face aos 1,7% estimados.

O governador Mário Centeno assinala que “as tarifas terão um impacto de contração nas economias quando estamos envolvidos nelas de forma bilateral, com retaliação esse impacto torna-se maior” e que “a clareza do impacto do ponto de vista do crescimento é menos crescimento, do ponto de vista dos preços é mais dúbio”.

O governador explica que se pode assistir a um mercado internacional que se torna mais competitivo, porque os países sujeitos as tarifas tentam exportar bens e serviços para mercados onde essas tarifas não existam na sua relação bilateral.

O passo daqui para a politica monetária neste momento é ‘apenas’ (…) na dimensão incerteza. Não vejo como possamos sair deste eventual cenário de guerras comerciais com uma economia compatível com preços a subir muito significativamente”, disse.

(Notícia atualizada às 12h22)

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Fosso salarial entre mulheres e homens encolhe. Ouça o podcast “Ao trabalho!”

O podcast "Ao trabalho!" traz-lhe as notícias que estão a marcar o mercado de trabalho, dos salários às novas tendências, todas as quintas-feiras.

Apesar dos esforços anunciados, o fosso salarial entre eles e elas persiste. Diminuiu, mostram os dados, mas continua acima dos 11%. Este é um dos temas do novo episódio do podcast “Ao trabalho!”, que lhe leva todas as quintas-feiras os principais destaques do mundo laboral em menos de cinco minutos. Falamos também sobre as seis mil pessoas que viram o subsídio de desemprego cortado e sobre o alargamento da licença parental, que ficou pelo caminho.

 

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Incerteza política? Agentes económicos adoram “previsibilidade”, mas economia mostra “resiliência”, diz Centeno

Governador do BdP diz que economia portuguesa tem tido condições de resiliência que são positivas, pelo que não antecipa "que venham a ser postas em causa" devido à incerteza política.

O governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, defendeu esta quinta-feira que os agentes económicos “adoram” previsibilidade e estabilidade, mas que a economia portuguesa tem mostrado resiliência nos últimos anos — mesmo perante três eleições legislativas num curto espaço de tempo.

A posição de Mário Centeno foi transmitida durante a apresentação do “Boletim Económico de março”, no Museu do Dinheiro, em Lisboa, quando questionado pelos jornalistas sobre um eventual impacto da crise política na economia portuguesa. O Banco de Portugal prevê um crescimento de 2,3% este ano, uma décima acima dos 2,2% avançados em dezembro e mais duas décimas do que a previsão oficial do Ministério das Finanças. No entanto, a economia deverá voltar a desacelerar em 2026, para 2,1%, e novamente em 2027, para 1,7%

E vão três [eleições]: 2022, 2024 e 2025. Melhorar, não melhora. Os agentes económicos adoram previsibilidades, estabilidade, capacidade de projetar o futuro. A variável que mais sofre com essa incerteza é o investimento”, disse.

No entanto, realça que ao longo dos últimos anos tem sido visível que “a economia portuguesa tem tido condições de resiliência que são positivas” e que o Banco de Portugal não antecipa “que venham a ser postas em causa“.

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Euribor a três meses cai pela 4.ª sessão consecutiva para novo mínimo desde janeiro de 2023

  • Lusa
  • 20 Março 2025

Esta quinta-feira, as taxas Euribor baixaram em todos os prazos: a três meses para 2,387%, a seis meses para 2,411% e a 12 meses para 2,379%.

A Euribor desceu esta quinta-feira a três, a seis e a 12 meses em relação a quarta-feira e no prazo mais curto, pela quarta sessão consecutiva, para um novo mínimo desde janeiro de 2023. Com estas alterações, a taxa a três meses, que baixou para 2,327%, ficou abaixo da taxa a seis meses (2,411%) e da taxa a 12 meses (2,379%).

  • A taxa Euribor a seis meses, que passou em janeiro de 2024 a ser a mais utilizada em Portugal nos créditos à habitação com taxa variável, baixou, ao ser fixada em 2,411%, menos 0,010 pontos.
  • No prazo de 12 meses, a taxa Euribor recuou para 2,379%, menos 0,027 pontos.
  • No mesmo sentido, a Euribor a três meses baixou, ao ser fixada em 2,387%, menos 0,024 pontos e um novo mínimo desde 18 de janeiro de 2023.

Dados do Banco de Portugal (BdP) referentes a janeiro indicam que a Euribor a seis meses representava 37,75% do stock de empréstimos para a habitação própria permanente com taxa variável. Os mesmos dados indicam que as Euribor a 12 e a três meses representavam 32,52% e 25,57%, respetivamente.

A taxa Euribor a três meses entra no cálculo da taxa base dos Certificados de Aforro, que é determinada mensalmente no antepenúltimo dia útil de cada mês, para vigorar durante o mês seguinte, e não pode ser superior a 2,50% nem inferior a 0%. A taxa de juro bruta para novas subscrições de Certificados de Aforro, Série F, foi fixada de novo em 2,500% em março de 2025.

Em termos mensais, a média da Euribor em fevereiro voltou a descer a três e a seis meses. A Euribor a 12 meses, que tinha subido em janeiro pela primeira vez depois de nove meses a cair, também desceu em fevereiro. Assim, a média da Euribor a três, seis e a 12 meses em fevereiro desceu 0,177 pontos para 2,525% a três meses, 0,154 pontos para 2,460% a seis meses e 0,118 pontos para 2,407% a 12 meses.

Como antecipado pelos mercados, o Banco Central Europeu (BCE) decidiu em março reduzir, pela quinta vez consecutiva em seis meses, as taxas de juro diretoras em um quarto de ponto, para 2,5%. A presidente do BCE, Christine Lagarde, deu a entender que a instituição está preparada para interromper os cortes das taxas de juro em abril. A próxima reunião de política monetária do BCE realiza-se em 16 e 17 de abril em Frankfurt.

As Euribor são fixadas pela média das taxas às quais um conjunto de 19 bancos da Zona Euro está disposto a emprestar dinheiro entre si no mercado interbancário.

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Com novas eleições à porta, CEO da Sonae diz que 2025 é “um ano perdido para Portugal”

Cláudia Azevedo considera que "os portugueses estão um bocado fartos das polémicas que envolvem a política". Investimento do grupo em 2024 “dificilmente será replicável tão cedo”, reconhece.

A CEO da Sonae, Cláudia Azevedo, considera que o quadro de instabilidade política no país, com novas eleições legislativas antecipadas, vai resultar num “ano perdido” para Portugal. A empresária disse ainda que “os portugueses estão um bocado fartos das polémicas que envolvem a política” e que cabe aos políticos governar, algo que não têm feito.

“Vamos ter novas eleições, depois formar novo Governo, depois há autárquicas [no outono]. É um ano perdido para Portugal e é um ano em que Portugal tinha muito para fazer“, disse a líder da dona do Continente durante a conferência de imprensa de apresentação de resultados de 2024.

Vamos ter novas eleições, depois formar novo Governo, depois há autárquicas [no outono]. É um ano perdido para Portugal e é um ano em que Portugal tinha muito para fazer.

Cláudia Azevedo

CEO da Sonae

Questionada sobre a crise política no país, Cláudia Azevedo lembrou que há precisamente um ano, após a eleição de Luís Montenegro como primeiro-ministro, tinha defendido que os políticos teriam de se focar nas pessoas e governar para elas. “Não me parece que este ano tenha contribuído para isso”, completou, sendo a situação agravada pelo nível de incerteza global.

“Os portugueses estão um bocado fartos das polémicas que envolvem a política”, reforçou a empresária nortenha. “Ouvir [os debates na] Assembleia da República através da televisão é uma coisa que não recomendamos a ninguém. A prioridade é governar; não entrar em polémica uns com os outros”, criticou. “Os pequenos casos não acrescentam valor nenhum à sociedade”, acrescentou.

Apresentação dos resultados de 2023 do grupo Sonae - 13MAR24
Cláudia Azevedo, CEO da Sonae, na apresentação dos resultados de 2023 do grupoRicardo Castelo/ECO

Quanto à situação internacional, a empresária destacou que é “difícil” fazer previsões sobre evolução dos preços, porque todos os dias há alguma novidade, adiantou, referindo-se aos anúncios de tarifas que chegam dos EUA. Ainda assim, Cláudia Azevedo garantiu que os supermercados Continente, detidos pelo grupo, “tudo farão para ter os melhores preços”.

Sobre as tarifas, o CFO João Dolores diz que “ninguém sabe muito bem o que vai acontecer”, mas que com a aplicação de taxas aduaneiras “haverá certamente impacto à escala global“. Mas “neste momento não estamos a sentir nenhum impacto ao nível da sociedade”, garantiu. “O Continente tem feito um trabalho de apoio à produção nacional, o que mitiga a dependência de fatores externos”, salvaguardou a CEO da empresa da Maia.

Otimismo para 2025, mas investimento “dificilmente replicável tão cedo”

Em termos globais, “num mundo muito incerto, vemos o mundo com muito otimismo na Sonae”, disse ainda a empresária. Depois de um ano que qualificou como “memorável”, em que a empresa atingiu um volume de negócios de quase 10 mil milhões de euros e um EBITDA acima de mil milhões, com um investimento recorde, onde a empresa investiu 1,6 mil milhões de euros, reservando 1,1 mil milhões deste valor a aquisições, Cláudia Azevedo diz que 2024 “foi um ano recorde, dificilmente replicável tão cedo”.

“Vamos ter um forte investimento nos nossos negócios e os nossos negócios atuais já incluem aquisições de 2024”, como a Musti ou a Druni, esclareceu a líder da Sonae.

Quanto a novas aquisições, depois de um ano em que a companhia concluiu a aquisição da Musti, num investimento de 700 milhões, a compra de 89% da Diorren por 160,5 milhões e a “combinação dos negócios” da Druni e da Arenal Perfumarias, não se antecipa outro grande negócio em 2025. “Não estou a prever uma aquisição num setor e numa geografia completamente diferente“, adiantou, destacando, porém, que para manter a liderança “implica um forte investimento anual”.

A CEO da Sonae destacou ainda que a dívida aumentou em 2024 – triplicou para 1,6 mil milhões – e “num mundo muito instável, temos que ser mais conservadores desse lado“.

Portefólio reforçado com aquisições

Na apresentação dos indicadores económicos, João Dolores, CFO da empresa, realçou que “foram resultados extraordinários, com recordes a todos os níveis”. “Este ano foi um ano particularmente importante no reforço do nosso portfólio”, justificou.

O responsável detalhou que a aquisição da Druni foi um “investimento muito importante”, no valor de 266 milhões de euros, explicando que “o segundo investimento mais importante foi na Musti“, naquele que foi “o maior investimento que fizemos até à data num único ativo”, de 700 milhões. “É uma plataforma muito importante, com muito potencial de expansão internacional”, acrescentou.

Foi um ano intenso do ponto de vista de investimento e de reforço de portefólio. Dá-nos muita confiança para enfrentar futuro.

João Dolores

CFO da Sonae

João Dolores referiu ainda que “o terceiro investimento foram os investimentos que a Sparkfood fez, com destaque para investimento em França”, com a aquisição da BCF Life Sciences (BCF) por 160 milhões de euros.

Outro investimento destacado pelo administrador financeiro foi a compra da Claranet pela NOS; já em 2025. Trata-se de um negócio que “vem mudar o perfil de negócio da Nos neste segmento [das empresas]. São 1000 pessoas que se juntam à família da Nos”.

“Foi um ano intenso do ponto de vista de investimento e de reforço de portefólio. Dá-nos muita confiança para enfrentar futuro“, concluiu.

Margem pressionada na Worten

Em relação aos vários segmentos de negócio, o administrador financeiro destacou que a MC teve um “ano extraordinário”, suportado pelo setor alimentar, com o Continente a apresentar um “desempenho muito forte”.

O setor alimentar registou um volume de negócios de 6,5 mil milhões de volume de negócios, o que representa um crescimento homólogo de 7,1%, num ano em que abriu 25 novas lojas, elevando o número de espaços abertos para 68.

João Dolores destacou que mesmo num contexto de baixa inflação, com uma inflação de 1% no mercado alimentar, o grupo expandiu a posição de liderança em Portugal

O segmento de saúde, beleza e bem-estar fechou 2024 com um volume de negócios de 1,1 mil milhões, o que representa um crescimento de 9,8% excluindo a Druni, com o setor a apresentar vendas online de 109 milhões.

“A Worten teve um ano muito positivo, com reforço da liderança no mercado português, num mercado super concorrencial”, acrescentou João Dolores. O CFO disse ainda que a empresa se tem afirmado neste que é um setor muito digital, com as vendas online a subirem 18,4% para 310 milhões. Pesam mais de 20% total.

Apesar de considerar que a Worten fechou o exercício com bons resultados, João Dolores reconheceu que a empresa registou uma “margem um pouco pressionada pela inflação que sentimos nos custos“, apresentando uma margem EBITDA de 5,6%.

Em termos globais, este foi um “crescimento muito forte”, sintetizou. “Crescemos melhorando a rentabilidade operacional. Só com esta saúde financeira conseguimos continuar a investir”, concluiu.

(Notícia atualizada pela última vez às 12:30)

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Insolvências sobem 21% em fevereiro. Número de novas empresas também em queda

  • Joana Abrantes Gomes
  • 20 Março 2025

O mês de fevereiro teve mais 63 empresas a declararem insolvência do que há um ano. Desde janeiro, houve 767 pedidos de insolvência. Número de novas empresas também baixou 4%.

As insolvências em Portugal aumentaram 21% em fevereiro face ao mesmo mês de 2024. No total, 357 empresas apresentaram pedido de insolvência no mês em análise, mais 63 do que um ano antes, segundo dados divulgados esta quinta-feira pela Iberinform.

O mesmo estudo revela que as declarações de insolvência apresentadas pelas próprias empresas aumentaram 63% nos dois primeiros meses do ano, com mais 88 empresas a requererem a insolvência, enquanto as declarações de insolvência requeridas por terceiros subiram mais de 43%, num total de 147.

Os encerramentos com plano de insolvência tiveram um incremento de 50%, atingindo um total de nove ações. Até ao final de fevereiro, foram concluídos 383 processos de insolvência, menos dois do que em igual período do ano passado.

Fonte: Iberinform

No acumulado dos dois meses, as insolvências registam um aumento de 21% face ao período homólogo, com 767 processos registados.

A Iberinform realça também que os distritos do Porto e de Lisboa são os que registam o maior número de insolvências — 197 e 180, respetivamente. Face a 2024, o Porto tem um acréscimo de quase 25% e Lisboa vê as insolvências aumentarem 24%.

Por setores, os maiores aumentos nas insolvências registaram-se nas atividades de agricultura, caça e pesca (+200%); transportes (+92%); e hotelaria e restauração (+41%). Os principais decréscimos, por outro lado, foram registados nos setores da eletricidade, gás e água (-100%), construção e obras públicas (-2%) e indústria transformadora (-0,5%).

Número de novas empresas cai 4%

A constituição de novas empresas também baixou em fevereiro: foram constituídas 4.660 novas empresas, menos 174 do que em igual período do ano passado (-3,6%). No total do ano, foram já criadas 10.028 novas empresas, o que representa um decréscimo de 3,7% face aos dois primeiros meses de 2024.

Por distrito, Lisboa regista o maior número de constituições (3.007), embora com um decréscimo de 5% face aos valores apurados no ano passado.

Já as atividades de agricultura, caça e pesca (+33%), construção e obras públicas (+11%) e comércio a retalho (+2%) são os setores que lideram os aumentos na criação de novas empresas.

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Infraestruturas de Portugal vai estudar agrupamento de estradas novas e existentes para integrarem PPP

Governo autoriza verba de 446,7 milhões de euros para estudos e obras até 2028, que inclui apenas oito das cerca de 30 intervenções nas vias rodoviárias consideradas prioritárias.

A Resolução de Conselho de Ministros que determina à Infraestruturas de Portugal (IP) o estudo e concretização de cerca de 30 projetos rodoviários prioritários, prevê que seja avaliado o agrupamento de estradas novas e existentes em novas concessões, incluindo o modelo de Parceria Público-Privada (PPP).

A empresa pública responsável pela gestão da infraestrutura ferroviária e rodoviária nacional tem até ao final do segundo semestre de 2025 para apresentar ao futuro ministro das Infraestruturas “uma proposta fundamentada que permita uma tomada de decisão relativamente ao modelo de contratação e de gestão a adotar para a concretização” de vários projetos. No comunicado do Conselho de Ministros, o Governo indicava que pretendia que fosse avaliada “a materialização dos principais eixos rodoviários em modelo de PPP“.

Segundo o diploma, publicado esta quinta-feira em Diário da República, a proposta da IP “pode considerar o agrupamento de infraestruturas rodoviárias novas e existentes, sobretudo que careçam de investimento em conservação, requalificação e alargamento no sentido de garantir as condições de circulação e segurança contratual e legalmente exigidas”. Isto aplica-se quer à rede rodoviária sob gestão direta da IP, ou à que passe a integrá-la, uma vez terminados os contratos de concessão de que são atualmente objeto.

Entre os projetos que serão considerados nesta análise está a duplicação e requalificação do IP3, entre Santa Comba Dão e Viseu, prevista e ainda não executada. A IP tem de apresentar, até ao final de junho de 2025, o cronograma das ações, concurso e obras necessárias a garantir uma ligação rodoviária em traçado duplo entre Souselas e Santa Comba Dão. Inclui ainda outras 12 vias, como a ligação Algés/Trafaria, que o ministro das Infraestruturas, Miguel Pinto Luz, admitiu ao Jornal de Negócios ser integrada numa mesma concessão com as duas travessias já existentes no Tejo e a terceira travessia que levará a linha de Alta Velocidade Lisboa – Madrid.

A resolução autoriza a IP a realizar 446,7 milhões de euros de despesa entre 2025 e 2028 para estudos e obras, verba a transferir do Orçamento do Estado, mas que inclui apenas oito das cerca de 30 intervenções consideradas prioritárias.

O Governo defende a definição destes investimentos prioritários com a necessidade de responder aos “eixos crónicos de falta de capacidade da rede rodoviária existente, de sinistralidade, dos estrangulamentos de mobilidade urbana, ou da necessidade de reabilitação dos ativos”, bem como a “complementaridade com os grandes projetos que já se encontram em curso”, como o desenvolvimento do novo aeroporto de Lisboa e de dois eixos ferroviários de alta velocidade.

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Puma lança “Go Wild”, a sua maior campanha global até à data

  • + M
  • 20 Março 2025

A campanha "Go Wild" da Puma integra aquele que é o maior investimento da marca em marketing. Procura simbolizar a renovação do seu ADN e "ressoar profundamente nas novas gerações".

Go Wild” é a nova campanha global da Puma — e a maior até à data — que assinala também uma evolução na identidade da marca desportiva, “reforçando o seu empenho em redefinir o jogo e em criar as bases para um crescimento sustentável a longo prazo”.

A campanha representa o maior investimento de marketing da Puma realizado até hoje, com um aumento de 40% nos investimentos de marketing relativamente a 2024, e simboliza a renovação do seu ADN, que pretende “ressoar profundamente nas novas gerações, em particular na Geração Z, que procura experiências imersivas, interação social e prazer através do desporto”, refere-se em nota de imprensa.

A marca apresenta assim uma “nova visão do desporto, alinhada com as expectativas das novas gerações e enraizada na sua história, onde o desporto é considerado como uma forma de auto expressão, de satisfação e de ligações sociais”.

O objetivo passa também por inspirar as pessoas a libertarem a sua energia através do desporto, bem como “expandir a sua presença global e estabelecer ligações com propósito com o seu público” ao captar o “instinto humano sentido quando se pratica desporto”.

“A Puma sempre incorporou esta visão, desde o punho erguido de Tommie Smith em 1968 até à explosão de alegria de Usain Bolt em 2008. Acreditamos que a grandeza começa com a coragem de sermos honestos connosco e esta filosofia sempre orientou a Puma, ressoando mais do que nunca junto da geração mais jovem”, diz Richard Teyssier, global VP brand and marketing da Puma, citado em comunicado.

Com esta campanha “estamos a dar o primeiro passo para criar uma ligação ainda maior com o nosso público, através de uma abordagem única e disruptiva“, acrescenta.

Já Julie Legrand, senior director global brand strategy and communications da marca, explica que a campanha “foi desenvolvida com base no maior estudo sobre o consumidor alguma vez realizado pela marca, encontrando um espaço claro no mercado, onde o desempenho encontra a alegria, um território inexplorado em que a Puma está posicionada de forma única para o preencher”.

“Go Wild” pretende assim funcionar também como uma homenagem às pessoas que correm e desbloqueiam o “runner’s high”, ou seja “substâncias químicas que são libertadas durante a atividade física criando a sensação de felicidade”. O spot afasta-se do protagonismo dos atletas e das celebridades, celebrando as pessoas que correm todos os dias.

A campanha vai manter-se no ar até 2026, “destacando estrategicamente” diferentes unidades de negócio relacionadas com o desporto, incluindo o basquetebol e o futebol, e explorando os principais eventos desportivos mundiais.

Com criatividade da Adam&Eve e lançada a nível global, a campanha é amplificada através de vários pontos de contacto, como digital, outdoor, relações-públicas, social media, televisão, retalho e ativações em todo o mundo. Em Portugal, a campanha é digital e focada no YouTube.

A mensagem de “Go Wild” é reforçada através de uma série de conteúdos que visam explicar o conceito, lançada por embaixadores da marca. O planeamento de meios ficou a cargo da Havas Media.

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Banco de Portugal revê em ligeira alta crescimento deste ano para 2,3%

Estimativa fixa-se uma décima acima da estimativa de dezembro e duas décimas acima da previsão oficial do Ministério das Finanças. Porém, para 2026 prevê uma desaceleração do crescimento.

O Banco de Portugal (BdP) está ligeiramente mais otimista sobre o desempenho da economia portuguesa este ano, prevendo agora um crescimento de 2,3%. As previsões constam do “Boletim Económico de março”, no qual a instituição liderada por Mário Centeno revê, contudo, em baixa de uma décima a estimativa para o próximo ano.

A previsão do regulador para este ano fixa-se uma décima acima dos 2,2% avançados em dezembro e mais duas décimas do que a previsão oficial do Ministério das Finanças. No entanto, o ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, disse recentemente acreditar que o crescimento poderá ascender a 2,5% em 2025.

Após a aceleração do crescimento este ano face aos 1,9% registados no ano passado, deverá voltar a desacelerar em 2026, para 2,1%, e novamente em 2027, para 1,7%, prevê o BdP.

“O crescimento económico em 2025–26 beneficia do alívio das condições financeiras e tem subjacente uma aceleração da procura externa e uma execução dos fundos europeus mais concentrada agora em 2026″, explica o supervisor.

O menor crescimento em 2027 é justificado, segundo o BdP, em larga medida, pelo fim do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). Por sua vez, o consumo e o investimento poderão beneficiar de um aumento da confiança, mas “a sua concretização exige uma redução da incerteza interna e externa”.

Fonte: Banco de Portugal, Boletim Económico de março

Por seu lado, a inflação (medida pelo Índice Harmonizado de Preços no Consumidor) deverá reduzir-se para 2,3% em 2025 e situar-se em 2% em 2026 e 2027.

Contudo, as previsões estão rodeadas de incerteza. Segundo o BdP, os riscos adversos em torno da projeção para a atividade acentuaram-se e prevalece uma incerteza elevada sobre a evolução da economia mundial.

Para além dos fatores de risco já existentes — relacionados com a invasão militar da Ucrânia pela Rússia e os conflitos no Médio Oriente — surgiram novos fatores, com destaque para as alterações na orientação de política geoestratégica e comercial nos EUA.

Banco de Portugal

“Para além dos fatores de risco já existentes — relacionados com a invasão militar da Ucrânia pela Rússia e os conflitos no Médio Oriente — surgiram novos fatores, com destaque para as alterações na orientação de política geoestratégica e comercial nos EUA“, aponta.

A instituição liderada por Mário Centeno alerta que “a materialização destes riscos pode conduzir a subidas de preços das matérias-primas, disrupções nas cadeias de abastecimento, menor crescimento do comércio mundial e variações cambiais marcadas, com impacto desestabilizador sobre a atividade“.

“Esta incerteza pode levar os agentes económicos a adiar ou cancelar decisões de investimento, a aumentar a poupança por motivos de precaução ou a exigir prémios de risco mais elevados, reduzindo o preço dos ativos e aumentando os custos de financiamento”, adverte.

O BdP destaca ainda que “a materialização de um cenário de aumento de tarifas pelos EUA às importações da UE, envolvendo retaliação e aumento da incerteza/redução da confiança, teria um impacto negativo relevante na atividade económica em Portugal”.

Rendimento nominal deve reduzir-se 1,2% no primeiro trimestre

O Banco de Portugal destaca o papel que o consumo privado teve no crescimento económico de 2024, nomeadamente na reta final do ano, refletindo “a aceleração significativa do rendimento disponível no quarto trimestre”, com uma variação em cadeia estimada de 5%.

O regulador assinala que esta evolução resultou sobretudo das alterações ao IRS com efeitos retroativos, refletidas nas tabelas de retenção específicas em setembro e outubro, e ao pagamento do suplemento extraordinário de pensão em outubro, estimando que, no conjunto, estas medidas de política orçamental representaram um aumento de cerca de dois mil milhões de euros no rendimento das famílias, equivalendo a quase 4% do rendimento trimestral.

Porém, prevê que, no primeiro trimestre de 2025, o rendimento disponível nominal deverá reduzir-se 1,2%, revertendo assim parcialmente o aumento do quarto trimestre, com consequências para o consumo privado, que deverá retrair-se.

“O consumo privado deverá ser também condicionado no segundo trimestre pelo impacto da redução prevista nos reembolsos do IRS, resultante das menores retenções na fonte ocorridas em setembro e outubro de 2024“, aponta.

Deste modo, estima que um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), em cadeia, de 0,2% no primeiro trimestre, de 0,4% no segundo trimestre e de 0,5% nos trimestres seguintes. “Estas variações em cadeia do PIB em 2025 são inferiores às projetadas em dezembro, pelo que a revisão em alta da taxa anual do PIB em 2025 reflete o maior efeito de arrastamento do crescimento no quarto trimestre de 2024”, explica.

Na fotografia global, espera que após um aumento de 3,2% em 2024, o consumo privado cresce 2,8% em 2025 e 1,8% em 2026 e 2027. Já para as exportações prevê um crescimento a uma taxa média de 2,9% em 2025–27, inferior à dos últimos anos, “num contexto de aceleração esperada da procura externa e menores ganhos de quota”.

(Notícia atualizada às 11h24)

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“Façam a coisa certa”. Trump pressiona Fed para cortar as taxas de juro

Banco central manteve inalterados os juros e provocou a ira de Trump. Na sua rede social, o presidente classificou o dia de 2 abril, quando anunciará as tarifas reciprocas, como o "dia da libertação".

A Reserva Federal (Fed) dos Estados Unidos deveria cortar os juros durante o período em que as novas tarifas aduaneiras comecem a “transitar” e “facilitar” para a maior economia do mundo, urgiu Donald Trump.

Horas depois de a Fed ter anunciado esta quarta-feira a manutenção das Federal Funds Rates no intervalo de 4.24%-4.50% pela segunda vez seguida, Donald Trump reagiu na sua rede social, a Truth Social.

“A Fed estaria MUITO melhor a CORTAR TAXAS à medida que os direitos aduaneiros dos EUA começassem a transitar (a facilitar!) o seu caminho para a economia. Façam o que é correto. 2 de abril é o Dia da Libertação na América!!!”, escreveu o presidente americano.

A posição contrasta com a de Jerome Powell, chairman da Fed, que na conferência de imprensa após a reunião de dois dias do Federal Open Market Committee (comité de política monetária), admitiu que os direitos aduaneiros anunciados pela administração Trump já estão a ter impacto, pelo menos parcial, nos aumentos dos preços e podem atrasar a luta contra a inflação este ano, mas sublinhou que Fed vai esperar clareza sobre o rumo da economia antes de ajustar a política monetária.

A Casa Branca informou esta terça-feira que Trump ainda pretende que novas taxas tarifárias recíprocas entrem em vigor em 2 de abril, apesar dos comentários anteriores do secretário do Tesouro, Scott Bessent, que indicaram um possível atraso na ativação.

“A intenção é decretar tarifas em 2 de abril”, disse fonte oficial da presidência à Reuters.

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