Trump acena com “tarifas zero” às grandes empresas que voltem aos EUA. “Não esperem, façam-no agora!“

  • Lusa
  • 9 Abril 2025

Às empresas que transfiram o negócio para os EUA, o presidente promete agora “tarifas zero” e “ligações e aprovações elétricas/energéticas quase imediatas” e sem atrasos devido a questões ambientais.

O Presidente dos Estados Unidos pediu esta quarta-feira às grandes empresas norte-americanas que regressem ao país para evitar a imposição de tarifas, depois de Pequim ter anunciado um aumento de 34% para 84% a incidir sobre os produtos norte-americanos.

“Esta é uma altura excelente para transferir o negócio para os Estados Unidos da América, como a Apple e muitos outros já estão a fazer, em número recorde”, escreveu Donald Trump na rede social, Truth Social.

A 24 de fevereiro, a Apple anunciou que vai investir mais de 500 mil milhões de dólares nos Estados Unidos nos próximos quatro anos e criar 20 mil postos de trabalho, em resposta a um anterior apelo do Presidente Trump para que as empresas levassem a a produção de volta para os EUA.

Numa breve mensagem, o chefe de Estado norte-americano prometeu agora a estas empresas “tarifas zero”, “ligações e aprovações elétricas/energéticas quase imediatas” e sem atrasos devido a questões ambientais.

“Não esperem, façam-no agora!“, concluiu, repetindo o lema dos dois mandatos na Casa Branca: “Make America great again” (“Tornar a América Grande Novamente”).

Antes desta mensagem, a China tinha anunciado que vai aumentar de 34% para 84% as taxas alfandegárias sobre os produtos provenientes dos Estados Unidos, em resposta à taxa adicional de 50% anunciada na terça-feira por Trump, o que elevou para 104% o total de direitos sobre os produtos chineses.

Em comunicado, o Ministério das Finanças chinês disse que o novo imposto vai entrar em vigor na quinta-feira e que está a tomar a medida em resposta ao “erro repetido” dos EUA de aumentar as tarifas sobre a China.

O Ministério do Comércio chinês também acrescentou 12 empresas norte-americanas à lista de controlo de exportações, incluindo fabricantes de equipamentos e empresas de engenharia, algumas das quais relacionadas com drones (BRINC), aeronáutica (Novotech), maquinaria (Marvin Engineering Company) e radares (Echodyne).

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Morais Leitão e Sérvulo no refinanciamento da dívida da Teixeira Duarte

A Morais Leitão assessorou os bancos Novo Banco, BCP e CGD no processo de refinanciamento da dívida bancária do Grupo Teixeira Duarte, que, por sua vez, foi representado pela Sérvulo.

A Morais Leitão assessorou os bancos Novo Banco, BCP e CGD no processo de refinanciamento da dívida bancária do Grupo Teixeira Duarte, consolidando um acordo que abrange 95% da dívida da empresa. Já a Teixeira Duarte foi assessorada pela Sérvulo & Associados.

“Esta operação representa um marco significativo no contexto financeiro do Grupo Teixeira Duarte, promovendo a estabilidade financeira e o desenvolvimento estratégico sustentado de uma das maiores construtoras do País”, refere a Morais Leitão em comunicado.

O acordo traduziu-se na celebração de dois novos contratos de financiamento, no valor de 654 milhões de euros, e na criação de uma nova linha de garantias bancárias, com um limite máximo de 190 milhões de euros.

“O acordo prevê ainda que uma das tranches dos novos financiamentos será integralmente amortizada mediante a entrega de ações de cinco sociedades de investimento coletivo (SIC) a serem convertidas a partir de sociedades imobiliárias do grupo ainda este ano”, acrescenta a Morais Leitão.

A equipa da Morais Leitão envolvida na operação foi liderada por Filipe Lowndes Marques e Cláudia Castanheira dos Santos, contando ainda com o apoio dos sócios Pedro Gorjão Henriques, Nuno Gundar da Cruz e Eduardo Paulino e dos advogados Carolina Soares de Sousa, Salvador Sampaio Fontes, Marisa Larguinho e Maria Cortes Martins.

A equipa da Sérvulo que assessorou a Teixeira Duarte foi liderada pelo managing partner Manuel Magalhães e contou com o apoio dos sócios Sofia Carreiro, Teresa Pala Schwalbach, Pedro Silveira Borges e dos advogados Ana Beatriz Gonçalves, Andreea Babicean, Catarina Marques da Silva, Joana Leão Anjos e José Guilherme Gomes.

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China volta a retaliar com subida de tarifas sobre produtos dos EUA para 84%

Novo episódio na guerra comercial com Pequim a decidir aumentar tarifas em 50 pontos, de 34% para 84%, no dia em que entram em vigor as taxas de 104% impostas por Trump sobre as importações chinesas.

É o mais recente episódio na guerra comercial. A China vai impor tarifas de 84% sobre os produtos norte-americanos já a partir desta quinta-feira, 10 de abril — acima da taxa de 34% anunciada anteriormente — numa retaliação à entrada em vigor da taxa de 104% que Donald Trump decidiu aplicar às importações chinesas para o país.

 

Em comunicado divulgado esta quarta-feira, a China considera que a Casa Branca cometeu “um erro em cima de um erro” ao aumentar as tarifas contra o gigante asiático. A diplomacia de Pequim afirma, por outro lado, que a decisão do Presidente dos EUA de aumentar as tarifas “é um exemplo típico de unilateralismo, protecionismo e intimidação económica”.

Esta manhã, o Governo chinês tinha assegurado que dispõe de “uma vontade firme” e também de “recursos abundantes” para responder com determinação se os Estados Unidos insistirem em “intensificar ainda mais as suas medidas económicas e comerciais restritivas”.

Pequim reiterou que “não há vencedores numa guerra comercial” e que “a China não quer uma”, mas “não ficará de braços cruzados se os direitos legítimos do seu povo forem violados”.

Em paralelo, a China acrescentou 12 multinacionais americanas, incluindo a American Photonics e a Novotech, à lista de controlo das exportações. Numa nota citada pela agência oficial Xinhua, o Ministério do Comércio refere que estas companhias estão “envolvidas em atividades que podem colocar em perigo a segurança e os interesses nacionais”.

Entretanto, o secretário do Tesouro dos Estados Unidos já veio criticar a resposta da China. Em entrevista à Fox Business Network, Scott Bessent descreveu o anúncio de Pequim como “infeliz”. “Penso que é infeliz que os chineses não queiram vir negociar porque eles são os piores infratores no sistema de comércio internacional”, referiu.

Numa antecipação ao que deverá ser mais um dia agitado nos mercados financeiros mundiais, depois de as bolsas europeias terem tropeçado no início da sessão desta quarta-feira, os futuros dos índices de ações dos Estados Unidos afundaram em resposta ao anúncio de retaliação da China.

China trava compra de dólares americanos

Por outro lado, também esta quarta-feira, o banco central da China pediu aos principais bancos estatais que reduzam as compras de dólares norte-americanos, segundo avança a Reuters.

A diretiva das autoridades chinesas surge num momento em que o yuan enfrenta fortes pressões no sentido da baixa, na sequência das tarifas impostas pelos EUA aos produtos chineses e das medidas de retaliação de Pequim.

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“Temos de fazer mais.” Bruxelas prepara estratégia para acelerar IA nas empresas

Plano de Ação Continente IA anunciado esta quarta-feira prevê a preparação de medidas para aumentar a percentagem de empresas europeias que usam tecnologias de inteligência artificial (IA).

A Comissão Europeia vai apresentar “nos próximos meses” um plano estratégico para acelerar a adoção de ferramentas de inteligência artificial (IA) pelas empresas. A intenção consta do novo Plano de Ação Continente IA, numa altura em que menos de 13,5% das empresas da União Europeia recorrem a este tipo de tecnologia, com Portugal a situar-se quase cinco pontos percentuais abaixo da média.

Para esse efeito, Bruxelas pretende alavancar a rede europeia de hubs digitais, assim como as novas Fábricas de IA, das quais 13 já estão em desenvolvimento, de acordo com a Comissão. Importa recordar que Portugal faz parte de um desses projetos, que é liderado por Espanha e inclui também a Turquia e a Roménia, prevendo a instalação de uma nova unidade focada em IA associada ao supercomputador MareNostrum 5, localizado em Barcelona.

Ademais, a Comissão Europeia insiste na mobilização de 20 mil milhões de euros de investimento nas chamadas “gigafábricas de IA”, que terão aproximadamente 100 mil chips de última geração para treinar novos modelos e desenvolver novas aplicações. Em fevereiro, a presidente Ursula von der Leyen revelou em Paris que serão criadas quatro destas instalações em várias partes do continente, cujas localizações ainda não foram reveladas, mas o plano prevê agora a criação de até cinco instalações deste tipo.

O plano de ação que Bruxelas apresentou esta quarta-feira passa ainda por propor um novo Cloud and AI Development Act. Sobre esta nova lei, Bruxelas explica que “o objetivo é, pelo menos, triplicar a capacidade de data centers da UE nos próximos cinco a sete anos”, com especial atenção para as infraestruturas mais sustentáveis, assume num comunicado.

Não há IA sem dados, pelo que Bruxelas compromete-se igualmente a lançar, ainda este ano, uma União Estratégica dos Dados. O plano é “criar um verdadeiro mercado interno de dados que permita escalar soluções de IA”, acrescenta a mesma nota.

Neste contexto, a Comissão Europeia está também a preparar medidas de capacitação dos cidadãos europeus e promete uma “simplificação regulatória”. Esta última medida passa pela criação de uma entidade própria “para ajudar as empresas a estarem em conformidade” com o regulamento europeu da IA.

Para alcançar estes objetivos, acabam de ser lançadas duas consultas públicas, uma focada na futura lei dos data centers e outra na futura estratégia para acelerar a adoção de IA pelas empresas — batizada de Apply AI Strategy —, que irão decorrer até ao próximo dia 4 de junho. Em maio está prevista uma terceira consulta pública para recolher contributos sobre a nova união dos dados.

“Temos de fazer mais, e temos de o fazer agora”, disse Henna Virkkunen, vice-presidente da Comissão. “Hoje só 13% das empresas europeias usam IA. Temos de acelerar a sua adoção para aumentar a produtividade e criar novos produtos e serviços. Iremos também envolver o setor público, onde em áreas como os cuidados de saúde a IA pode trazer benefícios transformadores”, sublinhou a responsável pela pasta da soberania tecnológica.

(Notícia atualizada a 10 de abril para referir que o plano prevê a construção de até cinco gigafábricas de IA)

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Lampsy Health levanta capital para expandir candeeiro que usa IA para detetar epilepsia

Startup já está a testar este dispositivo "com todas as unidades de epilepsia em hospitais públicos na área metropolitana de Lisboa" e em 2026 quer estar em mais mercados europeus.

Vicente Garção e Leonor Pereira com o candeeiro.

A Lampsy Health levantou 230 mil euros para desenvolver um candeeiro que usa Inteligência Artificial (IA) para detetar ataques de epilepsia. A startup nacional quer já em 2026 levar este dispositivo para o mercado europeu. Até ao final do ano quer levantar mais um milhão de euros em capital.

A captação de investimento é um passo chave para “nos aproximarmos do nosso objetivo de garantir segurança e paz de espírito a todas as famílias a viver com epilepsia a nível mundial”, diz Vicente Garção, um dos cofundadores da startup, juntamente com Leonor Pereira, fundadores, e Joana Pinto, que anteriormente cofundou a Clynx Health.

Liderado pela Fundação Ageas, o investimento contou com a participação de duas business angels, Susana de Sousa (especialista em customer experience) e Ellie Asgari (médica no Reino Unido).

Da direita para a esquerda: Leonor Pereira, Vicente Garção e Joana Pinto, cofundadores da Lamp Health, na Web Summit.

Spin-off do Instituto de Telecomunicações e do Instituto Superior Técnico, a Lampsy Health está a desenvolver um dispositivo, integrado num candeeiro, que através de IA deteta ataques de epilepsia com “uma precisão de 99%” e envia “alertas para cuidadores ou contactos de emergência”.

A startup já está a “validar o seu aparelho em parceria com todas as unidades de epilepsia em hospitais públicos na área metropolitana de Lisboa”, e com este capital pretende “validar o produto com mais pacientes, finalizar o seu desenvolvimento, e certificá-lo como dispositivo médico na UE”. O objetivo é chegar “a pessoas com epilepsia no mercado europeu já no início de 2026”.

Até ao final do ano, a Lampsy Health planeia “levantar mais cerca de um milhão de euros até ao final do ano, de investidores portugueses e internacionais”.

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📹 Os produtos americanos com que Bruxelas quer retaliar

  • ECO
  • 9 Abril 2025

Comissão Europeia prevê aplicar taxas alfandegárias de 25% como retaliação à guerra comercial iniciada pela administração Trump. Resposta do executivo comunitário passa por três fases. Veja o vídeo.

A Comissão Europeia prevê aplicar taxas alfandegárias de 25% como retaliação à guerra comercial desencadeada pela Administração Trump.

Resposta do executivo comunitário passa por três fases:

  • A partir de 15 de abril avançar com taxas adicionais de 10% e 25% sobre as importações americanas, que estavam suspensas, com exceção do uísque que é retirado da lista.
  • A partir de 16 de maio aplicação de taxas aduaneiras adicionais de 25% sobre uma lista de produtos.
  • A partir de 1 de dezembro taxas aduaneiras adicionais de 25% sobre mais produtos

Veja a lista.

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Redução das migrações em Portugal poderia levar a aumento de impostos, prevê estudo

  • Lusa e ECO
  • 9 Abril 2025

Estudo da Nova SBE prevê que a restrição da imigração poderá levar a um aumento de impostos, prejudicando, assim, as próximas gerações.

A aplicação do pacto europeu de migração e asilo em Portugal, sem medidas mais liberais na entrada de imigrantes vai conduzir a uma crise das contas públicas e aumento de impostos, segundo um estudo hoje divulgado.

A restrição da imigração levará a um aumento de impostos, diminuição da despesa pública, deterioração das contas públicas e subsequente impacto na dívida pública, ou uma combinação dos três“, referem os autores do estudo da Nova SBE que avalia políticas numa perspetiva intergeracional.

O estudo visou avaliar o impacto do pacto europeu em Portugal e os autores concluem que “as gerações futuras verão as suas escolhas limitadas em virtude de um orçamento público mais restrito”, considerando que a “redução da imigração deterioraria os saldos da Segurança Social no curto prazo e teria efeitos negativos na atribuição de pensões no médio e longo prazo”.

“Assumindo que o governo transpõe o Pacto das Migrações para a legislação nacional tal como se encontra atualmente, então teria de tomar uma decisão: reduzir as pensões futuras em valor real ou proceder a maiores transferências do orçamento central para a Segurança Social“, pode ler-se no estudo.

No caso português, “mantendo-se o fluxo atual de imigração, será necessário aumentar os impostos em quase 15% e se o país adotasse uma situação extrema de não permitir mais nenhum imigrante, então teria de aumentar os impostos em 20%”.

“Há sempre escolhas que temos que fazer. (…) Podemos escolher aumentar os impostos ou baixar a despesa ou contrair dívida para termos uma migração mais apertada”, explicou um dos autores do estudo, Marlon Francisco.

Para os investigadores, “impor restrições aos fluxos de imigração deve ter em conta que tais políticas implicam um aumento significativo da carga fiscal para as futuras gerações“, porque Portugal está numa “tendência demográfica de envelhecimento” e é necessário que a chegada de novos imigrantes, tendencialmente mais novos, se mantenha regular.

“Os imigrantes podem ter um impacto positivo na sustentabilidade das finanças públicas”, mas tudo depende da sua integração no mercado de trabalho, que pode ser conseguida através de uma “política de baixo custo, através de um folheto informativo ou uma aplicação no telemóvel”, com informações sobre os direitos.

No que diz respeito aos impactos de curto-prazo, a aplicação do pacto europeu poderá reduzir a pressão nos salários dos menos qualificados, diminuir o preço das casas e a criminalidade, com o aumento das “deportações de imigrantes em situação ilegal”.

Contudo, a médio e longo prazo, a análise muda, porque os salários tendem a ajustar-se, o mercado habitacional normaliza-se e, “quando os imigrantes estão bem integrados no mercado de trabalho, a imigração não tem impacto na criminalidade”.

Segundo o estudo, no futuro, o rácio de beneficiários da Segurança Social em relação a quem trabalha vai aumentar, uma tendência que “irá aumentar a pressão sobre a sustentabilidade das finanças públicas” na UE.

“Acho que Portugal tem tido uma boa capacidade de integrar emigrantes”, até porque muitos chegam de países lusófonos, afirmou Marlon Francisco.

Há “menos tensão social até do que existe em outros países” no que respeita a este tema, mas as migrações começam a ganhar atenção mediática, salientou o economista, que destacou o impacto positivo desta franca da população. “Os imigrantes não são um custo”, mas sim “contribuintes líquidos para o Estado”, recordou.

Este estudo é apresentado um dia depois de ter sido conhecido o relatório intercalar da Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA), dá conta que em 2024 havia 1,55 milhões de imigrantes em Portugal, quase quatro vezes mais do que em 2017.

Na apresentação do referido estudo da Nova SBE, o investigador Marlon Francisco frisou que Portugal era considera um país de emigração, mas isso mudou. Também se alterou a origem dos estrangeiros que chegam a Portugal, destacou. “Até 2013, os imigrantes eram maioritariamente do Brasil e dos PALOP. O volume dos imigrantes dos PALOP tem baixado e sido substituído pelo sul da Ásia. Os brasileiros continuam a ser o grande conjunto, com 38% dos imigrantes em Portugal a serem brasileiros“, detalhou o investigador.

Marlon Francisco sublinhou ainda que os imigrantes estão muito representantes nos decis mais baixos dos salários — “em média, um imigrante ganha 90% do salário de um nativo português”, disse –, são mais jovens que a população nativa (em cerca de quatro anos) e têm níveis de educação mais baixos (só 17% dos imigrantes com 18 a 34 anos têm licenciatura, contra 31% dos jovens nativos).

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Governo abre concurso para recrutar novo diretor dos grandes contribuintes

João Paulo Canedo ocupa estas funções desde 2012. Também vão ser renovados os quadros de direção do Fisco para a área dos impostos sobre património, cobrança e recursos financeiros.

O Governo vai abrir um concurso público, no prazo de 10 dias úteis, para recrutar o novo diretor da Unidade dos Grandes Contribuintes da Autoridade Tributária, responsável por fiscalizar cerca de cinco mil grandes empresas e particulares com grandes rendimentos. Este cargo é ocupado por João Paulo Canedo desde 2012.

Um aviso publicado esta quarta-feira em Diário da República indica que “a Comissão de Recrutamento e Seleção para a Administração Pública (CReSAP), entidade responsável pelo procedimento concursal, vai proceder à abertura, pelo prazo de 10 dias úteis a contar da publicitação no seu sítio eletrónico, do procedimento concursal de recrutamento e seleção para o cargo de Diretor da Unidade dos Grandes Contribuintes da Autoridade Tributária e Aduaneira”.

A Autoridade Tributária e Aduaneira (AT) concluiu em 2023 uma série de inspeções às grandes empresas e aos maiores contribuintes singulares. Durante as ações de controlo detetou 522 milhões de euros de impostos “potencialmente em falta”, sobretudo IVA, IRC, Imposto do Selo e IRS, segundo o mais recente relatório de combate à fraude entregue pelo Governo no Parlamento. A quantia soma-se a 700 milhões de imposto em falta identificados em 2022 e aos 620 milhões detetados em 2021.

Outros quadros de direção do Fisco também vão ser renovados. A CReSAP já abriu um concurso, que está a decorrer até 23 de abril, para o cargo de subdiretor-geral da Área de Gestão Tributária – Impostos Sobre o Património, funções que estão a ser exercidas por Lurdes da Silva Ferreira desde 2013. Para este lugar, é exigida licenciatura em Direito, Economia ou Gestão e ainda pós-graduação, mestrado ou doutoramento nas áreas da fiscalidade, gestão e finanças, segundo os requisitos que constam do procedimento concursal.

O novo subdiretor-geral para área dos impostos sobre o património vai ganhar 4.035,35 euros mensais brutos, entre 3.408,41 euros do vencimento base, mais 626,94 euros de despesas de representação. Após a avaliação e seleção das candidaturas, o eleito será designado em regime de comissão de serviço, por um período de cinco anos, renovável uma vez por igual período, sem necessidade de recurso a procedimento concursal, segundo a CReSAP.

Também vão ser abertos procedimentos concursais pela CReSAP para o cargo de subdiretor-geral da Área de Recursos Financeiros e Patrimoniais, que é exercido, neste momento, por Nelson Roda Inácio, desde 2013, e para o lugar de subdiretor-geral da Área da Cobrança, função ocupada por Olga Maria Gomes Pereira, também desde 2013.

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Controlo de rendas prejudica gerações futuras, aponta estudo da Nova SBE

  • Lusa
  • 9 Abril 2025

Limitação à subida das rendas não funciona a médio e longo prazo, aponta estudo da Nova SBE. "O controlo de preço só pode ser eficaz a curto prazo e é geracionalmente injusto", avisam investigadores.

O controlo das rendas prejudica as gerações futuras, que são confrontadas com pouca oferta habitacional e valores exorbitantes, segundo um estudo da Nova SBE que conclui que a medida só é eficaz a curto prazo.

A limitação à subida das rendas não funciona a médio e longo prazo, alerta, assim, uma equipa de investigadores que analisou o impacto do controlo das rendas.

“O controlo de preço só pode ser eficaz a curto prazo e é geracionalmente injusto”, diz Marli Fernandes, uma das investigadoras responsáveis pelo projeto desenvolvido pela Nova SBE Economics for Policy Knowledge Center em parceria com a Fundação Calouste Gulbenkian.

O estudo hoje divulgado conclui que a medida política compromete os direitos e as necessidades das gerações futuras.

No curto prazo, as pessoas sem possibilidades económicas passam a ter acesso a habitação e acabam por ficar nestas casas. Mas no médio e longo prazo a oferta começa a diminuir e os preços sobem“, explica Marli Fernandes, recordando o caso de São Francisco, a cidade norte-americana que também esteve sob forte controlo de preços nos anos 90 e onde essa situação acabou por desmotivar os senhorios a colocar os seus apartamentos no mercado do arrendamento.

Também em Portugal, a percentagem de habitações para arrendamento passou para menos de metade desde 1960, segundo o Censos de 2021. Com menos oferta, os preços acabam por subir. Se nas casas mais antigas ocupadas por pessoas mais velhas ainda é habitual encontrar rendas baixas, nos fogos novos as rendas são muitas vezes proibitivas.

Os dados apresentados no estudo mostram que 70,51% dos portugueses pagam menos de 400 euros por mês. Em Lisboa, a percentagem é menor, mas chega quase a metade da totalidade dos contratos. São contratos antigos, quase sempre celebrados antes de 1991, sublinha Marli Fernandes.

Neste universo de rendas baixas, 30,53% dos arrendatários em Lisboa pagam menos de 200 euros por mês. No Porto, são 44,5% os que pagam menos de 200 euros.

Se as gerações anteriores tiveram acesso e continuam a usufruir de habitações a preços acessíveis, aos mais novos já só são oferecidos contratos de arrendamento com preços elevados: 28,85% dos contratos de arrendamento em Lisboa são de valores iguais ou superiores a 650 euros e quase 10% ultrapassam os mil euros. Em vários bairros lisboetas, os proprietários pedem atualmente cerca de 1.200 euros por um T2, segundo uma análise feita pela Lusa que comparou preços de várias plataformas.

Para os investigadores, o controlo de preços só é eficaz a curto prazo e é geracionalmente injusto, ao contrário do aumento da oferta da habitação que é eficaz e geracionalmente justo.

Os investigadores lembram países como a Finlândia que, no passado, decidiu liberalizar o mercado do arrendamento para aumentar a oferta da habitação e, em simultâneo, desenvolver medidas de apoio às famílias vulneráveis e aumentar o parque da habitação social.

Esta é também a recomendação do estudo da Nova SBE: Liberalização do mercado e crescimento do parque habitacional público. Entretanto, as famílias sem possibilidades de pagar rendas ao preço de mercado “devem ser identificadas e apoiadas”.

Marli Fernandes reconhece que estes problemas não se resolvem em dois ou três anos e por isso o trabalho deve começar pelas famílias vulneráveis e só depois liberalizar o mercado.

Portugal surge na cauda da Europa no que toca a parque habitacional público, que representa apenas 2% da totalidade dos fogos, por oposição à Suécia, onde 40% das casas são habitação social e cooperativa, segundo uma comparação de 13 países.

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Iberdrola BP Pulse investe 75 milhões em pontos elétricos em Portugal até 2026

A empresa de infraestruturas de carregamento elétrico quer ter 600 pontos operacionais até ao final deste ano, e já tem os direitos assegurados para outros 900.

A Iberdrola bp Pulse, a parceria entre a Iberdrola e a BP para a mobilidade elétrica e com foco no carregamento elétrico ultrarrápido, prevê investir um total de 75 milhões de euros em Portugal até ao final de 2026.

O objetivo foi divulgado esta manhã num evento com jornalistas. Atualmente, a parceria conta 180 pontos de carregamento em Portugal, esperando chegar ao final de 2025 com cerca de 600 pontos operacionais.

De momento, a empresa já tem assegurados os direitos sobre locais para a instalação de outros 900 pontos de carregamento, que lhe permitirão chegar a um total de 1.500 pontos no país. Mas o horizonte no qual vão ser executados depende do processo de licenciamento.

A empresa indica que as suas infraestruturas são as únicas a estar integralmente cobertas com a opção de pagar através de terminal multibanco, uma solução útil para clientes esporádicos, estrangeiros ou que simplesmente não tenham ainda cartão de carregamento ou aplicação. “Estamos a ter muita utilização”, indica Ricardo Pacheco, o gestor da Iberdrola BP Pulse em Portugal.

“Estamos a criar uma rede para o futuro”, indica o responsável, na medida em que os pontos de carregamento vão apostar em postos que podem chegar aos 400 KW. São potências que, reconhece, a maioria dos veículos ainda não consegue tirar partido (os pontos podem ser usados mas sem aproveitar o total do potencial), mas que serão úteis à medida que os modelos vão evoluindo. À data, existem oito pontos de carregamento com a potência de 400 KW em Portugal, todos da Iberdrola BP Pulse.

Estes postos estão espalhados por 55 concelhos a nível nacional, mas deverão estender-se a 92 concelhos até ao final de 2025. A ideia é, ainda, que parte dos novos pontos de carregamento estejam adaptados a veículos pesados, mas este objetivo não deverá ser concretizado já em 2025.

Em paralelo, a operadora de pontos de carregamento está a desenvolver serviços para frotas profissionais, em parceria com os sócios BP e Iberdrola, que podem vir a traduzir-se em pacotes de preço mais favoráveis para estes clientes, que representam 60% do volume de utilização em Portugal. Em cima da mesa está a hipótese de oferecer preços mais baixos para que os clientes empresariais desloquem os seus consumos para horas menos concorridas, como as da noite.

Estes pacotes vão estar em avaliação enquanto a regulação estabiliza. De momento, está em consulta pública uma proposta que Ricardo Pacheco diz ter “altas expectativas” de que será aprovada. Com as alterações previstas “podemos ser mais eficientes e oferecer melhores valores aos clientes”. Durante muitos anos, diz, valorizou o modelo instituído em Portugal, mas assume que para o mercado crescer é necessário mudar a legislação no sentido da proposta.

A Iberdrola BP Pulse assume-se como o maior operador ibérico de carga ultrarrápida, embora em Portugal, isoladamente, não seja líder. Espera terminar o ano com 2.000 pontos de carregamento na Península Ibérica, e até 2030 o objetivo é chegar aos 12.000.

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Buscas em estabelecimentos prisionais. Já foram detidos 13 suspeitos

Em causa estão suspeitas da prática dos crimes de corrupção ativa e passiva, tráfico de estupefacientes, tráfico de substâncias e métodos proibidos, falsificação de documentos e branqueamento.

A Polícia Judiciária (PJ) está a levar a cabo 32 mandados de busca e apreensão, 14 domiciliárias e 18 não domiciliárias, em estabelecimentos prisionais. Em comunicado, a PJ refere que a “Operação Mercado Negro” tem lugar nas zonas de Lisboa, Alcoentre, Sintra e Funchal e já foram detidos 13 suspeitos, dois dos quais são guardas prisionais.

Em causa está um alegado projeto criminoso, praticado, entre outros, por guardas prisionais que facilitam a entrada de substâncias ilícitas nos estabelecimentos prisionais a troco de vantagem patrimonial.

Nesta operação estão suspeitas da prática dos crimes de corrupção ativa e passiva, tráfico de estupefacientes, tráfico de substâncias e métodos proibidos, falsificação de documentos e branqueamento.

“A Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais prestou toda a colaboração à investigação desenvolvida, designadamente, através da Direção dos Serviços de Segurança e do Grupo de Intervenção e Segurança Prisional”, refere a PJ em comunicado.

Esta operação surge no âmbito de inquérito dirigido pelo DIAP Regional de Lisboa e as diligências foram acompanhadas por uma juíza de instrução, uma magistrada do Ministério Público e cerca de 200 inspetores e peritos da Polícia Judiciária.

Os detidos serão agora presentes a primeiro interrogatório judicial, para aplicação de medidas de coação adequadas.

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Governo leva resposta às tarifas a Conselho de Ministros. PS critica demora nos apoios

  • Lusa e ECO
  • 9 Abril 2025

Depois das reuniões com as associações empresariais no Ministério da Economia sobre o impacto das novas taxas impostas pelos EUA, o Executivo vai decidir sobre os apoios na reunião de quinta-feira.

O Conselho de Ministros de quinta-feira vai discutir o tema das tarifas aduaneiras aplicadas pelo presidente dos Estados Unidos da América e debater eventuais respostas, depois das reuniões do Governo com associações empresariais.

Fonte oficial do gabinete do primeiro-ministro disse hoje à comunicação social que a reunião do Conselho de Ministros será centrada no tema das tarifas, depois de o presidente da ATP (Associação Têxtil e Vestuário de Portugal) ter afirmado na terça-feira que o Governo está a preparar um plano “robusto” com medidas para apoio às empresas.

“O ministro transmitiu muita confiança de que brevemente vai apresentar um conjunto de medidas bastante abrangentes, desde a parte da formação, internacionalização, ajudas à exportação”, indicou Mário Jorge Machado, após uma reunião com o ministro da Economia Pedro Reis.

O Ministério da Economia está a reunir-se com associações empresariais de diversos setores entre terça-feira e hoje para avaliar “o impacto e as medidas de mitigação” das tarifas que o Presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou na quarta-feira, de 20% a produtos importados da União Europeia e que acrescem às de 25% sobre os setores automóvel, aço e alumínio.

Como o ECO adiantou esta terça-feira, a resposta do Governo português para ajudar as empresas a mitigar os impactos da guerra comercial deverá passar por seguros de crédito à exportação, apoios à formação, apoios à internacionalização e a diversificação dos mercados.

Esta manhã, à margem de uma sessão sobre inovação e digitalização em Portugal, no Museu das Comunicações, em Lisboa, o primeiro-ministro admitiu preocupação com a aplicação das tarifas aduaneiras pelos Estados Unidos da América, mas remeteu para quinta-feira uma resposta do ponto de vista nacional.

“Estamos preocupados, estamos a acompanhar, estamos em diálogo permanente com a Comissão Europeia e estamos também a tratar da nossa parte mais individualmente considerada. Amanhã teremos um Conselho de Ministros que será dedicado a esse tema e falaremos”, afirmou.

À saída da reunião desta manhã no Ministério da Economia, o secretário-geral da Associação Automóvel de Portugal (ACAP), Hélder Pedro, disse que apesar de Portugal apenas exportar 1% da produção automóvel para os EUA, sendo a UE afetada pelas tarifas de Trump, o país será “indiretamente penalizado”.

“A exportação para o continente americano é de cerca de 1%. [Mas] se afetar os motores da União Europeia, que são a Alemanha e a França, para onde nós exportamos, nós indiretamente seremos naturalmente penalizados”, avançou o secretário-geral da ACAP.

Pedro Nuno acusa Governo de inação

O secretário-geral do PS acusou esta manhã o Governo de inação na resposta às tarifas aduaneiras impostas pelos EUA e defendeu o apoio à diversificação dos mercados das empresas exportadoras e seguros de crédito público.

“As tarifas vão ter impacto nalguma da nossa indústria, nomeadamente dos têxteis, do próprio calçado, mas também indiretamente na nossa indústria de componentes automóveis. E, portanto, aquilo que nós precisávamos era ter um governo que reagisse com maior rapidez, como fez o governo espanhol”, respondeu aos jornalistas Pedro Nuno Santos no final de uma visita ao Mercado de Benfica, em Lisboa.

O secretário-geral do PS apontou que até ao dia de hoje, em que entram em vigor estas tarifas, não se conhece por parte do Governo PSD/CDS-PP “nenhum pacote de ajuda e de apoio à indústria potencialmente mais afetada com as tarifas norte-americanas”. “E nós precisamos é de um governo que seja capaz de atuar rapidamente”, defendeu.

Considerando “evidente para todos” a falta de ação do Governo nesta matéria, Pedro Nuno Santos referiu que, desde o anúncio destas tarifas, a única coisa que houve do executivo “foi uma reunião com as associações empresariais”.

“Nós precisávamos era que se apresentassem propostas, nomeadamente para apoiar a nossa indústria exportadora a direcionar parte das suas exportações para outros mercados”, disse, defendendo o apoio à “intensificação e a diversificação dos mercados das empresas exportadoras”.

Segundo o secretário-geral do PS, “isso implicaria uma reafetação de alguns fundos comunitários”, um trabalho de negociação com Bruxelas “já devia ter começado”. “E nós devemos também ter outras medidas de apoio às nossas empresas, como por exemplo seguros de crédito público para apoiar as nossas empresas a entrarem em mercados que ainda são desconhecidos para elas”, propôs.

IL defende negociações e “resposta cirúrgica” sem entrar em escalada

O presidente da IL defendeu a via negocial para responder às tarifas aduaneiras impostas pela administração norte-americana de Donald Trump e pediu que se adote uma “resposta cirúrgica e assertiva”, sem criar uma “guerra tarifária aberta”.

Em declarações aos jornalistas na Praça do Duque de Saldanha, em Lisboa, onde a IL divulgou hoje um novo cartaz eleitoral, Rui Rocha considerou que Donald Trump iniciou uma “guerra tarifária”, que “é má para todos os portugueses, porque vai atrasar o desenvolvimento económico ou mesmo gerar uma crise económica”.

“Como é que se pode responder a esta situação? A visão da IL é que, do ponto de vista económico, sendo as tarifas negativas más para a economia e para Portugal, não faz sentido ter uma resposta igual, ou seja, aumentar indiscriminadamente tarifas”, sustentou.

Para Rui Rocha, o que faz sentido é tomar medidas que mostrem a Donald Trump que Portugal “não está contente” com as tarifas aduaneiras e adotar uma “resposta cirúrgica e assertiva, focada em aspetos essenciais, mas que não envolva o mundo numa guerra tarifária aberta, indiscriminada”.

Interrogado se considera que o Estado português deve apoiar os setores mais afetados pelas tarifas, Rui Rocha considerou que “essa decisão seria apressada neste momento”, frisando que agora é preciso mostrar a Donald Trump “que esta decisão é errada” para os próprios Estados Unidos.

“E, portanto, estar a tomar já medidas de apoio apressadas sem que se esgote a possibilidade de fazer reverter estas decisões por via negocial… Parece-me que é o momento de esperar, de negociar, de insistir na via diplomática. Medidas de apoio a algo que ainda não está totalmente concretizado não fazem sentido nesta altura”, afirmou.

Já sobre se considera que o Governo desvalorizou esta questão, como criticou o secretário-geral do PS e a coordenadora do BE, Rui Rocha afirmou não lhe parecer que “se possa fazer essa acusação” atualmente. “As questões ainda estão muito no início. Haverá seguramente momento para negociações, já veremos se o Presidente Trump, que tomou esta decisão, tem margem ou não para fazer algum tipo de recuo”, disse.

As tarifas, que o Presidente dos EUA chama de “recíprocas”, entram hoje em vigor, tratando-se de uma taxa que se soma à tarifa mínima global de 10% que se começou a aplicar em 5 de abril.

O Presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou na passada quarta-feira, num dia que apelidou de “dia da libertação”, uma tarifa de 10% sobre 184 países e territórios, incluindo a União Europeia (UE), bem como a imposição de uma tarifa adicional para aqueles que considera serem os “piores infratores”.

Está em causa uma tarifa “recíproca”, que corresponde a cerca de metade da taxa aplicada pelos outros países aos EUA, disse Trump, tendo exibido uma tabela com o nível das barreiras comerciais e não comerciais sobre produtos norte-americanos em vários países.

Contempla uma taxa de 20% sobre as importações da União Europeia e de 34% sobre os produtos chineses, enquanto os produtos da Índia passam a pagar 26%, de Taiwan 32% e do Vietname 46%. Encontram-se na lista ainda outros países, que podem no entanto entrar em negociações com os EUA para impedir a aplicação imediata das tarifas.

Já a UE espera apresentar a resposta às tarifas de 20% impostas pelos Estados Unidos no início da próxima semana.

 

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