Ministério Público acusa de homicídio PSP envolvido na morte de Odair Moniz

  • Lusa
  • 29 Janeiro 2025

Ricardo Serrano Vieira disse que “foi deduzida acusação por um crime de homicídio” contra o seu cliente, acrescentando que vai consultar o processo e ponderar se vai ou não requerer instrução.

O Ministério Público (MP) acusou de homicídio o agente da PSP envolvido na morte de Odair Moniz no bairro da Cova da Moura (Amadora), distrito de Lisboa, confirmou à agência Lusa o advogado do arguido.

Ricardo Serrano Vieira disse que “foi deduzida acusação por um crime de homicídio” contra o seu cliente, acrescentando que vai consultar o processo e ponderar se vai ou não requerer a abertura de instrução, fase facultativa que visa decidir por um juiz de instrução criminal se o processo segue e em que moldes para julgamento.

Odair Moniz, cidadão cabo-verdiano de 43 anos e morador no Bairro do Zambujal, na Amadora, foi baleado por um agente da PSP na madrugada de 21 de outubro, no bairro da Cova da Moura, no mesmo concelho, distrito de Lisboa, e morreu pouco depois, no Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa.

De acordo com a versão oficial da PSP, o homem pôs-se “em fuga” de carro depois de ver uma viatura policial e despistou-se na Cova da Moura, onde, ao ser abordado pelos agentes, “terá resistido à detenção e tentado agredi-los com recurso a arma branca”.

A associação SOS Racismo e o movimento Vida Justa contestaram a versão policial e exigiram uma investigação “séria e isenta” para apurar responsabilidades, considerando que está em causa “uma cultura de impunidade” nas polícias.

Nessa semana registaram-se tumultos no Zambujal e noutros bairros da Área Metropolitana de Lisboa, onde foram queimados e vandalizados autocarros, automóveis e caixotes do lixo, somando-se cerca de duas dezenas de detidos e outros tantos suspeitos identificados.

Além do processo judicial, estão a decorrer na Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI) e na PSP processos de âmbito disciplinares.

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Ministra do Trabalho chamada ao Parlamento sobre sustentabilidade da Segurança Social

  • Lusa
  • 29 Janeiro 2025

Maria do Rosário Ramalho vai ser ouvida na comissão parlamentar do Trabalho, Segurança Social e Inclusão após a aprovação de requerimentos da IL e do BE.

A ministra do Trabalho vai ser ouvida no Parlamento a propósito do relatório do Tribunal de Contas sobre a sustentabilidade da Segurança Social e a constituição de um grupo de trabalho para aprofundar este tema. A ida de Maria do Rosário Ramalho à Comissão do Trabalho, Segurança Social e Inclusão surge na sequência de requerimentos da Iniciativa Liberal (IL) e do Bloco de Esquerda (BE), que foram aprovados esta quarta-feira por unanimidade.

No caso do requerimento apresentado pela IL, o objetivo é ouvir a atual titular da pasta da Segurança Social, bem como os dois anteriores governantes que ocuparam o cargo, após o Tribunal de Contas ter alertado que os relatórios sobre a sustentabilidade da Segurança Social têm falhas.

“De entre as conclusões do relatório do Tribunal de Contas, estão refletidas um conjunto de considerações para as quais a IL tem vindo a alertar sistematicamente, muitas vezes de forma isolada, sobre a escassez de informações e avaliação do nosso sistema de Segurança Social, bem como a sua (in)sustentabilidade“, lê-se no texto do requerimento.

A IL destaca em particular o facto de, no relatório sobre a auditoria, o Tribunal de Contas apontar “o agravamento do peso do saldo global dos sistemas de proteção social no PIB que se deverá registar até 2042” como um “risco acrescido para as finanças públicas e para o atual nível de benefícios garantido pelo sistema”.

Para os liberais, isto expõe “as fragilidades e a necessidade de reforma do sistema atual de Segurança Social, o que tem gerado algum alarme na sociedade civil”.

A IL requer assim a audição da atual ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Maria do Rosário Palma Ramalho, e dos dois anteriores titulares da pasta: Ana Mendes Godinho (entre 2022 e 2024) e José Vieira da Silva (de 2015 a 2022).

Além destes antigos governantes, vão também ser chamados à comissão a presidente do Tribunal de Contas, Filipa Urbano Calvão, e a equipa de coordenação e supervisão do relatório relativo à auditoria.

Já o requerimento do Bloco de Esquerda quer ouvir Maria do Rosário Ramalho para que a ministra esclareça os objetivos e a agenda política do grupo de trabalho constituído para aprofundar a análise da sustentabilidade do sistema de Segurança Social.

Este grupo de trabalho, que entra em funções formalmente esta quinta-feira, é liderado pelo economista e professor da Universidade Nova Jorge Bravo, que também vai ser ouvido no Parlamento no âmbito deste requerimento do BE.

Para os bloquistas este grupo de trabalho “suscita as maiores preocupações” quer pelo seu enquadramento, quer pelo seu mandato, quer pela sua composição.

“A retórica do Governo, seguindo aliás os métodos do professor Jorge Bravo, pretende criar uma falsa ideia de que haveria um problema de sustentabilidade no sistema previdencial da segurança social, misturando para isso as contas da Segurança Social com a Caixa Geral de Aposentações”, indica o requerimento, acrescentando que esta ideia “não tem qualquer sustentação na realidade: o sistema previdencial público tem tido saldos positivos superiores a 4 mil milhões de euros anuais”.

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Tribunal permite a 12 operadores turísticos circular no centro do Porto sem restrições

  • Lusa
  • 29 Janeiro 2025

O tribunal deu razão a 12 operadores turísticos contra o município do Porto e determinou a suspensão das restrições no centro histórico para estas empresas.

O Tribunal Administrativo e Fiscal (TAF) do Porto aceitou a providência cautelar interposta por 12 operadores turísticos contra o município do Porto e determinou a suspensão das restrições no centro histórico para estas empresas, foi esta quarta-feira revelado.

Na decisão, datada de terça-feira e a que a Lusa teve acesso, a juíza do TAF afirma não ser possível “concluir pela existência de um dano preponderante para o interesse público que implique a recusa da providência“.

“Julgo totalmente procedente o presente processo cautelar e, em consequência, determino a suspensão, com efeitos circunscritos ao caso dos requerentes [12 operadores turísticos], da decisão normativa resultante do despacho de 15.07.2024, que estabelece uma zona de restrição determinando a proibição da circulação e o desenvolvimento da atividade de animação turística através de veículos com lotação igual ou inferior a nove lugares em tal zona a operadores não licenciados”, lê-se.

Em causa está o projeto-piloto de restrição ao trânsito de veículos turísticos que arrancou a 1 de outubro de 2024 e durará um ano, estando os operadores sujeitos a um regime de autorização prévia por parte do município.

As 12 empresas apresentaram uma providência cautelar contra o município para suspender a eficácia do concurso para a atribuição de cinco licenças de exploração de circuitos turísticos e para assegurar a livre circulação dos veículos turísticos na zona de restrição.

Em declarações à Lusa, o administrador da WildBloom, uma das 12 operadoras com veículos até nove lugares — tuk-tuks, ‘buggies’, carrinhas ‘transfer’ — que intentou a ação, afirmou que, com esta decisão, o tribunal “dá razão” às empresas.

“Os prejuízos que já foram causados e que seriam causados se não houvesse esta decisão seriam irreparáveis”, assinalou Alex Dominguez Ramos, acrescentando que as restrições deixarão de ser aplicáveis às empresas que apresentaram a ação.

Continuamos disponíveis para encontrar uma solução, porque sabemos que há problemas no trânsito, mas acho que não ficaria mal um pedido de desculpas [da câmara]”, acrescentou.

Os prejuízos que já foram causados e que seriam causados se não houvesse esta decisão seriam irreparáveis.

Alex Dominguez Ramos

Administrador da WildBloom

O presidente da câmara do Porto, Rui Moreira, vai esta quarta-feira prestar declarações sobre esta decisão do tribunal.

O município do Porto alargou, a 10 de janeiro, o período de circulação de veículos turísticos na baixa e centro histórico, que passou a ser permitido entre as 08h00 e 18h00, “mediante autorização expressa dos pedidos”. Inicialmente, os veículos turísticos apenas podiam circular nestas zonas da cidade entre as 10h00 e as 17h00.

Entre as 18h00 e as 20h00 os operadores estão proibidos de entrar na zona de restrição, sendo que o acesso “poderá ser efetuado mediante comunicação prévia entre as 20h00 e as 8h00 de segunda a sexta-feira, assim como aos sábados e domingos, não carecendo de decisão dos serviços”.

O tempo de permanência nos pontos de paragem também sofreu alterações, tendo sido alargado de seis para 10 minutos.

O parque de estacionamento da Alfândega e os terminais das Camélias e Asprela servem como locais de estacionamento para os veículos pesados de passageiros não autorizados.

Os pedidos de autorização deverão ser feitos através do portal do munícipe ou no gabinete do munícipe “com, pelo menos, 20 dias de antecedência”.

Atualmente, apenas um comboio turístico e autocarros de dois andares ‘hop-on, hop-off’ podem circular numa zona delimitada no centro do Porto, ao abrigo de licenças municipais. ‘Tuk-tuks’ e autocarros turísticos de serviço ocasional estão impedidos de circular.

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Pignus Crédito Económico Popular contrata João Monge de Gouveia como Head of Legal and Compliance

João Monge de Gouveia é o novo Head of Legal, Regulatory Compliance and Corporate Affairs da Pignus – Crédito Económico Popular S.A., tendo sido também nomeado DPO and AML officer.

João Monge de Gouveia é o novo Head of Legal, Regulatory Compliance and Corporate Affairs da Pignus – Crédito Económico Popular S.A., tendo sido também nomeado DPO and AML officer.

Esta empresa recentemente criada, formou-se a partir da cisão do negócio de penhores do Banco Invest e da aquisição deste ramo de negócio por parte da Kruso Kapital SpA, uma empresa que pertence ao Grupo Italiano Banca Sistema.

João Monge de Gouveia, tem mais de 20 anos de experiência tanto como advogado em sociedades de advogados como em posições internas em empresas, tendo sido membro de várias equipas jurídicas multidisciplinares e participado em vários processos judiciais, arbitragens, bem como em fusões, cisões, reestruturações e integrações nacionais e internacionais de várias empresas e respetivas áreas de negócio.

Iniciou a sua carreira como advogado no escritório de Celeste Cardona e de Luís Queiró tendo passado posteriormente pela sociedade de Advogados Abreu & Marques, onde trabalhou em diversas áreas do Direito e com várias empresas, em diferentes áreas de negócio, e pela Andrade de Matos e Associados onde foi responsável pelo departamento de corporate e co-manager do escritório.

No âmbito interno de empresas foi Head of Legal & Compliance, do Grupo Renault em Portugal, tanto na parte comercial como na parte industrial, tendo sido também Real Estate Manager da parte comercial, Data Proteccion Officer da Fábrica e o responsável de Ética de todo o grupo em Portugal. Desde 2022 era Head of Legal do Grupo Dovalue em Portugal.

João Monge de Gouveia licenciou-se em Direito no ano de 2000, é pós-graduado em Sociedades Comerciais e em Propriedade Industrial, Direitos de Autor e Sociedade da Informação pela Faculdade de Direito da Universidade de Direito de Lisboa, sendo também pós-graduado em Corporate Finance pela mesma Faculdade. Frequentou também um curso de proteção de Dados ministrado pela Faculdade de Direito da Universidade Nova.

A PIGNUS – Crédito Económico Popular S.A., antiga marca do Banco Invest denominada Crédito Económico Popular, é detida a 100% pela empresa Kruso Kapital S p A que pertencendo ao Grupo Italiano Banca Sistema é o primeiro player dentro de um grupo bancário a operar tanto no negócio de penhores como no mercado de leilões de objectos preciosos e de arte e que é cotada na Bolsa de Milão.

Através das suas marcas, produtos e serviços, a Kruso Kapital opera na valorização e no investimento de bens valiosos e obras de arte; em particular, no negócio de penhores. E, através da sua casa de leilões – Art-Rite – desempenha um papel no mercado da arte moderna, contemporânea e antiga, bem como em alguns segmentos de colecionadores, como o dos automóveis.

O Grupo Banca sistema, que através da Kruso Kapital S.pA., já tem agências em Itália e Grécia, passa, assim, a estar representado em Portugal através da PIGNUS – Crédito Económico Popular S.A., que acrescenta a este grupo uma rede de 16 agências espalhadas por todo o País e um valor de créditos sobre penhor aproximado de 16 milhões de Euros.

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Fundo da Noruega reduz exposição a ações portuguesas. EDP é a maior aposta

Maior fundo do mundo, com 1,7 biliões de euros sob gestão, detinha participações em dez cotadas nacionais no final de 2024, menos três que no ano anterior. Já exposição à dívida pública disparou.

O fundo soberano da Noruega, que é o maior investidor do mundo com 1,7 biliões de euros sob gestão, detinha, no final de 2024, 1,74 mil milhões de dólares (1,64 mil milhões de euros) investidos em ações e dívida nacionais. Trata-se de uma descida de cerca de 13% face aos cerca de dois mil milhões investidos em Portugal no final de 2023, justificada pelo desinvestimento em ações da bolsa nacional e pela evolução negativa dos títulos da EDP, apesar de o Norges Bank até ter reforçado a participação na elétrica.

As ações continuam a ser o maior investimento do Norges Bank em Portugal, segundo mostram os dados anuais divulgados esta manhã pelo fundo soberano da Noruega, que fechou o ano passado com um lucro de 213 mil milhões à boleia das tecnológicas. O fundo detinha, a 31 de dezembro de 2024, 1.185,1 milhões de dólares (1.135,8 milhões de euros) em títulos cotados na bolsa lisboeta, um número que compara com 1.738,5 milhões de dólares no final do ano anterior.

O Norges Bank era acionista, no final de 2024, de dez empresas portuguesas: BCP, Corticeira Amorim, CTT, EDP e EDP Renováveis, Galp Energia, Jerónimo Martins, Nos, REN e Sonae. Da carteira de ações detidas em Portugal saíram, no último ano, Altri, Ibersol e Mota-Engil.

A EDP continua a ser a principal aposta do fundo na bolsa lisboeta. O Norges Bank reforçou a sua posição na elétrica, passando a controlar 5,62% do capital da empresa, acima dos 4,67% detidos um ano antes. A participação avaliada no final do ano em 752,3 milhões de dólares é, ainda assim, inferior à posição de 983,5 milhões no final de 2023, fruto da forte desvalorização (32,14%) registada pela empresa ao longo do último ano.

Já a EDP Renováveis, a subsidiária da elétrica, recolheu menos investimento do Norges Bank, com o fundo a diminuir a sua participação no capital da empresa para 0,37%, abaixo dos anteriores 0,66%.

À exceção da EDP, o título onde mais reforçou a posição, o Norges Bank apenas aumentou a sua participação no capital da Nos, de 1,08% para 1,25%, e na Corticeira Amorim, de 0,67% para 0,72%. Em todas as outras empresas onde investe, as participações reduziram-se, com especial enfoque no BCP e na Jerónimo Martins.

No caso do BCP, o fundo da Noruega aproveitou a escalada das ações do banco no último ano para arrecadar algumas mais-valias, diminuindo a sua participação de 2,43% para 1,13%. Já a posição na Jerónimo Martins caiu de 1,36% para apenas 0,48% do capital da retalhista e a posição nos CTT caiu de 1,5% para 0,66% (5,1 milhões).

A Galp Energia é o segundo maior investimento em Portugal. A participação de 1,39% vale 172,7 milhões de dólares (164,86 milhões de euros), um valor em linha com o registado no ano anterior, apesar da posição inferior, face aos 1,44% detidos no final de 2023.

Os investimentos na REN e Sonae também desceram, com as participações a recuarem de 1,53% e 1,33% para 1,38% e 1,2%, respetivamente.

Investimento em dívida pública dispara

Ao contrário das ações nacionais, que captaram menos interesse por parte do Norges Bank, a exposição às Obrigações do Tesouro disparou. O fundo detinha 224,6 milhões de dólares (215,3 milhões de euros) investidos em dívida pública portuguesa, um valor que compara com pouco mais de 8,4 milhões no final de 2023.

Mas os investimentos do Norges Bank em dívida nacional não se fica pela exposição às obrigações soberanas. O fundo detém ainda uma posição de 133 milhões de euros aplicados em títulos de dívida do Novobanco, até 77,3 milhões do Santander ou 14,5 milhões em obrigações da Região Autónoma dos Açores. Na carteira de dívida constam ainda investimentos em títulos da EDP e BPI.

No total, o fundo soberano da Noruega detinha, no final de 2024, 583,3 milhões de dólares (559 milhões de euros) em obrigações emitidas por entidades nacionais. Trata-se de mais do dobro dos cerca de 235 milhões de euros no ano anterior.

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Credores querem que plano de Delgado para a dona da Visão vá a votos. Liquidação fica suspensa

A Autoridade Tributária e a Segurança Social votaram a favor da apresentação do plano, enquanto a Impresa se absteve e o Novobanco votou contra. O plano tem agora de ser apresentado dentro de 30 dias.

A assembleia de credores da Trust in News (TiN), dona da Visão de outros títulos, decidiu esta quarta-feira que quer que o plano de reestruturação Luís Delgado, acionista único da empresa, seja apresentado e votado, apurou o +M. Fica assim suspensa a liquidação da empresa.

A Autoridade Tributária e a Segurança Social (os principais credores) votaram a favor da apresentação do plano, enquanto a Impresa se absteve e o Novobanco votou contra. O plano de insolvência com recuperação tem agora ser apresentado dentro de 30 dias.

A assembleia de credores rejeitou no entanto o regresso à administração de Luís Delgado, ficando a gestão da empresa a cargo do atual administrador de insolvência, André Correia Pais.

Em análise, esta quarta-feira, esteve o parecer do administrador de insolvência da TiN, que propôs a continuidade da empresa e suspensão da liquidação da massa insolvente sendo que, caso os credores chumbassem a proposta, o caminho passaria pela liquidação do património da insolvente e o seu encerramento.

No que respeita à solução proposta para deliberação dos credores, o administrador de insolvência apresentou dois pontos, sendo que o primeiro respeitava à “continuidade da empresa e a suspensão da liquidação da massa insolvente, mediante a aprovação de um Plano de Insolvência a votar em assembleia a convocar para esse efeito“.

Até à votação do Plano de Insolvência (segundo ponto), “a administração da insolvente deve ser atribuída à anterior gerência, ainda que sujeita a fiscalização pelo aqui administrador de insolvência, nos moldes previstos no artigo 226.º do CIRE, ou como entendam melhor os senhores credores”, lia-se no relatório do administrador de insolvência da dona da Visão e de outros títulos, André Pais.

Caso este segundo ponto não tivesse concordância, era proposto, “em último recurso, e caso seja essa a vontade dos senhores credores, a continuação da administração do estabelecimento pelo aqui administrador da insolvência até à data de apreciação e votação de um Plano de Insolvência, sendo que nesse sentido o aqui signatário propõe uma remuneração mensal de oito mil euros a que deverá acrescer um montante de 500 euros para deslocações e outras despesas”.

Caso os credores entendam que a proposta não devesse ser acolhida e em caso de não aprovação do ponto um, o administrador de insolvência propunha o “prosseguimento dos autos para a liquidação do património da insolvente e, consequentemente o encerramento do estabelecimento da mesma, ainda que tal encerramento possa ocorrer em data posterior à do início da liquidação, permitindo assim, eventualmente, a manutenção de forma temporária, e se for o caso, de algumas atividades e operações que sejam indispensáveis à não deterioração do valor dos ativos apreendidos”.

Adicionalmente, o administrador de insolvência propôs “a votação de toda e qualquer proposta ou moção que possa ser colocada à consideração da assembleia por credor ou conjunto de credores que representem pelo menos 10% do total dos créditos constantes na lista provisória” que está no relatório.

A Comissão de Credores tem como membros efetivos o Instituto da Segurança Social, a Autoridade Tributária, a Impresa Publishing, o Novo Banco e o representante dos trabalhadores a indicar pela Comissão de Credores. Os CTT e o BCP são membros suplementes da Comissão.

O plano apresentado por Luís Delgado, recorde-se, prevê como principais medidas a suspensão ou venda de oito títulos e o ajuste da periodicidade de mais quatro, a redução em cerca de 50 pessoas do quadro de funcionários e o pagamento de 40% da dívida aos credores comuns em 15 anos, com bullet (amortização única) de 60% na 150.ª prestação.

O representante da Comissão de Trabalhadores Rui Ferreira, que falava na assembleia de credores da Trust in News (TiN), que decorreu no Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa Oeste, em Sintra (Lisboa), afirmou que “66 trabalhadores pediram a liquidação da empresa”, acrescentando que “os trabalhadores não têm confiança na administração”.

Rui Ferreira descreveu ainda a vida na empresa como um “inferno”, e acrescentou que “não é concebível que se aprovem coisas com base em promessas”, tendo em conta que os trabalhadores continuam em atividade com o “equivalente a seis salários em falta”.

 

 

(Notícia atualizada pela última vez às 13h52)

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Venda de casas aumentou 13% em 2024 e preços subiram 12%, segundo a APEMIP

  • Lusa
  • 29 Janeiro 2025

Os compradores estrangeiros representaram em 2024 cerca de 12% do volume de vendas, registando uma taxa de crescimento média anual de 8% entre 2019 e 2024.

O número de casas vendidas registou uma subida homóloga de 13,1% e um acréscimo de 12% nos preços em 2024, segundo dados da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal, divulgados esta quarta-feira.

Num retrato sobre o setor imobiliário em 2024, a associação liderada por Paulo Caiado diz que “não é verdade” que exista uma crise generalizada na habitação, tendo em conta a valorização do mercado imobiliário que se tem registado, o facto de 73% dos agregados familiares em Portugal terem imóveis e 65% terem a casa paga.

Além disto, assinalam os dados revelados num encontro com jornalistas, muitas das soluções que têm sido apontadas ou adotadas têm um reduzido impacto na baixa do preço das casas, o que faz com que estas continuem a não ser acessíveis para a generalidade das pessoas.

Ou seja, fazer com que as casas fiquem 10% mais baratas não faz com que estas se tornem acessíveis para ninguém porque, referem os dados da APEMIP, “os preços distanciaram-se muito dos rendimentos das famílias”.

De acordo com a informação disponibilizada, os compradores estrangeiros representaram em 2024 cerca de 12% do volume de vendas, registando uma taxa de crescimento média anual de 8% entre 2019 e 2024, o que faz com que tenham um “papel crucial no mercado”.

A associação sublinha ainda as alterações observadas na estrutura demográfica e socioeconómica da população ao longo das últimas décadas, notando que, entre 1981 e 2021, a população de Portugal aumentou 5% para 10,3 milhões. Por outro lado, neste período de tempo, a dimensão média das famílias recuou de 3,3 para 2,5 membros.

a população estrangeira entre 2011 e 2021 aumentou 37%, situação que, indica a APEMIP, contribuiu “para a diversificação do mercado habitacional e para a procura residencial” em Portugal.

O desequilíbrio entre a oferta e a procura é um dos fatores que tem pressionado os preços. Segundo refere, entre 2011 e 2021 registou-se um crescimento residual do stock habitacional equivalente a 11 mil fogos anuais.

Em paralelo, as vendas de fogos residenciais têm registado um crescimento “consistente” desde 2015, com a trajetória positiva do volume de procura a ser impulsionada pelo mercado nacional e atratividade do mercado internacional.

“Os valores de venda continuam a subir devido ao desequilíbrio entre oferta e procura”, salienta a APEMIP acrescentando que o preço médio por metro quadrado em Lisboa e no Porto está próximos dos cinco mil e os 3.300 euros, respetivamente — sendo que os valores prime alcançaram já os 10 mil e 7.500 euros por metro quadrado, pela mesma ordem.

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Parlamento chama Sarmento, Centeno e Carlos Costa para audições sobre Novobanco

  • Lusa
  • 29 Janeiro 2025

O ministro das Finanças e o governador do Banco de Portugal, bem como o antigo governador Carlos Costa, serão chamados a prestar declarações sobre o fim do acordo de capital contingente do Novobanco.

O requerimento do PS para audições sobre o fim do acordo de capitalização contingente celebrado no âmbito da venda do Novobanco foi aprovado esta quarta-feira no Parlamento, com a inclusão do nome de Carlos Costa, antigo governador do Banco de Portugal.

O grupo parlamentar socialista tinha pedido a audição parlamentar do ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, do atual governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, e do responsável pelo Fundo de Resolução, Luís Máximo dos Santos, para fazer um balanço deste processo. A votação do requerimento gerou uma discussão entre o PS e PSD relativa à qualidade em que Mário Centeno seria ouvido, uma vez que também acompanhou o dossiê enquanto ministro das Finanças.

Durante a discussão na comissão parlamentar de Orçamento, Finanças e Administração Pública, foi também proposto incluir Carlos Costa, antigo governador do supervisor da banca, na lista de personalidades a ouvir.

Todos os nomes foram aprovados por unanimidade, à exceção de Mário Centeno, que contou com o voto contra do PSD, por estar apenas na qualidade de atual governador e não também de antigo responsável pela pasta das Finanças.

Segundo o requerimento enviado pelo PS à comissão parlamentar de Orçamento, Finanças e Administração Pública, é essencial “promover um balanço detalhado deste processo, revisitando as decisões estratégicas que garantiram a estabilidade e analisando os seus impactos na economia nacional”.

Em dezembro de 2024 foi assinado um acordo entre o Fundo de Resolução e o Novobanco que permitiu antecipar o encerramento do Acordo de Capitalização Contingente (CCA), cujo final estava previsto para o termo de 2025. Por esse motivo, o PS quer ouvir o Banco de Portugal, o Fundo de Resolução e o ministro de Estado e das Finanças “sobre o fim do acordo de capitalização contingente celebrado no âmbito da venda do Novo Banco”.

Para os socialistas, este desfecho representa “o sucesso das opções adotadas aquando da venda do Novobanco em 2017, e desmente as previsões catastrofistas sobre a utilização do CCA e sobre a sustentabilidade” do Novobanco.

O fim antecipado do acordo de capitalização contingente (CCA) deverá ter um impacto de 62,7 milhões de euros nos resultados da instituição, que passa agora também a poder distribuir dividendos, como indicou a instituição financeira um comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) a 9 de dezembro.

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Isabel dos Santos diz que foi obrigada a vender Eurobic “por migalhas” e que lucro foi para o Abanca

  • ECO
  • 29 Janeiro 2025

Filha do ex-Presidente angolano queixa-se de ter recuperado um "banco falido" e ter sido obrigada a vendê-lo depois "por migalhas", com os lucros a irem para "outros".

Isabel dos Santos queixou-se de ter sido obrigada a vender o Eurobic “por migalhas”, depois de ter ajudado a recuperar “o banco falido”, sendo que os lucros estão agora a ser colhidos por “outros”, designadamente o Abanca, que comprou o banco português no ano passado.

Partilhando uma notícia do ECO sobre os resultados recorde do Abanca, para os quais o Eurobic contribuiu com 350 milhões de euros, a filha do antigo Presidente angolano lembrou que ajudou a recuperar “um banco falido” e depois foi obrigada a vender ao desbarato para “outros” ficarem com os resultados.

“Comprámos um banco falido em Portugal, reconstruímos e criamos o Eurobic… e fomos obrigados a vender por migalhas… os resultados agora é para os outros”, escreveu Isabel dos Santos na sua conta na plataforma X.

O Abanca registou lucros recorde de 1,2 mil milhões de euros em 2024, um resultado para o qual contribuiu o Eurobic com 350 milhões, segundo anunciou o banco galego.

Os acionistas do Eurobic, incluindo Isabel dos Santos, fecharam a venda ao Abanca no verão passado, colocando um ponto final no impasse acionista na sequência do caso Luanda Leaks, em 2020.

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Bruxelas quer ‘fábricas de IA’ na UE para impulsionar competitividade

'Fábricas de AI', 28º regime para startups e um novo fundo. Bússola para a Competitividade da UE promete um corte "sem precedentes" na burocracia, a começar pela sustentabilidade.

A Comissão Europeia está focada em “recuperar a competitividade” na União Europeia, sendo uma matéria “de máxima urgência e prioridade”. Assim, o executivo comunitário apresentou a Bússola para a Competitividade, uma estratégia inspirada no Relatório Draghi e que visa fechar o gap da inovação, acelerar a descarbonização e a competitividade nos 27 Estados-membros e reduzir as dependências, aumentando a resiliência e segurança económica. Desde logo, apostando massivamente no desenvolvimento de inteligência artificial (IA) na União Europeia (UE).

Só 13% das nossas empresas recorrem a inteligência artificial, uma em cada sete. E isso tem de mudar“, declarou Ursula von der Leyen durante a apresentação do roteiro, esta quarta-feira, após a reunião do colégio de comissários, em Bruxelas.

Durante a conferência de imprensa, a presidente do executivo comunitário anunciou o lançamento de uma “ampla estratégia para a IA” no bloco, com especial enfoque a nível industrial e em setores chave que “passará pela criação das chamadas ‘fábricas de IA’ que oferecerão às empresas supercomputadores para promoverem, desenvolverem e treinarem os seus modelos“, explicou von der Leyen. Mas as iniciativas não ficarão por aqui.

Focada em impulsionar novas utilizações industriais da IA e melhorar os serviços públicos com a referida estratégia, a Comissão Europeia vai ainda criar um novo Conselho Europeu de Investigação sobre IA. E, no sentido de assegurar uma partilha de dados segura, vai formalizar a Estratégia para uma União Europeia dos Dados.

Por fim, o executivo comunitário quer aumentar o investimento na supercomputação, nos semicondutores, na Internet das coisas (IoT), na genómica, na computação quântica e na tecnologia espacial. “Temos de estar focados na inovação”, defendeu von der Leyen, ciente de que a estratégia europeia surge depois da ambição de Donald Trump de trazer 500 mil milhões de dólares para os Estados Unidos para inaugurar novos centros de dados.

“O anúncio é claro”, referiu von der Leyen quando questionada sobre o investimento americano em IA, “está curso uma corrida para liderar a IA. É indubitável“, disse. Ainda assim, essa aposta não deverá minar os esforços europeus, apenas impulsioná-los. “Temos de disponibilizar estas fábricas de IA e dar às empresas a capacidade de criar supercomputadores para poderem treinar os seus modelos”, declarou.

Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, na apresentação da Bússola para a Competitividade da UE, em Bruxelas EPA/OLIVIER HOSLET

28.º regime para startups e 37 mil milhões em poupanças

Depois, a missão será reduzir a burocracia, passando por uma simplificação de processos. “Recebemos um sinal claríssimo das empresas europeias de que há uma excessiva complexidade e um processo de licenças longo e pesado”, começou por referir a presidente da Comissão Europeia. “Temos de cortar na burocracia”, acrescentou a líder alemã, dando nota que a primeira proposta de simplificação da Comissão, o Ombinus, será apresentado no próximo mês e terá como primeiro foco aliviar as regras de reporte das empresas em matéria de sustentabilidade, finanças sustentáveis e taxonomia.

Com esta simplificação, Bruxelas prevê reduzir as obrigações regulatórias em cerca de 25% para todas as empresas privadas e em 35% para as pequenas e médias empresas. Quanto a custos, a Comissão prevê que poderá ser possível poupar 37 mil milhões de euros por ano, até 2029.

Mais, Berlaymont prevê a criação um novo regime único — um 28.º regime — numa base de adoção voluntária com o objetivo de harmonizar as regras do mercado interno para startups. Os detalhes não foram conhecidos (isso só deverá acontecer no final do ano), mas von der Leyen quer que a fiscalidade na UE seja mais equilibrada.

“Queremos que as empresas consigam expandir. Que passem de emergentes para uma fase de expansão. A necessidade de todos na UE é vermos startups com sucesso, com capacidade de escalar, com valor acrescentado e terem o acesso de mercado que merecem. É do interesse de todos“, defendeu Von der Leyen, ressalvando, no entanto, que as políticas de fiscalidade discutidas e propostas no bloco exigem a unanimidade dos chefes de Estado no Conselho Europeu.

Bruxelas anuncia novo fundo e quer União de Capitais este ano

Para concretizar a nova estratégia para a competitividade, a Comissão Europeia está a preparar um novo Fundo Europeu de Competitividade, mais abrangente e menos fragmentado, que apoiará projetos importantes de interesse comum.

Segundo o comissário europeu para a Prosperidade e Estratégia Industrial, Stéphane Séjourné esse “trabalho já começou”, detalhando que este fundo “vai permitir que cada euro liberte mais investimento privado na nova economia”. Assim, acrescentou, este mecanismo somado às quotas orçamentais dos Estados-membros vai permitir dar o “verdadeiro ímpeto à competitividade europeia”, defendeu o comissário.

Segundo as contas de Mario Draghi, a recuperação da competitividade na UE face aos Estados Unidos e à China vai custar cerca de 5% do PIB da União Europeia por ano – cerca de 800 mil milhões de euros, recorrendo à emissão de dívida comum e à criação de novos recursos. Ademais, está em curso uma discussão entre os Estados-membros — e defendida também pelo primeiro-ministro Luís Montenegro — de um aumento das contribuições orçamentais.

“Se tivermos projetos europeus comuns com financiamento europeu comum, há duas possibilidades de criar esse financiamento: ou mais contribuições nacionais ou novos recursos próprios. Mas sobre os recursos próprios existe uma proposta em cima da mesa”, adiantou a líder do executivo comunitário.

À semelhança do 28º regime, os detalhes sobre o fundo são escassos e só deverão ser conhecidos em 2028. “No próximo orçamento da UE [Quadro Financeiro Plurianual], teremos uma grande oportunidade para voltar a a definir prioridades e simplificar o acesso ao financiamento“, disse von der Leyen, dando nota de que este mecanismo “substituirá vários instrumentos financeiros da UE com objetivos semelhantes”.

Comissário para a Prosperidade e Estratégia Industrial, Stéphane Séjourné e a Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, na apresentação da Bússola para a Competitividade da UE, em Bruxelas EPA/OLIVIER HOSLET

Além do novo mecanismo de financiamento, Bruxelas quer facilitar o acesso ao capital de risco. “Se olharmos a nível mundial, 5% [do capital de risco] tem origem na UE, 52% é proveniente dos Estados Unidos e 40% na China”, referiu von der Leyen, acrescentando que isto não se deve a “falta de capital” mas sim ao mau alocamento destas verbas.

As poupanças dos agregados familiares na UE são de cerca 1,4 biliões de euros por ano. Nos Estados Unidos, esse valor é de 800 mil milhões de euros. O que nos falta é um mercado de capitais emergente e que nos permita converter as poupanças em investimento“, disse, recordando que essa missão estará nas mãos da comissária europeia, Maria Luís Albuquerque.

Assim, este ano a ambição de Bruxelas é apresentar uma União Europeia das Poupanças e Investimentos, isto é, “criar novos produtos de poupança e investimento” no bloco europeu “para garantir que existe um fluxo de investimento” entre os 27 Estados-membros.

Energia, carros e indústria. Bruxelas prepara novas estratégias ‘verdes’

Embora o primeiro esforço da Comissão Europeia para simplificar a burocracia das empresas comece pelo reporte ‘verde’, certo é que o compromisso do executivo comunitário com a transição energética e o combate às alterações climáticas mantém-se intocável.

“Há muitos motivos para lutar contra o aquecimento global e trabalhar em prol de uma economia mais circular. Estamos focados no Green Deal e nos objetivos climáticos”, garantiu Ursula von der Leyen, reiterando o compromisso dos 27 com a neutralidade carbónica até 2050. “Temos de ser flexíveis, pragmáticos e termos de ser capazes de nos adaptar”, sublinhou.

E isso começa desde logo com o setor automóvel, que ficará a conhecer já esta quinta-feira, 30 de janeiro, uma nova estratégia para acelerar uma transição energética “justa” no setor. “Queremos garantir que o futuro automóvel continua enraizado na Europa e queremos apoiar esta transição“, garantiu von der Leyen.

A seguir, será dado um novo passo para garantir que os preços da energia na UE continuam acessíveis. Depois de o bloco europeu ter conseguido superar a crise energética, em 2022, provocada pelo início da guerra na Ucrânia, o foco do executivo é continuar a baixar os preços nos mercados grossistas. Assim, e tal como já tinha sido referido pelos porta-vozes em conferência de imprensa passadas, nas próximas semanas, a Comissão apresentará um “plano para preços de energia acessíveis”.

Por fim, e tal como tinha sido prometido aquando da reeleição de von der Leyen, Bruxelas dará a conhecer o Pacto Industrial Ecológico. A estratégia está calendarizada para vir a público durante os primeiros 100 dias de mandato da nova Comissão, que tomou posse a 1 de dezembro de 2024.

Fora do panorama da sustentabilidade, von der Leyen também deu nota de que a Comissão Europeia está focada em “promover competências e empregos de qualidade” no bloco europeu.

“A base da competitividade da Europa são os seus cidadãos. Para garantir uma boa correspondência entre as competências e as exigências do mercado de trabalho”, referiu a líder europeia durante a apresentação, dando nota de que a Comissão apresentará uma iniciativa para construir uma União de Competências.

Esta iniciativa estará centrada no investimento, na aprendizagem de adultos e ao longo da vida, na criação de competências orientadas para o futuro, na retenção das mesmas, na mobilidade equitativa, na atração e integração de talentos qualificados do estrangeiro e no reconhecimento de diferentes tipos de formação para permitir que as pessoas trabalhem em toda a União.

(Notícia atualizada pela última vez às 14h10)

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Regulador não foi ouvido sobre fim de portagens no interior. “É um caminho muito perigoso”, diz CEO da Brisa

A Autoridade da Mobilidade e dos Transportes não foi ouvida pelo Parlamento, lamenta a presidente da entidade. Reguladores e concessionárias defendem princípio do utilizador-pagador.

Ana Paula Vitorino, presidente da Autoridade da Mobilidade e dos Transportes (AMT), lamenta que o regulador não tenha sido ouvido pelo Parlamento sobre o fim das portagens nas autoestradas do interior, medida que entrou em vigor no início do ano.

“Não fomos ouvidos sobre esse tema. Deve ter sido um lapso”, afirmou a presidente da AMT no VII Congresso da Associação Portuguesa das Sociedades Concessionárias de Autoestradas ou Pontes com Portagem (APCAP), que decorre esta quarta-feira no auditório do Laboratório Nacional de Engenharia Civil, em Lisboa.

Fico muito preocupado por serem tomadas decisões ao arrepio das entidades reguladoras”, reagiu António Pires de Lima, CEO da Brisa. “O primeiro passo que a classe política faz para tomar uma decisão sem base técnica é calar os reguladores”, lamentou.

Tomar decisões políticas sem ouvir as universidades e ouvir os reguladores é um caminho muito perigoso que eu não recomendaria“, reiterou Pires de Lima, salientando que “uma das maiores conquistas de Portugal nos últimos 15 anos foi a constituição de reguladores com peso, poder e salários competitivos”.

Não é pelas que foram isentadas. É por todas aquelas que estão a pedir para isentar. Abrimos a Caixa de Pandora e não sei como vamos fechar.

Hugo Espírito Santo

Secretário de Estado das Infraestruturas

O fim da cobrança de portagens em sete autoestradas (uma delas em apenas dois troços) foi aprovada com os votos favoráveis dos partidos de esquerda e do Chega. Além do fim das portagens nas antigas SCUT, a AMT também não foi ouvida sobre o diploma que pôs fim à obrigatoriedade de inspeção periódica dos motociclos.

Hugo Espírito Santo, secretário de Estado das Infraestruturas, mostrou preocupação com a possibilidade de serem aprovadas novas isenções. “Não é pelas que foram isentadas. É por todas aquelas que estão a pedir para isentar. Abrimos a Caixa de Pandora e não sei como vamos fechar”, afirmou.

Defesa do princípio utilizador-poluidor/pagador

Os reguladores e concessionários defenderam o princípio do utilizador-poluídor/pagador no financiamento da operação e manutenção das autoestradas e a adoção de sistemas de cobrança inteligentes, que tenham em conta as realidades regionais e fluxos de tráfego.

“O modelo tem de ser coerente e transparente e não em função das vontades do momento”, defendeu João Caetano, presidente do Instituto da Mobilidade e Transportes (IMT), alertando para o perigo de pôr em causa a perceção que as pessoas tem sobre a justiça do sistema”.

“Temos de evoluir para um sistema de gestão mais flexível com tarifas dinâmicas, de forma a gerir os fluxos”, defendeu o responsável, salientando que é necessário aproveitar a evolução tecnológica para “medir o que está a acontecer e trazer inteligência para o sistema”.

Ana Paula Vitorino considera que “não é uma questão de eliminação das portagens mas de reponderação das portagens“, e que devem ser tidos em conta critérios de territorialidade e pobreza de mobilidade.

Na componente das portagens, esta legislação que entrou em vigor traduz-se num corte de 120 a 130 milhões na receita em 2025.

Maria Amália Almeida

Vice-presidente da Infraestruturas de Portugal

Maria Amália Almeida, vice-presidente da Infraestruturas de Portugal (IP), assinalou que o fim das portagens nas autoestradas do interior “traduz-se num corte de 120 a 130 milhões na receita em 2025″ da empresa pública e que “vem na sequência de outras medidas que vinham a ser implementadas nos últimos anos. Já tínhamos na maioria das autoestradas descontos que chegavam aos 75%. Foi o último passo”.

Luís Silva Santos, CEO da Ascendi, argumentou que o “princípio utilizador-poluidor/pagador alinha interesses comuns da sociedade, como garantir a sustentabilidade da infraestrutura, a descarbonização e a segurança rodoviária”. O responsável disse ver “com muita preocupação o abandono em parte deste princípio” e que “pode ter consequências para decisões estratégicas de investimento em Portugal“.

António Pires de Lima também defendeu que “o princípio genérico do utilizador-poluidor/pagador devia ser a trave mestra de um sistema rodoviário”, embora possa “ter exceções do ponto de vista da coesão territorial, do rendimento, da sustentabilidade”.

(Notícia com última atualização às 13h45)

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Governo disponível para “salvaguardar” incentivo fiscal para gases renováveis

O Governo vê com bons olhos uma solução de compromisso que permita salvaguardar um incentivo fiscal aos gases renováveis, nomeadamente o biometano e hidrogénio.

A ministra do Ambiente, Maria da Graça Carvalho, considera que o Governo “agiu bem” quando decidiu retirar a isenção fiscal que era aplicada sobre os biocombustíveis. Contudo, e uma vez que, tal como o ECO/Capital Verde noticiou, a isenção retirada afetava também aos gases renováveis, a ministra avança que o Governo está disponível para encontrar uma solução que volte a beneficiar estes gases, que abrangem o hidrogénio verde e biometano.

O Governo vê com bons olhos, e estará disponível para considerar, uma solução de compromisso que permita salvaguardar um incentivo fiscal aos gases renováveis, nomeadamente o biometano e hidrogénio de origem renovável”, afirmou a ministra do Ambiente.

O Governo prevê alterar o Código dos Impostos Especiais Consumo (CIEC) e assim eliminar a isenção fiscal de que beneficiam os biocombustíveis avançados. Neste sentido, o Executivo sugere revogar um artigo do CIEC que não diz apenas respeito a estes combustíveis, mas também aos gases renováveis.

A ministra considera que “o Governo agiu bem e por antecipação nesta matéria“, já que preocupações em relação a eventuais fraudes relativas à importação de biocombustíveis derivados de óleos de palma foi levantada, mais tarde, a nível do Conselho Europeu e, por outro lado, a isenção “não está de forma alguma a produzir os efeitos pretendidos”.

Em relação à falha nos objetivos, a secretária de Estado dos Assuntos Fiscais afirma que, desde 2021, a promoção da produção a nível nacional mostra-se “praticamente” estagnada, quando se pretendia que aumentasse na sequência da medida. Em paralelo, as importações, que se queriam diminuídas, “quase quintuplicaram” desde 2020, de acordo com dados provisórios de que dispõe.

Adicionalmente, Maria da Graça Carvalho argumenta que o que “verdadeiramente” dá capacidade de produção é a criação de um ecossistema favorável à inovação deste setor, mais do que a isenção fiscal.

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