Península Ibérica é a maior plataforma turística do mundo

  • Lusa
  • 13 Março 2025

Os dois países, juntos, receberam cerca de 124 turistas. “Temos de trabalhar em conjunto para nos posicionarmos enquanto a maior plataforma turística do mundo”, diz responsável da Turismo Centro.

Portugal recebeu em 2024 cerca de 30 milhões de turistas, Espanha recebeu 94 milhões, ou seja, a Península Ibérica, em conjunto, é a maior plataforma turística do mundo, disse esta quinta-feira a vice-presidente da Turismo Centro de Portugal.

Intervindo na apresentação da estratégia conjunta de promoção turística transfronteiriça, que reúne as regiões do Centro e Alentejo e a Extremadura espanhola, apresentada na Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL), Anabela Freitas defendeu o trabalho conjunto daqueles territórios. “Temos de trabalhar em conjunto para nos posicionarmos enquanto a maior plataforma turística do mundo”, afirmou a responsável.

Na mesma sessão, Jesús Vinuales, diretor do Turismo da Extremadura, enalteceu a parceria “fruto das boas relações” entre as três regiões, argumentando que Portugal é “o fator diferenciador” do turismo naquela região espanhola, por permitir que um visitante conheça dois países. “Dois países que, antes, viraram as costas um ao outro, estão agora a apertar as mãos”, notou.

Já José Santos, presidente do Turismo do Alentejo, referiu que a parceria transfronteiriça é uma “oportunidade para transformar um produto territorial num produto comercial”.

“Precisamos de transformar essa potencialidade numa efetiva força de vendas”, alegou José Santos, adiantando que a cooperação entre as três entidades “é uma oportunidade” para tornar mais competitivo o território “em alturas do ano em que tem menos procura”.

De acordo com informação disponibilizada à agência Lusa pela Turismo Centro de Portugal (TCP), as iniciativas conjuntas previstas para este ano no âmbito da parceria incluem uma série de ações promocionais, que decorrerão em junho, em Madrid e Lisboa, junto dos meios de comunicação e que terão uma vertente de informação promocional para o público em geral.

Em novembro, em Elvas, está agendado um encontro empresarial que juntará empresários e administrações do setor turístico do Centro de Portugal, Alentejo e Extremadura.

Com esta estratégia, o viajante tem a oportunidade de conhecer dois países diferentes num único destino. Estas são regiões que têm continuidade de território e de culturas. Juntos, podemos trabalhar e fazer muito mais pelas nossas gentes, pelos nossos territórios, pela nossa identidade e cultura”, assinalou a TCP.

Sobre os produtos turísticos que podem ser promovidos em conjunto, a entidade regional de turismo apontou espaços naturais, como parques nacionais, reservas da biosfera, geoparques, reservas naturais, albufeiras e lagos, mas também a cultura e as tradições, os lugares Património Mundial da UNESCO, os castelos espalhados pelo território, as aldeias históricas ou do xisto, a gastronomia e os vinhos.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Vitorino diz que há médicos a trabalhar na agricultura por causa da “resistência corporativa”

  • Lusa
  • 13 Março 2025

"Nós temos de nos preocupar em ir procurar os imigrantes de que precisamos e não ficar à espera que venham para cá", defendeu o presidente do Conselho Nacional para as Migrações e Asilo.

O presidente do Conselho Nacional para as Migrações e Asilo, António Vitorino, atribuiu esta quinta-feira à “resistência corporativa” o facto de médicos e outros profissionais qualificados estrangeiros trabalharem em Portugal na colheita da azeitona e outras atividades de baixa qualificação.

O antigo comissário europeu falava numa conferência sobre “Pessoas e Propósito” que decorreu no Centro Cultural de Cascais, durante a qual foram debatidas, entre outros temas, as migrações e o mercado de trabalho.

Partindo do exemplo de um médico do Bangladesh a trabalhar em Portugal na colheita da azeitona, António Vitorino recordou um programa com a participação da Fundação Calouste Gulbenkian que, “há 20 anos”, permitiu que cerca de cem médicos estrangeiros que à data trabalhavam em Portugal na agricultura, na construção civil e nas limpezas passassem, mediante formação específica e com a cooperação da Ordem dos Médicos, a exercer em território nacional a sua profissão original.

“Foi possível, porque a Gulbenkian estava lá. Se tivesse estado lá, a resistência corporativa teria existido. Por que é que não fazemos isso outra vez?”, questionou, frisando que tal se aplica a outras profissões e apelando a que se faça a uma “triagem das qualificações dos imigrantes” que moram em Portugal.

O presidente do Conselho Nacional para as Migrações e Asilo defendeu ainda que o país tem de ir à procura dos imigrantes de que necessita para o mercado laboral. “Nós temos de nos preocupar em ir procurar os imigrantes de que precisamos e não ficar à espera que venham para cá”, defendeu, lembrando que a o mercado nacional necessita quer “de Einsteins” quer de pessoas com baixas e médias qualificações.

“A apanha dos frutos vermelhos continuará a ser feita por imigrantes”, sublinhou o antigo deputado socialista, que, tal como em ocasiões anteriores, insistiu que a imigração tem de ser “regulada, ordenada e segura”.

Questionado sobre como programar as necessidades de imigração e em simultâneo garantir que esta não sobrecarrega os serviços públicos e o mercado da habitação, António Vitorino reconheceu que “não há uma fórmula mágica” e que os modelos de previsão atuais “são falíveis”.

“É importante [que haja] uma política integrada”, concluiu.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Donos da fábrica de armas de Viana do Castelo compram empresa de cartuchos

Os belgas da FNB, que detêm a fabricante de espingardas de Viana do Castelo, notificaram a Autoridade da Concorrência da aquisição do controlo exclusivo sobre a Sofisport, proprietária da Nobel Sport.

Gatilho preparado para se fechar um negócio no setor das armas que envolve Portugal. Os belgas da FNB – FN Browning Group, que detêm uma fabricante de espingardas de Viana do Castelo, notificaram a Autoridade da Concorrência (AdC) da aquisição do controlo exclusivo sobre a Sofisport, proprietária da Nobel Sport Portugal.

O grupo FNB, com sede em Herstal, tem como atividade o fabrico e venda de armas de fogo militares e civis, munições e produtos conexos para todo o mundo. Em Portugal, são donos da Browning Viana – Fábrica de Armas e Artigos de Desporto, uma empresa de São Romão de Neiva (Viana do Castelo) que se dedica à produção de espingardas de caça e carabinas para caça e tiro desportivo.

Fundada em 1973, a Browning Viana emprega cerca de 600 pessoas e produz atualmente carabinas e espingardas de caça, sob as marcas Browning e Winchester, essencialmente para exportação. Segundo os dados consultados pelo ECO, 99% da produção é para exportação e o volume de negócios em 2023 fixou-se nos 81,6 milhões de euros. Em curso está um investimento de mais dez milhões de euros para modernizar a fábrica e aumentar a capacidade de produção para 200 mil armas por ano.

A mira dos donos desta fabricante foi apontada para a empresa francesa Sofisport, da qual faz parte a subsidiária Nobel Sport Portugal, que opera sobretudo no fornecimento e distribuição grossista de cartuchos e componentes. O mesmo negócio da casa-mãe (fabrico e fornecimento de munições não metálicas), de acordo com a AdC.

O regulador da concorrência informou esta quinta-feira que foi notificado desta operação no passado dia 7 de março de 2025 e está a receber observações sobre o assunto ao longo dos próximos 10 dias úteis.

“Quaisquer observações sobre a operação de concentração em causa devem identificar o interessado e indicar o respetivo endereço postal, email e nº de telefone. Se aplicável, as observações devem ser acompanhadas de uma versão não confidencial, bem como da fundamentação do seu caráter confidencial, sob pena de serem tornadas públicas”, detalha a AdC.

A indústria das munições europeias tem estado a trocar de mãos, mesmo antes do anúncio do reforço do investimento em defesa por parte da União Europeia. Só em janeiro, a unidade francesa da KNDS e a Texelis assinaram um acordo para aquisição do fabricante de peças para veículos. Em 2024, o processo de consolidação da indústria das armas terrestres europeias verificou-se com a compra da Arquus, francesa de veículos blindados ligeiros, pelos belgas da John Cockerill em 2024.

Quando a União Europeia propôs um plano de defesa de 800 mil milhões de euros, as ações das empresas ligadas ao setor das infraestruturas valorizaram significativamente. E os players do espaço – com um negócio historicamente bélico – também pretendem ‘fazer frente’ à maior economia do mundo e à Rússia, como confirmou o acordo entre a Airbus, a Thales e italiana Leonardo.

“Estamos a ver como ajudá-los, como colocamos as capacidades que a Europa tem ao serviço dos nossos países para resolver a pressão que a Starlink está a exercer sobre a Ucrânia”, afirmou, na semana passada, o responsável pela subsidiária espanhola da Airbus.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Depois de “um triénio negativo”, este “é um ano de virar a página”, diz Francisco Pedro Balsemão

Corte de custos, rentabilizar o core business, digital e diversificar receitas são os eixos de atuação nos quais a Impresa se vai focar para dar a volta aos resultados. Balsemão aponta o "novo ciclo".

Francisco Pedro Balsemão, CEO Impresa.Hugo Amaral/ECO

Daqui a um ano já teremos virado a página, não tenho dúvidas nenhumas. Estou tranquilo. Obviamente que os resultados são os que falamos, mas como temos um plano, tenho esta confiança de que vamos virar a página”. É assim que Francisco Pedro Balsemão, em conversa com o +M, antecipa a situação da dona da SIC e do Expresso daqui a um ano.

Com a perda por imparidade de goodwill no montante de 60,7 milhões de euros a atirar os resultados líquidos da Impresa para os 66,2 milhões de euros negativos, em 2024, o CEO do grupo frisa que se trata de “um efeito meramente contabilístico”, que “não tem impacto na atividade operacional nem tem impacto na tesouraria”.

No entanto, mesmo expurgando os efeitos da perda de goodwill da SIC e também da InfoPortugal, os números continuam no vermelho. “Os números números não mentem. Este é um ano de virar a página. Saímos de um triénio negativo, não há como dizer de outra forma. Estamos convictos que, com os planos que temos em cima da mesa, que isto é one shot. É um reajustamento. É preciso também vê-lo com naturalidade, porque faz parte da vida de uma empresa. Vemos isto como como um ciclo que se encerra e como um novo ciclo se abre”, prossegue.

O caminho para voltar aos resultados positivos passa pelo Plano Estratégico, para o triénio 2025-2028. Redução de custos, rentabilizar o core business, digital e diversificar receitas são os quatro eixos de atuação nos quais o grupo se vai focar.

No primeiro, redução de custos, vai ser implementado um plano a quatro anos, com o objetivo de poupar 10% dos custos, ou seja, cerca de 16 milhões de euros.

Com a ajuda da Kearney, a empresa “mais conhecida e, na minha opinião, a melhor no mercado nesta área de redução sistematizada e estrutural dos custos”, foi desenhado um projeto para diminuir as despesas durante dois meses, “com as equipas internas”.

“Foi coordenado pela Kearney, mas as ideias que surgiram foram das equipas internas. Escolhemos 26 ideias, 26 iniciativas”, descreve o responsável.

Os cortes de custos centram-se em quatro eixos: pessoas, conteúdos, tecnologia e infraestruturas e despesas gerais e administrativas. Na componente das pessoas, Francisco Pedro Balsemão aponta uma reorganização e optimização de processos e simplificação da estrutura.

Atualmente com 940 funcionários, a “prioridade será dada a pessoas que tenham intenção de sair e que a empresa também considere que devam sair, e as pessoas que estão em idade da pré-reforma ou mesmo já prestes a chegar à reforma”, sendo depois também avaliadas e negociadas outras saídas.

Prioridade será dada a pessoas que tenham intenção de sair e que a empresa também considere que devam sair, e as pessoas que estão em idade da pré-reforma ou mesmo já prestes a chegar à reforma

O número de funcionários abrangidos não está definido. “Não tenho números em relação às pessoas, tenho números em relação à poupança, mas não os posso revelar. O objetivo é em termos de euros, depende das pessoas que forem abrangidas e respetivos salários”, responde o CEO do grupo.

Questionado sobre a eventualidade de um despedimento coletivo, Francisco Pedro Balsemão recorda que foi uma prática “muito rara” na história do grupo. “Não é esse o nosso caminho”, assegura.

Nos custos de conteúdos, o objetivo não será diminuir qualidade, ou formatos, mas a redução será conseguida com uma maior “eficiência na maneira como estamos a produzir, a contratar os conteúdos, nas negociações com os fornecedores e com os nossos produtores”, medidas “já em marcha”.

Seguem-se as componentes de operações, tecnologia e infraestruturas, que vai desde o a negociação de contratos com fornecedores na área de tecnologia, às operações em estúdio e automatizações e, por último, as despesas gerais e administrativas, que vão desde a política de automóveis às despesas de deslocações.

Há este número global, este bolo, mas não o divido em fatias”, responde quando questionado sobre a percentagem com que cada medida assumirá no corte global.

Para além de reduzir despesa, o plano passa por “rentabilizar o core business, as principais marcas, a SIC e Expresso e SIC Notícias”. A redução dos intervalos comerciais, que avançou já em fevereiro, insere-se nestas medidas.Sinceramente, acho que os primeiros resultados têm sido francamente positivos”, aponta

“No mercado tem sido difícil fazer alterações em algumas frentes, com alguns players, com outros não, depende muito também da atitude. Mas estamos muito contentes com os primeiros resultados. Realmente melhoramos a performance dos nossos jornais nesses dias — há aqui uma relação causa efeito, as pessoas saem menos e nos breaks são mais curtos também — para o espectador acaba por ser positivo e para os anunciantes, as métricas estão à vista, os ratings comerciais são mais altos”, resume.

Na componente digital, a Opto e as assinaturas digitais do Expresso são apontadas como exemplos, com Francisco Pedro a referir que no, conjunto, as duas marcas somam cerca de 85 mil assinaturas digitais, perto de 50 mil do Expresso e 35 mil da plataforma de streaming.

Temos uma vantagem competitiva em relação a todos os nossos concorrentes em Portugal e aqui temos que pôr o pé no acelerador, porque é muito importante temos esta relação direta com os consumidores finais”, diz.

A estas, somam-se os podcasts, agora auditados pela Marktest. “Fomos nós que tomamos a iniciativa de falar com a Bauer, com o Observador, com a Renascença, e dizer ‘há aqui um imenso potencial, temos que criar um mercado, temos que criar métricas que sejam aceites por todos. Não foi muito difícil chegar a acordo”, recorda.

A terceira componente da parte das receitas, e quarta do plano estratégico, tem a ver com a diversificação das fontes de receitas, onde “temos que ser muito cirúrgicos”.

Não é possível avaliar o impacto da liderança. Nós temos uma preocupação muito grande com rentabilidade. É por isso que nós queremos continuar a lutar, é o nosso objetivo principal.

Claro que sabemos que a publicidade vai ser muito importante nos próximos anos, mas tendo em conta o contexto em que vivemos, é importante também procurar outras formas não só de fazermos melhor o que já fazemos hoje em dia na publicidade mas, não saindo muito longe daquilo que nós fazemos, desenvolver outras iniciativas”, justifica.

O festival Tribeca no “ano passado não foi rentável, mas este ano, pelo interesse que temos tido de patrocinadores, indicia que vai ser”. A compra de uma participação na Bol e o reforço da presença em evento B2C são alguns exemplos. A estes juntam-se as receitas da venda de conteúdos, como séries e novelas.

O nosso objetivo é crescer a nossa margem para valores que tivemos recentemente no ciclo positivo, de 2019, 2020, 2021. Tínhamos valores de margem de EBITA de 17% e eu acho que isso para nós seria um objetivo muito interessante. Compara com os bons players europeus. Chegar aos 17% ou 18% é francamente bom”, traça como meta.

“Vejo aqui mais oportunidades que propriamente desafios. As pessoas cada vez mais querem aceder a conteúdos audiovisuais e, se formos capazes também de nos reinventar, em termos racionais não há razões para a publicidade baixar”, aponta sobre a principal fonte de receita do grupo.

Sobre a perda de liderança no início de 2024, e o impacto que tem na rentabilidade, Francisco Pedro Balsemão responde com outros números. “Não é possível avaliar o impacto da liderança. Nós temos uma preocupação muito grande com rentabilidade. É por isso que nós queremos continuar a lutar, é o nosso objetivo principal. Nos primeiros dias de março temos a liderança do prime-time. E os targets comerciais estão muito connosco no prime-time. Continuamos com uma liderança de 46,1% (da publicidade] em FTA no ano passado, versus o nosso principal concorrente, que teve 42%, e a RTP teve 12%”.

Naturalmente que, em termos absolutos, nós não estamos a liderar e como toda a gente sabe só liderámos dois meses, o ano passado, em janeiro e em junho. Mas, no final do dia, as contas fazem-se é em euros”, diz.

Vejo a Impresa como uma empresa que tem uma estabilidade acionista muito grande e isso é uma grande vantagem. É uma empresa familiar, nós movemo-nos por ciclos. Vínhamos de um ciclo de três anos francamente positivo, que era o ciclo 2019/2020 e 2021, em que tivemos EBITDA na casa dos 29, 30 de 31 milhões de euros, e em que reduzimos muitíssimo a dívida. E depois passamos por um ciclo negativo, o triénio que agora termina”, enquadra o CEO do grupo, apontando o ataque informático do início de 2022, a Guerra na Ucrânia, a inflação e o aumento das taxas de juros, como razões para a deterioração dos resultados. “Por termos uma dívida bastante alta desde há muitos anos, sofremos mais, quando comparado com outras empresas, nomeadamente do nosso setor, que não tem essa dívida“, refere, Francisco Pedro Balsemão, recordando que a dívida vem de 2005, altura em que a Impresa SGPS comprou os 49% que não detinha da SIC.

“De 2008 para 2024, reduzimos a dívida para metade, de 259 milhões [o pico] para 130,9 milhões. A tendência é decrescente. O problema é que realmente nos últimos dois anos não conseguimos manter essa redução”, refere, admitindo que nos últimos anos houve um “foco maior no serviço da dívida” e menor no investimento no negócio.

Chegou-se então ao reajustamento do goodwill. “Em 2024, considerou-se que o ativo SIC, pelos resultados obtidos no último triénio, face ao contexto, e tendo em conta as tendências do mercado onde se insere, perdeu valor e deixou de valer tanto como está registado contabilisticamente. Tendo sido revistos os pressupostos chave utilizados nos testes de imparidade destes negócios, determinou-se uma perda por imparidade de goodwill no montante de 60,7 milhões“, resume.

“Importa salientar que, pela sua natureza, estas imparidades têm cariz meramente contabilístico e não têm impacto na atividade operacional do grupo, nem comprometem a sua tesouraria”, reforça Francisco Pedro Balsemão.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Martifer aumenta lucros 17% para 23 milhões em 2024

Empresa controlada pelos irmãos Martins e pela Mota-Engil manteve a evolução positiva registada nos últimos anos, com os proveitos operacionais a crescerem 20%, no último ano.

A Martifer fechou o último ano com um resultado líquido de 23 milhões de euros, um aumento de 16,8% face aos 19,7 milhões de euros reportados em 2023, revelou esta quinta-feira a companhia liderada por Pedro Duarte. Trata-se do melhor resultado desde 2009, quando os lucros superaram os 107 milhões.

Os rendimentos operacionais do grupo de Oliveira de Frades subiram mais de 20% para 264,5 milhões de euros, em 2024, com a construção metálica a representar 46% do total, seguida pela indústria naval, que pesou 40%, sendo a restante faturação assegurada pelo negócio das renováveis. Dois terços do volume de negócios do grupo, ou 66%, é gerado no exterior.

O EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) subiu de 34,1 para 38,2 milhões de euros, no último ano, com uma margem de 15% sobre o volume de negócios, segundo mostra o comunicado enviado pela companhia à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

A carteira de encomendas na construção metálica e indústria naval situou-se nos 695 milhões de euros, um valor que ficou abaixo dos 753 milhões reportados um ano antes.

A dívida líquida do grupo manteve a tendência descendente, registando uma redução de cerca de 30 milhões de euros, face a dezembro de 2023, passando de oito milhões de euros, em 2023, para 22 milhões negativos. Já a dívida bruta baixou de 91 para 86 milhões de euros, com a empresa a prever continuar a diminuir o endividamento nos próximos anos.

De acordo com as projeções da empresa, a dívida bruta deverá recuar até pouco mais de 70 milhões de euros em 2028.

Os últimos anos têm sido de recuperação dos resultados e descida da dívida, após um período mais conturbado na vida da empresa. Uma estratégia de internacionalização demasiado rápida e mal avaliada, impactada pelas várias crises financeiras, aceleraram a dívida da empresa, que chegou aos 600 milhões de euros, e determinaram uma série de sete anos de resultados líquidos negativos, um período no qual acumulou 370 milhões de euros de prejuízos e atingiu capitais próprios negativos.

A recuperação dos resultados demorou vários anos e envolveu um acordo com os bancos para a reestruturação da dívida, focado no desinvestimento de negócios não core e a venda de ativos imobiliários, permitindo à empresa focar-se na sua atividade principal, a construção de estruturas metálicas.

Para o futuro, a empresa diz que continua comprometida com a execução do seu plano estratégico, o Horizonte 2030, um programa que “reflete um compromisso claro com o crescimento sustentável e a adaptação às tendências globais, especialmente em áreas como a transição energética, inovação e práticas responsáveis“.

“Os principais pilares destacados estão orientados para fortalecer a posição competitiva do grupo Martifer nas áreas de construção metálica, indústria naval e energia”, explica. Na área da construção metálica, a empresa quer continuar a reforçar o perfil exportador do Grupo, “procurando oportunidades em mercados e clientes que valorizam qualidade e excelência na organização”.

Já na indústria naval, que inclui os estaleiros da West Sea em Viana do Castelo, a Martifer está a apostar na construção de uma nova doca seca em Viana do Castelo para “expandir a capacidade de reparação e construção naval, ao mesmo tempo em que se reforça a posição do Grupo como um dos maiores estaleiros da Europa”.

Os irmãos Carlos e Jorge Martins, através da I’M, controlam 48,09% do capital e 49,18% dos direitos de voto da Martifer, enquanto a Mota-Engil detém uma participação de 37,5% do capital.

No passado mês de outubro foi divulgado que a Visabeira Indústria e a sociedade I’M celebraram um contrato-promessa compra e venda para o grupo industrial comprar uma participação de 24% do capital da empresa, tendo ainda sido assinado um acordo parassocial entre ambas as partes. A concretização deste acordo deixará a I’M e a Visabeira cada uma com uma posição de 24% no capital da Martifer.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Resialentejo investe 11,8 milhões para cumprir plano de resíduos urbanos

Construir uma nova central de triagem de embalagens, ampliar o aterro intermunicipal e expandir a rede de ecopontos. São estas algumas das apostas da Resialentejo neste ano, para cumprir o PERSU 2030.

Resialentejo vai investir 11,8 milhões de euros em várias infraestruturas.13 março, 2025

A Resialentejo, empresa intermunicipal de gestão e valorização de resíduos urbanos do Baixo Alentejo, vai investir 11,8 milhões de euros, durante este ano, num conjunto de infraestruturas, entre elas a construção de uma central de triagem de embalagens. Para levar a bom porto este programa, a empresa vai contratar mais de duas dezenas de colaboradores, distribuídos por diferentes setores.

Este plano de investimentos visa cumprir com “as exigentes metas ambientais” do PERSU – Plano Estratégico para os Resíduos Urbanos 2030, documento que contém as principais diretrizes nacionais para este setor, explana a Resialentejo. A empresa intermunicipal é responsável pelo tratamento dos resíduos urbanos dos concelhos de Almodôvar, Barrancos, Beja, Castro Verde, Mértola, Moura, Ourique e Serpa, num total anual aproximado de 50.000 toneladas. Serve 86.505 habitantes, numa área geográfica de 6.650 quilómetros quadrados.

No âmbito deste plano de investimento, a empresa destaca a construção da nova Central de Triagem de Embalagens, num investimento superior a cinco milhões de euros. A infraestrutura vai possibilitar a triagem das embalagens provenientes dos diferentes circuitos de recolha seletiva de materiais, designadamente ecopontos, ecocentros e circuitos de recolha seletiva Porta-a-Porta, para que possam ser encaminhadas para reciclagem.

O novo equipamento conseguirá processar três toneladas de materiais por hora, o que se traduz num importante salto tecnológico nas operações de reciclagem no Baixo Alentejo.

Resialentejo

A nova linha de triagem vai triplicar a capacidade de processamento da Resialentejo, A nova linha de triagem vai permitir triplicar a capacidade de processamento, tornando a gestão de resíduos mais eficaz. “O novo equipamento conseguirá processar três toneladas de materiais por hora, o que se traduz num importante salto tecnológico nas operações de reciclagem no Baixo Alentejo”, detalha a empresa.

Além da Central de Triagem de Embalagens, a empresa tem em carteira a obra de ampliação do aterro intermunicipal e intervenções para aumentar a capacidade do canil/gatil que serve os oito municípios do Baixo Alentejo em que a empresa opera. Acrescem investimentos ao nível do incremento da capacidade de tratamento de resíduos indiferenciados, da expansão da rede de ecopontos, além da aquisição de novos equipamentos e viaturas.

A realização de campanhas de sensibilização e educação ambiental, junto da comunidade, com atividades lúdicas e pedagógicas, de incentivo a comportamentos mais sustentáveis e amigos do ambiente, também fazem parte do programa da empresa.

Para acompanhar o “crescimento significativo da empresa e a concretização dos projetos definidos para 2025, a Resialentejo irá reforçar os seus recursos humanos, com a contratação de mais de duas dezenas de colaboradores, distribuídos por diferentes setores”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Perdas de imparidade arrastam resultado da Impresa para prejuízos 66,2 milhões. Corte de custos de 10% em marcha

Impresa vai implementar um plano de redução de custos, a 4 anos, com o objetivo de poupar 10% dos custos, ou seja, cerca de 16 milhões de euros.

A Impresa, dona da SIC e do Expresso, terminou o ano de 2024 com prejuízos de 66,2 milhões de euros. O número reflete uma perda, a título de imparidade, do goodwill da SIC.

“Em 2024, considerou-se que o ativo SIC, pelos resultados obtidos no último triénio, e tendo em conta as tendências do mercado onde se insere, perdeu valor e deixou de valer tanto como está registado contabilisticamente. Tendo sido revistos os pressupostos-chave utilizados nos testes de imparidade destes negócios, determinou-se uma perda por imparidade de goodwill no montante de 60,7 milhões de euros. Note-se que este valor também inclui uma imparidade que resulta da avaliação da Infoportugal, num valor naturalmente inferior ao da SIC”, explica ao +M Francisco Pedro Balsemão, CEO do grupo.

Importa salientar que, pela sua natureza, estas imparidades têm cariz meramente contabilístico e não têm impacto na atividade operacional do Grupo, nem comprometem a sua tesouraria“, assegura.

O resultado líquido ajustado, sem essa perda de imparidade, foi de 5,5 milhões de euros negativos, um aumento de 176,5% das perdas na comparação com o ano de 2023. Este inclui, explica a Impresa, o reforço do valor das provisões em aproximadamente 5,3 milhões de euros, na sequência da evolução dos processos judiciais em curso intentados contra o Grupo e da aferição dos respetivos riscos e responsabilidades.

O EBITDA do grupo situou-se em 18,4 milhões de euros (uma melhoria de 19,5%) e o EBITDA recorrente, ajustado dos custos de reestruturação e de indemnizações pagas e recebidas, foi de 15,6 milhões de euros. O agravamento dos resultados financeiros decorre não apenas da subida das taxas de juro, mas também dos custos de lançamento das Obrigações SIC 2025-2028.

A dívida remunerada líquida registada no final de 2024 foi de 130,9 milhões, um acréscimo de 13,3% em relação ao ano anterior.

As receitas totais consolidadas da Impresa registaram um acréscimo de 0,2%, para 182,3milhões de euros. Os custos operacionais, sem considerar amortizações, depreciações, provisões e perdas por imparidade em ativos não correntes, diminuíram pelo segundo ano consecutivo para 163,8 milhões, menos 1,6% face ao valor registado em 2023“, descreve o grupo dono da SIC e do Expresso.

Analisando por áreas, a SIC obteve receitas totais de 157,5 milhões de euros (+0,9) e os custos operacionais diminuíram 0,2%, para 139,2 milhões de euros. O EBITDA situou-se nos 18,2 milhões (+9,9%, com uma margem do EBITDA de 11,6%. O EBITDA recorrente, ajustado dos custos de reestruturação e de indemnizações pagas e recebidas, foi de 15,2 milhões, uma quebra de 19,7%. Os resultados líquidos da SIC, que apresenta contas à parte, foi de 4,8 milhões de euros, uma quebra de 42,2%.

Na Impresa Publishing as receitas desceram 5,1% em 2024, para os 23,4 milhões de euros, e os custos operacionais diminuíram 6,3%, para os 21,5 milhões de euros, devido à redução nos custos de produção do jornal Expresso, escreve o grupo. O EBITDA foi de 2 milhões (+ 11,5%) e o EBITDA recorrente, ajustado dos custos de reestruturação e de indemnizações pagas e recebidas, foi de 2,2 milhões de euros, uma variação negativa de 11,7%, com uma margem de 9,3%.

A Infoportugal registou receitas no valor de 1,6 milhões de euros, um crescimento de 4% relativamente a 2023. Em termos de resultados consolidados, o EBITDA deste segmento foi negativo no montante de 1,7 milhões, uma melhoria de 40,5% em relação a 2023.

As ações, refere também o grupo, terminaram o ano com uma descida de 22% face ao final de 2023. Os volumes de transação registaram uma redução de 47% relativamente ao período homólogo, refletindo uma média de 52,7 mil ações transacionadas por sessão.

Entretanto, a Impresa vai implementar um plano de redução de custos, a 4 anos, com o objetivo de poupar 10% dos seus custos, ou seja , cerca de 16 milhões de euros, avança o grupo. Para a redução da dívida, a venda das instalações é uma hipótese. “Continuamos empenhados em avaliar alternativas para reduzir o nosso nível de endividamento, incluindo a possibilidade de realizar uma operação de venda e subsequente arrendamento das nossas instalações em Paço de Arcos”, aponta Francisco Pedro Balsemão.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Putin concorda cessar-fogo desde que leve a “paz duradoura”

  • Lusa
  • 13 Março 2025

O presidente russo indica que o cessar da ação militar "deve conduzir a uma paz duradoura e eliminar as causas profundas da crise".

O Presidente russo, Vladimir Putin, disse esta quinta-feira que apoia a cessação das ações militares na Ucrânia, desde que leve a uma “paz duradoura”, em resposta à proposta de tréguas de 30 dias dos Estados Unidos já aceite por Kiev.

“A Rússia concorda com a proposta de cessar a ação militar, mas presumimos que isso deve conduzir a uma paz duradoura e eliminar as causas profundas da crise”, declarou Putin em conferência de imprensa no Kremlin com o seu homólogo bielorrusso, Alexander Lukashenko.

Vladimir Putin observou que as tropas ucranianas estão cercadas no seu último ponto de apoio na região russa de Kursk, sendo necessário determinar antes de um cessar-fogo se irão depor as armas e render-se. “As tropas russas estão a avançar em praticamente todos os setores da linha de contacto”, referiu.

O líder do Kremlin deu também nota de que é necessário desenvolver um mecanismo para controlar possíveis violações da trégua, alegando que a Ucrânia poderia usá-la para continuar a mobilizar recursos e armamento.

Um enviado dos Estados Unidos, Steve Witkoff, chegou esta quinta a Moscovo para negociações sobre um cessar-fogo de 30 dias proposto por Washington, que a Ucrânia já aceitou.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Indemnização a inquilino por quebra de contrato abate à mais-valia da venda da casa

Senhorios podem deduzir a compensação paga, por renúncia do contrato, aos ganhos, sujeitos a tributação em IRS, gerados pela alienação do imóvel. Mas é preciso acordo entre as partes, segundo o Fisco.

Os senhorios podem deduzir, no IRS a pagar pela mais-valia da venda da casa, os encargos com indemnizações pagas aos inquilinos por quebra do contrato de arrendamento, segundo uma informação vinculativa da Autoridade Tributária (AT), publicada no portal das Finanças.

Mas é necessário que a renúncia do contrato e o pagamento da compensação “sejam sustentados por acordo escrito entre as partes, bem como por documento de quitação que, sem quaisquer dúvidas, permita identificar o valor” da indemnização, alerta o Fisco.

A dúvida foi suscitada por um proprietário que tem um contrato de arrendamento anterior a 1990, e que não pode transitar para o Novo Regime de Arrendamento Urbano (NRAU) ou porque o arrendatário tem mais de 65 anos ou porque os seus rendimentos são muito baixos.

O senhorio ainda tentou vender a casa com o inquilino, mas não conseguiu. Por isso, “pondera realizar um acordo com o locatário para que este renuncie à sua posição contratual mediante o pagamento de uma indemnização”.

Assim, “questiona se uma eventual indemnização ao locatário como forma de colocar fim ao contrato, pode ser considerada como encargo no âmbito da categoria G, nos termos do disposto no artigo 51.º, n.º 1, alínea a) do Código do IRS“. Ou seja, o contribuinte em causa pergunta se tal despesa pode ser dedutível no IRS a pagar pelas mais-valias geradas pela venda do imóvel.

A instrução do Fisco começa por esclarecer que, “após as alterações ao Código do IRS introduzidas” pela reforma da tributação das pessoas singulares, de 2014, Lei n.º 82-E/2014, de 31 de dezembro, o artigo 51.º passou a ter em conta o seguinte: “Para a determinação das mais-valias sujeitas a imposto, ao valor de aquisição acrescem os encargos com […] indemnização comprovadamente paga pela renúncia onerosa a posições contratuais ou outros direitos inerentes a contratos relativos a esses bens”.

O projeto de reforma do IRS, de 2014, justificou o alargamento da dedução às compensações pagas aos inquilinos por quebra do contrato pelo senhorio por considerar que o regime anterior era “injustificadamente restritivo ao nível das despesas elegíveis para efeitos da determinação destas mais-valias”, quando “exclui a dedutibilidade de gastos efetiva e necessariamente suportados para a respetiva obtenção”.

“Com o objetivo de assegurar uma tributação mais justa, que atenda à real capacidade contributiva, entende-se que deve ser alargado o leque de despesas a considerar na determinação das mais e menos-valias, passando a incluir as indemnizações comprovadamente pagas pela renúncia onerosa a posições contratuais ou outros direitos relativos a bens imóveis”, segundo o argumento apresentado no âmbito do projeto de reforma do IRS.

Assim, “desde que a indemnização, por cessação do contrato de arrendamento, se encontre comprovadamente paga ao locatário/inquilino, poderá a mesma ser considerada como elegível” para abater ao imposto a pagar pela mais-valia gerada pela venda do imóvel, conclui a AT.

Mas, para tal, “deve o pagamento da referida indemnização ser sustentado por acordo escrito entre as partes, bem como, por documento de quitação que, sem quaisquer dúvidas, permita identificar o valor da mesma, os intervenientes no negócio e o imóvel em causa e deverá ser inscrita no anexo G, no campo despesas e encargos, da declaração Modelo 3 do IRS, do ano da alienação do imóvel”, de acordo com o Fisco.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Evitar crise é sempre de bom-tom, defende António Vitorino

  • Lusa
  • 13 Março 2025

"Neste momento o país está sobretudo focado na preparação, tudo leva a crer, de eleições legislativas, menos os jornalistas”, ironizou Vitorino, sem adiantar se será candidato presidencial.

O socialista António Vitorino disse esta quinta-feira que “evitar crises é sempre de bom-tom”, mas “quando elas não são evitáveis” confia nos mecanismos da democracia para as superar.

“Evitar crises é sempre de bom-tom, mas quando elas não são evitáveis eu confio que a democracia portuguesa tem mecanismos para permitir a sua superação”, disse António Vitorino aos jornalistas à entrada para uma conferência sobre migrações, que decorre esta tarde, em Cascais.

Apontado como possível candidato socialista às eleições presidenciais de 2026, António Vitorino evitou mais uma vez responder às perguntas dos jornalistas sobre a matéria, estando ainda por clarificar se avança com uma candidatura. “Em relação ao conspecto geral da política obviamente que neste momento o país está sobretudo focado na preparação, tudo leva a crer, de eleições legislativas, menos os jornalistas”, disse o presidente do Conselho Nacional para as Migrações e Asilo.

A reunião do Conselho de Estado convocada pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, iniciou-se esta tarde para discutir a crise política aberta pelo chumbo da moção de confiança apresentada pelo Governo no parlamento, que levou à queda do executivo minoritário PSD/CDS-PP liderado pelo primeiro-ministro Luís Montenegro.

Na quarta-feira, o chefe de Estado ouviu todos os partidos com assento parlamentar, que foram unânimes a defender que a solução para a crise política passa pela dissolução do parlamento e a convocação de eleições antecipadas.

A maioria dos partidos indicaram a data de 11 de maio como a preferida, outros defenderam que deve ser “o mais rápido possível”, e apenas BE, CDS-PP e PAN consideraram melhor ser a 18 de maio, todos oscilando entre as duas datas já admitidas publicamente por Marcelo Rebelo de Sousa em caso de eleições.

A atual crise política teve início em fevereiro com a publicação de uma notícia, pelo Correio da Manhã, sobre a empresa familiar de Luís Montenegro, Spinumviva, detida à altura pelos filhos e pela mulher, com quem é casado em comunhão de adquiridos – e que passou na semana passada apenas para os filhos de ambos, – levantando dúvidas sobre o cumprimento do regime de incompatibilidades e impedimentos dos titulares de cargos públicos e políticos.

Depois de mais de duas semanas de notícias – incluindo a do Expresso de que a empresa Solverde pagava uma avença mensal de 4.500 euros à Spinumviva – de duas moções de censura ao Governo, de Chega e PCP, ambas rejeitadas, e do anúncio do PS de que iria apresentar uma comissão de inquérito, o primeiro-ministro anunciou a 05 de março a apresentação de uma moção de confiança ao Governo.

O texto foi rejeitado na terça-feira com os votos contra do PS, Chega, BE, PCP, Livre e deputada única do PAN, Inês Sousa Real. A favor estiveram o PSD, CDS-PP e a Iniciativa Liberal.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Caso gémeas. PS diz que Casa Civil do Presidente da República “tratou processo de forma especial”

  • Lusa
  • 13 Março 2025

"Não persistem dúvidas, está provado que a Casa Civil tratou este processo de forma especial", afirmou o coordenador do PS na comissão de inquérito.

O PS considera que a Casa Civil do Presidente da República tratou o processo das gémeas luso-brasileiras “de forma especial” e “foi demasiado longe”, nas propostas de alteração que ao relatório preliminar da comissão parlamentar de inquérito.

“Não persistem dúvidas, está provado que a Casa Civil tratou este processo de forma especial”, afirmou o coordenador do PS na comissão de inquérito, em conferência de imprensa na Assembleia da República.

João Paulo Correia disse que a Casa Civil “foi demasiado longe em comparação com outros casos similares que chegaram à comissão de inquérito” e também no que toca aos emails trocados entre o chefe da Casa Civil, Frutuoso de Melo, e os assessores do Presidente da República e aos contactos telefónicos estabelecidos com o Hospital de Santa Maria.

O socialista considerou que houve um “interesse da Casa Civil de corresponder ao pedido de ajuda maior” que Nuno Rebelo de Sousa fez ao pai, o Presidente da República, com visa a que as crianças luso-brasileiras fossem tratadas em Lisboa.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

PS acusa Aguiar-Branco de ser “garante da instabilidade” no parlamento

  • Lusa
  • 13 Março 2025

Aguiar-Branco terá dito que o líder do PS fez "pior à democracia em 6 dias do que André Ventura em 6 anos" na reunião do PSD. O cargo de presidente da Assembleia da República é a "24 horas", diz PS.

O PS acusou esta quinta-feira o presidente da Assembleia da República, Aguiar-Branco, de fazer “afirmações graves” sobre o líder socialista e de participar num “jogo político concentrado em agarrar o poder” quando tem sido o “garante da instabilidade no parlamento”.

Em declarações à agência Lusa, a dirigente e vice-presidente da bancada do PS Marina Gonçalves criticou e refutou as palavras de Aguiar-Branco, que na quarta-feira à noite acusara o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, de ter feito “pior à democracia em seis dias do que André Ventura em seis anos”, numa intervenção à porta fechada no Conselho Nacional do PSD, embora, segundo fontes do partido, tenha assinalado que falava na qualidade de militante e não na de presidente da Assembleia da República.

Tendo em conta que é precisamente este presidente da Assembleia da República que tem normalizado comportamentos antidemocráticos, que num fórum partidário faz aquele tipo de afirmação, eu só consigo ver isso ou da normalização de uma direita mais alargada ou, que também pode ser complementar, num taticismo político e num jogo político concentrados apenas em agarrar o poder”, disse Marina Gonçalves.

Estas declarações vêm, segundo a deputada socialista, de quem “tem sido o garante da instabilidade no parlamento, o garante de um comportamento por parte de alguns grupos parlamentares que é completamente contrário ao estado de direito democrático”.

“Já é de uma gravidade extrema o normalizar de determinados partidos e comportamentos nesta Assembleia. Este tipo de afirmações ainda mais grave quando o faz, porque não há uma veste que se despe a cada momento, o presidente da Assembleia da República, independentemente do momento e do sítio onde o faz”, lamentou.

Para Marina Gonçalves, a questão do local onde foi dito ter sido uma reunião partidária e à porta fechada não retira gravidade já que “o presidente da Assembleia da República é-lo 24 horas” e tem uma “responsabilidade acrescida também na forma como é o garante da democracia”.

“Não duvido muito de que possa efetivamente achar que um comportamento do Chega é normal. Não duvido muito que o diga. Faz-me pouco mais de confusão que, normalizando esse comportamento, faça este tipo de ataques ao partido que tem sido o garante da estabilidade e já agora da sua própria eleição”, disse.

Segundo fontes presentes no Conselho Nacional do PSD de quarta-feira, que decorreu à porta fechada, e salientando falar na qualidade de militante e não na de presidente da Assembleia da República, o antigo ministro da Justiça considerou que a polémica das últimas semanas sobre a empresa Spinumviva, atualmente detida pelos filhos de Luís Montenegro, “é uma questão de regime”.

José Pedro Aguiar-Branco disse não considerar normal que um deputado possa definir o que é um valor justo para serviços prestados por uma empresa, que “um líder de um partido fundador da democracia” possa dizer o que se pode ou não fazer fora da política ou que um deputado se possa “substituir à Polícia Judiciária ou ao Ministério Público, para perseguir outros deputados, ministros ou primeiros-ministros”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.