Temporais de 2025 já custaram 8 milhões de euros à Ageas

  • ECO Seguros
  • 29 Abril 2025

As depressões Hermínia, Ivo, Jana e Martinho, ocorridas entre janeiro de março deste ano causaram 8 milhões de prejuízos só ao grupo segurador Ageas.

No total dos eventos meteorológicos Hermínia, Ivo, Jana e Martinho, o grupo segurador Ageas recebeu quase 6.000 ocorrências, com um custo total de sinistros de aproximadamente oito milhões de euros.

Fonte da empresa refere que estes números refletem “o aumento, tanto do número de tempestades, como de danos causados pelas mesmas”. Segundo José Luis Leão, diretor de Corretores e Parcerias do Grupo Ageas Portugal, afirmou em artigo recente publicado em ECOseguros, “estes fenómenos cada vez mais frequentes no nosso país que devem levar-nos a uma reflexão profunda sobre a forma como estamos seguros nas nossas casas, nos escritórios ou até nos veículos”.

A Associação Portuguesa de Seguradores (APS), já tinha divulgado que só os prejuízos provocados pela depressão Martinho se tinham elevado aos 50 milhões de euros após ter inquirido as seguradoras portuguesas sobre os sinistros declarados e valor previsto para indemnizações.

Cerca de 98% dos sinistros declarados às seguradoras após a Martinho são relativos a danos em habitações e em atividades comerciais, mas também foram reportados danos em bens seguráveis, mas não cobertos, como estradas, pontes e redes elétricas, em viaturas sem apólice de danos próprios, bem como em explorações agrícolas.

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Tarifas. China diz que ceder fará com que Washington “queira tirar mais partido”

  • Lusa
  • 29 Abril 2025

Ministro dos Negócios Estrangeiros chinês diz que "ficar em silêncio, ceder e recuar" só fará com que "o rufia queira tirar mais partido", referindo-se aos Estados Unidos.

O ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, advertiu no Rio de Janeiro que “ficar em silêncio, ceder e recuar” só fará com que “o rufia queira tirar mais partido”, referindo-se aos Estados Unidos.

Wang afirmou na segunda-feira, durante uma reunião entre os chefes da diplomacia dos países membros do bloco de economias emergentes BRICS, que “os Estados Unidos beneficiaram muito com o comércio livre durante muito tempo, mas agora estão a usar as tarifas como moeda de troca para exigir preços exorbitantes a outros países”, segundo um comunicado divulgado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês.

O diplomata sublinhou a “urgência de defender as regras do comércio multilateral”, explicando que “a essência do comércio é o benefício mútuo” para as duas partes.

Wang defendeu que o comércio “não deve ser uma ferramenta para ganhos individuais” e lamentou que os EUA “persigam o unilateralismo, coloquem os seus próprios interesses em primeiro lugar e os coloquem acima dos interesses públicos internacionais”.

“Os países BRICS devem opor-se conjuntamente a todas as formas de protecionismo, proteger firmemente o sistema de comércio multilateral baseado em regras, com a Organização Mundial do Comércio no seu núcleo, defender os seus valores fundamentais e princípios básicos e promover a facilitação do comércio”, acrescentou o ministro chinês.

Desde o início deste mês que a China e os Estados Unidos mantêm tarifas superiores a 100% sobre os produtos um do outro. Embora as autoridades norte-americanas tenham afirmado que estão em curso negociações com os seus homólogos chineses para chegar a um acordo comercial, Pequim negou-o repetidamente, assegurando que “não tem medo” de uma guerra comercial.

Os ministros dos Negócios Estrangeiros dos BRICS debatem, no Rio de Janeiro, o papel do Sul Global na promoção do multilateralismo, face às políticas do líder norte-americano, Donald Trump.

As discussões servirão para redigir uma declaração que, em princípio, será apresentada ainda na segunda-feira e aprovada na cimeira de chefes de Estado dos BRICS, um fórum de dez países emergentes, que também se realizará no Rio de Janeiro, nos dias 06 e 07 de julho.

Diplomacia chinesa publica vídeo “Não nos ajoelhamos”

Esta terça-feira, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da China publicou um vídeo intitulado “No Kneeling” (“Não nos ajoelhamos”), no qual reafirma a recusa em ceder às pressões decorrentes da guerra comercial com os Estados Unidos.

No vídeo, publicado na conta oficial do ministério na rede social WeChat – semelhante ao WhatsApp –, a diplomacia chinesa argumenta que ceder ao que descreve como “hegemonia” norte-americana não conduziria à resolução das tensões, mas sim ao seu agravamento.

O ministério acusou os EUA de desencadearem uma “tempestade tarifária” global e criticou o facto de Washington não ter feito concessões à China, como a suspensão de 90 dias das tarifas decretada pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, para os restantes países.

As autoridades compararam esta dinâmica ao “olho de um furacão”, alertando para o facto de a aparente calma ser, na realidade, uma “armadilha mortal” que precede novas turbulências.

“O registo histórico mostra que as concessões não garantem um desanuviamento nas disputas comerciais e, em vez disso, acabam por alimentar o aumento da pressão”, afirmou a diplomacia do país asiático. “Ceder ao agressor é como beber veneno quando se tem sede”, descreveu.

Com um fundo musical de intensidade crescente, o vídeo declara que “a China não se ajoelha” e argumenta que “lutar pela cooperação permite que a cooperação exista, enquanto procurá-la através de concessões leva ao seu desaparecimento”.

O vídeo acrescenta ainda que uma atitude assertiva permitiria que os países mais pequenos fossem ouvidos, travaria potenciais abusos de poder e defenderia os princípios internacionais.

O vídeo também descreve os opositores a esta posição como “tigres de papel” e salienta que o comércio dos EUA representa menos de um quinto do comércio mundial, pelo que Washington poderá ficar isolado se outros países aderirem à posição da China.

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BCE prepara cortes abaixo da taxa neutra com “total liberdade de ação”, avisa Olli Rehn

O governador do banco central da Finlândia defende uma política "ágil" do BCE face às tarifas comerciais e ao euro forte, mantendo portas abertas para medidas mais ousadas caso inflação acuse desvios.

O Banco Central Europeu (BCE) poderá vir a surpreender os mercados ao cortar as taxas de juro para níveis abaixo do chamado “nível neutral” — patamar que não estimula nem trava a economia —, mantendo, ao mesmo tempo, maior flexibilidade possível na condução da política monetária.

O cenário foi admitido por Olli Rehn, governador do Banco Central da Finlândia e membro do Conselho do BCE, no decorrer de um evento na segunda-feira, numa altura em que a inflação na Zona Euro dá sinais de abrandamento e os riscos para o crescimento económico se intensificam.

Segundo Olli Rehn, “não devemos descartar cortes de taxas abaixo do nível neutro”. Esta declaração surge num contexto de incerteza sobre a evolução da economia europeia, marcada por uma conjuntura de concessão crédito mais restritivo e de riscos crescentes para as projeções de inflação. “Há algum aperto nas condições de crédito, mas pode ser de curto prazo, o júri ainda está fora”, referiu o governador.

“A força do euro está a adicionar complexidade à perspetiva de preços”, explicou Olli Rehn, sublinhando a necessidade de uma abordagem flexível por parte do Banco Central Europeu para lidar com esta situação.

Olli Rehn sublinha que a evolução da inflação continua a ser monitorizada de perto pelo BCE, numa altura em que os mercados já antecipam novos cortes. “Se as perspetivas mostrarem uma queda abaixo dos 2%, mais cortes são corretos”, admitiu, referindo-se ao objetivo de inflação do banco central.

O contexto externo também pesa nas decisões do BCE, sobretudo devido ao impacto das tarifas comerciais. “Concordo com os mercados de que as tarifas vão abrandar a inflação” e que “há sobretudo riscos descendentes para as projeções”, afirmou Olli Rehn, acrescentando que “há riscos descendentes para as perspetivas de inflação de março” e que “os efeitos das tarifas na Zona Euro são de duas vias”.

A força do euro é outro fator que “complica” o cenário para a política monetária. “A força do euro está a adicionar complexidade à perspetiva de preços”, explicou o governador finlandês, sublinhando a necessidade de uma abordagem flexível. “A taxa do euro é importante na avaliação do rumo da política”, acrescentou.

O BCE, garante Rehn, está atento à evolução dos mercados para garantir a estabilidade dos preços e do sistema financeiro. “Estamos a monitorizar os mercados para garantir a estabilidade dos preços e financeira”, destacou.

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Franceses ‘amarram’ produção de barcos de luxo no Alto Minho com 200 trabalhadores

Depois da "explosão de pedidos e encomendas” no pós-Covid, em que chegou a empregar 700 pessoas em Portugal, o grupo Beneteau produz agora 80 barcos de luxo ao ano com um efetivo de 200 trabalhadores.

Chegou a Portugal com a promessa de criar 700 empregos no Alto Minho, no polo industrial que criou no país através da fusão da antiga fábrica Rodman, em Valença, e Starfisher, em Vila Nova de Cerveira, ambas compradas pelo Grupo Beneteau, no final de 2021, em pleno período pós-pandemia.

Após um “crescimento muito rápido” nos dois primeiros anos, período no qual a multinacional francesa chegou a empregar as sete centenas de pessoas prometidas, o grupo estabilizou a atividade – e os postos de trabalho – com cerca de 200 trabalhadores. E voltar a contratar não está nos planos, apesar de garantir que Portugal é uma aposta do grupo e merece um “investimento forte” na inovação e melhoria das instalações.

Após “um crescimento muito grande”, no período pós-pandemia de Covid-19, em que “o setor náutico teve uma explosão dos pedidos e das encomendas” e originou “um crescimento muito rápido nos dois primeiros anos” da empresa no país, o Grupo Beneteau Portugal regressou a níveis de produção considerados normais – fabrica atualmente 80 barcos por ano – e emprega agora cerca de 200 trabalhadores, refere ao ECO o diretor-geral, Filipe Gaspar.

 

Com o novo padrão e a produção mais calma, e também com níveis de eficiência e de produtividade muito melhores – o que também é necessário –, [a empresa] estabilizou por volta de 200 colaboradores”, justifica, relatando que o grupo chegou a ter os 700 funcionários prometidos aquando do anúncio do investimento no Alto Minho. Os planos atuais pressupõem uma manutenção da equipa.

Ao dia de hoje e para este ano, contratar não está nos planos. [A intenção] é realmente manter” o número de colaboradores, aponta o gestor, destacando que a empresa continua a apostar no know-how e formação das equipas.

Aquando das aquisições no Norte do País, o grupo francês adiantou que estes investimentos permitiriam “consolidar a presença em Portugal para servir o mercado muito dinâmico dos pequenos barcos a motor (menos de 40 pés) para a vela local, ou dayboating“, falando no mercado nacional como um complemento às fábricas polacas e americanas dedicadas a estes mercados, as quais careciam de capacidade de produção, segundo explicou à data Jérôme de Metz, CEO do Groupe Beneteau.

Apesar de ter um número mais reduzido de colaboradores, o responsável pelo grupo em Portugal garante que a empresa está a fazer um forte investimento no “desenvolvimento de novos modelos e em restyling de modelos que já são um bocadinho mais velhos”. Destaca, por outro lado, o trabalho na área da pesquisa e da inovação em Portugal, já que, além de um centro de produção, tem também um centro de desenvolvimento no país.

Em três anos, [a operação em Portugal] demonstrou que era capaz de alcançar níveis de segurança, de qualidade e de produtividade do mesmo nível que as outras fábricas no grupo. Por isso, definitivamente, é uma aposta para o futuro.

Filipe Gaspar

Diretor-geral do Grupo Beneteau Portugal

Em declarações ao ECO, Filipe Gaspar sublinha que o grupo está a fazer “muito investimento na área do desenvolvimento, mas também nas instalações”. “Nós procuramos sempre crescer, melhorar as instalações”, acrescenta.

Sem querer avançar com números, o responsável garante que o mercado nacional é “definitivamente” uma aposta para a empresa. “Em pouco tempo, em três anos, [a operação em em Portugal] demonstrou que era capaz de alcançar níveis de segurança, de qualidade e de produtividade do mesmo nível que as outras fábricas no grupo. Por isso, definitivamente, Portugal é uma aposta para o futuro”, remata.

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Novobanco devia adiar IPO por causa das tarifas?

Novobanco aponta operação para o próximo mês, mas analistas consideram que seria "aconselhável" ajustar calendário até haver uma maior visibilidade sobre a guerra comercial.

O Novobanco devia adiar a ida para a bolsa por causa da elevada instabilidade e volatilidade que varreu os mercados financeiros nas últimas semanas devido à guerra comercial? Os analistas consideram que seria “aconselhável” ajustar o calendário da oferta pública inicial (IPO) até os investidores terem uma maior visibilidade sobre o que vai acontecer às tarifas. Até porque, se avançar a operação agora, vão exigir um prémio de risco superior. O que significa que os acionistas do banco vão embolsar menos.

“O atual ambiente nos mercados financeiros é de forte queda dos preços, afetando também os bancos, dado serem instituições muito dependentes do ciclo económico e da política monetária”, afirma Sérgio Lagoa, professor de banca e mercados no ISCTE.

“A incerteza criada pela política comercial dos EUA é elevada e prejudicial para as valorizações acionistas. Daí que fosse aconselhável aguardar uma clarificação de como a guerra das tarifas irá evoluir antes de se iniciar o IPO”, defende o docente.

António Nogueira Leite, professor da Nova SBE e ex-administrador da Caixa, concorda que “ainda não se percebeu exatamente como a guerra comercial vai evoluir”, o que torna o IPO “mais imprevisível”.

Donald Trump deixou as bolsas do avesso depois de no dia 2 de abril ter anunciado “tarifas recíprocas” globais, com a guerra comercial a escalar com a pronta resposta dos outros países, incluindo China e União Europeia.

Uma semana depois, e pressionado pela forte reação adversa dos mercados, Presidente norte-americano deu um passo atrás e decretou uma pausa de 90 dias para negociar com os parceiros comerciais. Embora tenha ajudado a colocar água na fervura, a volatilidade persistente das bolsas mostra que a incerteza continua a tomar as rédeas dos mercados e do sentimento dos investidores e instituições como o Fundo Monetário Internacional (FMI) estão a rever em baixa as perspetivas para a economia mundial.

"O atual ambiente nos mercados financeiros é de forte queda dos preços, afetando também os bancos, dado serem instituições muito dependentes do ciclo económico e da política monetária. A incerteza criada pela política comercial dos EUA é elevada e prejudicial para as valorizações acionistas. Daí que fosse aconselhável aguardar uma clarificação de como a guerra das tarifas irá evoluir antes de se iniciar o IPO.”

Sérgio Lagoa

Professor Associado do ISCTE

Pelo meio, o Novobanco adiantou que os planos do IPO se mantinham, mas sublinhou que o exato momento continuava a “depender das condições de mercado”, o que deixa a porta aberta a esperar pela janela de setembro para avançar com a operação, em vez de maio.

A expectativa é que por essa altura a nuvem de imprevisibilidade da guerra comercial — e que está a afetar o mercado nacional de M&A, com as operações mais de 30% a afundarem no primeiro trimestre — já se tenha dissipado. Para o bem ou para o mal.

“Até pode suceder que esteja para ficar, mas só essa clarificação será importante para reduzir o nível de incerteza e de aversão ao risco, levando o mercado a ajustar-se a uma nova realidade”, considera Sérgio Lagoa.

Eleições é “elemento a ter em conta”

António Nogueira Leite lembra ainda outro pormenor: não haverá Governo até ao dia 18 de maio. “É um elemento a ter em conta”, frisa.

O ECO avançou na semana passada que o Estado ficará de fora do IPO na medida em que o Governo se encontra em modo de gestão e o Ministério das Finanças não dispõe das condições para decidir sobre a participação detida pela Direção-Geral do Tesouro e Finanças (DGTF), conforme concluiu um parecer que foi pedido ao Centro Jurídico do Estado (CEJURE).

De qualquer forma, nem a guerra comercial nem as eleições em Portugal “invalidam o trabalho preparatório” do Novobanco rumo ao IPO, “uma vez que ele é condição sine qua non para que se possa avançar para os passos finais”, assume Nogueira Leite.

“Investidores vão exigir prémio de risco maior”

Se o IPO avançar em maio, Sérgio Lagoa e António Nogueira Leite não duvidam que os investidores vão exigir um prémio de risco superior, traduzindo-se num menor valor encaixado pelos vendedores Lone Star e Fundo de Resolução.

“O risco para o IPO é de que, face à incerteza, o preço obtido seja inferior ao que seria obtido noutra situação de maior certeza face ao que o futuro nos reserva. Num contexto de incerteza, os investidores podem reduzir a procura de ações, preferindo ativos de refúgio”, explica Sérgio Lagoa.

“Há sempre um risco e um acréscimo do mesmo se o ambiente político geral for mais incerto”, sintetiza Nogueira Leite.

"Há sempre um risco e um acréscimo do mesmo se o ambiente político geral for mais incerto.”

António Nogueira Leita

Professor Catedrático da Nova SBE

O professor do ISCTE destaca que a própria valorização fundamental do Novobanco – que vem de um bom momento, potenciado pela recuperação da rentabilidade e subida dos juros — pode ser prejudicada devido à deterioração das perspéticas económicas e ao clima de incerteza.

O FMI acabou de cortar a previsão para o crescimento de Portugal para 2% este ano e para 1,7% no próximo, três décimas abaixo das anteriores projeções para os dois anos.

Um contexto que leva Nogueira Leite a deixar uma recomendação importante para evitar percalços num ano completamente volátil: “Como tudo em 2025, há que ir monitorizando a evolução”.

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O que devemos ter num kit de emergência?

Um mês antes do 'apagão', a Comissão Europeia propôs aos Estados-membros que garantam que as populações tenham um "armazenamento de bens essenciais" para, pelo menos, 72 horas. Saiba o que contemplar.

A Comissão Europeia quer incentivar os cidadãos a terem kits de emergência com artigos essenciais para situações extremas, como a que aconteceu em Portugal e Espanha esta segunda-feiraPixabay

Lanternas, rádios a pilhas e garrafões de água foram alguns dos artigos mais procurados pelos portugueses nesta segunda-feira, 28 de abril, depois de uma falha no fornecimento de eletricidade ter ‘desligado‘ Portugal e Espanha durante praticamente todo o dia útil. O problema foi tal que muitas famílias foram apanhadas totalmente desprevenidas e sem forma de responder às necessidades mais básicas. Em várias lojas, estes produtos simplesmente esgotaram, trazendo ecos do início da pandemia de Covid-19.

Um ‘apagão’ como o que se registou na Península Ibérica causaria sempre constrangimentos, qualquer que fosse o nível de preparação das populações: houve cortes no abastecimento residencial de água e os semáforos apagados espalharam o caos nas estradas. Mas algumas medidas simples poderiam ter mitigado o impacto da falha no dia-a-dia das famílias. Sobretudo se o problema se tivesse prolongado ainda mais tempo, ao invés de ficar praticamente resolvido ao início da madrugada.

Uma das medidas mais recomendadas é a criação do chamado “kit de emergência”. Há pouco mais de um mês, a Comissão Europeia publicou uma estratégia para “melhorar a capacidade da Europa de prevenir e responder a ameaças emergentes”, em conjunto com os Estados-membros. Além de propor “integrar cursos sobre preparação nos currículos escolares”, Bruxelas assume que irá realizar esforços para “encorajar o público a adotar medidas práticas, como o armazenamento de bens essenciais, para um período mínimo de 72 horas em caso de emergência”.

Nessa estratégia, a Comissão Europeia não especifica quais os bens essenciais que devem ser armazenados pelas pessoas, apontando como “calendário indicativo” da medida o ano de 2026. No entanto, alguns países têm apelado à população para terem em casa um kit com vários artigos úteis para situações críticas. Assim, com base nas recomendações já emitidas por diversas autoridades europeias, incluindo França, Bélgica, Noruega e até Portugal, o ECO compilou uma lista de itens que as famílias devem ter em conta na hora de criar um kit de emergência:

  • Estojo de primeiros socorros, com pensos, ligaduras, compressas, fita adesiva, tesoura, pinça, alfinetes de segurança, analgésicos e desinfetantes, por exemplo;
  • Medicação essencial, incluindo medicação habitual;
  • Alimentos não perecíveis, como alimentos secos ou em conserva e boiões de comida para bebé;
  • Água engarrafada (França recomenda seis litros por pessoa);
  • Dinheiro em numerário, para quando não for possível fazer pagamentos digitais;
  • Carregador de telemóvel e powerbank (carregada);
  • Lanternas, preferivelmente recarregáveis à manivela ou a pilhas, sem esquecer pilhas de reserva;
  • Um rádio a pilhas, com pilhas de reserva, para obter informações em caso de falha na rede elétrica;
  • Fósforos ou isqueiro e velas;
  • Canivete suíço;
  • Apito para chamar a atenção em caso de emergência;
  • Manta térmica, cobertor e roupa quente;
  • Artigos de higiene pessoal;
  • Óculos suplentes;
  • Ração para os animais de estimação;
  • Checklist de evacuação, com todos os itens pessoais a levar;
  • Lista telefónica com contactos de familiares, amigos, vizinhos e outros números importantes.

Estes artigos, que podem ser guardados numa mochila, são apenas alguns exemplos do que deve conter um kit de emergência, mas o trabalho não acaba aqui. “Verifique regularmente a validade dos diversos itens”, recomenda o Serviço de Proteção Civil de Lisboa, acrescentando: “Ao seu kit poderá adicionar outros elementos que considere essenciais.”

Apesar de ainda não existir uma explicação oficial para o que originou o ‘apagão’ desta segunda-feira, há muitos perigos à espreita que poderão requerer o uso do kit de emergência. A Comissão Europeia assume que a estratégia de preparação onde se inclui o armazenamento de produtos essenciais para viver durante 72 horas torna-se necessária numa altura em que “a União Europeia se depara com crises cada vez mais complexas e desafios que não podem ser ignorados”.

“Desde o aumento das tensões geopolíticas e dos conflitos, passando pelas ameaças híbridas e de cibersegurança, pela manipulação e interferência de informação por entidades estrangeiras, até às alterações climáticas e ao aumento de desastres naturais, a UE precisa de estar preparada para proteger os seus cidadãos e as funções sociais essenciais que são cruciais para a democracia e para a vida quotidiana”, rematava a Comissão, um mês antes do ‘apagão’ ibérico na rede elétrica.

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Hospitais a meio gás, telecomunicações em baixo, aviões na pista. Como o apagão parou o país

Falha de energia deixou os hospitais a meio gás, os aviões na pista e o país sem telecomunicações. Portugueses correram aos supermercados e postos de combustível.

O apagão energético que deixou Portugal “às escuras” esta segunda-feira provocou várias perturbações de Norte a Sul do país, mostrando quão dependentes estamos da eletricidade. Das telecomunicações aos hospitais e transportes, vários serviços ficaram a meio gás e outros suspensos.

A falha energética que se começou a sentir por volta das 11h30 afetou severamente as telecomunicações com as três principais operadoras de telecomunicações do país a ativarem planos de contingência para responderem ao apagão. Levantar dinheiro ou um simples pagamento por MB Way tornou-se uma tarefa impossível, apesar da rede da SIBS continuar operacional.

A Autoridade Nacional de Aviação Civil (ANAC) pediu aos passageiros para não se dirigirem ao aeroporto. No Humberto Delgado, centenas de voos foram cancelados e vários desviados com milhares de pessoas a serem obrigadas a ficar no exterior. Os aeroportos do Porto e Faro tiveram constrangimentos, mas menores. O regulador autorizou, mais tarde, a realização de voos noturnos.

Na Invicta, a circulação do Metro do Porto parou, enquanto a Sociedade de Transportes Coletivos do Porto (STCP) manteve a operação em pleno funcionamento, à exceção dos elétricos históricos que pararam. Em Lisboa, o Metropolitano de Lisboa fechou e o serviço de autocarros da Carris funcionou com alguns constrangimentos, à exceção dos elétricos e ascensores que ficaram temporariamente suspensos. A circulação ferroviária, já com fortes perturbações devido à greve, foi interrompida.

Vários postos de combustível condicionaram o abastecimento e a imprevisibilidade originou longas filas nos postos de combustível em todo o país.

Nos hospitais públicos e privados foram suspensas consultas e cirurgias programadas, mas os geradores permitiram manter os serviços mínimos. Para garantir o fornecimento de combustível, foi acionado um plano com escoltas da GNR para infraestruturas críticas, como as unidades de saúde.

As universidades suspenderam as aulas e várias escolas e creches fecharam. Em resposta ao ECO, o ministério da educação disse que a “competência para avaliar e decidir sobre as condições de funcionamento de cada um dos estabelecimentos de educação e ensino é dos diretores(as), sendo que a prioridade absoluta é a segurança das crianças/alunos(as)”.

Montenegro disse esta segunda-feira à noite, a partir da residência oficial, em São Bento, que as “escolas poderão reabrir terça-feira se não houver mais perturbações”.

O apagão levou os portugueses a saírem mais cedo dos empregos e a correrem aos supermercados que não encerraram as portas. Água, velas e enlatados esgotaram nas prateleiras. “Voltámos ao tempo da pandemia em que o retalho alimentar teve de responder a um pico de procura e de tensão”, disse Gonçalo Lobo Xavier, diretor-geral da APED. Alguns supermercados optaram por fechar portas devido à falha de energia.

O apagão impediu ainda restaurantes e alojamentos turísticos de operar enquanto outros optaram por funcionar apenas parcialmente.

No plano político, a pré-campanha emudeceu e o debate sobre as legislativas entre Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos que estava previsto para esta segunda-feira à noite foi adiado para data ainda desconhecida.

Após horas de caos, “energia já foi restabelecida”

“A energia já foi restabelecida”, afirmou o primeiro-ministro ao país pelas 21h20, interrompendo o Conselho de Ministros. O Governo “está reunido de forma permanente desde as 13 horas, em modo de gestão de crise e assim continuará”, afirmou Montenegro, destacando que “o Conselho de Ministros decretou a situação de crise energética, o que possibilitou durante todo o dia que fossem tomadas medidas de afetação prioritária de afetação de fornecimentos a serviços prioritários e respetiva operacionalização”.

 

O primeiro-ministro afirmou que o apagão generalizado que paralisou o país “teve origem fora” do território nacional, “muito provavelmente em Espanha”. O primeiro-ministro explicou que, embora as causas ainda não estejam totalmente esclarecidas, o principal cenário em cima da mesa é que a origem tenha estado num “aumento abrupto na rede espanhola”. “Foi um aumento que fez disparar os mecanismos de segurança”, disse.

Ao final da tarde e durante a noite vários distritos do país (Coimbra, Porto, Guarda, Santarém e Lisboa) viram o fornecimento de energia reposto. Por volta das 23h, cerca de 4,6 milhões de clientes já estavam ligados à rede, de acordo com a REN – Redes Energéticas Nacionais.

Depois do apagão que teve início por volta das 11h30, a energia começou a regressar por volta das 17h30 a Abrantes, Águeda e Vila Nova de Gaia. O Sistema de Segurança Interna (SSI) avançou que a reposição de energia elétrica no país está a ser feita “de forma faseada e segura para evitar novos desequilíbrios no sistema”.

O restabelecimento de eletricidade foi sendo festejado de forma efusiva à medida que de bairro em bairro, freguesia em freguesia, a luz voltava. As causas exatas que originaram o apagão continuam por explicar. A hipótese de um ciberataque tem sido descartada.

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Generali Tranquilidade tem mais de 40 vagas abertas para estágios

  • ECO Seguros
  • 29 Abril 2025

Os programas de estágio com duração de um ano arrancam em outubro deste ano. Aquele que se destina aos alunos de licenciatura ou do primeiro ano de mestrado decorre nos meses de julho e agosto.

A Generali Tranquilidade anunciou que estão mais de 40 vagas com candidaturas abertas para diferentes programas de estágio na seguradora. A edição deste ano traz uma novidade: o programa DataLab.

O novo programa servirá para integrar jovens em áreas de crescente importância para o negócio segurador, “utilizando os dados como pilares para a tomada de decisão”, indica a empresa em comunicado. O DataLab procura finalistas de licenciatura ou mestrado nas áreas de data science, matemática aplicada, analise e gestão de informação ou similares.

Já o programa Rocket promete “dar boost à carreira” dos recém-licenciados e estudantes de mestrado em gestão, contabilidade, economia, matemática, data science, engenharias, marketing, recursos humanos, direito, comunicação ou similares. Neste programa, os jovens são enquadrados em várias áreas de apoio ao negócio e poderão participar em projetos multidisciplinares em toda a organização.

Para o programa Xpert procuram-se jovens com formação técnico-profissional em áreas específicas do negócio segurador como em seguros, operações, sinistros, comercial e vendas, negociação comercial, sistemas de informação, cibersegurança ou similares. Este programa dá ao “jovens oportunidade de especialização” no setor, refere a Generali Tranquilidade.

Todos os programas de estágio anteriormente mencionados têm duração de um ano e arrancam em outubro deste ano.

Por fim, o programa Wave decorre nos meses de julho e agosto deste ano e destina-se a alunos a de licenciatura ou do primeiro ano de mestrado nas áreas de gestão, matemática, engenharias, direito, recursos humanos, comunicação ou similares. O programa pretender oferecer aos alunos a possibilidade de “aliar o conhecimento académico e a prática”

Para mais informações e candidaturas, aqui.

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Portugal está em “situação de crise energética”. O que significa?

Objetivo é “garantir os abastecimentos energéticos essenciais ao funcionamento dos serviços essenciais de interesse público e das necessidades fundamentais da população”. Dura até dia 30.

O primeiro-ministro declarou esta segunda-feira “situação de crise energética” na sequência do apagão que mergulhou o país numa situação inédita. Mas que consequências tem esta espécie de estado de emergência na área da energia?

O objetivo da medida é “garantir os abastecimentos energéticos essenciais ao funcionamento dos serviços essenciais de interesse público e das necessidades fundamentais da população”, como se pode ler na Resolução do Conselho de Ministros publicada esta segunda-feira.

Assim o Governo pode “tomar as medidas excecionais adequadas a assegurar a gradual e programada reposição da normalidade do abastecimento”, até às 23h59 de dia 29 de abril, em todo o território continental. Mas, se o Governo assim o entender, as medidas de caráter excecional podem ser revistas, prorrogadas ou reforçadas se a evolução da situação assim o justificar. Por exemplo, se o fornecimento de energia elétrica não for restabelecido com a rapidez necessária e perdurar para além do período de vigência da declaração de crise energética, ou se houver uma alteração das circunstâncias que a justificam.

Ao declarar a situação de crise energética o Governo pode adotar medidas excecionais, de natureza voluntária ou compulsiva para atenuar o desequilíbrio entre a oferta e a procura de energia; para otimizar a distribuição dos recursos energéticos disponíveis; e outras medidas complementares. Sendo que é a ministra do Ambiente que caberá aplicar estas medidas.

“No diploma legal que a enquadra e regula, a definição da situação de crise energética assenta na ocorrência de dificuldades que perturbem gravemente o funcionamento do mercado, obrigando à aplicação de medidas de exceção destinadas a garantir os abastecimentos de energia essenciais à defesa do País, ao funcionamento do Estado e dos setores prioritários da economia, bem como à satisfação das necessidades fundamentais da população. Neste conceito integram-se situações que possam ocorrer dentro ou fora do país, no sistema de aprovisionamento ou nos sistemas logísticos ou de abastecimento”, explica a advogada Mónica Carneiro Pacheco, sócia de Energia & Alterações Climáticas da CMS Portugal. “No caso concreto, a Resolução de Conselho de Ministros (RCM) que declarou a crise energética prevê a possibilidade de adoção de todos os tipos de medidas previstos na lei, isto é, medidas para atenuar o desequilíbrio entre a oferta e a procura de energia, medidas para otimizar a distribuição dos recursos energéticos disponíveis e medidas complementares que têm por objetivo assegurar a eficácia das medidas adotadas, designadamente através da fiscalização e controlo extraordinários. A RCM autoriza a Ministra do Ambiente e Energia a aplicar as diversas medidas que cabem nos referidos tipos e que podem incluir: a redução da procura e o aumento da oferta de energia, o condicionamento dos fornecimentos de energia aos consumidores, a partilha dos recursos entre os operadores, a nível nacional, a partilha dos recursos a nível internacional, em cumprimento de decisões de organismos que vinculem o Estado Português”, sublinha.

No caso concreto, a Resolução de Conselho de Ministros (RCM) que declarou a crise energética prevê a possibilidade de adoção de todos os tipos de medidas previstos na lei, isto é, medidas para atenuar o desequilíbrio entre a oferta e a procura de energia, medidas para otimizar a distribuição dos recursos energéticos disponíveis e medidas complementares que têm por objetivo assegurar a eficácia das medidas adotadas, designadamente através da fiscalização e controlo extraordinários”

Mónica Carneiro Pacheco, advogada e sócia da CMS Portugal

A advogada diz ainda que “de notar que a RCM além da declaração de crise energética determina que sejam acautelados os níveis de combustível nos postos de abastecimento da rede Energética de Postos de Abastecimento (REPA), que corresponde a uma rede especial de postos de abastecimento destinadas a assegurar o abastecimento de combustíveis às entidades que, por motivos sociais e económicos ou de segurança, são definidas como prioritárias. A REPA é, ela própria, uma medida de apoio à implementação das medidas restritivas a que nos referimos acima”, concluiu.

Desde as 14h00 de segunda-feira que passam a estar acautelados os níveis de combustível nos postos de abastecimento integrados na Rede Estratégica de Postos de Abastecimento (REPA), uma rede especial destinada a assegurar o abastecimento de combustíveis às entidades que, por motivos sociais, económicos ou de segurança, são definidas como prioritárias.

Estes postos têm prioridade de abastecimento sobre os restantes e podem pedir a presença de elementos das forças de segurança.

postos que estão exclusivamente dedicados a esta rede, e que têm de estar “inequivocamente assinalados como tal”, e outros que não sendo exclusivos também podem abastecer o público em geral, mas têm de reservar combustível para as entidades prioritárias.

Esta reserva consiste em dez mil litros de gasóleo, ou 20% da sua capacidade de armazenagem de gasóleo, no caso de essa capacidade de armazenagem ser inferior a 50 mil litros; quatro mil litros de gasolina, ou a totalidade da capacidade de armazenagem se esta for inferior; e dois mil litros de GPL-auto, ou 20% da sua capacidade de armazenagem de GPL-auto, no caso de essa armazenagem ser inferior a dez mil litros.

O Governo determinou ainda quem tem direito a aceder a esta rede especial, ou seja, quem é considerado como entidades prioritárias. A lista vai desde as Forças Armadas, a Guarda Nacional Republicana, a Polícia de Segurança Pública, a Polícia Judiciária, a Autoridade Marítima Nacional e os órgãos do Sistema da Autoridade Aeronáutica, passando pelos serviços e agentes de proteção civil, os serviços prisionais e as infraestruturas de justiça e pelos serviços de emergência médica, hospitais e unidades de saúde, e serviços de transporte de medicamentos e dispositivos médicos.

Mas nesta situação especial as entidades públicas ou privadas que prestam serviços públicos essenciais na área da energia, comunicações eletrónicas, serviços postais, água para consumo humano, águas residuais, recolha de resíduos e limpeza urbana, transporte público de passageiros.

A Resolução de Conselho de Ministros detalha ainda todos os veículos equiparados a entidades prioritárias – por exemplo veículos de IPSS destinados ao apoio domiciliário; carros funerários ou veículos destinados ao transporte de valores – e sublinha que a desobediência e a resistência às ordens legítimas das entidades competentes sobre aplicações das medidas adotadas são alvo de sanções.

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Montenegro já tira lições para o futuro. É preciso reforçar “interligações com a Europa” e “mecanismos de segurança mais desenvolvidos”

Primeiro-ministro apelou a moderação do consumo dos portugueses nas próximas horas. Apagão terá tido origem em Espanha e aponta duas reflexões sobre o episódio.

Teremos de cuidar, no futuro, de ter mecanismos de segurança mais desenvolvidos para poder evitar que um evento destes possa ocorrer com este impacto“. A frase é do primeiro-ministro, Luís Montenegro, na comunicação ao país esta segunda-feira à noite, depois de um dia em que o país esteve, a par de Espanha, paralisado devido a um apagão e já sinaliza lições que o Governo está a tirar para o futuro.

Em declarações a partir da residência oficial, em São Bento, Luís Montenegro adiantou que o Executivo já está “a trabalhar, designadamente com a REN, para reforçar a capacidade de prevenção e resiliência, de forma a evitar a repetição de ocorrências como esta”.

O primeiro-ministro explicou que, embora as causas ainda não estejam totalmente esclarecidas, o principal cenário em cima da mesa é que a origem tenha estado num “aumento abrupto na rede espanhola”. “Foi aumento que fez disparar os mecanismos de segurança”, disse.

Vamos serenamente avaliar com as autoridades espanholas aquilo que aconteceu e tentarmos projetar no futuro melhores instrumentos de resposta para evitar a repetição desta ocorrência“, garantiu.

Montenegro considerou que o apagão teria existido caso Portugal estivesse a importar energia de Espanha ou não. “A questão que nos conduziu a esta situação não é uma questão de autonomia. Temos capacidade para produzir e distribuir energia, mas temos uma ligação com Espanha. No caso concreto em que este evento aconteceu, é verdade que por razões financeiras estávamos a importar energia de Espanha, porque estava a um preço mais competitivo, mas mesmo que assim não fosse, fruto dessa ligação, o apagão em Espanha teria provocado o mesmo apagão em Portugal“, argumentou.

No entanto, o primeiro-ministro reconheceu que há reflexões sobre o episódio que se podem fazer. A primeira passa pelo reforço dos mecanismos de segurança, em conjunto com os parceiros de Portugal. A segunda é que Portugal está dependente apenas de um país numa situação de constrangimento.

Ao contrário de Espanha, que teve a ajuda das outras ligações que tem, nomeadamente com França e Marrocos, nós estamos dependentes numa situação de constrangimentos da ligação que temos a Espanha. É verdade que a circunstância de Espanha ter, nomeadamente com a Europa, limitações de interligação também afeta a capacidade de fornecimento de Portugal”, apontou.

O chefe do Executivo sublinhou que “há muito tempo” que Portugal “luta na UE pelo reforço das interligações com a Europa” para ter “maior autonomia, quer para receber, quer para vender energia”.

Luís MontenegroLusa

As declarações de Montenegro ocorreram depois de o Conselho de Ministros ter estado reunido desde o final da manhã, devido à falha de eletricidade que afetou Portugal Continental desde cerca das 11h30 horas. Com o apagão, o país paralisou, com diversos serviços encerrados, hospitais a meio gás, semáforos desligados e o aeroporto encerrado.

O líder do Executivo assinalou que o Executivo está a trabalhar com a REN para “todos os cuidados”. “Sabemos que a vontade voluntarista de ser rápido pode levar a que tenhamos demasiada capacidade atribuída de repente e que isso possa provocar a queda no abastecimento“, realçou, salientando que é necessário “calibrar a ligação com o consumidor final” e que “equilíbrio na reposição.”

“Estamos confiantes que o restabelecimento do fornecimento poderá dar uma situação de normalidade no dia de amanhã [terça-feira]”, acredita Montenegro, apelando porém a moderação nos consumos. “Reitero que todos façamos um esforço de moderação nos consumos que de alguma maneira estejam relacionados com a eletricidade e que sejamos prudentes face à desinformação que está em curso, devendo apenas seguir as orientações transmitidas pelas autoridades”, disse.

“Estamos a salvaguardar fornecimentos nos próximos dias e não prevemos que haja constrangimentos“, garantiu, acreditando que a normalidade regressará à distribuição de bens essenciais, medicamentos ou combustível.

Neste sentido, o primeiro-ministro também considera que, caso não se verifiquem constrangimentos, os estabelecimentos escolares podem abrir. “Não vemos razão para que não possam abrir amanhã numa situação de normalidade se não houver nenhuma perturbação neste processo de reabastecimento”, disse.

Garantiu ainda que o apagão não colocou em causa o funcionamento básico dos hospitais. “Houve efetivamente situações dramáticas, mas que não tiveram a ver com o fornecimento de energia”, disse. No entanto, reconheceu que foi preciso gerir “situações com alguma perturbação com a dificuldade de trânsito, a dificuldade de gestão operacional”.

“A situação que se viveu nos hospitais, confesso que foi mais difícil de gerir. Com a falta de fornecimento elétrico foram acionados os geradores, alimentados a combustível, só que o combustível vai-se consumindo e é preciso alimentar novamente os depósitos para continuar a ter os geradores operacionais”, detalhou, acrescentando que “a cadeia de abastecimento de combustíveis estava a colapsar e foi preciso fazer uma gestão muito rigorosa”.

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Sistema elétrico foi abaixo após oscilações de tensão. Como a REN está a restabelecer a energia

REN destaca que o apagão no país ocorreu após oscilações no sistema espanhol. A empresa está centrada em restabelecer os consumos prioritários e espera que o país amanhã amanheça com eletricidade.

“Não temos qualquer informação de qualquer ataque cibernético; não temos qualquer informação que tenha sido um avião”, disse João Faria Conceição, administrador da REN em conferência de imprensa ao final da tarde desta segunda-feira, em Lisboa, refutando duas teses que, explicou, foi ouvindo ao longo da tarde.

O administrador da REN salientou que a empresa ainda não conseguiu “com toda a certeza apurar nenhuma causa concreta”, mas admitiu que a falha em território nacional ocorreu momentos depois de uma “grande oscilação de tensões verificada na rede espanhola”.

O responsável da REN detalhou que o sistema elétrico português estava num momento de importação de energia quando o episódio ocorreu. “Pode ter havido uma oscilação muito grande de tensão no sistema espanhol que se propagou para o sistema português, porque os sistemas estão interligados”. “É equivalente a um disjuntor no quadro elétrico. Ocorreu um desequilíbrio total entre consumo e produção. Quando ocorre desequilíbrio o sistema vem todo abaixo”, acrescentou.

João Faria Conceição sublinhou, contudo, que a “preocupação” da empresa “neste momento não é apurar as causas, isso é na fase” posterior. “A nossa prioridade é retomar os consumos”, vincou.

Para já, está focada em “abastecer os consumos prioritários: hospitais, forças segurança, abastecimento água, transportes”.

João Faria Conceição garantiu que em tudo o que “depender da REN” o país “pode acordar amanhã com eletricidade”, assinalando que atualmente existem cerca de 300 mil pessoas já com acesso a energia.

Como a REN está a repor a eletricidade

O administrador da empresa responsável pela rede de energia de alta tensão explicou que nestes casos é usado o black-start, que permite de forma gradual ir acrescentando consumos e produção na rede. A Central da Tapada do Outeiro, usada neste sistema de black-start, permitiu já começar a restabelecer a eletricidade na região do Grande Porto.

Estamos em estreito contacto com todos os produtores para ir, em paralelo, colocando as centrais de produção de uma forma totalmente controlada, mas cuidada e progressiva, para garantir que esta resposta vai sendo sustentada e não corremos o risco de deitar tudo a perder a qualquer momento

João Faria Conceição

Administrador da REN

“O que é fundamental é que não demos um passo em falso”, disse, salientando: “estamos em estreito contacto com todos os produtores para ir, em paralelo, colocando as centrais de produção de uma forma totalmente controlada, mas cuidada e progressiva, para garantir que esta resposta vai sendo sustentada e não corremos o risco de deitar tudo a perder a qualquer momento”. Nova oscilação brusca poderia fazer voltar “tudo para trás”, assegura.

Dando nota de que a energia começou a ser restabelecida em algumas localidades, o administrador da REN adiantou ainda que existe a expectativa que o grande consumo seja estabilizado no Porto antes das 21 horas, enquanto a capital terá de aguardar mais tempo: “a nossa expectativa é que Lisboa possa esta ligada, pelo menos no que diz respeito aos consumos mais prioritários no espaço de cinco a seis horas”. Uma previsão que aponta para um período a partir da meia-noite.

O responsável detalhou que a solução da empresa para recuperar a energia na Grande Lisboa está a ser feita através da segunda central que presta o serviço de black-start , a de Castelo do Bode, e de Espanha.

“Temos de ir fazendo este jogo de arranques centrais, colocando algum consumo, de forma a podermos chegar de forma mais robusta e sustentada à zona da Grande Lisboa e evitar que Lisboa não provoque nova baixa”, explicou.

No Porto, Coimbra ou Santarém já existem freguesias com energia, de acordo com a Lusa.

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BCE vai avaliar consequências de apagão para bancos da Península Ibérica

  • Lusa
  • 28 Abril 2025

"Vamos analisar as potenciais consequências do apagão para podermos apresentar um relatório ao Parlamento Europeu", afirmou o vice-presidente do BCE, Luis de Guindos.

O vice-presidente Banco Central Europeu (BCE), Luis de Guindos, defendeu hoje uma análise às possíveis consequências do apagão elétrico, que afetou Espanha, Portugal e parte do sul da França, para o sistema bancário europeu, para evitar perturbações futuras.

“É claro que vamos analisar as potenciais consequências do apagão para podermos apresentar um relatório ao Parlamento [Europeu], porque penso que temos de aprender com este tipo de perturbações para o futuro”, disse Luis de Guindos, no edifício desta instituição europeia em Bruxelas.

Numa audição na comissão parlamentar dos Assuntos Económicos e Monetários do Parlamento Europeu, Luis de Guindos foi questionado se este corte maciço no abastecimento elétrico poderia afetar a rede de bancos centrais da zona euro ou infraestruturas como o sistema SWIFT para transferências bancárias e se Frankfurt está preparado para lidar com este tipo de situação.

O responsável vincou que esta ocorrência é “uma manifestação das perturbações que podem ocorrer no futuro”, tendo em conta as interligações energéticas entre os países da União Europeia, como foi o caso de Espanha e Portugal e, por arrasto, parte do sul de França.

A informação surge pouco depois de a Comissão Europeia ter indicado estar em contacto com as autoridades de Portugal e Espanha e com a rede europeia de operadores para compreender a causa e o impacto do corte maciço no abastecimento elétrico na Península Ibérica.

“Estamos em contacto com as autoridades nacionais de Portugal e Espanha, bem como com a ENTSO-E [Rede Europeia dos Operadores das Redes de Transporte de Eletricidade] para compreender a causa subjacente e o impacto da situação”, disse fonte oficial do executivo comunitário à agência Lusa.

“A Comissão continuará a acompanhar a situação e a certificar-se de que a troca de informações entre todas as partes relevantes se processa sem problemas”, adiantou a mesma fonte oficial.

Bruxelas lembrou ainda existirem “protocolos para restabelecer o funcionamento do sistema”, como previsto na legislação comunitária referente às redes de emergência e restabelecimento.

Entretanto, a vice-presidente executiva da Comissão Europeia Teresa Ribera disse não existirem para já provas de ciberataque no corte maciço no abastecimento elétrico na Península Ibérica, falando porém numa “das maiores falhas no sistema” na União Europeia.

Esta manhã, pelas 11:30 de Lisboa, várias cidades de norte a sul de Portugal foram alvo de uma falha de eletricidade, ainda não reposta e que também afetou países como Espanha e França.

Estão a ser ativados planos de restabelecimento por etapas do fornecimento de energia.

Nesta audição, Luis de Guindos defendeu ainda uma monitorização à situação dos mercados financeiros uma vez tensões comerciais, nomeadamente após anúncio de pesadas tarifas por parte dos Estados Unidos, podem levar a ajustes “desordenados” nos mercados ou a um maior risco de crédito para as instituições.

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