Franceses da Nexteam compram antiga fábrica da Coindu em Arcos de Valdevez

Grupo francês Nexteam, que já tem uma fábrica em Arcos de Valdevez, comprou as instalações da Coindu e irá recrutar alguns dos funcionários da antiga fábrica de componentes para o setor automóvel.

O grupo francês Nexteam, que produz componentes para o setor aeronáutico e da defesa, comprou as instalações da Coindu em Arcos de Valdevez, confirmou ao ECO o diretor geral da fábrica da Nexteam em Portugal. O objetivo é triplicar a capacidade industrial.

“O desenvolvimento da nossa fábrica já não era possível nas atuais instalações”, diz Ulisses Freitas. “Estão a ser realizados dois projetos em paralelo: o primeiro diz respeito à expansão do departamento de maquinação, com a integração de novas produções e novos clientes e o segundo projeto consiste no desenvolvimento de uma divisão de sheet-metal, iniciada em 2024, para completar as capacidades do Grupo neste domínio”, diz o diretor geral da fábrica da Nexteam em Portugal, citado em comunicado.

O presidente da Câmara de Arcos de Valdevez, João Esteves, adiantou ao ECO que o grupo francês deverá ocupar as antigas instalações e iniciar atividade “ainda este ano”, depois da realização de obras para adaptar a unidade fabril.

O autarca afirma ainda que a Nexteam e a Nosco, empresa que se dedica à produção de produtos de marroquinaria localizada no Parque Empresarial de Mogueiras, ambas localizadas em Arcos de Valdevez, “vão recrutar até ao final do ano algumas dezenas de antigos colaboradores da Coindu”, que ficaram no desemprego no final do ano passado.

“A Nexteam quer expandir a produção no setor da aeronáutico o que para nós é extremamente importante porque para além de ser um setor de ponta, é um setor com grande dinâmica a nível europeu e mundial”, diz ao ECO o autarca de Arcos de Valdevez. João Esteves recorda ainda que “têm no concelho duas empresas ligadas a este setor – a Nexteam e a Satys – que estão a expandir e a consolidar a atividade em Portugal”.

A Nexteam quer expandir a produção no setor da aeronáutico o que para nós é extremamente importante porque para além de ser um setor de ponta, é um setor com grande dinâmica a nível europeu e mundial.

João Esteves

Presidente da Câmara de Arcos de Valdevez

Em agosto do ano passado, Ulisses Freitas, diretor geral da fábrica da Nexteam em Portugal, disse ao ECO que a empresa estava “intensivamente” à procura de novas instalações, já que entrou no negócio das chapas metálicas com o objetivo de aumentar a produção e chegar a uma faturação de 50 milhões de euros e alcançar os 200 postos de trabalho até 2027.

Ulisses Freitas, diretor de fábrica da Nexteam Portugal

Especializada em maquinação de alta precisão, a Nexteam de Arcos de Valdevez emprega mais de 90 pessoas e fechou o exercício de 2023 com um volume de negócios de 8,6 milhões de euros em Portugal, o que representa um crescimento de 22% em relação ao ano anterior. Tem como principais clientes os grupos Safran, Dassault Aviation, Airbus e UTC Aerospace Systems.

Fundada em 1988, a Coindu, fábrica de componentes para o setor automóvel localizada em Arcos de Valdevez, fechou portas a 19 de dezembro e deixou 350 trabalhadores no desemprego, alegando a deterioração gradual das condições financeiras, fruto das condições do mercado”.

(CORREÇÃO: Título alterado às 15h30 de 4 de abril para corrigir a referência incorreta à insolvência da Coindu, que encerrou a fábrica em Arcos de Valdevez, mas continua a operar nas suas outras unidades. O ECO pede desculpas aos visados e aos leitores)

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Abrandamento económico e preços mais altos. Consumidores serão os perdedores da guerra comercial

Economistas assinalam que a guerra de tarifas provavelmente levará a preços mais elevados para os consumidores e vão abrandar o crescimento económico.

O novo capítulo da guerra comercial levada a cabo pelo presidente norte-americano, Donald Trump, deverá traduzir-se numa desaceleração do crescimento económico e os consumidores serão os grandes perdedores, alertam diversos economistas.

No pior cenário, onde não há substituição para produtos feitos nos EUA e há 100% de repasse das tarifas para os consumidores, estimamos que os níveis de preços dos EUA irão aumentar 3,3%“, estima James Knightley, economista do ING, numa nota de research.

Donald Trump anunciou na quarta-feira taxas aduaneiras mínimas adicionais de 10% sobre todas as importações a partir de 5 de abril e sobretaxas para países que considera particularmente hostis ao comércio, como por exemplo a União Europeia (20%) e a China (34%), a partir de 9 de abril.

De acordo com cálculos do ING, a despesa dos consumidores ascendeu a 19,83 biliões de dólares no ano passado, pelo que se os 600 mil milhões de dólares que estima em tarifas forem repassados ​​integralmente, essa despesa subiria 3,3%. Na prática, equivaleria a 1.800 dólares (após impostos) por cada americano, ou 7.200 dólares para uma família de quatro pessoas.

A subida dos preços também é assinalada pelos economistas do Commerzbank numa nota de research. “As tarifas massivas provavelmente levarão a preços mais elevados para o consumidor e desacelerarão a economia dos EUA”, referem, apontando que as importações de bens para os EUA correspondem a cerca de 11% do Produto Interno Bruto (PIB), sendo provável que se tornem mais caras em uma média de quase 20%.

Porém, “a política económica errática” de Trump “está a destruir a base do planeamento e a fazer com que empresas e consumidores se contenham”. Além disso, os aumentos de preços reduzem o rendimento disponível dos consumidores, o que desacelera o consumo. “E as empresas também sofrem com o aumento do custo dos produtos primários. A retaliação de parceiros comerciais também pode causar o colapso dos mercados estrangeiros”, apontam.

Também a agência de notação financeira DBRS considera que as tarifas anunciadas na quarta-feira combinadas com tarifas anunciadas anteriormente, levarão a um crescimento mais lento e maior inflação nos EUA. “A incerteza contínua da política comercial atuará como um obstáculo ao investimento e prejudicará as perspetivas de crescimento de curto prazo“, refere.

O plano tarifário, se implementado, deve desacelerar o crescimento económico, aumentar os preços para consumidores e empresas e diminuir a riqueza das famílias“, diz Michael Heydt, analista da DBRS. “Além disso, muitas empresas provavelmente continuarão hesitantes em comprometer-se com grandes investimentos no curto prazo, pois o anúncio das tarifas dificilmente acabará com a incerteza política“, acrescenta.

Também a Fitch prevê que o impacto das tarifas deverá traduzir-se em recessão para muitos países. “Isto muda as regras do jogo, não apenas para a economia dos EUA, mas para a economia global. Muitos países provavelmente acabarão em recessão“, assinalou.

George Brown, economista da Schroders, estima que a decisão de Trump leva as taxas alfandegárias efetivas dos EUA a subir mais de 17,6 pontos percentuais, para 25,3%. “Antes de contabilizar qualquer retaliação, concluímos que isso poderia aumentar a inflação dos EUA em cerca de 2% e atingir o crescimento em cerca de 0,9%. Vários países indicaram que irão retaliar com contramedidas, então o risco de tarifas ainda maiores continua”, alerta.

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Guarda-redes do Real Madrid Misa Rodriguez “assina” pela Skechers 

  • + M
  • 3 Abril 2025

Misa Rodriguez é a primeira futebolista espanhola a representar a Skechers Football. Junta-se a outros jogadores espanhóis como Isco Alarcón, Iker Losada, Antonio Sánchez ou Pere Milla.

Misa Rodriguez, guarda-redes do Real Madrid, é a nova embaixadora da Skechers Football. A atleta internacional da seleção espanhola já jogava com calçado da marca desde o ano passado mas, a partir de agora, fará também parte das diferentes campanhas de marketing como embaixadora da Skechers.

Estamos muito orgulhosos de ter uma jogadora como a Misa na família Skechers Football, que entre muitas características se destaca pela confiança, liderança, força e precisão. Continuamos a reforçar a nossa posição no mundo do desporto com um produto de qualidade excecional que já é reconhecido por oferecer uma tecnicidade e conforto que realmente permite um melhor e maior desempenho em campo”, diz Txerra Díaz, country manager da Skechers Iberia, citada em comunicado.

Já Misa Rodriguez diz estar “feliz” por ser a primeira futebolista espanhola a representar a marca “que está a crescer e que será, sem dúvida, uma das melhores do mundo do futebol em pouco tempo, devido ao conforto e à qualidade das chuteiras e da marca em geral”.

Ao longo da sua carreira, Misa Rodríguez vestiu as camisolas do Club Atlético de Madrid, do Real Club Desportivo de La Coruña e do Real Madrid, a sua equipa atual. Quanto à seleção nacional, a sua estreia oficial foi a 18 de fevereiro de 2021 e, em 2023, fez parte da equipa que levou a seleção nacional a sagrar-se campeã do mundo.

A futebolista junta-se assim a outros jogadores espanhóis que já fazem parte da equipa Skechers Football, como Isco Alarcón (do Real Betis Balompié), Iker Losada (Celta de Vigo), Antonio Sánchez (Real Mallorca) ou Pere Milla (Espanyol).

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Limitação aos tuk-tuks no Porto ameaçada por providência cautelar

  • Lusa e ECO
  • 3 Abril 2025

Grupo de operadores conseguiu travar na Justiça a anterior tentativa de limitação da autarquia. Se necessário, dizem, recorrerão a jipes e carrinhas para as ruas onde os tuk-tuk serão proibidos.

A autarquia do Porto segue para a segunda tentativa em pouco mais de meio ano para limitar a circulação de tuk-tuk na cidadeESTELA SILVA / LUSA

Doze empresas de tuk-tuks vão interpor uma providência cautelar contra as restrições à circulação de triciclos e quadriciclos anunciadas na quarta-feira pela Câmara do Porto, admitindo trabalhar com veículos de outras tipologias, segundo um porta-voz.

“O que a câmara pretende regular não é uma categoria de veículo, como está escrito na placa, é especificamente para nós, e portanto é uma forma de tentar regular aquilo que o tribunal lhes proibiu de fazer, que é regular a nossa atividade, e eles, de outra forma dissimulada, estão a tentar regulá-la”, disse à Lusa Alex Santos, empresário do setor e porta-voz de 12 empresas que interpuseram com sucesso uma providência cautelar, no passado, contra restrições anunciadas pela Câmara do Porto.

O que a câmara pretende regular não é uma categoria de veículo, como está escrito na placa, é especificamente para nós, e portanto é uma forma de tentar regular aquilo que o tribunal lhes proibiu de fazer, que é regular a nossa atividade, e eles, de outra forma dissimulada, estão a tentar regulá-la.

Alex Santos

Porta-voz de operadores de tuk-tuks no Porto

Na quarta-feira, a Câmara do Porto anunciou, numa nota enviada à Lusa, a restrição à circulação de tuk-tuks em nove ruas do centro histórico, “de forma a promover uma maior fluidez do trânsito, a segurança dos peões e a acessibilidade dos transportes públicos”. As artérias em questão são o Largo dos Loios, as ruas de Trindade Coelho, Mouzinho da Silveira, da Ribeira Negra, do Infante D. Henrique, de Fernandes Tomás e Formosa, assim como a Praça de Almeida Garrett e o Túnel da Ribeira, no centro da cidade.

O critério para a implementação nestas vias considera “os arruamentos onde a velocidade de circulação é reduzida e os níveis de sinistralidade são mais elevados”.

A interdição entra em vigor na próxima segunda-feira, segundo a autarquia liderada pelo independente Rui Moreira.

“O objetivo é preservar a eficiência da mobilidade urbana, assegurando a compatibilidade entre o turismo, a qualidade de vida dos residentes e trabalhadores da cidade e a operacionalidade dos transportes públicos e serviços de emergência”, aponta.

Face a esta nova tomada de posição da autarquia liderada pelo independente Rui Moreira, os empresários vão avançar com nova providência cautelar.

Vamos avançar, mais uma vez, para uma ação judicial, e damos nota, como já demos na comunicação social anteriormente, que quadriciclos e triciclos não são só tuk-tuks, são os microcarros dos CTT ou, por exemplo, das pessoas mais idosas que não têm a carta de condução” de ligeiros. Alex Santos refere ainda que os empresários vão acabar por “ter de provar que, de uma forma dissimulada, independentemente de estarem a utilizar uma legislação que permite certos veículos, não há motivo que justifique a razoabilidade”.

“Eles não vão conseguir provar, digo eu, que esta categoria de veículos causa mais transtorno ou mais trânsito, de uma forma razoável, do que outro tipo de veículos”, considerou, referindo que a autarquia poderia alegar que a questão reside “não no veículo em si, mas na atividade económica”.

Os empresários admitem ainda passar a usar veículos de outras tipologias na sua atividade, como por exemplo carrinhas ou jipes de nove lugares, mesmo que a experiência para os turistas não seja a mesma que nos tuk-tuks.

“Se nós não tivermos alternativa e nos proibirem estes veículos, nós temos de continuar a trabalhar, como é óbvio, e teremos de fazer a transição para veículos poluentes, veículos maiores e veículos que irão causar ainda mais trânsito”, vincou.

Para a Câmara do Porto, a medida “não comporta significativo impacto nas atividades económicas, uma vez que a restrição será localizada e não inviabiliza a realização de serviços turísticos ocasionais reclamados pelos operadores de animação turística”. A autarquia reconhece que “o crescimento da atividade turística e a diversificação dos modos de transporte têm colocado desafios à gestão do espaço público, exigindo soluções eficazes para garantir um equilíbrio sustentável”.

Adicionalmente, admite até que “a circulação de veículos desajustados às características funcionais de determinados eixos viários tem comprometido os objetivos definidos no Plano Diretor Municipal, sobretudo no que respeita à fluidez do tráfego, segurança viária e qualidade ambiental”.

O crescimento da atividade turística e a diversificação dos modos de transporte têm colocado desafios à gestão do espaço público, exigindo soluções eficazes para garantir um equilíbrio sustentável.

Câmara Municipal do Porto

No dia 29 de janeiro, Rui Moreira anunciou a suspensão da restrição aos veículos turísticos e autocarros de serviço ocasional no centro histórico do Porto que tinha sido implementada em outubro, na sequência de uma decisão do Tribunal Administrativo e Fiscal (TAF) do Porto.

Em causa estava o projeto-piloto de restrição ao trânsito de veículos turísticos que arrancou a 1 de outubro de 2024 e que restringia a circulação dos veículos turísticos na baixa e centro do Porto.

Apenas um comboio turístico e autocarros de dois andares ‘hop-on, hop-off’ podiam circular numa zona delimitada no centro do Porto, ao abrigo de licenças municipais. Tuk-tuks e autocarros turísticos de serviço ocasional estavam impedidos de circular.

O TAF do Porto aceitou a providência cautelar interposta por 12 operadores turísticos contra o município do Porto, tendo determinado a suspensão das restrições no centro histórico para estas empresas.

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Fitch corta rating da China na primeira revisão em 18 anos

A agência de notação alerta para riscos fiscais e orçamentais na China e reduz rating para "A". Pequim critica decisão, enquanto a dívida pública continua a subir rapidamente.

A agência de notação financeira Fitch anunciou esta quinta-feira a revisão em baixa do rating da dívida soberana de longo prazo da China em moeda estrangeira, de “A+” para “A”.

Apesar do downgrade, a perspetiva atribuída ao país permanece “estável”. Esta decisão marca a primeira alteração no rating da China pela Fitch em 18 anos. A última vez que a agência de notação creditícia reviu o risco do Império do Meio foi em dezembro de 2006, quando o país viu o seu rating subir de “A” para “A+”.

O Ministério das Finanças da China reagiu rapidamente à decisão da Fitch, classificando-a como “enviesada” e incapaz de refletir plenamente a realidade económica do país. Em comunicado oficial, o ministério classificou a análise da Fitch como “tendenciosa e não pode refletir de forma completa e objetiva a situação real da China e o consenso dos mercados internacional e doméstico sobre a recuperação da economia chinesa”, afirmando ainda que as políticas fiscais adotadas pelo governo têm sido eficazes na estabilização económica e na contenção dos riscos associados à dívida pública.

Apesar do downgrade, a Fitch reconhece os pontos fortes estruturais da economia chinesa. Entre eles estão o papel central do país no comércio global.

Segundo o relatório da Fitch, a revisão reflete preocupações com o enfraquecimento das finanças públicas chinesas e o aumento acelerado da dívida pública num contexto de transição económica.

“A descida da notação reflete as nossas expectativas de um enfraquecimento contínuo da dívida pública da China e de um rápido aumento da trajetória da dívida pública durante a transição económica do país”, lê-se no documento da Fitch.

A agência destaca ainda que a China tem enfrentado desafios significativos devido à fraca procura interna, pressões deflacionárias e tarifas comerciais crescentes.

Estas condições têm levado Pequim a adotar estímulos fiscais contínuos para sustentar o crescimento económico, resultando em défices orçamentais elevados e numa trajetória ascendente da dívida pública relativamente ao PIB. “Este apoio, juntamente com uma erosão estrutural da base de receitas, manterá provavelmente os défices orçamentais elevados”, antecipam os analistas da Fitch.

A agência de notação creditícia norte-americana prevê que o défice de Pequim aumente para 8,4% do PIB em 2025, um valor muito acima da mediana de 2,7% para países com rating “A”. Este défice reflete uma redução estrutural nas receitas fiscais, agravada por cortes nos impostos e pela queda nas receitas relacionadas com terrenos, uma importante fonte de financiamento para os governos locais.

Apesar do outlook positivo, a Fitch alerta que riscos adicionais podem surgir caso o défice orçamental continue elevado ou se houver materialização de passivos contingentes significativos.

Além disso, a agência projeta que a dívida do governo chinês (central e local) subirá para 68,3% do PIB em 2025 e 74,2% em 2026, valores significativamente superiores à mediana de 57% observada entre os pares com rating “A”.

Apesar do downgrade, a Fitch reconhece os pontos fortes estruturais da economia chinesa. Entre eles estão o papel central do país no comércio global, as vastas reservas cambiais e uma posição credora líquida no exterior. A agência também destaca as perspetivas de crescimento económico médio prazo de 4,3% até 2029, impulsionado por setores avançados de manufatura e tecnologia.

Adicionalmente, a política fiscal chinesa tem procurado mitigar riscos relacionados com dívidas ocultas dos governos locais por medidas como swaps de dívida e maior transparência. Estas ações ajudam a reduzir custos de financiamento e melhorar a gestão fiscal.

Embora os analistas da Fitch tenham mantido uma perspetiva estável para a economia chinesa no novo nível de rating “A”, alertam que riscos adicionais podem surgir caso o défice orçamenta continue elevado ou se houver materialização de passivos contingentes significativos. Por outro lado, melhorias na geração de receitas fiscais ou reformas estruturais poderiam levar a uma revisão positiva no futuro.

Com esta decisão histórica da Fitch, as atenções voltam-se agora para as políticas económicas adotadas por Pequim nos próximos anos e para os seus esforços em equilibrar crescimento económico sustentável com estabilidade fiscal.

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APS lança curso de gestão na distribuição bancassurance

  • ECO Seguros
  • 3 Abril 2025

No final, os participantes devem conseguir escolher o modelo de gestão mais adequado, elaborar um plano de negócio estratégico e definir um plano de suporte, acompanhamento e monitorização do canal.

O curso dedicado à distribuição bancassurance lançado pela Associação Portuguesa de Seguradores (APS) vai decorrer em formato online entre os dias 7 a 10 de abril das 9h00 às 12h45, anunciou a APS em comunicado.

O modelo de negócios de bancassurance refere-se à natureza da relação entre uma seguradora que produz produtos de seguros de proteção de crédito (Credit Protection Insurance, CPI) e um banco que fornece um canal de distribuição para vender esses produtos aos seus clientes em nome da seguradora, indica a Autoridade Europeia dos Seguros e Pensões Complementares de Reforma (EIOPA) num comunicado dedicado ao tema.

A formação aborda os modelos de gestão da distribuição bancassurance, desde a identificação dos clientes-alvo, criação da oferta e desenho do modelo de distribuição até à sua dinamização e monitorização. Além disso, serão analisados os riscos envolvidos e os fatores críticos de sucesso, culminando com um case study para aplicação prática dos conceitos abordados.

O objetivo da APS é que no final do curso os participantes estejam aptos a escolher o modelo de gestão mais adequado para a distribuição bancassurance, elaborar um plano de negócio estratégico e definir um plano de suporte, acompanhamento e monitorização do canal.

O curso é dedicado a colaboradores do setor segurador ou do setor bancário ligados às áreas técnicas, comercial, marketing e controlo que estejam a iniciar funções ligadas à coordenação e dinamização do canal de distribuição bancassurance ou que já trabalhando nele há algum tempo, pretendam ter uma visão global e mais alargada das várias componentes integrantes da sua gestão.

Isabel Ferreira Figueiredo será a formadora do curso. A profissional já assumiu vários cargos diretivos de gestão geral, com destaque para desenvolvimento e gestão de negócio nas áreas: bancassurance, distribuição multicanal, comercial, marketing, serviço a clientes, gestão de reclamações, gestão de operações, análise de risco segurador, gestão de sinistros, resseguro e atuariado. Além disso, é docente universitária e formadora certificada pelo Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) e é mestre em Gestão de Empresas, Matemática e Atuária.

Para mais informações e inscrições, aqui.

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Governo chama 16 associações empresariais para discutir “mitigação” das tarifas

O Ministério da Economia vai ouvir representantes das empresas sobre as novas tarifas dos EUA à União Europeia, incluindo "medidas de mitigação".

O Governo vai reunir na próxima semana com 16 associações empresariais para “avaliar o impacto e as medidas de mitigação das tarifas anunciadas” pelos EUA esta quarta-feira. A “ronda de reuniões” irá decorrer entre quarta e sexta-feira da próxima semana, anunciou o Ministério da Economia num comunicado.

O ECO noticiou também esta quinta-feira que o Governo vai criar um grupo de acompanhamento da guerra tarifária e está a desenhar medidas de apoio ao nível do Compete e do Banco de Fomento. A intenção é ajudar as empresas a resistir a este novo cenário no comércio internacional.

Os encontros promovidos pelo ministério da Economia, que vão decorrer em Lisboa e no Porto, contarão com a presença de representantes da AICEP, IAPMEI, Compete, Direção-Geral das Atividades Económicas (DGAE) e Banco Português de Fomento (BPF), procurando “abrir um canal de diálogo com os setores que serão mais afetados pelo modelo das ‘tarifas recíprocas‘”, adianta o comunicado.

O objetivo é ouvir as associações representativas das empresas com maior exposição aos EUA, para perceber qual o impacto das medidas anunciadas por Donald Trump, assim como escutar as suas propostas “para o mitigar e minimizar esse impacto nas exportações nacionais”.

“Nos encontros bilaterais com as associações, a que se seguirão outras reuniões mais alargadas, o Ministério da Economia dará ainda nota do que está a ser articulado com a União Europeia para responder às novas tarifas e as medidas de proteção que estão a ser desenhadas para os diferentes setores de atividade”, acrescenta o mesmo comunicado.

As 16 associações chamadas para dialogar com o Governo incluem vários setores de atividade, que vão desde o automóvel (AFIA), à metalomecânica (AIMMAP), ao têxtil e vestuário (ATP e ANIVEC), calçado (APICCAPS), cortiça (APCOR), combustíveis (EPCOL), setor elétrico e eletrónico (ANIMEE), borracha (APIB), mobiliário (AIMMP), indústria de curtumes (APIC), têxtil lar (ANITLAR) e laníficios (ANIL). Estão ainda incluídos os representantes dos patrões, a CIP (Confederação Empresarial de Portugal), assim como a AIP – Associação Industrial Portuguesa e a AEP – Associação empresarial de Portugal.

(Notícia atualizada às 15h05)

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Nasdaq afunda 4%. Tarifas provocam derrocada em Wall Street

Tarifas estão a passar uma fatura pesada às bolsas americanas. A Nike derrapa mais de 10% devido à sua produção no Vietname. Apple afunda 8%.

Wall Street não escapa à maré vermelha que está a derrubar as bolsas em todo o mundo esta quinta-feira, com os investidores a temerem um forte impacto das tarifas anunciadas por Trump na economia global.

O S&P 500 abriu a cair 3,3% para 5.483,85 pontos, perdendo cerca de dois biliões de dólares em market cap, enquanto o industrial Dow Jones cede 2,57%. O tecnológico Nasdaq é o mais penalizado, tendo começado a sessão americana em baixa de 4,5% para 16.816,59 pontos.

Na Europa, onde o bloco de 27 países da União Europeia prepara uma resposta de retaliação à taxa de 20% anunciada pelo Presidente americano, os principais índices seguem com perdas entre 1% e 3%.

“Muitos países vão provavelmente acabar numa recessão”, referiu o economista da Fitch Olu Sonola, citado pela Reuters. “Podemos deitar fora a maioria das previsões económicas se estas taxas tarifárias permanecerem por um longo período”, acrescentou.

Os analistas do Deutsche Bank apelidaram a anúncio de Trump como momento “único na vida” e que poderá reduzir entre 1% e 1,5% o crescimento económico dos EUA este ano.

As ações da Nike estão entre as mais castigadas, afundando 12% para 57,22 dólares, com os investidores a penalizarem a fabricante de equipamento desportivo por conta da sua produção no Vietname.

A Apple desce 8% e é a mais penalizada das big tech. Alphabet e Nvidia cedem entre 3% e 5%. A Tesla cai 4%.

Neste contexto, o dólar afunda 2% em relação ao euro e poderá entrar numa crise de confiança, de acordo com o banco alemão, enquanto os investidores procuram refúgio no iene japonês e no franco suíço.

Trump anunciou esta quarta-feira a introdução de uma tarifa base de 10% sobre todas as importações americanas, mas a taxa é agravada em função do défice comercial dos EUA com cada país.

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Há uma portuguesa entre as europeias mais inovadoras

O Prémio Europeu Mulheres Inovadoras há 11 anos que reconhece o papel das empreendedoras que impulsionam a inovação e o empreendedorismo na Europa.

Débora Andreia Campelo Campos, fundadora e CEO da AgroGrin Tech, venceu em Liderança Feminina EIT.

Há uma portuguesa entre as mulheres europeias mais inovadoras. Débora Andreia Campelo Campos, fundadora e CEO da AgroGrin Tech, venceu em Liderança Feminina EIT, no Prémio Europeu Mulheres Inovadoras, uma iniciativa conjunta do Conselho Europeu de Inovação (CEI) e do Instituto Europeu de Inovação e Tecnologia (EIT).

“Há 11 anos que celebramos mulheres excecionais, que impulsionam a inovação e o empreendedorismo por toda a Europa. As suas ideias arrojadas e a sua liderança, estão a quebrar barreiras e a inspirar gerações futuras. Espero que o sucesso destas mulheres encoraje mais mulheres, na Europa e além Europa, a apostarem na inovação e a assumirem um papel de liderança”, diz Ekaterina Zaharieva, Comissária Europeia para Startups, Investigação e Inovação, citada em comunicado.

A vencedora portuguesa, fundadora e CEO da AgroGrin Tech, startup que conta com o apoio do EIT Food, desenvolveu “um processo inovador e ecológico para transformar resíduos industriais de fruta em ingredientes alimentares funcionais“, tendo sido reconhecida com o prémio Liderança Feminina EIT, destinada a membros excecionais da Comunidade do EIT. Recebeu um prémio de 50 mil euros.

As finalistas na categoria, Olesja Bondarenko (Estónia) – cofundadora e CEO da Nanordica Medical, “que desenvolve produtos para o tratamento de feridas baseados em nanotecnologia, que ajudam a prevenir infeções e promovem a cicatrização” — e Elizabeth McGloughlin (Irlanda) – cofundadora e CEO da Tympany Medical, “cuja tecnologia de endoscopia de ângulo variável aprimora os resultados, tanto dos pacientes, como dos sistemas de saúde” — receberam 30 mil e 20 mil euros, respetivamente.

Outras empreendedoras foram igualmente reconhecidas neste prémio que destaca o papel das mulheres “na promoção de mudanças transformadoras e no crescimento impulsionado pela inovação” na União Europeia e países associados ao Horizonte Europa. Em onze edições, mais de 30 mulheres inovadoras e empreendedoras foram reconhecidas, e mais de 100 mulheres selecionadas enquanto finalistas.

Agnès Arbat (Espanha) – cofundadora da Oxolife, que desenvolve medicamentos para “melhorar a fertilidade, com destaque para o aumento da eficácia na implantação do embrião e na simplificação dos tratamentos de infertilidade” — venceu em “Mulheres Inovadoras” tendo recebido um prémio de 100 mil euros.

Enquanto as finalistas na categoria Rhona Togher (Irlanda) – cofundadora com Eimear O’Carroll, da Lios, que desenvolveu o SoundBounce, um material acústico inteligente que oferece uma “redução de ruído até quatro vezes mais eficaz em menos espaço, sendo 40% mais leve” com aplicações nas indústrias da construção, automóvel, aeroespacial e de eletrodomésticos — e Fanny Bardé (França/Bélgica) – fundadora da SOLiTHOR, que desenvolve “baterias de estado sólido de nova geração, utilizando um eletrólito sólido não inflamável e amigo do ambiente” — receberam um prémio de 70 mil e 50 mil euros, respetivamente.

Na categoria Inovadoras em Ascensão (para inovadoras com menos de 35 anos) o prémio de 50 mil euros foi para a francesa Camille Bouget, cofundadora da Scienta Lab, uma plataforma de inteligência artificial (IA), “desenvolvida para responder às necessidades terapêuticas das doenças autoimunes”.

As finalistas Claudine Adeyemi-Adams (Reino Unido) — fundadora da Earlybird, uma plataforma IA, que “reforça o apoio ao emprego, envolvendo os participantes em conversas por voz e fornecendo aos consultores informações e recomendações, de forma a prestarem uma assistência mais personalizada” — e Héloïse Mailhac (França) – cofundadora da STH BIOTECH, empresa que desenvolveu a SATIVITRO, “uma plataforma de bioprodução in vitro, que aumenta o rendimento e a acessibilidade de canabinoides raros para investigação farmacêutica, através do cultivo controlado em biorreatores” — receberam, respetivamente, 20 mil e 30 mil euros.

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Siemens compra empresa de IA para cientistas por 5,1 mil milhões

A norte-americana Dotmatics, que pertencia à sociedade de capital de risco e private equity Insight Partners, cria software para investigação e desenvolvimento em laboratórios.

A Siemens assinou um acordo para comprar a empresa norte-americana Dotmatics, que desenvolve software para laboratórios, por 5,1 mil milhões de dólares (cerca de 4,6 mil milhões de euros). A multinacional alemã pretende desenvolver as áreas tecnológicas ligadas a inteligência artificial (IA) e “gémeos digitais”, geralmente utilizados na indústria para controlo da maquinaria.

Para a Siemens, esta aquisição é “estratégica”, porque complementa a oferta com esta especificidade que se encontra em “rápido crescimento”, permitindo-lhe acelerar os processos de inovação dos clientes, dados contextualizados e, consequentemente, desenvolver medicamentos através de sistemas baseados em IA.

“Ao adquirir a Dotmatics, estamos a fortalecer estrategicamente a nossa posição nas ciências da vida e a criar um portefólio de software PLM baseado em IA líder mundial, como parte do Siemens Xcelerator. A IA emergiu como uma força transformadora em várias indústrias e sua aplicação nas ciências da vida está a tornar-se cada vez mais importante“, disse o presidente e CEO da Siemens AG, Roland Busch.

Fundada em 2005, a Dotmatics pertencia à sociedade de capital de risco e private equity Insight Partners – através da Insightful Science – desde 2021. A sede localiza-se em Boston, um dos 14 escritórios a partir de onde a empresa desenvolve ou vende a tecnologia para aplicações científicas e gestão de dados multimodais para a área da investigação e desenvolvimento (I&D).

A Dotmatics tem uma equipa global de mais de 800 trabalhadores, mais de 14 mil clientes (e dois milhões de cientistas utilizadores) e opera em cerca de 180 países. A projeção para o ano fiscal de 2025 aponta para mais de 300 milhões de dólares (na ordem dos 271 milhões de euros) em receitas e uma margem EBITDA ajustada acima de 40%.

“Combinando a nossa plataforma de IA de próxima geração e aplicações científicas líderes do setor, juntamente com os recursos de gémeo digital e IA da Siemens, impulsionaremos uma nova onda de inovação em I&D de ciências da vida. Após uma jornada empolgante com a Insight Partners, onde a Dotmatics alcançou um crescimento notável e expansão de portfólio, estamos entusiasmados em anunciar um novo capítulo com a Siemens”, referiu o CEO da Dotmatics, Thomas Swalla, em comunicado divulgado no site oficial dos novos donos.

Na bolsa de Frankfurt, as ações da Siemens estão a desvalorizar mais de 6% para 200,68 euros cada título.

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Stellantis menoriza impacto de tarifas e diz que é “problema norte-americano”

  • Lusa
  • 3 Abril 2025

O grupo automóvel resultante da fusão das antigas Fiat-Chrysler e PSA, desvalorizou o impacto nas suas fábricas das tarifas de 25% sobre os carros importados pelos Estados Unidos.

O grupo automóvel Stellantis, resultante da fusão das antigas Fiat-Chrysler e PSA, desvalorizou esta quinta-feira o impacto nas suas fábricas das tarifas de 25% sobre os carros importados pelos EUA, que entraram em vigor, considerando ser “um problema norte-americano”.

“Em 2024 exportamos para a América do Norte menos de 20.000 automóveis de Itália. É evidente que não é um número muito elevado e que o problema é norte-americano, para México e Canadá“, disse à Efe uma fonte do grupo em Itália.

A dimensão do grupo, considerado o quarto maior construtor automóvel do mundo, pode expô-lo às tarifas para o setor automóvel promovidas pelo Presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump.

Trump anunciou tarifas globais de 10% para todos os produtos da maioria dos países e, nalguns casos, ainda maiores, como China ou União Europeia (UE).

A América do Norte é um dos principais mercados da Stellantis, onde em 2024 alcançou um volume de negócios acumulado de 63,5 mil milhões de euros divididos entre EUA, México e Canadá e entregou 1,4 milhões de veículos. Nesta região, o grupo emprega 75 mil pessoas.

A maior parte dos veículos comercializados para o mercado norte-americano são fabricados a nível local, tendo apenas cerca de 20.000 carros sido montados nas suas 11 fábricas em Itália — a maioria Fiat 500 elétricos ou Alfa Romeo Stelvio, Giulia ou Tonale, bem como o utilitário Dodge Hornet.

A maior produção norte-americana resulta da herança que tem da Chrysler, tornando-se membro do grupo das ‘três grandes’, a par da General Motors e da Ford.

No total, são 16 fábricas nos Estados Unidos da América nos estados de Michigan, Indiana e Ohio, com 52 trabalhadores, a que se juntam fábricas estratégicas no Canadá e no México.

É nesse sentido que aumenta o problema para o grupo, com a aplicação de um imposto sobre cada carro ou componente que entre no mercado dos EUA a partir de fábricas mexicanas ou canadianas.

O mais importante para o grupo é, segundo as fontes citadas pela Efe, a clareza, a estabilidade e a existência de “um contexto regulamentar previsível”.

A nível nacional em Itália, a maior preocupação passa mesmo pelos efeitos das exportações de componentes que são utilizados em carros que são, em última instância, negociados para os EUA.

O presidente da Stellantis, John Elkann, herdeiro da família Agnelli, tentou convencer Trump a adiar as tarifas por um mês e, na segunda-feira, voltou a encontrar-se com o chefe de Estado norte-americano para discutir a vontade de Washington em ser menos rígida com as normas de emissões.

A produção automóvel em Itália tem vindo a descer e, em 2024, recuou para 310.000 automóveis, 42,8% abaixo do produzido no ano anterior, segundo dados do setor sobre um setor que tem capacidade para produzir cerca de dois milhões de carros por ano.

A Ferrari, que tem no continente americano o seu segundo maior mercado (4.003 veículos de 13.752 vendidos em 2024) já reagiu às tarifas, aumentando o preço de vários dos seus modelos nos EUA.

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Tarifas de Trump impactam o investimento publicitário. Anunciantes procuram “flexibilidade”

As novas tarifas anunciadas por Donald Trump abalaram a economia mundial. Também a área do marketing e publicidade poderá sentir repercussões, devendo os players do setor apostar em flexibilidade.

As novas tarifas anunciadas esta quarta-feira pelo Presidente norte-americano estão a abalar o mundo e a sua economia, provocando fortes reações dos mercados financeiros e das principais potências mundiais e trazendo incerteza para governos e consumidores. Também o investimento publicitário irá, provavelmente, ser afetado.

Mas, mais do que as consequências diretas das tarifas, os anunciantes mostram-se preocupados com a incerteza económica provocada pela volatilidade de Donald Trump e das suas políticas, pelo que têm procurado flexibilidade. A pressão por acordos mais flexíveis, onde as marcas e empresas consigam ajustar orçamentos mais rapidamente ou mudar o seu foco para outras vertentes de marketing tem assim sido o foco das conversas nos últimas tempos entre as empresas de media e os anunciantes.

Neste período de incerteza, estamos a assistir a uma mudança significativa em direção a modelos de publicidade mais flexíveis e baseados em desempenho que permitem que as marcas ajustem os investimentos rapidamente se as condições mudarem“, refere Jonathan Gudai, CEO da Adomni, plataforma de publicidade programática em vídeo, citado pela CNBC.

O setor precisa assim de pensar mais estrategicamente sobre como responder a esta nova adversidade. “O marketing precisa demonstrar a sua agilidade e capacidade de adaptação. O momento realmente enfatiza a necessidade de agilidade, de flexibilidade e de se evitar muitos compromissos de longo prazo que fazem suposições sobre o futuro económico“, afirma Andrew Frank, vice-president analyst for marketing leaders da Gartner, citado pela The Drum.

Jonathan Miller, CEO da Integrated Media, empresa especializada em investimentos em media digital, corrobora que há agora “muito mais procura por flexibilidade” e que, embora não se verifique uma recessão no setor publicitário, é notória uma “ligeira contenção”, o que significa um recuo de alguns pontos percentuais na taxa crescimento para este ano. “O suficiente para ser sentido“, aponta, citado pela CNBC.

Isto porque a instabilidade económica costuma significar uma efetiva redução do investimento publicitário por parte das empresas. As tarifas, em concreto, podem ter um “impacto duplo” no investimento publicitário, uma vez que o aumento dos custos de produtos podem “comprimir os orçamentos de publicidade“, mas também acarretam uma “maior necessidade de publicidade direcionada, pois as marcas competem em fatores além do preço”, aponta também Jonathan Gudai. Segundo o CEO da Adomni, a televisão linear deverá ser um dos meios mais vulneráveis ​​aos cortes nos orçamentos para publicidade e marketing.

Também Jay Pattisall, vice-presidente e analista principal da Forrester, observa, citado pela The Drum, que o mercado publicitário é suscetível aos efeitos cascata das tarifas de Trump, assim como acontece com as cadeias de fornecimento de outros setores, como o automóvel. “Se as tarifas e os consequentes aumentos de preços persistirem, haverá um impacto no investimento durante o segundo trimestre de 2025“, diz citado pela The Drum.

Ainda em fevereiro, 94% dos anunciantes norte-americanos já se mostravam preocupados com o impacto que a eventual aplicação destas tarifas poderiam ter sobre o investimento publicitário, segundo dados do Interactive Advertising Bureau (IAB). Quase metade (45%) avançou mesmo que tinham a intenção de reduzir os gastos com anúncios.

O IAB apontou ainda que o mercado publicitário deve efetivamente enfrentar constrangimentos este ano devido ao aumento da incerteza económica, sendo que esse impacto deverá ser mais percetível a meio do ano, com os setores do retalho, eletrónica e media a serem os mais afetados.

Estas perspetivas são também abordadas numa nova previsão da World Advertising Research Center (WARC), que reviu em baixa as suas previsões em relação à evolução do investimento publicitário a nível global para este ano, para um crescimento de 6,7%, o que representa um recuo de quase um ponto percentual em relação às previsões que tinha avançado em novembro de 2024 (7,6%) e uma perda de quase 20 mil milhões de dólares.

Segundo as previsões da WARC, os setores que poderão ser mais afetados pelas políticas de Donald Trump são também aqueles onde o recuo no investimento publicitário é mais evidente. A nova análise, que ainda não acomodava as tarifas anunciadas esta quarta-feira por Trump, estimava, por exemplo, que o investimento publicitário no setor automóvel sofra uma queda de 7,4% este ano, enquanto o retalho deve recuar 5,3%. Já a indústria de tecnologia deve registar um crescimento de 6,2% no investimento em publicidade este ano, o que representa uma queda significativa em comparação com a previsão de 13,9% avançada em novembro.

Perante as novas tarifas, que também incidem sobre a China, é esperado que as grandes plataformas chinesas de e-commerce (como a Temu ou a Shein), que investem massivamente em anúncios digitais, reduzam significativamente a sua publicidade. Só a Temu gastou dois mil milhões de dólares em 2023 com anúncios na Meta (dona do Facebook e Instagram), recorda o The Wall Street Journal.

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