Tempestade perfeita no Reino Unido com obrigações do Tesouro em ebulição

As yields das obrigações do Tesouro britânico continuam a bater recordes com desconfiança crescente dos investidores na economia do Reino Unido e com efeitos das políticas protecionistas de Trump.

Os mercados e os investidores estão a enviar um sinal claro de desconfiança relativamente às perspetivas económicas do Reino Unido, com as yields das obrigações do Tesouro britânico (Gilts) a baterem máximos históricos diariamente ao longo desta semana.

Este cenário, que está também a despertar “fantasmas” antigos da crise de 2022 que levou à queda do Governo britânico então liderado por Liz Truss, coloca uma pressão significativa sobre a chanceler Rachel Reeves, que se adensa ainda mais com uma onda de críticas por a ministra das Finanças manter uma viagem de três dias à China para promover a cooperação económica e financeira entre os países no meio desta tempestade.

A yield das Gilts a 10 anos já chegou a negociar acima dos 4,9% (agora está nos 4,84%), o nível mais elevado desde a crise financeira global de 2008, enquanto a yield das obrigações a 30 anos alcançou o valor histórico de 5,44% no durante a manhã de quinta-feira (agora está nos 5,4%), um patamar não observado desde o verão de 1998.

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O recente aumento acentuado do custo das obrigações britânicas reflete uma combinação de fatores domésticos e globais que estão a abalar a confiança dos investidores. O Orçamento apresentado por Reeves em outubro tem sido apontado como um dos catalisadores desta turbulência.

O plano orçamental do governo trabalhista liderado por Keir Starmer, que prevê um aumento nos gastos governamentais, levantou preocupações sobre pressões inflacionárias adicionais numa economia já fragilizada. Basta lembrar que os números referentes ao PIB do Reino Unido no final do ano passado foram mais fracos do que o esperado e as últimas estimativas do Banco de Inglaterra apontam para que a não tenha crescido no último trimestre de 2024.

E em cima de um cenário pouco otimista, a inflação no Reino Unido, que tinha mostrado sinais de arrefecimento, inverteu a tendência de queda em outubro e novembro, voltando a subir para uma taxa homóloga de 2,6% em novembro (últimos dados conhecidos), o valor mais elevado desde março de 2024.

À subida dos preços não é indiferente a forte desvalorização da libra esterlina, que negoceia atualmente no nível mais baixo em 14 meses relativamente ao dólar americano, provocando por inerência um encarecimento das importações e potencialmente alimentando pressões inflacionistas adicionais.

A contribuir para a turbulência económica e financeira por terras de Sua Majestade há ainda a contabilizar o aumento planeado nas contribuições para a Segurança Social por parte dos empregadores, que tem gerado apreensão entre as empresas ao temerem um impacto negativo nos preços e no mercado de trabalho. Este cenário alimenta os receios de uma potencial estagflação, uma combinação tóxica de crescimento económico estagnado e inflação persistente.

O contexto global também tem desempenhado um papel crucial nesta equação. A expectativa da chegada de Donald Trump à Casa Branca (que tomará posse a 20 de janeiro) e das suas políticas tem agitado os mercados financeiros internacionais.

As promessas de Trump de impor tarifas generalizadas e implementar cortes de impostos abrangentes têm alimentado temores de pressões inflacionárias e défices crescentes nos EUA. Esta perspetiva tem impulsionado as yields dos títulos do Tesouro norte-americano (Treasuries), que por sua vez tem provocado um efeito de contágio, influenciado os mercados de obrigações globais, particularmente o britânico.

Andrew Bailey, presidente do Banco de Inglaterra
Andrew Bailey, presidente do Banco de Inglaterra, enfrenta o desafio de gerir a política monetária do Reino Unido numa altura em que a moeda está a afundar e o custo da dívida a subir. O Comité de Política Monetária da instituição tem agendado para 6 de fevereiro uma reunião para decidir se volta a cortar a taxa de juro, como voltou a fazer em novembro, ou se manterá tudo na mesma.

Pressão sobre a política orçamental e monetária

O aumento nas yields das Gilts coloca uma pressão significativa sobre as finanças públicas britânicas. O espaço orçamental limitado que Reeves tinha para manobrar as contas públicas já foi praticamente eliminado pelo aumento de rompante das yields das obrigações nos últimos meses, alertam os economistas. “O risco agora é que se desviem irrevogavelmente do seu rumo, porque perderam o controlo da posição orçamental, e sejam forçados a austeridade e a aumentos de impostos”, refere Erik Britton, um antigo economista do Banco de Inglaterra que agora dirige a Fathom Consulting, à Bloomberg.

Isto pode forçar o Governo de Starmer a considerar medidas de austeridade adicionais ou aumentos de impostos para cumprir as suas próprias regras orçamentais. No entanto, nem todos veem a situação atual como uma crise iminente.

Paul Donovan, economista-chefe do UBS, oferece uma perspetiva mais moderada, observando que os pagamentos de juros da dívida do Tesouro britânico “continuam a representar uma parte menor da economia do que em muitos outros países, limitando, por enquanto, as consequências económicas.”

Por outro lado, Michael Krautzberger, diretor de Investimento (CIO) em obrigações da Allianz GI, vê uma oportunidade nos títulos de dívida britânicos. O especialista acredita que as Gilts “são uma boa opção, já que o mercado está a subestimar a margem para cortes nas taxas de juro”, escreve Michael Krautzberger numa nota enviada na quinta-feira aos clientes da Allianz GI. Esta visão sugere que, apesar da turbulência atual, pode haver potencial de valorização para os investidores dispostos a assumir riscos no mercado de obrigações britânico.

Para o Banco de Inglaterra, este ambiente de turbulência não é indiferente. Após uma série de aumentos nas taxas de juro que elevaram a taxa base da libra esterlina de 0,1% em dezembro de 2021 para 5,25% em agosto de 2023, o banco central realizou dois cortes em agosto e novembro do ano passado, deixando a taxa atual em 4,75%.

No entanto, a persistência da inflação e a volatilidade nos mercados de obrigações complicam a tarefa da autoridade monetária do Reino Unido em equilibrar o controlo da inflação com o estímulo ao crescimento económico. Será com estas preocupações bem presentes que os nove membros do Comité de Política Monetária do Banco de Inglaterra terão de tomar uma decisão relativamente à taxa de juro da libra na próxima reunião, que decorrerá dentro de um mês (6 de fevereiro).

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O aumento nas yields das Gilts tem implicações significativas tanto para as contas públicas quanto para os investidores. Para os investidores, embora as yields mais altas ofereçam retornos potencialmente maiores, também sinalizam um aumento no risco percebido associado à dívida britânica.

Para o Governo, yields mais elevadas significam custos mais pesados em futuras emissões de dívida, particularmente de títulos com maturidades mais longas, que pode levar a cortes nos gastos públicos ou aumentos de impostos para manter a estabilidade orçamental.

Isso foi visível já na terça-feira com uma emissão de 2,3 mil milhões de libras a 30 anos pelo qual o Tesouro pagou 5,2% que compara com um custo de 4,7% há três meses numa operação semelhante; e também com um leilão a 5 anos realizada na quarta-feira pelo qual o Tesouro se financiou em 4,25 mil milhões de libras ao preço de 4,49%, quando em setembro, numa operação em tudo semelhante, pagou menos 61 pontos base (3,9%).

Para a próxima semana as atenções dos investidores estarão centradas no leilão de dívida a 10 anos programado para quarta-feira, em que o Tesouro britânico pretende financiar-se em 4 mil milhões de libras. A última operação a 10 anos promovida pelo Gabinete de Gestão da Dívida do Reino Unido resultou numa yield de 4,33%. Atualmente, o benchmark a 10 anos do Tesouro britânico apresenta uma yield próxima dos 5%.

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Ministra garante construção do novo Palácio da Justiça de Coimbra

  • Lusa
  • 10 Janeiro 2025

A ministra da Justiça assegurou que o arranque da construção do novo Palácio da Justiça de Coimbra deverá ocorrer antes do final do seu mandato. Governo suporta custos de cerca de um milhão de euros.

A ministra da Justiça assegurou esta sexta-feira que o arranque da construção do novo Palácio da Justiça de Coimbra deverá ocorrer antes do final do seu mandato e que o Governo suportará os custos da elaboração e revisão do projeto.

Não vamos ter de esperar pelo fim do meu mandato, nem pelos 100 anos do antigo Palácio da Justiça de Coimbra, para ver que os trabalhos arrancam. Não vamos esmorecer e acredito que o senhor presidente da Câmara também não, porque Coimbra, os cidadãos, as empresas de Coimbra e todos quantos trabalham no sistema judicial merecem este palácio tão esperado e necessário: desta vez é para cumprir”, destacou Rita Júdice.

A ministra da Justiça, Rita Júdice, e a secretária de Estado da Justiça, Maria José Barros, acompanhadas da presidente do Instituto de Gestão Financeira e Equipamentos da Justiça (IGFEJ), Ana Luísa Machado, marcaram presença esta sexta-feira na cerimónia de assinatura do contrato interadministrativo com a Câmara Municipal de Coimbra, com vista à elaboração do projeto final para a construção do novo Palácio de Justiça de Coimbra.

Nesta ocasião, Rita Júdice reafirmou que Coimbra precisa de um novo Palácio da Justiça, recordando a promessa que já tinha deixado há oito meses, na cerimónia dos 90 anos do Palácio da Justiça de Coimbra.

Quando acabei o meu discurso, o entusiasmo na sala era muito contido. Percebi logo que o presidente da Câmara Municipal, o senhor presidente da Relação, as entidades e autoridades ali presentes tinham pouca fé em promessas que, ainda por cima, não eram originais”, referiu.

Ao longo da sua intervenção, a ministra da Justiça aludiu às várias deficiências e ao custo com rendas de alguns edifícios onde estão instalados Juízos do Tribunal da Comarca de Coimbra, reiterando a necessidade de se construir um edifício de raiz, para que tudo passe a funcionar numa localização única.

“A lista de problemas não é pequena, estamos a começar pelo que nos parece mais urgente ou precisa de mais tempo a concretizar. O Ministério da Justiça, através do IGFEJ – aqui representado pela sua presidente – vai suportar os custos da elaboração e revisão do projeto (cerca de um milhão de euros), mas delega na Câmara Municipal a competência para concretizar essa tarefa”, indicou.

Já o presidente da Câmara Municipal de Coimbra, José Manuel Silva, congratulou-se por a ministra da Justiça estar a permitir que Coimbra concretize um sonho que “é muito mais do que um sonho: é uma necessidade para Coimbra e para o país”.

“É um dia de jubilo e de reconhecimento de cumprimento da palavra dada e um dia de felicidade para Coimbra. Estamos a fazer algo que é fundamental para conduzir à concretização do Palácio da Justiça onde ele deve estar, na rua da Sofia, depois de tantos debates e retórica”, afirmou.

No final da cerimónia, em declarações aos jornalistas, a ministra da Justiça disse ainda que o Governo pretende que o concurso público para o projeto seja lançado “com a máxima urgência”.

“O que queremos é que avance”, acrescentou, referindo que este será “um projeto de raiz”, um edifício “pensado para uma nova justiça” e para as necessidades atuais e futuras.

Cerca de uma hora antes da assinatura do contrato interadministrativo, a ministra da Justiça visitou o Tribunal da Relação, onde reuniu durante alguns minutos, seguindo depois para o Tribunal Judicial da Comarca de Coimbra, localizado no Edifício do Arnado, onde estão instalados os Juízos Cíveis e o Juízo do Trabalho.

Para a tarde estão previstas visitas ao Tribunal Administrativo e Fiscal (TAF) de Coimbra, Tribunal de Família e Menores de Coimbra e Palacete de Celas.

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João Epifânio assume presidência do conselho estratégico da Associação Portuguesa de Profissionais de Marketing

"Conseguir que os CMO se tornem cada vez mais centrais numa organização, dominando as competências de comunicação mas também digitais", é o principal objetivo.

João Epifânio, até outubro membro da comissão executiva e chief marketing officer (CMO) da Altice Portugal, assumiu a presidência do conselho estratégico da Associação Portuguesa de Profissionais de Marketing (APPM).

Ao +M, o profissional explica que a prioridade é desenvolver um plano de atividades com vista a uma maior aproximação com o mundo da academia, fomentando uma estreita ligação entre as ciências ligadas ao marketing e comunicação e a tecnologia.

É quase impossível um profissional de marketing não interpretar números e informação. Tipicamente as funções eram associadas à comunicação, mas hoje é curto“, enquadra o gestor histórico do setor das telecomunicações, membro do Conselho Estratégico da APPM desde 2018.

“Tudo é dados, o mundo passou em grande medida para as plataformas digitais, temos de saber interpretar a informação”, reforça, explicando que o objetivo é “conseguir que os CMO se tornem cada vez mais centrais numa organização, dominando as competências de comunicação mas também digitais“.

Os cerca de 30 membros do conselho estratégico, aponta, são os profissionais que vão participar neste movimento. “São pessoas que têm uma network [rede] capaz de fazer a dinamização e a ponte entre a academia, as empresas e as marcas”, descreve.

A APPM, liderada por Carlos Sá, presidente da direção, é uma das mais antigas associações de profissionais de marketing do mundo, com mais de cinco décadas de existência, tendo sido fundada em 1967 como Sociedade Portuguesa de Comercialização. Foi no inicio do novo milénio (ano 2000) que a denominação APPM foi definitivamente adotada, recorda João Epifânio, tendo a associação vindo a desenvolver várias iniciativas com o objetivo de valorizar e acreditar os profissionais de marketing em Portugal.

Já este mês, a 22 de janeiro no Porto e 23 em Lisboa, realiza-se o Congresso Nacional de Marketing da APPM, sobe o mote “T – de transformação”.

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Turismo quer esclarecer portugueses sobre o impacto do setor em nova campanha. Investimento é de 200 mil euros

A campanha pretende responder às críticas que são feitas ao setor do turismo, mostrando o seu impacto na vida de portugueses de vários setores. É assinada pela BDC e decorre até 13 de março.

Eu Conto com o Turismo“. É este o nome da campanha lançada esta sexta-feira pela Confederação do Turismo de Portugal, que pretende demonstrar a importância do turismo, através de uma série de testemunhos reais. O investimento é de 200 mil euros e a assinatura da BDC.

Se calhar [a campanha] nem deveria ser feita. Ao fim ao cabo, o turismo tem sido o motor da economia — mais de metade do crescimento do ano passado do PIB português deve-se ao turismo –, mas mesmo assim temos algumas pessoas que tentam denegrir a imagem do turismo“, começou por enquadrar Francisco Calheiros, presidente da Confederação do Turismo de Portugal (CTP), ao +M.

Mas, e uma vez que “não se pode fazer como a avestruz e enterrar a cabeça na areia”, a campanha reúne então um conjunto de pessoas, ligadas a diversos setores e “de todas as setes regiões do país”, para mostrar o quão importante é o turismo para as suas atividades“, diz o responsável da CTP.

Francisco Calheiros, presidente da Confederação do Turismo de Portugal.Luís Ribeiro

Vale a pena ver, é muito real, muito genuíno”, referiu ainda, reconhecendo que a comunicação é de certeza uma “fonte importantíssima” para o crescimento do turismo que “vive cada vez mais do boca a boca”.

Os testemunhos são dados por pessoas de diversos setores, desde uma varina ou vendedor de bolas de berlim até empresários e CEO, passando por bananicultoras, motoristas ou artistas. “Tivemos grande preocupação com a autenticidade dos depoimentos“, disse na apresentação Susana Monteiro, partner da BDC, que garantiu que não houve guiões e que os depoimentos — que respondem à questão de ‘porque contam com o turismo?’ — são “genuínos”.

Através destes exemplos individuais, o objetivo passa assim pormostrar a força que o turismo tem na economia e na criação de riqueza que acaba por beneficiar todos“, acrescentou a responsável, que especificou ainda que a campanha “não é sobre grandes números” mas sim sobre reputação e o impacto do turismo nas vidas dos portugueses.

Na mesma linha, Carlos Abade, presidente do Turismo de Portugal, entidade que apoiou a iniciativa, refere que o sucesso do turismo não pode ser medido pelas pessoas que entram no país e pelas dormidas, mas sim pela “capacidade de entregar valor às pessoas e à economia”.

Nesse sentido, esta ação é “particularmente importante”, uma vez que dá voz a quem reconhece o que o setor lhe entrega. “Não é uma campanha de promoção, mas sim uma ação de comunicação para dizer o quão bom pode ser o turismo para as pessoas“, precisou Carlos Abade.

Esta campanha é o despertar de um alerta para aquilo que Portugal tem de bom, para aquilo que os estrangeiros reconhecem em Portugal como bom, e que nós muitas vezes temos dificuldade em vislumbrar“, corroborou Pedro Machado, secretário de Estado do Turismo.

A campanha, além de mostrar a “excelência daquilo que é o produto Portugal”, tem também a capacidade de trazer “desde logo uma coisa que às vezes temos dificuldade em assumir, que é o orgulho de sermos quem somos e daquilo que temos”.

Temos americanos, canadianos, britânicos e brasileiros a dizerem que somos extraordinários, do ponto de vista daquilo que é a construção de uma atividade e indústria poderosa como é o turismo, mas às vezes em Portugal temos alguma dificuldade em poder acompanhar e reconhecer o valor do turismo“, afirmou Pedro Machado ao +M.

Segundo o governante, o turismo tem vindo, de alguma forma, a ser “criticado” por algumas “vozes mais eruditas e publicadas” pelo “risco de se colocar Portugal na dependência de uma mono indústria”. “Mas isso é um mito urbano, desde logo porque impactamos diretamente o setor primário, bem como o setor de serviços. E esta campanha também serve precisamente para desmistificar este mito urbano“, acrescentou.

Pedro Machado, secretário de Estado do Turismo.Luís Ribeiro

Numa mensagem em vídeo, o Presidente da República defendeu também que o turismo é exportação e que as pessoas “não têm noção disso”. No entender de Marcelo Rebelo de Sousa, a campanha é necessária “para não haver a ideia de que o turismo é uma atividade económica que acaba por bloquear outras atividades do país”, o que “não é necessariamente assim”, uma vez que o turismo recorre a serviços, à indústria, à agricultura, ao comércio. “Tudo isso tem a ver com o turismo”, afirmou.

Para quem advoga que é preciso mudar o perfil da economia portuguesa, “é verdade”, diz Marcelo Rebelo de Sousa, que defendeu, no entanto, que nessa mudança de perfil também cabe o turismo, que está ele próprio a “mudar para melhor”.

Ainda segundo explicou Francisco Calheiros, a campanha já tinha sido aprovado pelo Governo do PS liderado por António Costa, que entretanto caiu. A mesma foi também desde logo aprovada pelo atual Governo, o que demonstra a sua “transversalidade”, referiu o presidente da CTP na sessão de apresentação.

“Eu Conto com o Turismo” decorre até 13 de março, marca presença nas plataformas digitais e nos canais institucionais da CTP, num microsite próprio e em meios de comunicação social.

Já em termos de perspetivas de crescimento para este ano, Francisco Calheiros disse que só tem uma certeza, “que é a incerteza”. A guerra na Ucrânia, o conflito de Israel, a tomada de posse de um novo presidente nos EUA e o facto de países “muito importantes” para o turismo em Portugal, como a Alemanha e a França estarem com “crises bastante grandes” são alguns dos fatores que contribuem para esse cenário de incerteza.

No entanto, e apesar de “o envolvimento não ser extraordinário”, Francisco Calheiro acredita que o turismo em Portugal vai “continuar na senda de um pequeno crescimento, sempre na perspetiva de criar mais valor, ou seja, de receitas a crescerem mais do que o número de turistas“, disse ao +M.

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“O turismo é tão bom quanto melhor for para as pessoas”

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  • 10 Janeiro 2025

“Eu Conto com o Turismo” é uma campanha da Confederação do Turismo de Portugal (CTP) que pretende sublinhar a importância transversal do setor para a economia e sociedade portuguesa.

O turismo é o motor da economia portuguesa, representando mais de metade do crescimento do PIB no último ano. Foi esta a mensagem de Francisco Calheiros, Presidente da Confederação do Turismo de Portugal (CTP), durante a apresentação da campanha “Eu Conto com o Turismo”, que decorreu no Centro Cultural de Belém.

Para o líder da CTP, esta campanha reforça o papel transversal do turismo e procura demonstrar a sua importância através de testemunhos de cidadãos comuns e profissionais de diferentes áreas que beneficiam, direta ou indiretamente, da atividade turística. “Lançámos esta campanha em que não há nenhum ator do turismo envolvido e tudo o que pedimos são individualidades, anónimos, para nos dizerem qual é a importância do turismo para as suas atividades”, explicou, salientando que a iniciativa foi aprovada tanto pelo governo anterior como pelo atual.

"O turismo é tão bom quanto melhor for para as pessoas. O sucesso do setor não deve ser medido pelo número de turistas que entram, mas pela capacidade que o turismo tem de entregar valor à economia e às pessoas.”

Carlos Abade, Presidente do Turismo de Portugal

Carlos Abade, Presidente do Turismo de Portugal, destacou a relevância das pessoas como elemento essencial do setor. “O turismo é tão bom quanto melhor for para as pessoas. O sucesso do setor não deve ser medido pelo número de turistas que entram, mas pela capacidade que o turismo tem de entregar valor à economia e às pessoas.”

Para o Presidente do Turismo de Portugal, a campanha “Eu Conto com o Turismo” é uma oportunidade para aproximar as perceções do público ao impacto real do turismo, ajudando a valorizar a contribuição deste setor para a qualidade de vida e o desenvolvimento económico do país. “Esta ação dá a voz a quem vê no turismo uma forma de construir a sua vida, uma forma de criar valor, não só para si, mas para aqueles que os rodeiam”, afirmou.

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Contagem decrescente para o The ICE St. Moritz, um encontro de clássicos no topo do mundo

  • Rita Ibérico Nogueira
  • 10 Janeiro 2025

Todos os anos, por esta altura, Engadin, no lago St. Moritz, cobre-se de branco e engalana-se para receber The ICE St. Moritz, o mais exclusivo concurso internacional de elegância automóvel.

Está a chegar o ponto alto do inverno para os colecionadores de carros clássicos. Todos os anos, por esta altura, Engadin, no lago St. Moritz, cobre-se de branco e engalana-se para receber The ICE St. Moritz, o mais exclusivo concurso internacional de elegância automóvel. Num cenário natural de uma beleza extraordinária, sobre o lago gelado, a 1800 metros de altura, o evento – marcado para os dias 21 e 22 de Fevereiro – vai receber a exposição de carros de sonho que junta a tradição, a performance e a excelência do design à beleza da paisagem.

Este ano, o The ICE é aguardado com particular expectativa, já que em 2024, devido a quedas de neve massivas, o concurso teve de ser parcialmente cancelado por motivos de segurança.

Como habitualmente, espera-se uma programação variada, com os carros em exposição estática, em que colecionadores, entusiastas e público em geral poderão admirar verdadeiras obras de arte sobre rodas, seguido de um espetáculo dinâmico – o ex-libris do certame, em que os automóveis participantes dão voltas livres sobre o lago para entreter o público – enquanto o júri avalia a estética dos concorrentes e atribui o prémio mais cobiçado, o Best in Show. Esta edição contará com 5 categorias de participantes: Barchettas on the Lake – que apresenta os modelos descapotáveis de dois lugares; Open Wheels – que abarca os monolugares criados para corridas de pista entre as décadas de 1950 e 1970, os anos dourados do automobilismo; Concept Cars & One Offs – exemplares únicos criados por génios visionários ou feitos à medida; Icons on Wheels – testemunhas de uma era ou de tendências intemporais; e Racing Legends – as estrelas indiscutíveis das corridas.

A organização inclui ainda algumas novidades, como por exemplo os eventos dinâmicos dedicados aos carros modernos em ação. Outra novidade é também o alargamento do programa a toda a cidade, com atividades que não estão centradas apenas no mundo automóvel, abrangendo também a arte e a cultura, ilustrando a evolução deste evento até se tornar uma referência de estilo de vida.

A seleção dos automóveis participantes nesta grande festa do gelo está em curso e os interessados em participar podem iscrever-se AQUI. A Fora de Série sabe que o comité de seleção recebeu, nesta edição, um recorde de pedidos de inscrição, o que mostra o crescente interesse global dos colecionadores por este concurso de elegância. O júri, composto por figuras de renome internacional não só do universo automóvel como também das artes, da moda e do design, também dá o seu contributo para a notoriedade do The ICE St. Moritz.

Vejamos a lista de jurados:

Marko Makaus – fundador e patrono do The I.C.E. St. Moritz, é autor de vários livros dedicados a algumas das marcas que ajudaram a escrever a história do automobilismo; participou no primeiro Concorso d’Eleganza em 1989, participou em vários júris internacionais e ainda colabora na organização de muitos eventos de automóveis clássicos e antigos, incluindo o Mille Miglia, Villa d’Este Style e Villa la Massa Excellence;

Richard Adatto – um dos maiores especialistas mundiais em automóveis clássicos e premiado autor de livros sobre estilo automóvel, é membro do conselho da Mullin Automotive Museum Foundation e membro da comissão de seleção do Pebble Beach Concours d’Elégance, onde foi também jurado durante mais de trinta anos;

Massimo Delbò – um historiador de automóveis clássicos que conta com várias participações em júris de eventos internacionais. Colabora com algumas das mais prestigiadas publicações automóveis, incluindo a Octane Magazine e a Cavallino, onde é Diretor Editorial;

Mathias Doutreleau – antigo diretor do The Quail, a Motorsports Gathering, o principal evento da semana automóvel de Monterey. Em 2016, relançou o Concours d’Elégance Suisse, o histórico Concours d’Elégance em Genebra, e continua a ser o seu presidente. Também gere o Comité de Campeonatos Históricos da FIA e o Comité de Automobilismo Histórico da Federação Internacional do Automóvel (FIA).

Norman Foster – arquiteto e designer britânico de renome internacional, é um dos principais expoentes da arquitetura contemporânea e o designer do futurista Chesa Futura em St. Moritz;

Christian Jott Jenny – uma figura permanente no The I.C.E. desde a sua primeira edição. A sua participação, na qualidade de autarca de St. Moritz e de homem da cultura reforça o vínculo institucional do concurso com a cidade e reafirma a importância do evento a nível local.

Michele Lupi – jornalista de renome, foi editor-in-chief de revistas como GQ, Rolling Stone, Icon e Icon Design. Escolhido pela Tod’s como Visionário da Coleção Masculina, tem um olho clínico para a qualidade e o estilo, seja em matéria de música, design ou carros clássicos.

Vanessa Marçais – cresceu rodeada de automóveis históricos e transformou a sua paixão por eles numa carreira na indústria. É a criadora, juntamente com o seu marido Flavien Marçais, da GT & Sports Car Cup, uma série de corridas de automóveis históricos apenas para convidados, promovidas pela marca Automobiles Historiques. É também uma estimada curadora e organizadora de eventos.

Philip Rathgen – CEO da Classic Driver, é uma das figuras mais influentes no mundo dos automóveis clássicos. Participa ativamente em júris de eventos internacionais como o Concours d’Elegance em Villa d’Este e o Gold Coast Motor Festival em Hong Kong.

Augustin Sabatié-Garat – personalidade de destaque no panorama internacional dos leilões, tem trabalhado com a RM Sotheby’s desde 2012, onde ocupa atualmente o cargo de Diretor de Vendas para os mercados EMEA. Um grande entusiasta de clássicos e conhecedor do mundo automóvel, participa regularmente em ralis e provas de pista por toda a Europa.

Jay Ward – aquisição recente, entrou este ano; é o Diretor Criativo de Franchising da Pixar, supervisionando projetos globais relacionados com Automóveis. Foi consultor e criativo nos três filmes “Cars”. Além disso, atua como Juiz Honorário e Juiz de Classe em concursos como Pebble Beach e Villa d’Este.

Voltaremos para revelar quem foram os vencedores deste ano.

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“Esta campanha não é sobre grandes números, é sobre reputação”

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  • 10 Janeiro 2025

A campanha “Eu conto com o Turismo”, da CTP, que reúne histórias reais de pessoas que beneficiam do impacto positivo do turismo, decorre de 10 de janeiro até 13 de março.

Com o propósito de destacar a importância do turismo para a economia e sociedade portuguesa, a Confederação do Turismo de Portugal (CTP) lançou a campanha “Eu conto com o Turismo”, que reúne testemunhos de pessoas cujas profissões beneficiam do turismo.

No evento de lançamento da campanha, que se realizou no Centro Cultural de Belém, Susana Monteiro, partner da BDC, explica como foi pensada esta iniciativa. “Acreditamos que todos nós de uma forma ou de outra beneficiamos do turismo. Esta campanha não é sobre grandes números, é sobre reputação e o impacto desses números na vida dos portugueses. Fomos à procura de portugueses de todas as condições sociais, com atividades profissionais muito diferentes, cuja atividade direta não é o turismo, mas que dele beneficiam”, afirma.

Susana Monteiro refere que existiu uma grande preocupação com a autenticidade dos depoimentos. “Nenhum destes protagonistas obedece a qualquer guião, fizemos uma única questão: ‘de que forma é que conta com o turismo?’”, explica.

O Secretário de Estado do Turismo, Pedro Machado, que também esteve presente no evento do lançamento da campanha, referiu-se à mesma como “um apelo, para relembrar o quanto temos de coisas boas para usufruir ao longo do ano”.

Veja os diferentes vídeos da campanha aqui.

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Mediadora Porta da Frente Christie’s compra metade da operação portuguesa da Piquet Realty

  • Lusa
  • 10 Janeiro 2025

Mediadora portuguesa de imobiliário de luxo vai integrar as lojas e a marca Piquet na sua "estrutura e identidade”. Valor do negócio não é conhecido.

A mediadora de imobiliário de luxo Porta da Frente Christie’s anunciou esta sexta-feira ter comprado 50% da operação em Portugal da congénere norte-americana Piquet Realty, reforçando assim a ligação a mercados-chave como EUA e Brasil.

Em comunicado, a Porta da Frente Christie’s destaca ainda que, com esta aquisição, cujo valor não foi divulgado, “fortalece a sua presença nas regiões de Lisboa e Cascais, onde as lojas e a marca Piquet serão integradas na estrutura e identidade” da empresa portuguesa.

Segundo adianta, com a integração das equipas, o número de consultores especializados será aumentado.

À Lusa, a mediadora avançou que, com este negócio, prevê “um aumento na faturação da Porta da Frente Christie’s na ordem de 10 milhões de euros nos próximos três anos”.

De origem norte-americana, a Piquet Realty é apresentada como tendo sede em Miami e “forte presença em mercados de gama alta no Brasil, ambos mercados globais fundamentais para o imobiliário em Portugal”.

“Este é um passo estratégico essencial para fortalecer a nossa presença em mercados-chave. A sinergia com uma marca de DNA norte-americano e com forte proximidade ao mercado brasileiro é, sem dúvida, a melhor forma de fortalecer a nossa liderança nestes dois mercados”, afirma o presidente executivo (CEO) da Porta da Frente Christie’s, citado no comunicado.

João Cília sublinha que este investimento é “um claro sinal da aposta no crescimento e reforço da liderança da Porta da Frente no segmento premium em Portugal”.

Já o CEO da Piquet Realty Portugal, Marlos Gonçalves, considera que “esta colaboração é o encontro entre duas marcas com visão e ambição partilhadas”.

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Gouveia e Melo surge como favorito em nova sondagem para as eleições presidenciais

  • ECO
  • 10 Janeiro 2025

Entre 19 potenciais candidatos, o agora almirante na reserva é o que regista maior potencial de voto (57%). Seguem-se António Guterres e Mário Centeno, mostra estudo da Pitagórica.

Apesar de ainda não ter anunciado a candidatura às eleições presidenciais do próximo ano, Gouveia e Melo lidera a sondagem da Pitagórica para a TSF/Jornal de Notícias/TVI/CNN Portugal. Entre 19 potenciais candidatos, é o que regista maior potencial de voto (57%). Além de 28% dos inquiridos afirmarem que votariam “de certeza” nele e outros 29% admitirem que “talvez” o façam, o nome do agora almirante na reserva é também o nome com menor rejeição de voto (apenas 39%).

António Guterres — cuja duração, até ao fim de 2026, do mandato como secretário-geral da ONU o deve deixar fora da corrida ao Palácio de Belém — registou resultados semelhantes: 28% afirmam que votariam “de certeza” e 26% “talvez” votassem nele. Porém, a taxa de rejeição, nos 44%, é maior do que a de Gouveia e Melo.

O ex-ministro das Finanças e atual governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, surge como o terceiro “protocandidato” com maior potencial de voto (43%). E, entre os possíveis nomes ligados ao PS, tem a melhor prestação (32%) numa hipotética segunda volta frente a Gouveia e Melo (51%), empatando com Pedro Passos Coelho e vencendo Marques Mendes.

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Em Zurique, na excelência da civilidade

  • Sancha Trindade
  • 10 Janeiro 2025

Depois de conhecermos o icónico Hotel Baur au Lac, onde nasceu a ideia do Prémio Nobel da Paz, a maior cidade da Suíça merece um guia ‘curated’ para 2025.

Entre os grandes nomes que escolheram Zurique para viver ou trabalhar estão Albert Einstein, James Joyce, Carl Gustav Jung e Thomas Mann, todos profundamente ligados ao espírito intelectual e artístico que permeia esta cidade suíça. E, se no livro de notas levava uma Zurique considerada como a Disneylândia dos jovens banqueiros — em que os suíços controlam a vida ao milímetro e vivem dentro do seu quadrado, na opinião de muitos locais, de forma um pouco egoísta e muitas vezes fechada —, esta não deixa de ser uma cidade deliciosamente pequena, mas muito internacional. E isso muda todo o cenário de uma das cidades mais desejadas e eficientes do mundo. Zurique, considerada uma cidade fora de série por quase todos os rankings globais, inspira admiração.

Apesar de ser a maior cidade da Suíça, Zurique é muitas vezes apontada como uma simples paragem entre o aeroporto e as estâncias de Inverno. Mas esta cidade oferece um sentimento de aldeia bem conservada, ainda por cima abençoada pela magia do Lago de Zurique e o postal lindíssimo das montanhas. Perfecionista e limpa a régua e esquadro, Zurique é uma cidade de vivência suave, onde não escutamos qualquer tipo de reação emocional no trânsito e conseguimos acertar relógios pela pontualidade dos transportes públicos. Transportes esses surrealmente limpos, imaculados e pontuais, sem exceção e por isso notável no padrão mundial.

Os suíços cuidam muito bem das suas cidades, estradas, espaços públicos, parques e jardins. O sentido comunitário e o uso de bens partilhados é regulado por normas que todos respeitam. Essa atenção ao coletivo reflete o respeito pelas regras de convivência e, apesar das famosas denúncias discretas, faz com que Zurique seja uma das cidades mais organizadas — e, por isso, mais fáceis e desejadas — do mundo.

Para quem tem assistido, de coração apertado, à fase desafiante que Lisboa atravessa, Zurique é uma lufada de ar fresco, um exemplo de civilidade, que mostra ao mundo que imaginar uma cidade coerente, limpa, preservada e sincronizada não é, afinal, nenhuma utopia ou ilusão.

Descobrir Zurique com curadoria

Para organizar a estadia, sugiro que o leitor analise previamente a agenda cultural da Opernhaus Zürich e da Tonhalle Zürich. Sei que é peculiar, mas é sempre o meu ponto de partida para uma viagem: os espetáculos culturais, sejam óperas, bailados ou concertos, neste caso a respirarem no coração da cidade.

Opernhaus Zürich

A Opernhaus Zürich e a Tonhalle Zürich são duas das principais instituições culturais, com histórias ricas no mundo da música. A Opernhaus Zürich, inaugurada em 1891, foi projetada pelos arquitetos Fellner & Helmer e passou por uma importante renovação após um incêndio em 1920. A sua Orquestra da Ópera de Zurique é fundamental nas apresentações de ópera e bailado, e o local continua a ser um dos principais centros de ópera na Europa, com acústica e produções sublimes. Já a Tonhalle Zürich, inaugurada em 1895, tornou-se um centro de excelência para a música sinfónica. Fundada em 1868, é um pilar da cena musical da cidade, com uma programação variada de concertos clássicos e contemporâneos.

Para sonhar, o hotel Baur au Lac é uma referência no património cultural da cidade, por ser a morada onde Alfred Nobel conheceu Bertha von Suttner, pacifista que influenciou sua decisão na criação do Nobel da Paz — algo que faz tanto sentido nestes tempos planetários. Mesmo que não opte pelo Baur au Lac, almoçar no Marguita, jantar na Brasserie Bauer’s ou tomar chá no The Hall, todos no hotel, será sempre uma experiência histórica marcante na sua passagem por Zurique.

Outro marco que procuro sempre são os cafés antigos sobreviventes, e o Café Odeon é uma visita obrigatória. Inaugurado em 1900, a morada de antigas tertúlias é um elegante ponto de encontro que, ao longo dos anos, atraiu intelectuais, artistas e políticos. A atmosfera clássica, com pormenores art nouveau, faz do Odeon um refúgio de café de qualidade aliado à história cultural de Zurique. Frequentado por personalidades como James Joyce e Albert Einstein, o café mantém o charme de sua época e oferece a nós, viajantes, uma experiência inesquecível — especialmente se conseguir conversar com suíços locais, na minha experiência, bem criativa e fora da caixa, contrariando todos os mitos.

Outro endereço único é o Kronenhalle. Fundado em 1924 por Frieda Wengi, uma mulher visionária, o restaurante tornou-se um dos mais icónicos de Zurique. Com gastronomia local, Wengi criou um ambiente singular ao integrar obras de arte de grandes artistas, como Marc Chagall, Pablo Picasso e Ferdinand Hodler, transformando o restaurante numa galeria onde se come a poucos centímetros dos quadros, curiosamente, sem proteção.

Também o Zunfthaus zur Waag. Num edifício histórico que remonta ao século XIII e que estava originalmente associado à corporação dos ferreiros da cidade, “Zunfthaus” significa “casa da corporação”, e o restaurante preserva essa ligação, lembrando o papel dos ferreiros nas reuniões profissionais e políticas da época. Hoje, o local mantém a tradição histórica, oferecendo uma experiência gastronómica suíça num ambiente elegante, cultural e simbólico da Zurique medieval.

Bahnhofstrasse, considerada a avenida mais cara do mundo

Em Zurique, as experiências gourmet são excecionais, com delicatessens renomados como Jelmoli e Globus, dos melhores que já testemunhei na Europa. Passear pela Bahnhofstrasse, considerada a avenida mais cara do mundo, é uma experiência que foge ao sentido de fausto e transmite uma sensação de grande civilidade discreta, a melhor de todas. A experiência é especial porque sentimos a discrição suíça, sem espalhafato, e isso numa rua de lojas luxuosas é sublime.

Para os amantes de arte e história, o mirante de Lindenhof, as igrejas Grossmünster – esta associada a Ulrich Zwingli, figura central da Reforma Protestante – e Fraumünster, com seus famosos vitrais de Marc Chagall, e a St. Peter Kirche, e a James Joyce Foundation são paragens imperdíveis. No bairro do Niederdorf – que faz parte do Altstadt (Cidade Velha) de Zurique – vai ficar impressionado como os suíços preservam o património das suas lojas, causa que me indigna há anos em Lisboa. Todas as lojas respiram perfeição, não há nada fora do sítio e isso é impressionante.

A Niederdorfstrasse, a rua mais movimentada na margem direita do Rio Limmat, é cheia de vida, com diversos restaurantes e bares, incluindo o icónico Café Voltaire, berço do Dadaísmo, movimento que surgiu como uma reação às atrocidades da Primeira Guerra Mundial, um detalhe que reforça o impacto cultural de Zurique na época. Na Münstergasse, não perca a oportunidade de beber o chocolate quente do Café & Conditorei 1842 e explorar as iguarias da H. Schwarzenbach.

Porque Zurique é das cidades mais seguras do mundo, uma ida à esquadra da polícia pode ser invulgar. O Giacometti-Halle escondido no hall de entrada é uma das obras de arte mais importantes da cidade, um fresco vibrante concluído em 1926, conhecido como Blüemlihalle, que se traduz como “hall das flores”. As formas e padrões florais abstratos foram pintados no teto abobadado da estação por Augusto Giacometti, primo do escultor Alberto Giacometti, mais conhecido pelas suas estátuas de corpo esguio.

Com vista para o centro, o The Dolder Grand, um dos mais prestigiados hotéis e spas de Zurique, que por ter uma longa história desde 1899, e intervenção posterior do arquiteto Norman Foster, vale uma manhã passada no spa, com vista para o Lago de Zurique e as montanhas, seguido de um brunch.

À beira do lago e para sentir a famosa qualidade de vida de Zurique é obrigatório um passeio até ao centro. Na experiência, um almoço na varanda do Ficherstube Zürihorn, a visita ao Chinagarten e ao Le Pavillion Le Corbusier. Se tiver tempo, faça num pequeno desvio, uma visita ao The Monocle Shop & Café, icónico na cidade.

Bem perto, o Kunsthaus Zürich, fundado em 1787, é o maior e mais importante museu de arte da cidade, com uma coleção impressionante que abrange desde a arte medieval até a contemporânea, incluindo obras de mestres como Marc Chagall, Pablo Picasso e Alberto Giacometti. A instituição também está ligada à história intelectual de Zurique, cidade onde Albert Einstein viveu enquanto estudava na ETH Zürich (Politécnico de Zurique), marcando o espírito científico da cidade. Até 16 de Fevereiro tem uma exposição imperdível de Marina Abramović.

Se ainda tiver tempo, não deixe de beber um café na biblioteca do Hotel B2, provar um fondue suíço numa cabine de neve no terraço do Widder Hotel, ou beber um leite de matcha no The Matcha Club.

O escritor suíço, Robert Walser escreveu que todas as boas mentes passariam algum dia por Zurique. E mais do que um dos maiores centros financeiros e do mundo, a cidade nomeia-se por ser um polo cultural que atraiu algumas das mentes mais brilhantes e criativas da história. Mentes importantes para, de alguma maneira, decifrar o encanto da cidade, que mesmo com a irreversível fatura do tempo, tanto conquista viajantes de mundo a permanecer alguns anos das suas vidas.

  • Texto de Sancha Trindade, fundadora da marca CURATED, que pode seguir AQUI.

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Prada pondera ir às compras de luxo na Versace

A marca italiana contratou o banco de investimento Citi para perceber se faz sentido avançar para uma proposta de aquisição. É a segunda vez que a Prada vai atrás da Versace em sete anos.

O ano começa movimentado no mercado das gigantes do luxo. A marca de moda italiana Prada estará a avaliar a compra da Versace e contratou o banco de investimento Citi para perceber se faz sentido avançar para um acordo, avançou esta sexta-feira o jornal Il Sole 24 Ore.

Os donos da Versace – a Capri Holdings – têm interesse na venda, uma vez que recorreram ao Barclays para explorar alternativas para o futuro da marca conterrânea, e de outras do portefólio, como a especialista em sapatos Jimmy Choo.

A notícia surge apenas dois meses após uma tentativa de fusão de 8,5 mil milhões de dólares (aproximadamente 8,3 mil milhões de euros) entre a Capri Holdings, que também detém a Michael Kors, e o grupo Tapestry, ter sido suspensa por uma ordem judicial dos Estados Unidos que alertou para questões regulatórias (anticoncorrenciais). O negócio acabou por cair por decisão das partes.

A Prada é uma marca que têm estado dinâmica no mercado, até porque nos últimos meses ganhou expressão internacional devido a lançamentos de novos produtos e buzz nas redes sociais sobretudo por causa da chamada geração Z. No terceiro trimestre, as suas vendas aumentaram 18% à boleia da Miu Miu. Certo é que a corrida a esta compra não é exclusiva, pois já esteve a ser considerada pela Exor, detida pela família Agnelli-Elkann, e pelo grupo Kering.

A Versace pertence à Capri Holdings desde 2018, quando o grupo deu 1,8 mil milhões de euros à família Versace e ao fundo Blackstone. Nesse mesmo ano, a Prada esteve a ‘piscar o olho’ à Versace, embora tenha acabado por decidir não avançar para o negócio.

O mercado das fusões e aquisições do luxo, à semelhança do que se verificou no contexto geral, arrefeceu no ano passado depois de um pós-pandemia recordista no fecho de negócios. Apesar de menos ‘apertos de mão’ em 2024, houve transações de relevo que marcaram a indústria dos bens de luxo.

É o caso da gigante dos óculos EssilorLuxottica, que se lançou na compra da Supreme à VF Corporation ou a aliança entre a empresa do homem mais rico da Europa, a LVMH, à Moncler, para comprar uma participação de 10% na Double R. Nota ainda para a compra de 30% da Valentino pela Kering – apesar de ter sido em 2023 existe a opção de adquirir o resto da marca até 2028, como escreveu a Vogue.

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SpaceX de Elon Musk lança satélite português que vai mapear os oceanos

É o primeiro de uma constelação de 12 satélites que irá permitir o mapeamento dos oceanos. O lançamento da LusoSpace acontece 30 anos depois do primeiro satélite português ter chegado ao Espaço.

A LusoSpace, empresa nacional dedicada à área do espaço, vai lançar o seu primeiro satélite na próxima terça-feira na Califórnia através da SpaceX, empresa do empresário norte-americano Elon Musk.

O PoSat 2, batizado em homenagem ao primeiro satélite português a chegar ao espaço em 1993 (PoSat 1), é o primeiro satélite comercial nacional e o primeiro da futura constelação ATON. Vai permitir mapear os oceanos através da monitorização das alterações climáticas e criação de novos serviços de segurança. Portugal já lançou três satélites, mas este será o primeiro satélite comercial nacional.

Este sistema único a nível mundial fornecerá informações cruciais, incluindo áreas de maior tráfego marítimo, atividades ilegais, derrames de petróleo, icebergs à deriva, zonas de condições meteorológicas adversas, entre muitas outras. Um verdadeiro marco na monitorização e segurança dos oceanos.

CEO da LusoSpace

Ivo Yves Vieira

“O futuro de Portugal está no mar, e a LusoSpace está a liderar essa jornada com uma inovação revolucionária: o Waze dos oceanos através de uma constelação de 12 satélites”, afirma o CEO da LusoSpace citado em comunicado. “Este sistema único a nível mundial fornecerá informações cruciais, incluindo áreas de maior tráfego marítimo, atividades ilegais, derrames de petróleo, icebergs à deriva, zonas de condições meteorológicas adversas, entre muitas outras. Um verdadeiro marco na monitorização e segurança dos oceanos”, nota Ivo Yves Vieira, que trabalhou no final da década de 1990 como engenheiro de I&D no primeiro satélite português.

A LusoSpace diz ser pioneira na introdução da tecnologia VDES (VHF Data Exchange System) em constelações de satélites. A empresa liderada por Ivo Yves Vieira explica que “esta tecnologia traz benefícios únicos ao ambiente marítimo que vão transformar a forma de comunicar no mar: possibilidade de comunicar bidirecionalmente entre terra e os navios, alertas mais rápidos e a possibilidade de criptografar mensagens, algo que até à data não é possível”.

 

Equipa da LusoSpace com o presidente da Agência Espacial Portuguesa, Ricardo Conde, e o professor Carvalho Rodrigues, conhecido como o pai do primeiro satélite português.LusoSpace

Por sua vez, o presidente da Agência Espacial Portuguesa, Ricardo Conde, parabeniza a LusoSpace e realça que com este lançamento, a empresa vai posicionar-se “como futuro provedor de serviços para comunicações globais com navios”. “A Agência Espacial Portuguesa continuará a apoiar a LusoSpace e o setor nacional para celebrarmos as conquistas da nossa engenharia, da nossa ciência, do nosso talento e, todos, transformarmos Portugal numa nação Espacial”, conclui.

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