Albuquerque indigitado esta tarde presidente do executivo da Madeira

  • Lusa
  • 28 Março 2025

"Decidi pedir ao senhor doutor Miguel Albuquerque que viesse ao palácio pelas 16:30 para o indigitar como presidente do Governo Regional", disse o representante da República na Madeira.

O representante da República na Madeira, Ireneu Barreto, vai indigitar o social-democrata Miguel Albuquerque, vencedor das legislativas regionais de domingo, como presidente do executivo do arquipélago.

Decidi pedir ao senhor doutor Miguel Albuquerque que viesse ao palácio pelas 16:30 para o indigitar como presidente do Governo Regional”, declarou Ireneu Barreto aos jornalistas, no Palácio de São Lourenço, no Funchal.

O PSD venceu as regionais de domingo com a eleição de 23 deputados, falhando por um a maioria absoluta, mas assinou esta semana um acordo de incidência parlamentar e governativa com o CDS, que obteve um assento na Assembleia Legislativa.

Miguel Albuquerque, que lidera o executivo desde 2015, foi constituído arguido num processo que investiga suspeitas de corrupção no início de 2024. Demitiu-se e foi reeleito em maio em eleições antecipadas, mas o seu executivo minoritário caiu com a aprovação de uma moção de censura em dezembro.

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Alemanha financia estudo sobre hidrogénio verde em Moçambique

  • Lusa
  • 28 Março 2025

Para o embaixador alemão, Moçambique tem recursos naturais abundantes, entre os quais a água, energia solar e eólica, que proporcionam “boas condições” para a produção de hidrogénio verde.

Os governos de Moçambique e da Alemanha assinaram esta sexta-feira um acordo de financiamento de 500 mil euros para o desenvolvimento do projeto de hidrogénio verde no país africano, visando diversificar a matriz energética moçambicana.

“A promoção do hidrogénio verde em Moçambique não só pode ajudar a diversificar o fornecimento de energia, como também pode criar oportunidades de emprego e impulsionar o desenvolvimento de indústrias e infraestruturas para o povo moçambicano”, disse Ronald Munch, embaixador da Alemanha em Moçambique, citado num comunicado conjunto.

O acordo para o desenvolvimento do “Projeto de Hidrogénio Verde” foi assinado entre a empresa Eletricidade de Moçambique (EDM) e o Banco de Desenvolvimento Alemão (KFW), que disponibilizou o dinheiro. Para o embaixador alemão, Moçambique tem recursos naturais abundantes, entre os quais a água, energia solar e eólica, que proporcionam “boas condições” para a produção de hidrogénio verde, num projeto para o qual será lançado um concurso internacional.

“O estudo terá a duração de cerca de seis a nove meses e, com base nos resultados obtidos, passaremos a utilizar esta tecnologia amiga do ambiente, pois o país dispõe de vastos recursos naturais para o efeito”, disse Joaquim Ou-chim, presidente do conselho de administração da EDM.

Os 500 mil euros servirão para a contratação de consultores especializados, que deverão conduzir os estudos de mercado para iniciativas de hidrogénio verde, considerado um recurso natural e energético “fundamental” no processo de diversificação da matriz energética de Moçambique.

“Pretende-se garantir a exportação de uma parte deste recurso natural e de seus subprodutos, tais como o oxigénio e amónia, ambos essenciais para o desenvolvimento de fertilizantes agrícolas”, disse a diretora nacional de Energia em Moçambique, Marcelina Mataveia, fazendo menção à “viabilidade técnica e económica” do hidrogénio verde, não só para assegurar energia no país, mas também para a sua exploração em outros setores.

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Boutique dos Relógios assinala mudança da hora com campanha

  • + M
  • 28 Março 2025

Na campanha, lançada em parceria com a Tissot, Emanuel Moura e David Antunes adaptaram de forma humorística a letra de uma música da artista Mimicat para assinalar a mudança horária.

De forma a assinalar a transição da hora na madrugada de 30 de março, a Boutique dos Relógios lançou, em parceria com a Tissot, uma campanha protagonizada por Emanuel Moura e David Antunes.

A campanha, digital, aposta numa “abordagem criativa e diferenciadora para comunicar o território do tempo”. A sua peça central consiste numa versão adaptada da música “Ai Coração”, de Mimicat, tendo Emanuel Moura e David Antunes criado uma letra que “transforma a mudança da hora num momento de boa disposição”, retratando, com humor, os efeitos da mudança da hora, refere-se em nota de imprensa.

Com criatividade da equipa de marketing digital da Boutique dos Relógios e com estratégia de media a cargo da Arena Media, a campanha está presente nos canais digitais de David Antunes, Emanuel Moura e da Boutique dos Relógios, com amplificação nas redes sociais.

Em paralelo à campanha, a Boutique dos Relógios aposta ainda numa ação promocional, que decorre nos dias 29 e 30 de março, com 10% de desconto numa seleção de marcas e produtos de relojoaria e joalharia.

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Vai aos EUA? Portugal emitiu “avisos de viagem”

  • Joana Abrantes Gomes
  • 28 Março 2025

Num conjunto de avisos publicados no Portal das Comunidades, o Ministério dos Negócios Estrangeiros lembra que possuir ESTA ou visto, por si só, "não constituem direito de entrada nos EUA”.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros emitiu avisos de viagem para quem deseja ir aos EUA, juntando-se, assim, à Noruega, Dinamarca, Finlândia, Irlanda, Alemanha, França e Reino Unido na resposta às condições de entrada mais rígidas e a mudanças relativamente ao reconhecimento do género na entrada em território norte-americano.

Assinalamos que a posse de um ESTA [Autorização Eletrónica de Viagem] ou de um visto não constituem direito de entrada nos EUA. A decisão final é sempre tomada pelo agente de fronteira à chegada a território norte-americano“, lê-se num dos avisos publicados no Portal das Comunidades.

É recomendado também que “os viajantes se encontrem munidos de comprovativo de viagem de regresso e que evitem prestar declarações falsas sobre os propósitos da sua estadia”, como, por exemplo, afirmarem estar a deslocar-se em turismo, quando vão em trabalho.

“É igualmente recomendável que, quem entre por portos ou aeroportos nos EUA, evite cruzar as fronteiras terrestres com o Canadá e o México, caso pretenda depois sair a partir dos EUA, pois a sua reentrada pode ser questionada”, acrescenta.

São ainda alertadas as pessoas não-binárias e transgénero para que “coloquem o seu género designado à nascença”, uma vez que Donald Trump assinou em janeiro uma ordem executiva que dita que apenas sejam reconhecidos dois sexos ou géneros: masculino ou feminino.

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Governo reúne autarcas para lançar Parque Cidades do Tejo

Governo apresentou aos autarcas a proposta de projeto para a zona jusante do Tejo, incluindo nos terrenos do aeroporto de Lisboa, a "nova Expo" na margem esquerda e o túnel entre Algés e Trafaria.

O Governo apresentou nesta sexta-feira o prometido plano para centenas de hectares de terrenos nas margens do Tejo, inseridos na Parque Cidades do Tejo, sociedade que será constituída com um primeiro cheque do Estado central no valor de 26,5 milhões de euros.

Na requalificação do território, à imagem do que foi executado nos anos 1990 no atual Parque das Nações (para a grande exposição mundial Expo 98), haverá lugar para habitação, com o Governo a vislumbrar um potencial de 25 mil casas, embora com limitações atuais dos Planos Diretores Municipais — o número assumido para já seja 10 mil fogos. Ainda assim, no vídeo apresentado, é referido um total de 20 mil fogos só para os terrenos do atual Aeroporto Humberto Delgado.

O projeto, sem data de arranque nem de concretização, irá desenvolver-se em Almada, Barreiro, Lisboa, Loures e Seixal, estendendo-se maioritariamente pelo território do Arco Ribeirinho Sul e, na margem direita, pelo Ocean Campus — na antiga Docapesca em Pedrouços –, zona de onde partirá o túnel entre Algés e a Trafaria.

Sob o chapéu da Parque Cidades do Tejo fica ainda a requalificação dos terrenos do atual Aeroporto Humberto Delgado, para onde se vislumbra um parque verde e 20 mil habitações, e a construção do novo aeroporto Luís de Camões, em Alcochete, Benavente e Montijo.

A intervenção na Parque Cidades do Tejo abrangerá mais de 4500 hectares — em que se inclui o novo aeroporto, responsável pela esmagadora maioria desta área –, com especial enfoque na revitalização do Arco Ribeirinho Sul.

A Sociedade Parque Cidades do Tejo S.A terá uma posição igualitária entre o Estado central e as autarquias envolvidas, assegurou o ministro das Infraestruturas e Habitação, Miguel Pinto Luz, aos presidentes de Câmara presentes.

A intervenção na Parque Cidades do Tejo abrangerá mais de 4500 hectares — em que se inclui o novo aeroporto, responsável pela esmagadora maioria desta área –, com especial enfoque na revitalização do Arco Ribeirinho Sul, projeto cuja génese reporta ao primeiro Governo de José Sócrates, mas que nunca saiu do papel em mais de década e meia, mantendo-se como ilha degradada dentro dos territórios de Almada, Barreiro e Seixal.

No encontro marcado para a sede da Autoridade Metropolitana de Lisboa, o Governo mostrou, em primeira mão, aos 18 municípios da Área Metropolitana de Lisboa e ao autarca de Benavente o projeto em forma de vídeo. Presente no encontro, o primeiro-ministro defendeu não se tratar de uma ação de pré-campanha, mas sim do cumprimento do calendário previsto, após o próprio Luís Montenegro ter anunciado, durante o congresso do PSD em outubro, a constituição do Parque Humberto Delgado. Uma declaração que, na altura, deixou surpresos os autarcas dos concelhos envolvidos.

Agora, fica-se a saber que o projeto adquiriu uma nova designação, Parque Cidades do Tejo, o qual, só na margem esquerda, abrange mais de 500 hectares de terrenos de géneses industrial.

Almada terá 58 hectares de área de intervenção, a que se soma o acesso ao túnel entre a Trafaria e Algés, defendido ao ECO/Local Online pela autarca Inês de Medeiros e também por Isaltino Morais, presidente da Câmara de Oeiras, onde estará a outra extremidade desta ligação entre as duas margens.

Fica prometida uma “nova mobilidade fluvial” no Tejo e maior articulação de transportes públicos, incluindo o LIOS em Oeiras, com 24 km de linhas e 37 estações e a criação de um canal para transporte público.

Na margem esquerda, o túnel interliga com o interface a construir na expansão do Metro Sul do Tejo desde a universidade, e que, no projeto, chegará a Alcochete. O vídeo do Governo revela intervenção profunda também na zona norte de Almada, designadamente nos terrenos da antiga Lisnave, incluindo a construção de uma nova casa da ópera.

No Barreiro, por onde a terceira travessia do Tejo atravessará para sul, haverá a requalificação de 214 hectares, com um centro de congressos internacional e um cluster ligado à indústria naval, aproveitando-se a história da Quimiparque. Já para o Seixal, onde existiu a Siderurgia, está prevista a intervenção da Sociedade Parque Cidades do Tejo S.A. em 247 hectares do território, com o surgimento de um parque empresarial ecológico.

A zona de influência desta nova entidade chegará a Benavente, concelho abrangido pelo campo de tiro de Alcochete. No terreno hoje ocupado pela infraestrutura militar, a ANA ocupará 3.000 hectares na construção do anunciado aeroporto Luís de Camões, enquanto a cidade aeroportuária se desenvolverá ao longo de um terreno de 4.000 metros quadrados em Benavente e Montijo.

Na margem direita, o plano mostra o avanço do Ocean Campus, na interceção de Lisboa e Oeiras, parcialmente em antigos terrenos da Docapesca, num total de 90 hectares. A projeção do Executivo, revelada neste exercício com imagens virtuais, aponta para a criação de 15 mil empregos em 180 mil metros quadrados de comércio e serviços. Outro tanto haverá para equipamentos, designadamente uma marina.

No vídeo apresentado aos autarcas fica prometida uma “nova mobilidade fluvial” no Tejo e maior articulação de transportes públicos, incluindo o LIOS em Oeiras, com 24 km de linhas e 37 estações, e a criação de um canal para transporte público que no mapa virtual surge sobre a auto-estrada A5. Dados do Executivo apontam para mais de 3 milhões de viagens diárias na Área Metropolitana de Lisboa, com uma duração média de 25 minutos.

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Rendas “baixas” ainda existem em Lisboa e Porto, mas são raras

No final do ano passado, as rendas em Portugal continuaram a aumentar, embora tenham desacelerado face à subida anual de 11% registada no quarto trimestre de 2023. Guimarães destacou-se na subida.

As freguesias com as rendas mais baixas das principais cidades portuguesas são Santa Clara, à qual pertence o bairro da Ameixoeira em Lisboa, e Ramalde, onde se encontra o Parque e Jardim da Fundação Serralves, no Porto.

Os dados divulgados esta sexta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) mostram que os preços nessas freguesias, embora menores, ultrapassam os 10 euros por metro quadrado (euros/m2). Em Ramalde, são 11,44 euros/m2, enquanto Santa Maria está atualmente nos 12,16 euros/m2.

No final do ano passado, as rendas em Portugal continuaram a aumentar (9,3%), embora tenham desacelerado face à subida anual de 11% registada no quarto trimestre de 2023. Mais de quatro dezenas de municípios (42) tiveram rendas acima do valor nacional de 7,97 euros/m2.

“Lisboa apresentou o valor mais elevado (15,93 euros/m2), destacando-se, ainda, com valores superiores a 12 euros/m2: Cascais (15,31 euros/m2), Oeiras (13,80 euros/m2) e Porto (12,58 euros/m2)”, assinala o relatório do INE relativo às estatísticas de Rendas da Habitação ao nível local.

É também possível verificar que foi no Funchal onde houve a maior desaceleração (-22 pontos percentuais) e em Guimarães a maior (+10,7 pontos percentuais), numa análise aos municípios com mais de 100 mil habitantes, por um referencial que conjuga a taxa de variação homóloga no terceiro trimestre de 2024 e a do quarto trimestre de 2024. O concelho onde está a “cidade-berço” de Portugal registou também a maior crescimento homólogo na renda (+20,3%) de entre esses 24 municípios com mais população.

Portugal assinou mais 3,4% de novos contratos de arrendamento, para um total de 24.445 entre outubro e dezembro. Desse universo, o município de Lisboa registou o maior número de contratos de arrendamento do país: 9.463 novos contratos celebrados nos últimos 12 meses, mais 4,6% do que no período homólogo. Assinala-se, ainda, com um número de novos contratos superior a três mil, o Porto (4854), Vila Nova de Gaia (3353) e Sintra (3107).

Rendas mais altas em Lisboa

  • Santo António – 20 euros/m2
  • Santa Maria Maior – 19,33 euros/m2
  • Parque das Nações – 19,05 euros/m2
  • Campo de Ourique – 19,02 euros/m2
  • Misericórdia – 18,35 euros/m2

Rendas mais baixas em Lisboa

  • Santa Clara – 12,16 euros/m2
  • Olivais – 14,16 euros/m2
  • Lumiar – 14,35 euros/m2
  • São Domingos de Benfica – 14,80 euros/m2
  • Areeiro – 14,87 euros/m2

Rendas mais altas no Porto

  • União das freguesias de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde – 14,29 euros/m2
  • União das freguesias de Cedofeita, Santo Ildefonso, Sé, Miragaia, São Nicolau e Vitória – 13,64 euros/m2
  • Bonfim – 13,03 euros/m2

Rendas mais baixas no Porto

  • Ramalde – 11,44 euros/m2
  • Paranhos – 11,77 euros/m2
  • Campanhã – 12,37 euros/m2
  • União das freguesias de Lordelo do Ouro e Massarelos – 12,97 euros/m2

Fonte: INE. Nota: Onde se lê “segundo semestre” deve-se à informação com periodicidade semestral que abrange os últimos 12 meses terminados em dezembro, correspondendo o segundo e último semestre a informação relativa ao ano.

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Stéfanie Luz e Duarte Moreno Murtinha são os novos sócios de Indústria da Caiado Guerreiro

Stéfanie Luz integra o departamento de Família e Sucessões. Já Duarte Moreno Murtinha faz parte do departamento de Contencioso Tributário.

A Caiado Guerreiro anuncia a promoção de Stéfanie Luz e Duarte Moreno Murtinha a sócios de Indústria da sociedade.

Stéfanie Luz integra o departamento de Família e Sucessões, onde tem feito assessoria jurídica na área de direito de família e sucessões. Duarte Moreno Murtinha, do departamento de Contencioso Tributário, tem assessorado clientes em litígios fiscais de elevada complexidade.

João Caiado Guerreiro, managing partner da Caiado Guerreiro, destaca que “estas promoções refletem não só a competência técnica e dedicação da Stéfanie e do Duarte, mas também o nosso compromisso com a progressão de carreira e o reconhecimento dos nossos profissionais. Estamos confiantes de que continuarão a contribuir de forma excecional para o crescimento da sociedade e a prestação de serviços de excelência aos nossos clientes”, concluiu.

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“De certeza que não vou estar no meu leito de morte a pensar que gostava de ter passado mais tempo no Instagram”

  • Rita Ibérico Nogueira
  • 28 Março 2025

Christoph Grainger-Herr, CEO da IWC Schaffhausen, falou com a Fora de Série na inauguração da boutique da marca em Lisboa. Uma conversa sobre tempo – e sobre como torná-lo produtivo, online e offline.

A ligação entre a IWC Schaffhausen e Portugal remonta há mais de 85 anos, desde a criação do modelo Portugieser, mas só agora a marca suíça de alta relojoaria inaugura oficialmente a sua primeira boutique em Lisboa, na Avenida da Liberdade. Para assinalar o momento, a escolha do relógio a usar foi simbólica para Christoph Grainger-Herr, o CEO da marca: o IWC Portugieser Eternal Calendar, um feito da engenharia mecânica que redefine os limites da precisão e da longevidade. O modelo, que venceu o Grand Prix d’Horlogerie de Genève, destaca-se pelo seu calendário perpétuo inovador, capaz de se autorregular até ao ano 4000, e pela precisão da fase lunar, que só precisará de ajuste dentro de 45 milhões de anos.

Nesta conversa, exploramos a essência da marca, a importância do design e da história na relojoaria de luxo e o que o ato de escolher um relógio revela sobre a personalidade do seu dono. E, claro, falamos do novo espaço da IWC em Lisboa, um conceito que alia sofisticação e hospitalidade, refletindo a identidade de uma marca que há décadas traça o seu próprio tempo.

O seu relógio [IWC Portugieser Eternal Calendar] é espantoso. Pode falar um pouco dele?
Este é o calendário perpétuo que ganhou o Grand Prix D’Horlogerie de Genève no ano passado, que é o Oscar da relojoaria. É espantoso, sim, e é uma peça que significa muito para mim, porque nunca tinha ganho um prémio de relojoaria antes e, ao fim de 20 anos de profissão, já era tempo. Este relógio é único, porque inventámos uma versão muito especial de calendário perpétuo em 1985. O nosso mestre relojoeiro Kurt Klaus, diretor técnico na altura, inventou um calendário perpétuo controlado apenas por uma coroa, que não tem os botões de correção. Na generalidade, os calendários perpétuos têm uma limitação (embora eu não goste de lhe chamar assim): com os anos bissextos de quatro em quatro anos, há certas exceções no século completo, e por causa disso precisam de ser ajustados. Neste caso, ele corrige-se a si próprio e vai até ao fim do calendário gregoriano, que é no ano 4000. Depois temos também as fases da lua, que é algo muito específico da IWC ter dupla fase da lua para os dois hemisférios, norte e sul, que mostra a lua em qualquer direção. Também aqui, normalmente, após 470 anos, a fase da lua está desfasada um dia e precisa de ser ajustada. Por isso acrescentámos três novas engrenagens a este movimento com um cálculo informático muito preciso da relação engrenagem versus tamanho da engrenagem. E isso elevou a precisão para 45000000 anos, o que é um recorde mundial. É quase a eternidade. E, ainda assim, tem sete dias de reserva de marcha, tem componentes de cerâmica, caixa de platina, este belo acabamento em que o mostrador é feito de vidro, tem uma cúpula de vidro de safira no topo, tal como todos os sub-contadores também são aplicados em vidro. No verso também usamos vidro, e isso acontece porque o vidro dura muito mais tempo do que o metal – para um calendário eterno temos de utilizar um material que não se altera com o tempo.

É o seu relógio de todos os dias?
Não, não é de todo o meu relógio do dia-a-dia. É um relógio especial. Mas ao vir a Portugal senti que tinha de o trazer.

Abrir uma boutique em Lisboa era um objetivo há algum tempo?
Oh sim, tem sido um sonho de longa data abrir uma boutique em Portugal, porque temos os relógios Portugieser, que nos ligam a Portugal há mais de 85 anos, por isso é fantástico ter finalmente o nosso espaço próprio. Uma das histórias de fundação da marca, e que costumo contar, foi a de dois importadores de Portugal que vieram a Schaffhausen e pediram relógios de pulso com a precisão de um cronómetro marítimo, porque era o que o seu mercado pedia. A única forma de a IWC conseguir fazê-lo na altura foi colocar um movimento de relógio de bolso num relógio de pulso, criando o aspeto de grandes dimensões do Portugieser e a referência original 325, que começou a ser o núcleo da IWC, a espinha dorsal da marca. A ligação a Portugal é muito óbvia – e temos a sorte de estar a abrir agora a primeira boutique em Lisboa que, se as coisas continuarem como estão, será a primeira de muitas. A localização é fantástica e temos um novo conceito de loja. É um espaço pequeno, mas penso que, quando entramos, sentimos o espírito de engenharia da IWC – que combina artesanato e tecnologia – e um espaço muito puro, caloroso e acolhedor. É humano, com um ambiente de venda agradável.

Este conceito de ter um bar para receber os convidados é algo que está muito em voga.
Não tem necessariamente a ver com o conteúdo de um bar. É muito mais esta ideia de acolhimento, de desformalização do ambiente e de uma troca mais baseada, diria eu, na amizade. Em termos de psicologia comportamental, faz toda a diferença. Se ao entrarmos numa loja houver uma mesa muito formal, fica estabelecida uma relação formal, certo? Também pode ir para o outro extremo e ter um ambiente de lounge completo mas que, para muitos clientes, é demasiado íntimo. É preciso encontrar um compromisso. Por isso o bar é uma boa forma de elevar as pessoas, colocando-as num ambiente mais informal. A iluminação quente, os pormenores do bar que é um elemento de hospitalidade, sugerem um ambiente mais descontraído.

O importante é termos uma casa da marca na cidade, onde se sente a sua identidade e se cria uma ligação emocional. Em termos de gama de produtos e de serviços, permite-nos fazer muito mais do que em qualquer outro ambiente multimarca: temos os nossos especialistas e uma gama de produtos exclusivos. Na boutique de Lisboa temos a coleção Portugieser em ouro branco Horizon Blue, que é um exclusivo. E depois, claro, permite-nos ativar, fazer eventos, fazer workshops de relojoaria, organizar jantares. Temos um hotel e um restaurante mesmo ao lado, o que nos permite expandir para um espaço maior. É algo que fazemos bastante na nossa boutique principal, em Zurique. Há um restaurante num andar acima e isso permite-nos alargar facilmente o espaço. Às vezes, quando há muita gente à espera à porta, utilizamos os lugares exteriores e sentamos as pessoas, damos-lhes uma bebida enquanto esperam.

Qual o perfil do colecionador de relógios português?
Globalmente, o perfil é, em média, 38,5 anos de idade, empresário autónomo, 65% homens, 35% mulheres. Especificamente para Portugal, o perfil do colecionador não muda muito em relação ao perfil global. Talvez o masculino seja um pouco mais elevado. Diria que estamos nos 72% a pender para o masculino. O modelo Portugisier é o favorito e, embora no resto do mundo o foco esteja mais nos relógios desportivos, em Portugal, à semelhança do mercado escandinavo, a procura vai para modelos mais clássicos.

Em que medida considera que um relógio é uma expressão de personalidade?
Enquanto seres humanos, não há muitos objetos que digam tanto sobre nós como um relógio. Porque, hoje em dia, afirmamo-nos através das nossas roupas, mas é algo limitado. A nossa casa é a nossa casa, se tivermos um carro, nem sempre o levamos connosco, estacionamo-lo lá fora. Mas quando estamos à mesa e conhecemos alguém, muito rapidamente olhamos para os relógios, especialmente nos homens. Porque os relógios têm uma história e um simbolismo únicos. Claro que há um elemento de atitude, de estatuto, mas também há um elemento de sonho que um determinado relógio representa. Porque quando pensamos na IWC, todos os nossos relógios têm origem na ideia de serem instrumentos. O Portugieser era um relógio de navegação. Temos muitos relógios baseados na aviação. Agora temos relógios espaciais, temos relógios para mergulho. Quando pensamos num relógio como o Top Gun, por exemplo, há todo um mundo mental que o acompanha. Há uma atitude ativa, dinâmica, aventureira. Ficamos logo com a ideia de que, quem o usa, é uma pessoa extrovertida, muito ativa.

Quem escolhe um calendário perpétuo, o que diz sobre a sua personalidade?
Dirá que aprecia a melhor relojoaria, mas é alguém que não procura exibir-se no sentido tradicional. Trata-se de um produto que só quem conhece reconhece. Não é um relógio em que toda a gente diz, “ooh, o que é que estás a usar?”. É um relógio de platina topo de gama, tem todas aquelas complicações, mas é algo para as pessoas se divertirem e não algo que se compra só para dizer a alguém que se tem dinheiro para o comprar. O que eu gosto muito é que o design se baseia num instrumento náutico, é como uma bússola, um instrumento de navegação, algo que nos guia, que é o nosso companheiro, é como um amigo que nos acompanha em momentos de decisão da vida. E depois tem uma pequena amolgadela, tem um pequeno arranhão e sabemos onde o batemos e passa a fazer parte da nossa história. É algo muito pessoal. Isso não acontece da mesma forma com a roupa. Não temos isso com os dispositivos digitais, nem com os relógios inteligentes, nem com nada do género.

Mas vejo que também usa um dispositivo digital no outro pulso.
Sim, a minha família ofereceu-ma no meu aniversário para verificar se estou realmente vivo, porque embora este relógio [o calendário perpétuo de que falámos no início da conversa] possa ser eterno, eu não sou. Tenho de estar atento aos sinais. Ao mesmo tempo, fico feliz de pensar que as coisas estão a mudar. Acho que tem vindo a notar-se uma grande mudança de atitude em relação à vigilância digital constante.

Sente que as pessoas estão a querer regressar ao offline, ao old-school?
Não lhe chamaria old-school, chamar-lhe-ia apenas analógico e da vida real. Quando as redes sociais e a conectividade começaram a descolar, foram vistas como uma bênção universalmente positiva: nos velhos tempos do Facebook, podia entrar em contacto com os meus amigos há muito perdidos. E muito rápido, quando demos por isso, estamos na era dos Reels e do TikTok e acho que as pessoas perceberam que estamos a perder tempo. Não só tempo, mas também estamos a perder uma geração de crianças que cresceram a ‘scrollar’ conteúdos intermináveis sem fazer nada de produtivo. É um pouco irónico que estes produtos nos sejam vendidos com a ideia de que podemos ser muito criativos com eles, mas o que estamos a fazer é o contrário disso: estamos a consumir conteúdos de forma passiva. E acho que as pessoas estão a começar a reparar e estão a fazer uma pausa. Nunca ouvimos falar tanto em desintoxicação digital. E, obviamente, nós na IWC estamos no negócio do analógico. Estamos muito contentes por estar lá para as pessoas no mundo analógico.

Já que falamos de tempo e de desperdício, como considera o seu tempo por bem empregue?
Acho que a vida tem tudo a ver com equilíbrio e que, no final do dia, não importa como e onde, o que quero é fazer algo produtivo com o meu tempo. Eu sei que não estamos a curar doenças graves ou a salvar o mundo no nosso negócio, mas estamos a trabalhar em algo que é muito humano, porque os humanos gostam de se expressar para além do necessário. Gostam de sonhar, gostam de ser artísticos, gostam de ser criativos. E penso que o nosso setor, e o que fazemos na IWC, é interessante no sentido em que cria algo de que as pessoas gostam e que não é essencialmente necessário, mas que mostra o que os seres humanos podem fazer com inovação, criatividade, amor, paixão. Esta expressão traz um lado mais suave à humanidade, especialmente em tempos voláteis como estes. Por isso, penso que é importante fazer algo produtivo com o nosso tempo, criar algo, deixar algo que se possa ver. Cada vez que passo pela nossa nova fábrica, que tive a sorte de projetar em 2020 – ela está lá, é a casa de muitos funcionários e vai ficar lá durante muitas, muitas décadas, penso: “que bom, está ali algo para ficar”. Penso que tudo tem a ver com o que somos para as outras pessoas. Será que tornámos a vida de outra pessoa um pouco melhor? Se sim, valeu a pena. De certeza que não vou estar no meu leito de morte e pensar: “Gostava de ter respondido a mais e-mails ou passado mais tempo no Instagram”.

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Inflação nos EUA sobe 2,5% e reforça política restritiva da Fed

Os dados mais recentes do índice PCE mostram uma inflação resistente nos EUA, sustentando a política monetária cautelosa de Jerome Powell, travando cortes nas taxas de juros nos EUA.

Os dados mais recentes do índice de preços das despesas de consumo pessoal (PCE), divulgados esta sexta-feira pelo Bureau of Economic Analysis, mostram que a inflação nos EUA continua acima da meta de 2% definida pela Reserva Federal (Fed).

Em fevereiro, o índice PCE registou uma subida homóloga de 2,5%, enquanto o aumento mensal foi de 0,3%, ambos em linha com as expectativas dos analistas. Os números confirmaram assim as previsões destes especialistas, que antecipavam uma inflação moderada, mas resistente.

No entanto, o núcleo do PCE, que exclui itens voláteis como alimentos e energia, subiu 0,4% no mês e 2,8% no ano, superando as projeções dos analistas de 0,3% e 2,7%, respetivamente.

O índice PCE é o indicador preferido da Fed para medir a inflação, devido à sua abrangência e capacidade de refletir alterações nos padrões de consumo.

Ao contrário do Índice de Preços ao Consumidor (CPI), o PCE ajusta os pesos dos bens e serviços consumidos pelos norte-americanos e inclui despesas pagas por terceiros, como seguros de saúde. Estas características tornam o PCE um indicador mais dinâmico e alinhado às necessidades da política monetária norte-americana.

Os preços gerais do PCE mantiveram-se estáveis relativamente ao crescimento anual registado nos meses anteriores, mas o núcleo do PCE apresentou uma aceleração mensal significativa (0,4%), marcando o maior aumento desde janeiro de 2024.

Desde 2012 que a Fed utiliza o PCE como referência principal para as suas decisões de política monetária. A meta oficial de inflação do banco central é de 2%, tanto para o índice geral quanto para o núcleo do PCE. Contudo, os dados mais recentes mostram que a inflação permanece acima desse objetivo, sugerindo um cenário económico ainda pressionado por custos elevados.

Em fevereiro, os preços gerais do PCE mantiveram-se estáveis relativamente ao crescimento anual registado nos meses anteriores. Já o núcleo do PCE apresentou aceleração mensal significativa (0,4%), marcando o maior aumento desde janeiro de 2024. Este comportamento reflete pressões inflacionárias persistentes em setores-chave da maior economia do mundo.

Impacto do PCE na política monetária dos EUA

A mediana das projeções para o núcleo do PCE em 2025 foi recentemente revista em alta pela própria Fed, passando de 2,5% para 2,8%, enquanto a previsão para a inflação geral manteve-se em 2,5%. Estes ajustes indicam que os responsáveis pela política monetária nos EUA estão cientes da dificuldade em alcançar a meta de longo prazo.

Apesar dos números ainda elevados do núcleo do PCE, a Fed optou por manter inalteradas as Fed Funds na última reunião de março. A faixa atual situa-se entre 4,25% e 4,50% ao ano. O banco central dos EUA, liderado por Jerome Powell, tem adotado uma postura cautelosa quanto a novos aumentos nas taxas de juros, devido à possibilidade de desaceleração natural das pressões inflacionárias nos próximos meses.

No entanto, os dados divulgados esta sexta-feira podem reforçar a posição mais conservadora da Fed relativamente aos cortes nas taxas previstas para este ano. A inflação “sticky” (resistente) no núcleo do PCE pode levar os decisores a prolongar o atual ciclo monetário ou adotar medidas adicionais para conter as pressões inflacionárias.

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Banco de Portugal vigia “influenciadores” na educação financeira

Regulador alerta que há influenciadores que usam a "capa" da literacia para promover os seus próprios interesses financeiros e quer evitar "este tipo de influência enviesada de educação financeira".

O Banco de Portugal está atento a influenciadores financeiros que usam a “capa” da literacia financeira, promovendo iniciativas “didáticas”, mas que na verdade têm interesses financeiros por trás. O supervisor alerta que não pode limitar a divulgação de conteúdos, mas tem “uma estratégia muito forte e definida para tentar evitar este tipo de influência enviesada de educação financeira”, adianta Ricardo Sousa, diretor do departamento de supervisão comportamental do Banco de Portugal.

Proliferam influenciadores — e de alguma forma também os financeiros — que sob a capa de entregar um conteúdo didático, na realidade há um interesse financeiro por detrás”, alertou Ricardo Sousa, num debate inserido numa conferência promovida pela Fundação António Cupertino de Miranda e pela Câmara Municipal do Porto, dedicada ao tema da literacia financeira no contexto local e nacional.

O diretor do departamento de supervisão comportamental destacou que “tem sido um foco do Banco de Portugal tentar assegurar que existem restrições, dentro das suas limitações”, a estas iniciativas. O supervisor “tem atuado, na medida do possível, e tem claramente uma estratégia muito forte e definida para tentar evitar este tipo de influência enviesada de educação financeira”.

Proliferam influenciadores, e de alguma forma também os financeiros, que sob a capa de entregar um conteúdo didático, na realidade há um interesse financeiro por detrás.

Ricardo Sousa

Diretor do Departamento de Supervisão Comportamental do Banco de Portugal

Relativamente às iniciativas para promover a literacia financeira desenvolvidas pelo Banco de Portugal com outras entidades, como é o caso da Fundação António Cupertino de Miranda, com a qual tem uma parceria no âmbito do Plano Nacional de Formação Financeira, destacou que, por um lado, tenta angariar o máximo de parceiros possíveis que sejam credíveis, precisamente para alcançar esta particularidade, mas depois, obviamente, [tem] de fazer algum controle de qualidade deste tipo de iniciativas”.

Assim, naquilo que é a sua atuação no âmbito deste plano, Ricardo Sousa explicou que “os parceiros têm de ser acreditados para que possam usar símbolo de Plano Nacional de Formação Financeira. E, aí sim, há um juízo de qualidade sobre o tipo de iniciativas adotadas para que possam utilizar aquela marca”, remata.

O porta-voz destacou que esta é uma “restrição ativa que [quer] continuar a assegurar”. Porém, fora deste projeto “é muito difícil atuar no mercado e impedir a intervenção de terceiros sem ser sob esta capa”. “Não existe credenciação para entrega de conteúdos. Muitos deles têm não apenas a questão da qualidade, mas têm também muitas vezes associados a eles o problema do conflito de interesses“, reforçou.

A exemplo daquilo que se faz por muitos outros países, a meu ver, deveria haver uma acreditação desses programas [de literacia financeira].

Maria Amélia Cupertino de Miranda

Presidente da Fundação António Cupertino de Miranda

Maria Amélia Cupertino de Miranda, presidente da Fundação António Cupertino de Miranda, entidade que tem desenvolvido vários projetos de promoção da literacia financeira, em particular com as escolas de vários ciclos de ensino do concelho do Porto, defende que “a exemplo daquilo que se faz em muitos outros países, deveria haver uma acreditação desses programas“.

A mesma responsável deu o exemplo do programa “No Poupar Está o Ganho”, desenhado para crianças e que está atualmente em 243 turmas e 77 escolas. Destacou que o Porto foi o primeiro município na implementação de projetos de educação financeira, e a autarquia liderada por Rui Moreira a primeira que desde 2010 implementa estes programas em regime contínuo”.

Maria Amélia Cupertino de Miranda, presidente da Fundação António Cupertino de Miranda

Tornar a literacia financeira obrigatória

Na abertura do mesmo evento, a presidente da Fundação António Cupertino de Miranda alertou ainda que “há que influenciar a matriz curricular” de modo a tornar a literacia financeira numa disciplina. Estes temas, atualmente integrados na disciplina de cidadania, deviam passar a “ser obrigatórios em todos os ciclos de ensino“. Para Maria Amélia Cupertino de Miranda, uma sociedade com níveis de literacia financeira mais elevada estará “muito mais preparada para lidar com as incertezas do futuro”.

A literacia financeira “devia existir enquanto disciplina”, concordou Manuel António Oliveira, diretor do Agrupamento de Escolas do Cerco (Porto), notando que ao estar na matriz é “obrigatório ter de a trabalhar” — o que não acontece se os conteúdos fizeram parte de outra disciplina, como atualmente. “Se tiver uma matriz curricular perfeitamente estruturada, objetivamente tenho de cumprir”, reforça.

Manuel António Oliveira, diretor do Agrupamento de Escolas do Cerco

Também o diretor do Banco de Portugal adianta que o supervisor está a trabalhar na atualização dos conteúdos para responder às mudanças tecnológicas e aos novos hábitos financeiros dos mais jovens. Até porque, ilustra, os jovens de 15 anos já têm cartão de pagamentos e mais de metade faz compras online. Há um “risco na impulsividade na compra”, alertou, acrescentando que “a estratégia dos próximos dois anos é trabalhar na atualização destes conteúdos”.

“Temos de começar a trabalhar na revisão do referencial de educação financeira e como podemos ganhar o efeito multiplicador na nossa instância”, completou Ricardo Sousa, lembrando que é preciso dar formação aos jovens para aprenderem a lidar com novos desafios que não existiam há uns anos, como a influência das redes sociais.

Educação financeira no pré-escolar? Quanto mais cedo, melhor. (…) Infelizmente, não é nas famílias que, muitas vezes, os jovens adquirem estes conhecimentos.

Inês Abreu

Administradora da Fundação António Cupertino de Miranda

No que toca os temas da educação financeira, que “têm a ver com o bem-estar”, questionada sobre se devem ser introduzidos logo no pré-escolar, Inês Abreu, administradora da Fundação António Cupertino de Miranda, corroborou que “quanto mais cedo, melhor”. Para a responsável é “fundamental proporcionar igualdade em termos de ensino e também ensino financeiro”. “Infelizmente, não é nas famílias que, muitas vezes, os jovens adquirem estes conhecimentos”, lamenta.

“Perante mudanças estruturais, há que ter o foco no que é a capacitação das pessoas, especialmente no longo prazo”, argumenta Inês Abreu, acrescentando que é preciso preparar as pessoas para que estas sejam capazes de lidar com este fenómeno de incerteza. “Todos os dias temos decisões financeiras, desde a compra do café à escolha do crédito para o carro“, ilustrou.

Óscar Afonso, diretor da Faculdade de Economia da Universidade do Porto (FEP), começa por destacar que, sendo uma escola de economia e gestão, tem nos seus currículos muita formação nesta matéria. Sublinha que, no caso dos alunos da faculdade, “esta parte de literacia financeira é uma área de que estudantes gostam muito” e até “são muito dinâmicos”, explorando o tema em vários organismos estudantis, como o Finance Club.

Óscar Afonso, diretor da Faculdade de Economia do Porto, em entrevista ao ECO - 17MAI23
Óscar Afonso, diretor da Faculdade de Economia da Universidade do Porto (FEP)Ricardo Castelo/ECO

Mas o que acontece na FEP não é necessariamente o retrato do ensino superior, como um todo. “Se me pergunta se no ensino superior não precisávamos de mais formação nesta matéria? Diria que sim”, responde. “De repente são estudantes que vão começar a trabalhar e tomar as suas decisões entre poupar e gastar“, acrescentou Óscar Afonso, destacando a importância da literacia financeira também nesta faixa etária.

Por fim, o responsável da faculdade nortenha destacou ainda a importância da literacia financeira para o desenvolvimento e crescimento do PIB de um país. É que “para ter taxas de investimento significativas, Portugal vai ter de melhorar a taxa de poupança – e a literacia financeira é muito importante para isso”, argumentou.

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Eclipse vai reduzir produção de energia solar em 23%. REN admite “desafios operacionais” para equilibrar geração e consumo

Eclipse causará "desafios operacionais relacionados com o equilíbrio entre geração e o consumo no Sistema Elétrico Nacional", pelo que será preciso recorrer à geração hídrica e térmica para compensar.

Na manhã deste sábado, 29 de março, acontece um eclipse solar parcial durante cerca de duas horas. A REN – Redes Energéticas Nacionais diz estar “em estreita colaboração” com os restantes operadores europeus de redes elétricas de transporte, de forma a preparar o Sistema Elétrico Nacional (SEN) para os efeitos desse acontecimento.

O fenómeno ocorrerá no território continental entre as 9h30 e as 11h30 e provocará uma perda de geração estimada de 560 MW, o que representa cerca de 8,5% do consumo e 23% da produção do Sistema Elétrico Nacional previsto para este horário.

Durante o eclipse, estima-se uma perda de 10 MW por minuto e uma recuperação à taxa de 22 MW por minuto, “o que causará desafios operacionais relacionados com o equilíbrio entre geração e o consumo no SEN“, alerta a REN, assim como na gestão da interligação com Espanha.

Neste sentido, “para mitigar os impactos da perda de geração associada a este eclipse será necessário alocar reservas adicionais com geração hídrica e/ou térmica“.

Os valores estimados representam apenas a produção solar centralizada e a registada pela REN, não tendo em conta outra produção solar associada a algumas Unidades de Produção para Autoconsumo, que também terão um efeito no aumento do consumo, ressalva ainda a operadora das redes. “Este efeito está também a ser estimado pela REN e devidamente previsto nas previsões de consumo para esse dia, de modo a reduzir e mitigar, em tempo real, os efeitos inesperados”, informa.

A REN assegura que a progressiva incorporação de fontes renováveis em Portugal tem sido acompanhada pela manutenção dos objetivos primordiais de segurança de abastecimento e de qualidade de serviço no SEN, “mesmo nestas situações mais adversas e desafiantes”.

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Diretor-geral da nova Entidade Orçamental vai ganhar 6.237 euros por mês

Ordenado é equiparado ao do secretário-geral do Governo. Autoridade que vai agregar a Direção-Geral do Orçamento e a Unidade da Lei de Enquadramento Orçamental arranca a 1 de abril.

O diretor-geral da nova Entidade Orçamental (EO), autoridade criada no âmbito da reforma orgânica do Ministério das Finanças, vai ganhar 6.236,84 euros brutos por mês, uma remuneração idêntica à do secretário-geral do Governo. Será coadjuvado por uma equipa que poderá ter até cinco subdiretores-gerais, 15 diretores de serviços e um chefe de divisão, segundo o decreto-lei publicado esta sexta-feira em Diário da República.

Para termo de comparação, o vencimento do primeiro-ministro é de 8.768,65 euros ilíquidos por mês (salário base mais despesas de representação), ou seja, cerca de 2.500 euros mais alto.

A EO, que agrega as funções da Direção-Geral do Orçamento (DGO) e integra a Unidade de Implementação da Lei de Enquadramento Orçamental (UNILEO), entra em funcionamento a 1 de abril, de acordo com o mesmo diploma.

O salário mensal bruto do diretor-geral da EO corresponde “a 100 % do nível remuneratório 80 da Tabela Remuneratória Única (TRU)”, o que se traduz num salário de 4.989,47 euros brutos por mês. Há ainda direito ao pagamento de uma retribuição adicional de 1.247,37 euros relativa a despesas de representação, de 25% sobre o ordenado base. Tudo somado dá 6.236,84 euros brutos por mês.

Os subdiretores-gerais vão ganhar 85% da remuneração base do diretor-geral, ou seja, 4.241,05 euros brutos mensais, mais 848,21 euros em despesas de representação (20% do ordenado), o que totaliza 5.089,26 euros.

Para o cargo de diretor de serviço, a oferta salarial é de 3.742,10 euros, o que corresponde a 70% do vencimento do diretor-geral, e são pagas despesas de representação no valor mensal de 561,32 euros (15% do vencimento). Tudo junto resulta numa remuneração global de 4.303,42 euros.

Por fim, o chefe de divisão vai auferir 70% do ordenado do diretor-geral da EO, ou seja, 3.492,63 euros, e ainda 349,26 euros em despesas de representação (10% do salário), o que dá uma retribuição total de 3.841,89 euros.

“No âmbito da reforma da organização, governação e prestação do setor público prevista no seu programa, o XXIV Governo Constitucional estabeleceu como prioridade a ‘agregação de serviços dispersos em unidades, serviços, direções-gerais e inspeções’, bem como o desenvolvimento dos centros de competência existentes, com os principais objetivos de melhorar o serviço prestado aos cidadãos e criar instituições eficazes e eficientes, transparentes, sustentáveis, inclusivas e mais próximas dos cidadãos e das empresas”, lê-se no preâmbulo do decreto-lei.

O Executivo de Luís Montenegro, que protagoniza esta reforma do Estado, lembra ainda que as alterações “no funcionamento e organização interna da Administração Pública é uma das reformas relevantes no contexto do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) dirigido à Administração Pública”.

Neste sentido, “o presente decreto-lei procede à reestruturação da Direção-Geral do Orçamento, que passa a designar-se Entidade Orçamental (EO), bem como à aprovação da respetiva orgânica, passando a EO a integrar a Unidade de Implementação da Lei de Enquadramento Orçamental (UNILEO)”, estabelece o mesmo texto legal.

Entre as atribuições da EO, destacam-se, por exemplo, a preparação e execução do Orçamento do Estado, a elaboração da Conta Geral do Estado ou a gestão das dotações financeiras previsionais para assegurar o cumprimento dos compromissos com as transferências para o Orçamento da União Europeia (UE).

“As comissões de serviço dos titulares dos cargos dirigentes da DGO cessam automaticamente”, estabelece o diploma. No entanto, os trabalhadores em cargos diretivos mantêm-se em funções “até à data determinada por despacho do responsável do processo de reestruturação da DGO”, segundo o decreto-lei, assinado pelo primeiro-ministro, Luís Montenegro, o ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, e o ministro da Presidência, António Leitão Amaro.

“A EO tem ainda por missão, no âmbito da área de atividade da UNILEO, pelo período necessário à sua conclusão, assegurar a implementação da Lei de Enquadramento Orçamental (LEO) nas dimensões jurídica, técnica, comunicacional, informática e de controlo, de forma a proporcionar ao Estado e aos seus serviços e organismos maior eficácia das políticas públicas numa lógica de resultados”, determina o decreto do Governo.

Apesar de integrar esta nova autoridade, a UNILEO “goza de autonomia técnica e profissional nas atividades relacionadas com o desenvolvimento dos projetos de implementação da LEO”, segundo o texto legal.

Ainda no âmbito da reforma da Administração Pública, foi publicado o decreto-lei que extingue a Secretaria-Geral do Ministério das Finanças e integra as suas funções e os seus trabalhadores em “várias entidades e serviços” na esfera da Secretaria-Geral do Governo, o que mereceu reparos por parte do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, quando promulgou o diploma. Esta reestruturação produz efeitos a 1 de junho.

Em concreto as competências e funcionários da Secretaria-Geral das Finanças serão distribuídos pela Secretaria-Geral do Governo, Entidade de Serviços Partilhados da Administração Pública (ESPAP), Centro Jurídico do Estado (CEJURE), Gabinete de Planeamento, Estratégia, Avaliação e Relações Internacionais (GPEARI), Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas (DGLAB); Museus e Monumentos de Portugal (MMP) e ESTAMO – Imobiliárias (ESTAMO).

Também foi publicada, em Diário da República, a lei orgânica que cria a Direção-Geral da Economia. “O presente decreto-lei cria a Direção-Geral da Economia (DGE), através da extinção, por fusão, da Direção-Geral das Atividades Económicas (DGAE) e do Gabinete de Estratégia e Estudos (GEE), sendo que para a DGE são transferidas a totalidade das atribuições destes serviços, estabelecendo-se ainda o procedimento de integração dos trabalhadores da DGAE e do GEE”, estabelece o mesmo diploma.

A DGE é dirigida por um diretor-geral, coadjuvado por dois subdiretores-gerais e até sete diretores de serviços. A estrutura remuneratória, incluindo o pagamento de despesas de representação, é idêntica à da Entidade Orçamental e à da Secretaria-Geral do Governo. Assim, o diretor-geral vai ganhar 6.236,84 euros brutos por mês e o subdiretor-geral terá um vencimento de 5.089,26 euros. Para o cargo de diretor de serviços, a oferta salarial é de 4.303,42 euros.

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