Moeve lança campanha “Vai e Volta” com descontos

  • + M
  • 21 Abril 2025

Em vigor até 18 de maio, a campanha conta com divulgação em rádio, meios digitais e redes sociais. A criatividade é da Publicis e o planeamento de meios da Dentsu.

A Moeve (ex-Cepsa) lançou a campanha “Vai e Volta”, uma iniciativa que oferece aos clientes a possibilidade de receber um cupão de desconto imediato, que pode ser utilizado até 15 de junho e que permite poupar até 22 cêntimos por litro no próximo abastecimento.

A mobilidade sustentável representa um dos pilares estratégicos da Moeve. Esta iniciativa vem reforçar o nosso compromisso contínuo com a construção de um futuro mais equilibrado, através da oferta de soluções de mobilidade que conciliam acessibilidade e vantagem para os nossos clientes. Com esta campanha, proporcionamos um incentivo adicional para que visitem a Moeve“, diz Cláudia Soares-Mendes, diretora de comunicação & marketing da Moeve, citada em comunicado.

Em vigor até 18 de maio, a campanha está disponível em toda a rede aderente de postos Cepsa e Moeve e conta com divulgação em rádio, meios digitais e redes sociais. A mesma terá também destaque no programa da Pipoca Mais Doce “Ninguém POD Comigo”, transmitido na RFM. A criatividade é da Publicis e o planeamento de meios da Dentsu.

O valor do desconto atribuído depende da quantidade de combustível abastecida, pelo que com entre 15 e 24 litros, o cliente recebe um desconto de cinco cêntimos por litro. Já em abastecimentos entre 25 e 39 litros, o valor sobe de sete cêntimos por litro e em abastecimentos iguais ou superiores a 40 litros, o desconto atinge os 10 cêntimos por litro.

A campanha é compatível com os programas de fidelização Gow, Wizink e DECO PROteste Descontos, permitindo aos clientes acumularem o novo desconto com os saldos ou benefícios habituais.

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Leilão de eólicas ‘offshore’ deve estar pronto a avançar em seis meses

  • Lusa
  • 21 Abril 2025

Despacho publicado esta segunda-feira em Diário da República determina o modelo do procedimento concorrencial e operacionaliza a sua preparação.

O leilão de eólicas no mar (‘offshore’) deve estar pronto para avançar no prazo de seis meses, segundo despacho publicado esta segunda-feira em Diário da República, que determina o modelo do procedimento concorrencial e operacionaliza a sua preparação.

O documento assinado pela secretária de Estado do Mar, Lídia Bulcão, e pelo secretário de Estado da Energia, Jean Barroca, determina que, “no prazo de 180 dias após a data de publicação do presente despacho”, se proceda “à elaboração das peças do procedimento concursal”.

O despacho determina também que, o prazo de 60 dias após a sua publicação, seja apresentada uma proposta para a operacionalização do primeiro procedimento concorrencial, identificando “as fases de desenvolvimento do primeiro procedimento concorrencial do tipo centralizado sequencial“, calendarizando-as e descrevendo os trabalhos a realizar e os resultados de cada uma, bem como os lotes a submeter ao primeiro concurso.

Deverá também estar identificado o enquadramento jurídico, a fase de pré-qualificação das empresas, incluindo os critérios a considerar e os trabalhos adicionais necessários (socioeconómicos, definição de taxas e tarifas, jurídicos, consultoria, entre outros).

O Governo será apoiado nestes trabalhos pela Direção-Geral dos Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos (DGRM), a Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG) e a Estrutura de Missão para o Licenciamento de Projetos de Energias Renováveis 2030 (EMER).

O Plano de Afetação para as Energias Renováveis Offshore (PAER) foi aprovado em Conselho de Ministros no dia 9 de janeiro e define as áreas e os volumes do espaço marítimo nacional para a exploração comercial de energias eólicas ‘offshore’.

O projeto que teve início com o anterior Governo socialista previa a criação de um parque eólico ‘offshore’ em Portugal, com 10 gigawatts (GW) de potência, e delimitava como possíveis áreas de exploração de energias renováveis Viana do Castelo, Leixões, Figueira da Foz, Ericeira-Cascais e Sines.

Várias associações do setor da pesca manifestaram preocupações quanto ao impacto nas comunidades piscatórias e fauna marinha e a Avaliação Ambiental Estratégica do projeto assumia que a instalação de eólicas ‘offshore’ “deve conduzir ao abate de embarcações” e reduzir a pesca.

O plano final, publicado em Diário da República em 07 de fevereiro, prevê uma área total para exploração de 2.711,6 quilómetros quadrados (km2), valor que inclui uma área de 5,6 km2 na Aguçadoura (Póvoa de Varzim), para instalação de projetos de investigação e demonstração não comerciais, representando uma diminuição de 470 km2 face à proposta submetida a discussão pública.

Assim, prevê-se uma área de 229 km2 em Viana do Castelo, para uma potência de 0,8 GW, 722 km2 em Leixões (2,5 GW), 1.325 km2 na Figueira da Foz (4,6 GW), 430 km2 em Sines (1,5 GW) e 5,6 km2 em Aguçadoura.

A área final do PAER permite atingir uma potência instalada para projetos comerciais de cerca de 9,4 GW e, acomodar medidas de mitigação de impactes ambientais que se considerem necessárias em sede de avaliação de impacte ambiental dos projetos de energias renováveis ‘offshore’, bem como os espaços necessários à salvaguarda dos corredores de navegação e à minimização do efeito de esteira entre parques eólicos”, lê-se no documento.

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Juros da casa descem pelo 14.º mês para mínimos quase dois anos

Prestação média do crédito à habitação baixou dos 400 euros em março. Capital médio em dívida ao banco superou pela primeira vez a barreira dos 70 mil euros.

Os juros da casa estão a cair há 14 meses seguidos, tendo baixado em março para o valor mais baixo em quase dois anos, de acordo com os dados divulgados esta segunda-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

A taxa de juro implícita no crédito à habitação caiu para 3,735% no mês passado, a taxa mais baixa desde julho de 2023.

Há mais de um ano que os juros associados ao empréstimo da casa estão em queda refletindo sobretudo a descida das Euribor, que servem de base para o cálculo da prestação mensal. Estas taxas interbancárias estão em queda há vários meses por conta do alívio da política monetária do Banco Central Europeu (BCE), que desde o verão passado já baixou as taxas oficiais da Zona Euro por sete ocasiões, num total de 1,75 pontos percentuais.

Deste modo, a taxa implícita dos contratos de empréstimo à habitação já baixou 92,2 pontos base desde fevereiro do ano passado (a última das quais na semana passada), depois de ter atingido o pico nos 4,657% no início de 2023.

Para as famílias este cenário tem-se traduzido numa redução da prestação mensal que pagam ao banco. Segundo o INE, a prestação média baixou dos 400 euros em março (398 euros), menos dois euros em relação ao mês anterior e menos cinco euros em comparação com fevereiro do ano passado.

Juros do crédito da casa em queda

Fonte: INE

Destes 398 euros, 217 euros corresponderam a juros pagos (55%) e outros 181 euros a capital amortizado.

Em março, o capital médio em dívida ao banco superou pela primeira vez a barreira dos 70 mil euros (70.065 euros), depois de um agravamento de 553 euros.

(Notícia atualizada às 11h23)

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Governo decreta três dias de luto nacional em memória do Papa Francisco

  • Lusa e ECO
  • 21 Abril 2025

O primeiro-ministro decretou três dias de luto nacional em memória do Papa Francisco, que morreu hoje aos 88 anos, disse à Lusa fonte do gabinete do primeiro-ministro.

O primeiro-ministro, Luís Montenegro, decretou três dias de luto nacional em memória do Papa Francisco, que morreu hoje aos 88 anos. Esta já tinha sido a opção do Executivo aquando da morte do Papa João Paulo II em abril de 2005.

Numa reação à morte de Francisco, o primeiro-ministro assinalou o singular legado de humanismo, empatia, compaixão e proximidade às pessoas e considerou que o melhor tributo a prestar será seguir os seus ensinamentos e exemplo.

“Francisco foi um Papa extraordinário, que deixa um singular legado de humanismo, empatia, compaixão e proximidade às pessoas. As suas visitas a Portugal, no centenário das aparições de Nossa Senhora em Fátima e na Jornada Mundial da Juventude, marcaram o nosso país e geraram uma ligação muito forte do povo português com Sua Santidade”, refere-se numa nota oficial em que manifesta as suas condolências à Santa Sé e a todos os católicos.

O Papa morreu às 7h35 da manhã de hoje, anunciou hoje o Vaticano, através do cardeal Kevin Ferrell. Francisco tinha 88 anos e esteve internado recentemente devido a uma pneumonia bilateral.

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Viagem ao coração do Império (com Joaquim Magalhães de Castro em busca do Portugal esquecido)

  • Rita Ibérico Nogueira
  • 21 Abril 2025

Três viagens pela Ásia com Joaquim Magalhães de Castro e a Pinto Lopes Viagens recriam as missões dos jesuítas portugueses no Tibete, Ladaque e China, cruzando aventura, história e espiritualidade.

Entre mapas antigos e trilhos por desbravar, as Viagens com Autores da Pinto Lopes Viagens ganham novos capítulos. Em 2025, o historiador Joaquim Magalhães de Castro volta a conduzir os mais curiosos por rotas pouco óbvias, cruzando territórios remotos do Oriente, à boleia das histórias dos padres jesuítas portugueses que, há séculos, se aventuraram por montanhas sagradas, vales esquecidos e reinos míticos.

Depois de ter liderado, em setembro de 2024, uma expedição aos Himalaias para assinalar os 400 anos da chegada do padre António de Andrade ao Tibete — uma odisseia que atravessou a Índia, o Tibete, a China e o Nepal —, o autor regressa agora com duas novas propostas, tão épicas quanto exigentes: “Mistérios do Ladaque – Uma Descoberta Portuguesa”, em junho, e “O Caminho de Bento de Góis”, em setembro. Três viagens, três reencontros com a História no terreno.

A primeira novidade leva-nos de volta aos Himalaias, mas a um outro território: o remoto e pouco visitado Ladaque, região indiana que o padre Francisco de Azevedo percorreu no século XVII. Terra de mosteiros budistas suspensos nas encostas, vales profundos e passos de montanha de cortar a respiração, o Ladaque é um destino ideal para os que procuram beleza natural em estado bruto e um contacto direto com espiritualidades ancestrais. Entre 1 e 22 de junho, o grupo liderado por Joaquim Magalhães de Castro cruzará cenários de altitude extrema, onde oásis verdejantes contrastam com planaltos áridos e rios gelados serpenteiam entre montanhas de listras multicores.

Já em setembro, entre os dias 28 e 20 de outubro, a viagem mais ambiciosa do ano recria uma das maiores epopeias terrestres da História: o percurso de Bento de Góis, leigo jesuíta açoriano que, em 1603, partiu da Índia em busca do mítico reino do Cataio — onde se acreditava existirem cristandades esquecidas — e que só décadas mais tarde se viria a revelar como a China. Disfarçado de mercador arménio, com arco ao ombro e cimitarra à cintura, Bento de Góis cruzou o atual Paquistão, percorreu desertos e cidades da Ásia Central, enfrentou intempéries e intrigas, até alcançar a mítica muralha chinesa. A viagem proposta pela Pinto Lopes Viagens procura, na medida do possível, seguir as suas pegadas, com paragens emblemáticas no Vale do Hunza, em Gilgit-Baltistão, e no deserto de Gobi.

Através destas propostas, a Pinto Lopes Viagens reforça o seu compromisso com o turismo cultural, desenhado para quem procura experiências com memória, guiadas por quem sabe contar a História onde ela aconteceu. Mais informações AQUI.

À conversa com Joaquim Magalhães de Castro

Num cenário onde as viagens perderam grande parte da sua aura de mistério e encanto, as expedições acompanhadas por Joaquim Magalhães oferecem a oportunidade de revisitar histórias enraizadas na tradição portuguesa. Numa conversa intimista, Magalhães compartilha as suas impressões sobre a pesquisa histórica, as dificuldades logísticas e, claro, as aventuras e desafios que definem cada uma das expedições que propõe aos participantes.

A raiz da jornada: a experiência como base para a seleção
De acordo com o próprio, os circuitos propostos são construídos com base em décadas de experiências no terreno. Desde os anos 90 que tem visitado estes locais com a curiosidade e a necessidade de entender as transformações que neles ocorrem. “É uma constante redescoberta dos lugares que já percorri”, diz Magalhães, cuja relação com esses territórios é profundamente pessoal. As viagens deixam de ser apenas uma busca por belas paisagens ou encontros exóticos, tornando-se uma missão de pesquisa.

A relação com a história portuguesa surge naturalmente neste contexto. “A viagem, que começou por um gosto pessoal, tornou-se uma atividade profissional, sendo agora um canal para revisitar a nossa história e a presença portuguesa em regiões tão distantes, como o Tibete ou a Ásia Central.” As expedições aos Himalaias e ao Ladaque, que já contam com uma base documental sólida e uma conexão pessoal do próprio Magalhães, ajudam a recriar e trazer à tona uma narrativa ainda pouco explorada pela historiografia tradicional.

A pesquisa e a seleção das fontes históricas
Como é esperado de quem tem uma trajetória de tantos anos de pesquisa, Magalhães de Castro faz uma busca incessante por fontes que ajudem a construir os roteiros. “Consulto cronistas, itinerários, cartas antigas, mas também as publicações mais contemporâneas, como as de Hugues Didier e Benjamim Videira Pires, que são grandes inspirações para esses itinerários.”

Ele cita ainda os desafios de estudar documentos antigos e comparar as várias versões de lugares e trajetos. “A maior dificuldade vem das diversas grafias de nomes e lugares. Algumas vezes, os locais não são reconhecidos ou são mencionados de formas muito diferentes nas fontes históricas.” Contudo, essa complexidade não desanima o pesquisador, que prossegue com a mesma dedicação.

O impacto das viagens: momentos de emoção e superação
A entrevista ganha emoção quando Magalhães de Castro descreve os momentos mais marcantes de suas expedições. A chegada às ruínas de Tsaparang, por exemplo, é uma das experiências mais especiais. “Visitei a cidade com um grupo de pessoas muito especiais e, para mim, é sempre um momento de grande emoção, não apenas por ser um local histórico, mas por poder partilhar aquele momento com outros.”

Mas também reconhece que as expedições em regiões remotas nem sempre são fáceis. “As condições no terreno são bastante desafiantes, especialmente no que diz respeito ao alojamento e alimentação. Contudo, o esforço é recompensado pela beleza e a riqueza histórica dos locais visitados”, revela, apontando a melhora das infraestruturas nos últimos anos, como no Tibete, onde a oferta de serviços tem avançado significativamente.

A memória portuguesa: entre esquecida e redescoberta
Algo que salta aos olhos durante a conversa com Magalhães é a quase total ausência de memória histórica local sobre a presença portuguesa nestas regiões. “Embora a passagem dos portugueses tenha sido significativa em momentos-chave, como nas missões jesuítas, a memória local, infelizmente, perdeu-se”, observa. A busca por vestígios físicos e registos sobre esses momentos históricos continua a ser um desafio constante para o investigador. No entanto, Magalhães não desanima: “Acredito que ainda há muito a descobrir e investigar.”

Novos horizontes e a proposta dos novos circuitos
Para 2025, as novas expedições trazem a promessa de explorar novos territórios e novas histórias. “Os circuitos do ‘Mistérios do Ladaque’ e o ‘Caminho de Bento de Góis’ irão proporcionar experiências completamente diferentes das anteriores. O Ladaque, com sua diversidade cultural e paisagens deslumbrantes, e o Caminho de Bento de Góis, que é uma verdadeira epopeia, cheia de desafios e beleza”, explica Magalhães.

Falou-nos também sobre a profundidade de sua relação com a Rota da Seda e as paisagens do Hindu Kush, locais que considera como parte do seu “verdadeiro batismo asiático”, onde aprendeu a língua uigur e cultivou amizades com diversas etnias.

“Quero que os participantes se entreguem ao inesperado. Não se trata de seguir um roteiro pronto, mas de se despojar das certezas para vivenciar novas realidades.” O convite final do investigador é para que os viajantes se liberem de preconceitos e estejam dispostos a serem surpreendidos: “As surpresas e as descobertas são garantidas. Cada viagem é única, assim como cada experiência no terreno.”

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Meo oferece aos clientes aplicação de IA apoiada por Bezos

À semelhança do que fez em Espanha com a Telefónica, a Perplexity assinou com a Altice Portugal um acordo exclusivo a nível nacional que permite a empresas e famílias usarem o sistema.

A norte-americana Perplexity, uma das empresas de inteligência artificial (IA) mais importantes do mundo, selecionou a Meo para uma parceria estratégica em Portugal que permite aos clientes da operadora de telecomunicações utilizarem o sistema rival do ChatGPT. A tecnológica investida pelo bilionário Jeff Bezos tem estado a escolher um parceiro por país para mostrar o avanço dos seus algoritmos e em Portugal assinou com a Altice.

Para a Altice Portugal, é uma forma de passar de telco… a TechCo. Disponibilizar gratuitamente o acesso ao sistema Perplexity Pro — a plataforma mais avançada de IA da marca — durante um ano “é um passo estratégico de relevo”, que reforça a aposta na inovação digital e tenta enriquecer a proposta de valor dos seus serviços pós-pagos, avançou ao ECO a Meo, que se junta a um grupo restrito de operadoras internacionais, como a Telefónica em Espanha ou a Sunrise na Suíça.

O diretor de produtos e serviços da Meo diz que “este acordo vai muito além de uma simples parceria comercial”. “A colaboração com a Perplexity AI reforça a nossa missão de promover a inovação digital de uma forma verdadeiramente relevante para os nossos clientes, particulares ou empresariais, criando soluções que tornam as suas vidas mais conectadas, produtivas e acessíveis. A lA está a ter um impacto crescente e multifacetado no mundo. Não é apenas uma ferramenta tecnológica”, defende Tiago Silva Lopes.

No país vizinho, o acordo envolveu a primeira experiência mundial da Perplexity na televisão, através de uma aplicação dentro do catálogo da Movistar Plus+ para os clientes terem direito a um descodificador Ultra HD. Questionado sobre se está previsto o mesmo em Portugal, o diretor de produtos e serviços da Meo disse apenas que “acompanham com grande interesse” inovações como esta. “A tecnologia que permite manter a privacidade de dados (nomeadamente a capacidade de processamento local, na STB, de modelos de IA) está agora a dar os primeiros passos e irá seguramente transformar a forma como interagimos com a nossa televisão”, acrescentou Tiago Silva Lopes.

E Meo vai utilizar o Perplexity internamente? “Estamos agora a identificar as áreas onde podemos trabalhar em conjunto”, responde Tiago Silva Lopes.

As empresas e particulares (pós-pagos) podem aderir até dia 31 de dezembro de 2025 e utilizar a plataforma digital ao longo do próximo ano, desde que os assinantes entrem na área pessoal (myMEO) que disponível na aplicação ou website e sigam as instruções para obter e ativar os respetivos códigos.

A partir daí, podem utilizar o plano premium da Perplexity, que é comparado ao ChatGPT Plus e faz análises de dados, responde às perguntas de forma rápida e organiza a informação com tópicos e fontes. No setor da tecnologia, é caracterizado como “menos conversador” do que o ChatGPT, porque se dedica mais a sintetizar e organizar os dados em vez de “falar” com o utilizador.

O executivo da Meo enumerou ainda os mais recentes desenvolvimentos da empresa na área da IA, entre os quais os chatbots nas lojas físicas para fazer diagnósticos e intervenções remotas nos equipamentos (box estragada, por exemplo), explicadores de faturas para melhorar a transparência e a compreensão por parte dos clientes, assistente virtual para profissionais de saúde do SNS e modernização dos softwares de gestão de pagamentos e encomendas (order entry) e de relação com os clientes (CRM – Customer Relationship Management).

Perplexity quer ficar com TikTok

Apesar dos vários nomes de interessados em comprar o TikTok à chinesa ByteDance, a Perplexity AI foi das poucas a apresentar uma oferta formal pela rede social dos vídeos curtos que está à venda nos Estados Unidos.

A Perplexity pretende fundir-se com o TikTok e implementar várias mudanças, nomeadamente: reconstruir o algoritmo a partir de informação vinda de data centers dos EUA controlados por norte-americanos, tornar o sistema de recomendação “transparente” e de código aberto (open source) e construir a infraestrutura de IA com chips Nvidia Dynamo.

Ou seja, americanizar a app. “A Perplexity está singularmente posicionada para reconstruir o algoritmo do TikTok sem criar um monopólio, combinando capacidades técnicas de classe mundial com a independência de Little Tech [das pequenas tecnológicas]”, justificou a empresa com sede em São Francisco.

Depois de a xAI de Elon Musk ter adquirido a X (antigo Twitter), os analistas preveem que a transação leve a outras do mesmo género, entre tecnológicas de IA e redes sociais. “Pode ser um sinal de que os rivais, incluindo a OpenAI, a Athropic, a Perplexity e a Mistral vão procurar negócios que aumentem o seu alcance junto dos consumidores e capacidade de distribuição”, referiu Mandeep Singh, analista da Bloomberg Intelligence.

Em outubro do ano passado, a Perplexity foi processada em tribunal pela Dow Jones, editora do Wall Street Journal, e pelo jornal New York Post, ambos de Rupert Murdoch, por alegada violação de direitos de autor, nomeadamente uma “quantidade massiva de cópias ilegais” do trabalho destes meios de comunicação social.

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Papa Francisco não condenava o capitalismo, mas pedia distribuição de riqueza

O Papa Francisco morreu sem ver silenciadas as armas na “Ucrânia martirizada”, pediu para não fecharem a porta aos imigrantes e reiterou uma economia mais justa e humana.

O Papa Francisco — que morreu esta segunda-feira, 21 de abril, às 7h35 — deixou bem claro que não condenava o capitalismo, mas sempre apelou à distribuição de riqueza, apontando a especulação financeira como o maior problema da economia. “Enquanto o rendimento de uma minoria aumenta exponencialmente, o da maioria está a desmoronar”, disse o Papa do Povo.

Nos seus discursos, o líder da Igreja Católica pediu aos católicos de todo o mundo para abandonarem o consumismo e o individualismo, ao mesmo tempo que implorou pelo fim da Guerra na “Ucrânia martirizada” e no Médio Oriente.

O líder religioso sempre foi contra a “fechar a porta” aos migrantes,” ao defender que os mesmos devem ser acolhidos, acompanhados e integrados.

Meses antes de morrer, Francisco pediu que as armas fossem silenciadas na “Ucrânia martirizada” e no Médio Oriente e reforçou a necessidade de mudança perante “um mundo ferido por guerras” onde “a democracia é ameaçada” e o “populismo e a desigualdade crescem”. Apesar do pedido, o líder da igreja católica morreu esta segunda-feira ser ver terminada a Guerra na Ucrânia, que já dura há três anos.

“A economia que mata, que exclui, que polui, que produz a guerra, não é economia: outros chamam-na de economia, mas é apenas um vazio, uma ausência, é uma doença, uma perversão da própria economia e da sua vocação”, disse Papa Francisco aos jovens que participavam do IV Encontro anual da Economia de Francisco, em Assis, a 6 de outubro de 2023.

A economia que mata, que exclui, que polui, que produz a guerra, não é economia: outros a chamam de economia, mas é apenas um vazio, uma ausência, é uma doença.

Papa Francisco

Segundo o líder da igreja católica, “as armas produzidas e vendidas para as guerras, os lucros obtidos às custas dos vulneráveis ​​e indefesos, como quem abandona a sua terra em busca de um futuro melhor, a exploração dos recursos e dos povos: tudo isto não é economia, não é um bom polo da realidade a ser mantido. É apenas arrogância, violência, é apenas uma estrutura predatória da qual devemos libertar a humanidade”.

O Papa Francisco no VaticanoEPA/VATICAN MEDIA HANDOUT

Depois da visita a Portugal em agosto de 2023 no âmbito da Jornada Mundial da Juventude, Francisco disse que “rezou pela paz, porque há tantas guerras em todas as partes do mundo”. No entanto, morreu sem ver o fim da guerra na Ucrânia.

“Voltei a Fátima, ao local da aparição, e juntamente com alguns jovens doentes rezei para que Deus curasse o mundo das doenças da alma: orgulho, mentira, inimizade, violência. O mundo está doente com estas doenças”.

Papa Francisco pediu para abandonarem o consumismo

Desde que foi eleito Papa em 2013, Francisco organizou conferências económicas e emitiu documentos teológicos sobre essas mesmas questões. A 24 de outubro do ano passado, pediu aos católicos de todo o mundo para abandonarem o consumismo e o individualismo e para redescobrirem a importância da abertura aos outros.

A carta, conhecida como encíclica, foi a quarta que Francisco escreveu ao longo dos 11 anos como papa. Intitulada “Ele amou-nos”, a missiva é menos política do que a encíclica que escreveu em 2015, onde pediu medidas urgentes para proteger o ambiente.

A última carta reflete a sua convicção, profundamente enraizada, de que a “superficialidade, o capitalismo e o individualismo estão a distrair as pessoas de encontrarem um significado mais profundo nas sociedades agitadas de hoje”.

Não condenava o capitalismo, mas defendia que a riqueza deve ser distribuída

Apesar de considerar que o capitalismo e o individualismo estão a distrair as pessoas, o pontífice fez questão de esclarecer que não condena o capitalismo “da forma como alguns atribuem”, nem é “contra a economia”, disse o Papa Francisco no “El Pastor”, um livro dos jornalistas argentinos Francesca Ambrogetti e Sergio Rubin, avançou a America The Jesuit Review.

Não condeno o capitalismo da forma como alguns me atribuem, nem sou contra a economia.

Papa Francisco

No livro “El Pastor: Desafios, razões e reflexões de Francisco sobre seu pontificado”, editado há dois anos, Francisco afirmou que “é a favor do que João Paulo II definiu como uma economia social de mercado”. “Isso implica a presença de uma autoridade reguladora que é o Estado, que deve mediar as partes”, disse, destacando que “é uma mesa com três pernas: o Estado, o capital e o trabalho”.

No entanto, ressalvou que a “riqueza produzida tem de ser distribuída por todos” para que seja “justo”. Nesse mesmo livro, o Papa identificou a especulação no mundo financeiro como o maior problema da economia de hoje.

Francisco tinha 88 anosLusa

“O diabo entra pelo bolso, a corrupção começa com o dinheiro, e com o dinheiro compram-se as consciências”, disse o Papa Francisco, adianta que “isso também aconteceu na igreja”, especificando o Banco do Vaticano onde teve que cortar cabeças”.

Neste livro de 352 páginas, Francisco mencionou ainda que “a classe média está em extinção em muitos países” e lembrou que no passado esse grupo social incluía “o trabalhador que tinha um emprego e queria que seu filho estudasse”.

Em 2019, Jorge Mario Bergoglio defendeu um “capitalismo inclusivo”. No Vaticano, onde recebeu os membros do conselho em prol de um capitalismo Inclusivo, o Papa Francisco alertou que o “aumento dos níveis de pobreza numa escala global testemunham que a desigualdade prevalece sobre a integração harmoniosa de pessoas e nações”.

É necessário e urgente um sistema económico justo, confiável e capaz de responder aos desafios mais radicais que a humanidade e o planeta enfrentam”, lê-se numa publicação do Vatican News.

No ano que tomou posse, Jorge Mario Bergoglio, que foi o primeiro latino-americano a liderar a Igreja Católica, em 2013, afirmou num dos seus discursos que “enquanto o rendimento de uma minoria aumenta exponencialmente, o da maioria está a desmoronar”. “Este desequilíbrio resulta de ideologias que defendem a autonomia absoluta dos mercados e da especulação financeira, negando assim o direito de controlo aos Estados, que têm a responsabilidade de garantir o bem comum”, afirmou o Papa Francisco.

Enquanto o rendimento de uma minoria aumenta exponencialmente, o da maioria está a desmoronar.

Papa Francisco

Numa carta endereçada ao antigo primeiro-ministro David Cameron para a reunião do G8, em 2013, o Papa Francisco escreveu que “toda a ação económica e política deve proporcionar a cada habitante os recursos mínimos para viver com dignidade e liberdade, com a possibilidade de sustentar uma família, educar os filhos, louvar a Deus e desenvolver o próprio potencial humano”, reforçando que na ausência desta visão, “toda a atividade económica não tem sentido”.

Apesar do débil estado de saúde, a notícia da morte do Papa Francisco esta segunda-feira de manhã foi inesperada. Ainda no domingo o papa desejou publicamente boa Páscoa aos fiéis.

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Novo bastonário quer previsibilidade e pagamentos mensais a advogados oficiosos

  • Lusa
  • 21 Abril 2025

João Massano quer instituir previsibilidade no pagamento aos advogados oficiosos, propondo a definição de um calendário mensal, e uma nova revisão dos Estatutos da Ordem.

O novo bastonário dos advogados quer instituir previsibilidade no pagamento aos advogados oficiosos, propondo a definição de um calendário mensal, e uma nova revisão dos Estatutos da Ordem, nomeadamente no que diz respeito ao pagamento dos estágios.

Em entrevista à Lusa, a propósito da sua eleição para bastonário da Ordem dos Advogados (OA), João Massano, que toma posse a 8 de maio, considerou que a instituição de um dia certo e de previsibilidade no pagamento por trabalho já prestado pelos advogados do apoio judiciário “é a única forma de restituir alguma dignidade aos pagamentos”.

“Eu defendo que tem que haver um calendário pré-determinado anualmente, com datas de pagamento e com, naturalmente, indicação dos montantes que irão ser pagos, até porque as pessoas têm vida, têm despesas e já gastaram com os processos. É da maior justiça que haja uma data definida todos os meses para os pagamentos”, disse.

Sobre a tabela de pagamento de honorários aos advogados oficiosos – recentemente revista após um protesto inédito da classe, com muitos advogados a recusarem inscrever-se nas escalas para o apoio judicial a cidadãos sem meios económicos para o assegurar — João Massano espera que em diálogo com o Ministério da Justiça seja ainda possível fazer alterações.

Massano refere-se à nova revisão dos valores a pagar, ainda que recuse partir para essa negociação com limites mínimos estabelecidos.

De forma mais imediata, o novo bastonário quer também uma revisão dos Estatutos da OA, recentemente revistos e aprovados no parlamento, num processo apressado, criticado pelos próprios deputados, que admitiram na altura a necessidade de voltar a alterar os Estatutos.

Massano quer reverter a composição definida para o novo Conselho de Supervisão da OA, com competências disciplinares e em que os membros em maioria não podem ser advogados, o que, defendeu, “é uma machadada na independência da advocacia”.

Lamentando que a maioria de direita que vigorou no parlamento até à recente dissolução não tenha concretizado em atos as críticas às alterações feitas ao Estatuto pelo PS a pretexto das imposições para aceder aos fundos do Programa de Recuperação e Resiliência (PRR), João Massano espera que um novo parlamento reveja também a imposição de pagamento dos estágios na advocacia, defendendo que deve ser o Estado a financiar a formação dos estagiários.

Afirmando que “ninguém discorda do princípio” de que os estágios devem ser pagos, Massano referiu que as dificuldades que a classe atravessa não permitem aos advogados em prática individual, sobretudo, aceitar estagiários para formação, retirando a muitos jovens a possibilidade de entrar na OA e exercer a profissão, levando a “uma elitização da classe”.

Eu prevejo que o que vai acontecer é que vamos estar a reduzir as pessoas em prática individual porque vão-se reformando e vão saindo da prática individual e vamos criando uma espécie de elite no sentido de só os que conseguem entrar nas sociedades é que vão continuar a ser advogados. Ora, isto é contrário à democracia que eu defendo e à possibilidade de todos serem advogados”, disse.

João Massano vai herdar da bastonária cessante, Fernanda de Almeida Pinheiro, o dossier de revisão da CPAS, o regime de previdência dos advogados, cuja sustentabilidade está a ser analisada por uma comissão de avaliação junto do Ministério das Finanças, e cujas conclusões deverão permitir ao parlamento decidir se é possível permitir optar pelo atual regime de previdência ou pela Segurança Social — como votaram os advogados em referendo interno na OA — ou se a solução passa pela integração na Segurança Social, ou outra.

Qualquer que seja a decisão que o parlamento venha a tomar, o objetivo imediato do bastonário eleito passa por melhorar o regime da CPAS em vigor, propondo um modelo “verdadeiramente assistencialista” para situações de doença, maternidade, quebra de rendimentos e velhice, defendendo que “o princípio da capacidade contributiva tem que ser ponderado”.

Propõe “escalões de refúgio” para garantir que em situação de rendimentos baixos os advogados não perdem o direito a apoio social, ou até mesmo quando não consigam pagar de todo qualquer contribuição, para além de uma solução complementar, o seguro de rendimentos, para quando os profissionais sofram quebras abruptas de rendimento.

João Massano quer ainda rever na lei a tipificação do que é admissível como “justo impedimento” para um advogado, para alargar os direitos de ausência em situação de doença ou maternidade, mas lembra que numa profissão liberal ter uma licença de parentalidade equiparada às situações de trabalhadores por conta de outrem dificilmente é compatível com a urgência que os clientes sentem em relação aos seus processos.

Sobre as dificuldades de acesso dos advogados aos serviços da Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA), o bastonário eleito defendeu, para os casos pendentes apenas de um pagamento para concluir os processos de regularização, que seja criado um serviço de tesouraria externo, deixando críticas à falta de meios humanos e tecnológicos dos serviços para fazer face aos processos.

João Massano, que fez campanha a defender a necessidade de voltar a unir a classe, apontado à bastonária cessante responsabilidades nessa divisão, quer agora que foi eleito “construir pontes” entre a OA e o poder político, dizendo que a sua eleição foi a expressão de que os advogados “querem uma diplomacia diferente” na OA, “que construa pontes e que não esteja em permanente conflito com todos”.

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“O combate à desinformação é um dos maiores desafios de um profissional de comunicação”. Filipa Raposo de Almeida, da Uber, na primeira pessoa

A gestão de crise é uma área na comunicação que alicia Filipa Raposo de Almeida. Diretora de comunicação da Uber há dois anos, encontrou no fit boxing o desporto mais parecido com a dança, que adora.

O combate à desinformação é, efetivamente, um dos maiores desafios com que um profissional de comunicação se pode defrontar“, entende Filipa Raposo de Almeida, diretora de comunicação da Uber e Uber Eats.

Por coincidência, desde a altura em que Filipa Raposo de Almeida assumiu a direção da comunicação da empresa há cerca de dois anos, a Uber — assim como os outros players do setor — tem enfrentado uma questão reputacional, com o surgimento de “histórias e rumores nas redes sociais que acabam por influenciar a opinião de várias pessoas”.

O setor começou a ser alvo de uma forte vaga de fake news que viralizaram nas redes sociais e que giravam à volta de uma história com sprays. Falei com uns colegas do Brasil para perceber a origem, uma vez que lá também se colocava este tema, e foi possível perceber esta foi uma história que surgiu no Brasil em 2021 e que se importou para Portugal“, começa por contextualizar numa conversa com o +M.

“Já há uma série de artigos de meios de comunicação social brasileiros a desmistificar e a desmontar esta história dos cheirinhos, a provar que é falsa. Em Portugal também já tem vindo a ser feito trabalho neste sentido, tanto pelas autoridades, dizendo que realmente não houve casos nenhuns com sprays, como por alguns jornalistas que expõem estas fake news”.

“Contudo estas continuam a estar na ordem do dia. Continuam a surgir novas histórias, novos rumores e isto acaba por ser realmente um desafio para a comunicação e para a reputação da marca e do setor“, diz.

“Na altura, os testemunhos existentes eram de pessoas que na sua viagem já estavam tão em pânico pelo que leram nas redes sociais, que ao estranharem um cheiro no carro — que podia ser o perfume do motorista, o cheiro do carro ou qualquer outra coisa –, entravam em pânico, pediam para parar o carro de imediato e saíam”, diz Filipa Raposo de Almeida.

No entanto, há de facto uma questão de perceção de segurança que se instalou e que é “muito difícil de combater”. “Acredito que vamos lá chegar, principalmente com o apoio das autoridades, porque é sempre diferente ser a PSP ou a PJ, que dispõem dos dados, a mostrarem-no e não a própria marca a dizer que está tudo bem e que todos podem estar tranquilos”.

Embora já dispusesse de mais de 20 ferramentas de segurança ainda antes do surgimento destas histórias, as mesmas ajudam também no combate desta “falsa perceção”. “Se pensarmos bem, a Uber é, sem dúvida, a plataforma de mobilidade mais segura”, afirma a diretora de comunicação, observando que não há outro meio de transporte que permita ao utilizador acompanhar, através de um sistema GPS, o seu trajeto em tempo real, receber de antemão todos os dados sobre o veículo e o motorista, partilhar o estado da sua viagem em tempo real com contactos de confiança ou ter acesso a um botão de pânico.

A gestão de crise, na verdade, é uma parte da comunicação que Filipa Raposo de Almeida aprecia. Também quando trabalhava na CUF e foi liderar a comunicação da parceria público-privada (PPP) do Hospital de Vila Franca de Xira, trabalhou uma das crises “mais intensas” da sua carreira, relacionada com o surto de Legionella.

“O segundo maior surto de Legionella a nível mundial teve ‘epicentro’ no hospital de Vila Franca de Xira e constituímos logo um gabinete de crise em conjunto com o Ministério da Saúde. Naqueles dez dias tivemos jornalistas constantemente à porta do hospital, as televisões sempre a querer entrar em direto… era uma correria de receber e reunir informação, de tentar perceber o que estava a acontecer, se a causa era ou não exterior ao hospital, decidir o que é que íamos passar para fora e a que horas. Foi uma crise muito interessante de gerir, em que o telefone não parava, literalmente, de manhã à noite“, recorda.

Para qualquer gestão de crise, em termos de comunicação, a atual diretora de comunicação da Uber considera que é muito importante, em primeiro lugar, conhecer-se bem a empresa que se está a trabalhar. “Conhecer bem a operação, os profissionais, os sistemas, tudo… porque em caso de crise, temos que dominar bem o negócio, para perceber o que se está a passar, qual é o problema, e agir de forma rápida e transparente, com verdade e com ética“, explica.

Mas é também “sem dúvida” essencial que exista uma “forte ligação à gestão de topo“, para se conseguir perceber “para onde é que o negócio está a ir, que temas é que eventualmente podem surgir, para ser possível antecipar as crises“. “É muito importante esta parte de antecipação”, entende a diretora de comunicação da Uber que conta no seu trabalho com o apoio da agência Lift, que acaba por funcionar como a “extensão” da sua equipa, que se resume a si mesma.

Licenciada em Ciências da Comunicação pela Universidade do Porto, a diretora de comunicação que está prestes a completar 37 anos fez depois um mestrado na Universidade do Minho em Publicidade e Relações Públicas, que incluiu um estágio, através do qual foi para a CUF do Porto, numa altura em que o hospital tinha acabado de abrir. “Foi muito interessante participar quase na abertura do hospital no Porto, porque era uma marca que ainda não era conhecida no Porto efetivamente. Foi giro todo este trabalho de implementação da marca, de a dar a conhecer e de trabalhar também a relação com a comunidade, foi bastante interessante“, relata.

Relevante para o seu crescimento e aprendizagem foi também o facto de a responsável pela comunicação da CUF no Porto ter saído pouco depois da sua entrada. “Ou seja, logo no meu primeiro trabalho, ainda muito jovem, acabei por ter muita autonomia, porque fiquei responsável pela comunicação interna e externa da CUF no Porto, reportando diretamente à diretora de comunicação do Grupo”, diz.

Foi então que, três anos depois, lhe propuseram que fosse para a zona de Lisboa para ficar responsável pela comunicação da PPP do Hospital de Vila Franca de Xira. Não hesitou, fez as malas e foi para a capital para poder desempenhar este novo cargo que achou muito interessante desde logo pela “responsabilidade acrescida” de se tratar da comunicação de uma PPP, que “recebe muita atenção mediática, por entrar toda a componente política, com partidos que são a favor e contra estas parcerias”.

Passados cinco anos, e com a perda da PPP em Vila Franca de Xira, o grupo CUF realocou alguns trabalhadores, pelo que Filipa Raposo de Almeida foi para a sede, em Carnaxide, onde não ficou durante muito tempo. Foi contactada pela McDonald’s com uma proposta de um novo desafio, para o qual também não hesitou, uma vez que achou que era uma marca que lhe podia “abrir muitos horizontes”.

Além da comunicação, trabalhou também a publicidade da McDonald’s, ao integrar a direção de marketing e comunicação, tendo apanhado a comemoração dos 30 anos da marca em Portugal. Depois de três anos “muito intensos” de McDonald’s, foi então contactada pela Uber, para assumir a comunicação tanto da Uber como da Uber Eats, encontrando-se na empresa há quase dois anos.

Estou muito satisfeita de estar onde estou. Apesar de serem duas marcas dentro da mesma marca, são dois negócios bastante diferentes, ambos muito pautados pela inovação, que é algo muito interessante e que eu valorizo muito“, refere.

“Em termos de comunicação, trabalhamos muito em ações que possam gerar buzz a nível de PR e de social media. Mas também muito o lado corporate, com temas que vão desde as propostas para revisão à lei dos TVDE até aos casos relacionados com a lei laboral e os estafetas“, aponta.

Nascida em Braga, Filipa Raposo de Almeida foi ainda bebé para o Porto, onde viveu “toda” a sua vida, até que o percurso profissional a fez então rumar para a capital, onde vive com o marido e com o filho de dois anos.

Uma coisa que valorizou bastante a nível pessoal com a transição mais para sul no país foi a oferta cultural mais ampla que encontrou em Lisboa. “Em Lisboa realmente passa-se tudo, a nível cultural é realmente um mundo diferente e com muito mais opções do que o Porto”, refere, apontando que o mesmo acontece também a nível laboral. “Curiosamente, as várias etapas que eu tenho tido no meu percurso profissional foram propostas que me chegaram, mas é realmente notório que acaba por haver muito mais trabalho, nomeadamente nesta área da comunicação, em Lisboa que no Porto“.

Mas Filipa Raposo de Almeida encontra também diferenças na forma de ser e de estar nas pessoas do Norte, as quais considera serem “mais abertas, mais próximas e que mais rapidamente abrem a porta da sua casa”.

“É aquela situação muitas vezes partilhada de que no Norte, quando se pede indicações, a pessoa não só nos indica o local como até nos leva lá. Isto em Lisboa não acontece, ou é muito raro. Acho que em Lisboa parece que as pessoas vivem talvez de forma mais apressada ou mais focada no trabalho. Não diria menos humana, acho que não é isso, mas acho que no Porto acaba por haver mais este espírito de entreajuda e de abertura“.

A atual diretora de comunicação da Uber é, desde pequena, muito apaixonada pelas artes, dentro de vários géneros, mas sobretudo pela dança, tendo começado a dançar aos três anos e praticado vários tipos de dança. Durante a faculdade, e para sua “grande tristeza”, viu-se obrigada a abandonar a prática. “Eu tinha treinos de dança todos os dias mas depois também tinha os exames da faculdade e às tantas a minha professora fez-me um ‘ultimato’ para me obrigar a escolher entre os treinos de dança e a faculdade. Mas eu já tinha percebido desde cedo que não ia ser bailarina e queria tirar o curso, ter boas notas e andar com a minha vida para a frente, pelo que acabei por escolher o curso e deixei a dança”, recorda.

Desde que abandonou a dança, tentou entrar noutras atividades desportivas, “mas sempre sem grande sucesso”. Experimentou ténis, natação e muitos outros desportos, mas só a dança é que a “satisfazia realmente”.

No entanto, encontrou recentemente no fit boxing um desporto que aprecia e que tem praticado, uma vez que o mesmo a faz lembrar a dança. “Primeiro temos treino funcional e depois é calçar as luvas e bater num saco, com murros e pontapés, só que ao ritmo da música, com uma espécie de coreografia. Acho que é por isso que eu gosto. Na prática, acaba por ser dançar, de alguma forma“, aponta.

Filipa Raposo de Almeida gosta também muito de viajar. Depois de ter feito Erasmus em Roma, já voltou muitas vezes a Itália, mas visitou também muitos outros países europeus como França ou Croácia. “Gosto muito de visitar capitais europeias e deste turismo mais cultural, mas também gosto muito da parte de praia e de não fazer nada“, refere, o que também a já levou a visitar outros destino como Bali, Tailândia ou Caraíbas.

Atualmente, o seu maior desafio passa por tentar não se distanciar tanto dos amigos e família mais afastada, uma vez que considera muito importante a componente social e estar com as pessoas de quem gosta. “Não se trata daquele ‘work-life balance’, como se costuma dizer, isso até acho que consigo gerir muito bem“, esclarece.

Mas acho que o dia-a-dia é cheio de tantas coisas, que às vezes o desafio passa por não deixar para trás amigos, família… acho que hoje em dia temos muitas tendência para isso. Pomos um bocado a carreira e a família próxima como prioridades e acabamos por ser engolidos pelas coisas que temos a fazer no dia a dia. Parece que as pessoas com o passar dos anos se afastam, entramos todos no mundo do trabalho e no mundo da família e parece que, naturalmente e estupidamente, a meu ver, acabamos por nos afastar“, reflete.

Filipa Raposo de Almeida, em discurso direto

1 – Qual é a decisão mais difícil para um responsável de comunicação?

Num contexto de crise, talvez a decisão mais delicada seja traçar a linha entre o que podemos e não podemos divulgar, sobretudo quando lidamos com informação confidencial. É o caso, por exemplo, de acusações infundadas de negligência médica, que implicariam a exposição de um caso clínico, ou da propagação de fake news relacionadas com insegurança, cuja forma mais direta de desmentir passaria pela partilha de dados que não podemos divulgar. O combate à desinformação, sem comprometer princípios éticos e legais, é um dos maiores desafios que um profissional de comunicação enfrenta.

2 – No (seu) top of mind está sempre?

Reputação, diferenciação e empatia. Tentar ver a perceção da reputação e de tudo o que diz respeito à marca do ponto de vista do consumidor e, a partir daí, trabalhá-la, procurando sempre acrescentar valor e diferenciar a marca. A diferenciação, para mim, é fulcral.

3 – O briefing ideal deve…

Ser claro, curto e conciso. Sou fã do one page brief, mas reconheço a necessidade de ser acompanhado de uma conversa de esclarecimento para garantir que estamos ambos na mesma página.

4 – E a agência ideal é aquela que…

É a extensão da equipa e sente-se como tal, procurando acrescentar valor e não apenas executar.

5 – Em comunicação é mais importante jogar pelo seguro ou arriscar?

Arriscar. Inovar e arriscar é essencial para uma marca se manter relevante, evoluir e surpreender o consumidor.

6 – Como um profissional de comunicação deve lidar e gerir crises?

Antes de mais, deve procurar evitá-las, antecipando-as e, para tal, precisa de dominar o negócio e de um forte alinhamento com a gestão de topo e equipa. Em caso de crise, deve inteirar-se completamente da situação e compreendê-la em detalhe, por forma a poder antever eventuais impactos e, então, partir para a definição da estratégia, na qual não pode nunca faltar ética, transparência, celeridade e proximidade. Por mais complexos que os temas sejam, devemos procurar simplificá-los e ser claros na mensagem a passar.

7 – O que faria se tivesse um orçamento ilimitado?

Fazer muito com pouco é um desafio excelente para alguém como eu, que valoriza poder ser criativa e inovar. Recentemente criámos o programa Experiências Exclusivas para membros Uber One, proporcionando experiências verdadeiramente únicas e inesquecíveis, como mais nenhuma marca oferece no nosso país. Investiria na criação de mais iniciativas diferenciadoras como esta, por forma a continuar a surpreender e superar as expectativas do consumidor, e, assim, fomentar a relação com o mesmo.

8 – A comunicação em Portugal, numa frase?

Privilegia a relação com os diversos públicos, por forma a conquistar a sua confiança, com transparência, coerência e verdade.

9 – Construção de marca é?

Cada passo que damos. É a soma de todas as experiências que criamos — do contacto mais funcional à emoção mais inesperada. Construir uma marca é construir uma relação que se quer próxima, coerente, com propósito e com uma cultura de serviço que se sente em cada detalhe. Mais do que comunicar, trata-se de encantar. Só assim garantimos fidelização e relevância a longo prazo. As marcas que ficam na memória são aquelas que conseguem surpreender e ligar-se ao nosso emocional de forma consistente, com experiências que nos tocam, inovadoras e genuínas — marcas que ouvem, evoluem e se tornam parte da vida das pessoas. No fundo, não é só sobre o que fazemos, mas como fazemos sentir.

10 – Que profissão teria, se não trabalhasse em comunicação?

Sinto-me muito realizada nesta área e, nomeadamente, na Uber. Se tivesse de escolher outra área, teria de ser algo que me permitisse criar, inovar e poder ser disruptiva, acrescendo a possibilidade de resolver desafios complexos. Talvez não me afastasse muito e ficasse pelo marketing e publicidade.

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Chef Ricardo Costa leva fartura das festas populares para menu no The Yeatman

No novo menu Colheita do The Yeatman Hotel, o chef 2 estrelas Michelin Ricardo Costa surpreende com farturas ou bolacha americana entre pratos de alta gastronomia de comer e sonhar por mais.

Quando a alta gastronomia nos leva a viajar pelo mundo, sem sequer sairmos da mesa, e narra uma inusitada história — como a que o chef Ricardo Costa, com duas estrelas Michelin, nos vai contar –, mergulhamos numa experiência sensorial com uma pitada de criatividade salteada com inovação. Fez um périplo pelas roulottes de uma festa popular de Aveiro, de onde é natural, e depois de muitas tentativas na cozinha, aprimorou a tão conhecida fartura para nos convidar a molhá-la numa calda de chocolate com banana, numa combinação de comer e sonhar por mais.

“Andámos pelas roulottes da Feira de Março, em Aveiro, pesquisámos muito e 15 experiências de farturas depois, conseguimos” a receita certa, conta o chef entre sorrisos a propósito da aventura que viveu até introduzir a grande estrela das festas populares no novo menu Colheita do Restaurante Gastronómico do The Yeatman Hotel, em Vila Nova de Gaia.

Chef Ricardo Costa17 abril, 2025

 

Estamos no terraço deste hotel vínico, com o rio Douro como pano de fundo e a cidade do Porto a piscar-nos o olho do outro lado da margem, e o chef Ricardo Costa continua a aguçar-nos a curiosidade. Das festas populares também trouxe o algodão doce para este novo menu. Na hora das sobremesas, não faltaria igualmente à mesa a bolacha americana que Ricardo Costa foi revisitar às suas memórias dos tempos de meninice na praia da região de Aveiro, mas que neste novo menu recheia com chocolate para nos lambuzarmos um pouco, formalidades à parte num restaurante de luxo como este.

Voltemos ao início deste menu de degustação que ronda os 260 euros por pessoa e, por norma, inicia numa sala contígua ao restaurante; mas que, no nosso caso, acaba por acontecer no terraço com vistas soberbas para o rio com uma experiência de sabores e aromas a iniciar com uma diversificada panóplia de snacks. Primeiro, o lírio fumado dos Açores, apresentado com pepino e óleo de sésamo.

Depois, a gamba do Algarve, acompanhada por uma receita do típico gaspacho alentejano, e o caranguejo da casca mole, originário da região de Aveiro e um dos ingredientes de assinatura do chef. Segue-se uma terrina de frango com pele crocante e germinado de mostarda, e depois uma santola ao natural desfiada, acompanhada com caviar, gel de gengibre e gelado de wasabi, numa explosão de sabores na boca.

Somos convidados a degustar uma ostra da Ria de Aveiro — mais uma vez, numa revisitação às origens do chef –, com gel e granizado de maçã verde, camarinhas e um molho refrescante confecionado com galanga, “jalapeño”, lima kaffir e coentros. Por esta altura já estamos junto à mesa do chef na cozinha com a sua equipa a empratar o que se seguiria no cardápio, entre tachos e vários utensílios criteriosamente dispostos.

Seguimos depois para a sala do restaurante para surpreendermos o palato com um lavagante com cogumelos e tutano, onde o dashi e o saquê, que o harmoniza, são inspirados nas viagens de Ricardo Costa ao Japão.

Todos os pratos nesta experiência gastronómica são harmonizados por um variado leque de propostas vínicas que contam com a curadoria de Elisabete Fernandes, diretora de vinhos do The Yeatman.

O senhor que se segue é o choco de Setúbal — e imagine-se só — empratado num cubo de gelo e apresentado em forma de talharim, acompanhado com caviar, crocante de vieira e salicórnia, tudo muito saboroso. Para depois degustarmos o salmonete, trabalhado com daikon, kimchi e um caldo de cebola tostada; ou a sugestão do tamboril cozinhado de três formas diferentes.

O clássico bacalhau com grão-de-bico, grelos e mão de vitela, ou o leitão da Bairrada são mais algumas das propostas do chef galardoado com duas estrelas Michelin e três Sóis no Guia Repsol Portugal.

Chega a hora das sobremesas que inicia com um sorvete de líchia, framboesa e óleo de manjericão, um trio aromático e perfumado. Seguem-se depois a fartura, o algodão doce e a bolacha americana entretanto já reveladas nesta narrativa do menu Colheita com assinatura do chef Ricardo Costa.

Restaurante Gastronómico
The Yeatman Hotel
Tel.: 351 220 133 128

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Morreu Francisco, o Papa do povo

"Às 7h35 desta manhã, o bispo de Roma, Francisco, regressou à casa do Pai", anunciou esta segunda-feira, 21 de abril, o cardeal Kevin Ferrell, em nome do Vaticano. O argentino tinha 88 anos.

O Papa Francisco morreu esta segunda-feira, 21 de abril, às 7h35 da manhãLusa

O Papa Francisco morreu esta segunda-feira de manhã, 21 de abril, avançou fonte oficial do Vaticano. Jorge Mario Bergoglio tinha 88 anos e era o Sumo Pontífice da Igreja Católica há cerca de 12 anos, desde 13 de março de 2013.

“Às 7h35 desta manhã, o bispo de Roma, Francisco, regressou à casa do Pai. Toda a sua vida foi dedicada ao serviço do Senhor e da sua Igreja”, anunciou o cardeal Kevin Ferrell, camerlengo do Vaticano, em declarações citadas pelas agências noticiosas internacionais.

O Papa Francisco apresentava já um estado de saúde muito delicado. Mesmo assim, chegou a falar publicamente aos fiéis neste domingo, 20 de abril, para desejar uma feliz Páscoa.

O vice-presidente norte-americano, J.D. Vance, encontrou-se brevemente com o Papa Francisco no domingo para trocar saudações de Páscoa. “Sei que não se tem sentido muito bem, mas é bom vê-lo com melhor saúde”, disse o número 2 de Donald Trump ao Papa.

O Papa tinha sido hospitalizado no dia 14 de fevereiro, no hospital Gemelli, em Roma, devido a uma bronquite, que depois evoluiu para uma pneumonia. O internamento durou 38 dias, tendo Francisco tido alta a 23 de março.

Jorge Mario Bergoglio nasceu em Buenos Aires no dia 17 de dezembro de 1936, filho de emigrantes naturais de Piemonte, região do noroeste de Itália.

De acordo com a biografia oficial do Papa na página do Vaticano, diplomou-se como técnico químico e depois escolheu o caminho do sacerdócio, entrando no seminário diocesano de Villa Devoto, na capital argentina. Em 11 de março de 1958, entrou na Companhia de Jesus.

No Chile, completou os estudos humanísticos, mas voltou depois para a Argentina, onde obteve a licenciatura em Filosofia no colégio de São José em San Miguel em 1963. Ainda na década de 1960, lecionou Literatura e Psicologia em dois colégios religiosos e tirou outra licenciatura, desta vez em Teologia.

Foi ordenado sacerdote em dezembro de 1969, tendo emitido a profissão perpétua nos jesuítas em abril de 1973.

Nos anos 80 voltou ao Colégio de São José, mas em março de 1986 foi para a Alemanha, onde concluiu a tese de doutoramento.

A 20 de maio de 1992, o então Papa João Paulo II nomeou-o bispo titular de Auca e auxiliar de Buenos Aires. Quando recebeu a sua ordenação episcopal, escolheu como lema “Miserando atque eligendo”, expressão em latim que significa “com misericórdia o elegeu”. Em 3 de junho de 1997, foi promovido arcebispo coadjutor de Buenos Aires e, em fevereiro do ano seguinte, sucedeu ao cardeal Quarracino como arcebispo.

Em fevereiro de 2001, João Paulo II criou-o cardeal, atribuindo-lhe o título de São Roberto Bellarmino. Já nesta altura mostrava a sua preocupação com os pobres, ao convidar os fiéis a doar o dinheiro da viagem a Roma aos pobres.

Em outubro desse ano foi também nomeado relator-geral adjunto da décima assembleia geral ordinária do Sínodo dos bispos, dedicada ao ministério episcopal.

Já em 2002, recusou a nomeação a presidente da Conferência episcopal argentina, mas, três anos mais tarde, acabaria eleito para tal cargo e depois confirmado por mais um triénio em 2008. Em abril de 2005, participou no conclave durante o qual foi eleito o Papa Bento XVI.

A eleição do argentino como papa em 2013 provocou surpresa, dado que muitos seguidores viam em Bergoglio uma espécie de outsider (alguém fora do núcleo mais central da Igreja). Mas Francisco ficou de imediato conhecido pela preocupação com os pobres e pela simplicidade.

A última deslocação a Portugal foi em agosto de 2023, por ocasião da Jornada Mundial da Juventude: “Voltei a Fátima, ao local da aparição, e, juntamente com alguns jovens doentes, rezei para que Deus curasse o mundo das doenças da alma: orgulho, mentira, inimizade, violência. O mundo está doente com estas doenças. Rezei pela paz, porque há tantas guerras em todas as partes do mundo”, afirmou o Papa Francisco, depois dessa visita.

(Notícia atualizada pela última vez às 11h19)

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Acordo entre PSD e Chega seria “totalmente inaceitável”, diz Mariana Vieira da Silva

  • ECO
  • 21 Abril 2025

Cabeça-de-lista do PS pelo círculo da capital também considera que "a responsabilidade de uma parte do PSD querer um acordo com o Chega, que é o que está em cima da mesa, nunca pode ser do PS".

Mariana Vieira da Silva, cabeça-de-lista do PS por Lisboa, entende que seria “totalmente inaceitável” se o PSD estabelecesse uma coligação parlamentar com o Chega num cenário de maioria de direita no Parlamento depois das próximas eleições. “Quando um líder político assenta a sua legitimidade num ‘não é não’, julgo que é muito problemático se depois for um ‘não é sim'”, afirma numa entrevista ao Público esta segunda-feira.

Questionada se o PS não se deveria aproximar mais do PSD, ainda que sem bloco central, para evitar uma entrada do Chega no arco da governação, a antiga ministra socialista responde que “a responsabilidade de uma parte do PSD querer um acordo com o Chega, que é o que está em cima da mesa, nunca pode ser do PS”. “O PS não pode ser responsável pelo desejo de aliança de uma parte do PSD com o Chega. Essa é uma responsabilidade que é do PSD e que o PSD tem de enfrentar”, aponta a candidata.

Vieira da Silva também afirma, na mesma entrevista, que “nunca o país ficou a dever a instabilidade ao PS”, num sinal de que, se a AD for a força mais votada no próximo dia 18 de maio, o PS não impedirá a formação de governo. Mas adverte que é necessário “reciprocidade”: “Julgo que nem sequer é possível um partido que exigiu o que exigiu e criticou o que criticou ao PS no último ano não colaborar da mesma maneira e não fazer exatamente aquilo que pediu e que teve.”

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