Economia da China “a tornar-se muito mais influenciada pela política”

  • Lusa
  • 17 Março 2024

A especialista em assuntos económicos chineses Christiane Prange defende que a economia da China “está a tornar-se muito mais influenciada pela política”.

A especialista em assuntos económicos chineses Christiane Prange defende que a economia da China “está a tornar-se muito mais influenciada pela política”, pelo que as empresas estrangeiras no país devem estar atentas às questões geopolíticas e de segurança nacional. “Hoje em dia, as empresas que vão para a China precisam de estar conscientes de que a economia está a tornar-se muito mais influenciada pela política”, afirma a especialista, apontando os discursos do Presidente Xi Jinping, que tem anunciado ele próprio a “maioria dos seus passos”.

A autora do livro “Xiconomics: What China’s Dual Circulation Strategy Means for Global Business”, recentemente apresentado em Lisboa no Centro Cultural e Científico de Macau, observou que “fazer negócios atualmente será impossível se se tentar ignorar a geopolítica, o que talvez seja a maior alteração. E as questões da segurança nacional têm um peso muito maior na estratégia de negócios do que anteriormente”, frisou em entrevista à Lusa em Lisboa.

Os investidores externos devem também estabelecer redes (networking) na China e separar cadeias de valor “porque a situação legal em matéria de transferência de informações tornou-se muito mais crítica”. “A incerteza está a aumentar, a ambiguidade está a aumentar e a maior parte das empresas ocidentais tem de ser muito mais ágil e rápida para sobreviver no mercado”, sublinhou.

À agência Lusa, a especialista descreveu como tem evoluído o caminho dos negócios na China, que passou de levar conhecimentos e “ajudar o país a crescer”, à fase de “compreender melhor a cultura para poder estabelecer ligações”.

Mas agora não é só a cultura, é todo o desenvolvimento histórico que conduziu à situação geopolítica atual, por isso, para compreender (o Presidente) Xi Jinping, na minha opinião, é necessário recuar na História” quer do Presidente, quer do país e do Partido Comunista Chinês, argumentou.

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“Direita radical na Europa vai ganhar novo alento”

  • Lusa
  • 17 Março 2024

O presidente da Jerónimo Martins, Pedro Soares dos Santos, afirma, em entrevista à Lusa, que a aposta do grupo na Europa Central "tem sido um ato de coragem".

O presidente da Jerónimo Martins afirma, em entrevista à Lusa, que a aposta do grupo na Europa Central “tem sido um ato de coragem” e prevê que a direita radical no espaço europeu ganhe “novo alento”. Questionado sobre o impacto das guerras, nomeadamente da Ucrânia, Pedro Soares dos Santos diz que, em termos de negócio, “acreditar na Europa Central, que tem esta fronteira com a Rússia, tem sido um ato de coragem“.

“O facto de continuarmos a acreditar que quer a União Europeia, quer a NATO, são estruturas fortes e que se vão manter para futuro (…) permite-nos olhar com alguma esperança para estes investimentos”, admite o gestor. Agora, “em termos geopolíticos, isto é muito mais complicado porque a guerra não fica na logística, (…) fica no meio das sociedades e divide (…) aqueles que concordam e não concordam e estas divisões são sempre fraturantes no tempo“, lamenta.

No caso do conflito da Rússia-Ucrânia, considera que este resulta de “uma solução mal resolvida” entre ambos, com o fim da União Soviética e na forma como Estaline dividiu o país após a II Guerra Mundial. Já sobre o conflito no Médio Oriente, duvida que algum dia a crise venha a ser resolvida.

Acho que o conflito do Médio Oriente não tem solução, se já não tinha há 2.000 anos, também não vai ter agora, por muito” que se “pense que as sociedades evoluíram, há raízes que não mudam e essa é uma delas”, até porque “vamos ter sempre pequenos conflitos no mundo, não acredito numa guerra mundial, mas acredito em muitos conflitos em muitos sítios.

Pedro Soares dos Santos

Acho que o conflito do Médio Oriente não tem solução, se já não tinha há 2.000 anos, também não vai ter agora, por muito” que se “pense que as sociedades evoluíram, há raízes que não mudam e essa é uma delas“, até porque “vamos ter sempre pequenos conflitos no mundo, não acredito numa guerra mundial, mas acredito em muitos conflitos em muitos sítios“, prossegue.

Por outro lado, também considera que a Europa vai atravessar momentos complexos, com as eleições europeias e uma direita radical “que vai ganhar novo alento”. Por exemplo, os sinais com a Rússia “estavam lá há muitos anos“, mas a Europa “mais uma vez cometeu um erro e subestimou” quer na Defesa como na Energia “de uma forma muito preocupante” o impacto disso.

Permitiu que o adversário se sentisse com força para dar esse passo. Porquê? Porque nos esquecemos às vezes, um bocadinho, de ler a história“, aponta, acrescentando que outro ponto importante é que as pessoas devem perceber que o desequilíbrio que existe dentro das sociedades “muitas vezes leva os líderes a encontrar os seus inimigos fora e não dentro”. E, em vez de se resolverem os problemas internos, “criam inimigos e isso é muito preocupante”, pois os desequilíbrios trazem insegurança, o que faz com que as pessoas tendam a “encostar-se a líderes fortes, o que não quer dizer que seja o melhor” ou que “seja bom para a sociedade como um todo”. Pedro Soares dos Santos espera que o “bom senso se mantenha” e que não aconteça uma guerra nuclear.

Relativamente à União Europeia, considera que esta está “a aprender a lidar com a Europa Central, com os líderes da Europa Central“, que querem ter voz, tal como os países mais antigos do espaço europeu. “Acho que existe um aqui [uma] Europa com duas visões do mundo e é isso que eu acho que neste momento está em confronto“, pois “não podemos esquecer que temos uma história de democracia na Europa do Sul que não tem o Leste, e o mesmo na educação“, aponta.

“Há aqui um confronto geracional” entre como “integrar ainda mais europeus” a leste, que pensam diferente dos do sul e tem objetivos diferentes. Depois, vive-se num mundo “de pouca tolerância para o debate: ou pensas como eu ou és meu inimigo. Aqueles grandes líderes que estávamos habituados a ver a debater, a não ter medo ter ideias, hoje já não existe”, aponta.

Esta falta de tolerância para o debate “está a radicalizar uma Europa e, num continente que está a envelhecer, as pessoas com mais idade começam a premiar a segurança física e têm mais medos. E o que é que fazem os partidos? Incutem mais medo“, o que “não é bom para ninguém, porque não traz soluções e abre caminho ao radicalismo“, lamenta.

Vejo que a direita radical na Europa vai ganhar um novo alento” e “que o Parlamento Europeu vai ter muito mais dificuldades em lidar com os assuntos e, como não há líderes fortes na Europa (…), temo que vamos ter que passar por um período” de uma “grande paralisação”, diz. E com a falta de tolerância do diálogo “vamos perder muito caminho para a China e para os EUA, que já perdemos e muito”.

Além disso, houve “políticas erradas” da parte da Europa, com a falta de investimento na Defesa, em que “estamos dependentes de quem vai ser o futuro Presidente dos EUA para saber se vivemos em segurança“, e “entregámos a energia (…) aos russos”, num “‘trade off’ entre a energia barata ou o investimento para o futuro“, elenca.

No dia em que perdermos a capacidade de nos autoalimentar, quem tiver essa força para nos alimentar é quem vai mandar em nós” e “eu espero que as pessoas percebam que estas são áreas fundamentais.

Pedro Soares dos Santos

Destaca ainda a sustentabilidade e a independência alimentar da Europa: “Nós não a podemos perder“, adverte. Critica as políticas de sustentabilidade “radicalizadas” que a Europa está a assumir considerando que é “mais importante” fazer uma “revolução” do que uma evolução.

No dia em que perdermos a capacidade de nos autoalimentar, quem tiver essa força para nos alimentar é quem vai mandar em nós” e “eu espero que as pessoas percebam que estas são áreas fundamentais” para o futuro da União Europeia, sublinha. “Vivemos esse risco e os primeiras pessoas que estão a mostrar que esse risco é grande são os agricultores” que estão a perceber que os seus produtos “vão ficar fora do mercado”, alerta.

Pedro Soares dos Santos defende que é preciso fazer “evolução no tempo” e, “ao mesmo tempo, ajudar os países para os quais participam ativamente nesta questão alimentar e nesta segurança alimentar também a mudarem”.

“E aceitar que temos que partilhar parte da nossa riqueza com eles para que esta evolução aconteça nos dois campos ao mesmo tempo, não é um campo mudar e o outro não faz nada”, insiste.

Exemplifica com a questão do Egito e da laranja: “Veja o que é que vai acontecer em Espanha à laranja: vai desaparecer para o Egito”. Mas, do Egito “vai utilizar que água? Que meio ambiental é que vai ter? Que trabalho infantil é que vai ter nisto tudo? Não há ninguém a controlar. E a União Europeia, em vez de controlar, quer que sejam as companhias a controlar, mas isso é incontrolável pela nossa parte, nós não temos autoridade para chegar lá e mandar”, remata.

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“Boa gestão é fundamental” na política e nos negócios

  • Lusa
  • 17 Março 2024

O presidente da Jerónimo Martins, Pedro Soares dos Santos, defende, em entrevista à Lusa, que o que falhou é o que a sociedade quer relativamente à política.

O presidente da Jerónimo Martins defende, em entrevista à Lusa, que a “boa gestão é fundamental” na política e nos negócios e considera que o que falhou é o que a sociedade quer relativamente à política. Pedro Soares dos Santos tem criticado a falta de qualidade dos políticos e o facto de não olharem para o futuro do país num horizonte mais longo.

Questionado sobre o que falhou, o gestor é perentório: “Falhou nitidamente o que é que nós queremos como sociedade em relação à política, o que é que nós esperamos dos políticos e isso, para mim, é que é muito preocupante“.

Considerando que uma “espécie de egoísmo” tomou conta da sociedade o que provocou “desigualdades e desequilíbrios”, as pessoas que não conseguiram “entrar na sociedade civil porque é muito competitiva atualmente” decidiram ir “para o único sítio que é monopólio, que é política“, lamenta. “A boa gestão é fundamental, quer na política, quer nos negócios. Porquê? Porque se quisermos evoluir um negócio, temos que ter muito boa gestão, se não os bancos não nos dão o dinheiro. E quem é o banco do Governo? É o povo“, prossegue o gestor.

E as pessoas “começam a sentir uma certa saturação e uma certa pressão que estão a contribuir, mas não estão a ter retorno”, trata-se de “má gestão” e não de más políticas, aponta.

Pedro Soares dos Santos dá exemplos: “Queremos toda a saúde pública. Muito bem, venha pública, mas tem que ser muito bem gerida, não pode haver desperdícios. Queremos a água toda pública, muito bem, não há problema nenhum, que o seja, mas bem gerida“, com pessoas “com princípios” e que saibam o que é melhor para todos.

Agora, “isto não é um problema de privados ou não privados, isso é um grande erro” e “o tal medo que os políticos gostam de incutir”, adverte. “A boa gestão custa. Custa tempo, custa investimento, é preciso boas pessoas, custa formação e, acima de tudo, custa amor às causas e a maior parte das pessoas hoje” não tem isso, sublinha o gestor.

Sobre se sente desiludido com os políticos, Pedro Soares dos Santos diz que não, que é mesmo com a sociedade. “Sinto-me desiludido com a sociedade como um todo por se ter deixado adormecer nesta preguiça“, porque “os políticos só lá estão porque também permitimos“, porque “estamos no conforto da nossa vida” e só quando as coisas correm mal” é que se reage, lastima.

Na Jerónimo Martins “temos que estar permanentemente a antecipar o problema, podemos falhar às vezes, mas não podemos falhar sempre“, salienta. Falta “atitude e vontade do bem-estar de todos”, remata, criticando os cortes que foram feitos às reformas, que classifica de “uma enorme injustiça”. “Nenhum país pode fazer o que este país fez, que é condenar quem vai para a reforma para a pobreza. Deviam ter olhado” para essa situação “com muita antecedência”, diz.

Pedro Soares dos Santos reitera que Portugal poderia ser a Califórnia: têm o clima idêntico, também tem inovação e turismo. Aliás, as grandes novas empresas na área da inovação nascem “na Califórnia”, lembra, e Portugal poderia “ser o segundo centro” dessas empresas aqui na Europa. “Em vez de ser a Irlanda podíamos ser nós“, sugere. Além disso também têm agricultura moderna e uma indústria de vinho na qual Portugal poderia inspirar-se.

Questionado porque é que a Califórnia é diferente de Portugal, responde que é “a atitude”, são “os líderes”.

No Pingo Doce “ninguém ganha menos de 1.100 euros, mais os prémios”. Agora, “quantos jornalistas ganham 1.100 euros quando começam a vida depois de se formarem? Quantas empresas de jornalismo estão a falir neste país? E estão a falir porquê?”, questiona. Pode haver “má gestão, mas também pode haver maus conteúdos, o problema não está aí. O problema está é que se o negócio não for rentável, não produzir riqueza, você não pode investir, não pode melhorar a vida das pessoas, não pode servir melhor o consumidor e não pode fazer investimentos”.

Pedro Soares dos Santos

Instado a comentar as críticas que são feitas a grandes empresas como a dona do Pingo Doce sobre os lucros, Pedro Soares dos Santos comenta: “É essa gente que condena o país à pobreza, (…), que quer que sejamos Cuba, (…) que não têm respeito pela opinião contrária e esse é que é o ponto mais importante”.

Por exemplo, no Pingo Doce “ninguém ganha menos de 1.100 euros, mais os prémios“. Agora, “quantos jornalistas ganham 1.100 euros quando começam a vida depois de se formarem? Quantas empresas de jornalismo estão a falir neste país? E estão a falir porquê?“, questiona. Pode haver “má gestão, mas também pode haver maus conteúdos, o problema não está aí. O problema está é que se o negócio não for rentável, não produzir riqueza, você não pode investir, não pode melhorar a vida das pessoas, não pode servir melhor o consumidor e não pode fazer investimentos“, argumenta.

Isso tudo vem da “produção de riqueza” e “quando esta gente não gosta de lucros ou não gosta de grandes empresas – as grandes empresas são cruciais na sociedade porque ao redor das grandes empresas há centenas de pequenas e médias empresas que vivem e que prestam serviços – (…) porque sabem muito bem que as empresas que têm lucro e que não dependem do Estado têm voz ativa e dizem o que pensam”, salienta. Portanto, “atacam-se aqueles que não gostam de ser medíocres” e esse “é o problema que nós vamos ter que lidar e enfrentar”, prossegue.

Questionado se isto é uma tendência, Pedro Soares dos Santos admite que sim, “dos inúteis“, manifestando “profunda admiração” por aqueles que começam pequenos negócios e que lutam, sobre os quais o Estado pensa “como é que vai sacar dinheiro“.

Relativamente às eleições nos EUA, o gestor questiona como “é possível uma sociedade tão grande, com uma riqueza, com a capacidade de inovação que tem, com a capacidade de investimento, com a formação que tem nalgumas elites, não terem gente boa para comandar o país politicamente“.

A questão da qualidade das lideranças “começa a ser transversal ao mundo todo”, admite, o que é motivo de preocupação. “Até gosto do Biden como Presidente e gosto da forma como ele pensa, mas reconheço que uma pessoa com aquela idade… isto é preciso muita energia para determinados lugares agora, e o Trump, como é que é possível pensar-se no Trump“, questiona, para logo argumentar que isso “significa que há lacunas na sociedade muito grandes” que os políticos não estão a preencher e depois surgem os radicais e “tomam conta desse lugar”. Mas Pedro Soares dos Santos está convicto que Trump não será eleito Presidente: “com toda a honestidade, o Trump não vai ganhar”.

O mundo da tecnologia “vai numa evolução imparável” e os EUA estão preocupados com a China e com a capacidade desta. “Esta guerra com a Ucrânia desviou um bocadinho o foco dos EUA, mas eles não se podem manter eternamente a olhar para aqui. Portanto, nós europeus é que temos que começar a saber resolver os nossos problemas. E eu confesso-lhe se nós não conseguimos resolver esse problema, vamos ter problemas (…), ainda bem que o Putin tem uma certa idade já“, conclui.

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Distribuição estará “totalmente focada na restauração” numa década

  • Lusa
  • 17 Março 2024

O presidente da Jerónimo Martins, Pedro Soares dos Santos, considera, em entrevista à Lusa, que o grupo vai crescer no agroalimentar, um "novo braço de negócio".

O presidente da Jerónimo Martins considera, em entrevista à Lusa, que a distribuição em Portugal vai estar “totalmente focada na restauração” em 10 anos. Questionado como vê o negócio a dez anos, Pedro Soares dos Santos diz que, no caso de Portugal, vai estar “totalmente focado na restauração”, ou seja, “muito mais focada em oferecer soluções prontas para as pessoas comerem“. E, claro, terá uma parte “ainda em ingredientes”, de venda para aqueles que “têm o prazer de cozinhar”, acrescenta.

“Mas grande do seu negócio e da sua margem vai ser gerada na restauração”, salienta o gestor, referindo que a Jerónimo Martins vai “sempre adaptar-se às necessidades de cada país em função daquilo que o país precisa“. “Não vejo [essa tendência] na Colômbia, mas vejo isso em Portugal”, prossegue Pedro Soares dos Santos, que diz ver o grupo “a crescer muito” no agroalimentar e “a tornar esse um novo braço de negócio e, talvez, nalguma indústria alimentar”.

A Jerónimo Martins está presente em Portugal, Polónia e Colômbia e em novembro espera entrar na Eslováquia. Já Portugal, diz que continua a ser uma aposta da empresa. “É a nossa ‘Terra Mãe’ e ninguém esquece a ‘Terra Mãe‘”, assevera Pedro Soares dos Santos.

Sobre a possibilidade de a Colômbia, mercado onde entrou em março de 2013, vir a ser um centro operacional do grupo para a América Latina, Pedro Soares dos Santos defende que neste momento o objetivo é desenvolver o negócio naquele mercado. “Não esqueçamos que aquilo são 50 milhões de pessoas, portanto, primeiro temos que ter a Colômbia como um negócio muito forte, como temos, não é igual à Polónia, mas com força e, a seguir, a ganhar dinheiro e só depois é que pensamos no resto”, explica. Tudo isto “leva sempre o seu tempo”, prossegue, rematando: “Quando o passo é maior que as pernas caímos. Aqui não vai acontecer”.

Não esqueçamos que aquilo são 50 milhões de pessoas, portanto, primeiro temos que ter a Colômbia como um negócio muito forte, como temos, não é igual à Polónia, mas com força e, a seguir, a ganhar dinheiro e só depois é que pensamos no resto.

Pedro Soares dos Santos

Por outro lado, diz que a companhia vai “experimentar a Eslováquia“, sendo que esta é a primeira vez que a Biedronka vai expandir-se como marca. Logo, sublinha que é preciso “aprender os ensinamentos”, verificar o impacto que essa expansão tem também no negócio na Polónia e depois, para depois a empresa poder “pensar noutras ambições”, admite.

O grupo tinha manifestado interesse em entrar na Roménia, mas neste momento a prioridade é a Eslováquia. “Primeiro vamos ter a certeza do que aquilo que vamos fazer na Eslováquia funciona”, pragmatiza Pedro Soares dos Santos.

O gestor salienta que o grupo teve a “sorte da Polónia ter corrido muito bem” e de se terem tornado “uma grande e boa empresa”. “Se tivéssemos só ficado em Portugal, nós não estaríamos onde estamos hoje, nem falaríamos desta mesma forma”, sublinha.

Sobre Portugal, o presidente da Jerónimo Martins defende que o país “devia olhar para a economia do mar e tornar-se um líder nessa matéria”. Até porque a fronteira do mar português é os EUA. “Temos mais mar do que Espanha e do que França“, então, questiona, porque não se olha “para a economia do mar” que é de futuro. Aliás, todos andam a “disputar o mar” como o grande futuro investimento, acrescenta, desafiando a que o país se torne “líderes nisso”.

Olhemos para isso como um pilar do futuro do nosso desenvolvimento porque estamos no meio, entre o leste e os EUA, podíamos fazer muito pela economia do mar e tornávamo-nos país único nessa matéria também“, insiste, dando o exemplo do que a Jerónimo Martins tem feito.

“Há mais de 10 anos” o grupo percebeu que “o peixe do mar era um problema”, pelo que “vamos começar a aquacultura, que é onde “está o futuro”. E a aposta está “a correr bem”, trata-se de aquacultura em alto mar, conta. “A aquacultura sempre foi feita em baías na terra, portanto, vamos olhar para a aquacultura em alto mar e como é que nós poderemos criar peixe que as pessoas continuam a olhar para ele” como sendo “do mar e bom”, diz.

Esta é uma “ciência que se aprende com as universidades, com os estudos, envolvendo toda uma sociedade ao redor disto e que nós temos feito e temos investido muito”, acrescentou, tecendo críticas ao facto de o Governo não ter olhado para este tema: “E deveria ter tido políticas muito mais agressivas”, reforça. Políticas essas que não passam por dinheiro, mas por “políticas mais agressivas para aqueles que querem investir através de licenças, através de formação, através de investimento nas universidades, para investigar e para estarem mais bem preparados, mas isso nada disso faz“, lamenta.

A Jerónimo Martins tem aquacultura na Madeira, no Algarve e em Marrocos para a produção de robalos, douradas, garoupas, entre outros.

Quanto ao projeto-piloto de salmão que tinha em Aveiro falhou, tendo o grupo passado a deter uma participação numa empresa da Noruega que produz salmão 100% sustentável.

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📹 Sabe quem são os dez mais ricos do mundo?

  • ECO
  • 17 Março 2024

Elon Musk perdeu cerca de 28 mil milhões de euros no último ano, enquanto Jeff Bezos ganhou 21 mil milhões, segundo o Bloomberg Billionaires Index. Cotações em bolsa mudaram o ranking dos mais ricos.

A cotação das empresas em bolsa leva a oscilações constantes na lista dos mais ricos do mundo. Esta semana, a Tesla chegou a cair 7%. Veja como mudou o ranking dos mais ricos, de acordo com o Bloomberg Billionaires Index.

http://videos.sapo.pt/KeU0mAkanWc8OleQ7J8Z

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Um carro “made in Portugal” nos Olímpicos, ganhar voz com a IA e insetos à mesa. Os projetos mais inovadores financiados pelo PRR

Perto de 900 empresas e 225 universidades e centros de inovação estão a desenvolver projetos inovadores no âmbito do programa das Agendas Mobilizadoras, que visam aumentar a competitividade.

A inovação subiu ao palco do Europarque, em Santa Maria da Feira, na passada terça-feira. Os consórcios formados por empresas e instituições científicas no âmbito do programa das Agendas Mobilizadoras do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) apresentaram os desenvolvimentos alcançados no âmbito dos seus projetos, dos quais vão nascer novos produtos e serviços. Um carro totalmente “made in Portugal” da Toyota, que vai estar nos Jogos Olímpicos, satélites a limpar lixo no Espaço, fios de fibra reciclada ou a proteína hidrolisada no alimento de peixes fazem parte da montra dos projetos mais inovadores desenvolvidos com financiamento do PRR.

As 53 agendas mobilizadoras apoiadas pelo PRR – 31 para a Inovação Empresarial e 22 agendas verdes – juntaram 891 empresas e 225 universidades e recolhem um investimento de 7,7 mil milhões de euros e contam com um incentivo de 2,9 mil milhões de euros. Os projetos, com graus de execução que variam, têm que estar concluídos até 2026 e vão criar 18 mil postos de trabalho, dos quais 11 mil são qualificados, contribuindo para aumentar a produção e competitividade das empresas e aumentar a riqueza nacional.

De Ovar para Paris, APM português foi a estrela em Santa Maria da Feira

Estacionado à entrada do Europarque, em Santa Maria da Feira, o APM (Acessible People Mover, em inglês) produzido pela Salvador Caetano concentrou todas as atenções no 2º Encontro Anual das Agendas Mobilizadoras. Produzidos na fábrica da Toyota Caetano, em Ovar, 250 carros “made in Portugal” vão viajar até Paris, para marcarem presença nos Jogos Olímpicos que vão decorrer entre 26 de julho e 11 de agosto. Este veículo elétrico inclusivo oferecerá transporte acessível, incluindo para pessoas em cadeiras de rodas, e desempenhará funções adicionais, como transporte de mercadorias e veículo de assistência de emergência.

António Costa conduziu o protótipo do modelo elétrico “Acessible People Mover” (APM), que vai ser fabricado pela Toyota Caetano em Ovar, no distrito de AveiroESTELA SILVA/LUSA 9 janeiro, 2024

 

O APM, um dos produtos desenvolvidos pelo consórcio Be.Neutral, liderado pela Nos, é apenas um dos 48 produtos e serviços de mobilidade sustentável integrada criados a partir de Portugal que este consórcio empresarial está a criar para acelerar a redução das emissões de carbono nas cidades.

Empresa de Coimbra ajuda a manter o Espaço limpo

Espera-se que em 2030 haja 100 mil satélites no Espaço. Um número que vai exigir novas ferramentas e novas soluções para resolver os problemas criados por este “trânsito” espacial e evitar colisões, com o lixo no espaço a impedir as operações. A Neuraspace, empresa de Coimbra, criou uma ferramenta que permite detetar com precisão o risco de colisão com lixo espacial a que estão sujeitos os 300 satélites na plataforma da empresa criada por Nuno Sebastião.

A agenda liderada pela Neuraspace, um dos quatro projetos na área da aeronáutica, espaço e turismo, tem ainda como objetivo desenvolver soluções de gestão de tráfego espacial e, assim, facilitar as atividades dos operadores de satélites.

Albertina e o Gervásio põem IA a falar português

Muito provavelmente já utilizou, nem que só uma vez, o ChatGPT. A capacidade destes modelos de linguagem generativa é enorme, mas até agora há uma coisa que não fazem, ou faziam: “falar” português. Mas isso vai mudar.

O projeto Accelerat.ai, liderado pela Defined.ai, quer juntar a língua portuguesa à Inteligência Artificial. Através da Albertina e do Gervásio, o Accelerat.ai vai criar o primeiro grande modelo de Inteligência Artificial generativa para a língua portuguesa.

O objetivo é desenvolver uma tecnologia que permitirá otimizar o atendimento ao cliente, através de sistemas virtuais emparelhados com centros de contacto, como um serviço em português.

Projeto Lusitano quer roupa sustentável

A agenda mobilizadora liderada pela Nau Verde, Projeto Lusitano – Agenda Mobilizadora para a Inovação Empresarial da Indústria Têxtil e do Vestuário de Portugal, promete transformar a indústria, tornando o setor mais sustentável e competitivo. Para isso vai deitar mão à inovação para gerar soluções que reduzam pegada ambiental, através da criação de fios de fibras recicladas e naturais.

O projeto está ainda a recorrer à inovação para criar sistemas inteligentes, alinhados de Indústria 4.0 e Internet das coisas, e de sistemas de tratamento e reaproveitamento de efluentes, para reduzir o consumo de recursos hídricos.

Trazer os insetos para a mesa

O projeto Insectera, liderado pela Ingredient Odyssey, promete trazer os insetos para a alimentação. Esta agenda mobilizadora prevê criar 105 novos produtos derivados de insetos, que vão desde a comida – humana e animal –, à cosmética, bioplásticos e à biorremediação. Com os ensaios a correr, a agenda já está a desenvolver ração e compostos para galinhas e porcos. Os cães foram os primeiros a provar esta nova comida e, segundo os testes, a ração produzida à base de insetos foi a escolhida.

“Cheirar” a resistência a antibióticos

O projeto SMARTGNOSTICS, liderado pela ALS Life Sciences Portugal, está a trabalhar no desenvolvimento de dispositivos que permitirão a identificação rápida e precisa de microorganismos e genes de resistência aos antibióticos, contando para isso com a ajuda da inteligência artificial. Segundo o responsável pela apresentação desta agenda, a resistência dos antibióticos é um problema muito grave, com mais de 700 mil mortes mundiais causadas pela resistência aos antibióticos.

O projeto está a desenvolver três dispositivos, atualmente com um grau de execução de 30%: biosensor (deteção de bactérias e resistências a antibióticos); um nariz artificial (deteção de focos bacteriológicos onde elas não deviam estar, por exemplo infeções hospitalares); e a plataforma SERS (prever onde há resíduos em cargas muito elevadas). Além de tratamentos mais eficazes, o projeto também contribui para a redução do uso indiscriminado de antibióticos, bem como para prevenção de surtos infecciosos.

Recuperar a voz com IA

O Center for Responsible AI, liderado pela Unbabel, vai desenvolver 21 produtos até 2026. Através de uma parceria de 10 startups e sete centros de investigação, esta agenda está a desenvolver produtos com base em inteligência artificial que vão desde o atendimento ao cliente às aplicações médicas.

Segundo Paulo Dimas, CEO da Center for Responsible AI, o projeto está a desenvolver soluções que vão, por exemplo, aumentar a eficiência dos hospitais nas altas médicas, algo muito importante “porque é o momento que o hospital fatura”. Mas o potencial vai bem além disto. Este consórcio criou, por exemplo, um leitor de sinais musculares e um sistema de IA que ajuda pessoas que perderam a capacidade de falar a comunicar mais facilmente, permitindo a estas pessoas “recuperar a voz com IA”.

Um projeto sobre linhas

A agenda Produzir Material Circulante Ferroviário em Portugal, liderado pela SERMEC II, foi criado para produzir material circulante em Portugal. Com um valor total de cerca de 70 milhões de euros, o objetivo deste projeto é revitalizar a ferrovia nacional através da construção de carruagens para a produção de um comboio totalmente português, composto por três carruagens.

Com este investimento, o consórcio quer contribuir para a diversificação da estrutura produtiva e especialização da economia portuguesa. A expectativa é que este comboio chegue aos carris em 2025.

 

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Votos dos emigrantes continuam a crescer e cartas devolvidas diminuem

  • Lusa
  • 16 Março 2024

Os votos dos emigrantes nas legislativas continuam a superar a quantidade registada nas anteriores legislativas, e o número de cartas devolvidas diminuído mais de um quarto.

Os votos dos emigrantes recebidos em Portugal continuam a superar a quantidade registada nas anteriores eleições para a Assembleia da República, tendo o número de cartas devolvidas diminuído mais de um quarto, segundo dados da Administração Eleitoral.

O mais recente boletim da Secretaria-Geral do Ministério da Administração Interna (SGMAI) com informações e números sobre a votação no estrangeiro para as eleições do passado domingo indica que, das mais de 1,5 milhões de cartas enviadas por Portugal para estes eleitores, desde 04 de fevereiro, foram recebidas até quinta-feira 291.921 votações. Comparando com as legislativas de 2022, em que no mesmo período tinham sido rececionadas 196.486 cartas, regista-se um aumento de 48,5% dos votos dos emigrantes recebidos em Portugal.

As cartas com os boletins de voto começaram a chegar no dia 20 de fevereiro e a maior parte foi enviada a partir da Europa 224.326 (77%), seguindo-se a América (56.926, 19%), África (8.873, 3%) e Ásia e Oceânia (1.696, 1%).

A Administração Eleitoral avança ainda que foram devolvidas 98.670 cartas, menos 26,9% do que as 135.038 devolvidas em 2022 no mesmo período.

O principal motivo de devolução das cartas é o destinatário “desconhecido” na morada indicada (62,3%), seguido do “não reclamado” (13,3%). A Europa é a principal origem das cartas devolvidas (92.913, 94%).

Os votos dos emigrantes portugueses irão resultar na eleição de quatro deputados, que poderão influenciar o resultado final deste ato eleitoral, uma vez que a coligação Aliança Democrática (PSD/CDS/PPM) elegeu 79 deputados e o PS 77.

Na segunda-feira e até quarta-feira serão recolhidos e contados os votos destes emigrantes, com o resultado da sua votação a estar agendada para o final de quarta-feira.

Só depois dessa data, e de ouvir os partidos com representação parlamentar, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, indigitará o novo primeiro-ministro. A Aliança Democrática obteve uma vitória tangencial, com 29,5%, nas eleições legislativas nacionais de domingo. Depois do PS, o Chega foi a terceira força mais votada, com 48 parlamentares, seguindo-se a IL (oito mandatos), o BE (cinco), o Livre e a CDU (quatro cada) e o PAN (um).

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CDS-PP realiza 31.º congresso nos dias 20 e 21 de abril em Viseu

  • Lusa
  • 16 Março 2024

O CDS-PP vai realizar o seu 31.º congresso nos dias 20 e 21 de abril, em Viseu, reunião magna para eleger os novos órgãos internos do partido que voltou a ter representação parlamentar.

O CDS-PP vai realizar o seu 31.º congresso nos dias 20 e 21 de abril, em Viseu, reunião magna que tem como objetivo eleger os novos órgãos internos do partido que voltou a ter representação parlamentar. A data e o local foram aprovados por unanimidade pela Comissão Organizadora do Congresso (COC), de acordo com nota divulgada à imprensa.

O presidente do CDS-PP, Nuno Melo, será recandidato ao cargo nesta reunião magna e já anunciou que vai deixar o Parlamento Europeu no “início de abril” para assumir o mandato de deputado à Assembleia da República.

O CDS-PP concorreu às eleições legislativas de 10 de março em coligação com o PSD e o PPM, a Aliança Democrática (AD), e elegeu dois deputados: Nuno Melo pelo Porto e Paulo Núncio pelo círculo eleitoral de Lisboa. Os centristas voltam a ter representação no parlamento na próxima legislatura, depois de em 2022 não terem conseguido eleger nenhum deputado, tendo ficado afastados da Assembleia da República pela primeira vez em democracia.

De acordo com o regulamento da reunião magna, disponível no ‘site’ do partido, as Moções de Estratégia Globais e as setoriais têm de ser entregues à Comissão Organizadora do Congresso até 01 de abril.

A última reunião magna de cariz eletivo realizou-se em abril de 2022, altura em que Nuno Melo assumiu a liderança do CDS-PP depois de a sua Comissão Política Nacional obter 74,93% dos votos dos delegados ao 29.º congresso.

O eurodeputado sucedeu a Francisco Rodrigues dos Santos, que se demitiu da liderança depois de conhecido o resultado das legislativas desse ano, o pior em 47 anos de história do partido.

Também em 2022, em julho, o CDS realizou o seu 30.º Congresso que se dedicou exclusivamente à alteração de estatutos, em Aveiro.

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Estado francês sofre ciberataque “sem precedentes”

  • Lusa
  • 16 Março 2024

Cerca de 800 ‘sites’ institucionais franceses foram visados durante o ciberataque de “escala sem precedentes” que começou no domingo e durou 48 horas.

Cerca de 800 ‘sites’ institucionais franceses foram visados durante o ciberataque de “escala sem precedentes” que começou no domingo e durou 48 horas, e que foi reivindicado por hackers pró-Rússia, revelou hoje o ministro francês da Função Pública. “O Estado francês viveu um ataque de escala sem precedentes, em intensidade, em tempo e num aumento do número de pontos de ataque”, frisou Stanislas Guerini. “O que é inédito são 800 locais administrativos atacados de uma só vez”, detalhou.

A secção anti-ciberataques do Ministério Público de Paris abriu esta terça-feira uma investigação. “Um facto notável nesta crise é que, em nenhum momento, perdemos o fio da comunicação, todas as administrações, todos os agentes públicos foram bem informados em tempo real e isso não desestabilizou o Estado no seu funcionamento”, assegurou o ministro.

Questionado sobre a origem destes ataques, e sobre a possibilidade de o Anonymous Sudan, grupo que apoia a Rússia e diversas causas islamistas, estar na origem, o ministro foi “muito cauteloso”. “Um certo número de nomes foi mencionado: prefiro apontar o Anonymous, mais do que o Sudão… E, em qualquer caso, uma grande presunção sobre uma lealdade quase certa às redes russófilas”, sublinhou.

Os hackers reivindicaram um “ciberataque massivo” visando em particular os ministérios da Economia, Cultura, Transição Ecológica, os serviços do primeiro-ministro ou a Direção Geral da Aviação Civil (DGAC).

Stanislas Guerini também foi questionado sobre a possibilidade de novos ataques informáticos provenientes de redes russas, após as declarações de quinta-feira à noite do Presidente francês Emmanuel Macron sobre a Ucrânia, acreditando em particular que os ocidentais devem estar “prontos para responder” no caso de uma escalada russa na Europa. “É óbvio e as ligações entre estas redes de ciberataques e as redes russas são conhecidas e documentadas”, lembrou. “Penso que não devemos mostrar qualquer ingenuidade“, apontou ainda.

Para Guerini, tudo “faz parte de uma guerra híbrida que os países já vivem”. “Apenas ilustra de certa forma a situação geopolítica, o que vivemos hoje e o que provavelmente viveremos amanhã com ainda maior intensidade“, concluiu.

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Rei de Espanha recebe multinacionais (incluindo chinesas)

  • ECO
  • 16 Março 2024

O CEO da Huawei em Espanha foi um dos gestores recebidos pelo Rei, na mesma semana em que a China mantém Portugal na lista de países aos quais é exigido visto de entrada.

Na semana em que Portugal passou a ser um dos poucos países da Europa Ocidental cujos nacionais não beneficiam de isenção de visto para entrar na China, Espanha mantém a sua estratégia de relacionamento com as companhias chinesas. O Rei de Espanha recebeu a associação das multinacionais presentes na economia espanhola e um dos membros da comitiva foi o presidente da Huawei, Eric Li.

O encontro levou ao Palácio da Zarzuela cerca de 60 gestores de multinacionais com investimento e negócios em Espanha e decorreu no âmbito do décimo aniversário da associação. Nem a associação nem a Palácio real fizeram comentários sobre o encontro. Oficialmente, na página da associação, é sublinhado que as multinacionais pretendem contribuir para a estabilidade económica e favorecer o ambiente de atração de investimento estrangeiro.

A presença de Eric Li na comitiva ganha particular relevância esta semana, depois de se saber que Portugal passa a ser um dos poucos países da Europa Ocidental cujos nacionais não beneficiam de isenção de visto para entrar no território da segunda maior economia mundial. Em declarações à agência Lusa, o embaixador português em Pequim, Paulo Nascimento, disse “não entender” o critério que levou as autoridades chinesas a excluir Portugal. Uma explicação possível poderia ser a decisão do Governo português de excluir a Huawei da rede de 5G, num modelo mais agressivo do que o seguido por outros países da União Europeia, mas não há qualquer informação oficial ou oficiosa que permita concluir sobre as razões das autoridades chinesas.

O diplomata português lembrou que a China está no direito de decidir a sua política de vistos de forma autónoma, mas admitiu que vai pedir uma consulta específica sobre esta decisão às autoridades do país. “Não acredito que haja aqui discriminação negativa, no sentido de dizer que a China está a fazer isso para sinalizar alguma coisa a Portugal, não acho que seja esse o caso“, afirmou. “Mas não consigo entender o critério”, disse.

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Deduções no IRS? Já pode reclamar

  • Lusa
  • 16 Março 2024

O prazo para os contribuintes consultarem os valores das deduções à coleta do IRS e para reclamarem se deles discordarem, arranca hoje e termina no final deste mês.

O prazo para os contribuintes consultarem os valores das deduções à coleta do IRS apurados pela Autoridade Tributária (AT) e para reclamarem se deles discordarem, arranca hoje e termina no final deste mês.

Após a verificação e confirmação das faturas, a campanha do IRS inicia este sábado mais um dos passos do processo de preparação da entrega da declaração anual do imposto, com a disponibilização das deduções calculadas com base nas faturas com NIF realizadas ao longo do ano passado.

Os valores em causa – que ficaram visíveis esta sexta-feira – dizem respeito às deduções com educação e formação, saúde, imóveis (rendas e empréstimos) e lares, despesas gerais familiares e despesas nos setores que concedem benefício por via do IVA, cujos valores podem ser verificados no sítio pessoal de cada contribuinte no Portal das Finanças (ao qual se pode aceder através da chave móvel digital ou da palavra-passe associada ao NIF).

Até ao final deste mês é possível reclamar junto da AT dos valores de deduções que possam não estar em conformidade com aqueles que indicam as faturas ‘colecionadas’ ao longo de 2023 em relação às despesas gerais familiares e dedução por exigência de fatura em restaurantes, cabeleireiros, oficinas, veterinários, ginásios ou títulos de transportes públicos.

Relativamente às deduções ao IRS por via das despesas com saúde, educação, casa ou lares os contribuintes podem recusar os montantes calculados pela AT, optando por indicar o que consideram ser os corretos, através do preenchimento do quadro 6 C1 do anexo H do modelo 3 da declaração do IRS.

Caso seja esta a opção, há duas consequências: por um lado, o contribuinte deixa de poder usar o IRS automático (caso estivesse abrangido), por outro, terá de guardar durante quatro anos as faturas que sustentaram a sua recusa em aceitar os valores calculados pela AT.

Terminado o prazo para a verificação e reclamação das deduções à coleta, arranca a entrega da declaração anual do IRS, em 01 de abril, que se prolonga até 30 de junho.

Na informação que tem disponível no Portal das Finanças, a AT refere que o contribuinte que reclame das faturas/despesas gerais antes da entrega da declaração anual do IRS tem de ter em conta “que a reclamação não suspende os prazos que estão previstos para entregar a obrigação declarativa ou para liquidar e pagar o imposto que lhe for apurado”.

Até 31 de março é também possível comunicar à AT qual a entidade a que se pretende consignar uma parte do IRS ou IVA.

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Os 5 municípios que refletem os resultados nacionais

Localidades no Oeste têm vindo a mostrar resultados semelhantes ao cenário nacional. Legislativas de 2024, marcadas por uma queda na abstenção, têm menor alinhamento.

O Oeste tem mostrado ser um “mini Portugal”, espelhando as principais tendências políticas nacionais nas eleições dos últimos anos, mas nas legislativas de março acabou por não estar tão alinhado. Há várias regiões do país que têm revelado a predominância de alguns partidos ao longo do histórico das votações, sendo que o Norte, por exemplo, é mais associado ao PSD e o PCP predominava no Alentejo. Num cenário mais geral, é possível verificar que nas eleições realizadas nos últimos cinco anos, os municípios com resultados mais semelhantes ao nacional se situam na região Oeste.

As conclusões são de um cálculo feito por João Cancela, professor do Departamento de Estudos Políticos da NOVA FCSH, que quis procurar quais os municípios ou regiões com resultados mais parecidos com os totais nacionais. A partir de uma análise com base nas eleições dos últimos cinco anos, excluindo as autárquicas, concluiu que se destacavam municípios do Oeste, nomeadamente Torres Vedras, Óbidos, Bombarral e Peniche.

Apesar das conclusões deste exercício, o especialista aponta ao ECO que “os resultados do Oeste parecem menos alinhados em 2024 com os totais nacionais do que em anos anteriores”. “Só estudos mais aprofundados confirmariam estas hipóteses e poderiam também explicar porque é que terá mudado algo na última eleição”, indica, o que poderá também estar relacionado com a “descida da abstenção”.

A verdade é que a participação nestas eleições foi muito mais elevada, com a taxa de abstenção a ser a mais baixa desde 1991, sendo que este facto terá beneficiado o Chega. Mesmo com esta ressalva, verifica-se que, segundo os dados do Ministério da Administração Interna para estas legislativas, nos concelhos de Torres Vedras, Óbidos, Bombarral e Santarém venceu a AD, com o PS em segundo lugar, sendo o mesmo verdade para Viana do Castelo e Braga.

Nos outros países, existem também regiões consideradas como um barómetro para como será o cenário final. Nos Estados Unidos, é o estado de Ohio que é conhecido como um indicador de como vão correr as eleições. Apesar de nem sempre se verificar (como nas últimas eleições presidenciais, com Trump a vencer no estado mas não a nível nacional), a verdade é que foram apenas três as vezes em que “errou” a determinar a tendência.

Como explicou o The Economist, esta região atua como um barómetro porque “contém um pouco de tudo que é americano – parte nordeste e parte sul, parte urbana e parte rural, parte pobreza miserável e parte subúrbio em expansão”.

Por cá, a região do Oeste também poderá ter um conjunto de características que representam várias partes diferentes de Portugal. Situa-se próximo da Área Metropolitana de Lisboa, bem como de várias estradas nacionais, mas tem também uma fatia mais rural, com um setor agrícola relevante, com destaque para as hortícolas — desde a pera-rocha à maçã de Alcobaça.

É também desta região que origina o famoso “Zé Povinho”, personagem criada por Rafael Bordalo Pinheiro para representar o povo português. Caldas da Rainha encontra-se em 23º no ranking dos municípios elaborado pelo politólogo.

Uma figura do “Zé Povinho”, parte de um dos carros alegóricos presentes no Carnaval de Torres Vedras.JOSÉ SENA GOULÃO/LUSA

Como salienta João Cancela, o facto de ter encontrado uma maior proximidade com os resultados nacionais “pode ser uma coincidência estatística” mas também podem “haver algumas características (peso entre população urbana e rural, condições económicas e estrutura etária) semelhantes ao agregado nacional”.

A zona de Santarém sobressai também neste exercício. Segundo uma análise da Intrapolls, um projeto voluntário, “o histórico de Alcanena mostra uma grande proximidade com os resultados finais de quase todos os distritos. Sendo um dos municípios que acerta no vencedor desde 1975″. Este ano, em Alcanena (que se situa no distrito de Santarém) também foi a AD vencedora (ainda que faltem os resultados dos círculos do estrangeiro para dizer com certeza o cenário final).

Arruda dos Vinhos e Santarém destacam-se nas sondagens à boca das urnas

As freguesias mais usadas nas sondagens à boca das urnas também podem ser uma indicação desta proximidade com os resultados nacionais, ainda que tenham existido flutuações nos últimos anos. António Gomes, diretor geral da GfK Metris, explica ao ECO que nas sondagens pré-eleitorais, o objetivo é obter uma amostra representativa da sociedade, mas para as chamadas exit polls tenta-se, efetivamente, encontrar aquelas com uma melhor relação com os resultados nacionais.

Se formos ver as freguesias mais usadas para empresas de sondagens à boca das urnas, destaca-se Arruda dos Vinhos (que tanto em 2022 como 2024 teve três empresas de sondagens presentes), bem como Vila do Conde, Santarém e Barcarena.

António Gomes explica que “quando se vai atrás de uma freguesia tipo, quer-se perceber de que forma acompanha as variações da votação nacional“. Mas há dois caminhos: ou a relação entre freguesia e votação nacional, ou freguesia que representa total do distrito, isto no caso em que um distrito pode ter importância relativa. “Há empresas que vão atrás do total nacional e outras atrás do distrital”, sendo também possível um “mix”.

Dantes, existiam freguesias conhecidas como tendo esse poder preditivo, nomeadamente em Lisboa e no Porto, mas “ao longo dos anos, pelos agrupamentos de freguesias e pelas alterações demográficas, foram perdendo poder representativo”. Agora, as empresas responsáveis pelas sondagens procuram “aquelas que são as melhores dentro de uma escolha que não é perfeita”.

No Oeste, não destaca nenhuma correlação óbvia mas admite que possa estar numa fase circunstancial em que tem algum grau de relação, tendo também o benefício de que há freguesias mais pequenas onde é mais fácil obter resultados rapidamente — o que ajuda à elaboração das sondagens no dia das eleições.

Mas o modelo de previsão deve ser composto por uma combinação de freguesias fáceis, médias, difíceis e muito difíceis. O especialista salienta assim que não se podem ignorar as freguesias mais urbanas, mesmo que sejam maiores, nomeadamente porque “têm um padrão de representação de tendência”. “Os partidos que foram crescendo e têm agora representação parlamentar são de matriz urbana, não rural”, aponta, como é o caso da Iniciativa Liberal ou do Livre.

Mas nem todos os casos são iguais, justificando a necessidade de uma amostra diversificada. O Chega, por exemplo, “começa por ser uma votação maior nas zonas da periferia da grande Lisboa”, nomeadamente concelhos como Almada, Montijo, Barreiro, Vila Franca de Xira, Loures, Amadora, mas agora está mais espalhado pelo país e conseguiu até vencer no Algarve.

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