Negociações com a Ryanair “estão no bom caminho”, avança governo dos Açores

  • Lusa
  • 27 Julho 2023

"Do nosso lado, as questões estão muito bem encaminhadas, mas há, de facto, ainda situações para resolver com a ANA Vinci", disse Berta Cabral.

A secretária regional do Turismo, Mobilidade e Infraestruturas, Berta Cabral, disse esta quinta-feira que “estão no bom caminho” as negociações do Governo Regional (PSD/CDS-PP/PPM) com a empresa de aviação Ryanair para a manutenção da base da companhia no arquipélago.

“Neste momento, do nosso lado, as questões estão muito bem encaminhadas, mas há, de facto, ainda situações para resolver com a ANA [Aeroportos de Portugal] Vinci. E são essas que estão pendentes e um acordo só está fechado quando estiver fechado com as três partes”, disse Berta Cabral aos jornalistas, em Ponta Delgada, no final de uma reunião com o executivo da ANA.

De acordo com o Jornal de Negócios, a Ryanair e o Governo dos Açores “ainda não chegaram a um entendimento para a manutenção da base da companhia aérea no arquipélago”. O CEO da companhia aérea, Eddie Wilson, declarou, na quarta-feira, ao jornal que mantém as negociações, mas como não houve “nenhum desenvolvimento para incentivar” a empresa a ficar, a decisão de sair de Ponta Delgada “está iminente”.

Esta quinta, a secretária regional do Turismo, Mobilidade e Infraestruturas lembrou que o acordo com a Ryanair é entre a empresa, a Região Autónoma dos Açores (através da Visit Açores) e a ANA Vinci. “Neste momento, do nosso lado [Governo Regional], as questões estão muito bem encaminhadas, mas, há, de facto, ainda situações para resolver com a ANA Vinci. E são essas [questões] que estão pendentes e um acordo só está fechado quando estiver fechado com as três partes”, esclareceu.

As três partes estão a negociar e a governante espera que “esteja para breve” um acordo entre as entidades envolvidas, não se pronunciado sobre os detalhes. Sublinhou que “as negociações estão no bom caminho, mas qualquer negociação só é fechada quando as três partes chegarem a acordo”.

Aquilo que nós negociámos com a Ryanair está no bom caminho”, afirmou, rejeitando, apesar da insistência dos jornalistas, em avançar com detalhes sobre as negociações em curso, sublinhado que “são entre as três partes”: “Isto é como na Europa. Só está resolvido quando todos estão de acordo. Neste momento, falta o acordo entre duas partes”.

Por parte do Governo Regional dos Açores, Berta Cabral admite que haja um “desfecho favorável” para o processo. “Espero que também haja um desfecho favorável na publicação rápida da portaria que tem a ver com a fixação da taxa de segurança que, se virem, é essa a questão fundamental que está nos dois artigos que foram publicados ontem [quarta-feira] na imprensa nacional”, acrescentou.

Sobre o assunto, o presidente da ANA, Thierry Ligonnière, disse aos jornalistas que a empresa Ryanair testa rotas e mantém apenas aquelas que lhe dão maior rentabilidade e “utiliza, muitas vezes, uma estratégia de negociação mais agressiva”. “A Ryanair mantém-se um parceiro importante, com quem gostamos de trabalhar e trabalhamos calmamente para definir as formas de aumentar a conetividade”, disse.

Salientou que as taxas da ANA são publicadas no site da empresa e as taxas de Ponta Delgada “são as mais baixas de todos os aeroportos da rede da ANA em Portugal”, mas a Ryanair tem “razão” relativamente à taxa de segurança.

A ANA propôs uma redução de 3,54 euros para 1,80 euros por passageiro, mas para ser aplicada depende “de uma portaria que ainda não foi concretizada” e não da empresa. Thierry Ligonnière referiu que a ANA está a trabalhar com o Governo da República para que a portaria “seja implementada rapidamente”, por reconhecer que é “o foco principal da problemática” com a Ryanair em todo o país e, em particular, nos Açores.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Lucro do Grupo Ramada cai 46,1% para 5,4 milhões no primeiro semestre

  • Lusa
  • 27 Julho 2023

O grupo afirma que "a instabilidade do mercado e os stocks muito elevados ao longo da cadeia de distribuição fazem antever um segundo semestre com condições externas ainda mais desafiantes".

O grupo Ramada obteve lucros de 5,4 milhões de euros na primeira metade deste ano, menos 46,1% do que no mesmo período de 2022, foi anunciado esta quinta-feira

Num comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), o grupo Ramada afirma que “a instabilidade do mercado e os stocks muito elevados ao longo da cadeia de distribuição fazem antever um segundo semestre com condições externas ainda mais desafiantes do que as verificadas no primeiro semestre”.

“Apesar do ambiente desafiante que atravessamos, continuaremos o nosso caminho de melhoria contínua em busca de maior eficiência, atentos, por um lado, aos movimentos da indústria automóvel e, por outro, à gestão de vendas e stocks“, adianta o grupo Ramada no comunicado.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Presidente de Moçambique quer impulsionar cooperação económica com a Rússia

  • Lusa
  • 27 Julho 2023

"Apoiamos o incremento das trocas comercias e intercâmbios empresariais bem como a necessidade de concretizar os instrumentos de cooperação existentes", disse o presidente moçambicano.

O Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, incentivou esta quinta-feira a um “maior investimento empresarial” de forma a “impulsionar” a cooperação económica com a Rússia, após se reunir em São Petersburgo com o homólogo russo, Vladimir Putin.

Reuni-me esta tarde em São Petersburgo com o Presidente Putin, onde trocamos informações sobre a situação nos nossos dois países e o estágio da nossa cooperação bilateral. Incentivamos maior investimento empresarial para impulsionar a cooperação económica de modo a sustentar com ações concretas as relações de amizade, num ambiente de respeito mútuo”, escreveu Filipe Nyusi, numa mensagem na sua conta oficial na rede social Facebook.

“Para este fim apoiamos o incremento das trocas comercias e intercâmbios empresariais bem como a necessidade de concretizar os instrumentos de cooperação existentes”, afirmou ainda. O chefe de Estado moçambicano, Filipe Nyusi, realiza desta quinta e até sábado uma “visita de trabalho” à Federação Russa, a convite do homólogo russo, Vladimir Putin, divulgou a Presidência da República de Moçambique, em comunicado.

Nesta visita, o Presidente moçambicano participou na II Cimeira Rússia-África, a decorrer em São Petersburgo, sob o lema “Em prol da Paz, Segurança e Desenvolvimento”. “No prosseguimento da minha agenda de trabalho na Federação da Rússia, ainda no fim desta manhã participei na abertura do Fórum Económico e Humanitário, que visa impulsionar aspetos de economia e fazer face aos desafios humanitários”, descreveu Filipe Nyusi, na sua mensagem.

“A participação do Presidente Nyusi nesta cimeira tem em vista o reforço das relações de amizade, solidariedade e cooperação entre a Rússia e o continente africano em vários domínios de interesse mútuo, bem como ao nível bilateral”, de acordo com o comunicado da Presidência.

Fontes do Kremlin já tinham indicado anteriormente estar prevista uma reunião entre os chefes de Estado russo e moçambicano à margem desta cimeira. A Lusa avançou na quarta-feira que o Presidente moçambicano era um dos chefes de Estado presentes na cimeira Rússia-África. Anteriormente, analistas moçambicanos consideraram que o encontro entre os presidentes de Moçambique e da Rússia vai servir para reafirmar a neutralidade do país no conflito russo-ucraniano, além de reforçar a cooperação bilateral.

Os Presidentes de Moçambique, Comores, Zimbabué, Burundi, Eritreia e Uganda tinham previstos para encontros com o chefe de Estado russo, à margem da cimeira, anunciou a imprensa russa. A Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, partido no poder desde a independência) foi um aliado de Moscovo durante o tempo da ex-URSS, tendo recebido apoio militar durante a luta contra o colonialismo português e ajuda económica depois da independência, em 1975.

O Presidente russo vai receber para esta cimeira os representantes de 49 dos 54 países africanos, incluindo 17 chefes de Estado, depois de criticar aquilo que chamou de “pressões sem precedentes” por parte dos Estados Unidos e de França para os países africanos não participarem.

Espera-se desta segunda cimeira que a Rússia e os países africanos assinem um “plano de ação até 2026” e uma série de documentos bilaterais, como anunciou o Kremlin, tentando que a relação vá além dos acordos na área da defesa e venda de armas, que resumem, na maioria dos casos, até hoje a relação de Moscovo com África.

Contudo, para Moscovo, o mais importante, segundo analistas internacionais ouvidos pela Lusa, é mostrar um entendimento com os Estados africanos, apesar do conflito na Ucrânia, que alguns condenaram na ONU, e do fim do acordo dos cereais.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Mais de 240 candidatos a 27 vagas de TI para executar PRR

As candidaturas decorrem até ao final de julho. Em setembro, abre novo concurso para profissionais de TI para preencher outras 21 vagas.

O Instituto de Gestão Financeira e Equipamentos da Justiça (IGFEJ) já recebeu mais de 240 candidaturas para preencher 27 postos de trabalho relacionados com a execução, gestão, monitorização e reporte de projetos financiados pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). As candidaturas decorrem até ao final de julho. Em setembro, abre novo concurso para profissionais de TI para preencher 21 vagas.

Prevê-se que o “ingresso dos novos trabalhadores ocorra até ao final do ano, na modalidade de contrato de trabalho em funções públicas a termo resolutivo incerto, para o período de execução dos projetos PRR”, informa o Governo em comunicado, apontando que este conjunto de contratações corresponde a um investimento de 5,1 milhões de euros, apoiado pelo PRR.

As vagas destinam-se a perfis em informática (ciência e análise de dados) – 16 vagas – inovação (gestão da inovação, consultoria estratégica e funcional) – oito vagas – e webdesign (três vagas). As candidaturas decorrem até 31 de julho.

Os interessados no processo de contratação do IGFEJ, em curso, devem consultar os Avisos publicados no site deste instituto e formalizar a candidatura através do preenchimento de formulário próprio, disponível online na Bolsa de Emprego Público.

“A partir de setembro, o reforço de trabalhadores na área tecnológica terá continuidade, estando já previsto um novo processo de recrutamento de 21 trabalhadores na área de informática, ao abrigo do regime do contrato individual de trabalho (CIT)“, informa ainda o Governo.

Mais de 119 milhões da dotação de 321,9 milhões do PRR, destinada à componente Justiça Económica e  Ambiente  de  Negócios (C18) e à expansão do sistema de informação do cadastro simplificado e universalização do BUPi – Balcão Único do Prédio (C8), estão já contratualizados ou no mercado, o que corresponde a 37% do total alocado a estas duas componentes sob a alçada da Justiça, destaca o Governo

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Mário Cruz entra para a administração executiva da TAP

O conselho de administração da TAP aprovou esta quinta-feira a nomeação de Mário Cruz para a comissão executiva, informou a companhia aérea.

O conselho de administração da TAP aprovou esta quinta-feira a nomeação de Mário Cruz para a comissão executiva, informou a companhia aérea em comunicado. O gestor, que liderava a direção de vendas, é o novo chief commercial and revenue officer.

“O Conselho de Administração da TAP deliberou eleger o Senhor Eng.º José Mario Cruz Henriquez como membro da Comissão Executiva da TAP, para o período remanescente do mandato em curso (quadriénio 2021/2024), com efeitos a contar da presente data”, refere o comunicado.

Mário Chaves é o novo chief commercial and revenue officer da TAP.

Mário Cruz vem substituir Sílvia Mosquera Gonzalez, que em março renunciou ao cargo, após a saída da antiga CEO, Christine Ourmières-Widener. O Expresso avançou a semana passada a escolha de Mário Cruz, referindo no entanto que este ficaria fora da comissão executiva. O conselho de administração aprovou agora a sua integração.

Antes de entrar para a TAP, em novembro de 2021, Mário Cruz esteve oito anos na colombiana Avianca, onde ocupou vários cargos, chegando a vice-presidente de pricing-revenue management. Licenciado em engenharia industrial, fez um MBA na Pontifica Universidad Católica do Chile entre 2004 e 2006.

Com a entrada de um sexto membro, a comissão executiva liderada por Luís Rodrigues passa a ter a seguinte composição:

  • Gonçalo Neves da Costa Monteiro Pires (administrador financeiro)
  • Sofia Norton dos Reis Lufinha de Mello Franco (administradora responsável pelo serviço a clientes)
  • Mário Rogério Carvalho Chaves (administrador responsável pelas operações)
  • Maria João Santos Gomes Cardoso (administradora responsável pela manutenção)
  • José Mario Cruz Henriquez (administrador responsável pelas vendas)

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Metro de Lisboa com “seis carruagens” e “aumento da frequência dos comboios” durante JMJ

Metro de Lisboa vai reforçar a partir deste sábado a oferta "em todas as linhas", estando previsto um "aumento da frequência" e a utilização de comboios de "seis carruagens".

O Metro de Lisboa vai reforçar a partir deste sábado a oferta “em todas as linhas”, estando previsto que sejam utilizados comboios de “seis carruagens”, bem como um “aumento da frequência” dos mesmos. Haverá também um reforço de pessoal, no âmbito da Jornada Mundial da Juventude, que decorre de 1 a 6 de agosto na capital.

O reforço da oferta em todas as linhas ocorrerá durante todo o horário de exploração (das 06h30 às 01h00) e será efetuado através da utilização de comboios de seis carruagens, do aumento da frequência dos comboios e da consequente redução dos tempos de espera“, adianta o Metropolitano de Lisboa.

De notar que a ministra adjunta e dos Assuntos Parlamentares já tinha referido que está previsto “um reforço da oferta de transporte públicos para a Área Metropolitana de Lisboa “em mais de 11% garantindo mais de sete mil viagens no total” durante a JMJ.

Por outro lado, o Metro sinaliza que haverá também um reforço do pessoal “nas estações para apoio aos clientes nas estações onde se prevê maior afluência no âmbito da JMJ, designadamente no Aeroporto, Oriente, Alameda, São Sebastião, Campo Grande, Cais do Sodré, Marquês de Pombal, Restauradores, Santa Apolónia e Entre Campos“. Estas medidas entram em vigor no sábado e terminam a 6 de agosto, dia em que termina a JMJ.

As estações da Avenida, Marquês de Pombal, Parque e Picoas vão estar encerradas a 1, 3 e 4 de agosto, a partir das 11h ” até ao final da exploração (01h00)”. De notar que no plano de mobilidade apresentado pelo Governo, a encerramento da estação de Picoas não constava, mas sim o dos Restauradores.

Já a estação de Moscavide vai encerrar dia 6 de agosto, a partir do 12h00. “Os horários e estações indicadas poderão sofrer alterações de acordo com as indicações das forças de segurança e da organização do evento”, alerta ainda o Metro.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

EUA vão partilhar com o TPI dados sobre crimes de guerra na Ucrânia

  • Lusa
  • 27 Julho 2023

A decisão marca uma mudança na política que os Estados Unidos tradicionalmente mantêm com o TPI, do qual o país não faz parte.

Os EUA vão começar a compartilhar com o Tribunal Penal Internacional (TPI) informações sobre crimes de guerra alegadamente cometidos por tropas russas na Ucrânia, admitiu esta quinta-feira uma fonte governamental.

A decisão marca uma mudança na política que os Estados Unidos tradicionalmente mantêm com o TPI, do qual o país não faz parte e que vários governos criticaram por iniciar investigações sobre crimes cometidos por tropas norte-americanas em outros países, como o Iraque.

O Presidente Joe Biden tomou a decisão nos últimos dias e comunicou-a recentemente ao Congresso norte-americano, onde tanto Democratas como Republicanos têm pressionado para que a Rússia seja responsabilizada pelos crimes cometidos na Ucrânia.

Desde o início da invasão russa da Ucrânia, em fevereiro de 2022, as agências de informações dos EUA têm coligido informações sobre diferentes tipos de atrocidades, mas, até agora, partilharam os dados com procuradores da Ucrânia. A pedido de quase 40 países, a Procuradoria do TPI abriu em março de 2022 uma investigação sobre crimes de guerra e crimes contra a humanidade cometidos por forças russas na Ucrânia.

No entanto, o TPI tem uma capacidade limitada para investigar crimes cometidos na Ucrânia, já que nem Kiev nem Moscovo ratificaram o Estatuto de Roma, o tratado fundador do Tribunal.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Itália e Grécia são os países mais afetados no sul da Europa por vaga de incêndios

  • Lusa
  • 27 Julho 2023

Em Itália, o pior cenário encontra-se na ilha da Sicília, onde nos últimos dois dias arderam 700 hectares de área arborizada em 338 incêndios.

Itália e Grécia são, até agora, os países mais afetados, em termos de área ardida, pelos incêndios que estão a assolar no final deste mês vários países mediterrânicos, tanto no sul da Europa como no norte de África.

Em Itália, o pior cenário encontra-se na ilha da Sicília, onde nos últimos dois dias arderam 700 hectares de área arborizada em 338 incêndios que causaram danos no valor de 60 milhões de euros, segundo uma primeira estimativa da Proteção Civil local, a que se juntam mais 200 milhões de euros, quantificados pelo setor agrícola. Os incêndios verificados na região coincidem com uma vaga de calor com o registo de temperaturas superiores a 45 graus.

Esta quinta, cerca de 30 incêndios ainda estão ativos, embora a situação tenha melhorado na província de Messina, com a exceção de alguns focos nos territórios de Santa Teresa, Letojanni e Savoca, enquanto em Mandanici a situação “está sob controlo”,

No entanto, várias famílias viram as suas casas destruídas, bem como testemunharam os muitos hectares de património florestal que foram queimados pelo fogo e os danos provocados pelas chamas nos sistemas de iluminação, telefone e água.

Também em Palermo, os incêndios continuam e os aviões de combate sobrevoam a zona arborizada de Altofonte, enquanto o vale do Fico arde há dois dias, apesar de os bombeiros garantirem que o fogo está controlado. Na mesma província, as chamas não pouparam o parque arqueológico de Segestan, cujos arredores foram queimados, embora o templo e o teatro de influência grega tenham sido poupados no incidente que, segundo o presidente da região siciliana, Renato Schifani, teve mão criminosa.

A Grécia é o outro país do sul da Europa mais afetado até agora neste verão, com grandes incêndios em todo o país e novos focos na zona interior, enquanto as chamas nas ilhas de Rodes, Corfu e Evia continuam fora de controlo.

A frente que mais preocupa as autoridades é a que começou na quarta-feira cinco quilómetros a oeste de Volos, no centro da Grécia, em que as chamas atingiram parte de um paiol de munições, que explodiu, obrigando à retirada de grande parte dos habitantes da Nea Anghialos, uma localidade próxima daquela cidade de cerca de 150.000 habitantes.

Segundo o porta-voz dos bombeiros locais, Iannis Artopios, as chamas estão já a ser combatidas por sete aviões e três helicópteros. O fogo, além de também ameaçar a zona industrial da cidade, obrigou a população de pelo menos nove aldeias costeiras a deixar as respetivas casas na madrugada de quarta-feira.

De acordo com o ministro da Proteção Civil e da Crise Climática, Vassilis Kikilias, nos últimos dez dias, a Grécia foi atingida por um total de 594 incêndios que, além dos danos materiais e ambientais, causaram até agora cinco mortes. Em Rodes, já arderam cerca de 16.000 hectares de floresta, várias casas foram queimadas e um número não quantificado de animais morreu, enquanto 19.000 pessoas, 7.000 delas turistas, tiveram de ser retiradas.

Em Evia, na noite de quarta-feira reacendeu-se uma grande frente em torno da cidade costeira de Caristo, enquanto em Corfu, no noroeste da Grécia, outro grande incêndio florestal continua fora de controlo.

A Espanha também está a enfrentar vários incêndios este mês, embora até agora não tenham atingido os níveis devastadores do ano passado: um dos últimos a ser extinto foi em Santa Colomba de Curueño (Castela e Leão) hoje de manhã. No arquipélago das Canárias, o foco de incêndio declarado na terça-feira no cume da Gran Canaria foi controlado.

No entanto, as equipas de bombeiros estão a trabalhar para combater a reativação do incêndio que deflagrou na ilha de La Palma a 15 de julho e que arde novamente no Parque Nacional da Caldeira de Taburiente, numa zona de difícil acesso.

No norte de África, as autoridades argelinas confirmaram o controlo de todos os incêndios que afetaram sobretudo a região de Cabília, que provocaram no país pelo menos 40 mortos e mais de 300 feridos, além de danos materiais. Na Tunísia, a Unidade Militar de Emergência (UME) espanhola, apoiada por dois aviões de combate a incêndios da Força Aérea, controlou hoje o último foco ativo na província tunisina de Tabarka.

Desde segunda-feira, a Tunísia registou 14 focos em oito regiões, com pelo menos uma vítima mortal, sendo a floresta de Malloula a zona mais afetada devido à sua localização: de frente para o mar, numa área exposta a ventos fortes e a temperaturas elevadas que ultrapassaram os 50 graus em várias partes do território.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Vista Alegre passa de prejuízos a lucros nos primeiros seis meses do ano

  • Joana Abrantes Gomes
  • 27 Julho 2023

A empresa continua a registar resultados líquidos positivos em 2023. O EBITDA subiu mais de 30%, mas o volume de negócios caiu 5,3%.

A Vista Alegre Atlantis registou um lucro de 4,6 milhões de euros no primeiro semestre deste ano, em comparação com o resultado líquido negativo de 77 mil euros que teve no mesmo período de 2022.

De acordo com o comunicado enviado pela empresa à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), entre janeiro e junho, o volume de negócios ascendeu a 64,3 milhões de euros, menos 5,3% face ao semestre homólogo.

Nas vendas, destaca-se o canal Horeca (hotelaria e restauração), que registou um aumento de 27%, enquanto as geradas pelos produtos Vista Alegre e Bordallo Pinheiro, considerando o retalho físico e online, a nível nacional e internacional, cresceram 5,9%.

O EBITDA (resultado antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) da empresa detida pelo grupo Visabeira subiu 31,3% em relação ao primeiro semestre do ano passado, atingindo os 14,7 milhões de euros, enquanto a margem EBITDA passou de 16,5% para 22,9% neste período.

Segundo a Vista Alegre, a “gestão eficiente” das suas operações e a “evolução favorável” nas vendas da Vista Alegre e da Bordallo Pinheiro permitiram melhorar os resultados.

Nos diferentes segmentos, as vendas de porcelanas registaram um crescimento homólogo de 7,5% no semestre, as de faiança subiram 10,4% e as de cristal e vidro aumentaram 4,1%. O grés foi o único produto que teve uma queda na faturação, de 19,7%, devido à “redução verificada na venda de produtos de private label, ao nível do grés de forno”.

O mercado externo teve um peso de 73,6% no volume de negócios da empresa portuguesa, com 47,3 milhões de euros em vendas, destacando-se os contributos de Brasil, Estados Unidos, França, Espanha, Alemanha e Itália.

A dívida líquida consolidada da Vista Alegre Atlantis subiu de 69,3 milhões de euros no final do quarto trimestre de 2022 para 71,6 milhões de euros no primeiro semestre deste ano, mas “a boa performance operacional levou à melhoria do rácio de dívida líquida sobre EBITDA”.

Entre janeiro e junho, o grupo registou um resultado operacional de 8,5 milhões de euros, 281% acima do valor registado no período homólogo.

(Notícia atualizada às 18h53)

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Lucros da Sonae caem 41,6% no primeiro semestre para 69 milhões

O volume de negócios do grupo Sonae aumentou 12% nos primeiros seis meses, mas a margem de rentabilidade recuou ligeiramente.

A Sonae fechou o primeiro semestre com um lucro de 69 milhões de euros, menos 41,6% do que no mesmo período do ano anterior. O volume de negócios cresceu 12% para 3,83 mil milhões, mas a margem de rentabilidade caiu ligeiramente devido ao aumento dos custos.

“Em termos de desempenho operacional, as nossas equipas continuaram a trabalhar arduamente para mitigar os impactos da inflação nos consumidores e oferecer a melhor qualidade aos preços mais baixos, tendo sido capazes de reforçar as posições de liderança de mercado do Continente e da Worten”, afirma a CEO, Cláudia Azevedo, no comunicado de imprensa divulgado esta quinta-feira.

Durante o segundo trimestre de 2023 os negócios da Sonae continuaram a enfrentar um contexto macroeconómico desafiante, com a inflação persistentemente elevada e uma pressão significativa ao nível dos custos”, nota o grupo.

O crescimento de 12% do volume de negócios do semestre deveu-se sobretudo ao desempenho da Modelo Continente (MC) e da Worten, que ganharam quota de mercado, aponta a Soane. As vendas cresceram 13,1% na MC, para 3.048 milhões, e 6,9% na Worten, para 557 milhões de euros, com o canal online a representar mais de 15% das vendas totais. No imobiliário, a Sonae Sierra viu o resultado líquido crescer dez milhões para 38 milhões.

O resultado antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (EBITDA) aumentou 9,5% para 350 milhões de euros. Já a margem EBITDA recuou duas décimas para 9,1%, o que a Sonae atribui à absorção de parte das pressões inflacionistas.

Os lucros recuaram 41,6% para 69 milhões, com o agravamento das depreciações, amortizações, provisões e imparidades para 196 milhões e deterioração de 37,3% do resultado financeiro para os 59 milhões negativos.

A Sonae prosseguiu com a sua estratégia ativa de gestão de portefólio nos primeiros seis meses do ano. A MC chegou a acordo com os acionistas da Druni e da Arenal para a combinação das duas empresas, negócio que “criará um operador líder no segmento de saúde, bem-estar e beleza na Ibéria”, com vendas na casa dos 800 milhões. O fecho da operação está previsto para o segundo semestre de 2023.

A Bright Pixel continuou a reforçar o seu portefólio, com três novos investimentos no segundo trimestre, totalizando seis este ano. Conta já com mais de 40 empresas participadas.

Já em julho, a Sonae anunciou que vai sair da aliança de moda desportiva Iberian Sports Retail Group (ISRG), que integrava ainda os britânicos do JD Group e a família Segarra (espanhóis da Balaiko, donos da Sprinter). O grupo liderado por Cláudia Azevedo vai vender a posição de 30%, obtendo um encaixe financeiro de 300 milhões de euros e uma mais-valia estimada de 175 milhões.

A dívida líquida reduziu-se ligeiramente, em termos homólogos, dos 1.103 para os 1.067 milhões de euros.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

As razões de Carlos Alexandre para a prisão domiciliária dos arguidos do caso Altice

O juiz Carlos Alexandre sublinha que Armando Pereira colocou Hernâni Antunes "no centro do coração dos negócios da Altice em múltiplas oportunidades, como o próprio Hernâni o reconhece".

Se Armando Pereira, cofundador da Altice e o seu braço direito, Hernâni Antunes, ficassem em liberdade, seria dificultada a obtenção de prova e a sua veracidade bem como a probabilidade dos arguidos mudarem as suas versões. Estes são os fundamentos principais escolhidos pelo juiz de instrução Carlos Alexandre ao ter aplicado a prisão domiciliária aos dois principais arguidos da chamada Operação Picoas.

Em causa estão suspeitas de “viciação do processo decisório do Grupo Altice, em sede de contratação, com práticas lesivas das próprias empresas daquele grupo e da concorrência”, que apontam para corrupção privada na forma ativa e passiva. O Estado terá também sido prejudicado com uma fraude fiscal “superior a 100 milhões de euros”.

No despacho – a que o ECO teve acesso – o magistrado sublinha que Armando Pereira colocou Hernâni Antunes “no centro do coração dos negócios da Altice em múltiplas oportunidades, como o próprio Hernâni o reconhece, sendo por isso evidentes os perigos, não só de se liberalizarem os contactos de todos estes senhores, entre si, como também de se lhes permitir uma liberdade ambulatória que lhes permita exatamente forjar explicações ou, no limite, eximirem-se à ação da justiça”.

Ou seja: os fundamentos de forte perturbação do inquérito a decorrer, bem como o perigo de fuga. Assim, os arguidos ficaram sujeitos, cumulativamente, às seguintes medidas de coação: Termo de Identidade e Residência (TIR), proibição de contactos entre si e com todos os cidadãos e empresas mencionados no despacho de indiciação (com exceção de Cristina Couto, Melissa Antunes e Vânia Couto, com relação a Armando Pereira) e ainda a Obrigação de Permanência na Habitação. Esta prisão domiciliária que será controlada por guardas da GNR, colocados à porta de sua casa.

O Ministério Público (MP) tinha pedido prisão preventiva para o arguido Hernâni Vaz Antunes. E em relação a Armando Pereira, Rosário Teixeira propôs ao juiz de instrução criminal Carlos Alexandre a aplicação de prisão domiciliária, que foi aplicada pelo juiz, podendo esta medida ser convertida ou substituída por uma caução de dez milhões de euros. Uma proposta que já não foi atendida por Carlos Alexandre.

As razões no caso de Armando Pereira

Diz então Carlos Alexandre que Armando Pereira “não é só um homem rico mas o certo é que para os padrões do homem comum, do homem médio, que se rege pelas regras da experiencia comum e da normalidade do acontecer, um homem que viaja em jato privado, tem casas em várias geografias, onde dispõe de contas bancárias e até um regime especial do ponto de vista fiscal”, se tiver que escolher, neste momento, aonde escolheria residir, “num qualquer paraíso aonde possa obviar à Interpol ou à Europol ou em Portugal?!”, questiona o juiz.

Além deste perigo de fuga, o arguido “tem capacidade para, servindo-se de todas as fidelidades que granjeou ao longo das últimas décadas na Altice, onde ao contrário do que dizem as fontes abertas, nas quais se refere que já não detém qualquer comparticipação social naquela multinacional, o próprio diz que tem 22% do capital societário, pode com facilidade conformar explicações e continuar a sua atividade de facilitação”.

Sublinhando que o perigo de perturbação do inquérito é “elevado”, já que só em “fase adiantada do interrogatório é que o arguido foi reconhecendo saber que as empresas que lhe foram sendo elencadas eram do arguido Vaz Antunes”.

O cofundador da Altice e chairman da PT, Armando Pereira, durante a intervenção na sessão de apresentação da Altice Labs, centro de inovação do grupo Altice, com sede e coordenação em Portugal, Aveiro, 20 de janeiro de 2016. PAULO NOVAIS/LUSAPAULO NOVAIS/LUSA

Acresce ainda que, embora o cofundador da Altice não ocupe formalmente qualquer cargo no Grupo “tem enorme capacidade de determinação das diversas administrações das empresas que constituem o Grupo mesmo face às movimentações em curso na Administração da Altice e em resultado da lealdade dos que foram por si designados”.

Essa capacidade de determinação e influência no seio da Altice constitui um “claro perigo de perturbação do inquérito, uma vez que se indicia que o arguido poderá determinar a destruição de documentos que ainda não tenham sido apreendidos e condicionar os seus colaboradores nas declarações ainda a prestar no âmbito do inquérito”.

Carlos Alexandre – no seguimento do que foi apresentado pelo Ministério Público (MP) – diz que o perigo de continuação da atividade criminosa, “embora exista”, parece agora “estar mais mitigado em face das movimentações efetuadas dentro do Grupo Altice, com o afastamento de muitos dos intervenientes em investigação e com a apertada vigilância que a contratação passará a ter, nomeadamente, por parte do sócio maioritário, Patrick Draghi.

Por isso, “entendemos que não é, neste momento, suficiente a aplicação de uma medida de coação não privativa da liberdade, ainda que não executada em ambiente prisional, mas sim na habitação do arguido em território nacional”.

E no que toca a Hernâni Antunes, o principal arguido?

Neste caso, o magistrado relembra que este foi o arguido que “não se apresentou nem deu notícia de onde se encontrava, até à noite de 14 de julho, altura em que o seu advogado contactou as autoridades e o arguido veio a apresentar-se e a ser detido e conduzido a Lisboa”, escreve Carlos Alexandre. Que não deixa de elogiar ou referir os argumentos do advogado Rui Patrício, sócio da Morais Leitão, que tem razão quando “diz que o papel de Hernâni e a correspondência com a atuação de Armando não são muito diferentes”, como também, aos olhos do juiz de instrução criminal, não são diferentes os perigos apontados pelo MP e que o juiz reconhece.

Tem ainda “razão o advogado de Hernâni Antunes quando diz que Hernâni colaborou e até estranhou a distanciação que Armando Pereira quis fazer de si quando para tudo o que necessitou, seja a disponibilização de casas, de cozinheiros, de cartões para uso de senhoras das relações de Armando Pereira, ou, ainda, para forjar faturas, a beneficio do genro de Armando Pereira ou do pai deste, a tudo se predispôs, até para comprar um carro para uma das senhoras, por forma a que Armando Pereira nunca se expusesse. Interroga-se o JIC se isto não é fidúcia o que é?!“, questiona, retoricamente.

Carlos Alexandre reforça ainda a colaboração do braço direito de Armando Pereira ao longo de quase três dias, “esclarecendo a sua participação pela forma que entendeu ser a mais adequada também aos seus interesses, mas o facto é que, em alguns casos de que foi feliz exemplo a repartição dos ganhos da comissão pelos direitos televisivos, o arguido foi além do que a indiciação permitia inferir”.

Porém, isso não impede que, também quanto a ele, “ocorram possibilidades de se ausentar do território nacional agora que é conhecedor dos factos e das dosimetrias penais que lhe correspondem, e bem assim, a esta data não podemos corroborar se é ou não ontologicamente impossível continuar a atividade qualquer que ela seja. O senhor Hernani Antunes é uma pessoa com uma facilidade de estabelecer contactos e granjear simpatias a todos os títulos notável, como se alcança da prova indiciária recolhida e do teor sonoro do seu interrogatório”.

É por isso que Carlos Alexandre considerou “adequada, proporcional e suficiente” para garantir os perigos invocados pelo MP, da prisão domiciliária aplicada a ambos os arguidos.

O juiz Carlos Alexandre à saída da casa do advogado Duarte Lima. Duarte Lima e o filho Pedro Lima foram detidos esta manhã pela Polícia Judiciária, devido a um caso de alegada fraude em que são suspeitos de envolvimento no desvio de 44 milhões de euros do BPN, 17 novembro, em Lisboa.JOSÉ SENA GOULÃO / LUSA

Por fim, quanto ao arguido Vaz Antunes, o tribunal entende “que o perigo de perturbação do inquérito é muito elevado e foi mesmo já consumado”. Na verdade, “o arguido terá sido alertado para o risco de vir a ser buscado e encarregou algumas das pessoas próximas, desde logo o arguido Gil Loureiro, de eliminar e ocultar elementos de prova que lhe pudessem ser desfavoráveis, continuando mesmo a verificar-se a ausência dos locais de residência relativamente a alguns dos seus colaboradores”.

Por outro lado, é “notória a capacidade de o arguido condicionar a determinação dos seus colaboradores, uma vez que vivem na sua dependência económica, o que poderá inviabilizar o sucesso de qualquer futura diligência de inquérito a efetuar, podendo, inclusive, com os meios financeiros que tem ao seu dispor tentar colocar esses mesmos colaboradores fora de Portugal, ou pura e simplesmente, entregar significativas como contrapartida do seu silêncio e ausência”.

É certo que o arguido “confessou grande parte dos factos que lhe vinham imputados e identificou beneficiários de muitos dos pagamentos indevidos que realizou para ganhar mercados e contratos. No entanto, como já acima referido, verifica-se uma dualidade de comportamentos, uma vez que ao mesmo tempo que confessa pagamentos indevidos a favor de Benchtrit e de Boubazine, se constata que lhes terá permitido a fuga, dado se evidenciar que estes dois últimos se encontravam em Portugal, juntos com o HERNÂNI, na data em que se iniciaram as diligências de busca. Por sua vez, o perigo de continuação da atividade criminosa é evidente e resulta, desde logo, das próprias declarações do arguido”.

Qualquer medida não privativa da liberdade, “como a obrigação de apresentação periódica e simples proibição de contactos, são, nesta fase, completamente desadequadas, já que não permitem fazer face ao perigo de continuação da atividade criminosa, ao perigo de perturbação do decurso do inquérito e ao perigo de fuga”.

Os restantes arguidos na Operação Picoas

À arguida Jéssica Antunes, filha de Hernâni Vaz Antunes, foi-lhe aplicada a obrigação de apresentações bissemanais na esquadra da PSP próxima da sua residência, proibição de se ausentar de Portugal, com apreensão de passaporte, proibição de contactos com os arguidos Armando Pereira, Ricardo Sobral, Duarte Loureiro e Gil Loureiro e com todos os colaboradores de todas empresas do seu pai e do Grupo Altice (incluindo os que foram, entretanto suspensos), proibição da prática de atos de administração, incluindo de movimentação de contas em bancos dos Emirados Árabes Unidos e ainda a prestação de caução de 500 mil euros.

O arguido Gil Loureiro fica sujeito, cumulativamente a obrigação de apresentações bissemanais na esquadra da PSP, proibição de se ausentar, com entrega do seu passaporte, proibição de contactos com os arguidos Armando Pereira, Ricardo Sobral e Jéssica Antunes e, bem assim, com todos os colaboradores de todas empresas do arguido Hernâni Antunes, proibição de atos de administração, incluindo de movimentação de contas na República Dominicana e uma caução de 250 mil euros.

Carlos Alexandre decidiu ainda que seja comunicado ao SEF e à entidade gestora do helicóptero, que o arguido Armando Pereira tem à sua disposição em Guilhofrei, para apreender este “para local próprio”.

Em causa estão suspeitas de “viciação do processo decisório do Grupo Altice, em sede de contratação, com práticas lesivas das próprias empresas daquele grupo e da concorrência”, que apontam para corrupção privada na forma ativa e passiva. O Estado terá também sido prejudicado com uma fraude fiscal “superior a 100 milhões de euros”.

O Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) do Ministério Público (MP), em colaboração com a Autoridade Tributária (AT), lançou no dia 13 de julho uma operação com cerca de 90 buscas domiciliárias e não domiciliárias.

Seis crimes de corrupção ativa agravada no setor privado, com referência a colaboradores da Altice (como Luís Alvarinho, Alexandre Fonseca), um crime de corrupção passiva no setor privado, com referência a decisões da Altice, quatro crimes de branqueamento de capitais e ainda crimes de falsificação de documentos, ainda não contabilizados na totalidade. Estes são os crimes imputados a Armando Pereira, cofundador da Altice.

Já Hernâni Vaz Antunes, braço direito de Pereira, terá contra si sete crimes de corrupção ativa agravada no setor privado (com referência a Armando Pereira e Alexandre Fonseca), oito crimes de fraude fiscal, seis crimes de branqueamento de capitais e ainda falsificação de documentos e falsas declarações, ainda não totalmente contabilizados. No total são mais de 35 crimes que o MP suspeita na chamada ‘Operação Picoas’.

Em causa estão ainda indícios de “aproveitamento abusivo da taxação reduzida aplicada em sede de IRC na Zona Franca da Madeira” através da domiciliação fiscal fictícia de pessoas e empresas, a que se soma a suspeita da utilização de sociedades offshore, indiciando os crimes de branqueamento e falsificação.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Lucros da Altri descem 60% para 28 milhões de euros no primeiro semestre

  • Joana Abrantes Gomes
  • 27 Julho 2023

Empresa destaca nível de investimento nos primeiros seis meses, de 36,2 milhões de euros, o que compara com 18,8 milhões no período homólogo.

A Altri fechou o primeiro semestre de 2023 com um lucro de 28 milhões de euros, uma descida de 59,8% face ao mesmo período do ano passado, informou a empresa, esta quinta-feira, à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). No segundo trimestre, o resultado líquido agravou-se ainda mais (-79% em termos homólogos), atingindo 8,4 milhões de euros.

Este desempenho é reflexo do “reconhecimento da parte ineficaz da variação negativa no justo valor de um CFD contratado para a cobertura de flutuações no preço de compra de energia no longo prazo; do maior custo com juros, ainda que tenha sido em grande parte mitigado pelos ganhos dos instrumentos derivados associados ao hedge cambial; e do ganho não recorrente na venda de direitos de subscrição de ações no aumento de capital da Greenvolt obtido no período homólogo”, lê-se no comunicado.

Entre janeiro e junho deste ano, as receitas totais da empresa caíram 18,2% em relação aos primeiros seis meses de 2022, ascendendo a 426,6 milhões de euros. A papeleira justifica a quebra nas receitas com a “rápida evolução negativa dos preços da pasta Hardwood“, que, por sua vez, é consequência de “uma diminuição na procura global de pasta, que acabou também por afetar os volumes vendidos”.

As receitas também apresentaram uma redução no segundo trimestre, de 25,9%, comparativamente ao período homólogo, e uma quebra de 10,1% na variação em cadeia, totalizando 201,9 milhões de euros.

Segundo a empresa, depois de uma desaceleração no final de 2022 e de uma ligeira descida nos preços dos principais custos variáveis nos primeiros três meses deste ano, houve uma maior redução dos custos durante o último trimestre face ao período entre janeiro e março, em que se destaca a “evolução positiva do preços dos químicos, da energia elétrica e do gás natural, assim como do preço médio da madeira”.

Ao nível do EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), verificou-se um decréscimo de 37,9% nos primeiros seis meses do ano, para 81,2 milhões de euros, apesar da “evolução positiva ao nível dos custos”, enquanto a margem EBITDA reduziu-se em 6,1 pontos percentuais, para 19%. No segundo trimestre, o EBITDA atingiu os 31 milhões de euros, menos 55,5% face ao período homólogo e menos 38,2% em relação ao trimestre anterior.

Através da Biotek, da Caima e da Celbi, a Altri produziu 519,8 mil toneladas de fibras celulósicas no semestre, uma redução homóloga de 7,6% em resultado da paragem programada da principal unidade industrial do grupo – a Celbi – nos primeiros três meses do ano. Para outubro está programada a paragem para manutenção das unidades da Biotek e da Caima.

Entre abril e junho, a produção do Grupo Altri atingiu as 280,2 mil toneladas, praticamente em linha (-0,7%) com o trimestre homólogo, apresentando um acréscimo de 17% face ao trimestre anterior.

As vendas da empresa tiveram um recuo de 10,8% no primeiro semestre em relação aos primeiros seis meses de 2022, pressionadas pelo “efeito de destocking“, num total de 251,4 mil toneladas. No segundo trimestre, registou-se um volume de vendas de 274,2 mil toneladas, 5,7% abaixo do mesmo período do ano passado, mas 9,1% acima do trimestre anterior.

No primeiro semestre, o investimento do Grupo Altri cresceu 92,5%, num total de 36,2 milhões de euros, o que compara com 18,8 milhões no período homólogo, onde se incluem cerca de 14,2 milhões relacionados com a nova caldeira de biomassa para a Caima. Ao mesmo tempo, a dívida líquida ascendeu a 401 milhões de euros.

Em relação ao Projeto Gama, na Galiza, em que reitera que prevê anunciar a decisão final de investimento até ao fim deste ano, o grupo refere que “continua a trabalhar nas várias frentes para a tomada de decisão, nomeadamente no estudo de impacto ambiental, projeto de engenharia, viabilidade económica, estrutura de financiamento e acesso a fundos da União Europeia”.

O projeto Gama decorre de um memorando de entendimento assinado com a Impulsa, um consórcio público-privado da Comunidade Autónoma da Galiza, para estudar em exclusivo a construção de uma unidade industrial de raiz, com uma capacidade produtiva anual de 200.000 toneladas de pasta solúvel e fibras têxteis sustentáveis.

(Notícia atualizada às 18h59)

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.