Nomeação de Rui Baleiras para o regulador dos seguros arrisca ficar sem efeito

Governo em gestão não pode indicar nomes, a não ser por "vacatura do cargo e urgência". Ao abrigo desta norma, o líder da UTAO ainda pode ser designado, mas precisa de confirmação do futuro Executivo.

A nomeação do atual coordenador da Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO), Rui Nuno Baleiras, para o cargo de vice-presidente da Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF) arrisca ficar sem efeito, porque a lei não permite que um Governo em gestão designe pessoas para entidades reguladoras, a não ser por “vacatura do cargo e urgência”.

Ao abrigo desta norma, o Executivo de Luís Montenegro poderá designar Rui Nuno Baleiras, uma vez que o lugar de vice-presidente se encontra vago e também terá de justificar “a urgência”, ainda que essa função na ASF se encontre por preencher há muito tempo. Para além disso, o futuro Governo, que sair das eleições legislativas antecipadas, de 18 de maio, terá de confirmar a sua nomeação.

Também a designação de Paula Vaz Freire para o lugar de administradora, ocupado atualmente por Manuel Caldeira Cabral, pode ficar suspensa. No entanto, e assim que o antigo ministro da Economia sair do regulador dos seguros, uma vez que o mandato terminou no final do ano passado, a professora da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa poderá assumir as novas funções, mas precisa igualmente da validação do próximo Governo.

A lei-quadro das entidades administrativas independentes com funções de regulação da atividade económica dos setores privado, público e cooperativo determina que: “Não pode ocorrer a designação ou proposta de designação entre a convocação de eleições para a Assembleia da República ou a demissão do Governo e a investidura parlamentar do Governo recém-designado, salvo se se verificar a vacatura dos cargos em causa e a urgência da designação, caso em que as referidas designação ou proposta de designação de que não tenha ainda resultado designação dependem de confirmação pelo Governo recém-designado”.

No último Conselho de Ministros, antes de entrar em gestão, o Governo não aprovou as duas nomeações, até porque há vários passos que têm de ser dados antes, designadamente a votação dos pareceres da Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública (COFAP) no Parlamento.

Só esta quarta-feira, um dia antes da Assembleia da República ser dissolvida, é que os deputados irão apreciar os dois relatórios, cujo relator é o vice-presidente da bancada do PS, António Mendonça Mendes. Cumprida esta etapa, o Governo estaria então em condições de designar Rui Nuno Baleiras e Paula Vaz Freire para o conselho de administração da ASF.

“Já podíamos ter votado os pareceres na semana passada, mas o Chega pediu o adiamento potestativo”, lamentou o deputado e vice-presidente do grupo parlamentar do PSD, Hugo Carneiro, em declarações ao ECO. Ou seja, o Governo ainda poderia ter tido tempo para designar as duas personalidades, antes de ser demitido, após a rejeição da moção de confiança, a 12 de março.

O Ministério das Finanças foi questionado pelo ECO sobre estes dois processos de nomeação e se iria invocar a “vacatura dos cargos em causa e a urgência”, como prevê a lei, para designar Rui Nuno Baleiras e o Paula Vaz Freire mas até ao fecho deste artigo não obteve resposta. Ou seja, as duas nomeações podem concretizar-se ainda com este Executivo, sob pena de ser validado pelo novo Governo, ou só na próxima legislatura.

Neste momento, o conselho de administração da ASF é composto pela presidente Margarida Corrêa de Aguiar e dois administradores, Diogo Alarcão e Manuel Caldeira Cabral, encontrando-se vago o cargo de vice-presidente, para o qual Baleiras foi escolhido. Com a saída iminente de Caldeira Cabral, o regulador arrisca ficar com apenas dois elementos, não reunindo o quórum mínimo para deliberar. Daí que a designação de Paula Vaz Freire também possa avançar, dada a “vacatura do cargo e a urgência”.

“O conselho de administração é um órgão composto por um presidente e até três vogais, podendo ter ainda um vice-presidente, devendo ser assegurado, na sua composição, um número ímpar de membros”, de acordo com a lei-quadro dos reguladores.

Rui Nuno Baleiras é coordenador da UTAO, entidade que presta assessoria económica e orçamental à Assembleia da República, desde julho de 2018. É professor da Escola de Economia e Gestão da Universidade do Minho e foi secretário de Estado do Desenvolvimento Regional do Governo de José Sócrates entre 2005 e 2009.

Paula Vaz Freire foi diretora da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, entre 2020 e 2023, e conta com diversos livros e artigos científicos em Portugal e no estrangeiro, designadamente, nas áreas da concorrência e regulação económica.

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Subsídio de desemprego cortado a seis mil pessoas. Falta à convocatória foi o principal motivo

Aumentou o número de pessoas que viram anulada a sua inscrição no IEFP e, por isso, perderam subsídio de desemprego. Falta à convocatória dos serviços foi o principal motivo, segundo novo relatório.

Mais de seis mil pessoas perderam o subsídio de desemprego no último ano, por incumprimento dos deveres associados a essa prestação. De acordo com um novo relatório da Comissão de Recursos do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), a falta à convocatória dos serviços foi o principal motivo para a perda desse apoio. Os problemas nas entregas postais continuam a explicar uma “parte importante” dessas situações.

“Quanto à atividade dos serviços e centros de emprego, registaram-se 6.232 anulações de inscrição de desempregados subsidiados por incumprimento dos seus deveres, o que corresponde a uma subida de 15,3% face ao ano de 2023″, lê-se no relatório de atividades da referida comissão.

Desse total de anulações, mais de quatro mil (76%) dizem respeito a pessoas que não compareceram à convocatória dos serviços de emprego.

Já o segundo motivo mais comum foi a falta de controlo do dever de procura ativa de emprego (730 pessoas, o correspondente a 12% das anulações), seguindo-se a falta de comparência nas entidades de acompanhamento (330 pessoas, o que equivale a 5% das anulações) e a recusa de emprego conveniente (155 pessoas, o correspondente a 2,5% do total).

Entre os mais de seis mil desempregados que viram o subsídio anulado, 834 não se conformaram e recorreram à comissão do IEFP, sendo que, destes, mais de metade alegaram problemas com o recebimento das convocatórias por via postal.

Por exemplo, 151 pessoas alegaram não ter recebido a convocatória do centro de emprego por alteração de morada e 124 por falha dos CTT, conforme mostra o quadro abaixo.

A propósito, há vários anos que a Comissão de Recursos do IEFP vem realçando as falhas na entrega das convocatórias pelos correios e o relatório agora conhecido não é exceção. “Parte importante dos recursos que nos são apresentados anualmente continua a ter como fundamento alegados problemas nas entregas postais“, lê-se no documento.

Além dos problemas na distribuição postal propriamente dita e das alterações de morada, as residências precárias, os bairros degradados e as deficientes condições das caixas de correio dificultam a entrega das convocatórias pelos CTT, segundo o mesmo relatório.

O IEFP alerta também que “o crescimento destas situações não pode ser dissociado do aumento da população desempregada imigrante, da sua volatilidade geográfica e das condições em que residem”.

Por outro lado, 114 das 834 pessoas que reclamaram da anulação do subsídio de desemprego alegaram motivos de doença, enquanto 58 apontaram dificuldades com o serviço de notificações eletrónicas.

Maioria das decisões confirma anulação

Um desempregado lê os anúncios no Centro de Emprego da Amadora.JOAO RELVAS / LUSA

Dos mais de 800 recursos que deram entrada na comissão do IEFP, a maioria (quase sete em cada dez) confirmou a anulação do subsídio de desemprego.

Ainda assim, 79 pessoas viram os seus recursos deferidos, o que significa que o IEFP lhes deu expressamente razão. Além disso, em 142 dos casos, o IEFP decidiu-se pela extinção do recurso. “Somadas as decisões favoráveis em primeiro nível (recursos deferidos ou extintos) com as deliberações favoráveis em segundo nível, temos 244 recursos decididos a favor dos recorrentes, ou seja, 29,2%“, indica o IEFP.

O relatório permite também perceber o perfil do recorrente, sendo que a nacionalidade dessas pessoas permite à comissão de recursos, segundo a própria, “novas leituras sobre os fenómenos do desemprego no país“.

“A percentagem crescente de não nacionais entre os recorrentes em primeiro nível é de 40,9% (35% em 2023) e em segundo 44,6% (27% em 2023), muitos deles com dificuldades na língua portuguesa e condicionados na integração na sociedade e cultura portuguesas, na proporção direta do afastamento da sua cultura originária”, é sublinhado no relatório.

Esta realidade impõe novas estratégias das políticas públicas, não só no plano do emprego/formação profissional e da segurança social, como em outras áreas da governação, que permitam acolher e integrar, de direito e de facto, estes novos trabalhadores na sociedade portuguesa.

Comissão de recursos do IEFP

Segundo o IEFP, mesmo muitos dos cidadãos nacionais “são-no por aquisição, registando também dificuldades no seu relacionamento com as instituições e inserção social e profissional”.

Perante este cenário, a comissão de recursos defende que são precisas novas estratégias ao nível das políticas públicas no plano do emprego, formação profissional e da segurança social.

Notícia atualizada às 10h39

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Pedidos de regresso à Caixa Geral de Aposentações nas mãos do Tribunal Constitucional

Já há cinco sentenças a considerar que a lei interpretativa viola o princípio da confiança. Ao fim de três juízos nesse sentido, o Tribunal Constitucional tem de se pronunciar de forma geral.

Sede da Caixa Geral de Aposentações, em Lisboa, 19 de março de 2014. MÁRIO CRUZ / LUSAMÁRIO CRUZ / LUSA

O plenário do Tribunal Constitucional (TC) vai decidir se a lei interpretativa que limita o regresso de funcionários públicos à Caixa Geral de Aposentações (CGA) é inconstitucional, na sequência de cinco sentenças de primeira instância, a que o ECO teve acesso, que declararam a norma violadora do princípio fundamental da confiança. Ao fim de três juízos nesse sentido, o TC tem de se pronunciar de forma geral e abstrata, valendo para todas as situações.

Se a maioria dos 13 juízes do Palácio de Ratton confirmar as decisões, “a norma terá de ser eliminada do ordenamento jurídico”, explicou ao ECO o constitucionalista Tiago Duarte. Como consequência, todos os funcionários públicos que estavam na CGA, antes de 1 de janeiro de 2006, perderam, entretanto, a inscrição, por terem deixado de trabalhar para o Estado, e regressaram à Função Pública mais tarde vão poder reingressar, sem limitação alguma, na CGA. De sublinhar que o sistema de proteção social convergente é mais benéfico do que a Segurança Social, designadamente no pagamento da baixas médicas.

A CGA tem estado a rejeitar milhares de pedidos, sobretudo de professores que sofreram interrupções letivas por termo de contratos, o que os excluiu do sistema da CGA, ao abrigo de uma lei interpretativa, com origem no Governo e aprovada pelo Parlamento. Mas o Tribunal Administrativo e Fiscal de Penafiel já emitiu cinco sentenças, depois de recursos apresentados pela Federação Nacional de Professores (Fenprof), e concluiu que a norma é inconstitucional por “violação do princípio da confiança”, indicando que os trabalhadores em causa devem ser registados novamente na CGA. Estas decisões dizem apenas respeito às situações particulares de sete docentes, não podendo aplicar-se a todos os funcionários públicos.

Ao declarar a inconstitucionalidade da lei que limita a reinscrição na CGA, “o tribunal obriga o Ministério Público a recorrer para o Tribunal Constitucional e, até chegar a uma decisão, são suspensos os efeitos da sentença da primeira instância”, esclarece Tiago Duarte, professor de Direito Constitucional da Universidade Católica.

Se o TC validar as sentenças, de forma geral e abstrata, a norma cai. Caso contrário, terá de devolver os juízos ao tribunal para reverter a sua posição, obrigando a declarar a lei constitucional. O ECO já questionou o Palácio de Ratton sobre quantos recursos recebeu do Ministério Público e quando se irá pronunciar de forma geral e abstrata e aguarda resposta.

Perante as sentenças de inconstitucionalidade da regra que limita o regresso dos trabalhadores à CGA, a Fenprof já enviou um ofício à Provedoria de Justiça “solicitando pronunciamento sobre as dúvidas de constitucionalidade da Lei n.º 45/2024, de 27 de dezembro”, afirmou ao ECO o secretário-geral da federação sindical Mário Nogueira. “Fomos informados de que já estava criado um grupo de trabalho e que, muito em breve, a Provedoria de Justiça se iria pronunciar”, sublinhou. Ao ECO, a instituição, liderada pela provedora Maria Lúcia Amaral, afirmou apenas que, neste momento, está analisar o pedido da Fenprof.

Em fevereiro, quando o Governo ainda não tinha caído e estava em plenitude de funções, o ECO perguntou ao Ministério do Trabalho, que tutela esta área, se tencionava revogar o diploma face às sentenças de primeira instância. Mas, na altura, fonte oficial do gabinete da ministra Maria do Rosário Palma Ramal adiantou apenas: “O Governo não quer antecipar-se à declaração do Tribunal Constitucional, pelo que é prematura uma resposta”. Uma eventual proposta de alteração legislativa passará agora para as mãos do próximo Executivo que sair das eleições antecipadas de 18 de maio.

Violação do princípio da confiança

Em todas as cinco sentenças do Tribunal Administrativo e Fiscal de Penafiel relativamente aos recursos apresentados pela Fenprof para contestar a lei interpretativa e forçar a reinscrição de professores na CGA, a conclusão é a mesma: “Desaplica-se o número 2 do artigo 2.º da Lei n.º 45/2024 de 27 de dezembro por inconstitucionalidade”, devido à “violação do princípio da confiança”.

O artigo, declarado inconstitucional e que contraria vários acórdãos de tribunais superiores, estabelece que só é possível a reinscrição de funcionários públicos quando se verifique que não existiu descontinuidade temporal na prestação de trabalho ao Estado ou, existindo, se comprove que foi involuntária, limitada no tempo e justificada pelas especificidades próprias da carreira. Para além disso, é preciso comprovar que o funcionário não exerceu atividade remunerada durante o período em que interrompeu o vínculo público.

De salientar que o regime de proteção social deixou deixou de aceitar novos subscritores desde 1 de janeiro de 2006. Ou seja, apenas os trabalhadores que estavam inscritos em data anterior podem regressar à CGA quando voltem a exercer funções na Administração Pública, se cumprirem os requisitos previstos no diploma.

“O legislador viola a confiança legítima dos particulares e, consequentemente, o princípio da proteção da confiança, quando decide introduzir, em 2024, inovações na Lei n.º 60/2005, sem qualquer consideração pelos efeitos já constituídos, sem qualquer consideração pela jurisprudência que, de forma reiterada e constante, vinha atribuindo aos professores o direito à inscrição na Caixa Geral de Aposentações a quem antes de 1 de janeiro de 2006, estivesse inscrito nesse regime de providência”, conclui o juiz.

Assim, o entendimento deste tribunal de primeira instância é que, “quando um sujeito cesse o vínculo laboral e celebre um novo, tal não se considera como sendo ‘iniciar funções’”, tal como resulta do acórdão do Supremo Tribunal Administrativo de 6 de março de 2014.

“A lei em causa e mais concretamente o número 2 do artigo 2.º veio introduzir requisitos novos, que a jurisprudência não previa, e que não se podem retirar da letra da norma interpretada”, lê-se no relatório. Por isso, o tribunal conclui que “o número 2 do artigo 2.º da Lei n.º 45/2024 “é uma falsa norma interpretativa”.

Há ainda o “problema jurídico” da retroatividade do diploma em causa, embora o mesmo indique que não se aplique a decisões transitadas em julgado em data anterior à da sua entrada em vigor: “Esta lei produz efeitos a partir da entrada em vigor da Lei n.º 60/2005 de 29 de dezembro. As normas contidas neste diploma visam por isso ser aplicadas retroativamente a situações de facto já constituídas e inclusive a ações judiciais pendentes”.

Uma vez que a lei retroage a situações anteriores, o princípio inviolável da proteção de confiança fica ferido de inconstitucionalidade. “O Tribunal Constitucional explica, no seu acórdão n.º 310/2021, que o princípio da proteção da confiança constitui um dos invólucros jurídicos que o ordenamento jurídico e seu edifício não deixarão de dispensar aos valores da estabilidade, da segurança e da confiabilidade”, argumenta o juiz que assina as sentenças.

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“Quando tratamos do corpo estamos a tratar da mente e vice-versa”

  • ECO
  • 18 Março 2025

A conexão entre o corpo e a mente transforma a saúde. Exercício, respiração e autocuidado são pilares para o equilíbrio, como foi explorado no segundo episódio do podcast Wellness by Holmes Place.

O equilíbrio entre corpo e mente é um dos pilares fundamentais para uma vida saudável e feliz. No quarto episódio do podcast Wellness by Holmes Place, especialistas e convidados partilharam experiências e reflexões sobre como o exercício físico, a respiração e a consciência corporal podem transformar não só o corpo, mas também o estado emocional.

“Quando tratamos do corpo, estamos a tratar da mente e vice-versa”, afirmou Fernanda Freitas, ex-jornalista e empresária. Para Fernanda Freitas, a atividade física foi essencial para enfrentar uma doença autoimune e equilibrar os impactos de uma vida intensa. “Para além da inatividade fazer mal de uma perspetiva inflamatória, para a mente é péssima”, refere.

O master trainer do Holmes Place, Paulo Ah Quin, enfatizou que o exercício é ainda mais essencial para quem enfrenta desafios de saúde. “As pessoas que têm uma condição ou limitação precisam ainda mais de uma atividade física adequada. É essencial procurar ajuda especializada e terem acesso a um plano de treino adequado que promova ganhos constantes de saúde.”

A consciência corporal e a respiração foram destacadas como ferramentas poderosas, tanto no desporto quanto na vida quotidiana. Para Fernanda Freitas, aprender a nadar aos 50 anos foi um marco de superação, pois tinha hidrofobia diagnosticada e nunca pensou que fosse possível ultrapassar. Com a ajuda de uma professora do Holmes Place, ultrapassou esse medo. “Agora uma das coisas que mais gosto de fazer é nadar”, conta.

"Quando vou treinar, marco essa hora como uma reunião privada. É o meu tempo.”

Fernanda Freitas, ex-jornalista e empresária

A criação de uma rotina que priorize o bem-estar também foi amplamente discutida. Fernanda Freitas defendeu a importância de reservar tempo na agenda para cuidar de si: “Quando vou treinar, marco essa hora como uma reunião privada. É o meu tempo.” Paulo Ah Quin concordou: “Não nos podemos colocar para último lugar, porque vamos pagar mais tarde a fatura”. É essencial cuidarmos de nós para conseguirmos fazer aquilo que nós fazemos melhor, que é trabalhar ou outra atividade qualquer, durante muito mais tempo, com mais saúde e capacidade”, explica.

Ambos destacaram que o Holmes Place oferece um conceito de Clube, onde é possível aliar exercício físico a momentos de trabalho e socialização. “Quando marco uma aula com o meu personal trainer (PT), organizo o meu dia todo para que possa ficar no clube. Ou seja, faço aula com o PT, depois nado um bocadinho, tenho uma reunião, trabalho lá no café, depois almoço ou convido um cliente para almoçar, porque é um Clube e, portanto, acaba por ser uma segunda casa”, explica a empresária.

Mais do que resultados imediatos, a conexão entre corpo e mente exige paciência e consistência. “As pessoas querem tudo para ontem, mas é preciso tempo”, lembrou Paulo Ah Quin. A prática regular, ainda que simples, como uma caminhada ou exercícios de respiração, pode trazer mudanças significativas.

Assista à conversa completa aqui:

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Solverde recorre ao Constitucional para receber 15 milhões do Estado

  • ECO
  • 17 Março 2025

A empresa recorreu ao Tribunal Constitucional a 3 de março para reverter a decisão do Supremo Tribunal Administrativo de janeiro, que anulou o pagamento, pelo Estado, de 15 milhões à concessionária.

A Solverde, empresa que explora casinos, recorreu aos juízes do palácio Ratton para anular a decisão do Supremo Tribunal Administrativo (STA) de janeiro, avança o Observador, esta segunda-feira. O STA tinha anulado, em janeiro, uma decisão arbitral que condenava o Estado a pagar 15,5 milhões de euros – que subiria a 18 milhões com juros – à concessionária de casinos no Algarve.

O recurso foi apresentado a 3 de março, já depois de ser pública a avença de 4.500 euros por mês que a empresa familiar de Luís Montenegro, a Spinumviva, recebia da Solverde. Montenegro tem mesmo usado esta decisão do STA para defender a sua independência. “Há 18 milhões de razões para acreditar que o primeiro-ministro não se deixa influenciar por nenhum interesse”, disse, durante o debate da moção de censura, apresentada pelo PCP, que acabaria por ser rejeitada.

A concessionária esperava ser compensada pelo impacto da crise económica de 2008, indica o jornal digital, como reposição do equilíbrio do contrato de concessão relativo a 2001. No início, a Solverde reclamava 63 milhões do Estado, um valor que o tribunal arbitral reduziu para 15,5 milhões. O Estado, em setembro de 2024, apresentou um recurso ao STA, que decidiu anular o pagamento desta compensação.

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Pedro Nuno Santos defende um “novo relatório Porter” para a economia

O líder socialista adiantou ainda que vai atualizar o programa de Governo, apresentado há um ano, e que haverá três prioridades: "Economia, saúde e habitação".

O secretário-geral do PS disse, esta segunda-feira, que uma das prioridades dos socialistas é um “novo relatório Porter”, que “identifique os setores e as áreas tecnológicas” onde Portugal já tem “competências instaladas” mas em que se deve apostar para qualificar a economia. Em entrevista à RTP, Pedro Nuno Santos adiantou que vai atualizar o programa de Governo, apresentado há um ano, e que terá três prioridades: “Economia, saúde e habitação”.

Pedro Nuno Santos vai atualizar com novas propostas o programa eleitoral apresentado na campanha eleitoral de 2024 e que conduziu a AD ao Governo. “Não vamos deitar ao lixo um programa com um ano”, frisou. Desta vez, o socialista vai dar as cartas todas para vencer as legislativas de 18 de maio marcadas na quinta-feira pelo Presidente da República, na sequência da crise política que levou à demissão do Governo PSD/CDS.

O chumbo da moção de confiança, com o voto contra do PS, conduziu à demissão do Executivo de Luís Montenegro. “Vamos fazer o melhor possível para termos uma vitória“, assinalou, destacando a economia, saúde e habitação como prioritárias. Perder as legislativas contra Montenegro está fora de questão. “Só trabalho num cenário de vitória. O PS tem fortes possibilidades de ganhar”.

Se governar o país, uma das grandes apostas passa pela economia. “Só vamos conseguir viver melhor no país, ter melhores salários, se formos capazes de transformar a economia portuguesa“, sustentou. “E aquilo que quero, desde logo no início fazer, é que consigamos ter um novo relatório Porter, que identifique os setores e as áreas tecnológicas onde já temos competências instaladas, e onde devemos apostar para transformar a economia, qualificarmos para podermos pagar melhores salários“, afirmou o líder do PS.

Qualquer investimento na área da defesa deve ser visto por Portugal e garantido pelo Governo português como tendo efeitos e consequências na economia portuguesa.

Pedro Nuno Santos

Secretário-geral do PS

Pedro Nuno Santos comprometeu-se ainda a “atingir os 2% do PIB” e a investir mais em defesa. “Para lá [dos 2% do PIB] — que tem de ser bem analisado, porque não podemos pôr em causa o estado social, a educação e a saúde em Portugal –, qualquer investimento na área da defesa deve ser visto por Portugal e garantido pelo Governo português como tendo efeitos e consequências na economia portuguesa”.

Questionado sobre as parcerias público-privadas (PPP), o secretário-geral do PS disse que, apesar de o partido não ter “nenhum dogma” em relação a este modelo, estas não são uma realidade, porque não passaram de um anúncio. “Não considero sequer que tenha sido implementada qualquer PPP; foi um anúncio panfletário de quem não conseguiu resolver problema nenhum”.

A dois meses das eleições o socialista considerou haver problemas maiores na área da saúde: “Há um grande problema que é a incapacidade que hoje o SNS [Serviço Nacional de Saúde] tem em recrutar e reter médicos”.

Pedro Nuno Santos continuou a apontar o dedo ao primeiro-ministro demissionário. “Não podemos ignorar dúvidas sobre a ética do primeiro-ministro. Em quaisquer eleições precisamos de um primeiro-ministro honesto”, assinalou. Aliás, destacou, “não há uma responsabilidade partilhada entre PS e PSD” por o país ir a eleições antecipadas.

Pedro Nuno Santos salientou ainda que se viabilizasse a moção do Governo, “continuariam a pedir esse voto de confiança em outubro”.

Durante a campanha eleitoral, o líder do PS não vai, por isso, ignorar o que trouxe até ela, ou seja, toda a polémica em torno da empresa Spinumviva, consequente chumbo da moção de censura no Parlamento e antecipação das eleições legislativas.

Nuno Pedro Santos considerou prematuro antecipar cenários no caso de vencer sem maioria absoluta. Contudo, notou, “o PSD também governou sem uma maioria de direita”.

Por fim, Pedro Nuno Santos entende que o almirante Gouveia não beneficia da crise política que o país está a viver se se candidatar à Presidência da República. “A partir do momento em que decide ser candidato a Presidente da República está a decidir ser político”, referiu acerca do almirante.

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Gouveia e Melo recusa “emprestar farda a extremos” políticos

  • Lusa
  • 17 Março 2025

O almirante na reserva Henrique Gouveia e Melo sustentou que "a força da democracia" tem origem na diversidade de vozes e que essa diversidade "não pode ter castas".

O almirante na reserva Henrique Gouveia e Melo rejeitou esta segunda-feira “emprestar a farda a extremos” e voltou a rejeitar a tese de que apenas “políticos de carreira” podem participar na política.

“Há que também ter cuidado com a ideia de que na política só políticos experientes, entre aspas, ou de carreira, podem fazer política, porque isso é a negação da própria abertura de uma sistema que deve ser aberto para incorporar não só conhecimento como ideias diversas”, defendeu o antigo chefe do Estado-Maior da Armada (CEMA).

Gouveia e Melo falava na apresentação do livro “Os Políticos São Todos Iguais! Assalto à democracia pelo culto do vídeo populismo”, do jornalista Gustavo Sampaio, que se debruça sobre a ascensão do partido Chega, liderado por André Ventura.

O militar na reserva – que até hoje nunca assumiu publicamente uma candidatura às presidenciais de janeiro de 2026 – sustentou que, se um determinado sistema se desenvolve “dentro de uma elite ou oligarquia, essa oligarquia com o tempo vai cristalizando”, levando a “uma autocracia”, e defendeu a importância de incorporar no sistema democrático “pessoas que vêm de fora”.

Gouveia e Melo sustentou que “a força da democracia” tem origem na diversidade de vozes e que essa diversidade “não pode ter castas”.

Durante a apresentação, o autor Gustavo Sampaio confessou que durante a elaboração do livro chegou a pensar se o surgimento de uma figura como Gouveia e Melo, fora do sistema político, pudesse ser a “componente de autoridade” que faltava ao projeto do partido Chega.

O antigo CEMA começou por dizer que “já não tem farda” mas garantiu, mais à frente, que não pretende “emprestar” a sua farda, no sentido figurado, nem a sua “autoridade, a nenhum extremismo”, que acusou de não ter soluções, apenas utopias.

“A certa altura do meu percurso, ainda eu usava farda, alguém propagou a ideia de que eu era autoritário e que, sendo autoritário, era necessariamente de direita e era necessariamente um populista. A minha resposta a essa acusação é que, enquanto militar, só seria autoritário quando o tempo, a urgência ou a necessidade o exigissem, porque nós somos muito hierarquizados, mas a nossa verdadeira autoridade, que foi usada, por exemplo, no processo de vacinação, é uma autoridade consentida”, argumentou.

Na ótica de Gouveia e Melo, “o verdadeiro sentido da autoridade é que as pessoas aceitem uma determinada ordem porque essa ordem, neste caso até a ordem democrática, confere capacidade ao grupo para atingir um determinado objetivo”.

Numa intervenção na qual se distanciou de várias posições assumidas pelo partido liderado por André Ventura, apesar de não o mencionar de forma direta, Gouveia e Melo salientou que os partidos tradicionais “têm que tocar nos assuntos que preocupam as pessoas”, sendo a imigração um deles.

“Esse assunto tem que ser debatido. E, se for debatido, se calhar esvaziamos as tais soluções simples e rápidas que nos são propostas pelos extremos”, defendeu, discordando que exista uma relação de causalidade entre imigração e insegurança.

À entrada da apresentação, interrogado pelos jornalistas, Gouveia e Melo recusou-se a responder a perguntas sobre presidenciais, colocando o foco nas eleições legislativas de 18 de maio: “Agora o mais importante é focarmo-nos nas legislativas, que é o que é importante para o país neste momento”.

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Tutela prevê fechar contas do contrato anterior com a Sevenair “nos próximos dias”

  • Lusa
  • 17 Março 2025

Em causa está o pagamento de cerca de 660,5 mil euros, relativo ao quarto ano da concessão anterior da rota Bragança/Vila Real/Viseu/Portimão/Cascais.

O Ministério das Infraestruturas e Habitação informou esta segunda-feira a agência Lusa que prevê nos próximos dias pagar à Sevenair 660,5 mil euros, relativos ao quarto e último ano do contrato de concessão anterior da ligação aérea regional pública Bragança-Portimão.

Segundo a tutela, fica assim saldada a dívida referente ao contrato de concessão que vigorou por quatro anos e que findou em fevereiro de 2024 mas ficam a faltar ainda pagamentos referentes aos ajustes diretos feitos entre fevereiro e setembro do ano passado.

“O pagamento relativo ao quarto ano da concessão anterior da rota Bragança/Vila Real/Viseu/Portimão/Cascais (pagamento final referente ao período de 01 de março de 2023 a 28 de fevereiro de 2024, no valor de cerca de 660,5 mil euros), será efetuado nos próximos dias”, lê-se na nota enviada à Lusa.

Para ser possível efetuar o pagamento desta despesa em 2025, foi necessária a aprovação de uma resolução do Conselho de Ministros, datada de 13 de março, para garantir a reprogramação dos encargos plurianuais decorrentes desse contrato de concessão.

“Lembramos que este executivo já regularizou junto da Sevenair o pagamento de 1,98 milhões de euros relativos ao terceiro ano da concessão anterior (pagamento final referente ao período de 01 de março de 2022 a 28 de fevereiro de 2023), o pagamento relativo ao adiantamento do ajuste direto iniciado a 29 de fevereiro de 2024, e o pagamento do adiantamento relativo ao ajuste direto iniciado a 8 de junho de 2024, este último já no âmbito de funções desta equipa governativa”, especificou o ministério.

Em relação aos ajustes diretos, ainda falta apurar totalmente as verbas que são devidas pelo Estado para finalizar o pagamento dos mesmos.

Já com este Governo, foi renovado o contrato, assinado com a companhia aérea, a 20 de dezembro de 2024, para a prestação de serviços aéreos regulares em regime de concessão na rota Bragança/Vila Real/Viseu/Portimão/Cascais, rota sujeita a obrigações de serviço público, decorrente de um concurso público internacional para a prestação de serviços por um período de quatro anos, no qual a Sevenair submeteu a única proposta.

Em outubro passado, a empresa interrompeu a ligação aérea regional, no final de um segundo ajuste direto por atraso na conclusão do concurso público internacional, justificando-se com uma dívida do Estado de cerca de 3,8 milhões de euros, mas voltou a operar em fevereiro passado, após ter recebido metade do valor devido.

No entanto, em 3 de março, o avião que fazia a ligação regional ficou retido no Aeródromo Municipal de Cascais, por uma alegada dívida relacionada com taxas de handling à empresa municipal Cascais Dinâmica.

Em causa está uma divergência acerca de uma suposta dívida de taxas de handling no valor de 107 mil euros acrescidos de IVA (ou uma dívida de 132.471,95 euros, segundo a autarquia) que a Cascais Dinâmica exige, mas que a transportadora considera “não serem devidas”.

A Sevenair, em comunicado, referiu que questionou a Autoridade Nacional da Aviação Civil (ANAC) sobre a legalidade da taxa de assistência, quando opera em “regime de autoassistência” com uma empresa por si detida, mas a entidade reguladora concluiu que a taxa “é devida por prestadores de serviço de assistência em escala ou transportadoras aéreas com licença para autoassistência em escala”.

Entretanto, a empresa responsável pela ligação aérea pública regional reconheceu que aceita pagar as taxas em dívida no Aeródromo Municipal de Cascais quando o Estado a reembolsar do que lhe deve, “para voltar à operação”.

“A Sevenair prefere esgotar os meios legais que se lhe assistem para falar no fim. Entretanto, como a velocidade da justiça não acompanha e realidade, aceitamos pagar o que nos exigem, logo que o Estado nos reembolsar o que nos deve, para voltar à operação”, afirmou a administração da transportadora num comunicado a que a Lusa teve acesso.

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Países anunciam apoio de 5,8 mil milhões à Síria sem contribuição dos EUA

  • Lusa
  • 17 Março 2025

"Comprometemo-nos com um total de 5,8 mil milhões de euros, 4,2 mil milhões de euros em doações e 1,6 mil milhões de euros em empréstimos", anunciou a comissária europeia.

Os países que participaram na conferência para apoiar a Síria comprometeram-se esta segunda-feira com 5,8 mil milhões de euros, menos do que o compromisso feito anteriormente, por falta de contribuição dos Estados Unidos da América (EUA).

“Comprometemo-nos com um total de 5,8 mil milhões de euros, 4,2 mil milhões de euros em doações e 1,6 mil milhões de euros em empréstimos”, anunciou a comissária europeia responsável pelo Mediterrâneo, Dubravka Suica, no final da conferência dedicada ao apoio ao país, em Bruxelas, capital da Bélgica e onde estão localizadas as principais instituições da União Europeia (UE).

A União Europeia promoveu esta segunda-feira a sua nona conferência internacional de apoio à Síria, após a queda do regime sírio de al-Assad, para permitir a reconstrução do país. O evento, que se realiza anualmente e este ano é marcado pelas mudanças no contexto geopolítico, visa reunir o apoio internacional para uma transição inclusiva na Síria, desde a assistência à recuperação socioeconómica.

Pela primeira vez, autoridades provisórias sírias foram convidadas para a ocasião, juntamente com representantes das Nações Unidas, dos Estados vizinhos da Síria e de outros parceiros regionais. A conferência realiza-se numa altura em que a situação na Síria continua frágil, dados os recentes atos de violência contra civis e os ataques contra as forças de segurança, contexto que será também abordado.

Após quase 14 anos de guerra na Síria, grupos armados liderados pela Organização para a Libertação do Levante (Hayat Tahrir al-Sham, HTS) – anteriormente afiliada ao grupo terrorista Al-Qaida – tomaram Damasco em 08 de dezembro e depuseram o Presidente Bashar al-Assad, que fugiu para a Rússia.

O novo líder na Síria é Ahmed al-Charaa, que comanda o grupo HTS. Desde 2011, a UE e os seus Estados-membros – os principais doadores de ajuda a nível mundial – mobilizaram cerca de 37 mil milhões de euros em ajuda humanitária, ao desenvolvimento, à economia e à estabilização da crise síria.

Estima-se que os anos de conflito na Síria tenham levado à deslocação de cerca de metade da população, tanto dentro como fora do país, e que o número de pessoas que necessitam de assistência humanitária tenha chegado aos 16,7 milhões de pessoas em 2024, um máximo histórico desde o início da crise em 2011.

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Consórcio da fileira do têxtil já executou 50% dos investimentos do PRR

Setor diz que ainda há "desafios" e pede que se acelere execução do PRR, dando uma resposta rápida a pedidos de ajustes e garantindo o pagamento atempado dos incentivos.

César Araújo, CEO da Calvelex.Ricardo Castelo/ECO

A fileira do setor têxtil e do vestuário já executou 50% dos investimentos do projeto Lusitano, uma agenda que contempla um investimento de 111,5 milhões de euros e é liderada pela Nau Verde, Calvelex, Paulo de Oliveira, Polopiqué, Riopele e Twintex. Com os projetos a entrarem na reta final de execução, o setor pede que as entidades acelerem a execução do PRR, concluindo com rapidez os pedidos de ajustes e assegurando o pagamento atempado dos incentivos.

A nossa indústria será pioneira na verticalização de uma cadeia de abastecimento sustentável, amiga do ambiente e irá projetar Portugal globalmente“, sintetizou César Araújo, CEO da Calvelex, na apresentação dos resultados intermédios do Projeto LUSITANO, que decorreu esta segunda-feira na Polopiqué.

O empresário destacou que o investimento desenvolvido no âmbito desta agenda mobilizadora – que conta com a participação de 11 empresas, cinco universidades e centros de I&D e uma associação – vai gerar “um contributo inegável para o crescimento dos dois setores; um impacto socioeconómico positivo; um reforço da qualificação dos trabalhadores; e o desenvolvimento regional em várias zonas do país”.

“Dado o curto horizonte temporal e a ambição do PRR, é crucial que todas as entidades envolvidas acelerem a sua execução para garantir o cumprimento dos objetivos”, apelou César Araújo. O CEO da Calvelex recordou que, “numa altura em que estamos a entrar na reta final da execução das Agendas Mobilizadoras, e não obstante os esforços promovidos, existem ainda vários desafios a ultrapassar”.

Face a estes constrangimentos, nomeadamente de calendário, o representante do setor deixou um apelo à estrutura de missão Recuperar Portugal e ao IAPMEI, para que “seja concluída com brevidade a análise dos pedidos de ajuste submetidos pelas agendas mobilizadoras; se assegure “uma análise célere aos pedidos de pagamento, garantindo o pagamento atempado dos incentivos e da recuperação do IVA para as entidades do sistema científico“; e seja feita a prorrogação “do prazo de execução física e financeira das Agendas por um período adicional de 12 meses, até 31 de dezembro de 2026, assegurando o cumprimento dos objetivos propostos”.

“Se todos contribuirmos para esta missão, os dois setores, têxtil e vestuário continuarão a ser um pilar essencial no desenvolvimento económico de Portugal”, rematou o empresário, destacando que, em 2024, esta fileira era composta por mais de 5.500 empresas, empregando mais de 124.000 trabalhadores, representando um volume de negócios de oito mil milhões de euros e exportando mais de 5,4 mil milhões de euros. “Estes números refletem a importância económica e social da indústria do têxtil e do vestuário”, realçou.

César Araújo aproveitou ainda a presença do ministro da Economia, Pedro Reis, na cerimónia, e de outros representantes de entidades como o IAPMEI e a Missão de Estrutura para sensibilizar estes responsáveis para os desafios globais que a indústria enfrenta e que vão mais além das tarifas dos EUA.

A Europa é líder mundial nas marcas de moda e deve preservar essa posição estratégica e Portugal tem o potencial para ser um pilar da reindustrialização europeia e garantir um lugar de destaque no mercado, não só europeu, mas mundial.

César Araújo

CEO da Calvelex

“A liberalização do comércio impôs desafios e limites à competitividade das nossas empresas. Passámos a concorrer com produtos de consumo rápido, que chegam ao mercado europeu através de mecanismos que promovem custos esmagados e a inexistência de valor acrescentado”, atirou César Araújo.

“É fundamental que o Governo insista, junto das entidades europeias para que as empresas e marcas de países terceiros sejam obrigadas a cumprir as mesmas regras impostas às nossas empresas“, apelouo CEO da Calvelex,destacando que “é necessário controlar a entrada massiva destes produtos que concorrem de forma desnivelada com o que as empresas europeias por cá produzem.

Para o empresário, a “atual conjuntura é global e além da enorme incerteza, provocou uma escalada nos custos e a retração do consumo, pressionando, ainda mais, as nossas empresas”.

“A Europa é líder mundial nas marcas de moda e deve preservar essa posição estratégica e Portugal tem o potencial para ser um pilar da reindustrialização europeia e garantir um lugar de destaque no mercado, não só europeu, mas mundial“, defendeu.

Cidália Neto, CEO da Polopiqué, destacou que o projeto Lusitano vai preparar o setor para o futuro.Ricardo Castelo/ECO

 

Cidália Neto, CEO da Polopiqué, recordou que este projeto prevê, no espaço de cinco anos, “a criação de 350 postos de trabalho, dos quais 45 altamente qualificados e um acréscimo de negócios de até 77,8 mil milhões de euros com a venda de novos produtos”.

De acordo com a líder da Polopiqué, este investimento vai permitir ao setor “evoluir para uma referência na indústria têxtil europeia”, permitindo que o país continue a manter uma posição competitiva “num cenário global marcado por instabilidade e fortes oscilações nos custos das matérias-primas”.

Cidália Neto reforçou que o setor têxtil e do vestuário é um pilar da economia nacional e esta agenda “nasceu para preparar o setor para o futuro”, destacando que este é um projeto focado na inovação, sustentabilidade e digitalização.

“O projeto mais que uma resposta para o presente é uma para o futuro”, apontou. “É essencial criar condições essenciais ao investimento e à inovação. Se queremos um setor forte e sustentável precisamos de um ecossistema forte e político que estimule as nossas empresas”, rematou.

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NOS conclui aquisição da Claranet Portugal

  • Lusa
  • 17 Março 2025

A NOS anunciou em 27 de janeiro que tinha fechado um acordo para a compra da totalidade da tecnológica Claranet Portugal, pelo valor de 152 milhões de euros.

A NOS anunciou esta segunda-feira que concluiu a aquisição de 100% do capital da Claranet Portugal, de acordo com um comunicado publicado pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

“Na sequência das comunicações efetuadas nos passados dias 27 de janeiro e 06 de março, a NOS, SGPS, S.A. informa que concluiu, na presente data, a aquisição de 100% do capital social da Claranet Portugal, S.A., após a concretização de todos os atos necessários ao fecho da operação”, lê-se na mesma nota.

No dia 6 de março, a NOS revelou que foi “notificada da decisão final de não oposição da Autoridade da Concorrência à operação de concentração que compreende a aquisição de 100% do capital social da Claranet Portugal, S.A.”

A NOS anunciou em 27 de janeiro que tinha fechado um acordo para a compra da totalidade da tecnológica Claranet Portugal, pelo valor de 152 milhões de euros. A Claranet está presente no mercado português desde 2005.

No ano fiscal de 2024, as receitas totais da Claranet “ascenderam a 205 milhões de euros, impulsionadas pelo crescimento robusto e contínuo do seu negócio de serviços, tendo o EBITDA (resultado antes de impostos, juros, depreciações e amortizações) atingido os 15,4 milhões de euros”.

A compra da Claranet Portugal “permitirá à NOS afirmar-se cada vez mais como a empresa nacional de referência nos segmentos de comunicações e tecnologias de informação, expandindo as suas capacidades num setor em rápido crescimento e reforçando a sua proposta de valor em áreas de negócio como cloud, workplace, cibersegurança e ‘data & AI’, entre outras”, referiu a empresa no comunicado.

A Claranet Portugal tem mais de 900 trabalhadores e “continuará a operar de forma autónoma, preservando a sua identidade, gestão, equipas e base sólida de clientes”.

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Mandato da estrutura de missão que acompanha o PRR prolongado até 31 de dezembro de 2027

Após a conclusão do prazo de execução do PRR é necessário encerrar definitivamente as contas e acompanhar os investimentos que perduram para além do período de execução do PRR.

O mandato da estrutura de missão Recuperar Portugal foi estendido até 31 de dezembro de 2027 para encerrar o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e acompanhar os investimentos que se prolongam além do período de execução da bazuca europeia. Mas se o Governo assim o entender poderá prolongar ainda mais a vigência desta estrutura, de acordo com a Resolução do Conselho de Ministros publicada esta segunda-feira em Diário da República.

“Após a conclusão do prazo de execução do PRR será necessário proceder ao encerramento definitivo de contas e ao acompanhamento dos investimentos que perduram para além do período de execução do PRR, mesmo que com outras fontes de financiamento”, explica o Executivo na alteração à Resolução do Conselho de Ministros de 2021 que criou a estrutura de missão Recuperar Portugal.

Por isso, o prazo de duração da estrutura é alterado, prolongado até 31 de dezembro de 2027 “de modo a assegurar o integral cumprimento das obrigações decorrentes dos compromissos assumidos na prossecução da sua missão e a plena concretização dos objetivos fixados”, lê-se na mesma nota.

A estrutura de missão fica também “encarregue de coordenar a execução e acompanhar os investimentos cujo financiamento tenha tido origem no PRR e tenha sido objeto de reprogramação”, explica a mesma resolução.

A estrutura que tem por objetivo a coordenação técnica e de gestão do PRR é agora dirigida por um presidente, um vice-presidente e quatro coordenadores de equipas de projeto, podendo o presidente designar até cinco chefes de equipas das unidades de suporte e 14 chefes de núcleo, uma especificação que não constava da redação inicial.

Por outro lado, o diploma estabelece que a Recuperar Portugal “integra até 140 elementos, até 111 técnicos superiores e até quatro assistentes técnicos ou operacionais, um reforço decidido para dar meios humanos necessários à execução da bazuca. A Resolução que determinou a criação da estrutura estabelecia apenas que os membros da Recuperar Portugal dispunham das “competências e formação adequada ao desempenho das suas competências e obrigações previstas na regulamentação comunitária”.

De acordo com os dados mais recentes, de 12 de março, foram pagos 6,86 mil milhões de euros aos beneficiários diretos e finais, ou seja 31% da bazuca, dos quais 2,41 mil milhões a empresas.

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