Interesse da IAG na TAP depende de “liberdade para gerir” a companhia

O CEO do IAG, Luis Gallego, diz que o grupo pode "melhorar a performance" da TAP e que a companhia portuguesa "pode ajudar o grupo".

O CEO do grupo IAG, Luis Gallego, afirma que a decisão sobre a participação no processo de venda da TAP vai depender das condições da privatização, nomeadamente a liberdade para gerir a companhia área portuguesa.

“Estamos a seguir o processo com o Governo português. Parece que talvez em março teremos as condições da privatização. Quando as tivermos vamos tomar uma decisão“, afirmou Luis Gallego, na conferência com analistas para a apresentação dos resultados do quarto trimestre de 2024.

“Mas temos de ver as condições e a liberdade que teremos para gerir a companhia, porque para termos as margens que temos no grupo é porque fazemos as coisas certas, que teremos de fazer também na companhia”, sublinhou o CEO do grupo IAG, dono de transportadoras aéreas como a British Airways, Iberia ou Aer Lingus.

O Governo defende a privatização de 100% da companhia, embora com a obrigação de manter a marca, o hub em Lisboa e as rotas estratégicas, embora não seja ainda claro de que modo. Só que a vontade do Executivo poderá ser travada pelo Parlamento, já que o líder do PS, Pedro Nuno Santos, defende que o Estado mantenha uma participação maioritária na TAP, o que poderá condicionar a gestão.

"Sempre dissemos que é uma companhia aérea interessante para o grupo. Achamos que podemos melhorar a performance da companhia e que a companhia pode ajudar o grupo a ter operações em mercados como o Brasil onde não temos muita capacidade.”

Luis Gallego

CEO do grupo IAG

Em janeiro, num encontro com jornalistas portugueses em Dublin, um responsável do grupo IAG já tinha dado conta da preferência por uma posição maioritária no capital da TAP.

“Dissemos ao Governo que pensamos que a forma como podemos criar mais valor é se pudermos ter uma cooperação comercial total. Gostávamos muito de ter um caminho para a propriedade total, se o Governo o quiser fazer, protegendo os interesses de Portugal”, afirmou Jonathan Sullivan, administrador executivo responsável pelo desenvolvimento de negócio do grupo.

Luis Gallego reiterou, ainda assim, o interesse na TAP e afirmou que com o grupo IAG a transportadora poderá melhorar o seu desempenho. “Sempre dissemos que é uma companhia aérea interessante para o grupo. Achamos que podemos melhorar a performance da companhia e que a companhia pode ajudar o grupo a ter operações em mercados como o Brasil onde não temos muita capacidade”, afirmou.

O grupo IAG, dono da British Airways, Iberia ou Aer Lingus, fechou 2024 com um crescimento de 9% das vendas, para 32.100 milhões de euros. Os lucros aumentaram 2,9% para um recorde 2.732 milhões, levando a empresa a anunciar uma remuneração total aos acionistas de 1.435 milhões de euros.

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PS propõe licença parental de sete meses paga a 90% se pai gozar mais tempo

PS propõe que, quando o pai goze, pelo menos, 76 dias, a licença parental de 210 dias seja paga a 90% do salário. É menos generoso que o projeto de cidadãos, mas mais do que lei atual.

Os socialistas defendem que o subsídio parental inicial corresponda a 90% da remuneração nas licenças de sete meses, mas apenas nos casos em que o pai gozar de, pelo menos, 76 dias (consecutivos ou divididos em dois períodos). Esta é uma das alterações propostas pelo PS ao projeto de lei que resultou de uma iniciativa subscrita por 24 mil cidadãos. O prazo para os grupos parlamentares apresentaram propostas terminava esta tarde, mas o Chega pediu um adiamento. Os partidos têm agora até à próxima sexta-feira para o fazerem.

Atualmente, os progenitores têm direito a um subsídio correspondente a 100% da remuneração nas licenças de 120 dias (quatro meses), bem como nas licenças de 150 dias (cinco meses), mas apenas se cada um dos progenitores gozar, pelo menos, 30 dias. Caso não haja essa partilha, a licença de 150 dias paga 80% do salário de referência.

Há também a possibilidade de receber o subsídio parental inicial por 180 dias (seis meses), indicando a lei em vigor que o montante a receber é o correspondente a 83% da remuneração de referência, nos casos em que cada um dos progenitores goze, pelo menos, 30 dias.

Ora, o projeto de lei de iniciativa de cidadãos que está a ser discutido no Parlamento vem dilatar estes prazos. Prevê que o subsídio a 100% deve ser pago nas licenças de seis meses, mesmo que não haja partilha entre os pais.

Por outro lado, cria a possibilidade de receber este subsídio por 210 dias (sete meses) com 100% do salário desde que cada um dos progenitores goze, pelo menos, 30 dias (consecutivos ou é dois períodos de 15 dias). Ou seja, numa licença de sete meses, bastaria um mês gozado pelo pai para que a licença fosse paga a 100%, segundo esse projeto de lei.

O que propõem os cidadãos

-Subsídio a 100% em licença de 180 dias (sem exigência de partilha);
-Subsídio a 80% em licença de 210 dias (sem exigência de partilha);
-Subsídio de 100% em licença de 210 dias, se pai gozar, pelo menos, 30 dias (consecutivos ou em dois períodos de 15 dias);
-Subsídio a 83% em licença de 240 dias, se o pai gozar, pelo menos, 30 dias (consecutivos ou em dois períodos de 15 dias).

O projeto de cidadãos abre ainda a porta ao pagamento do subsídio por 240 dias (oito meses) com 83% do salário mediante a mesma condição: ou seja, em oito meses, bastaria um mês gozado pelo pai para que a licença fosse paga a 83% do salário.

O PS viabilizou este projeto de lei na generalidade, mas entregou esta sexta-feira uma proposta que introduz várias alterações a estes prazos, com vista a incentivar a partilha das licenças entre os progenitores.

Em vez de estabelecer que o subsídio seja pago a 100% durante 180 dias sem partilha necessária entre os pais, como querem os cidadãos, o PS defende o pagamento durante 150 dias. Ou seja, menos um mês que os cidadãos, mas mais um mês do que está na lei, neste momento.

O que propõe o PS

-Subsídio a 100% em licença de 150 dias (sem exigência de partilha);
-Subsídio a 85% em licença de 180 dias, se o pai gozar, pelo menos, 30 dias (consecutivos ou em dois períodos de 15 dias);
-Subsídio a 100% em licença de 180 dias, se o pai gozar, pelo menos, 60 dias (consecutivos ou em dois períodos de 30 dias);
-Subsídio a 80% em licença de 210 dias, se o pai gozar, pelo menos, 60 dias (consecutivos ou em dois períodos de 30 dias);
-Subsídio a 90% em licença de 210 dias, se o pai gozar, pelo menos, 76 dias (consecutivos ou em dois períodos de 38 dias);
-Subsídio a 75% em licença de 240 dias, se o pai gozar, pelo menos, 60 dias (consecutivos ou em dois períodos de 30 dias);
-Subsídio a 85% em licença de 240 dias, se o pai gozar, pelo menos, 90 dias (consecutivos ou em dois períodos de 45 dias).

Já no caso dos pais que queiram tirar uma licença de 180 dias, o PS propõe duas opções: pagamento a 85% da remuneração no caso em que cada progenitor goze, pelo menos, 30 dias ou 100% no caso em que cada um goze, pelo menos, 60 dias. Novamente, mais generoso do que a lei atual, mas aquém do defendido pelos cidadãos (que querem, como referido, 180 dias a 100% mesmo sem partilha).

No caso das licenças de 210 dias, o PS propõe que o subsídio corresponda a 80% do salário, mas apenas se cada um dos progenitores gozar de, pelo menos, 60 dias. Os cidadãos exigem, como já mencionado, o pagamento a 80% no caso em que não haja partilha necessária e 100% nos casos em que o pai tire, pelo menos, um mês, o que significa que a proposta do PS fica aquém do projeto de lei original, elevando as exigência de partilha entre os pais.

Também com esse objetivo em mente, os socialistas introduzem uma majoração: no caso destas licenças de 210 dias (sete meses), se o pai gozar, pelo menos, 76 dias (consecutivos ou em dois períodos de 38 dias), a licença parental será paga a 90%.

Também quanto às licenças de oito meses (240 dias), o PS segue esta lógica: em vez de 83% mediante 30 dias de licença do pai, propõe o pagamento a 75% nos casos em que cada um dos progenitores goze, pelo menos, 60 dias, ou a 85% nos casos em que o pai goze, pelo menos, 90 dias (consecutivos ou em dois períodos de 45 dias).

Numa audição parlamentar recente, a ministra do Trabalho, Maria do Rosário Palma Ramalho, avisava que o projeto de cidadãos corria o risco de agravar as desigualdades de género no mercado laboral, uma vez que as mulheres ainda são as principais cuidadoras. A governante admitia, contudo, considerar “propostas que incentivem diretamente pais e mães a partilharem a licença parental de uma forma mais equitativa, o que promove uma distribuição mais justa das responsabilidades de cuidado”.

BE lembra famílias monoparentais

Também o Bloco de Esquerda entregou esta sexta-feira uma proposta de alteração ao projeto de cidadãos. Define que licença parental inicial deve subir dos atuais 150 dias máximos para 180 dias, podendo chegar a 210 dias, caso haja partilha entre os pais.

Por outro lado, os bloquistas realçam as famílias monoparentais (que não são mencionadas no projeto inicial), propondo que estas gozem de dois períodos de licença parental inicial.

Entre os demais partidos, o prazo para a entrega de propostas de alterações passou para a próxima sexta-feira, dia 7 de março, a pedido do Chega. Convém lembrar que o Governo do PSD está a revisitar a lei do trabalho na Concertação Social, pelo que é previsível que o grupo laranja deixe para esse fórum as eventuais mudanças às licenças parentais.

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Há 50 mil passes ferroviários ativos todos os meses

Pinto Luz garantiu que a prioridade máxima deste Governo é o investimento em ferrovia e adiantou que já foram vendidos mais de 150 mil passes ferroviários verdes.

Já foram vendidos em Portugal mais de 150 mil passes ferroviários verdes, com um custo mensal de 20 euros. Destes, cerca de 50 mil passes estão ativos todos os meses, informou o ministro das Infraestruturas e Habitação, Miguel Pinto Luz.

“Hoje temos mais de 150 mil passes vendidos e cerca de 50 mil passes ativos todos os meses. São cerca de 50 autocarros que tiramos das ruas”, adiantou o ministro, numa intervenção no Fórum Económico Luso-Francês, organizado pela CIP e que está a decorrer esta sexta-feira, no Palácio da Bolsa, na cidade do Porto.

O passe ferroviário verde começou a ser vendido a 21 de outubro do ano passado e custa 20 euros, permitindo viajar nos serviços regionais e inter-regionais, bem como nos comboios urbanos de Coimbra, Lisboa e Porto e em viagens em segunda classe nos Intercidades. Neste último caso, a reserva do lugar deve ser feita nas 24 horas anteriores à partida, sendo que só é permitido reservar um lugar por viagem, até um máximo de duas viagens diferentes por dia.

Miguel Pinto Luz, ministro das Infraestruturas e da Habitação.Ricardo Castelo

Miguel Pinto Luz destacou que o Executivo criou “sistemas de incentivos à utilização do transporte público”, reforçando, porém, que “a prioridade máxima deste Governo é o investimento em ferrovia”.

O governante lembrou que o Executivo está a trabalhar no alargamento do Metro do Porto, que continua a ser uma “prioridade máxima”, na expansão do metro de Lisboa, ou Mondego, ao mesmo tempo que está a desenvolver a Alta Velocidade. O Governo assumiu o compromisso de ligar Lisboa a Vigo num hora e 50 minutos e em 2032 quer estar com a alta velocidade na Galiza.

A falar num evento organizado no âmbito da visita do presidente francês a Portugal, Pinto Luz realçou que “a Europa quer liderar o mundo com o seu Green Deal” e em Portugal esse processo de “transformação está em curso“.

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Sérvulo e PLMJ na compra do Edifício Ramalho Ortigão, 51

A Sérvulo assessorou o BPI Imofomento – Fundo de Investimento Imobiliário Aberto, gerido pela BPI Gestão de Ativos, na aquisição à Incus Capital, assessorada pela LMJ, do Edifício Ramalho Ortigão 51.

A Sérvulo assessorou o BPI Imofomento – Fundo de Investimento Imobiliário Aberto, gerido pela BPI Gestão de Ativos – Sociedade Gestora de Organismos de Investimento Coletivo, S.A., na aquisição, à Incus Capital, do Edifício Ramalho Ortigão 51, em Lisboa, perto da Avenida António Augusto de Aguiar e da Praça de Espanha, que tem atualmente como arrendatários a Autoridade Nacional de Comunicações, a CIMPOR, a Embaixada do Japão e a Solvay. Da parte da INCUS Capital esteve a PLMJ. Depois de já ter assessorado, no passado, a Incus na compra do mesmo edifício. A equipa foi liderada pelo sócio co-coordenador da área de Imobiliário, Francisco Lino Dias e contou com a participação da advogada Marta Vanzeler.

Esta transação contou com uma equipa multidisciplinar da Sérvulo, liderada pelos sócios do departamento de Imobiliário, Urbanismo e Turismo, Manuel Magalhães (Managing Partner) e Sofia Thibaut Trocado, que prestou toda a assessoria legal na due diligence e na negociação e formalização da aquisição do ativo.

Integraram esta equipa os departamentos de Imobiliário, Urbanismo e Turismo – com os associados Inês Mundel Calado e Pedro João Domingos e as consultoras Carla Parreira Leandro e Filipa Névoa – de Fiscal – com a Sócia Teresa Pala Schwalbach e a associada Lénia Carolina Sousa – de Contencioso – com o Sócio António Teles e os associados Alexandra Valpaços e Nuno Temudo Vieira – de Direito Público – com a associada Isabel Guimarães Salgado – e o Solicitador Luís Monteiro Romão.

Esta aquisição reforça a posição do Fundo no segmento de escritórios, através da aquisição de um edifício de prestígio, de construção contemporânea no século XXI, sendo a aquisição de maior montante até hoje realizada pelo BPI Imofomento, numa das melhores zonas de escritórios de lisboa (Zona 3 – Novas Zonas de Escritórios).

Com uma área de mais de 10.000m² acima do solo, o Edifício Ramalho Ortigão 51 foi totalmente arrendado durante a gestão da Incus Capital. Assim, logo desde a aquisição os participantes do Fundo têm rentabilidade destes arrendamentos. Entre os inquilinos estão a ANACOM, a CIMPOR, a Embaixada do Japão e a SLV Specialties (Grupo Solvay).

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Custo da água ‘perdida’ no país é de 152 milhões só num ano

A água perdida por falhas nas redes podia encher 8,7 piscinas olímpicas por hora e dar resposta a mais do dobro (2,5 vezes) do consumo urbano no Algarve.

A Entidade Reguladora dos Serviços da Água e Resíduos estima que as perdas de água do sistema e as águas residuais que são desperdiçadas custaram, só em 2023, um total de 152 milhões de euros, os quais podiam ter sido poupados e que acabam por ser refletidos nas faturas dos consumidores.

De acordo com o Relatório Anual dos Serviços de Águas e Resíduos de Portugal (RASARP), caso fossem eliminadas 80% das perdas reais de água no sistema e se 10% das águas residuais tratadas fossem reutilizadas, podiam-se ter poupado 152 milhões de euros em 2023.

Esta poupança tem em conta os gastos que as entidades gestoras tiveram com a aquisição de água para abastecimento público, e que não seriam necessários se a maioria das ineficiências da rede fossem eliminadas (reduzindo as chamadas perdas reais), assim como os gastos que podiam ter sido evitados com o tratamento das águas que não deviam ter ido parar ao sistema de águas residuais (as afluências indevidas), devido por exemplo à sua qualidade.

Em 2023, registou-se um total de 191 milhões de metros cúbicos de perdas de água no sistema o que, de acordo com a apresentação do RASARP feita pelo regulador esta manhã, equivale a encher 8,7 piscinas olímpicas por hora. Uma quantidade que seria suficiente para dar resposta a mais do dobro (2,5 vezes) do consumo urbano no Algarve. Estes 191 milhões dividem-se entre 170 milhões relativos ao sistema de distribuição (em baixa) e 21,3 milhões dizem respeito ao sistema de captação e tratamento (em alta).

“Este volume de perdas reais traduz-se em gastos desnecessários que as entidades gestoras em baixa têm de suportar com a compra de água às entidades gestoras em alta (…) e que, por sua vez, são repercutidos nas tarifas cobradas ao utilizador final”, lê-se no RASARP.

Caso se mantenha a tendência até agora verificada, estima-se que o potencial de poupança associado às perdas reais ascenda a cerca de 520 milhões de euros até 2030.

ERSAR

RASARP 2024

De acordo com o relatório, no período de 2019 a 2023, o custo das perdas totalizou 433 milhões de euros, com 2021 a apresentar os maiores custos (89 milhões de euros) e sendo que estas perdas económicas nunca foram menores que 83 milhões, o valor mais baixo, registado em 2022. “Caso se mantenha a tendência até agora verificada, estima-se que o potencial de poupança associado às perdas reais ascenda a cerca de 520 milhões de euros até 2030”, escreve a ERSAR, no relatório.

Já no que toca aos custos das influências indevidas, isto é, da água que não deve afluir ao sistema de águas residuais, contabilizam-se em 102 milhões de euros em 2023, o valor mais alto desde 2019, ano desde o qual este custo tem-se mantido entre os 61 e os 74 milhões de euros. “Caso se mantenha a tendência até agora verificada, estima-se que o potencial de poupança associado a esta componente ascenda a cerca de 450 milhões de euros até 2030”, acrescenta o regulador.

Neste sentido, um total de 970 milhões de euros podem ser desperdiçados, até 2030, por ineficiências do sistema de abastecimento de água. No entanto, ressalva o regulador, este valor nunca poderia ser poupado na totalidade, já que não é possível eliminar por completo as ineficiências do sistema. É nesse sentido que a ERSAR aponta para uma poupança possível de 152 milhões em 2023, ano para o qual foi calculada a poupança com base num cenário mais realista, de resolução de 80% das perdas e recuperação de 10% das afluências indevidas.

Fatura média da água voltou a subir em 2024

A fatura média da água a nível nacional foi de 30,99 euros no ano de 2023, indica a Entidade Reguladora dos Serviços de Água e Resíduos. Este valor subiu, em 2024, para os 31,79 euros, e tem sido ascendente nos últimos 10 anos, com exceção de um ligeiro recuo em 2021.

Os dados de 2023 foram partilhados esta sexta-feira a propósito da apresentação do Relatório Anual dos Serviços de Águas e Resíduos de Portugal (RASARP), e podem ser comparados com os dados de junho de 2024 que, apesar de poderem ter sofrido alterações ao longo do último semestre do ano, são representativos dos tarifários que foram comunicados ao regulador para vigorar ao longo do ano passado.

Os valores da fatura apresentados correspondem a um consumo mensal de 10 metros quadrados, que é o consumo típico de um agregado familiar em Portugal. Em 2024, a fatura mais barata foi recebida em Vila Nova de Foz Côa, onde a fatura se fica pelos 9,51 euros, enquanto em Amarante a mesma ascende a 46,76 euros. Uma diferença de mais de 37 euros mensais.

Fonte: ERSAR, Apresentação do RASARP 2024

A acessibilidade económica do serviço é considerada “positiva” pelo regulador, mas “muito negativa” na cobertura de gastos, de acordo com a apresentação que foi feita do RASARP. “Na prestação de serviços em baixa é de salientar o facto da maioria das entidades gestoras que não recupera os gastos com a prestação dos serviços de águas e resíduos operar em regime de gestão direta [geralmente serviços municipais ou municipalizados], podendo ser a predominância deste modelo de gestão a justificação para que o setor dos resíduos obtenha o pior desempenho económico”, lê-se no relatório.

A ERSAR dá ainda conta de que o setor ter vindo cada vez mais a adotar modelos empresariais, embora seja mais comum no serviço em alta. Neste serviço, mais de 90% da população é abrangida por entidades gestoras com modelo de gestão empresarial. No serviço em baixa, a percentagem é inferior, fixando-se nos 51% no serviço de abastecimento de águas, nos 45% nos serviços de águas residuais e apenas em 18% nos serviços de resíduos urbanos.

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Projeto europeu lança bolsa de 1.900 euros para jovens jornalistas combaterem a desinformação

  • Lusa
  • 28 Fevereiro 2025

A iniciativa é dirigida a jornalistas emergentes com idades compreendidas entre os 18 e os 30 anos e com pelo menos dois anos de experiência em reportagens sobre desinformação.

Os jovens jornalistas podem candidatar-se a uma bolsa de 1.900 euros para fazer um conteúdo sobre desinformação como desafio europeu, avança o projeto europeu Cidadãos e Bibliotecas contra a Desinformação (CLAD).

A iniciativa é dirigida a jornalistas emergentes com idades compreendidas entre os 18 e os 30 anos e com pelo menos dois anos de experiência em reportagens sobre desinformação com dimensão transnacional.

Os tópicos que o programa abrange passam pelas culturas minoritárias, identidade da União Europeia (UE), cultura urbana e habitação, ambiente, saúde e bem-estar.

O projeto dispõe de uma bolsa de estudos de até 1.900 euros para cobrir despesas de viagem, acomodação e pesquisa durante uma semana de estada na Eslováquia ou Portugal, embora a pesquisa e finalização não se limitem ao período de uma semana.

São necessários bons conhecimentos de inglês, sendo que os critérios para o financiamento passam pela relevância temática e plausibilidade financeira. Para a candidatura é necessário uma carta de motivação, pelo menos uma amostra escrita em português ou eslovaco, ideia/propostas de pesquisa, plano de trabalho, cálculo de custos e currículo.

As candidaturas devem ser feitas até ao dia 30 de março, através do e-mail: [email protected].

Do projeto fazem parte algumas bibliotecas portuguesas como as de Grândola, Bragança, Castelo Branco, Santa Maria da Feira ou Tavira.

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Estado arranca ano com excedente de 1.672 milhões de euros. Receita sobe 11,8%

Excedente fica 462 milhões de euros acima do registado em igual período do ano anterior. Evolução resulta de um crescimento da receita (11,8%) superior ao da despesa (7,3%).

O Estado registou um excedente orçamental, em contabilidade pública, de 1.672,1 milhões de euros, uma melhoria de 461,9 milhões de euros face ao período homólogo, de acordo com os dados divulgados esta sexta-feira pela Direção-Geral do Orçamento (DGO). Esta evolução resulta de um crescimento da receita (11,8%) superior ao da despesa (7,3%).

A execução orçamental do primeiro mês do ano revela que o crescimento do saldo face a janeiro de 2023 resulta da melhoria de 127,3 milhões de euros na Administração Central, 209 milhões de euros na Segurança Social e de 125,6 milhões de euros na Administração Regional e Local.

Os dados divulgados pela DGO são na ótica de contabilidade pública, isto é de tesouraria, diferindo da contabilidade nacional, que corresponde à ótica dos compromissos, apurada pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) e utilizada nas comparações internacionais.

Fonte: Direção-Geral do Orçamento

A despesa consolidada subiu 7,3% em janeiro face ao período homólogo, tendo a despesa primária aumentado 7,1%. Neste quadro destaca-se o crescimento de 7,4% nas despesas com pessoal, de 4,5% nas transferências e de 14,9% na aquisição de bens e serviços, com destaque para “o volume de pagamentos respeitantes a produtos vendidos nas farmácias, por parte das entidades pertencentes ao Serviço Nacional de Saúde (SNS)”.

Por sua vez, a despesa de investimento subiu 18,7% face a janeiro de 2024, excluindo os encargos com as parcerias público-privadas (PPP).

O que explica o aumento das despesas com pessoal?

O crescimento das despesas com pessoal reflete o descongelamento das progressões na carreira, aplicada durante o primeiro trimestre de 2024. A nível setorial, a DGO assinala a evolução no SNS, decorrente:

  • da medida de valorização da carreira de enfermagem;
  • do diferente perfil de pagamento dos suplementos inerentes ao novo modelo de organização da Unidades de Saúde Familiar, que entrou em vigor em 2024;
  • dos incrementos associados ao trabalho suplementar.

A variação observada na despesa com pessoal resultou ainda do aumento verificado na edução, justificado em grande parte pelo processo faseado de recuperação integral do tempo de serviço dos docentes. Destaca-se ainda o crescimento nos setores da Defesa, com a valorização do suplemento de condição militar, e da Segurança Interna, pela atualização do montante da componente fixa do suplemento por serviço e risco nas forças de segurança.

Receita fiscal sobe 13,3%

A receita fiscal do Estado subiu 13,3% em janeiro face ao período homólogo para 4.218,1 milhões de euros, resultado sobretudo do crescimento de 25,7% nos impostos indiretos.

A receita com impostos diretos subiu 1,5%, sendo apenas responsável por 6% do total do crescimento da receita fiscal. O Estado arrecadou mais 2% em receita de IRS, enquanto a receita com IRC caiu 2,1%.

Já nos impostos indiretos, destaca-se sobretudo o desempenho positivo da receita líquida do IVA, com um aumento de 38,6%, devido sobretudo à redução de 25,9% dos reembolsos face ao período homólogo. Realça-se ainda o aumento de 17,7% da receita com ISP, refletindo uma quebra de 45,7% dos reembolsos.

A receita não fiscal e não contributiva registou um crescimento de 11,8%, influenciado por um efeito que afeta a comparabilidade, sem o qual ter-se-ia verificado um acréscimo de 3,3%.

(Notícia atualizada às 15h50)

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Quem é Marlene Vieira, a chef que se intrometeu na cozinha dos homens?

  • Rita Ibérico Nogueira
  • 28 Fevereiro 2025

Foi a Estrela mais aplaudida na Gala do Guia Michelin 2025. Marlene Vieira veio quebrar um jejum de mais de 30 anos – ela é a segunda chef mulher portuguesa a receber a distinção do Guia Michelin.

A noite em que Portugal voltou a fazer história na gastronomia foi temperada com emoção e simbolismo. Na passada terça-feira, o país celebrou não apenas mais uma estrela no firmamento da alta cozinha (na verdade são oito as novas Estrelas, mas desta vez foquemo-nos em apenas uma), mas um feito que rompeu um jejum de mais de três décadas. Marlene Vieira tornou-se a primeira mulher a conquistar uma Estrela Michelin em Portugal desde 1993 [a primeira foi Maria Alice Marto, do restaurante Ti’ Alice, em Fátima], uma distinção que, além de reconhecer o seu talento, resgata um espaço que há muito parecia inatingível para as mulheres no competitivo (e muito patriarcal) mundo da restauração.

A consagração aconteceu durante a aguardada cerimónia do Guia Michelin, no Porto, com o marido, João Sá (do restaurante Sála, distinguido em 2024 com a sua primeira Estrela), parceiro na vida e nos negócios, a aplaudir de pé na primeira fila. Juntos, Marlene e João, têm uma filha – Isabel, com 9 anos, que recebeu o nome da sua referência feminina na cozinha – e gerem quatro restaurantes (o Sála, o Marlene, o ZumZum Gastrobar e um corner no Time Out Market). “Eu sou do Porto e o João é de Sintra. Conhecemo-nos na cozinha. Num hotel, quando trabalhávamos juntos, em 2005. Fomos crescendo juntos durante todos estes anos”, partilhou a chef, em entrevista à Face Food Mag. 17 anos depois, têm uma vida desafiante, sobretudo quando se trata de gerir o work-life balance. “Temos diferentes formas de trabalhar. A minha preocupação é agradar a muita gente. O João gosta mais de trabalhar para o seu próprio agrado, ele é um artista. A sua cozinha é mais pessoal. E no Marlene quero trabalhar mais a criatividade e a sensibilidade…”, conta a chef.

O restaurante Marlene tem vindo a construir uma identidade gastronómica singular, valorizando ingredientes locais.

Já João Sá, desfaz-se em elogios para a mulher que trouxe para casa a segunda Estrela Michelin do casal: “A cozinha da Marlene é sobretudo muito rica em sabor português. Mas eu gostava de destacar a sua maneira de estar na cozinha, como se comporta com as pessoas que trabalham com ela… Ela é muito melhor ao comando do que eu”. E continua: “é difícil, porque quando temos quatro restaurantes com a nossa companheira, sem sócios nem mais ninguém, o restaurante é uma parte muito importante da nossa vida… Por isso mesmo, este ano tentámos não falar de trabalho em casa”, revelou. E Marlene acrescentou ainda: “Vemos o futuro juntos, a cozinhar numa quinta com animais. Gostávamos de ter um pequeno hotel com um restaurante. Bom vinho… Mas juntos. Nós trabalhamos com o coração”.

Ovação emotiva em casa
Quando o nome de Marlene Vieira ecoou na sala da Alfândega do Porto, foi recebido com uma ovação entusiástica – um aplauso que simbolizava mais do que uma conquista pessoal: representava uma vitória para todas as mulheres que batalham por um lugar de destaque num setor ainda dominado por homens. “Sempre me perguntaram se eu acreditava que um dia uma mulher poderia alcançar esta distinção em Portugal. Eu sempre acreditei, e hoje, aqui estamos nós”, afirmou a chef, visivelmente emocionada.

O seu restaurante, Marlene, situado em Lisboa, tem sido um laboratório de experiências sensoriais onde os sabores ganham uma nova dimensão. Com uma abordagem que funde tradição e inovação, Marlene tem vindo a construir uma identidade gastronómica singular, valorizando ingredientes locais e técnicas refinadas. O menu, meticulosamente elaborado, é um reflexo da sua filosofia culinária: respeito pela sazonalidade, paixão pelo detalhe e uma criatividade sem limites. “Cozinhar é contar histórias com sabores. Cada prato que envio para a mesa carrega um pouco da minha essência”, revelou.

A jornada até à conquista da estrela Michelin não foi fácil. Nascida na Maia, há 45 anos, cresceu a entrar em cozinhas de restaurantes, porque o pai tinha um talho e era ela quem fazia as entregas. Começou a trabalhar num restaurante nas férias – o Costa Brava, na Maia –, quando tinha apenas 12 anos e, aos 16, iniciou os estudos na área, na Escola de Hotelaria de Santa Maria da Feira. Durante o seu percurso diz orgulhosamente que não há nada que não tenha feito num restaurante. “Fiz de tudo. Comecei pela cozinha, mas também limpei casas de banho. E aos poucos, o mundo da cozinha invadiu-me. Não me apaixonei pela cozinha da avó ou da mãe. Apaixonei-me pela vida de um restaurante especial”, recordou a chef numa entrevista. Ela que, nem uma semana depois do famigerado 11 de Setembro e da queda das Torres Gémeas, estava de malas feitas para os Estados Unidos, onde trabalhou num restaurante português e acabaria a servir sardinhas assadas à cantora Norah Jones. “Era uma cozinha portuguesa tradicional num ambiente de luxo… [o restaurante Alfama, em Manhattan]. Era contraditório. Cozinha portuguesa era servida nas tascas. E eu estava, de repente, a servir umas sardinhas assadas à Norah Jones”, explicou. Foi neste país que descobriu verdadeiramente a gastronomia portuguesa. “Conhecia a comida da minha casa… não conhecia bacalhau à Brás. E quando conheço a cozinha portuguesa, a minha vida muda”.

Viveu entre tachos e panelas, num ambiente onde a resistência ao protagonismo feminino era evidente. “Muitas vezes duvidaram que eu tivesse a capacidade de liderar uma cozinha. Mas nunca deixei que isso me definisse”, recorda. A sua formação passou por algumas das cozinhas mais exigentes do mundo, onde aprendeu com mestres da alta gastronomia, absorvendo conhecimentos e lapidando um estilo próprio. De regresso a Portugal, tornou-se conhecida pelos portugueses ao participar como jurada no programa da RTP Masterchef. Pelo meio passou pelo Avenue, na Avenida da Liberdade, que lhe abriu as portas do Time Out Market em 2014. Em 2020, abriu o Zumzum Gastro Bar e, dois anos depois, o Marlene onde apostou numa cozinha autoral e diferenciada e só serve jantares, de quarta a sábado. Desde então, o sonho da estrela Michelin foi-se fazendo mais presente.”Não se trabalha a pensar nela? Não sei. Muitas vezes são os clientes, os pares, que nos vão relembrando: ‘Oh Marlene, porque é que tu não tens aqui uma estrela Michelin?'”, contou a chef a um canal de televisão.

O reconhecimento do Guia Michelin é um marco na sua carreira, mas a chef garante que este é apenas o começo. “Receber esta estrela não é um ponto de chegada, é um ponto de partida. Quero continuar a surpreender, a evoluir e a inspirar outras mulheres a seguirem este caminho”, afirma. A sua presença na lista de premiados é um sinal de mudança no panorama da gastronomia nacional, um lembrete de que o talento e a dedicação devem ser os verdadeiros critérios de valorização, independentemente do género.

A conquista de Marlene Vieira não se esgota no brilho da estrela recebida; ela traz consigo um impacto profundo. A gastronomia portuguesa, tão rica e diversa, tem agora mais uma referência feminina a figurar entre os grandes nomes da cozinha contemporânea. A chef, que sempre sonhou em deixar a sua marca no mundo gastronómico, conseguiu não só esse feito, mas também inspirar uma nova geração de cozinheiras que olham para ela como um símbolo de possibilidade e mudança.

“Hoje, celebro não apenas a minha conquista, mas a de todas as mulheres que batalham diariamente neste setor. Espero que esta estrela ilumine muitos outros caminhos e que, em breve, vejamos mais mulheres a ocupar o lugar que lhes é devido na alta gastronomia”, conclui.

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Museu Nacional do Azulejo lança em março concurso público para obras de fundo

  • Lusa
  • 28 Fevereiro 2025

Obras de fundo vão incidir, na primeira fase, na requalificação da fachada e das coberturas, e na fase seguinte na recuperação estrutural do museu. Encerramento parcial temporário está a ser avaliado.

O concurso internacional para a primeira empreitada de obras no Museu Nacional do Azulejo (MNAz), em Lisboa, no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), vai ser lançado na primeira quinzena de março, segundo fonte do Ministério da Cultura (MC).

As obras de fundo vão incidir, nesta primeira fase, na requalificação da fachada e das coberturas, e na fase seguinte na recuperação estrutural do museu cujo encerramento parcial temporário ainda está a ser avaliado, segundo as respostas da tutela a questões enviadas pela agência Lusa.

Necessárias há mais de quatro décadas, as obras de fundo deverão avançar no âmbito do PRR, segundo o MC, com “a primeira empreitada posta a concurso público na primeira quinzena de março de 2025”. “Seguir-se-á uma segunda empreitada que irá a concurso oportunamente no tempo sucessivo”, indicou fonte do gabinete da ministra da Cultura, Dalila Rodrigues.

Ainda segundo a tutela, “encontra-se em avaliação”, pela Museus e Monumentos de Portugal, em articulação com o Património Cultural-IP e a Associação de Turismo de Lisboa, “entidades envolvidas no processo de execução do investimento PRR relativo ao museu”, “o impacto das obras a levar a cabo, sendo de admitir que possa ser necessário o encerramento, porventura parcial, desse equipamento”.

Instalado no antigo Mosteiro da Madre de Deus, fundado em 1509 pela rainha D. Leonor, o MNAz, um dos mais importantes museus nacionais, pela sua coleção de azulejaria, foi o mais visitado na capital em 2023, com 276.209 visitantes, seguido pelo Museu Nacional dos Coches, com 226.634 entradas, segundo os dados estatísticos oficiais mais recentes.

Questionada sobre exatamente quais as obras necessárias e previstas no quadro do PRR para o MNAz, tendo em conta que o prazo do programa vai até 31 de março de 2026, a tutela indicou à Lusa que “respondem a problemas estruturais do equipamento”.

“Uma empreitada tratará da requalificação e recuperação das coberturas, vãos e fachadas do Museu; uma outra empreitada será focada na recuperação estrutural e de conservação e restauro do claustro e do claustrim, sem prejuízo de, nesta data, ainda estarem a ser equacionadas outras questões que afetam o museu”, enumerou.

A coleção deste museu abrange a produção azulejar desde a segunda metade do século XV até à atualidade, reunindo, além do azulejo, peças de cerâmica, porcelana e faiança dos séculos XIX a XX.

De acordo com o portal Mais Transparência, estão destinados 4,94 milhões de euros para as obras do PRR no museu, nomeadamente de “reabilitação das fachadas, Conservação e restauro da Torre Sineira e da Torre do Coruchéu, Beneficiação e restauro geral do Claustro, coro alto e revestimento azulejar da igreja”.

Em 2021, em entrevista à agência Lusa, o então diretor do museu, Alexandre Pais, atualmente presidente da MMP, sublinhava a importância de “resolver a médio prazo” os problemas de infiltrações de chuva nos corredores com que o museu se debatia, e também a degradação da fachada.

“A degradação da fachada exterior não dá uma boa imagem do museu. Basta fazer pesquisa nos ‘sites’ internacionais, e há vários que dizem que se [o turista] tiver meio-dia, em Lisboa, e quiser visitar um museu, o aconselham a ir ao Museu do Azulejo, porque a partir dali consegue perceber o que é a cultura e a sensibilidade portuguesas. É muito lisonjeador, mas também alertam os visitantes para não se deixarem desencorajar com o aspeto exterior, porque o interior é surpreendente”, relatou à Lusa, na altura.

De acordo com o mesmo estudo de 2018 sobre públicos dos museus nacionais, o MNAZ possui um grande peso de visitantes estrangeiros, com franceses, brasileiros e alemães a liderar as visitas, por esta ordem, num conjunto de 55 nacionalidades, segundo os dados então recolhidos.

Em dezembro de 2024, foi anunciado o nome de Rosário Salema de Carvalho, investigadora no ARTIS–Instituto de História da Arte, especialista em azulejaria portuguesa, para dirigir o museu, na sequência de concurso público internacional.

Fundado em 1965, o Museu Nacional do Azulejo atrai anualmente milhares de visitantes estrangeiros, que respondem por mais de 80% das entradas, segundo um estudo sobre o perfil dos visitantes dos museus nacionais realizado em 2015 pela então Direção-Geral do Património Cultural, em conjunto com investigadores universitários e divulgado em 2018.

O MNAz tem por missão recolher, conservar, estudar e divulgar exemplares representativos da evolução da cerâmica e do azulejo em Portugal, promovendo a inventariação, documentação, investigação, classificação, divulgação e conservação e restauro da cerâmica, em particular do azulejo.

O museu integra também a salvaguarda patrimonial da igreja e dos demais espaços do antigo Mosteiro da Madre de Deus, onde está instalado.

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Louis Vuitton veste o Real Madrid? Parceria de luxo pode estar a caminho

  • Rita Ibérico Nogueira
  • 28 Fevereiro 2025

O futebol e a moda de luxo estão em vias de unir-se numa parceria histórica. A Louis Vuitton poderá vestir o Real Madrid, elevando o clube espanhol a um novo patamar de prestígio.

A relação entre o desporto e o luxo nunca foi tão estreita, e o mais recente rumor que percorre os sites especializados reforça essa tendência: a Louis Vuitton poderá tornar-se a marca responsável pelos trajes oficiais do Real Madrid. Embora a notícia ainda não tenha sido confirmada, a especulação já está a causar agitação tanto no mundo da moda como no universo do futebol.

De acordo com os zunzuns, marca francesa está prestes a assinar um acordo multimilionário com os campeões europeus, substituindo a Zegna como parceira oficial de moda do Real Madrid a partir da próxima temporada. A Louis Vuitton fornecerá vestuário de viagem de alta qualidade para as equipas masculina e feminina do Real Madrid, bem como para a equipa de basquetebol, consolidando a sua posição no universo desportivo de elite.

Este acordo está definido para ser uma parceria histórica que irá melhorar o já vasto portefólio de marcas do Real Madrid. Esta não é a primeira incursão da Louis Vuitton no mundo do futebol, com Jude Bellingham a ser anunciado como ‘amigo da maison‘ oficial no ano passado. Além disso, a casa francesa foi responsável pela icónica fotografia de Cristiano Ronaldo e Lionel Messi para a campanha do Mundial de 2022, como sempre captada pela lente da fotógrafa Annie Leibovitz.

Sob a liderança do novo criador de moda masculina, Pharrell Williams, houve uma clara direção temática de futebol na marca. O lançamento do ‘Footprint’ Astros em dezembro de 2024 e as camisas apresentadas no desfile de moda em Paris nesta temporada reforçaram essa ligação. A parceria com o Real Madrid surge, portanto, como um passo natural nesta trajetória.

Se o rumor se confirmar, esta aliança poderá ditar uma nova tendência no futebol de alto nível, onde cada vez mais clubes procuram colaborações com marcas que representem os seus valores e aspirações. Para já, resta esperar por um anúncio oficial. Mas uma coisa é certa: se a Louis Vuitton vestir o Real Madrid, o futebol nunca terá estado tão elegante.

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Infraestruturas de Portugal pede retirada de publicidade colocada à beira da estrada

  • Lusa
  • 28 Fevereiro 2025

No caso das empresas que não removam as estruturas em 20 dias, a IP promoverá a remoção a expensas dos titulares. Algumas destas entidades já comunicaram que vão retirar os suportes no prazo indicado.

A Infraestruturas de Portugal (IP) está a enviar cartas a pedir a “retirada voluntária” de painéis publicitários “indevidamente colocados” junto a estradas e que podem representar um risco para a segurança rodoviária.

Até ao momento foram emitidas 71 cartas, envolvendo várias empresas do setor da publicidade“, disse à agência Lusa, através de correio eletrónico, a empresa que gere as redes rodoviária e ferroviária.

A medida insere-se numa campanha de sensibilização que tem “como objetivo principal garantir as condições de segurança da circulação e promover o cumprimento da lei“, no âmbito das competências da empresa, indicou a IP em comunicado.

Segundo a empresa pública, verifica-se um aumento de suportes publicitários colocados na zona de estrada da rede rodoviária que gere, sobretudo nos “locais com maior dinâmica económica e populacional”, que podem “perturbar a atenção do condutor e, consequentemente, constituir um fator de maior risco para a segurança rodoviária”.

Algumas das empresas contactadas já comunicaram que vão retirar os suportes no prazo indicado.

Passados 20 dias para remoção voluntária, a IP promoverá a remoção [dos painéis] a expensas dos titulares das infraestruturas, ao abrigo dos poderes de autoridade na zona da estrada“, referiu, adiantando estar a analisar respostas que recebeu, como pedidos de esclarecimento ou contestações da ilegalidade da instalação.

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Setor imobiliário de gama alta tem um peso substancial na economia portuguesa

  • Rita Ibérico Nogueira
  • 28 Fevereiro 2025

Esta é uma das conclusões do relatório “Portugal Realty Premium Market”, um estudo pioneiro desenvolvido em parceria entre a Porta da Frente Christie’s e a NOVA School of Business & Economics.

“Uma das coisas que senti assim que entrei na Porta da Frente, há cerca de dois anos, foi a falta de dados sobre o mercado”, começou por explicar João Cília, o CEO da Porta da Frente Christie’s. “Como esses dados não existiam, nem a sua interpretação, vivia-se de perceções. E foi por isso que desafiei o professor Pedro Brinca, da Universidade Nova, a criar uma metodologia que nos ajudasse a compreender melhor o mercado”. Foi assim, de uma necessidade concreta, que nasceu o estudo “Realty Premium Market” – com base em dados fornecidos pelo Confidencial Imobiliário, pelo Idealista, pelo Instituto Nacional de Estatítica e pelos dados da Christie’s a que a Porta da Frente tem acesso – que caracteriza o mercado imobiliário de gama alta em Portugal, mostra o seu impacto na economia e permite antecipar algumas perspetivas futuras.

Cília começou por explicar a segmentação do mercado de gama alta – que representa os 10% de transações mais caras do mercado – que foi dividida em três categorias: Affluent (imóveis entre os 10% e os 5% mais caros), Premium (entre os 5% e os 2% mais caros) e Luxo (os 2% mais caros).

Geograficamente, os distritos de Faro, Lisboa e Porto lideram a oferta deste segmento, ocupando 95% do mercado (com a Madeira a começar a ter alguma expressão), sendo Cascais e Estoril, Quarteira, Santo António e Avenidas Novas as localizações com maior número de imóveis disponíveis. Contudo, enquanto Faro recuperou os níveis de oferta de 2021, Lisboa e Porto ainda estão abaixo desses valores.

Em termos de nacionalidades, a Porta da Frente trabalha maioritariamente com o segmento internacional, destacando-se as nacionalidades americana e brasileira entre as que atualmente mais procuram Portugal para residir. “Em grande parte atraídos pelo clima, pelo estilo de vida, pela segurança, pela estabilidade política, pelo acesso à saúde e à educação, bem como a proximidade de outras capitais europeias”, esclareceu ainda o CEO da Porta da Frente, citando um estudo da PWC, de 2024, que classifica Lisboa como a 10ª cidade europeia mais atrativa para investimentos imobiliários em 2025.

Tendências de oferta e procura
A oferta de imóveis de gama alta sofreu uma contração entre 2021 e 2022, seguida de uma recuperação gradual a partir do final de 2022. A explicação para essa contração é simples: “deu-se a pandemia de Covid-19, um período em que o mercado praticamente parou. Depois da paragem, voltou a acelerar com mais oferta de casas no mercado, um maior ritmo de nova construção. O mercado cresceu não só pela retoma das transações, mas também pelo aumento dos preços da construção, em muito ampliados pela inflação”, explicou João Cília.

Em termos tipológicos, as moradias representam cerca de um terço da oferta, enquanto os apartamentos T2 têm ganho protagonismo nas preferências, crescendo 5 pontos percentuais entre 2021 e 2024.

Por outro lado, a procura por imóveis de gama alta mais do que duplicou entre 2021 e 2023, estabilizando posteriormente, “o que pode estar relacionado com o aumento das taxas de juro e com o fim do regime de Residente Não Habitual e dos Vistos Gold”, acrescentou Cília. Ainda assim, o segmento Luxo mostrou uma resiliência superior aos segmentos Affluent e Premium. Estima-se que as vendas totais do segmento de gama alta, em 2024, devem representar 5.581 milhões de euros.

O impacto económico do setor
O estudo evidencia que o setor imobiliário de gama alta tem um peso substancial na economia portuguesa. Em 2022, foi o ano de maior atividade económica do segmento, com a construção e a venda de imóveis contribuindo para um volume de produção de 8,1 milhões de euros e gerando mais de 106 mil empregos em termos de equivalentes a tempo completo. “Foi um ano extraordinário, foi o ano que maior atividade económica gerou e, por conseguinte, mais riqueza e mais remunerações para mais postos de trabalho”, comentou Pedro Brinca, coordenador do estudo junto com João B. Duarte. Contudo, em 2023, houve uma ligeira retração, reflexo das incertezas macroeconómicas e do aumento dos custos de construção, que cresceram cerca de 30% entre 2021 e 2024. O investimento no setor manteve-se alto, mas os desafios estruturais, como a escassez de mão-de-obra qualificada, continuam a ser um obstáculo ao crescimento.

O preço dos imóveis de gama alta registou um aumento nominal de 23% entre 2021 e 2024, mas em termos reais, se descontarmos o efeito da inflação, esse crescimento foi de apenas 3%. Esse fenómeno demonstra que, apesar da valorização, os aumentos de preço estão a ser compensados pelo aumento do custo de vida.

Dentro dos segmentos, o Luxo lidera os preços, seguido pelo Premium e pelo Affluent, como seria de esperar. A maior diferenciação nos preços entre os segmentos Luxo e Premium, comparada com a diferença entre Premium e Affluent, indica que os imóveis mais exclusivos têm vindo a ganhar maior valorização no mercado.

Desafios e oportunidades para o futuro
O estudo apontou vários desafios e oportunidades para o mercado de gama alta em Portugal, evidenciando, desde logo, que o mercado de habitação em Portugal precisa de mais medidas, sobretudo para reforçar a oferta, sobretudo para a classe média. “Só existem duas opções para a crise na habitação: ou se reduzem os preços da construção, ou se aumentam os ordenados das pessoas. Senão, não há milagres. O mercado está mal regulado. Não faz sentido existirem impostos sobre as transações. Isso impede que as pessoas redimensionem as suas casas consoante a fase da vida em que estão. Sabe-se hoje que 68% das pessoas vivem em casas sobredimensionadas e 12% queixa-se do oposto. Ou seja, têm de haver medidas fiscais. Neste momento estamos com fatores económicos favoráveis: os salários subiram, as taxas de juro desceram, há mais rendimento disponível e melhores condições de financiamento, sobretudo para os jovens. Mas, sem intervir na construção, no fundo estamos a subsidiar a procura e, consequentemente, o aumento dos preços. E está tudo certo: os preços sobem e aumenta a confiança dos investidores. Mas não vai ser assim que se resolve o problema da habitação em Portugal”, criticou Pedro Brinca.

Apesar dos desafios do mercado em geral, o mercado imobiliário de gama alta em Portugal permanece robusto, com previsões otimistas para os próximos anos. A sua resiliência e capacidade de adaptação serão fatores decisivos para o seu crescimento sustentado num cenário económico global em constante transformação.

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