Apaixonada pela beleza mas a encontrar o amor no Boticário, Maria João Santos, na primeira pessoa

A liderar o marketing do Grupo Boticário Portugal há quase dois anos e meio, Maria João Santos encontrou no amor a "fórmula secreta". Gosta de cozinhar comida portuguesa e italiana e adora a Ásia.

Depois de ter feito grande parte do seu percurso profissional no lado das agências, mas de ter tido também uma experiência na área dos media, Maria João Santos sentia que lhe faltava trabalhar no lado do cliente. Conseguiu colmatar essa falha do “triângulo” no Boticário, grupo de que é diretora de marketing em Portugal há quase dois anos e meio e onde está a ser “extremamente feliz”.

Eu já tinha uma grande paixão pela beleza, mas foi no Boticário que encontrei o amor. O grupo é uma marca de beleza, mas onde se tem amor tem beleza, por isso efetivamente a paixão virou um grande amor”, diz a diretora de marketing do Grupo Boticário Portugal, em conversa com o +M.

Na sua atual função é responsável por quatro áreas, desde logo pela de marketing de marca, onde o “grande objetivo é trabalhar as marcas do grupo — como O Boticário, Quem Disse, Berenice? ou Aura — e, no fundo, mostrar essas marcas aos consumidores portugueses”.

É também responsável pela área de marketing canal, atuando nos vários canais em que o grupo está presente, seja nas lojas próprias, no site ou através de parceiros, como a Wells ou a Amazon. Outra das suas funções passa por aumentar a notoriedade do grupo Boticário em Portugal: “somos um player presente em Portugal com projetos bastante desafiadores, desde o empreendedorismo até às nossas políticas muito na vanguarda do ESG [Environmental, Social and Governance], por isso é muito importante para nós falarmos sobre o nosso propósito enquanto grupo”, explica.

Além disso, Maria João Santos tem ainda à sua responsabilidade a área de arquitetura e store experience, onde o desafio passa por “gerar, cada vez mais, uma experiência inovadora e diferenciadora para quem visita as lojas” do grupo.

Em termos de comunicação do Boticário, esta tem “evoluído bastante” desde há três anos, com o grupo a fazer “um grande investimento na marca“, não só na comunicação pura e dura, mas também nas experiências que quer levar até junto dos consumidores.

“Temos uma rede com mais de 60 lojas e iniciámos exatamente há três anos toda uma remodelação das nossas lojas. Precisávamos de lojas mais modernas, mais sofisticadas e que proporcionassem uma experiência mais relevante e uma jornada mais interessante para os nossos clientes e isto é feito através de um esforço conjunto“, explica a responsável.

“Ou seja, de uma atualização das lojas mas também do nosso site, indexando a isto uma comunicação diferente. Em 2022 lançámos a nossa primeira campanha de marca em Portugal, que tinha como objetivo voltarmos a conectarmo-nos com o consumidor português e demonstrar que a fórmula secreta do Boticário era o amor. Precisávamos de voltar a conversar com o consumidor e demonstrar quais eram os nossos valores. Queremos ser uma marca atual, que responde às necessidades de beleza do consumidor português“, acrescenta Maria João Santos.

Neste sentido, a marca O Boticário lançou este Natal uma campanha onde celebra os laços familiares, naquela que é a sua “maior realização audiovisual” de sempre. Esta “grande produção” foi realizada pela equipa d’O Boticário no Brasil mas foi lançada a nível mundial, nomeadamente em Portugal, mas também nos EUA e na Colômbia, o que permitiu a “internacionalização da campanha“.

A verdade é que O Boticário é uma marca de histórias reais, sempre foi. E esse é um território em que por vezes é difícil comunicar mas que achamos que é muito importante nós estarmos presente. Tanto no Natal como no Dia da Mãe fazemos sempre campanhas que contem um bocadinho histórias que fazem parte da vida das pessoas”, diz Maria João Santos.

Esta campanha de Natal tinha por objetivo “contar uma história de um amor muito verdadeiro“, sobre o momento em que são os filhos que começam a cuidar dos pais, “o que muitas vezes pode criar momentos de tensão nas famílias, mas em que através da compreensão e do amor é possível resolver as coisas”, explica a diretora de marketing que lidera uma equipa composta por outros 23 elementos e que conta com o apoio das agências Mindshare (em termos de planeamento de media) e da Burson (relações públicas).

Foi após uma breve passagem pela área de consultoria em corporate finance que Maria João Santos aprendeu que a sua paixão estava no marketing, tendo então ido para a área das agências de media, nomeadamente para o grupo Omnicom, onde esteve cerca de uma década e onde trabalhou uma variedade de anunciantes de diversos setores, como a Unicer (agora Super Bock Group), Portugal Telecom, McDonald’s, Beiersdorf (dona da marca Nivea) ou L’Oréal.

Após dez anos na área de agências resolveu “desafiar-se” e juntar-se aos media, depois de ter surgido a oportunidade de integrar a equipa comercial do Observador, naquela que foi uma “experiência muito enriquecedora”. Mas após menos de dois anos, “a media voltou a chamar”, pelo que voltou para as agências, desta vez para o GroupM para trabalhar de novo a L’Oréal, num projeto “muito diferenciador no mercado”, tendo em conta que na altura foi criada uma agência para trabalhar, de forma exclusiva, este anunciante.

A passagem por agências e grupos de media foi “extremamente importante” para a sua atual função, desde logo pelo facto de ter trabalhado vários setores com diversos anunciantes, o que lhe proporcionou “uma experiência bastante grande” e levou a um “grande desenvolvimento” na análise do consumidor.

“As agências de media também têm uma parte muito relevante que é a grande responsabilidade de comunicar junto do target pretendido mas também de ter de cumprir orçamentos, pelo que efetivamente me deram uma experiência muito grande. Além disso, conviver com vários anunciantes também foi muito importante para me transformar na profissional que sou. Ter privado com várias equipas de marketing dá-nos uma perspetiva de atuação“, refere a diretora de marketing de 41 anos.

A viver em Lisboa com o marido e os dois filhos – um menino e uma menina, ainda pequenos – Maria João Santos diz-se uma “alfacinha de gema” e considera ter tido uma infância e adolescência “extremamente felizes” na capital, “em muito” devido à sua família.

O meu pai e a minha mãe são os meus dois pilares. Falo com eles todos os dias e estou também quase todos os dias com eles. Foram sempre muito presentes ao longo de toda a minha vida, sempre me acompanharam, desafiaram, apoiaram, aconselharam e ajudaram nas decisões mais importantes da minha vida”, refere.

Apesar de lisboeta tem uma “costela ribatejana” (uma vez que a mãe é de Santarém) e outra açoriana (de onde é o pai), o que resulta numa “mistura engraçada”, uma vez que “em ambos os sítios se gosta muito de comer”.

Aprendi com a minha mãe e a minha avó a cozinhar e a receber. Adoramos ter casa cheia, seja com família ou amigos“, diz, acrescentando que adora cozinhar. Se não trabalhasse em marketing, provavelmente Maria João Santos teria sido chef de cozinha, sendo que gosta particularmente de colocar em prática os seus dotes culinários através da confeção de comida tradicional portuguesa e de “comida de tacho”.

Adora fazer pratos como cozido à portuguesa, entrecosto no forno ou rojões. Mas além disso — talvez também influenciada pelo período que viveu em Milão enquanto fez Erasmus — adora também cozinhar comida italiana, como risotto de cogumelos ou linguini nero com gambas.

O que mais gosta de fazer hoje em dia é estar presente para os seus filhos e marido. “Num mundo de lufa-lufa em que estamos sempre atrasados para alguma coisa, acho que poder desfrutar de tempo em família tornou-se uma das minhas prioridades. Mas gosto também de estar com família mais alargada e com amigos, gosto imenso de ter casa cheia e de fazer convívios. Qualquer desculpa para fazer programas ao fim de semana com amigos é ótima”, diz.

Além disso, Maria João Santos gosta também muito de viagens, embora não tenha viajado tanto quanto gostaria desde que foi mãe. Entretanto desenvolveu uma “grande paixão” pela Ásia e uma “grande admiração” pelas culturas asiáticas, elegendo o Camboja como o sítio mais bonito onde já esteve.

Fez natação desde os três até aos 18 anos (tendo praticado de forma federada durante cinco anos) e jogou futebol de cinco feminino, no período em que esteve na escola. Adora ler livros policiais, gostando particularmente do autor Tom Clancy.

Estar presente nos momentos que interessam e são relevantes e estar presente na vida daquelas pessoas de quem eu gosto e que gostam de mim” é o desafio da sua vida, até tendo em conta que às vezes “é muito difícil conseguir conciliar tudo”. “Mas também nunca deixar de sonhar e acreditar que tudo é possível“, conclui.

Maria João Santos em discurso direto

1 – Que campanhas gostava de ter feito/aprovado? Porquê?

Gostaria de ter participado na campanha “Quanto mais depressa, mais devagar”, uma campanha de 2001 de prevenção rodoviária promovida pela Direcção-Geral de Viação (DGV) e Prevenção Rodoviária Portuguesa (PRP). Eram cinco histórias reais de pessoas que viram as suas vidas mudarem após trágicos acidentes de viação. Foi uma campanha inquietante, que não deixou ninguém indiferente, onde durante mais de um minuto as pessoas executavam com extraordinária dificuldade as tarefas mais banais do dia-a-dia como virar a página de um livro ou abotoar um botão de uma camisa, ao som de Aimee Mann. Foi uma campanha que despertou emoções fortes e é uma das campanhas que gostaria de ter estado envolvida, uma vez que não deixou ninguém indiferente.

2 – Qual é a decisão mais difícil para um marketeer?

Inovar sem perder a identidade da marca. Encontrar o equilíbrio entre inovação e manutenção da identidade da marca é muito desafiador. Novas campanhas, novos produtos ou novas abordagens que atraem novos consumidores, mas que ao mesmo tempo preservam os valores e a essência da marca, exige uma avaliação cuidadosa. Essas decisões geralmente envolvem a necessidade de equilibrar riscos e recompensas, avaliar tendências do mercado e a evolução do comportamento do consumidor, e encontrar resultados concretos enquanto se mantém a fidelidade à visão e aos valores da marca.

3 – No (seu) top of mind está sempre?

O consumidor! E digo consumidor, por termos de pensar tanto nos clientes como nos potenciais clientes, dada a importância de os conhecer, analisando as suas necessidades. As expectativas requerem confiança e empatia e para isso temos de desenvolver uma comunicação transparente para dar resposta à suas necessidades e gerar uma ligação emocional.

4 – O briefing ideal deve…

Ser claro, inspirador e abrir portas para a criatividade. Ter a capacidade de gerar boas histórias sobre a marca, os seus produtos e serviços; histórias que geram inspiração, energia e contam os valores da marca, levando também a uma ligação emocional com os consumidores.

5 – E a agência ideal é aquela que…

Comunga dos nossos valores, mas que simultaneamente nos desafia, questiona e nos procura surpreender.

6 – Em publicidade é mais importante jogar pelo seguro ou arriscar?

Arriscar, sempre. O que é seguro raramente é memorável. O tema é: só sendo verdadeiros é que conseguimos o efeito “wow” dos consumidores. Temos de ser seguros na transmissão dos valores, mas simultaneamente assumir um pouco de risco na comunicação da marca e dos seus produtos, com uma ousadia calculada que faz a diferença.

7 – O que faria se tivesse um orçamento ilimitado?

Venho da área de gestão e finanças pelo que parto sempre do princípio de que “não existem almoços grátis”. Contudo, diria que procurava realizar uma campanha para expandir a marca com uma aposta na inovação tecnológica que permitisse uma experiência interativa e conectassem a marca ao público de forma inesquecível.

8 – A publicidade em Portugal, numa frase?

Portugal é um terreno fértil de criatividade, temos excelentes criativos que, todos os dias, apresentam campanhas dinâmicas e geram emoções, combinando tradição e inovação.

9 – Construção de marca é?

Criar um legado. É transformar valores em ações, produtos em experiências e consumidores em embaixadores.

10 – Que profissão teria, se não trabalhasse em marketing?

Seria chef de cozinha, para além de gostar muito de cozinhar, acho que a comida é algo muito tradicional português, que dá conforto e deixa as pessoas felizes. E não é muito diferente do marketing: precisamos conhecer o nosso público-alvo, conhecer os seus interesses e gostos, criar um produto que gostem, comunicá-lo e apresentá-lo da forma mais criativa possível, criando sempre uma ligação.

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Os grandes negócios de 2025 que podem dar novo fôlego ao M&A

Depois de um ano que desiludiu, Portugal tem de mostrar que consegue fechar grandes transações. É unânime entre 'advisors' que as maiores de 2025 serão as vendas da TAP e do Novobanco.

Portugal está longe dos recordes de 2021 e 2022 no mercado transacional, mas ainda existe esperança de um novo ímpeto quando se virar a página do calendário. Isto porque as perspetivas gerais para o mercado de fusões em aquisições (M&A) no próximo ano são de “otimismo moderado”, citando a expressão utilizada por alguns assessores contactados pelo ECO. Desde logo, porque existem vários negócios por fechar nos meses que se seguem.

As estrelas do ano estão na banca e aviação, embora haja outros setores a ter em conta. O diretor e responsável de M&A da Howden Portugal diz que empresas de infraestruturas e saúde tiverem um 2024 “relativamente ativo”, pelo que deverá continuar. “O imobiliário, por seu turno, continua a ser o grande motor das transações em Portugal. Destacam-se os investimentos na área da hotelaria, o que se manterá em 2025. Por outro lado, regressaram as operações de retalho, tendência que já se tinha observado em 2023, mas que se consolidou ao longo deste ano e que se deverá igualmente manter”, acrescenta Francisco Alvim.

O relatório “2025 M&A Outlook” do Goldman Sachs antevê que, em 2025, os maiores desafios, como a regulação e a política monetária incerta, sejam resolvidos, “pelo menos de forma geral” e gerem um ambiente de maior confiança para as empresas negociarem entre si. De facto, 47% dos clientes do banco disseram que os maiores impulsionadores de decisões de M&A no próximo ano serão o crescimento estratégico e junção de novas capacidades (por exemplo, unidades de negócio extra).

Os banqueiros de investimento contactados pela Reuters estimam que as transações de M&A mundiais ultrapassem os 4 biliões de dólares (3,8 biliões de euros) em 2025, o valor mais alto em quatro anos à boleia das promessas do presidente eleito dos Estados Unidos de menos regulação e menos impostos às empresas.

“Depois de um ano marcado por muitas eleições, tanto nos Estados Unidos como na Europa, incluindo em Portugal, espera-se o retorno a uma certa estabilidade política, o que sempre é positivo do ponto do investimento”, assinala Francisco Alvim.

TAP

É um dos maiores negócios em Portugal anunciados para 2025, embora se arraste há mais de um ano, quando o anterior Governo aprovou o diploma que definiu a alienação de, pelo menos, 51% do capital da empresa de aviação, reservando até 5% para os trabalhadores. O Executivo liderado por Luís Montenegro – entretanto no poder – manteve os planos de venda, mas foi mais além ao defender que o ideal era uma privatização total do capital caso haja garantia de que o hub de Lisboa se mantém.

O plano do Governo é iniciar e concluir o processo de privatização no próximo ano, disse o ministro das Infraestruturas, durante a discussão na especialidade do Orçamento do Estado para 2025, em novembro. Miguel Pinto Luz avançou que houve mais de 12 manifestações de interesse na TAP de players nacionais e estrangeiros, onde se incluem IAG, Air France-KLM e Lufthansa, cujas reuniões públicas. O caderno de encargos será preparado até março, de acordo com o Expresso.

Na opinião do advogado Diogo Leónidas Rocha, esta é sem dúvida uma das transações de referência em 2025. Questionado sobre o mercado, explicou que ainda enfrenta períodos de “grande incerteza”. “Apesar dos efeitos do Covid-19 parecerem estar mais distantes, a instabilidade geopolítica provocada pela guerra da Ucrânia veio a afetar as cadeias de produção e distribuição na Europa. O conflito do Médio Oriente de dimensões ainda imprevisíveis, e o facto de as economias motor da Europa encontrarem-se estagnadas, não parece igualmente ajudar a tão esperada retoma do mercado de M&A”, argumentou ao ECO o sócio da área Corporate na J+Legal.

E mais empresas do Estado

Importa lembrar que o Governo criou um grupo de trabalho para proceder ao levantamento das empresas do Setor Empresarial do Estado (SEE) consideradas estratégicas para perceber quais poderão ser objeto de venda de participações. O relatório que daí surgir vai entregue até ao dia 31 de março de 2025.

“Impõe-se uma reavaliação dos ganhos de eficiência e de qualidade resultantes da manutenção e exploração das atividades abrangidas pelo SEE em moldes empresariais públicos ou de uma participação estatal, na perspetiva da reconfiguração da dimensão do Estado e do princípio da eficiência que deve presidir à sua presença e ação”, lê-se no despacho do Secretário de Estado do Tesouro e das Finanças publicado a 11 de dezembro.

A Caixa Geral de Depósitos, o grupo Águas de Portugal, a RTP e a Companhia das Lezírias estão de fora desta análise.

Novobanco

O fim antecipado do Acordo de Capital Contingente (CCA) do Novobanco, no início do mês, abriu novas portas para o futuro da instituição financeira que em 2017 foi vendida ao fundo norte-americano Lone Star. É outra das operações que tem suscitado atenção pública, nomeadamente pela hipótese de uma Oferta Pública Inicial (IPO – Initial Public Offering).

Na sequência do CCA, que o Governo caracterizou como “bom” e capaz de “normalizar” o banco e reduzir encargos estatais, se tudo correr como planeado, o processo começa em maio, apurou o ECO.

Em setembro, fontes avançaram à agência Reuters que a Lone Star estaria a considerar quer um IPO quer uma venda. Segundo o Negócios, o BCE poderá autorizar a operação de redução de capital até ao final de abril ou ao início de maio, portanto – a avançar – o IPO aconteceria só a partir de meados de 2025.

Seria bom que esta oportunidade fosse aproveitada por players portugueses, pese embora tudo indique que se irá avançar com IPO”, disse ao ECO o administrador executivo da Touro Capital, Miguel Vodrazka de Miranda, que antecipa um ano com atividade de M&A.

Depois de um 2024 marcado pela redução do custo diferencial entre a oferta e a procura (spread bid-ask) e de um maior alinhamento de expectativas de preço entre compradores e vendedores, é expectável que o mercado reacenda, denota Miguel Vodrazka de Miranda. “A evolução deste spread será crucial para o número de transações a ocorrer. Para 2025, e face ao cenário complexo que se avizinha, manter-se-á a procura incessante de oportunidades de crescimento e de consolidação, bem como por ativos com balanços robustos, que ofereçam resiliência e potencial de crescimento, com especial destaque para setores como a indústria, energias renováveis, saúde, tecnologia, sustentabilidade e defesa”, explicou o executivo da Touro Capital.

Outro dos negócios que ficará fechado em março ou abril de 2025 é a recém-anunciada aquisição da empresa espanhola Cacesa (Compañia Auxiliar al Cargo Expres) pelos CTT – Correios de Portugal por um valor de 104 milhões de euros. Por volta dos mesmos meses, estará a Luz Saúde a rubricar o acordo com o fundo C2 MedCapital para controlar mais nove unidades de saúde no Algarve, Lisboa, Porto e Covilhã.

Internacional

  • Fusão Honda-Nissan
    Lá fora, destaca-se o acordo para criar o gigante dos automóveis entre as fabricantes japonesas Honda, Nissan e Mitsubishi. O plano é assinar o acordo definitivo para a integração (incluindo o plano de transferência de ações) em meados de 2025. seguindo-se uma assembleia geral extraordinária só em abril de 2026.
  • Bosch paga 8 mil milhões
    A empresa alemã Bosch, que emprega mais de 7 mil pessoas em Portugal, fez o maior negócio da sua história com a Johnson Controls: a aquisição da unidade internacional de Aquecimento, Ventilação e Ar Condicionado (AVAC) para edifícios residenciais e comerciais. A compra destes ativos, por oito mil milhões de dólares (7,4 mil milhões de euros), só deverá estar concluída em junho ou julho de 2025.
  • Mars e ‘Pringles’
    A Mars, que tem marcas de chocolates como M&M’s e Snickers, também avançou para a sua maior aquisição de sempre – a da Kellanova por 35,9 mil milhões de dólares (cerca de 33 mil milhões de euros) – e vai gerar uma importante concentração no mercado dos salgados e guloseimas a nível internacional. A operação está prevista de ser concluída na primeira metade do próximo ano.

Não é mera impressão: o fluxo de negócio entre os Estados Unidos e a Europa cresceu no último ano, representando quase metade (44%) do volume de transações entre as principais regiões do mundo pelos cálculos do Goldman Sachs.

É o caso da proposta de venda da britânica DS Smith à International Paper por 9, 8 mil milhões de dólares ou do fundo de private equity Clayton Dubilier & Rice, que está em negociações com a farmacêutica Sanofi para comprar 50% do seu negócio de medicamentos de venda livre (não estão sujeitos a receita médica). A empresa que está no meio destas conversas é a Opella, a terceira maior do mundo neste mercado de consumer health, com um portefólio de 100 marcas, como Dulcolax, Buscopan, (Bisolvon) Mucosolvan, Allegra, Doliprane, Novanight, entre outras. É considerado um dos maiores negócios do ano em França e está a causar alarme sobre quantos despedimentos daí poderão vir – uma movimentação na saúde a ter em atenção em 2025.

Sobre os fundos de private equity, o administrador executivo da Touro Capital referiu que, apesar do poder de fogo (dry powder) “considerável” e de haver interesse que esse capital chegue à economia rapidamente, “é possível que adoptem posturas mais conservadoras e aguardem por um contexto mais favorável para as suas aquisições – talvez com maior incidência no segundo semestre”. “Haverá um aumento de parcerias entre fundos, aumento de transações em coinvestimento com outros investidores, bem como o uso de estruturas financeiras mais flexíveis”, estimou Miguel Miranda.

“Investidores não dependentes de recurso ao financiamento, tais como private equities, fundos de pensões e fundos de investimento, poderão posicionar-se de forma oportunista e mais vantajosa, embora pressionados por múltiplos de transação mais elevados e exigências mais intensas relacionadas com fatores ESG”, completa Diogo Leónidas.

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Reprogramação do PRR reduz ambição da expansão do Metro de Lisboa

Reprogramação vai ainda abranger o Banco de Fomento. “Está em curso a negociação de metas diferenciadas no contexto da reprogramação do PRR”, confirmou ao ECO fonte oficial do banco.

O Governo vai reduzir a ambição da expansão da linha vermelha do Metro de Lisboa na reprogramação do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) que será entregue a Bruxelas em janeiro, apurou o ECO.

O prolongamento da linha vermelha entre São Sebastião e Alcântara inclui a construção de quatro novas estações – Amoreiras, Campo de Ourique, Infante Santo e Alcântara – ao longo de quatro quilómetros (ver diagrama abaixo). Está prevista no PRR com um financiamento de 304 milhões de euros.

Mas as obras estão manifestamente atrasadas e o Governo tem de agir para não perder as verbas inscritas na bazuca. A solução ainda está “em equação”, disse ao ECO uma fonte conhecedora do processo, mas é claro que a expansão não será toda paga com verbas do PRR.

O plano de expansão da linha vermelha do metro de Lisboa

Quando Bruxelas abriu a porta ao faseamento dos projetos, ou seja, serem financiados pelo PRR até ao limite temporal permitido (agosto de 2026) e o restante por outras fontes, o ministro Adjunto e da Coesão admitiu, em entrevista ao Jornal de Notícias/TSF, a possibilidade de apenas duas estações serem pagas pelo PRR. “Se não fizermos quatro estações, vamos fazer duas. Desde que estejam a operar, serão financiadas pelo PRR”, admitiu o responsável.

Também o ministro das Infraestruturas já disse no Parlamento que a litigância pode levar o Metro de Lisboa a falhar os prazos do PRR, numa referência às duas impugnações de que a expansão da linha vermelha já foi alvo.

Outro dos investimentos que já está vaticinado que irá se reprogramado é a linha de superfície do metro de Loures, cuja construção está a ser disputada pela Mota-Engil e pela Zagope. A linha que fará a ligação rápida entre o Hospital Beatriz Ângelo e o Infantado tinha um custo inicial previsto de 250 milhões de euros, assegurados integralmente por empréstimos do PRR. Mas na sequência de uma “alteração substancial, designadamente a necessidade da inclusão da construção de viadutos e de 3,3 quilómetros de via em túnel”, assim como pelo aumento dos preços da energia e dos materiais de construção, e o custo com expropriações, o custo do projeto foi elevado para 527 milhões de euros.

Apesar da conclusão da construção da linha de 11,5 quilómetros estar prevista para junho de 2026, em junho de 2025 há um marco previsto para este investimento que dificilmente poderá cumprir os prazos.

dois outros marcos que serão reescalonados para outras datas ou simplesmente substituídos, se o Executivo perceber que não tem condições de os cumprir: o contrato para a compra de dois ferries elétricos para o transporte de passageiros e veículos nos Açores, cujo concurso ficou deserto; e a assinatura do contrato relativo a um navio de investigação multifuncional, na Madeira, cujo concurso também teve problemas que parecem não estar a ser ultrapassados no segundo. Estes dois marcos eram referentes ao sexto pedido de desembolso que foi entregue com quatro dos 30 marcos e metas por cumprir. A estratégia do Governo é entregar em Bruxelas uma reprogramação do PRR que irá retirar do sexto pedido de pagamento estes marcos em falta.

A reprogramação vai ainda abranger o Banco de Fomento. A instituição, que a partir do próximo ano terá na liderança Gonçalo Regalado, tem 1,32 mil milhões de euros do PRR para executar até dezembro de 2025 e, a esta altura, estão realizados apenas 93 investimentos.

O Governo ainda não decidiu qual o caminho a adotar: se reduzir os 1,32 mil milhões utilizados como dotação do Fundo de Capitalização e Resiliência, que financia vários programas da instituição como o Consolidar, Reprogramação Estratégica, Deal-by-Deal e Venture Capital ou se estender o prazo para a concretização destes investimos à semelhança do que vai acontecer com as agendas mobilizadoras.

Fonte oficial do Banco de Fomento confirmou ao ECO que “está em curso a negociação de metas diferenciadas no contexto da reprogramação do PRR”, mas que “não existe, até ao momento, qualquer proposta conhecida de redução do Fundo de Capitalização e Resiliência”.

“Ainda não está decidido”, disse ao ECO uma fonte conhecedora do processo.

Quer os investimentos diretos do Banco de Fomento, quer os indiretos, têm como prazo limite de execução o final de 2025. O mesmo acontece com as agendas mobilizadoras. Mas, o ministro da Coesão já revelou que vai propor no âmbito da reprogramação o prolongamento do prazo até 30 de junho de 2026.

O exercício de reprogramação passará também por adiantar investimentos que já estão cumpridos, referentes ao sétimo e oitava pedidos de pagamento, de forma a garantir que o montante do sexto pedido de pagamento não desça face aos 1,67 mil milhões de euros (líquidos de pré-financiamento) inicialmente estimados.

Outro dos pontos que a reprogramação vai ter de ter em conta são as poupanças geradas até aqui. A bazuca foi lançada como uma resposta à pandemia, mas, entretanto, foi desencadeada uma guerra na Ucrânia e o mundo foi assolado por uma espiral inflacionista. Todos os Estados membros acabaram por entregar uma reprogramação dos seus PRR, não só para cautelar a subida dos preços mas também para acomodar as mudanças que resultaram do novo cálculo da contribuição financeira atualizado, substituindo os dados das previsões de outono da Comissão de 2020 pelos resultados efetivos no que respeita à variação do PIB real de 2020 e à variação agregada do PIB real para o período de 2020-2021 e as verbas que coube a cada um do REPowerEU.

Com os atrasos, muitos projetos foram sendo executados e apresentado resultados, mas com menos meios do que o inicialmente previsto, o que resulta em poupanças, “numa maior eficiência na execução”. Assim, “os resultados surgem, mas o dinheiro não ser todo gasto, o que até pode ser bem visto aos olhos de Bruxelas”, sublinhou ao ECO outra fonte, conhecedora do projeto.

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5 coisas que vão marcar o dia

O penúltimo dia de 2024 será marcado pela reunião entre Governo e médicos, estimativa da inflação em dezembro, síntese de execução orçamental até novembro e mais greves.

Na véspera do fim de ano, destaque para a execução orçamental até novembro e a primeira estimativa da evolução dos preços este mês. Os médicos voltam a reunir-se com o Governo em mais uma ronda negocial e várias greves continuam a paralisar alguns setores do país.

Como evoluiu o excedente em novembro?

A Direção-Geral do Orçamento (DGO) divulga esta segunda-feira a síntese de execução orçamental referente a novembro. Até outubro, o Estado português registou um excedente de 3.302 milhões de euros, o que representou uma diminuição de 6.067,9 milhões de euros em termos homólogos. Já a receita fiscal subiu 3,7%, apesar da redução de 1,8% registada com o IRS.

Inflação em dezembro

Como evoluíram os preços no último mês do ano? O Instituto Nacional de Estatística (INE) irá publicar, por volta das 9h30, a estimativa rápida do Índice de Preços no Consumidor (IPC) em dezembro. No mês passado, ficou confirmado que a inflação acelerou para 2,5%, acima dos 2,3% registados em outubro.

Reunião entre Governo e médicos

O Governo volta a sentar-se à mesa com os representantes dos médicos para a última reunião negocial, depois de horas de conversações antes do Natal que terminaram sem acordo quanto ao aumento salarial para a categoria de assistentes graduados da carreira médica. O Ministério da Saúde reúne-se com Sindicato Independente dos Médicos (SIM) a partir das 14h30.

Turismo, indústria e comércio

Hoje serão divulgados vários indicadores macroeconómicos ao longo da manhã, que abrangem os setores do turismo, indústria e comércio. O Instituto Nacional de Estatística (INE) publica o índice de volume de negócios, emprego, remunerações e horas trabalhadas no comércio e os índices de produção industrial em novembro. Por sua vez, o Banco de Portugal apresenta o indicador preliminar das viagens e turismo da balança de pagamentos também em novembro.

Greves continuam

Nova semana ‘rima’ com novas greves. Desde a meia-noite que os trabalhadores da Metro do Porto, representados pelo Sindicato Nacional dos Maquinistas dos Caminhos de Ferro Portugueses (SMAQ) estão a exercer o seu direito à greve “total”. A paragem decorre até às 23h59 do dia 2 de janeiro de 2025, para reivindicar melhoria das condições de trabalho, pagamento do prémio anual de desempenho e regularização dos descansos compensatórios.

Se vai passar o réveillon à Madeira saiba que o Sindicato de Trabalhadores da Hotelaria avançou com uma greve entre 30 de dezembro de 1 de janeiro para reivindicar o aumento salarial de 75 euros, acima dos 53 euros propostos pela ACIF – Associação Comercial e Industrial do Funchal.

E prosseguem as seguintes paralisações:

  • Trabalhadores da Portway, empresa de handling que presta serviços de assistência em terra nos aeroportos
  • Trabalhadores nas empresas de trabalho temporário, convocada pelo SINTTAV – Sindicato Nacional dos Trabalhadores das Telecomunicações e Audiovisual
  • Trabalhadores da Higiene Urbana da Câmara Municipal de Lisboa

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Aumentos salariais na Função Pública ultrapassam os 250 euros em 2025. Veja a tabela

À atualização entre 6,9% e 2,15% soma-se a valorização das carreiras de técnicos do INEM, polícias ou professores. Mais há reivindicações por responder que podem tornar o novo ano quente em protestos.

Os aumentos salariais na Função Pública podem ultrapassar os 250 euros mensais brutos, no próximo ano, entre a atualização geral de 56,58 euros ou de 2,15% e a valorização de carreiras como as dos técnicos do INEM, forças de segurança ou professores. Há, porém, reivindicações por responder como as dos bombeiros sapadores, do pessoal não docente ou dos técnicos da saúde que podem tornar 2025 um ano quente em protestos.

Independentemente das especificidades de cada profissão, todos os cerca de 750 mil trabalhadores do Estado terão um incremento remuneratório entre 6,9% e 2,15% no próximo ano que se aplica da seguinte forma: para vencimentos até cerca de 2.630 euros, o aumento mensal será de 56,58 euros, o que se traduz numa valorização entre 6,9% e 2,2%; ordenados superiores terão direito a uma subida de 2,15%. Na prática, isto significa aumentos nominais que vão dos 56,58 euros aos 146,63 euros (ver tabela em baixo).

Em linha com estes pressupostos, a Base Remuneratória da Administração Pública (BRAP), vulgo salário mínimo do Estado, vai dar um salto de 56,28 euros, passando dos atuais 821,83 euros para 878,41 euros, ficando assim 8,41 euros acima da retribuição mínima no privado.

Este foi o acordo que o Governo de Luís Montenegro celebrou com Fesap e STE, as federações sindicais representativas dos funcionários públicos afetas à UGT. A Frente Comum, da CGTP, ficou novamente de fora.

Fruto das negociações com os sindicatos, foi ainda possível avançar com a valorização imediata das ajudas de custo em 5% já em 2025, o que irá corresponder a aumentos entre cerca de dois e sete euros. Por exemplo, um trabalhador em funções públicas a ganhar até 961,40 euros, o que corresponde ao nível oito da atual Tabela Remuneratória Única (TRU), vai receber 49,20 euros por cada dia em que se encontra deslocado dentro do território nacional. Isto significa um aumento de 5% ou de 2,34 euros face aos 46,86 euros em vigor. Se o funcionário tiver que viajar para o estrangeiro, o subsídio diário passa de 111,88 euros para 117,47 euros, o que corresponde a uma atualização de 5% ou de 5,59 euros.

O primeiro-ministro, Luís Montenegro, o ministro de Estado e das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, o representante da Frente de Sindicatos da Administração Pública (FESAP), José Abraão, e a representante da Frente Sindical, Maria Helena Rodrigues, durante a cerimónia de assinatura do acordo plurianual 2025-2028 de valorização dos trabalhadores da Administração Pública, em Lisboa, 6 de Novembro de 2024RODRIGO ANTUNES/LUSA 6 de Novembro de 2024

Para além dos aumentos transversais a todos os funcionários públicos, o Executivo da Aliança Democrática (AD) avançou com o descongelamento e valorização de uma série de carreiras, algumas das quais já previstas no Orçamento do Estado para 2025 (OE2025), como a dos professores, enfermeiros ou das forças de segurança, e outras, como a dos técnicos de emergência pré-hospitalar, que foram incluídas no pacote na sequência do processos negociais com as estruturas sindicais.

Em relação aos bombeiros sapadores, as reuniões ficaram em suspenso depois dos duros protestos com recurso a petardos e bombas de fumo, mas o Ministério da Saúde mantém o compromisso de apresentar uma nova proposta que vá ao encontro das aspirações destes profissionais. Depois do acordo com os enfermeiros, o Governo espera celebrar um pacto para a valorização da carreira dos médicos.

Técnicos do INEM vão ter o maior aumento: 256 euros

Noutras carreiras, Executivo e sindicatos já chegaram a um entendimento, como aconteceu com os técnicos de emergência pré-hospitalar (TEPH) do INEM que terão a maior valorização salarial da Função Pública, em 2025. Entre a atualização regular anual e a revisão da carreira, estes trabalhadores terão um incremento remuneratório, no próximo ano, de 256 euros. Foram precisos nove dias de greve e mortes para que a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, se sentasse à mesa com a estrutura sindical para iniciar a revisão da carreira.

ANTÓNIO PEDRO SANTOS/LUSAANTÓNIO PEDRO SANTOS/LUSA

A partir do próximo ano, todos os TEPH vão saltar quatro posições remuneratórias, sendo que a primeira, destinada aos estagiários, passa do atual nível sete da Tabela Remuneratória Única (TRU), que corresponde a um vencimento de 922,47 euros mensais brutos, para o nível 10, que, no próximo ano, se traduzirá num ordenado de 1.126,77 euros. São mais cerca de 200 euros a que acrescem os 56,28 euros da atualização regular, o que dá um incremento de cerca de 256 euros brutos mensais.

A segunda posição sobe igualmente quatro degraus, passando do nível oito, com um ordenado que, neste momento, está nos 961,40 euros, para o nível 11, que se irá traduzir num vencimento bruto mensal, no próximo ano, de 1.179,42 euros. Isto significa um incremento de 218,02 euros a que se somam os 56,58 euros do aumento geral anual. Fazendo as contas, estes trabalhadores poderão contar com mais cerca de 274 euros no bolso todos os meses.

O projeto de diploma para a valorização dos técnicos do INEM ainda será publicado no Boletim de Trabalho e Emprego (BTE) para consulta pública durante 20 dias e só depois será aprovado em Conselho de Ministros, o que deverá acontecer em janeiro. Apesar disso, os efeitos da atualização da carreira terão efeitos irão contar desde o primeiro dia do novo ano, garantiu ao ECO fonte oficial do Ministério da Saúde.

Valorização dos enfermeiros avança e acordo à vista com os médicos

A revisão da carreira dos enfermeiros já foi aprovada em Conselho de Ministros e publicada em Diário da República e prevê uma atualização salarial de 157,9 euros mensais brutos com efeitos a 1 de novembro de 2024. Assim, o ordenado de entrada desta carreira passa dos 1.333,35 euros mensais brutos (nível 15 da TRU) para os 1.491,25 euros (nível 18). Em 2026, o salário mínimo desta profissão dá um novo salto para os 1.543,88 euros mensais brutos, o que corresponde ao patamar 19 da atual TRU. A partir do ano seguinte, em 2027, este vencimento avança para os 1.649,15 euros (nível 21 da TRU em vigor). No total, os enfermeiros terão um incremento remuneratório de 315,8 euros, entre novembro de 2024 e janeiro de 2027.

As negociações com os sindicatos representativos dos médicos ainda prosseguem e, nos últimos dias, houve uma aproximação de posições. Espera-se que, esta segunda-feira, dia 30, o Ministério da Saúde e o Sindicato Independente dos Médicos (SIM) cheguem a um acordo para a legislatura.

Inicialmente, a estrutura sindical defendia uma atualização salarial de 15% até 2027, mas a tutela tinha sinalizado que só poderia ir até 5%. Entre avanços e recuos, as partes cederam e conseguiram chegar a um entendimento nalgumas matérias. “Em relação à valorização em 12% da categoria mais elevada, de assistente graduado sénior, chegamos a um princípio de entendimento. Esta atualização garante 350 euros por ano até 2028. Mas ainda não é suficiente para chegarmos a um acordo”, revelou ao ECO o secretário-geral do SIM, Nuno Rodrigues.

Entretanto, também houve um alinhamento de posições quanto à revisão da carreira da categoria mais baixa de médico assistente, que terá uma valorização salarial de cerca de 10%, de forma faseada até ao final da legislatura, indicou o sindicalista. Mas o SIM só aceita assinar um acordo se o Governo promover igualmente uma atualização da grelha salarial da categoria intermédia, de médico assistente graduado, e dos médicos internos. “Neste caso, exigimos que assim que os internos tenham a nota homologada de especialista passem a ser remunerados como especialistas e não como internos, até para compensar os atrasos que se verificam nos concursos”, defende Nuno Rodrigues.

A Federação Nacional dos Médicos (FNAM) colocou-se de fora do protocolo negocial, em julho, quando a tutela indicou que não estava disponível para discutir grelhas salariais ainda em 2024. Mas agora que o Governo tem estado a negociar atualizações remuneratórias com o SIM, a FNAM exige voltar a participar no processo e já apresentou uma queixa junto da Direção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho (DGERT) e do Ministério do Trabalho. “A reclamação seguiu na sexta-feira passada e visa forçar o Governo a sentar-se à mesa com a federação sindical, como determina o Código do Trabalho”, revelou ao ECO a presidente da FNAM, Joana Bordalo e Sá.

Para além da valorização salarial, há outras matérias que também são consideradas fundamentais para o SIM e também para a FNAM, como o alargamento da dispensa de realização de urgências noturnas para as médicas com filhos até aos três anos de idade. “Neste momento, esta possibilidade só existe para mães com filhos até um ano”, sinalizou Nuno Rodrigues.

Bombeiros sapadores exigem suplemento idêntico ao das forças de segurança

Os bombeiros sapadores têm exigido uma valorização da tabela salarial e a equiparação de subsídio de risco ao suplemento que foi aprovado para as forças de segurança, mas as negociações com o Governo foram suspensas depois de um protesto com recurso a petardos e a bombas de fumo. As reuniões marcadas para dias 13 e 20 deste mês não se realizaram e o Sindicato Nacional dos Bombeiros Sapadores (SNBS) já ameaça com uma nova manifestação para 15 de janeiro.

fogo, bombeiros, incêndioLusa

Apesar disso, a plataforma que junta outras quatro estruturas – Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública e de Entidades com Fins Públicos (SINTAP), Sindicato dos Trabalhadores do Município de Lisboa (STML), Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Administração Local (STAL) e Sindicato Nacional de Bombeiros Profissionais (SNBP) – está disponível para retomar as negociações e já indicou ao ECO que o Governo vai apresentar uma nova proposta para aproximar posições.

O último projeto que o Executivo entregou aos sindicatos previa implementar um subsídio de penosidade para os bombeiros profissionais, de 5%, em 2025, o qual iria subir para 10%, em 2026, mas em contrapartida exigia horas extraordinárias não pagas como trabalho suplementar, o que foi altamente contestado pelas estruturas sindicatos.

Em relação à tabela remuneratória, a última proposta do Executivo apontava para um aumento de 46,99 euros do salário de ingresso, que está nos 1.075,85 euros, o que iria elevar este vencimento para 1.122,84 euros, já no próximo ano. Em 2026, este ordenado deverá avançar 52,62 euros para em 1.175,46 euros e, em 2027, dará um novo salto de 52,63, perfazendo os 1.228,09 euros. Trata-se de um aumento faseado do ordenado de entrada que, no acumulado dos anos, se traduzirá num salto remuneratório de 152,24 euros.

Mas o caderno reivindicativo da plataforma que junta quatro sindicatos defende uma valorização mais ambiciosa do salário de início de carreira, em 204,87 euros, de modo a reposicionar o primeiro degrau remuneratório dos bombeiros nos 1.280,72 euros mensais brutos, o que corresponde ao nível 14 da Tabela Remuneratória Única (TRU) da Administração Pública que está em vigor para este ano.

Quanto ao subsídio de risco, os sindicatos têm defendido um tratamento idêntico ao das forças de segurança, que vão ter direito a um suplemento de 400 euros até 2026. O Governo deu passos positivos nesta matéria, mas ainda não satisfaz as pretensões dos bombeiros. Na versão inicial, propunha um suplemento de 37,5 euros por mês, em 2025, e de 67,5 euros, no ano seguinte. Agora, a tutela avança com 50 euros, no próximo ano, 75 euros, em 2026, até chegar aos 100 euros, em 2027.

De lembrar que o subsídio de risco da PSP, da GNR e dos guardas prisionais vai subir 300 euros, passando de 100 para 400 euros brutos por mês, até ao final da legislatura. Assim, o suplemento, que estava nos 100 euros mensais e que já subiu para 300 euros, em julho deste ano, vai continuar a aumentar da seguinte forma:

  • mais 50 euros a 1 de janeiro de 2025, passando o subsídio para 350 euros;
  • mais 50 euros a 1 de janeiro de 2026, elevando o suplemento para 400 euros.

Descongelamento da carreira de professores avança e o pessoal não docente?

Um quarto da carreira dos professores já foi descongelado este ano, com efeitos a 1 de setembro. E o processo vai continuar em 2025. Tal como previsto, a recuperação de 2393 dias vai ocorrer num período temporal de dois anos e 10 meses, com o seguinte calendário:

  • 25% a 1 de setembro de 2024;
  • 25% a 1 de julho de 2025;
  • 25% a 1 de julho de 2026;
  • 25% a 1 de julho de 2027.

Mas o pessoal não docente das escolas públicas do ensino básico e secundário também exige ser valorizado e já acena com novos protestos para o próximo ano. A principal reivindicação passa pela criação de um carreira especial, com melhores salários, para estes trabalhadores, classificados de assistentes operacionais, que passariam a auxiliares de ação educativa, e para os assistentes técnicos que iriam integrar a carreira de assistente administrativo de administração escolar, à semelhança do que já aconteceu na saúde, com a implementação da carreira de técnico auxiliar de saúde, para onde transitaram os assistentes operacionais, e da de técnico auxiliar de saúde principal, que absorveu os encarregados assistentes operacionais, que trabalham nos hospitais e centros de saúde.

De lembrar que, até 2008, os trabalhadores das escolas tinham carreiras especiais, sendo designados de auxiliares de ação educativa, tal como havia a carreira de auxiliar de ação médica, no SNS. Mas a reforma do Governo socialista de José Sócrates extinguiu estas categorias e os funcionários passaram para as carreiras gerais em 2009, perdendo as valorizações específicas das suas funções.

A reposição destas carreiras é uma exigência antiga dos sindicatos. Com o anterior Governo socialista, de António Costa, foi possível criar a carreira especial para os auxiliares de saúde. Como consequência, o salário de entrada dos assistentes operacionais do SNS, que correspondia ao ordenado mínimo do Estado, de 821,83 euros, passou para 869,84 euros, com a criação da carreira de técnico auxiliar de saúde. No caso dos assistentes operacionais na categoria de encarregado, o vencimento, que começava nos 961,40 euros, subiu para 1.228,09 euros mensais brutos com o estabelecimento da nova carreira de técnico auxiliar de saúde principal.

No caso da educação, não houve avanços. Porém, o acordo plurianual para a valorização das carreiras da Administração Pública, assinado entre o Governo e as duas federações sindicais afetas à UGT (Fesap e STE), prevê a análise e ponderação dos “conteúdos funcionais” das carreiras que justifiquem a “densificação e/ou especialização”. Será, nesse âmbito, que poderão ser dados avanços no sentido da criação da carreira auxiliar de ação educativa e de assistente administrativo de administração escolar.

Assistentes de saúde e técnicos de diagnóstico não vão baixar os braços

Foi criada a carreira especial de técnico auxiliar de saúde que absorveu os assistentes operacionais do SNS. Mas ainda não foram atendidas todas as reivindicações do pessoal da saúde, uma vez que os sindicatos também defendem uma categoria especial para os assistentes técnicos. Com a criação desta carreira, estes trabalhadores passariam a designar-se de técnicos secretários clínicos. A este respeito, foi lançada uma petição pelo Sindicato dos Profissionais Administrativos da Saúde que vai ser discutida na Assembleia da República, uma vez que ultrapassou as 7.500 assinaturas necessárias para poder ser apreciada em plenário.

No caso dos técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica, o Governo já se comprometeu a repor os pontos de avaliação que não foram contabilizados nos últimos anos.

Em causa está a correta contagem dos pontos para avaliação de desempenho dos técnicos pelas várias instituições do Serviço Nacional de Saúde e do setor empresarial do Estado, designadamente os hospitais. Em 2018, quando houve o descongelamento das carreiras da Função Pública, “o Ministério das Finanças e a DGAEP – Direção-Geral da Administração e do Emprego Público consideraram que o sistema de avaliação dos técnicos superiores de diagnóstico, que dá 1,5 pontos com satisfaz e -1 com não satisfaz, tinha caducado”, tal como já tinha esclarecido ao ECO Luís Dupont, presidente do Sindicato Nacional dos Técnicos Superiores de Diagnóstico e Terapêutica (STSS).

Assim, “o Governo comprometeu-se em resolver o problema da não contagem de um ponto e meio dos técnicos de diagnóstico até ao final do ano e admite estudar aplicar retroatividade da medida”, afirmou ao ECO o secretário-geral da Federação dos Sindicatos da Administração Pública (Fesap), José Abraão.

Mas as negociações para a valorização das grelhas salariais só vão arrancar a 8 de janeiro, salientou Luís Dupont. Apesar desta carreira ter sido revista em 2022, através de uma iniciativa do Parlamento, “a tabela remuneratória encontra-se desatualizada comparativamente com a de técnico superior da carreira geral e com a de enfermeiro”, refere Dupont. O salário de entrada de um técnico superior de diagnóstico começa no nível 15, o que corresponde a um vencimento mensal ilíquido de 1.333,35 euros, enquanto o ordenado mínimo de um técnico superior da carreira geral arranca no patamar 16, o que dá 1.385,99 euros por mês, de acordo com o sistema remuneratório da Administração Pública para 2024.

Os enfermeiros também estavam no nível remuneratório 15 e subiram para o número 18 da Tabela Remuneratória Única (TRU), o que fez crescer a base salarial desta profissão em 157,9 euros para 1.491,25 euros face aos 1.333,35 euros que estavam em vigor. A estrutura sindical exige uma valorização em linha com a carreira de enfermagem. Resta saber até onde o Governo está disposto a ir.

Para o próximo ano, estão já calendarizadas a revisão de algumas carreiras não revistas: para o primeiro semestre de 2025, está prevista a atualização das carreiras de técnico superior de saúde, de reinserção social e da carreira de técnico superior de reeducação. Na segunda metade do próximo ano, é a vez das carreiras de vigilante da natureza, de fiscalização e da carreira de polícia municipal.

Para além da revisão das carreiras e da valorização salarial, a partir do próximo ano, os funcionários públicos vão sentir já o efeito do novo sistema integrado de gestão e avaliação do desempenho na Administração Pública (SIADAP) que permite progredir com apenas oito pontos em vez de 10 e alarga de 25% para 60% a quota de funcionários que podem ter a nota de “bom” e “excelente”.

Os trabalhadores com mais de 18 anos de carreira e que tenham sofrido os dois períodos de congelamento, entre 2005 e 2007 e entre 2011-2017, vão ainda poder dar um salto extra na carreira, que corresponde a mais cerca de 56 euros no vencimento, se acumularem pelo menos seis pontos. Recentemente, o Ministério da Administração Interna esclareceu que tanto os guardas da GNR como os agentes da PSP têm direito a este acelerador de progressões.

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A poupança e a literacia financeira em Portugal

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  • 30 Dezembro 2024

Portugueses continuam a evidenciar fracos conhecimentos relativos a cálculos de juros simples e juros compostos, diversificação de risco e poder de compra.

Muito se tem falado de literacia financeira, mas o que é de facto a literacia financeira? A literacia financeira refere-se à capacidade de compreender e utilizar conceitos e ferramentas financeiras para tomar decisões informadas sobre a gestão de dinheiro, poupança, investimento, crédito e planeamento para o futuro. A literacia financeira em Portugal tem sido um tema de crescente importância, especialmente após a crise financeira de 2008, que expôs a necessidade de melhorar o conhecimento da população sobre finanças pessoais.

A literacia financeira em Portugal tem sido um tema de crescente importância, especialmente após a crise financeira de 2008, que expôs a necessidade de melhorar o conhecimento da população sobre finanças pessoais

Os inquéritos de literacia financeira realizados à população portuguesa pelo Conselho Nacional de Supervisores Financeiros, apesar de apresentarem melhorias no indicador de conhecimentos financeiros, continuam a evidenciar fracos conhecimentos relativos a cálculos de juros simples e juros compostos, diversificação de risco e poder de compra. Muitos portugueses enfrentam dificuldades em gerir o orçamento familiar, poupar para emergências ou planear a reforma. Contudo, é também importante referir que se verificam já sinais de progresso, especialmente entre os mais jovens, devido a iniciativas educacionais.

Esta falta generalizada de conhecimentos financeiros da população portuguesa contribui para a baixa taxa de poupança, para o medo de investir que leva a que a pouca poupança existente esteja concentrada em produtos menos rentáveis e para o endividamento transversal dos portugueses. O acesso ao crédito é facilitado, mas a falta de conhecimento sobre taxas de juro e contratos pode levar a situações de sobre-endividamento.

Aplicação de poupança no último ano | 2023, 2020 e 2015

Seguros de capitalização, fundos de investimento mobiliário, unit linked ou simplesmente prémios de seguro são facilmente conceitos desconhecidos ou mal interpretados por muitos portugueses. Se falamos em investir em ações ou ETFs facilmente ouvimos um “Eu não quero perder o meu dinheiro!”, “Ações? Para no dia seguinte não ter nada?”.

Perder o medo de investir é crucial. Urge aumentar a literacia financeira dos portugueses.

Manter o dinheiro parado ou apenas guardado numa conta poupança é por si só prejudicial. O investimento é uma forma de proteger e aumentar o poder de compra do dinheiro ao longo do tempo. O medo da possibilidade de perdas financeiras está na verdade a efetivar essa perda financeira, uma vez que o rendimento obtido é inferior à taxa de inflação. A inflação reduz o poder de compra ao longo do tempo. Por exemplo, se a inflação for de 3% ao ano, um bem que custa 100€ hoje, custará 103€ no próximo ano. Sem um rendimento superior à taxa de inflação, o dinheiro estará a perder valor. Investimentos como ações, fundos ou imóveis, podem gerar retornos acima da inflação.

O medo de investir é comum em Portugal, mas pode ser enfrentado com educação financeira e estratégias práticas.

Enquanto empresa do setor financeiro temos a responsabilidade social de contribuir para o aumento da literacia financeira do nosso país, essencial para promover a estabilidade económica das famílias e contribuir para o crescimento sustentável do país.

Deixamos de seguida algumas estratégias que não só podem ser usadas diretamente pelos portugueses, como pelos nossos comerciais no seu relacionamento com os seus clientes:

  • Educar: Compreender os diferentes tipos de investimentos, ações, fundos, ETFs, obrigações, …, os seus riscos e as suas vantagens. Mostrar o efeito multiplicador do juro composto.
  • Diversificar: Não colocar todo o dinheiro num só ativo. Distribuir o risco reduz o risco de possíveis perdas.
  • Usar investimentos conservadores no início: produtos de baixo risco com uma menor componente de ações ou inclusivamente com algum tipo de garantia ainda que não a todo o momento, podem ser boas opções para iniciantes.
  • Acompanhar, mas não exagerar: Controlar as emoções. Investimentos oscilam, mas é importante manter o foco no longo prazo.

Na BPI Vida e Pensões trabalhamos diariamente para proporcionar aos nossos clientes informação fidedigna que lhes permitam construir uma base de literacia financeira sólida. Construímos distintas soluções financeiras que se adaptam às diferentes fases da vida dos nossos clientes, incluindo diferentes fases de conhecimento financeiro.

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By Salomon marca um recorde de 2024 em operações e reforça uma carteira de 15 hotéis diversificados em segmentos e localizações

  • Servimedia
  • 30 Dezembro 2024

O balanço do ano reflete a firme aposta de Harry e Toni Serra Moreno na By Salomon, com uma maior presença nas cidades espanholas, em Portugal e a entrada na Hungria.

By Salomon Hospitality, a empresa de gestão hoteleira liderada pelos irmãos Serra Moreno, anunciou esta segunda-feira que terminará 2024 com um total de quinze hotéis na sua carteira, o que implica um ano recorde em termos de fecho de novas operações, com praticamente uma por mês, e consolida a sua posição como empresa de referência no setor hoteleiro espanhol.

Ao longo de 2024, a empresa sediada em Barcelona comprometeu-se a investir 40 milhões de euros em várias operações para expandir o seu portefólio em cidades como Barcelona, Sitges, Valência, Granada, Porto, Lisboa e Budapeste. Anunciou também a abertura do Finca Victoria, o seu primeiro hotel de luxo situado em Sa Riera (Begur) para a próxima primavera, que envolveu um investimento de 12 milhões de euros e será gerido pelo Majestic Hotel Group.

By Salomon combina assim uma estratégia de crescimento baseada em hotéis urbanos de duas a quatro estrelas em cidades turísticas com projetos de luxo que se tornarão uma proposta única e singular.

Dos quinze hotéis da carteira, seis já estão abertos e a previsão, segundo a empresa, é que toda a carteira, com 750 quartos, esteja totalmente operacional em 2026.

MODERNIZAÇÃO

Numa entrevista recente à “Forbes”, os irmãos Serra Moreno afirmaram que 2024 foi “um grande ano”, uma vez que o orçamento será ultrapassado em vendas e novas operações. Para 2025, a previsão é duplicar as vendas e 2026 será o ano de “consolidação de todo o portefólio atual”, com diferentes marcas, conceitos e categorias.

O portefólio da By Salomon inclui aquisições e arrendamentos de longa duração com diferentes tipos de proprietários, desde famílias que gerem os seus próprios hotéis a investidores privados. A empresa de gestão procura ser a solução ideal para as situações em que as famílias ou os pequenos grupos hoteleiros ponderam desfazer-se dos seus ativos por não quererem assumir o desafio da modernização.

A By Salomon Hospitality transforma estes ativos, de acordo com as tendências atuais, em espaços acolhedores e modernos. Ainda durante o ano de 2024, a empresa de gestão hoteleira acolheu como acionista o reputado publicitário e investidor Rafael Esteve, com o objetivo de reforçar as suas marcas e posicionar ainda mais o projeto à escala nacional e internacional.

 

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“Governo deve olhar para os transportes de mercadoria como uma solução e não como um alvo a abater”

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  • 30 Dezembro 2024

Trabalhar a eficiência energética do negócio é uma poderosa arma que no Grupo Paulo Duarte está a contribuir para as metas da descarbonização globais.

Partilhar com os stakeholders os principais destaques do caminho percorrido rumo à descarbonização ao longo dos últimos anos, e revelar a estratégia para o futuro, motivou a apresentação pública do primeiro Relatório de Sustentabilidade da Transportadora Paulo Duarte (TPD). Independentemente das obrigações impostas pelas regras ESG (sigla em inglês para Ambiente, Social e Governança), que entram em vigor já em 2025, a empresa liderada por Gustavo Paulo Duarte procura “melhorar nas diversas dimensões ESG no futuro, para estarmos ao nível que desejamos alcançar”.

O CEO reconhece os desafios e as dificuldades que o setor do transporte rodoviário de mercadorias enfrenta, mas acredita que é possível contribuir para minimizar os obstáculos e para otimizar a eficiência de um setor que é “a solução não só para fazer chegar a comida à mesa dos portugueses, mas todos os bens de consumo que contribuem para uma melhor qualidade de vida das pessoas”.

Gustavo Paulo Duarte apelou ainda à atenção do Governo sem, contudo, “pedir favores”. Na sua opinião, o Executivo deve olhar para os transportes de mercadoria como uma solução e não como um alvo a abater. “Os transportes rodoviários de mercadorias devem ser valorizados por tudo de bom que trazem à melhoria de vida das pessoas”, salienta, destacando ainda que para o setor avançar para a descarbonização, e para cumprir as metas definidas pela União Europeia até 2050, “é necessário ser mais bem tratado e visto de forma mais positiva pelos governantes”.

Pequenos passos, grande impacto

O caminho rumo à descarbonização na Transportadora Paulo Duarte (TPD) não é de hoje. Como referiu ao ECO, Gustavo Paulo Duarte revela que a preocupação com a eficiência e com a inovação para melhorar processos é um percurso iniciado desde a fundação da empresa. “É algo que está no nosso ADN”, afirma.

No entanto, a jornada de redução da pegada carbónica em 90% até 2050, definida a nível europeu, motivou a TPD a estruturar ainda mais a sua estratégia para este caminho, sustentada agora em três pontos-chave – Redução da Pegada de Carbono, Inovação Tecnológica e Captura de Carbono -, alguns dos quais já com resultados quantificáveis e impactantes.

"Se reduzirmos, em média, um litro de consumo em cada camião são menos 1,2 milhões de litros consumidos, o que já tem um grande impacto na descarbonização”

Gustavo Paulo Duarte, CEO do Grupo Paulo Duarte

Entre os objetivos de redução da pegada de carbono estão a diminuição de 50,4% das emissões de âmbito 1 (resultantes da própria atividade, como o CO2 emitido pelos camiões) e de âmbito 2 (resultantes do consumo de energia elétrica) até 2032 através do foco na eficiência. Tendo como referência o ano de 2022, a TPD já conta com resultados “muito interessantes”, como revela o CEO.

Gustavo Paulo Duarte, CEO do Grupo Paulo Duarte

Entre os projetos Drivian Tasks (sistemas de otimização e melhoria de rotas, que reduzem o número de quilómetros em vazio, com o apoio da tecnologia e da inteligência artificial), EcoDrive (programa de formação massiva dos condutores para uma condução mais eficiente), e o impacto da nova Sede da TPD, “temos resultados fabulosos”, garante Gustavo Paulo Duarte. Ao nível da condução, exemplifica, “se reduzirmos, em média, um litro de consumo em cada camião são menos 1,2 milhões de litros consumidos, o que já tem um grande impacto na descarbonização”. Já sobre a nova Sede, o CEO destaca a importância de conseguir reduzir um milhão de quilómetros percorridos por ano, graças à localização escolhida.

Estas experiências, e os resultados que materializam o seu sucesso são igualmente partilhados com parceiros e clientes que beneficiam do conhecimento prático para extrapolarem para os seus outros fornecedores.

Tirar partido da tecnologia é outra das prioridades na TPD. O Grupo está atento a novos tipos de combustíveis renováveis, como o HVO ou o biometano, que permitem reduzir a pegada carbónica em 90 e 100%, respetivamente, mas cuja disponibilidade não é suficiente para toda a frota. A utilização de Link-Trailers é outro pequeno passo que teria, desde logo, um impacto de cerca de 40% nos transportes, se aplicado a todo o setor e a todo o país, assegura Gustavo Paulo Duarte. “Já usamos alguns Link-Trailers que reduzem diretamente 30% da pegada carbónica da empresa”, exemplifica.

Outro exemplo que, na opinião do CEO, teria um impacto muito relevante para o país seria a utilização de duo trailers (camiões com duas cisternas) no abastecimento de combustíveis no Aeroporto de Lisboa. A TPD participa atualmente num projeto que abastece o aeroporto através do transporte de combustíveis desde o parque de tanques de Aveiras. Para concluir esta missão são feitas 44 mil viagens por ano que, com a utilização do duo trailer reduziria as deslocações em, pelo menos 30%. “Seriam 14 mil camiões a menos por ano, e este é o caminho da otimização”, acredita o administrador da TPD. Assim, reforça, “só pedimos ao Governo que permita o licenciamento deste tipo de veículos, tal como já existe em Espanha, com um impacto direto de 40% na redução no aeroporto de Lisboa”.

Ao nível do terceiro pilar estratégico – Captura de Carbono –, onde eficiência e tecnologia não forem suficientes, a TPD está a investir em projetos de I&D para desenvolver tecnologias inovadoras de captura de carbono, bem como em projetos florestais, e em programas que permitam aos clientes compensar as emissões dos serviços prestados.

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Morreu o ex-presidente dos EUA Jimmy Carter

  • Lusa
  • 29 Dezembro 2024

O antigo Presidente dos Estados Unidos da América (EUA) e Nobel da Paz (2002) Jimmy Carter morreu este domingo aos 100 anos, avançou o seu filho citado pelos 'media' norte-americanos.

O antigo Presidente dos Estados Unidos da América (EUA) e Nobel da Paz (2002) Jimmy Carter morreu este domingo aos 100 anos, avançou o seu filho citado pelos ‘media’ norte-americanos.

Eleito para a Casa Branca em 1976, vencendo o então Presidente Gerald Ford por uma margem de votos tangencial e numa América ainda marcada pelo escândalo “Watergate” que forçou o Presidente Richard Nixon a demitir-se, Carter assumiu o cargo de 39.º Presidente dos Estados Unidos apenas durante quatro anos.

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Saúde falha prazo em cinco medidas urgentes do plano de emergência

  • Lusa
  • 29 Dezembro 2024

Cinco medidas urgentes do plano de emergência da saúde não ficaram concluídas no prazo, em agosto, o mesmo acontecendo a 16 medidas consideradas prioritárias.

Cinco medidas urgentes do plano de emergência da saúde não ficaram concluídas no prazo, em agosto, o mesmo acontecendo a 16 medidas consideradas prioritárias, segundo o relatório do grupo de trabalho que acompanha a execução.

O documento, já entregue ao Governo e a que a Lusa teve acesso, aponta para o incumprimento de duas medidas prioritárias no Eixo 1 – resposta a tempo e horas, designadamente a criação da uma nova prioridade clínica para doentes oncológicos e o reforço do acesso à consulta especializada, ambas ainda “em curso”.

Neste eixo, com medidas para dar uma rápida resposta relativamente às listas de inscritos e listas de espera para cirurgia, prevenindo o agravamento destes dois indicadores no futuro, os peritos recomendam que se avance com o novo Sistema Nacional de Acesso a Consulta e Cirurgia e que se concretize a necessária revisão regulamentar para enquadrar novas prioridades clínicas para o doente oncológico.

No “Eixo 2 – Bebés e Mães em segurança” estão por concluir duas medidas prioritárias: a criação de um regime de atendimento referenciado de Ginecologia de Urgência e a generalização do atendimento pediátrico referenciado, ambas ainda em curso.

Nesta área, relativamente à medida que previa o reforço das convenções com o setor social e privado, o grupo de trabalho diz não ter informação para aferir o seu grau de implementação e admite que tenha sido um objetivo “demasiado ambicioso” a classificação desta medida como urgente (prazo de três meses).

No Eixo 3, relativo aos “Cuidados Urgentes e Emergentes”, o relatório aponta para uma medida urgente e três prioritárias por cumprir.

Nesta área, não estão concluídas a requalificação dos espaços dos serviços de urgência – urgência geral / psiquiátrica (medida classificada como urgente) nem a libertação de camas indevidamente ocupadas nos internamentos hospitalares e a realização de teleconsultas médicas em situações agudas de menor complexidade e urgência clínica.

O relatório refere que a medida urgente relativa à requalificação dos espaços dos serviços de urgência “não é exequível em três meses” e admite que o grupo de trabalho poderá rever a sua classificação.

“O cronograma deve ser revisto com realismo considerando que inclui diversas fases incluindo identificação de necessidades concretas, elaboração de projetos, concursos”, refere.

O “Eixo 4 – Saúde Próxima e Familiar tem por concluir três medidas urgentes – apenas uma foi cumprida – e todas as cinco prioritárias.

Segundo o documento, estão ainda em curso a atribuição de médicos de família aos utentes em espera com a capacidade atual do setor público, o reforço da resposta pública dos Cuidados de Saúde Primários em parceria com o setor social e a criação de linha de atendimento para utentes que necessitem de acesso a médico no dia, todas elas medidas que deveriam estar concluídas em três meses, até ao final de agosto.

O grupo de peritos sugere, a este nível, aumentar as parcerias público-privadas para complementar a resposta do setor público, nomeadamente pela “regulamentação dos contratos com médicos em regime livre, associações e cooperativas”, assim como o desenvolvimento de “critérios claros e transparentes” para avaliar o impacto dessas parcerias.

A ministra da Saúde, Ana Paula Martins, intervém durante a visita ao Hospital Ortopédico de Sant’Ana, para inaugurar o serviço de internamento com uma capacidade total de 24 camas, na Parede, em Cascais, 18 de novembro de 2024. Na ocasião foi assinado um protocolo de cooperação entre a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) e a Unidade Local de Saúde de Santa Maria – de Alargamento de cuidados de saúde (médico de família). ANTÓNIO PEDRO SANTOS/LUSAANTÓNIO PEDRO SANTOS/LUSA

No Eixo 5 – Saúde Mental, o grupo de trabalho aponta uma medida urgente (desinstitucionalização de situações crónicas em saúde mental) e quatro prioritárias por concluir.

A criação de Equipas Comunitárias de Saúde Mental para adultos, infância e adolescência, os programas estruturados de intervenção na ansiedade e na depressão nos Cuidados de Saúde Primários, a garantia da capacidade de internamento para situações agudas nos Serviços Locais de Saúde Mental e a criação de serviços de saúde mental regionais para internamento de doentes de elevada complexidade foram as quatro medidas prioritárias que o Governo não conseguiu concluir dentro do prazo previsto (até final do ano).

“A pertinência das medidas propostas é inegável, uma vez que enfrentam diretamente as falhas existentes no sistema de saúde, nomeadamente a escassez de recursos humanos nos Cuidados de Saúde Primários, a dependência excessiva dos internamentos hospitalares e a ausência de programas estruturados de intervenção”, refere o documento.

O Plano de Emergência e Transformação da Saúde, aprovado no final de maio em Conselho de Ministros, inclui 54 medidas urgentes (para ter resultados até três meses, no caso, até final de agosto), prioritárias (concluídas até final do ano) e estruturantes (a médio e longo prazo).

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O que ganha a atual bastonária dos advogados com a marcação de eleições antecipadas?

O cargo de bastonária é remunerado – desde que exercido em exclusividade – como acontece atualmente, com o salário bruto de 7119,50 euros, equiparado ao de Procurador-Geral da República (PGR).

Quando nada o fazia prever, a atual bastonária da Ordem dos Advogados (OA) marcou eleições antecipadas para março de 2025. Em causa a entrada em vigor do novo Estatuto da OA – em abril deste ano – e que obriga ou a criação de dois novos órgãos na estrutura da Ordem dos Advogados ou a convocação de eleições antecipadas.

À data, Fernanda de Almeida Pinheiro decidiu dar posse ao dito Conselho de Supervisão. Mas, dois meses depois dessa tomada de posse, em novembro, a líder dos advogados volta atrás e decide convocar eleições antes do previsto, alterando toda uma tradição relativamente aos atos eleitorais, previsivelmente marcados em novembro e com tomada de posse em janeiro seguinte.

Com esta manobra política, Fernanda de Almeida Pinheiro, caso seja reeleita, ganha assim a possibilidade de cumprir mais seis anos de (dois) mandatos à frente da OA, o máximo de mandatos permitidos por lei para o cargo. E o tempo que até agora foi cumprido (quase dois anos) será ‘apagado’ da contabilização. Isto porque a deliberação da Comissão Eleitoral para o ato eleitoral já marcado para março, define que “nos termos do nº 6 do artigo 5º da Lei nº 6/2024, de 19 de janeiro (EOA), o mandato em curso, interrompido por antecipação do calendário eleitoral, não é contabilizado para efeitos de limitação de mandato”. Num cenário em que a líder dos advogados ganhe de novo estas eleições e as próximas, ficará mais de sete anos a ocupar este cargo, algo inédito na história da instituição centenária.

Um cargo que é remunerado – desde que exercido em exclusividade – como acontece atualmente, com o salário bruto de 7119,50 euros, equiparado ao de Procurador-Geral da República (PGR).

Tomada de posse da nova bastonária da Ordem dos Advogados, Fernanda de Almeida Pinheiro - 09JAN23
Tomada de posse da nova bastonária da Ordem dos Advogados, Fernanda de Almeida Pinheiro, em janeiro de 2023.Hugo Amaral/ECO

Ao ECO/Advocatus, a líder dos advogados já fez saber que “a convocação de eleições não é ilegal e muito menos inconstitucional”.
Mas, apesar desta tomada de posição da bastonária, o Conselho Superior da mesma OA, liderado pelo advogado penalista Paulo de Sá e Cunha, está a avaliar a legalidade desta convocação de eleições antecipadas. Este é o órgão jurisdicional supremo da Ordem dos Advogados que tem ainda competência para julgar os recursos das decisões dos Conselhos de Deontologia em matéria disciplinar e para dar parecer sobre os honorários a pedido dos tribunais, dos advogados ou dos seus clientes.

Num artigo de opinião, publicado no jornal Público, o reconhecido constitucionalista, ex- presidente do Conselho Superior da Ordem dos Advogados, Bacelar Gouveia, defendeu que a bastonária anunciou “antes das férias de Natal eleições para os órgãos nacionais que apanharam todos os seus possíveis e legítimos adversários desprevenidos; menos ela própria, claro”.

Indo mais além, o jurista considerou que “esta decisão consubstanciou uma aplicação inconstitucional e inadmissível de uma oportunidade legislativa que, sendo acionada, põe em crise princípios do Estado Constitucional, como o democrático e o da tutela da confiança”.

Em primeiro lugar, diz Bacelar Gouveia, “a cessação antecipada dos mandatos iniciados em janeiro de 2023 é uma violação da capacidade eleitoral para cargo público, protegida pelo art. 50.º da Constituição: o seu titular, eleito para três anos, de repente, por uma lei ordinária o permitir, é lançado “borda fora”, para se ajustar mandatos que nasceram depois. Em segundo lugar, a cessação antecipada dos mandatos é a aceitação acrítica de uma norma inconstitucional, porque retrospetiva, ao reduzir em cerca de 1/3 o tempo de vigência de cargos eletivos, hipótese que prejudica a duração de cargos que se iniciaram no passado. Em terceiro lugar, a cessação antecipada dos mandatos, perante as duas normas oferecidas pelo legislador, é um resultado sem dúvida inconstitucional na medida em que tal deve ser feito com medida menos gravosa possível, que é a de o novo órgão e membros não cumprirem os três anos, e não a de, à socapa, decepar os mandatos daqueles que antes foram eleitos sem que tal perspetiva restritiva estivesse no horizonte”.

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Câmara de Lisboa reforça circuitos de recolha de lixo para mitigar efeitos da greve

  • Lusa
  • 29 Dezembro 2024

Auatrquia tem cerca de 70 trabalhadores a efetuar 24 serviços de recolha de lixo, para mitigar os efeitos da greve, anunciou o setor de higiene urbana.

A Câmara de Lisboa tem este domingo, excecionalmente, cerca de 70 trabalhadores a efetuar 24 serviços de recolha de lixo, para mitigar os efeitos da greve, anunciou o setor de higiene urbana.

“Dos oito serviços [de recolha de lixo] que estavam previstos realizar hoje o setor está a realizar 24”, disse à agência Lusa o diretor de higiene urbana do município de Lisboa, Pedro Moutinho, estimando que estejam “entre 60 a 70 trabalhadores” ao serviço na cidade.

O serviço de recolha de resíduos, na cidade de Lisboa, está organizado de segunda a sexta-feira, funcionando ao sábado com recurso a trabalho extraordinário e, ao domingo, apenas com recolha excecional.

Para hoje estavam previstos, por exemplo, “serviços de apoio à feira das Galinheiras e do Relógio e alguns subterrâneos que estão permanentemente com muita carga de resíduos”. Porém, explicou Pedro Moutinho, a “autarquia está a conseguir ter mais equipas na rua, o que é ótimo, porque vai permitir aliviar e mitigar algumas situações mais pesadas, em algumas ruas, dado o acumulo, devido à greve”.

O mesmo responsável esclareceu ainda que durante esta noite “os serviços mínimos previstos eram 46, mas estiveram a funcionar 64 circuitos”, acrescentando que “a adesão à greve esteve abaixo dos 50%”.

Os trabalhadores da higiene urbana do município estão desde quarta-feira e até 02 de janeiro em greve ao trabalho extraordinário, sendo que na quinta e na sexta-feira cumpriram uma paralisação total.

“O pior cenário não aconteceu”, mas, admitiu o diretor do serviço, a cidade continua a acumular resíduos e os serviços “estão a fazer um grande esforço para, todos os dias, com a ajuda das juntas de freguesia e da população, ter uma cidade menos suja”.

À agência Lusa Pedro Moutinho ressalvou que tal se deve também ao facto de a população ter “aderido aos apelos para não depositar muito cartão, embalagens e vidro”, admitindo que “os próximos dias até à passagem do Ano serão dias difíceis”.

Na cidade onde são recolhidas diariamente 900 toneladas de lixo, “não haverá recolha na véspera da passagem do ano, nem no dia 01, o que a juntar aos resíduos em caixotes e contentores que ainda não foram recolhidos, fazem destas datas os pontos críticos”, disse.

Os serviços mínimos voltarão a funcionar na madrugada de dia 01 para dia 02 de janeiro e a autarquia mantém o apelo à população para evitar por na rua os resíduos recicláveis. Pedro Moutinho admitiu que os impactos da greve sejam ainda visíveis até ao dia 03 de janeiro e que a normalidade seja reposta a partir do dia 04.

A greve foi convocada pelo Sindicato dos Trabalhadores da Administração Local ( STAL) e pelo Sindicato dos Trabalhadores do Município de Lisboa (STML), que justificam o protesto com a ausência de respostas da Câmara aos problemas que afetam o setor, em particular ao cumprimento do acordo celebrado em 2023, que prevê, por exemplo, obras e intervenções nas instalações. A Câmara de Lisboa assegura que o acordo celebrado em 2023 está a ser cumprido.

O presidente STML, Nuno Almeida, disse à agência Lusa, no sábado, que o sindicato desconhece o dados da adesão à greve, durante o fim de semana, por se tratar de trabalho extraordinário.

Para o Ano Novo está prevista greve ao trabalho normal e suplementar no período noturno, entre as 22:00 do dia 1 e as 06:00 do dia 2 de janeiro.

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