63% dos municípios fazem recolha de biorresíduos. Mas taxas são baixas

“Durante o presente ano, a grande maioria dos municípios poderá ter implementada essa recolha”, prevê a tutela. Porém, as taxas de recolha são baixas e justificadas com falta de adesão dos munícipes.

Há 195 municípios em Portugal que já fazem a recolha seletiva de biorresíduos, indica o Ministério do Ambiente ao ECO/Capital Verde, apontando dados de novembro de 2024. Destes, cinco possuem taxas de recolha seletiva (face ao total de resíduos urbanos recolhidos) entre os 51% e os 30%, outros 51 municípios têm taxas entre os 30% e os 10% e 139 municípios têm taxas de recolha seletiva abaixo dos 10%.

De acordo com a Agência Portuguesa do Ambiente (APA), os biorresíduos produzidos em Portugal são, em média, cerca de 40% do total de resíduos urbanos. “Uma taxa [de recolha] abaixo de 10% é muito baixa”, considera Susana Fonseca, membro da direção da associação ambientalista Zero.

Salienta ainda que, conforme diretiva europeia, todos os países da União Europeia estavam obrigados a assegurar a recolha diferenciada de biorresíduos até ao final de 2023. “Fazia todo o sentido que o país se mobilizasse para aproveitar este recurso e devolver a matéria orgânica à terra”, afirma, assinalando que os biorresíduos são fertilizantes naturais e que Portugal importa grande parte dos fertilizantes que utiliza ou as respetivas matérias-primas.

Não temos de agir só por causa da legislação. É de facto lamentável o desperdício de recursos“, conclui.

O ministério considera que tem havido, no último ano, uma evolução “muito positiva” do número de municípios que implementaram a recolha seletiva de biorresíduos, uma tendência que espera que se mantenha, face ao apresentado pelos próprios nos respetivos planos. “Durante o presente ano, a grande maioria dos municípios poderá ter implementada essa recolha”, prevê a tutela.

Em paralelo, o gabinete liderado por Maria da Graça Carvalho realça que já foram abertos os primeiros avisos para candidaturas ao financiamento para a recolha e tratamento, por forma a apoiar a implementação e o alargamento de redes de recolha seletiva, nomeadamente de biorresíduos, e do seu tratamento diferenciado. Tratam-se dos avisos “cujos beneficiários são as entidades municipais. Em 2024 o valor financiado foi de 27 milhões de euros.

De acordo com o Plano de Ação dos Resíduos, apresentado no início de março pelo Executivo, em 2022 eram 144 os municípios que apresentavam este tipo de recolha e, em 2023, subiram para 168. Tendo em conta os 308 municípios que há no país, em novembro do ano passado pouco mais de metade (63%) tinha algum tipo de recolha, com a maioria a apresentar taxas abaixo dos 10%.

Há dificuldades em promover adesão

O Executivo justifica estes números modestos com a dificuldade de implementação. “A alteração para um modelo baseado na recolha seletiva destes biorresíduos é um processo lento”, escreve fonte oficial, explicando que exige adaptação ao nível das instalações de tratamento, mas também a implementação de redes de recolha seletiva e a alteração dos hábitos e comportamento do cidadão neste âmbito.

A adesão da população também tem sido limitante nesta matéria”, indica o ministério. No entanto, prevê um incremento da participação do cidadão a partir do momento que esteja lançada a Campanha de Comunicação e Sensibilização, em fase de concurso público, e que será desenvolvida pela APA – Agência Portuguesa do Ambiente.

De acordo com o ministério, para já, o objetivo não será a aplicação de sanções, mas o incentivo à implementação e alargamento das redes de recolha seletiva de biorresíduos e a promoção da adesão da população. Como exemplo, destaca que a Taxa de Gestão de Resíduos (TGR) prevê uma redução do seu valor para os municípios que cumpram os objetivos de recolha seletiva e tratamento na origem previstos nos seus planos de ação para os resíduos urbanos (PAPERSU).

O ECO/Capital Verde falou com os concelhos de Mafra e Cascais, que possuem recolha de biorresíduos, para perceber a perspetiva de quem está no terreno. O Concelho de Mafra apresenta uma taxa de recolha de biorresíduos na ordem dos 11%, face ao total de resíduos produzidos anualmente, o que compara com os 3% de 2020.

“Crê-se que a referida evolução resulta do empenho para envolver o maior número de habitantes, atuando-se com proximidade e através da implementação de um sistema simples”, indica a Câmara, em declarações por escrito, ao mesmo tempo que identifica como maior dificuldade a motivação dos munícipes.

Nesse sentido, este município está a preparar uma compensação através de um sistema SAYT (Save As You Throw), que premeia quem tem o comportamento adequado em termos da separação. Pretende também continuar a expandir a rede de locais de disponibilização dos sacos verdes, aqueles que são distribuídos para colocar os biorresíduos, de forma a que estes possam ser triados. Além disso, identificando o canal HORECA (hotéis, restaurantes e cafés) como um “grande contribuidor” na produção destes resíduos, está de pé, desde meados de 2024, a campanha de adesão ao projeto “Mafra a Reciclar – Por um HORECA +Verde”.

No caso de Cascais, o concelho regista a recolha de 6% de biorresíduos face ao total de resíduos, exceto a recolha de cortes de jardins, sendo que em 2024 as quantidades recolhidas deram um salto de 45%, atingindo as 72 mil famílias aderentes. Em 2025, a Câmara afirma que vai continuar a trabalhar para que mais pessoas adiram ao sistema.

Neste município, os cidadãos recebem em casa um contentor de sete litros, rolos de sacos verdes a cada dois meses, consoante o tamanho do agregado, e informação sobre o que são os biorresíduos. Os restos de comida e os alimentos degradados são colocados no saco verde. Depois, o saco verde deve ser fechado e colocado diretamente no contentor dos resíduos urbanos indiferenciados, o mesmo contentor onde se coloca o lixo comum. Esses contentores são recolhidos pelos camiões da Cascais Ambiente e levados para a Tratolixo, onde, através de um separador ótico na central de triagem, os sacos de biorresíduos são identificados e separados através da cor, sendo depois o seu conteúdo tratado para a produção de energia e composto orgânico para os solo. No canal HORECA Cascais tem uma recolha dedicada.

O mais importante neste momento seria uma campanha nacional a alertar para esta separação obrigatória”, concorda também esta Câmara. Em Cascais faz-se a sensibilização porta-a-porta, mas os responsáveis consideram que seria importante ter divulgação nos grandes meios de comunicação nacionais para reforçar o trabalho local.

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Banco de Fomento dispensado de cumprir parte das regras dos contratos públicos

Gonçalo Regalado pode "contratar a aquisição de bens e serviços relacionados com essa transformação digital e tecnológica através de mecanismos de contratação mais céleres".

O Banco de Fomento está dispensado de cumprir parte das regras da contratação pública para aumentar os serviços digitais. A instituição pode assim contratar a compra de bens e serviços de forma mais célere, uma opção que o Governo justifica com a urgência da questão. O Presidente da República já promulgou o diploma.

O Governo aprovou um decreto-lei no Conselho de Ministros de 10 de março que “dá maior agilidade, por um período máximo de 12 meses, à contratação de bens e serviços imprescindíveis ao processo de transformação tecnológica e digital” do Banco de Fomento.

Questionado sobre os detalhes da decisão, fonte do Ministério da Economia disse ao ECO que “o diploma aprovado visa possibilitar que o BPF proceda a uma transformação estrutural e transversal da sua infraestrutura digital e tecnológica, necessária para o cabal cumprimento da sua missão e para o impulso que a nova administração pretende dar à atividade do BPF”.

Assim, o banco agora liderado por Gonçalo Regalo “poderá contratar a aquisição de bens e serviços relacionados com essa transformação digital e tecnológica através de mecanismos de contratação mais céleres, atenta a urgência da questão, ainda que sempre sujeito a limites quantitativos e exigindo consulta prévia de mercado”, explicou fonte oficial do Ministério tutelado por Pedro Reis.

No entanto, de acordo com a nota do Presidente da República que dá conta da promulgação do diploma, o Banco de Fomento fica “excluído da aplicação da Parte II do Código dos Contratos Públicos”. Esta é a parte que determina quais os tipos de procedimentos a que as entidades adjudicantes estão sujeitas seja ajuste direto, consulta prévia, concurso público, concurso limitado por prévia qualificação, procedimento de negociação, diálogo concorrencial, ou parceria para a inovação e quais as prestações que são abrangidas. Em causa estão desde as empreitadas de obras públicas às compras de serviços.

O Código determina que as entidades podem optar pela consulta prévia na aquisição de bens móveis e de serviços, quando o valor do contrato for inferior a 75 mil euros, embora tenham de consultar pelo menos três entidades.

Na apresentação do Plano de Ação do Banco de Fomento, o novo CEO, Gonçalo Regalado anunciou que estavam previstos investimentos “relevantes” em tecnologia para criar um Banco de Fomento Digital para “ganhar tempo de resposta” e “eficiência operacional ao serviço das empresas”. Porque, como reconheceu, “não é tolerável demorar meses a responder às empresas”.

Banco de Fomento, Plano de Ação para a criação de um Banco de Fomento Digital

Em cima da mesa está a criação de um site dedicado, app e serviços remotos com capacidade de decisão just in time. Em entrevista ao Jornal Económico, Gonçalo Regalado explicou que “o Plano Digital do Banco de Fomento enquadra 3 pilares: a fundação e inovação com a construção dos laboratórios de inovação digitais, com a implementação de metodologia ágil, com a ativação de infraestruturas tecnológicas e com a implementação de software low code; a criação de experiência de cliente com eficiência operacional, tecnologias de automação e GEN AI que nos permitam ter modelos preditivos de negócio; e a construção de um Banco Digital com serviço às empresas”.

Recorde-se que, em dezembro, ainda no mandato da anterior administração, liderada por Ana Carvalho, o Banco de Fomento estabeleceu um protocolo de consultoria em Investigação e Desenvolvimento (I&D) com o INESC TEC, durante dez meses, para apoiar a “conceptualização de um plano de transformação digital do banco”.

Questionado pelo ECO sobre as alterações que o novo decreto-lei introduz, fonte oficial do Banco remeteu quaisquer esclarecimentos para a tutela, já que não tinham detalhes sobre o diploma.

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Barómetro ACEGE: 91% defende venda de maioria do capital TAP

Governo que tomar posse após as eleições de 18 de maio irá decidir qual a percentagem da companhia que será privatizada. PSD e PS têm visão diferente.

A quase totalidade dos inquiridos no Barómetro da ACEGE defende que deve ser vendida a maioria do capital da TAP no processo de reprivatização. Uma opinião que vai ao encontro do que tem sido defendido pelo Governo.

Para 91,4% dos inquiridos no inquérito aos empresários da Associação Cristã de Empresários e Gestores (ACEGE) deve ser privatizado mais de 50% do capital da companhia aérea. Apenas 7,7% não concorda que sejam alienadas mais de metade das ações da TAP.

A queda do Governo interrompeu o processo de venda da transportadora. A intenção do Executivo era avançar até ao final do mês com o processo de privatização, mas já afastou, entretanto, a possibilidade de o fazer estando em gestão. O que significa que será o Governo que tomar posse após as eleições de 18 de maio que decidirá que percentagem da TAP será alienada.

Luís Montenegro, que será novamente candidato a primeiro-ministro, defende a venda de 100% do capital, embora com garantias que assegurem a manutenção da marca, da sede e das rotas estratégicas da companhia aérea portuguesa.

Já o líder do PS, Pedro Nuno Santos, sempre defendeu que a privatização deveria incidir sobre uma minoria do capital, de forma a assegurar os interesses do país na transportadora.

Nota: O Barómetro é uma iniciativa mensal realizada em colaboração com o ECO, Rádio Renascença e Netsonda, e tem como objetivo saber a opinião dos Associados da ACEGE sobre temas da atualidade, não sendo por isso uma sondagem de opinião. Foi enviado por email a 1.094 associados da ACEGE, através de uma plataforma da Netsonda, e esteve aberto entre os dias 28 de novembro e 2 de dezembro, tendo respondido 104 pessoas.

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Barómetro ACEGE: 68% dos empresários acredita que a crise política terá impacto negativo na economia

Apenas 27,88% dos inquiridos considera que a crise política não terá impacto na economia. Empresários estão menos otimistas com o futuro do país do que há um mês.

A maioria dos empresários portugueses considera que a crise política e, eleições antecipadas, terá um impacto negativo na economia. De acordo com o último Barómetro ACEGE, divulgado esta terça-feira, 68,72% aponta para esta opção.

Entre os associados da ACEGE (Associação Cristã de Empresários e Gestores), 104 empresários responderam ao questionário durante a semana passada, durante o pico da pico da crise política: o chumbo da moção de confiança, consequente queda do Governo e o anúncio de eleições legislativas antecipadas.

Entre os associados, apenas 27,88% considerou que uma crise política não terá impacto na economia, enquanto 3,85% assinalou não saber ou não respondeu.

A opinião dos empresários foi expressa ao longo da semana, tendo o presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, anunciado a convocação de eleições antecipadas para o dia 18 de maio apenas na quinta-feira, após reunião do Conselho de Estado e de ouvidos os partidos políticos. Perante a questão “receita uma crise política”, 75% indicaram que sim, contra 22,12% que apontaram não. Apenas, 2,88% assinalaram não saber ou não responder.

Ainda assim, 42,31% dos empresários assume estar moderadamente otimista em relação ao país. Contudo, menos do que há um mês, já que a percentagem cai face aos 58% do barómetro anterior. Por outro lado, indicam estar mais pessimistas face ao fevereiro, com 34,62% indicar este mês estar moderadamente pessimista, contra 17,65% no anterior relatório. Já 5,77% indica estar francamente pessimista, enquanto 17,31% não se identifica nem com um opção, nem com outra.

No entanto, o nível de confiança em relação ao futuro das respetivas empresas piorou face ao mês anterior. Sete em cada dez empresários estão na globalidade otimistas — com 11,54% francamente otimistas e 60,58% moderadamente otimistas, o que compara com os 15,69% francamente otimistas e 66,67%, respetivamente, do barómetro anterior. Já 10,58% estão moderadamente pessimistas, mais do que os 8,82% do barómetro anterior, e 0% francamente pessimistas. O número de indecisos subiu, com 17,31% a não estar nem pessimista, nem otimista, que compara com os 8,82% registados anteriormente.

Apesar da crise política, os decisores políticos têm garantido que a execução do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) não fica em risco. Um programa que os empresários consideram ter ficado melhorado com a reprogramação, já que 49% apontou esta opção. Ainda assim, 38,46% não sabem ou não respondem a esta questão, enquanto apenas 12,5% considera que a reprogramação não tornou o PRR melhor.

Quando questionados sobre se o Banco Central Europeu (BCE) deve continuar a cortar as taxas de juro de referência ou chegou o momento de fazer uma pausa e avaliar a evolução da inflação, 50,96% considera que a instituição deve fazer uma pausa, contra 44,23% que considera que deve continuar a reduzir os juros. Já 4,81% não sabe/não responde.

Certo é que mais de metade dos empresários (54,81%) não se mostra favorável a uma redução da taxa contributiva global do sistema previdencial (conhecida por TSU), se isso implicar cortes nos apoios sociais ou a diminuição das pensões, contra 33,65% que dizem apoiar a medida nesse contexto e 11,54% indicam não saber ou não responder.

Nota: O Barómetro é uma iniciativa mensal realizada em colaboração com o ECO, Rádio Renascença e Netsonda, e tem como objetivo saber a opinião dos Associados da ACEGE sobre temas da atualidade, não sendo por isso uma sondagem de opinião. Foi enviado por email a 1.094 associados da ACEGE, através de uma plataforma da Netsonda, e esteve aberto entre os dias 28 de novembro e 2 de dezembro, tendo respondido 103 pessoas.

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Nomeação de Rui Baleiras para o regulador dos seguros arrisca ficar sem efeito

Governo em gestão não pode indicar nomes, a não ser por "vacatura do cargo e urgência". Ao abrigo desta norma, o líder da UTAO ainda pode ser designado, mas precisa de confirmação do futuro Executivo.

A nomeação do atual coordenador da Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO), Rui Nuno Baleiras, para o cargo de vice-presidente da Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF) arrisca ficar sem efeito, porque a lei não permite que um Governo em gestão designe pessoas para entidades reguladoras, a não ser por “vacatura do cargo e urgência”.

Ao abrigo desta norma, o Executivo de Luís Montenegro poderá designar Rui Nuno Baleiras, uma vez que o lugar de vice-presidente se encontra vago e também terá de justificar “a urgência”, ainda que essa função na ASF se encontre por preencher há muito tempo. Para além disso, o futuro Governo, que sair das eleições legislativas antecipadas, de 18 de maio, terá de confirmar a sua nomeação.

Também a designação de Paula Vaz Freire para o lugar de administradora, ocupado atualmente por Manuel Caldeira Cabral, pode ficar suspensa. No entanto, e assim que o antigo ministro da Economia sair do regulador dos seguros, uma vez que o mandato terminou no final do ano passado, a professora da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa poderá assumir as novas funções, mas precisa igualmente da validação do próximo Governo.

A lei-quadro das entidades administrativas independentes com funções de regulação da atividade económica dos setores privado, público e cooperativo determina que: “Não pode ocorrer a designação ou proposta de designação entre a convocação de eleições para a Assembleia da República ou a demissão do Governo e a investidura parlamentar do Governo recém-designado, salvo se se verificar a vacatura dos cargos em causa e a urgência da designação, caso em que as referidas designação ou proposta de designação de que não tenha ainda resultado designação dependem de confirmação pelo Governo recém-designado”.

No último Conselho de Ministros, antes de entrar em gestão, o Governo não aprovou as duas nomeações, até porque há vários passos que têm de ser dados antes, designadamente a votação dos pareceres da Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública (COFAP) no Parlamento.

Só esta quarta-feira, um dia antes da Assembleia da República ser dissolvida, é que os deputados irão apreciar os dois relatórios, cujo relator é o vice-presidente da bancada do PS, António Mendonça Mendes. Cumprida esta etapa, o Governo estaria então em condições de designar Rui Nuno Baleiras e Paula Vaz Freire para o conselho de administração da ASF.

“Já podíamos ter votado os pareceres na semana passada, mas o Chega pediu o adiamento potestativo”, lamentou o deputado e vice-presidente do grupo parlamentar do PSD, Hugo Carneiro, em declarações ao ECO. Ou seja, o Governo ainda poderia ter tido tempo para designar as duas personalidades, antes de ser demitido, após a rejeição da moção de confiança, a 12 de março.

O Ministério das Finanças foi questionado pelo ECO sobre estes dois processos de nomeação e se iria invocar a “vacatura dos cargos em causa e a urgência”, como prevê a lei, para designar Rui Nuno Baleiras e o Paula Vaz Freire mas até ao fecho deste artigo não obteve resposta. Ou seja, as duas nomeações podem concretizar-se ainda com este Executivo, sob pena de ser validado pelo novo Governo, ou só na próxima legislatura.

Neste momento, o conselho de administração da ASF é composto pela presidente Margarida Corrêa de Aguiar e dois administradores, Diogo Alarcão e Manuel Caldeira Cabral, encontrando-se vago o cargo de vice-presidente, para o qual Baleiras foi escolhido. Com a saída iminente de Caldeira Cabral, o regulador arrisca ficar com apenas dois elementos, não reunindo o quórum mínimo para deliberar. Daí que a designação de Paula Vaz Freire também possa avançar, dada a “vacatura do cargo e a urgência”.

“O conselho de administração é um órgão composto por um presidente e até três vogais, podendo ter ainda um vice-presidente, devendo ser assegurado, na sua composição, um número ímpar de membros”, de acordo com a lei-quadro dos reguladores.

Rui Nuno Baleiras é coordenador da UTAO, entidade que presta assessoria económica e orçamental à Assembleia da República, desde julho de 2018. É professor da Escola de Economia e Gestão da Universidade do Minho e foi secretário de Estado do Desenvolvimento Regional do Governo de José Sócrates entre 2005 e 2009.

Paula Vaz Freire foi diretora da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, entre 2020 e 2023, e conta com diversos livros e artigos científicos em Portugal e no estrangeiro, designadamente, nas áreas da concorrência e regulação económica.

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Subsídio de desemprego cortado a seis mil pessoas. Falta à convocatória foi o principal motivo

Aumentou o número de pessoas que viram anulada a sua inscrição no IEFP e, por isso, perderam subsídio de desemprego. Falta à convocatória dos serviços foi o principal motivo, segundo novo relatório.

Mais de seis mil pessoas perderam o subsídio de desemprego no último ano, por incumprimento dos deveres associados a essa prestação. De acordo com um novo relatório da Comissão de Recursos do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), a falta à convocatória dos serviços foi o principal motivo para a perda desse apoio. Os problemas nas entregas postais continuam a explicar uma “parte importante” dessas situações.

“Quanto à atividade dos serviços e centros de emprego, registaram-se 6.232 anulações de inscrição de desempregados subsidiados por incumprimento dos seus deveres, o que corresponde a uma subida de 15,3% face ao ano de 2023″, lê-se no relatório de atividades da referida comissão.

Desse total de anulações, mais de quatro mil (76%) dizem respeito a pessoas que não compareceram à convocatória dos serviços de emprego.

Já o segundo motivo mais comum foi a falta de controlo do dever de procura ativa de emprego (730 pessoas, o correspondente a 12% das anulações), seguindo-se a falta de comparência nas entidades de acompanhamento (330 pessoas, o que equivale a 5% das anulações) e a recusa de emprego conveniente (155 pessoas, o correspondente a 2,5% do total).

Entre os mais de seis mil desempregados que viram o subsídio anulado, 834 não se conformaram e recorreram à comissão do IEFP, sendo que, destes, mais de metade alegaram problemas com o recebimento das convocatórias por via postal.

Por exemplo, 151 pessoas alegaram não ter recebido a convocatória do centro de emprego por alteração de morada e 124 por falha dos CTT, conforme mostra o quadro abaixo.

A propósito, há vários anos que a Comissão de Recursos do IEFP vem realçando as falhas na entrega das convocatórias pelos correios e o relatório agora conhecido não é exceção. “Parte importante dos recursos que nos são apresentados anualmente continua a ter como fundamento alegados problemas nas entregas postais“, lê-se no documento.

Além dos problemas na distribuição postal propriamente dita e das alterações de morada, as residências precárias, os bairros degradados e as deficientes condições das caixas de correio dificultam a entrega das convocatórias pelos CTT, segundo o mesmo relatório.

O IEFP alerta também que “o crescimento destas situações não pode ser dissociado do aumento da população desempregada imigrante, da sua volatilidade geográfica e das condições em que residem”.

Por outro lado, 114 das 834 pessoas que reclamaram da anulação do subsídio de desemprego alegaram motivos de doença, enquanto 58 apontaram dificuldades com o serviço de notificações eletrónicas.

Maioria das decisões confirma anulação

Um desempregado lê os anúncios no Centro de Emprego da Amadora.JOAO RELVAS / LUSA

Dos mais de 800 recursos que deram entrada na comissão do IEFP, a maioria (quase sete em cada dez) confirmou a anulação do subsídio de desemprego.

Ainda assim, 79 pessoas viram os seus recursos deferidos, o que significa que o IEFP lhes deu expressamente razão. Além disso, em 142 dos casos, o IEFP decidiu-se pela extinção do recurso. “Somadas as decisões favoráveis em primeiro nível (recursos deferidos ou extintos) com as deliberações favoráveis em segundo nível, temos 244 recursos decididos a favor dos recorrentes, ou seja, 29,2%“, indica o IEFP.

O relatório permite também perceber o perfil do recorrente, sendo que a nacionalidade dessas pessoas permite à comissão de recursos, segundo a própria, “novas leituras sobre os fenómenos do desemprego no país“.

“A percentagem crescente de não nacionais entre os recorrentes em primeiro nível é de 40,9% (35% em 2023) e em segundo 44,6% (27% em 2023), muitos deles com dificuldades na língua portuguesa e condicionados na integração na sociedade e cultura portuguesas, na proporção direta do afastamento da sua cultura originária”, é sublinhado no relatório.

Esta realidade impõe novas estratégias das políticas públicas, não só no plano do emprego/formação profissional e da segurança social, como em outras áreas da governação, que permitam acolher e integrar, de direito e de facto, estes novos trabalhadores na sociedade portuguesa.

Comissão de recursos do IEFP

Segundo o IEFP, mesmo muitos dos cidadãos nacionais “são-no por aquisição, registando também dificuldades no seu relacionamento com as instituições e inserção social e profissional”.

Perante este cenário, a comissão de recursos defende que são precisas novas estratégias ao nível das políticas públicas no plano do emprego, formação profissional e da segurança social.

Notícia atualizada às 10h39

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Pedidos de regresso à Caixa Geral de Aposentações nas mãos do Tribunal Constitucional

Já há cinco sentenças a considerar que a lei interpretativa viola o princípio da confiança. Ao fim de três juízos nesse sentido, o Tribunal Constitucional tem de se pronunciar de forma geral.

Sede da Caixa Geral de Aposentações, em Lisboa, 19 de março de 2014. MÁRIO CRUZ / LUSAMÁRIO CRUZ / LUSA

O plenário do Tribunal Constitucional (TC) vai decidir se a lei interpretativa que limita o regresso de funcionários públicos à Caixa Geral de Aposentações (CGA) é inconstitucional, na sequência de cinco sentenças de primeira instância, a que o ECO teve acesso, que declararam a norma violadora do princípio fundamental da confiança. Ao fim de três juízos nesse sentido, o TC tem de se pronunciar de forma geral e abstrata, valendo para todas as situações.

Se a maioria dos 13 juízes do Palácio de Ratton confirmar as decisões, “a norma terá de ser eliminada do ordenamento jurídico”, explicou ao ECO o constitucionalista Tiago Duarte. Como consequência, todos os funcionários públicos que estavam na CGA, antes de 1 de janeiro de 2006, perderam, entretanto, a inscrição, por terem deixado de trabalhar para o Estado, e regressaram à Função Pública mais tarde vão poder reingressar, sem limitação alguma, na CGA. De sublinhar que o sistema de proteção social convergente é mais benéfico do que a Segurança Social, designadamente no pagamento da baixas médicas.

A CGA tem estado a rejeitar milhares de pedidos, sobretudo de professores que sofreram interrupções letivas por termo de contratos, o que os excluiu do sistema da CGA, ao abrigo de uma lei interpretativa, com origem no Governo e aprovada pelo Parlamento. Mas o Tribunal Administrativo e Fiscal de Penafiel já emitiu cinco sentenças, depois de recursos apresentados pela Federação Nacional de Professores (Fenprof), e concluiu que a norma é inconstitucional por “violação do princípio da confiança”, indicando que os trabalhadores em causa devem ser registados novamente na CGA. Estas decisões dizem apenas respeito às situações particulares de sete docentes, não podendo aplicar-se a todos os funcionários públicos.

Ao declarar a inconstitucionalidade da lei que limita a reinscrição na CGA, “o tribunal obriga o Ministério Público a recorrer para o Tribunal Constitucional e, até chegar a uma decisão, são suspensos os efeitos da sentença da primeira instância”, esclarece Tiago Duarte, professor de Direito Constitucional da Universidade Católica.

Se o TC validar as sentenças, de forma geral e abstrata, a norma cai. Caso contrário, terá de devolver os juízos ao tribunal para reverter a sua posição, obrigando a declarar a lei constitucional. O ECO já questionou o Palácio de Ratton sobre quantos recursos recebeu do Ministério Público e quando se irá pronunciar de forma geral e abstrata e aguarda resposta.

Perante as sentenças de inconstitucionalidade da regra que limita o regresso dos trabalhadores à CGA, a Fenprof já enviou um ofício à Provedoria de Justiça “solicitando pronunciamento sobre as dúvidas de constitucionalidade da Lei n.º 45/2024, de 27 de dezembro”, afirmou ao ECO o secretário-geral da federação sindical Mário Nogueira. “Fomos informados de que já estava criado um grupo de trabalho e que, muito em breve, a Provedoria de Justiça se iria pronunciar”, sublinhou. Ao ECO, a instituição, liderada pela provedora Maria Lúcia Amaral, afirmou apenas que, neste momento, está analisar o pedido da Fenprof.

Em fevereiro, quando o Governo ainda não tinha caído e estava em plenitude de funções, o ECO perguntou ao Ministério do Trabalho, que tutela esta área, se tencionava revogar o diploma face às sentenças de primeira instância. Mas, na altura, fonte oficial do gabinete da ministra Maria do Rosário Palma Ramal adiantou apenas: “O Governo não quer antecipar-se à declaração do Tribunal Constitucional, pelo que é prematura uma resposta”. Uma eventual proposta de alteração legislativa passará agora para as mãos do próximo Executivo que sair das eleições antecipadas de 18 de maio.

Violação do princípio da confiança

Em todas as cinco sentenças do Tribunal Administrativo e Fiscal de Penafiel relativamente aos recursos apresentados pela Fenprof para contestar a lei interpretativa e forçar a reinscrição de professores na CGA, a conclusão é a mesma: “Desaplica-se o número 2 do artigo 2.º da Lei n.º 45/2024 de 27 de dezembro por inconstitucionalidade”, devido à “violação do princípio da confiança”.

O artigo, declarado inconstitucional e que contraria vários acórdãos de tribunais superiores, estabelece que só é possível a reinscrição de funcionários públicos quando se verifique que não existiu descontinuidade temporal na prestação de trabalho ao Estado ou, existindo, se comprove que foi involuntária, limitada no tempo e justificada pelas especificidades próprias da carreira. Para além disso, é preciso comprovar que o funcionário não exerceu atividade remunerada durante o período em que interrompeu o vínculo público.

De salientar que o regime de proteção social deixou deixou de aceitar novos subscritores desde 1 de janeiro de 2006. Ou seja, apenas os trabalhadores que estavam inscritos em data anterior podem regressar à CGA quando voltem a exercer funções na Administração Pública, se cumprirem os requisitos previstos no diploma.

“O legislador viola a confiança legítima dos particulares e, consequentemente, o princípio da proteção da confiança, quando decide introduzir, em 2024, inovações na Lei n.º 60/2005, sem qualquer consideração pelos efeitos já constituídos, sem qualquer consideração pela jurisprudência que, de forma reiterada e constante, vinha atribuindo aos professores o direito à inscrição na Caixa Geral de Aposentações a quem antes de 1 de janeiro de 2006, estivesse inscrito nesse regime de providência”, conclui o juiz.

Assim, o entendimento deste tribunal de primeira instância é que, “quando um sujeito cesse o vínculo laboral e celebre um novo, tal não se considera como sendo ‘iniciar funções’”, tal como resulta do acórdão do Supremo Tribunal Administrativo de 6 de março de 2014.

“A lei em causa e mais concretamente o número 2 do artigo 2.º veio introduzir requisitos novos, que a jurisprudência não previa, e que não se podem retirar da letra da norma interpretada”, lê-se no relatório. Por isso, o tribunal conclui que “o número 2 do artigo 2.º da Lei n.º 45/2024 “é uma falsa norma interpretativa”.

Há ainda o “problema jurídico” da retroatividade do diploma em causa, embora o mesmo indique que não se aplique a decisões transitadas em julgado em data anterior à da sua entrada em vigor: “Esta lei produz efeitos a partir da entrada em vigor da Lei n.º 60/2005 de 29 de dezembro. As normas contidas neste diploma visam por isso ser aplicadas retroativamente a situações de facto já constituídas e inclusive a ações judiciais pendentes”.

Uma vez que a lei retroage a situações anteriores, o princípio inviolável da proteção de confiança fica ferido de inconstitucionalidade. “O Tribunal Constitucional explica, no seu acórdão n.º 310/2021, que o princípio da proteção da confiança constitui um dos invólucros jurídicos que o ordenamento jurídico e seu edifício não deixarão de dispensar aos valores da estabilidade, da segurança e da confiabilidade”, argumenta o juiz que assina as sentenças.

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“Quando tratamos do corpo estamos a tratar da mente e vice-versa”

  • ECO
  • 18 Março 2025

A conexão entre o corpo e a mente transforma a saúde. Exercício, respiração e autocuidado são pilares para o equilíbrio, como foi explorado no segundo episódio do podcast Wellness by Holmes Place.

O equilíbrio entre corpo e mente é um dos pilares fundamentais para uma vida saudável e feliz. No quarto episódio do podcast Wellness by Holmes Place, especialistas e convidados partilharam experiências e reflexões sobre como o exercício físico, a respiração e a consciência corporal podem transformar não só o corpo, mas também o estado emocional.

“Quando tratamos do corpo, estamos a tratar da mente e vice-versa”, afirmou Fernanda Freitas, ex-jornalista e empresária. Para Fernanda Freitas, a atividade física foi essencial para enfrentar uma doença autoimune e equilibrar os impactos de uma vida intensa. “Para além da inatividade fazer mal de uma perspetiva inflamatória, para a mente é péssima”, refere.

O master trainer do Holmes Place, Paulo Ah Quin, enfatizou que o exercício é ainda mais essencial para quem enfrenta desafios de saúde. “As pessoas que têm uma condição ou limitação precisam ainda mais de uma atividade física adequada. É essencial procurar ajuda especializada e terem acesso a um plano de treino adequado que promova ganhos constantes de saúde.”

A consciência corporal e a respiração foram destacadas como ferramentas poderosas, tanto no desporto quanto na vida quotidiana. Para Fernanda Freitas, aprender a nadar aos 50 anos foi um marco de superação, pois tinha hidrofobia diagnosticada e nunca pensou que fosse possível ultrapassar. Com a ajuda de uma professora do Holmes Place, ultrapassou esse medo. “Agora uma das coisas que mais gosto de fazer é nadar”, conta.

"Quando vou treinar, marco essa hora como uma reunião privada. É o meu tempo.”

Fernanda Freitas, ex-jornalista e empresária

A criação de uma rotina que priorize o bem-estar também foi amplamente discutida. Fernanda Freitas defendeu a importância de reservar tempo na agenda para cuidar de si: “Quando vou treinar, marco essa hora como uma reunião privada. É o meu tempo.” Paulo Ah Quin concordou: “Não nos podemos colocar para último lugar, porque vamos pagar mais tarde a fatura”. É essencial cuidarmos de nós para conseguirmos fazer aquilo que nós fazemos melhor, que é trabalhar ou outra atividade qualquer, durante muito mais tempo, com mais saúde e capacidade”, explica.

Ambos destacaram que o Holmes Place oferece um conceito de Clube, onde é possível aliar exercício físico a momentos de trabalho e socialização. “Quando marco uma aula com o meu personal trainer (PT), organizo o meu dia todo para que possa ficar no clube. Ou seja, faço aula com o PT, depois nado um bocadinho, tenho uma reunião, trabalho lá no café, depois almoço ou convido um cliente para almoçar, porque é um Clube e, portanto, acaba por ser uma segunda casa”, explica a empresária.

Mais do que resultados imediatos, a conexão entre corpo e mente exige paciência e consistência. “As pessoas querem tudo para ontem, mas é preciso tempo”, lembrou Paulo Ah Quin. A prática regular, ainda que simples, como uma caminhada ou exercícios de respiração, pode trazer mudanças significativas.

Assista à conversa completa aqui:

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Solverde recorre ao Constitucional para receber 15 milhões do Estado

  • ECO
  • 17 Março 2025

A empresa recorreu ao Tribunal Constitucional a 3 de março para reverter a decisão do Supremo Tribunal Administrativo de janeiro, que anulou o pagamento, pelo Estado, de 15 milhões à concessionária.

A Solverde, empresa que explora casinos, recorreu aos juízes do palácio Ratton para anular a decisão do Supremo Tribunal Administrativo (STA) de janeiro, avança o Observador, esta segunda-feira. O STA tinha anulado, em janeiro, uma decisão arbitral que condenava o Estado a pagar 15,5 milhões de euros – que subiria a 18 milhões com juros – à concessionária de casinos no Algarve.

O recurso foi apresentado a 3 de março, já depois de ser pública a avença de 4.500 euros por mês que a empresa familiar de Luís Montenegro, a Spinumviva, recebia da Solverde. Montenegro tem mesmo usado esta decisão do STA para defender a sua independência. “Há 18 milhões de razões para acreditar que o primeiro-ministro não se deixa influenciar por nenhum interesse”, disse, durante o debate da moção de censura, apresentada pelo PCP, que acabaria por ser rejeitada.

A concessionária esperava ser compensada pelo impacto da crise económica de 2008, indica o jornal digital, como reposição do equilíbrio do contrato de concessão relativo a 2001. No início, a Solverde reclamava 63 milhões do Estado, um valor que o tribunal arbitral reduziu para 15,5 milhões. O Estado, em setembro de 2024, apresentou um recurso ao STA, que decidiu anular o pagamento desta compensação.

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Pedro Nuno Santos defende um “novo relatório Porter” para a economia

O líder socialista adiantou ainda que vai atualizar o programa de Governo, apresentado há um ano, e que haverá três prioridades: "Economia, saúde e habitação".

O secretário-geral do PS disse, esta segunda-feira, que uma das prioridades dos socialistas é um “novo relatório Porter”, que “identifique os setores e as áreas tecnológicas” onde Portugal já tem “competências instaladas” mas em que se deve apostar para qualificar a economia. Em entrevista à RTP, Pedro Nuno Santos adiantou que vai atualizar o programa de Governo, apresentado há um ano, e que terá três prioridades: “Economia, saúde e habitação”.

Pedro Nuno Santos vai atualizar com novas propostas o programa eleitoral apresentado na campanha eleitoral de 2024 e que conduziu a AD ao Governo. “Não vamos deitar ao lixo um programa com um ano”, frisou. Desta vez, o socialista vai dar as cartas todas para vencer as legislativas de 18 de maio marcadas na quinta-feira pelo Presidente da República, na sequência da crise política que levou à demissão do Governo PSD/CDS.

O chumbo da moção de confiança, com o voto contra do PS, conduziu à demissão do Executivo de Luís Montenegro. “Vamos fazer o melhor possível para termos uma vitória“, assinalou, destacando a economia, saúde e habitação como prioritárias. Perder as legislativas contra Montenegro está fora de questão. “Só trabalho num cenário de vitória. O PS tem fortes possibilidades de ganhar”.

Se governar o país, uma das grandes apostas passa pela economia. “Só vamos conseguir viver melhor no país, ter melhores salários, se formos capazes de transformar a economia portuguesa“, sustentou. “E aquilo que quero, desde logo no início fazer, é que consigamos ter um novo relatório Porter, que identifique os setores e as áreas tecnológicas onde já temos competências instaladas, e onde devemos apostar para transformar a economia, qualificarmos para podermos pagar melhores salários“, afirmou o líder do PS.

Qualquer investimento na área da defesa deve ser visto por Portugal e garantido pelo Governo português como tendo efeitos e consequências na economia portuguesa.

Pedro Nuno Santos

Secretário-geral do PS

Pedro Nuno Santos comprometeu-se ainda a “atingir os 2% do PIB” e a investir mais em defesa. “Para lá [dos 2% do PIB] — que tem de ser bem analisado, porque não podemos pôr em causa o estado social, a educação e a saúde em Portugal –, qualquer investimento na área da defesa deve ser visto por Portugal e garantido pelo Governo português como tendo efeitos e consequências na economia portuguesa”.

Questionado sobre as parcerias público-privadas (PPP), o secretário-geral do PS disse que, apesar de o partido não ter “nenhum dogma” em relação a este modelo, estas não são uma realidade, porque não passaram de um anúncio. “Não considero sequer que tenha sido implementada qualquer PPP; foi um anúncio panfletário de quem não conseguiu resolver problema nenhum”.

A dois meses das eleições o socialista considerou haver problemas maiores na área da saúde: “Há um grande problema que é a incapacidade que hoje o SNS [Serviço Nacional de Saúde] tem em recrutar e reter médicos”.

Pedro Nuno Santos continuou a apontar o dedo ao primeiro-ministro demissionário. “Não podemos ignorar dúvidas sobre a ética do primeiro-ministro. Em quaisquer eleições precisamos de um primeiro-ministro honesto”, assinalou. Aliás, destacou, “não há uma responsabilidade partilhada entre PS e PSD” por o país ir a eleições antecipadas.

Pedro Nuno Santos salientou ainda que se viabilizasse a moção do Governo, “continuariam a pedir esse voto de confiança em outubro”.

Durante a campanha eleitoral, o líder do PS não vai, por isso, ignorar o que trouxe até ela, ou seja, toda a polémica em torno da empresa Spinumviva, consequente chumbo da moção de censura no Parlamento e antecipação das eleições legislativas.

Nuno Pedro Santos considerou prematuro antecipar cenários no caso de vencer sem maioria absoluta. Contudo, notou, “o PSD também governou sem uma maioria de direita”.

Por fim, Pedro Nuno Santos entende que o almirante Gouveia não beneficia da crise política que o país está a viver se se candidatar à Presidência da República. “A partir do momento em que decide ser candidato a Presidente da República está a decidir ser político”, referiu acerca do almirante.

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Gouveia e Melo recusa “emprestar farda a extremos” políticos

  • Lusa
  • 17 Março 2025

O almirante na reserva Henrique Gouveia e Melo sustentou que "a força da democracia" tem origem na diversidade de vozes e que essa diversidade "não pode ter castas".

O almirante na reserva Henrique Gouveia e Melo rejeitou esta segunda-feira “emprestar a farda a extremos” e voltou a rejeitar a tese de que apenas “políticos de carreira” podem participar na política.

“Há que também ter cuidado com a ideia de que na política só políticos experientes, entre aspas, ou de carreira, podem fazer política, porque isso é a negação da própria abertura de uma sistema que deve ser aberto para incorporar não só conhecimento como ideias diversas”, defendeu o antigo chefe do Estado-Maior da Armada (CEMA).

Gouveia e Melo falava na apresentação do livro “Os Políticos São Todos Iguais! Assalto à democracia pelo culto do vídeo populismo”, do jornalista Gustavo Sampaio, que se debruça sobre a ascensão do partido Chega, liderado por André Ventura.

O militar na reserva – que até hoje nunca assumiu publicamente uma candidatura às presidenciais de janeiro de 2026 – sustentou que, se um determinado sistema se desenvolve “dentro de uma elite ou oligarquia, essa oligarquia com o tempo vai cristalizando”, levando a “uma autocracia”, e defendeu a importância de incorporar no sistema democrático “pessoas que vêm de fora”.

Gouveia e Melo sustentou que “a força da democracia” tem origem na diversidade de vozes e que essa diversidade “não pode ter castas”.

Durante a apresentação, o autor Gustavo Sampaio confessou que durante a elaboração do livro chegou a pensar se o surgimento de uma figura como Gouveia e Melo, fora do sistema político, pudesse ser a “componente de autoridade” que faltava ao projeto do partido Chega.

O antigo CEMA começou por dizer que “já não tem farda” mas garantiu, mais à frente, que não pretende “emprestar” a sua farda, no sentido figurado, nem a sua “autoridade, a nenhum extremismo”, que acusou de não ter soluções, apenas utopias.

“A certa altura do meu percurso, ainda eu usava farda, alguém propagou a ideia de que eu era autoritário e que, sendo autoritário, era necessariamente de direita e era necessariamente um populista. A minha resposta a essa acusação é que, enquanto militar, só seria autoritário quando o tempo, a urgência ou a necessidade o exigissem, porque nós somos muito hierarquizados, mas a nossa verdadeira autoridade, que foi usada, por exemplo, no processo de vacinação, é uma autoridade consentida”, argumentou.

Na ótica de Gouveia e Melo, “o verdadeiro sentido da autoridade é que as pessoas aceitem uma determinada ordem porque essa ordem, neste caso até a ordem democrática, confere capacidade ao grupo para atingir um determinado objetivo”.

Numa intervenção na qual se distanciou de várias posições assumidas pelo partido liderado por André Ventura, apesar de não o mencionar de forma direta, Gouveia e Melo salientou que os partidos tradicionais “têm que tocar nos assuntos que preocupam as pessoas”, sendo a imigração um deles.

“Esse assunto tem que ser debatido. E, se for debatido, se calhar esvaziamos as tais soluções simples e rápidas que nos são propostas pelos extremos”, defendeu, discordando que exista uma relação de causalidade entre imigração e insegurança.

À entrada da apresentação, interrogado pelos jornalistas, Gouveia e Melo recusou-se a responder a perguntas sobre presidenciais, colocando o foco nas eleições legislativas de 18 de maio: “Agora o mais importante é focarmo-nos nas legislativas, que é o que é importante para o país neste momento”.

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Tutela prevê fechar contas do contrato anterior com a Sevenair “nos próximos dias”

  • Lusa
  • 17 Março 2025

Em causa está o pagamento de cerca de 660,5 mil euros, relativo ao quarto ano da concessão anterior da rota Bragança/Vila Real/Viseu/Portimão/Cascais.

O Ministério das Infraestruturas e Habitação informou esta segunda-feira a agência Lusa que prevê nos próximos dias pagar à Sevenair 660,5 mil euros, relativos ao quarto e último ano do contrato de concessão anterior da ligação aérea regional pública Bragança-Portimão.

Segundo a tutela, fica assim saldada a dívida referente ao contrato de concessão que vigorou por quatro anos e que findou em fevereiro de 2024 mas ficam a faltar ainda pagamentos referentes aos ajustes diretos feitos entre fevereiro e setembro do ano passado.

“O pagamento relativo ao quarto ano da concessão anterior da rota Bragança/Vila Real/Viseu/Portimão/Cascais (pagamento final referente ao período de 01 de março de 2023 a 28 de fevereiro de 2024, no valor de cerca de 660,5 mil euros), será efetuado nos próximos dias”, lê-se na nota enviada à Lusa.

Para ser possível efetuar o pagamento desta despesa em 2025, foi necessária a aprovação de uma resolução do Conselho de Ministros, datada de 13 de março, para garantir a reprogramação dos encargos plurianuais decorrentes desse contrato de concessão.

“Lembramos que este executivo já regularizou junto da Sevenair o pagamento de 1,98 milhões de euros relativos ao terceiro ano da concessão anterior (pagamento final referente ao período de 01 de março de 2022 a 28 de fevereiro de 2023), o pagamento relativo ao adiantamento do ajuste direto iniciado a 29 de fevereiro de 2024, e o pagamento do adiantamento relativo ao ajuste direto iniciado a 8 de junho de 2024, este último já no âmbito de funções desta equipa governativa”, especificou o ministério.

Em relação aos ajustes diretos, ainda falta apurar totalmente as verbas que são devidas pelo Estado para finalizar o pagamento dos mesmos.

Já com este Governo, foi renovado o contrato, assinado com a companhia aérea, a 20 de dezembro de 2024, para a prestação de serviços aéreos regulares em regime de concessão na rota Bragança/Vila Real/Viseu/Portimão/Cascais, rota sujeita a obrigações de serviço público, decorrente de um concurso público internacional para a prestação de serviços por um período de quatro anos, no qual a Sevenair submeteu a única proposta.

Em outubro passado, a empresa interrompeu a ligação aérea regional, no final de um segundo ajuste direto por atraso na conclusão do concurso público internacional, justificando-se com uma dívida do Estado de cerca de 3,8 milhões de euros, mas voltou a operar em fevereiro passado, após ter recebido metade do valor devido.

No entanto, em 3 de março, o avião que fazia a ligação regional ficou retido no Aeródromo Municipal de Cascais, por uma alegada dívida relacionada com taxas de handling à empresa municipal Cascais Dinâmica.

Em causa está uma divergência acerca de uma suposta dívida de taxas de handling no valor de 107 mil euros acrescidos de IVA (ou uma dívida de 132.471,95 euros, segundo a autarquia) que a Cascais Dinâmica exige, mas que a transportadora considera “não serem devidas”.

A Sevenair, em comunicado, referiu que questionou a Autoridade Nacional da Aviação Civil (ANAC) sobre a legalidade da taxa de assistência, quando opera em “regime de autoassistência” com uma empresa por si detida, mas a entidade reguladora concluiu que a taxa “é devida por prestadores de serviço de assistência em escala ou transportadoras aéreas com licença para autoassistência em escala”.

Entretanto, a empresa responsável pela ligação aérea pública regional reconheceu que aceita pagar as taxas em dívida no Aeródromo Municipal de Cascais quando o Estado a reembolsar do que lhe deve, “para voltar à operação”.

“A Sevenair prefere esgotar os meios legais que se lhe assistem para falar no fim. Entretanto, como a velocidade da justiça não acompanha e realidade, aceitamos pagar o que nos exigem, logo que o Estado nos reembolsar o que nos deve, para voltar à operação”, afirmou a administração da transportadora num comunicado a que a Lusa teve acesso.

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