IA é uma “oportunidade que não devemos perder”, diz presidente da ACEPI

  • Lusa
  • 19 Outubro 2024

Alexandre Nilo Fonseca admite que a IA vai provocar a quebra de algum tipo de trabalho, mas "certamente também vai potenciar a existência de outro".

O presidente da Associação de Economia Digital de Portugal (ACEPI), Alexandre Nilo Fonseca, afirma, em declarações à Lusa, que a aposta na inteligência artificial (IA) é uma “oportunidade” que não se deve perder.

A IA “tem “muitos desafios que obviamente temos que ter em consideração”, desde a proteção de dados, ao impacto na educação, na saúde ou até numa forma que possa não ser correta, refere. Por outro lado, há também o “tema da utilização da inteligência artificial nos negócios” e a forma como estes aceleram a produtividade das empresas.

“Vivemos num mundo global em que os Estados Unidos não tendem a ter restrições tão grandes como a Europa tende a pôr com este ponto de vista da legislação e da regulação, a China então menos ainda“, sublinha o presidente da ACEPI, quando questionado sobre a aplicação da regulação europeia de IA (IA Act).

Não estou a dizer que não tenhamos que ter legislação“, agora “acho é que temos que ser só cuidadosos para não criar uma barreira à inovação e ao desenvolvimento da inteligência artificial na Europa e, concretamente aqui, em Portugal”, salienta.

Há “áreas que ganham muito pela possibilidade de podermos ter a inteligência artificial a seu favor: estou a pensar na área da saúde, onde podemos aumentar e acelerar o diagnóstico de áreas como o cancro, os enfartes”, prossegue, já que permite fazer a análise em grande escala de determinado tipo de exames “em que dificilmente com o olho humano se consegue detetar determinado tipo de variações”.

A máquina “consegue verificar, combinar, extrapolar e tirar partido de tudo aquilo que a inteligência artificial pode oferecer para melhorar o diagnóstico”, sublinha, defendendo que “essas áreas não devem ser travadas”.

Contudo, “temos que ter o cuidado” com aspetos como a privacidade e os dados e “também ter atenção se depois não nos colocamos num patamar em que não andamos tão depressa quanto devíamos quando dois dos nossos maiores concorrentes mundiais, que são os Estados Unidos e a China, podem atrasar a Europa”, adverte.

Agora, “a utilização da inteligência artificial do ponto de vista do trabalho deve ser incentivada e deve ser altamente promovida (…) porque o aumento da produtividade é aquilo que também vai acelerar a transformação do trabalho“, acrescenta o responsável.

Alexandre Nilo Fonseca admite que a IA vai provocar a quebra de algum tipo de trabalho, mas “certamente também vai potenciar a existência de outro”.

Por isso, é preciso “criar condições” para que os mais novos, que estão no secundário e no ensino universitário, aprendam “o que é que a inteligência artificial lhes pode oferecer e utilizá-la de uma forma que seja adequada”.

Porque tal como em outras situações, as pessoas podem utilizar a tecnologia para “praticar crime”, desde o ‘phsishing’ ao ‘ransomware’ (cibertaques). “O crime existe sempre, pessoas disponíveis a praticar crime existem sempre e as ferramentas que estão à disposição vão ser utilizadas como com a desinformação”, diz.

Agora, “o que nós não devemos é dizer que porque isso é possível, então vamos atrasar a sua implementação. Não. Temos é que (…) perceber e ter se calhar ferramentas para combater esses novos tipos de crime. Agora, isso não nos deve atrasar, até porque a Europa não está em condições neste momento de se atrasar em nada em relação aos Estados Unidos e à China”, insiste. Aliás, “já estamos muito atrasados em muitas coisas, se há uma que não podemos estar atrasados é, de facto, a inteligência artificial”, defende.

Portugal, “pela particularidade” de ter uma língua que é falada “por milhões e milhões e milhões de pessoas” – o crescimento da população em Angola, em Moçambique, em particular no Brasil “só vai potenciar o crescimento da língua portuguesa” – tem de “ter a capacidade de falar com quem produz o software e estas ferramentas para que estas sejam trabalhadas em português.

Há aqui uma série de coisas que têm que ser pensadas e têm que ser estruturadas para termos uma estratégia para a inteligência artificial que torne não só Portugal num país ganhador dentro da Europa, mas a Europa também, no fundo uma região ganhadora no mundo“, defende.

“Acho que a inteligência artificial é uma oportunidade que, de facto, não devemos perder”, remata Alexandre Nilo Fonseca.

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ECO Quiz. Trabalhadores pobres, Caso BES e ciberataque

  • Tiago Lopes
  • 19 Outubro 2024

Agora que termina mais uma semana, chegou a altura de testar o seu conhecimento. Está a par de tudo o que se passou durante a semana? Teste o seu conhecimento com o ECO Quiz.

Na semana que agora termina assinalou-se o Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza, e foram divulgados dados preocupantes junto da população empregada em Portugal. A semana também ficou marcada pelo início do julgamento do Caso BES, na terça-feira, uma década depois do fim do Grupo Espírito Santo (GES). O processo conta com 25 arguidos, 18 pessoas singulares e 7 empresas, entre eles Ricardo Salgado, acusado de 65 crimes, mas já só será julgado por 62.

O ECO publica todas as semanas um quiz que desafia a sua atenção. Tem a certeza que está a par de tudo o que se passou durante a semana? Teste o seu conhecimento com este quiz do ECO.

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“Nós não somos iguais. Viemos para mudar e estamos a mudar Portugal”

  • ECO e Lusa
  • 19 Outubro 2024

No discurso de cerca de 35 minutos, a mensagem de Montenegro centrou-se nas medidas destes primeiros seis meses de governo, nas diferenças em relação ao PS e na união que diz existir no partido. 

As pessoas estão fartas de intrigas, truques e malabarismos, a política não é dos políticos, é das pessoas e para as pessoas”, atirou Luís Montenegro, na sua intervenção da abertura do congresso do PSD. No discurso de cerca de 35 minutos, a mensagem centrou-se nas medidas destes primeiros seis meses de governos, nas diferenças em relação ao PS e na união que diz existir no partido.

Sei que é um ritmo forte, muito intenso. Sei que alguns que se dedicam mais à conversa do que à ação têm uma tendência de desvalorizar este ritmo. Mas cá estaremos para prestar contas e responder pelo prestígio da política, valor da palavra dada”, destacou, após elencar o conjunto de medidas que foram tomadas nestes cerca de 200 dias de governo.

“Chegamos aqui reforçados na unidade e coesão do partido, sem nunca perder a pluralidade, capacidade introspetiva e discussão livre de ideias”, afirmou Montenegro no início da sua intervenção, frisando que o PSD “não desperdiça valia dos quadros políticos”, mas destacando também o contributo de independentes. “Muitos continuam independentes, outros acabaram por aderir à nossa militância”. É o caso de Ana Gabriela Cabilhas e Sebastião Bugalho, anunciou, dando assim a primeira novidade do congresso.

Reconquistar liderança da Associação Nacional dos Municípios Portugueses e da Associação Nacional de Freguesias, foram os dois objetivos avançados em termos eleitorais.

As palavras do primeiro-ministro marcaram o arranque do 42º congresso do partido, que decorre este fim de semana em Braga. É o primeiro congresso, em 10 anos, com o PSD no poder. “Interessa assinalar que realizamos este Congresso 10 anos depois de sermos a força política no governo e com espírito de serviço e missão ao país“, afirmou o primeiro-ministro à chegada, momento em que também elogiou “o sentido de responsabilidade” de Pedro Nuno Santos.

Estou tranquilo, não vale a pena estar a criar esse tipo de perturbação“, disse. O líder do PS, recorde-se, afirmou este sábado que vai “entrar em nenhuma negociação” no processo de especialidade do Orçamento do Estado, nem está obrigado a aprovar tudo o que for apresentado pelo Governo ou o PSD. Eu não acredito que um partido com a história e a responsabilidade do PS anunciasse a viabilização de um Orçamento ao mesmo tempo que quisesse adulterá-lo ou descaracterizá-lo. Não acredito nisso, sinceramente”, enfatizou. “Nem sequer acho que seja edificante lançar sobre o secretário-geral do PS esse anátema de que ele vai ter uma escondida pretensão agora de aproveitar o trabalho na especialidade na Assembleia da República para contrariar o que disse que faria em nome do PS”, acrescentou Montenegro.

O Congresso social-democrata será sobretudo de balanço e de definição dos próximos desafios eleitorais. O encontro do fim de semana, na cidade bracarense, servirá para fazer um balanço do mandato da direção nacional de Montenegro e da “transformação profunda do partido” que ocorreu nos últimos dois anos. Ademais, os congressistas irão analisar os últimos resultados eleitorais – na Madeira, Açores, legislativas e europeias – e preparar o partido para um “relançamento para um novo ciclo eleitoral”, designadamente as eleições autárquicas, explicava no final da semana Hugo Soares ao ECO.

A moção de estratégia global do presidente do PSD, que será votada, traça como objetivo para o próximo mandato de dois anos vencer as autárquicas e apoiar um candidato presidencial abrangente e de preferência militante do partido.

A moção “Acreditar em Portugal” refere-se aos dois atos eleitorais previstos até 2026, estipulando como meta vencer as autárquicas de setembro/outubro de 2025: “Assumimos o objetivo de tornar a colocar o PSD na liderança da Associação Nacional de Municípios (ANMP) e da Associação Nacional de Freguesias (ANAFRE)”.

Sobre as presidenciais de janeiro de 2026, o texto recorda tratar-se de “uma eleição unipessoal, onde as candidaturas surgem da vontade individual das personalidades que se propõem a desempenhar a função de Presidente da República”.

“No caso do PSD, seguiremos a tradição de aguardar as disponibilidades eventuais de militantes do partido com apetência e qualificação pessoal e política para o cargo”, refere-se.

A moção defende que há, nos quadros do PSD, “militantes com notoriedade e conhecimento profundo e transversal do país, das políticas públicas, das instituições democráticas e cívicas, da realidade geopolítica internacional, da nossa participação na Organização das Nações Unidas, na União Europeia, na Nato, na CPLP e em todas as plataformas internacionais em que intervimos”.

“Personalidades que dão garantias de isenção e competência para cumprir as responsabilidades que a Constituição da República atribui ao mais alto magistrado da Nação”, lê-se.

Ainda assim, ressalva-se que a opção apoiada pelo PSD será “necessariamente abrangente e merecedora da confiança de eleitores de outras áreas políticas ou sem vinculo de identidade política predefinida”.

Ainda não há candidatos declarados à sucessão de Marcelo Rebelo de Sousa, mas o ex-líder do PSD e comentador televisivo Luís Marques Mendes disse no final de agosto estar “mais próximo do que nunca” de tomar uma decisão sobre esse passo. Numa entrevista recente à SIC, Montenegro admitiu que o ex-líder do PSD é um dos potenciais candidatos que “encaixa melhor” no perfil traçado, embora dizendo não ser o único.

Na sua moção, o líder do PSD e recandidato ao cargo deixa algumas críticas ao que classifica de “inação socialista” dos anteriores governos e sugere caminhos para combater os partidos extremistas. “O combate à corrupção tem de ser uma prioridade. Não podemos deixar para os extremos o monopólio deste assunto. Se os moderados não se mobilizarem contra a corrupção, é natural que as pessoas se revoltem com os moderados”, refere o texto.

Sobre imigração, o texto alerta para “impactos perversos” em alguns territórios de quando esta é “desregulada, sem controlo e planeamento” e defende uma política focada na “integração, na previsibilidade e na adequação aos valores comuns”.

Na área da segurança social, alude-se a “uma reforma do sistema de pensões”, sem mais detalhes, bem como à “simplificação das regras de acesso aos apoios sociais e à criação de um Suplemento Remunerativo Solidário”, num texto em que se reitera o compromisso de aumentar o investimento em Defesa para os 2% do PIB até 2029.

Grande parte da moção é dedicada a recordar algumas das medidas já apresentados pelo executivo PSD/CDS-PP que tomou posse a 02 de abril, em áreas como a educação ou a saúde, área que se aponta como “prioridade máxima”.

Com várias citações do poeta Luís Vaz de Camões, a moção destaca que a atual direção do PSD venceu quatro das cinco eleições que disputou nos primeiros dois anos do seu mandato (a exceção foram as europeias).

“O PSD reergueu-se como o maior partido português”, conclui o texto, salientando que estes resultados foram conseguidos com dois novos partidos (IL e Chega, que nunca são referidos).

Ainda assim Montenegro promete uma separação entre os planos partidário e governativo: “Temos plena noção de que o Governo não deve confundir-se com o partido e o partido não deve confundir-se com o Governo. Não queremos e não iremos governamentalizar o partido nem partidarizar o Governo”, assegura.

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Líder do PS recusa negociações na especialidade e diz que não está obrigado a aprovar tudo

  • Lusa
  • 19 Outubro 2024

"Estamos livres. Vamos avaliar as propostas", referiu, recusando que o anúncio do sentido de voto para a votação final global vá condicionar essa liberdade.

O líder socialista afirmou este sábado que o PS não vai “entrar em nenhuma negociação” no processo de especialidade do Orçamento do Estado, nem está obrigado a aprovar tudo o que for apresentado pelo Governo ou o PSD.

Esta posição foi transmitida por Pedro Nuno Santos numa entrevista ao jornal Público e à Rádio Renascença, depois de na quinta-feira ter anunciado que vai propor à Comissão Política Nacional que o partido se abstenha na votação do Orçamento do Estado para 2025 (OE2025), quer na generalidade quer na votação final global.

Não quero que subsista nenhuma dúvida. Nós vamos fazer a nossa avaliação. Concluiremos, muito provavelmente, que há espaço para apresentarmos algumas propostas. No momento certo serão comunicadas, mas não vamos entrar em mais nenhum processo negocial”, afirmou.

Pedro Nuno Santos referiu que o PS vai ver até onde pode ir sem colocar em causa o saldo orçamental, mas recusou adiantar propostas concretas e se podem estar em causa medidas em que o Governo esteja contra.

Questionado sobre as suas palavras de quinta-feira, quando disse que o PS parte para a especialidade “com toda a liberdade”, o secretário-geral indicou que isso significa que os socialistas não estão “obrigados a votar tudo o que o Governo ou o PSD apresentam, ou obrigados a chumbar tudo aquilo que os outros partidos apresentam, ou obrigados a não apresentar propostas“.

“Estamos livres. Vamos avaliar as propostas”, referiu, recusando que o anúncio do sentido de voto para a votação final global vá condicionar essa liberdade.

Sobre a altura do anúncio, Pedro Nuno Santos disse que não queria o país “mais um mês em suspenso” e que para o PS “era claro” que o voto para a generalidade seria o mesmo para a votação final, “com a ressalva de que não haja grandes transformações face à proposta do Governo, nomeadamente de potenciais alianças à direita para aprovar algumas coisas”.

Nesta entrevista, o líder socialista justificou que a decisão não poderia ter sido anunciada mais cedo porque estava uma negociação em curso e mostrou-se convicto de que está afastada uma crise política.

Para mim, era sempre claro que o PS não podia passar cheques em branco. E, portanto, não pode, pelo menos com a minha liderança, viabilizar um orçamento sem que haja recuo por parte do Governo em matérias importantes“, sustentou.

Pedro Nuno Santos indicou que queria anunciar a sua proposta de sentido de voto antes da Comissão Política Nacional de segunda-feira e, “por respeito para com o PSD”, que está reunido em congresso hoje no domingo, achou errado fazê-lo neste fim de semana.

Já sobre ter dito em setembro que seria “praticamente impossível” o PS viabilizar o Orçamento do Estado para 2025 (OE2025), recusou ter duas posições, justificando que “praticamente impossível não é impossível” e que a posição dos socialistas “não é errática”.

Sobre a possibilidade de o PS ser penalizado nas urnas caso o OE2025 fosse rejeitado e fossem marcadas novas eleições legislativas, o líder socialista disse não estar certo de que isso pudesse acontecer e assinalou a “última sondagem dava o PS à frente”.

Quanto à divisão entre nomes do PS sobre a posição a tomar na votação do OE2025, Pedro Nuno defendeu que o partido está unido, mas avisou que “no meio de um processo negocial é importante que todos tenhamos consciência de que as nossas declarações têm consequências e que há afirmações que, num determinado sentido, fragilizam a posição negocial do PS”.

O secretário-geral do PS disse ainda que espera que BE e PCP respeitem a decisão do PS e que quer continuar a ter “boas relações” com estes partidos, recusando uma aproximação ao PSD.

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Montenegro abre primeira reunião magna como chefe do Governo

  • Lusa
  • 19 Outubro 2024

Com a questão do Orçamento aparentemente resolvida, o debate deverá centrar-se mais na governação e nos desafios eleitorais do partido para os próximos anos

O presidente do PSD, Luís Montenegro, abre este sábado o 42.º Congresso do partido, o primeiro numa década com os sociais-democratas no Governo, o que já não acontecia desde o 35.º, em fevereiro de 2014, no Coliseu dos Recreios.

Talvez por isso, de acordo com informação do PSD, o Congresso de Braga será o mais participado da última década, contando com 903 delegados, 197 participantes, 950 observadores, 145 convidados e mais de 2.000 observadores inscritos.

Luís Montenegro foi eleito pela primeira vez líder do PSD em julho de 2022, e reeleito em setembro passado com 97,45% dos votos, tendo chegado a primeiro-ministro em abril deste ano, na sequência da demissão de António Costa e das legislativas antecipadas, em que a AD (coligação PSD/CDS-PP/PPM) venceu o PS por cerca de 50 mil votos.

O Congresso tem arranque marcado para as 10:00, com uma intervenção do presidente do PSD, dois dias depois de o PS ter anunciado que viabilizará pela abstenção o Orçamento do Estado para 2025.

Numa antecipação, o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, anunciou na quinta-feira à noite a proposta que levará à Comissão Política na segunda-feira de abstenção quer na generalidade, quer na votação final global do documento, apesar de dizer que parte para a fase da especialidade “com toda a liberdade”.

Numa primeira reação, em Bruxelas, no final do Conselho Europeu, o primeiro-ministro saudou “democraticamente” o anúncio feito pelo líder do PS, destacando o “sentido de responsabilidade” do principal partido da oposição, e disse não antever “problemas de maior” na fase da especialidade da discussão orçamental.

O Congresso seguirá com a votação de retificações estatutárias, depois de o Tribunal Constitucional ter “chumbado” a proposta de estatutos aprovada no último Congresso extraordinário do PSD em novembro, seguindo-se o período de discussão política, que deverá estender-se durante todo o dia.

Com a questão do Orçamento aparentemente resolvida, o debate deverá centrar-se mais na governação e nos desafios eleitorais do partido para os próximos anos: autárquicas no outono de 2025, que o líder já disse ter o objetivo de vencer, e presidenciais em janeiro de 2026, com passagem prevista por Braga de Luís Marques Mendes, um potencial candidato que Montenegro disse ser um dos que “encaixa melhor” no perfil que traçou para Belém.

As listas aos órgãos nacionais têm de ser entregues até às 18:00 e, na última reunião magna, seguindo uma tradição de anteriores presidentes, foi o próprio Luís Montenegro que anunciou do púlpito do Congresso as suas escolhas.

Será aí que o partido conhecerá o grau de renovação que o presidente fará, nomeadamente, na sua direção, em que dos atuais seis vice-presidentes quatro são ministros, bem como se manterá o líder do PSD-Madeira, Miguel Albuquerque (arguido num processo que envolve suspeitas de corrupção), à frente da mesa do Congresso do partido.

O primeiro dia de trabalhos deve terminar com a votação da moção de estratégia global do líder das 12 propostas temáticas, marcada para as 23:00, podendo prosseguir depois a discussão política, se ainda existirem inscritos.

Para domingo, está prevista a eleição dos órgãos Nacionais, por voto secreto, a proclamação de resultados e a sessão de encerramento, com novo discurso de Luís Montenegro, tradicionalmente mais virado para o país.

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Governo italiano insiste em centros de migrantes fora da UE

  • Lusa
  • 18 Outubro 2024

Meloni classificou a decisão dos juízes, que chumbaram envio de migrantes para a Albânia, de "preconceituosa". “O que estamos a fazer passará a ser lei europeia”, disse o ministro do Interior.

O governo italiano criticou esta sexta-feira a decisão judicial que declara ilegal a detenção na Albânia de migrantes transferidos de Itália, afirmando que vai recorrer dela e manter a prática, prevendo mesmo que seja consagrada na “lei europeia”.

“Penso que a decisão dos juízes de Roma é uma decisão preconceituosa, o que é demonstrado pelo facto de alguns desses juízes terem criticado o acordo com a Albânia mesmo antes da sua entrada em vigor”, disse a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, aos jornalistas em Beirute, onde se encontra para discutir o conflito no Médio Oriente.

Após a decisão do Tribunal, Meloni criticou os órgãos judiciais: “É muito difícil trabalhar e tentar dar respostas a esta nação, quando a oposição também faz parte das instituições que deveriam ajudar a responder aos problemas”.

“Espero que me digam como resolver este problema, como gerir a ordem pública, quem vai pagar os milhares de milhões de euros de acolhimento que teremos de dar, espero que sejam encontradas soluções, porque sou eu que tenho de encontrar as soluções e vou encontrar uma solução para este problema também”, acrescentou.

O ministro italiano do Interior, Matteo Piantedosi, afirmou que o plano cumpre a previsão da Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e de outros dirigentes da UE, de que será um modelo para outros países e que ficará consagrado na legislação da União Europeia (UE). “Não só avançaremos com os recursos legais, como também avançaremos com estas iniciativas, porque a partir de 2026 o que a Itália está a fazer na Albânia, e não só, passará a ser lei europeia”, afirmou. “O que estamos a fazer passará a ser lei europeia”, insistiu.

No final da audiência do processo em que é acusado de ter bloqueado em 2019, durante 20 dias, o desembarque de 147 imigrantes resgatados no Mediterrâneo central pela ONG espanhola Open Arms, o vice-primeiro-ministro, Matteo Salvini, atacou os “juízes que fazem política de esquerda”. Salvini criticou, sem citar expressamente, a decisão de hoje do Tribunal de Roma de ordenar a partida dos imigrantes detidos nos controversos centros de acolhimento construídos em território albanês para aliviar a pressão migratória.

“Se eu tiver de avaliar o que aconteceu agora, estamos nas mãos de juízes de esquerda, pró-imigrantes, pró-ONG, que tentam desmantelar as leis do Estado”, disse. “A alguns juízes, não a todos: se não gostam de nada do que o Governo faz, candidatem-se às eleições, se acreditam que as fronteiras de um Estado são algo que pode ser ultrapassado ou superado. Vocês não me assustam de forma alguma”, acrescentou.

A secção de imigração do tribunal de primeira instância de Roma decidiu hoje que os imigrantes que estavam retidos num centro de detenção na Albânia, depois de terem sido transferidos pelo Governo italiano, deviam ser devolvidos a Itália, uma vez que, entre outras questões, não consideraram juridicamente válido que a gestão dos seus casos esteja a ser processada a partir do território albanês.

“Os dois países de onde vêm os imigrantes, Bangladesh e Egito, não são seguros”, afirmaram os juízes, lembrando que, segundo o acordo assinado entre Roma e Tirana em 2023 para a criação na Albânia de dois centros de gestão dos processos de migrantes, a transferência das pessoas intercetadas nas costas italianas só pode acontecer se for provada a existência de três condições: que sejam homens adultos, com boa saúde e provenientes de países seguros.

Parte do grupo de 16 migrantes que desembarcou na Albânia já tinha recebido ordem de regresso à Itália, uma vez que foram detetados, já em terra, dois menores que não tinham dado corretamente a sua idade e outras duas pessoas classificadas como vulneráveis, que poderiam ser vítimas de tortura e violência nos seus países de origem.

Segundo a imprensa local, os migrantes serão devolvidos sábado ao território italiano. As forças da oposição italiana reagiram instando a primeira-ministra a pedir desculpa e a desmantelar os centros de detenção de imigrantes criados ao abrigo do controverso acordo com Tirana. “Dirijo-me ao Governo e a Giorgia Meloni (primeira-ministra): parem e recuem. Têm de desmantelar tudo e pedir desculpa aos italianos”, exigiu Elly Schlein, líder do Partido Democrático (centro-esquerda), a principal força da oposição.

Schlein reiterou que o sistema que Meloni criou na Albânia não é uma referência ou uma vanguarda na gestão dos fluxos migratórios, mas um acordo que “viola o direito internacional, europeu e nacional”. O ex-primeiro-ministro italiano e líder do partido Itália Viva, Matteo Renzi, criticou Meloni por “desperdiçar mil milhões de euros para transportar algumas dezenas de imigrantes de um lado para o outro na Albânia” e defendeu que o dinheiro gasto com esta ação deveria ser aplicado na saúde e noutros serviços públicos.

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Esta é a chave do Euromilhões. Jackpot sobe para 51 milhões de euros

  • ECO
  • 18 Outubro 2024

O jackpot desta sexta-feira ronda os 51 milhões de euros, depois de não terem sido registados vencedores do primeiro prémio no sorteio anterior.

Com um primeiro prémio no valor de 51 milhões de euros, decorreu esta sexta-feira mais um sorteio do Euromilhões. O valor do jackpot voltou a subir depois de não ter havido vencedores do primeiro prémio no sorteio anterior.

Veja a chave vencedora do sorteio desta sexta-feira, 18 de outubro:

Números: 4, 15, 23, 30 e 39

Estrelas: 1 e 12

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Gov.pt já está restabelecido depois de ciberataque à AMA

  • Lusa
  • 18 Outubro 2024

O Governo adiantou que a auditoria à assinatura com Chave Móvel Digital terminou, depois do ciberataque à AMA. E só depois da "supervisão final" será possível restabelecer esta assinatura.

O Ministério da Juventude e Modernização disse esta sexta-feira que o gov.pt já se encontra restabelecido, tendo também terminado a auditoria à assinatura com Chave Móvel Digital, depois do ciberataque à Agência para a Modernização Administrativa (AMA). Num comunicado, a tutela indicou que “além da reposição dos cerca de 400 serviços transacionais e 20 plataformas, portais e sites públicos, o gov.pt já se encontra totalmente restabelecido”.

Estes serviços foram afetados pelo ataque à AMA, no dia 10 de outubro. Segundo a mesma nota, no que diz respeito à “solução de Assinatura Digital através de Chave Móvel Digital, a reposição do serviço continua a ser feita de forma gradual, em conformidade com o protocolo de segurança”, sendo que “em alternativa, cidadãos e entidades devem recorrer à Assinatura Digital com Cartão de Cidadão ou à assinatura manuscrita”.

De acordo com a tutela, no que respeita à “assinatura com Chave Móvel Digital, terminou hoje a auditoria realizada por entidade externa, sendo que se encontra a decorrer a supervisão final por parte autoridade competente do Estado para o efeito – Gabinete Nacional de Segurança – de acordo com o quadro normativo europeu”. Quando terminadas estas operações, será “possível restabelecer a assinatura com Chave Móvel Digital”.

O Governo reiterou que “à luz do RGPD [Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados], a mera indisponibilidade de acesso à informação, é classificada como violação de dados pessoais. Contudo, a análise forense efetuada até ao momento não permitiu tirar evidências de exfiltração de dados pessoais”.

A AMA contratou a tecnológica Claranet, por ajuste direto, por cerca de 193 mil euros, para implementação de medidas urgentes de segurança, com o objetivo de “evitar novo ataque”, segundo informação do Portal Base.

Em 10 de outubro, as infraestruturas da AMA foram alvo de um ciberataque, tendo a entidade informado que se encontrava com uma disrupção na sua rede em virtude de um ataque informático (ransomware) e, por isso, esteve, preventivamente, indisponível o acesso a diversas plataformas e serviços digitais.

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MAI escolhe juiz Pedro Figueiredo para Inspeção-Geral da Administração Interna

  • Lusa
  • 18 Outubro 2024

Pedro Figueiredo já desempenhou funções como inspetor na IGAI, entre abril de 2015 e o final de 2018, quando Margarida Blasco era inspetora-geral da Administração Interna.

A ministra da Administração Interna indicou o juiz Pedro Nuno de Carvalho Figueiredo para o cargo de inspetor-geral da Administração Interna (IGAI), entidade que fiscaliza a atividade das polícias, anunciou esta sexta-feira o ministério tutelado por Margarida Blasco.

“A ministra indicou Pedro Nuno de Carvalho Figueiredo para IGAI. Aguarda-se a tramitação legal do nome proposto para a sua subsequente nomeação”, refere o Ministério da Administração Interna, numa resposta enviada à Lusa.

Pedro Figueiredo, que atualmente desempenha funções no Tribunal Central Administrativo Sul, vai substituir Anabela Cabral Ferreira, juíza-desembargadora que deixou o cargo em setembro de 2023 para ocupar o lugar de secretária-geral da Assembleia da República.

Pedro Figueiredo já desempenhou funções como inspetor na IGAI, entre abril de 2015 e o final de 2018, quando Margarida Blasco era inspetora-geral da Administração Interna.

A IGAI tem como missão assegurar as funções de auditoria, inspeção e fiscalização de todas as entidades, serviços e organismos tutelados pelo Ministério da Administração Interna, como a PSP, GNR, Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil e Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária. A notícia da escolha do juiz Pedro Figueiredo para IGAI foi avançada pelo Diário de Notícias.

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Biden, Macron, Scholz e Starmer querem “paz justa e duradoura” na Ucrânia

  • Lusa
  • 18 Outubro 2024

Os líderes dos EUA, França, Alemanha e Reino Unido comprometeram-se a "continuar a apoiar a Ucrânia nos seus esforços para garantir uma paz justa e duradoura".

Os Presidentes norte-americano, Joe Biden, e francês, Emmanuel Macron, o chanceler alemão, Olaf Scholz, e o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, afirmaram-se esta sexta-feira determinados a apoiar a Ucrânia na guerra contra a Rússia, para alcançar uma “paz justa e duradoura”.

Numa declaração conjunta emitida após uma reunião em Berlim, os líderes dos Estados Unidos, França, Alemanha e Reino Unido comprometeram-se a “continuar a apoiar a Ucrânia nos seus esforços para garantir uma paz justa e duradoura, assente no direito internacional, incluindo na Carta das Nações Unidas, bem como no respeito da soberania e da integridade territorial”.

A declaração de intenções em prol da Ucrânia e contra o seu agressor russo foi divulgada no final de um encontro na capital alemã, realizado por ocasião de uma visita-relâmpago do chefe de Estado norte-americano, Joe Biden.

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Câmara da Mealhada direcionou 22 toneladas de resíduos de aterros para agricultura

  • ECO
  • 18 Outubro 2024

O projeto CompostaMe já transformou 22 toneladas de resíduos de aterros em compostos usados para a agricultura. Esta iniciativa de economia circular tem um investimento de 67 mil euros.

O projeto CompostaMe, implementado pelo Município da Mealhada, retirou 22 toneladas de resíduos de aterro sanitário no último ano. A iniciativa tem um investimento de cerca de 67 mil euros e é financiado pelo Fundo Ambiental.

A iniciativa visa reduzir o volume de resíduos dos aterros, através do processo de compostagem. Esta transformação diminui os custos de tratamento dos resíduos e produz composto de qualidade, que pode ser utilizado para melhorar solos agrícolas e jardins, num sistema de economia circular, refere um comunicado do município da Mealhada.

Em 2023, quando o projeto foi iniciado, foram instaladas 12 ilhas de compostagem comunitária e distribuídos 200 compostores domésticos e mil baldes residenciais. “Ao longo do ano, foram retirados vários metros cúbicos de composto de alta qualidade nas ilhas de compostagem” situadas em várias localidades, refere a câmara. O projeto adquiriu recentemente mais 150 compostores e vai instalar seis novas ilhas de compostagem em diferentes locais, como Várzeas e Vimieira.

No entanto, alerta a autarquia, algumas ilhas de compostagem comunitária enfrentam baixa adesão comunitária, acabando por contaminar os resíduos com plásticos e outros materiais não biodegradáveis, o que prejudica a qualidade do composto final.

O projeto também com 15 jovens “Embaixadores da Sustentabilidade”, que têm o papel de sensibilizar a comunidade e promoverem práticas sustentáveis através de ações educativas.

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As razões de Pedro Nuno Santos (que sempre lá estiveram)

O secretário-geral do PS anunciou a viabilização do Orçamento através da abstenção, e invocou dois argumentos que, na prática, já poderiam ter sido usados há semanas.

De surpresa, Pedro Nuno Santos anuncia uma conferência de Imprensa para dizer ao país, às 20h, o que vai propor à comissão política nacional do PS sobre o Orçamento do Estado para 2025. Tinha dito, antes, que só falaria na próxima semana, e depois do congresso do PSD, mas decidiu acabar com o tabu: Entre avanços e recuos, o secretário-geral do PS parece preparar-se para confirmar um chumbo, mas acaba a revelar que vai propor a abstenção e, desta forma, a viabilização do Orçamento. Com duas razões — as legislativas foram há poucos meses e o chumbo traria novas eleições sem perspetiva de mudança do quadro político — que já eram verdade no início deste processo negocial.

Resumindo: Pedro Nuno Santos abriu esta fase negocial com a afirmação de que seria “praticamente impossível” viabilizar o Orçamento do Estado para o próximo ano, depois definiu as duas condições — linhas vermelhas — para aceitar ir para uma abstenção. Mais tarde, clarificou que as linhas vermelhas, a redução de IRC e o novo IRS Jovem, não passariam, mesmo que moduladas, e perante a “proposta irrecusável” do Governo, tentou sacudir a pressão e admitia que seria necessário analisar todo o orçamento para uma decisão. Finalmente, perante a crescente pressão interna da ala moderada, mandou calar os “camaradas” com espaço mediático e que eram favoráveis à abstenção. No final, já sem outra saída senão a abstenção, antecipou uma declaração ao país para não a fazer depois de um congresso do PSD que, previsivelmente, aumentaria muito a pressão política e mediática. E invocou duas razões:

  1. Passaram apenas sete meses sobre as últimas eleições legislativas;
  2. Um eventual chumbo do Orçamento poderia conduzir o país e os portugueses para as terceiras eleições legislativas, em menos de três anos, sem que se perspetive que delas resultasse uma maioria estável.

Como o ECO antecipou aqui, Pedro Nuno Santos já tinha decidido uma estratégia a seguir: Demonstraria a sua oposição frontal a um orçamento, mas defenderia a abstenção para mostrar responsabilidade política. Foi exatamente isso que sucedeu na comunicação ao país. Quem ouvisse apenas a primeira parte da conferência, poderia até arriscar que o PS votaria contra, tais as afirmações: É “contra a ideia de um bloco central, formal ou informal, a não ser em situações-limite” e “para preservar a qualidade da nossa vida democrática não devemos ter os dois principais partidos comprometidos com a mesma governação“. Mas depois citou o caso da eleição de José Pedro Aguiar Branco para constatar que tem de ser o PS a garantir a estabilidade política do país.

Qual é o problema, perguntam socialistas que defendiam a abstenção? As duas condições já eram conhecidas, como sintetizou o ex-ministro João Galamba. “Não faz grande sentido passar este tempo todo a falar de linhas vermelhas, com uma dramatização que depois se torna inconsequente porque as razões invocadas hoje [sexta-feira] para a decisão de viabilização do orçamento poderiam ter sido tomadas há dois meses“, disse Galamba no seu comentário semanal na CNN.

O Partido Socialista, que lidero, é um partido responsável, consistente e que nunca falhará a Portugal e aos portugueses”, defendeu Pedro Nuno Santos. E Montenegro agradeceu.

 

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