Ryanair diz que TAP será mais pequena no futuro caso seja adquirida pela Lufthansa

  • Lusa
  • 6 Setembro 2024

CEO da Ryanair, Eddie Wilson, explicou que prefere acrescentar 50 aviões Boeing à frota da Ryanair em vez de comprar uma companhia aérea com 50 aviões.

O CEO da Ryanair, Eddie Wilson, defendeu na quinta-feira que “cada companhia aérea que a Lufthansa compra será mais pequena daqui a alguns anos“, prevendo que o mesmo aconteça com a TAP, caso seja adquirida pelo grupo alemão.

Uma das coisas em que os alemães são realmente bons é “extrair o preço máximo às pessoas”, por isso compraram a Brussels Airlines, a Austrian Airlines e a Swiss e nunca expandiram, frisou Wilson na quinta-feira, em declarações à agência Efe.

Para o líder da Ryanair, a empresa portuguesa tem um bom mercado na América do Sul, especialmente no Brasil, e “a Lufthansa pode reter um pouco disso”.

“Seriam estúpidos se não o fizessem, mas a empresa não vai crescer e será mais pequena”, alertou.

Sobre o futuro da companhia italiana ITA Airways depois da sua integração no grupo alemão, Eddie Wilson considerou que inicialmente irão estabelecer mais rotas para Milão e Roma e depois colocá-las novamente nos hubs da Lufthansa em Frankfurt e Munique.

É “um manual de negócios muito simples”: comprar a companhia aérea por metade de nada, restringir a capacidade, aumentar os preços, não competir em viagens curtas e operar todo o tráfego de longa distância através da Alemanha.

“Por isso, infelizmente, os italianos vão comer mais salsichas em Munique e Frankfurt”, ironizou.

Por outro lado, para Wilson, o International Airlines Group (IAG) tem feito “um bom trabalho”, pois quando comprou a Aer Lingus na Irlanda, fez dela um sucesso, embora a tenha feito crescer mais como companhia aérea de longo curso do que de curta distância.

Tal como aconteceu com a British Airways, que se tornou uma transportadora de longo curso, pelo que é um grupo “focado no crescimento”, frisou.

A IAG detém várias companhias aéreas, incluindo a Ibéria a Vueling, e é o terceiro maior operador em Espanha.

Além da Lufthansa, também a IAG e a AirFrance-KLM estão interessadas na privatização da companhia aérea portuguesa.

Quanto à possibilidade de a Ryanair vir a realizar alguma operação corporativa no futuro, o CEO da companhia aérea irlandesa de baixo custo recusou descartar esse cenário.

Wilson explicou, no entanto, que prefere acrescentar 50 aviões Boeing à frota da Ryanair em vez de comprar uma companhia aérea com 50 aviões.

A minha preferência é o crescimento orgânico, mas se há oportunidades é preciso olhar sempre para elas”, acrescentou.

A Ryanair considera que a consolidação do setor é boa e apoia-a porque ter menos companhias aéreas “é mais estável e é melhor para os consumidores a longo prazo”, garantiu.

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Instituto Coordenadas apela a “políticas equilibradas” e rejeita “a demonização” das Casas de Turismo

  • Servimedia
  • 6 Setembro 2024

Através do seu vice-presidente executivo, Jesús Sánchez Lambás, exortou as autoridades a adotarem “políticas prudentes e a evitarem a demonização” dos Alojamentos de de Utilização Turística (AUV).

Na sua opinião, os TUV não devem ser vistos “como um problema” para o setor do turismo, mas como “uma parte crucial de um modelo mais inclusivo e sustentável que beneficia tanto a economia local como os cidadãos”. Num contexto em que o turismo é essencial para a economia espanhola, o Instituto Coordenadas apela a “um debate maduro e baseado em dados”.

De acordo com um relatório recente da EY, em Espanha serão construídos mais de 800 novos hotéis nos próximos dois anos, estando a maior parte desta expansão concentrada nas zonas urbanas e turísticas. “Isto mostra que o problema não é a saturação turística ‘per se’, mas a falta de um modelo equilibrado que considere tanto os hotéis como os VUTs”, disse Sánchez Lambás.

Os VUT representam apenas 1,4% do total de propriedades em Espanha, segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), e acolhem cerca de dois em cada dez turistas, enquanto os hotéis são responsáveis por mais de 80% da procura turística.

Apesar destes números, os VUT têm sido alvo de “críticas pouco fiáveis”, nomeadamente por parte de associações como a Exceltur, que os responsabilizam pela escalada dos preços no mercado de arrendamento. No entanto, Sánchez Lambás contesta estas acusações, sublinhando que “não são apoiadas por dados econométricos” e que “a verdadeira concorrência no mercado do alojamento vem da expansão hoteleira e não dos VUT”.

Além disso, num artigo de opinião publicado no “El Economista”, sublinhou que os VUT trazem “benefícios significativos” para o turismo e para o PIB, diversificando a oferta e distribuindo os rendimentos por múltiplas zonas e comunidades em Espanha, longe das habituais concentrações urbanas.

“Os VUT permitem que mais cidadãos beneficiem do turismo, especialmente em zonas rurais ou menos frequentadas, onde os grandes hotéis não costumam estar presentes”, afirmou Sánchez Lambás.

O responsável salientou ainda que muitas destas propriedades são geridas por proprietários locais, o que garante que uma maior parte das receitas geradas permanece nas comunidades locais, apoiando o comércio e a economia locais. “A regulamentação dos VUTs deve ser justa e clara, permitindo-lhes coexistir com os hotéis para fortalecer o tecido económico e social do país”, afirmou.

O Instituto Coordenadas defende a complementaridade das políticas de turismo e rejeita regulamentações inadequadas que possam prejudicar tanto os Alojamentos de Utilização Turística (ATV) como o setor hoteleiro.

Segundo Sánchez Lambás, “a restrição dos TUV não reduzirá o número de visitantes nem resolverá os problemas do turismo de massas, mas poderá ter um impacto negativo em milhares de postos de trabalho e no desenvolvimento de atividades culturais e de natureza”.

Por conseguinte, o Instituto apela às autoridades para que adotem uma abordagem baseada em dados, no diálogo e em decisões informadas, com o objetivo de repensar o modelo turístico espanhol de uma forma inclusiva e sustentável. “Os problemas associados ao turismo, que existem, não são os TUV, nem a concorrência, nem os modelos de negócio alternativos. Matar o progresso não costuma ser a melhor ideia”, concluiu.

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Trofa Saúde e Sanfil Medicina à frente na corrida ao Hospital da Cruz Vermelha

Trofa Saúde e Sanfil Medicina estão na "pole position" para ficarem com o Hospital da Cruz Vermelha. Parpública injeta um milhão por mês para apoiar atividade.

Os grupos Trofa Saúde e Sanfil Medicina estão em vantagem na corrida pelo problemático Hospital da Cruz Vermelha, detido pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (55%) e pela Parpública (45%), de acordo com as informações recolhidas pelo ECO junto de duas fontes próximas do processo.

Por outro lado, a proposta do grupo Lusíadas – o outro candidato que também apresentou uma oferta vinculativa pelo hospital – está longe de convencer os responsáveis da Parpública, que, apesar de ser acionista minoritário, é quem está a conduzir a operação de venda com a ajuda do assessor financeiro CaixaBI. A Parpública e Lusíadas não quiseram comentar, enquanto não foi possível obter uma resposta da parte da Trofa Saúde e da Sanfil.

A Trofa Saúde é um dos maiores grupos de hospitais do país, operando uma rede de 17 hospitais, sobretudo na região Norte, embora conte com duas unidades na região de Lisboa (Loures e Amadora).

Já a Sanfil Medicina concentra a sua atividade na região Centro: dispõe de três hospitais e seis clínicas localizados em Coimbra, Leiria, Alcobaça, Cantanhede, Lousã e Pombal.

Prejuízos de 25 milhões em 5 anos

A venda do Hospital da Cruz Vermelha dá-se num quadro financeiro desafiante não só para o próprio hospital, mas também para o seu maior acionista, a Santa Casa.

Desde 2019 o hospital acumula prejuízos superiores a 26 milhões de euros e a atividade corrente tem sido assegurada graças ao apoio financeiro dos seus acionistas. Aportes que foram fundamentais para recuperar o negócio no ano passado: cresceu 30% para voltar a superar os 30 milhões, atingindo níveis pré-pandemia.

O relatório e contas da Parpública – divulgado na passada sexta-feira – mostra que em 2023 foi preciso injetar 11,2 milhões de euros no hospital, dos quais 5,03 milhões foram injetados pela holding que gere as participações do Estado e outros 6,14 milhões pela Santa Casa.

Uma fonte consultada pelo ECO revelou que, em face das dificuldades que a própria Santa Casa atravessa, foi entretanto assinado um acordo para a Parpública adiantar os fundos que deveriam ser aportados pela Santa Casa, que devolverá com juros a partir de janeiro do próximo ano. Outra fonte adiantou que a Parpública está a colocar um milhão de euros por mês de apoio à tesouraria.

Recuperação do negócio não trava perdas

Fonte: Hospital da Cruz Vermelha

Expectativa com nova gestão

O processo do Hospital da Cruz Vermelha tem sido atribulado. Em 2020, quando a Santa Casa comprou a participação de 55% que a Cruz Vermelha detinha na Sociedade Gestora do Hospital da Cruz Vermelha, ficou acordado que numa segunda fase compraria a posição de 45% detida Parpública. Essa operação nunca chegou a avançar.

O processo de venda foi novamente lançado no ano passado com a contratação do CaixaBI para levar a cabo a operação até setembro deste ano.

Embora o processo se encontre numa fase adiantada, aguarda-se com expectativa pelas instruções da nova liderança da Parpública. Joaquim Cadete acabou de ser eleito presidente da holding que administra as participações públicas em quase duas dezenas de empresas (Hospital da Cruz Vermelha incluída), depois do afastamento de José Realinho de Matos pelo Governo.

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Oito hospitais espanhóis reduzirão as emissões de CO2 em mais de 24 000 toneladas durante a próxima década

  • Servimedia
  • 6 Setembro 2024

A Serveo instalou 8.350 módulos fotovoltaicos em vários hospitais espanhóis que evitarão a emissão de mais de 24.000 toneladas de CO2 para a atmosfera durante a próxima década.

Segundo um comunicado divulgado na quinta-feira, esta iniciativa é fundamental para a sustentabilidade e a eficiência energética dos hospitais, uma vez que permitirá aos centros de saúde produzir 14% da eletricidade que consomem.

A empresa instalou os módulos nos telhados do Hospital Universitario General de Cataluña, Hospital Fundación Alcorcón, Hospital Universitario Río Hortega, Hospital Lucus Augusti, Hospital Público da Mariña, Hospital General Universitario Los Arcos del Mar Menor, Hospital Rafael Méndez e Hospital Psiquiátrico Román Alberca.

A instalação fotovoltaica destes centros, que ocupa cerca de 35.000 metros quadrados sobre as áreas de hospitalização, tem uma potência total instalada de cerca de 4.600 kWp gerados a partir de energia solar, o que representa cerca de 7.538.948 kWh por ano.

Este valor representa quase 14% da eletricidade consumida anualmente pelas instalações hospitalares, mais de 54 milhões de kWh por ano. Os próprios centros de saúde sublinharam que os hospitais, devido à sua dimensão e atividade, com funcionamento 24 horas por dia, ar condicionado e equipamentos tecnológicos de elevado consumo energético, são semelhantes a instalações industriais.

A Serveo será responsável pela manutenção e gestão, bem como pela cobertura do investimento destes contratos. O diretor sénior de Engenharia e Energia, José María Muñoz Povedano, sublinhou que “este projeto reafirma o nosso compromisso com a sustentabilidade e a eficiência energética, ampliando o nosso portfólio no setor solar fotovoltaico”.

A empresa afirmou ser “líder em serviços transversais, eficientes e sustentáveis que impulsionam o crescimento e o desenvolvimento dos seus clientes e da sociedade”, especialmente nos setores da saúde, administração pública, infra-estruturas, indústria e empresas. Com mais de 47.000 empregados, tem uma presença a nível nacional, o que lhe permite gerir projetos complexos e de grande impacto.

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O dia em direto nos mercados e na economia – 6 de setembro

  • ECO
  • 6 Setembro 2024

Ao longo desta sexta-feira, 6 de setembro, o ECO traz-lhe as principais notícias com impacto nos mercados e nas economias. Acompanhe aqui em direto.

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Recrutamento, salários, formação e até fertilidade. Podcast “Trinta e oito vírgula quatro” está de volta

  • ECO
  • 6 Setembro 2024

Portugueses trabalham, em média, 38,4 anos. Mas, afinal, se empenhamos tanto do nosso tempo a trabalhar, como podemos fazê-lo melhor? O podcast que responde a essa pergunta regressa a 10 de setembro.

O podcast Trinta e oito vírgula quatro está de volta e, nesta segunda temporada, trará entrevistas quinzenais sobre temas tão quentes como os salários, os recrutamento, a educação e até a fertilidade.

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O primeiro episódio será publicado a 10 de setembro, e contará com a participará de Carolina Afonso, CEO do Gato Preto e considerada uma das mulheres mais poderosas do país, e Ana Sabino, professora do ISPA.

O “Trinta e oito vírgula quatro” é um podcast de entrevistas quinzenais sobre as tendências que estão a fazer mexer o mercado de trabalho.

Estamos a viver mais, mas, à boleia, também estamos a trabalhar durante mais tempo. Numa década, a duração média estimada da vida de trabalho dos portugueses cresceu dois anos para 38,4. É esse o valor que dá título a este podcast.

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Instituto Coordenadas analisa os desafios e os progressos do alargamento da UE: a Geórgia, a Ucrânia e a Moldávia em perspetiva

  • Servimedia
  • 6 Setembro 2024

O Instituto Coordenadas de Governação e Economia Aplicada realizou um estudo para analisar os progressos que os diferentes países candidatos estão a fazer para a integração na União Europeia.

A Geórgia registou progressos significativos na luta contra a corrupção, na reforma do sistema judicial e na melhoria do clima empresarial. A Ucrânia enfrenta desafios em matéria de governação democrática e a Moldávia teve de lidar com “a influência desestabilizadora da região separatista da Transnístria e a corrupção enraizada”.

A sua análise das questões geopolíticas internacionais refere que a nova legislatura europeia, lançada após as eleições de junho de 2024 e a reeleição de Ursula von der Leyen como Presidente da Comissão Europeia, enfrenta uma série de desafios, um dos mais proeminentes dos quais é o alargamento da UE a Leste.

Esta expansão adquiriu relevância estratégica num cenário geopolítico cada vez mais complexo, particularmente na Europa Oriental e no Cáucaso. De acordo com o estudo, o alargamento da UE “é entendido não só como um esforço para integrar novos Estados-Membros, mas também como um instrumento fundamental para reforçar a segurança e consolidar os valores democráticos numa região onde a influência da Rússia continua a ser considerável”.

Neste contexto, a UE concedeu o estatuto de país candidato a nações importantes como a Ucrânia, a Moldávia e a Geórgia, reconhecendo os seus esforços para se alinharem pelas normas e valores europeus. A Ucrânia e a Moldávia receberam este estatuto em junho de 2022, seguidas pela Geórgia em dezembro de 2023.

No entanto, embora as negociações formais de adesão já tenham começado com a Ucrânia e a Moldávia, é de salientar que a Geórgia, apesar de ter registado progressos significativos na implementação de reformas fundamentais, ainda não iniciou este processo.

LUTA CONTRA A CORRUPÇÃO

A Geórgia registou progressos significativos na luta contra a corrupção, na reforma do sistema judicial e na melhoria do clima empresarial. No entanto, para o Instituto Coordenadas, “o atraso nas negociações de adesão aumenta o risco de interferência externa, que pode desestabilizar o Cáucaso e constituir uma ameaça para a segurança da UE”. “É essencial que a UE atue rapidamente para mitigar estes riscos, apoiando o empenho da Geórgia nos valores e reformas europeus”, recomenda.

Comparando os progressos em matéria de transparência e de luta contra a corrupção entre os países candidatos à UE, a Geórgia destaca-se da Ucrânia e da Moldávia. A conclusão é que “embora a Ucrânia e a Moldávia tenham implementado algumas medidas neste domínio, os seus esforços foram prejudicados por contextos políticos internos mais voláteis”.

A Ucrânia, envolvida num conflito com a Rússia, enfrenta desafios em matéria de governação democrática, dado o adiamento das eleições que deveriam ter sido realizadas em março de 2024, e tem dificuldade em avançar para reformas sustentáveis. A Moldávia teve de lidar com “a influência desestabilizadora da região separatista da Transnístria e a corrupção enraizada”.

Em contrapartida, a Geórgia adotou “uma abordagem mais coerente e sistemática na sua luta contra a corrupção”. A criação da Agência Anti-Corrupção e a implementação de um sistema de contratação pública eletrónica foram passos decisivos que reduziram as oportunidades de corrupção na administração pública.

De acordo com o Índice de Perceção da Corrupção 2023 da Transparência Internacional, a Geórgia ocupa o 49.º lugar, à frente da Moldávia (76.º) e da Ucrânia (104.º). Este resultado reflete a eficácia das políticas promovidas pelo governo do “Sonho Georgiano”, melhorando a confiança do público nas instituições e reforçando o Estado de direito no país. As iniciativas da Geórgia foram elogiadas a nível internacional, nomeadamente pela Comissão de Veneza, que reconheceu os esforços do país para consolidar a sua democracia.

CLIMA EMPRESARIAL E REFORMAS ECONÓMICAS

A Geórgia também fez progressos na criação de um clima favorável às empresas e na implementação de reformas económicas eficazes. Enquanto a Ucrânia e a Moldávia enfrentaram maiores dificuldades devido à guerra e à instabilidade política, a Geórgia simplificou os procedimentos para a criação de empresas, reduziu a burocracia e melhorou a proteção dos direitos de propriedade. Estes desenvolvimentos permitiram à Geórgia atrair investimento direto estrangeiro e promover um crescimento económico sustentado.

De acordo com o Índice de Liberdade Económica 2023 da Heritage Foundation, a Geórgia ocupa o 35.º lugar a nível mundial, um desempenho notável em comparação com a Moldávia (96.º) e a Ucrânia (104.º). Este ambiente económico favorável não só beneficiou a economia georgiana, como também estabeleceu a Geórgia como um líder regional em matéria de reformas económicas. Enquanto a Ucrânia e a Moldávia lutam para manter um ambiente empresarial estável, as reformas da Geórgia reforçaram a sua posição no processo de adesão à UE.

SISTEMA JUDICIAL E ESTADO DE DIREITO

No domínio do sistema judiciário, a Geórgia registou progressos significativos em comparação com a Ucrânia e a Moldávia. Embora estes países tenham tido dificuldades em aplicar reformas judiciais eficazes, a Geórgia melhorou a independência e a eficácia do seu sistema judicial.

De acordo com o Índice do Estado de Direito 2023, a Geórgia ocupa o 48.º lugar, à frente da Moldávia (68.º) e da Ucrânia (89.º). As reformas judiciais na Geórgia incluíram a criação de tribunais especializados, a formação contínua dos juízes e a adoção de tecnologias modernas nos processos judiciais.

Estas mudanças aumentaram a confiança do público no sistema judicial, um facto reconhecido e elogiado pela Comissão Europeia e por outras organizações internacionais. Em contrapartida, na Ucrânia, a guerra dificultou os esforços de reforma do Estado de direito e do sistema judicial, e a Moldávia continua a enfrentar problemas significativos devido à corrupção e à influência dos oligarcas.

TRANSPARÊNCIA ORÇAMENTAL E GOVERNAÇÃO

Por último, em termos de transparência orçamental e de governação, a Geórgia está classificada como “excelente”. Embora a Ucrânia e a Moldávia tenham feito progressos na melhoria da transparência orçamental, continuam a enfrentar desafios consideráveis na aplicação de sistemas de governação eficazes e transparentes. Neste contexto, a Geórgia provou ser um líder, ocupando o primeiro lugar no Índice do Orçamento Aberto 2023 a nível mundial. “Esta conquista sublinha o seu compromisso com a transparência e a responsabilização orçamentais e reforça a sua legitimidade como um sério candidato à adesão à UE”, afirma o Instituto Coordenadas.

CONCLUSÕES

O processo de alargamento da UE a Leste é “uma prioridade estratégica no atual contexto geopolítico, especialmente face aos desafios colocados pela influência da Rússia na região”. A análise comparativa dos progressos realizados pelos países candidatos revela que a Geórgia realizou progressos importantes numa série de domínios fundamentais, nomeadamente na execução de reformas que alinham o país com as normas e os valores europeus.

Em especial, o Governo da Geórgia demonstrou “um forte empenhamento na luta contra a corrupção, na melhoria do clima empresarial e no reforço do Estado de direito”. Estas iniciativas foram reconhecidas e elogiadas internacionalmente, incluindo o reconhecimento pela Comissão de Veneza e classificações elevadas em indicadores como o Índice de Perceção da Corrupção e o Índice de Liberdade Económica.

Embora a Geórgia tenha registado progressos significativos, a Ucrânia e a Moldávia também continuam a trabalhar nas respetivas reformas, enfrentando contextos e desafios únicos que exigem atenção. O Instituto Coordenas sublinha, no entanto, que “o atraso no início das negociações de adesão com a Geórgia pode pôr em causa estes progressos e abrir a porta a interferências externas que desestabilizam o Cáucaso e ameaçam a segurança europeia”.

Por conseguinte, é “essencial” que a UE reconheça o empenhamento e as realizações da Geórgia, dando início às conversações de adesão “sem demora”. Este passo não só reforçará as relações da UE com a Geórgia, como também enviará “uma mensagem clara de apoio aos valores democráticos e às reformas em toda a região”. “Reforçar a via da Geórgia para a adesão é um investimento na segurança, estabilidade e prosperidade da Europa”, conclui o estudo.

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Comissão de Inquérito “destapou” fundos Airbus. IGF confirmou que TAP financiou compra da TAP

O acordo com a Airbus para a capitalização da TAP foi conhecido na CPI realizada no ano passado. A auditoria às contas da companhia aérea estabeleceu, agora, a relação com o processo de privatização.

O Governo e PSD apressaram-se a desvalorizar as conclusões da auditoria da Inspeção-Geral das Finanças (IGF) às contas da TAP. Luís Montenegro, no dia a seguir a ser conhecida a auditoria, disse que “não traz nenhuma novidade face a outros relatórios”. E António Leitão Amaro, no final do Conselho de Ministros desta quinta-feira, repetiu que os “factos são os mesmos” que foram apreciados na Comissão de Inquérito Parlamentar (CPI) à TAP no ano passado.

Os dois documentos têm quase um ano de diferença temporal e tocam-se na privatização da TAP em 2015, com o relatório da CPI a destapar os fundos Airbus e a auditoria da IGF a detalhar toda a operação de venda, concluída por Maria Luís Albuquerque – nomeada agora para comissária europeia – e Miguel Pinto Luz, atual ministro das Infraestruturas, que novamente tem nas mãos a privatização da companhia aérea.

No relatório preliminar da CPI à TAP surgiram os chamados “Fundos Airbus” associados à capitalização da TAP pela Atlantic Gateway, de David Neeleman e Humberto Pedrosa. A partilha por parte da Parpública de informação sigilosa com o fabricante de aviões destapou a participação da própria companhia na privatização da TAP. A auditoria da Inspeção-Geral de Finanças (IGF), divulgada esta semana, tirou as dúvidas: a compra da TAP ao Estado em 2015 foi feita através de um processo no qual a própria companhia aérea deu a garantia ao empréstimo que permitiu a transação, diz o relatório.

O consórcio Atlantic Gateway apresentou uma proposta vinculativa à Parpública para comprar uma posição maioritária na privatização da TAP a 15 de maio de 2015, com a Atlantic Gateway a sair vencedora da corrida à compra da empresa aérea portuguesa.

Conforme refere o relatório preliminar da CPI à TAP, a 24 de junho, a Atlantic Gateway remete uma carta à Parpública onde explica os mecanismos da capitalização, condição essencial da privatização, garantindo que ela seria feita com capitais próprios das empresas de David Neeleman (DGN) e do empresário Humberto Pedrosa (HPGB), proprietário do grupo Barraqueiro. No mesmo dia é assinado o Acordo de Venda Direta (VDR) e o Acordo de Compromissos Estratégicos entre a Atlantic Gateway e o Estado, selando o caminho para a venda da TAP ao consórcio.

Entretanto, a 16 de junho, já David Neeleman (DGN) tinha assinado um memorando de entendimento com a Airbus, que contemplava não só a desistência dos A350 como uma encomenda de 53 novas aeronaves da família A320 e A330. No entanto, só em setembro é que a Airbus tem conhecimento deste acordo, após uma carta enviada a 19 de agosto de 2015 pela Atlantic Gateway à Parpública, em que a holding pede para partilhar o Acordo de Venda Direta, um documento sigiloso, com a Airbus. A Parpública responde a 6 de setembro, pedindo à Atlantic Gateway que esclareça os motivos do pedido: “Apreciaríamos bastante que pudessem detalhar as razões particulares porque a Airbus precisa de aceder ao Acordo de Venda Direta”.

A 15 de setembro, a Airbus explica a disponibilização dos fundos, que “são apresentados como ”upfront cash credit”, nota o relatório, sem fazer referências à capitalização da TAP. Contudo, conforme revelou o relatório da CPI, a “Parpública secundou a opinião dos consultores externos que manifestavam reservas sobre a mesma, entendendo que poderia configurar uma forma de assistência financeira, nos termos do artigo 322.º do CSC” [o mesmo que a IGF refere agora que aparenta ter sido contornado com este esquema de financiamento]. Foi um parecer da Vieira de Almeida que validou a forma de capitalização com recurso aos Fundos Airbus.

Mas os deputados não ficaram convencidos e, na versão final do relatório da CPI à TAP, é referido que “a comissão encontrou fortes indícios, na documentação enviada pela TAP SA e TAP SGPS, de que um conjunto de pagamentos de despesas da DGN [empresa de Neeleman] com a compra da TAP foram pagas pela própria TAP”, pedindo a auditoria agora finalizada pela IGF.

“O conjunto de documentação enviada evidencia múltiplas despesas realizadas antes do dia 12 de novembro de 2015 [data em que se efetivou a privatização]. Estes pagamentos situam-se em valores superiores ao valor de 10 milhões de euros pagos pela Atlantic Gateway pela compra da TAP em 2015“, apontava o mesmo documento, divulgado em julho de 2023.

Auditoria aponta indícios de crime

A auditoria conduzida pela IGF às contas da TAP, pedida em 2023 pelo antigo ministro das Finanças, Fernando Medina, na sequência da CPI, apontou agora suspeitas de crime em várias operações realizadas pela companhia aérea portuguesa, nomeadamente no processo de privatização, que terá sido financiado com um empréstimo de 226 milhões de dólares com garantia dada pela própria empresa.

A auditoria conclui que a compra de 61% da companhia aérea ao Estado, em 2015, por um consórcio (Atlantic Gateway) liderado por David Neeleman foi financiada com um empréstimo de 226 milhões de dólares concedidos pela Airbus, numa operação vinculada à compra 53 aviões à Airbus pela TAP. Caso a operadora aérea não finalizasse a aquisição teria que reembolsar os 226 milhões, o que significa que a empresa foi comprada com garantia dada pela própria TAP.

A IGF realça que a “Atlantic Gateway adquiriu 61% do capital da TAP, comprometendo-se a proceder à sua capitalização através de prestações suplementares de capital, das quais 226,75 milhões de dólares foram efetuadas através da sócia DGN com fundos obtidos da Airbus, com base no denominado Framework Agreement, celebrado entre as empresas Atlantic Gateway, a DGN e Airbus, em junho de 2015”, notando uma “relação de causalidade entre a aquisição das ações e a capitalização da TAP, SGPS pela Atlantic Gateway, e os contratos celebrados entre a TAP, SA e a Airbus“.

“Tendo em conta a atividade da Airbus e a sua vertente eminentemente comercial, a disponibilização desse montante parece sugerir que terá sido a contrapartida pela celebração do acordo de renovação da frota, mediante a substituição da encomenda dos aviões Airbus A350 pelos A330, bem como a compra de novos aviões A320neo e A330neo, cujas penalidades pela falta de cumprimento da TAP, SA perfazem exatamente o valor das prestações suplementares de capital assumidas pela Atlantic Gateway, mas que indiretamente terão sido financiadas pelos fundos Airbus (226,75 milhões de dólares)”, reforça o documento.

Esta operação terá contornado o código das sociedades comerciais, que impede uma empresa de conceder empréstimos ou fundos a um terceiro para que este compre ações da empresa.

Esta operação complexa afigura-se suscetível de contornar a proibição imposta pelo n.º 1 do artigo 322.º do Código das Sociedades Comerciais (CSC), o qual impede que uma sociedade conceda empréstimos ou forneça fundos a um terceiro para que este adquira ações do seu próprio capital, cuja penalidade consiste na nulidade dos contratos ou atos unilaterais que lhe estão subjacentes”, refere o relatório.

As suspeitas de crime levantadas pela IGF levaram o Governo a enviar o relatório para a Procuradoria-Geral da República (PGR), que entretanto enviou o documento para o Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP). E esclarece que essa mesma auditoria foi adicionada ao processo que decorre desde fevereiro de 2023, no DCIAP.

Neeleman e Pedrosa defendem-se

Questionado sobre as conclusões do relatório da Inspeção-Geral de Finanças (IGF) às contas da TAP, David Neeleman remeteu quaisquer explicações para as respostas que enviou por escrito à CPI no ano passado, onde garantia que os “qualificados ‘fundos Airbus’ foram integralmente utilizados na capitalização da TAP” e permitiram a sobrevivência da companhia.

“As necessidades de capitalização eram de tal forma urgentes e indisputáveis, que logo em 2015 e 2016 esses fundos foram utilizados e consumidos pela TAP no pagamento de salários e nas suas necessidades imediatas de tesouraria. Tais fundos, em conjunto com as outras prestações acessórias e o empréstimo da Azul, salvaram a TAP de uma insolvência imediata”, adiantou.

“Até posso entender que no contexto de um processo de reestruturação da TAP, como o que está a decorrer, pretendam renegociar com a Airbus os preços então acordados, mas não posso aceitar que o façam à custa da minha honra e reputação”, escreve também David Neeleman. “Não fiz um mau negócio para a TAP, não prejudiquei a empresa e jamais – como já ouvi dizer e escrever – ‘recebi luvas’ ou comissões pelo negócio com a Airbus. Tal suspeita é insultuosa e inaceitável.”

Já Humberto Pedrosa disse em comunicado que é “falso e leviano dizer que a TAP foi adquirida, no âmbito da privatização, por fundos da própria companhia”.

Pedrosa escreve que a Atlantic Gateway adquiriu a sua participação na TAP por 10 milhões de euros com fundos próprios dos acionistas e que o dinheiro proveniente da Airbus serviu apenas para capitalizar a empresa. E realça que quando entrou como acionista da Atlantic Gateway, “o acordo com a Airbus já estava negociado por David Neeleman”.

Cabe agora ao Ministério Público continuar a analisar os meandros desta operação que financiou a capitalização da TAP e todo o processo de venda da TAP em 2015 pelo segundo Governo de Pedro Passos Coelho.

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5 coisas que vão marcar o dia

  • ECO
  • 6 Setembro 2024

O dia fica marcado pela divulgação de indicadores na Europa e nos Estados Unidos, determinantes para o desenho da política monetária do BCE e da Reserva Federal.

O dia fica marcado pela divulgação de indicadores na Europa e nos Estados Unidos que são determinantes para o desenho da política monetária do BCE e da Reserva Federal. Ainda nos Estados Unidos, a Carolina do Norte dá o pontapé de saída na votação antecipada para as presidenciais.

Indicadores por cá…

O Instituto Nacional de Estatística (INE) fecha a semana com um conjunto de indicadores económicos. Desde logo, a atividade dos transportes públicos referente ao segundo trimestre, altura que apanha o início do mês. Ademais, será ainda divulgado o índice de custos de construção de habitação nova, com dados do mês de junho, depois de terem registado o maior aumento do ano, em abril.

…e lá fora

Na Europa, o Eurostat prepara-se para publicar os dados agregados do emprego e do PIB da Zona Euro referentes ao segundo trimestre, isto numa altura em que o BCE se prepara para concretizar um corte nas taxas de juro este mês. E nos Estados Unidos, serão divulgados dados sobre a evolução do mercado de trabalho, desde logo o relatório sobre o emprego, publicado na primeira sexta-feira de cada mês, e considerado um importante indicador para que a Reserva Federal possa aferir a robustez do setor.

Início do congresso do PSD

Esta sexta-feira decorre em Braga o 42º Congresso Nacional do PSD, encontro que irá servir para eleger os órgãos distritais do partido, a Comissão Política Nacional e ainda a presidência. Luís Montenegro, atual presidente, é o único candidato à liderança do partido sendo expectável que seja reeleito para um segundo mandato de mais dois anos.

Professores saem à rua

Depois de o Governo ter anunciado novos apoios aos professores deslocados e ainda o lançamento de um novo concurso para suprir as necessidades das escolas com maiores carências, a Fenprof convocou uma concentração de docentes em frente ao Ministério da Educação. Em causa estão reivindicações para que seja levada a cabo uma negociação suplementar sobre a recuperação do tempo de serviço dos professores, depois de o Governo e sete sindicatos terem chegado a um acordo, em maio.

Boletins de voto começam a ser distribuídos nos EUA

A dois meses das eleições presidências nos Estados Unidos, os eleitores da Carolina do Norte começarão a receber os primeiros boletins de voto na caixa de correio já a partir desta sexta-feira. O voto por correspondência aumentou substancialmente nas últimas eleições presidenciais, passando de 4% em 2016 para 18% dos votos em 2020, de acordo com os dados oficiais.

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Parpública e TAP não disponibilizaram toda a informação à IGF

Inspeção-Geral das Finanças identifica como condicionante à auditoria à TAP a não disponibilização de todos os elementos solicitados ao grupo TAP e à Parpública.

A TAP e a Parpública, acionista da companhia durante o processo de reestruturação e recompra da posição do Estado, não disponibilizaram toda a informação solicitada pela Inspeção-Geral das Finanças (IGF) durante a auditoria, levantando dúvidas aos auditores sobre o acesso a todos os documentos relevantes.

No relatório de auditoria à TAP, pedido pelo Ministério das Finanças no âmbito das conclusões da Comissão Parlamentar de Inquérito à TAP, a IGF aponta a “não disponibilização de todos os elementos solicitados ao grupo TAP e à Parpública, Participações Públicas, SGPS” como um dos condicionantes ao desenvolvimento da auditoria.

Entre os restantes condicionantes elenca também a “diversidade e complexidade das matérias objeto da autoria, conjugado com o extenso período temporal abrangido, bem como com o tempo já decorrido relativamente a alguns dos factos envolvidos” ou a “dispersão dos elementos/documentos necessários à concretização do vasto objeto de auditoria, com dificuldade e morosidade na sua obtenção”. Assim como a “constante alteração dos dados fornecidos, devido à ausência, à data dos acontecimentos, de documentos digitalizados ou documentos extra contabilísticos de suporte, assim como de normas ou procedimentos escritos, aliado ao facto de a maioria dos colaboradores que participaram nas operações já não se encontrarem na empresa”.

Neste sentido, considera que “não existe, assim, garantia de que [tenha] tido acesso a todos os documentos/elementos relevantes no âmbito da presente ação“.

No caso da Parpública, em causa está nomeadamente informação que permita conhecer os cálculos subjacentes ao pagamento de 55 milhões de euros pelo Estado português à Atlantic Gateway para adquirir, entre junho e outubro de 2020, mais 22,5% da participação na TAP.

A IGF indica que, no âmbito da auditoria, “por contacto telefónico, responsável da TAP informou que não iriam pronunciar-se sobre o projeto do relatório”. O ECO sabe que isto se deveu ao facto de a TAP não ter pontos a contestar no relatório. O ECO questionou a Parpública sobre as condicionantes apontadas pela IGF, mas ainda não obteve resposta.

No relatório pode ler-se que o contraditório da Parpública “no essencial não põe em causa as asserções e conclusões que haviam sido explicitadas no projeto de relatório”.

O relatório da auditoria, tal como o relatório da comissão parlamentar de inquérito (CPI) à TAP já indiciava, conclui que, em 2015, a Atlantic Gateway, liderada por David Neeleman e Humberto Pedrosa, capitalizou a companhia aérea com dinheiro da compra de aviões Airbus. Este já tinha sido um dos temas quentes da CPI, em outubro de 2023, e esteve na origem do pedido à IGF de auditoria, após dúvidas sobre os 226,75 milhões de dólares em prestações acessórias que David Neeleman recebeu da Airbus para capitalizar a TAP. O valor surgiu depois de a companhia aérea ter desistido de um contrato para a aquisição de 12 A350 a preços vantajosos, tendo preferido comprar 53 aviões à Airbus por valores que a TAP diz serem penalizadores face à concorrência.

Os chamados “Fundos Airbus”, pagos pelo fabricante europeu a David Neeleman, no âmbito do negócio de renovação da frota, são novamente referidos no relatório da IGF, que considera que, “na documentação analisada, a coincidência dos valores envolvidos no processo, assim como a proximidade das datas dos acordos, suscita a existência de uma relação de causalidade entre a aquisição das ações da TAP, SGPS pela Atlantic Gateway, a respetiva capitalização e as obrigações assumidas pela TAP, SA, nos contratos celebrados com a Airbus”. Este negócio de aquisição de aviões pela TAP acabou “por financiar, ainda que, indiretamente, o processo de capitalização”, conclui a IGF.

As três respostas da Parpública no contraditório

A IGF não apresentou observações sobre a maioria das conclusões ou asserções do relatório, à exceção de três.

 

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Garantia pública ao crédito da casa adiada para integrar recomendações de Centeno

A regulamentação da garantia pública vai demorar mais 15 dias, depois das reservas e alertas levantados pelo Banco de Portugal. Ministério das Finanças vai incorporar recomendações do supervisor.

O Governo e bancos já tinham a proposta da garantia pública no crédito da casa para os jovens alinhavada. Mas a posição do Banco de Portugal enviada na semana passada ao Ministério das Finanças com várias reservas e reparos vai obrigar a um esforço suplementar para acomodar as observações do supervisor. A regulamentação da medida só vai estar, assim, pronta no prazo de 15 dias, apurou o ECO junto de fonte próxima do processo.

Contactadas pelo ECO, nenhuma das partes comenta ou esteve disponível para comentar até à publicação do artigo.

O ECO sabe que o regulador liderado por Mário Centeno levantou muitas questões em relação a uma das promessas do Governo para ajudar os jovens a comprar casa. O governador já tinha de resto feito alertas publicamente em várias ocasiões, tendo já considerado que a questão era “complexa” e o processo deveria ser gerido de forma cautelosa.

O prazo para regulamentar a medida termina na segunda-feira. Até estava praticamente acertado com a Associação Portuguesa de Bancos (APB), que representa o setor. Contudo, o parecer do Banco de Portugal, que chegou às Finanças nos últimos dias, vai implicar um prolongamento dos trabalhos jurídicos do Terreiro do Paço para que a regulamentação tenha em conta a posição do supervisor e só dentro de uma a duas semanas é que estará finalmente pronta.

Para já o que se sabe são os critérios gerais que os jovens terão de cumprir em simultâneo para beneficiarem da garantia pública. A saber:

  • Idade: Ter entre 18 e 35 anos e domicílio fiscal em Portugal
  • Rendimentos: Os rendimentos não ultrapassarem o 8.º escalão do IRS (até 81.199 euros por ano)
  • Imóvel: Não serem proprietários de outro imóvel habitacional e o valor da casa não exceder os 450 mil euros
  • Limite da garantia: A garantia do Estado não pode ultrapassar 15% do valor da transação

Medidas macroprudenciais

Entre os vários avisos públicos, Mário Centeno alertou para a necessidade de garantir que os jovens (a quem é dirigida a medida) terão condições para assegurar o cumprimento do crédito, de forma a evitar uma transferência do risco para o Estado.

Neste ponto sublinhou o papel do supervisor enquanto estabilizador do sistema. “Do lado do Banco de Portugal, os princípios macroprudenciais devem ser sempre a pedra de cada um de nós perante o endividamento, porque é um pilar alienável da saúde financeira económica do país neste momento“, sinalizou em maio.

Isto mesmo fez questão de transmitir também ao ministério de Joaquim Miranda Sarmento. Em caso de um aumento acentuado do risco — isto se muitos jovens aderirem à medida — o supervisor poderá ter de fazer uso das suas ferramentas, nomeadamente através de um aperto das chamadas medidas macroprudenciais.

São três as medidas macroprudenciais através das quais o regulador faz um controlo transversal do risco do crédito concedido pelos bancos e com as quais poderá ‘jogar’: limites ao rácio Loan To Value (montante máximo do financiamento em função do valor da casa), limites à taxa de esforço (que não pode ultrapassar 50% do rendimento) e limites às maturidades dos contratos.

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Novo primeiro-ministro francês promete “mudanças e ruturas”

  • Lusa
  • 5 Setembro 2024

Michel Barnier prometeu ainda, durante a tomada de posse como primeiro-ministro, "dizer a verdade" sobre "a dívida financeira e ecológica" de França.

O novo primeiro-ministro francês, Michel Barnier, ex-comissário europeu e ex-ministro de direita, prometeu esta quinta-feira “mudanças e ruturas”, após ser nomeado pelo Presidente, Emmanuel Macron, na esperança de que consiga retirar França do impasse político em que se encontra.

“Tratar-se-á de responder, na medida do possível, aos desafios, à ira, ao sofrimento, ao sentimento de abandono, de injustiça”, declarou Michel Barnier na cerimónia de posse, apontando entre as suas prioridades a educação, a segurança, a imigração, o trabalho e o poder de compra. Prometeu também “dizer a verdade” sobre “a dívida financeira e ecológica” de França.

Após 60 dias de impasse, na sequência das eleições legislativas de julho, que deram origem a uma Assembleia Nacional muito fragmentada, o primeiro-ministro mais velho da V República – o sistema político em vigor em França desde 1958 –, de 73 anos, sucedeu a Gabriel Attal, de 35 anos, o mais novo. Com uma sólida experiência tanto em França como em Bruxelas, Michel Barnier tem reputação de ser um bom mediador: foi o negociador da União Europeia (UE) durante o processo de saída do Reino Unido do bloco comunitário (‘Brexit’).

Antes disso, tinha sido várias vezes ministro desde 1993, nomeadamente durante as presidências de Jacques Chirac e de Nicolas Sarkozy. Depois de intermináveis semanas de consultas, Macron “encarregou-o de formar um Governo de unidade” nacional, afirmando ter-se assegurado de que “o primeiro-ministro e o Governo vindouro reunirão as condições para serem o mais estáveis possível e terem a oportunidade de reunir o maior número possível de apoios”, declarou a presidência.

Mas o novo primeiro-ministro, que já está a ser contestado pela esquerda, terá de fazer-se valer de todas as suas qualidades diplomáticas para formar um Governo capaz de escapar à censura parlamentar e pôr fim à mais grave crise política da V República.

Uma missão a raiar o impossível, uma vez que ainda não surgiu nenhuma coligação viável. A Assembleia Nacional resultante das eleições legislativas de julho – convocadas após a dissolução da câmara baixa do parlamento francês, decidida pelo chefe de Estado na sequência da derrota da sua maioria nas eleições europeias – está dividida em três blocos: esquerda, centro-direita e extrema-direita.

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