Fábrica, sol e floresta. Oliveira do Hospital ‘fura’ investimento de 50 milhões da Sonae Arauco

Além do polémico parque de painéis solares, empresa de derivados de madeira constrói unidade de madeira pré-triturada, dois armazéns, automatiza a produção e refloresta e recupera áreas ardidas.

Abrangendo projetos nas áreas da eficiência operacional, economia circular, descarbonização e reflorestação e recuperação de zonas afetadas por incêndios, a Sonae Arauco anunciou esta sexta-feira que está a investir cerca de 50 milhões de euros na unidade de Oliveira do Hospital.

Com o objetivo de “reforçar a competitividade e a sustentabilidade das suas operações, potenciar as exportações e contribuir para a comunidade”, estes projetos industriais “estratégicos” incluídos no PRR visam reforçar a fábrica do distrito de Coimbra, que assegura mais de 200 empregos diretos e perto de 600 indiretos.

“Os projetos em curso vão contribuir para fazer da unidade em Oliveira do Hospital uma referência mundial no setor. Estamos a investir na transição verde e digital da unidade de forma a melhorar a sua competitividade a longo prazo e a assegurar a sua sustentabilidade”, indica Rui Correia, CEO da empresa de derivados de madeira nascida de uma joint-venture entre a Sonae Indústria e a chilena Arauco.

Os projetos em curso vão contribuir para fazer da unidade em Oliveira do Hospital uma referência mundial no setor.

Rui Correira

CEO da Sonae Arauco

Na área da descarbonização destaca-se um empreendimento de produção de energia renovável solar para autoconsumo para garantir cerca de 30% das necessidades da unidade industrial. Este parque de painéis solares na zona do vale do Alva tem sido criticado pela oposição a nível local (PSD e CDS), o que levou a autarquia liderada pelo socialista José Francisco Rolo a garantir que foi “muito exigente” e até obrigou a empresa a reduzir a área de implantação de 6,9 para 3,6 hectares.

Ao nível da eficiência operacional, o grupo está a investir em dois novos armazéns em Oliveira do Hospital para “reforçar a competitividade da empresa e consolidar a sua capacidade de entrega”. Em comunicado, detalha que a verba inclui a digitalização e automação dos armazéns, assim como do processo produtivo, oferecendo “ganhos de eficiência e melhoria do impacto das operações”.

Por outro lado, além do investimento já noticiado pelo ECO numa unidade de pré-triturado para aumentar a capacidade de incorporação de madeira reciclada com o objetivo de chegar aos 85% em 2026, está a “estudar o desenvolvimento de uma tecnologia inovadora para separar o MDF [sigla em inglês para ‘aglomerado de fibras de média densidade’] da estilha reciclada rececionada na fábrica” para conseguir incorporar mais madeira reciclada neste tipo de soluções.

Na mesma nota, a empresa sublinha ainda as atividades de reflorestação e de recuperação de áreas ardidas. Já se encontra a gerir uma área ardida em 2017 no Vale da Macieira e está neste momento a negociar uma proposta de arrendamento e intervenção numa área de cerca de 50 hectares, que prevê o controlo de invasoras, a redução de risco de incêndios, a gestão do pinhal existente, a recuperação de linhas de água e a plantação de folhosas.

Reportagem na fábrica de derivados de madeira da Sonae Arauco, em Oliveira do Hospital - 28MAI24
José António Silva, diretor da fábrica da Sonae Arauco em Oliveira do HospitalRicardo Castelo/ECO

“Oliveira do Hospital desempenha um papel central na estratégia do grupo, pelo que estamos a reforçar o investimento no concelho com projetos inovadores e sustentáveis que nos colocam na vanguarda do setor. Queremos continuar a levar os produtos produzidos na nossa unidade para todo o mundo, apostando na diferenciação da nossa oferta pela sua inovação, design e sustentabilidade”, resume o diretor da fábrica, José António Silva.

Detida 50%/50% pela Arauco e pela Efanor, holding da família de Belmiro de Azevedo, ao todo, a Sonae Arauco detém 23 unidades industriais e comerciais, comercializa os seus produtos em 70 países e contabiliza cerca de 2.600 trabalhadores em nove países: Portugal, Espanha, Alemanha, África do Sul, Reino Unido, França, Países Baixos, Suíça e Marrocos.

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Preços do petróleo afundam mais de 6% com retaliação da China às tarifas

  • Joana Abrantes Gomes
  • 4 Abril 2025

As tarifas anunciadas por Donald Trump e a resposta de Pequim estão a penalizar as cotações dos benchmarks, pressionados também pelo aumento da produção do cartel OPEP+.

O anúncio de uma nova bateria de tarifas por Donald Trump está a afetar também as cotações do petróleo nos mercados internacionais, estando mesmo a encaminharem-se para o valor mais baixo desde meados de 2021, ano marcado pela pandemia de Covid-19.

Às 11h59 (hora de Lisboa) desta sexta-feira, o barril de Brent, cotado em Londres e que serve de referência às importações europeias, caía 6,44%, para 65,64 dólares, enquanto o WTI, negociado em Nova Iorque, recuava 6,35%, para 62,66 dólares. Ambos os benchmarks caminham para as maiores perdas semanais em termos percentuais em meio ano.

A queda dos preços do “ouro negro” agravou-se ainda mais após a China anunciar, esta manhã, que vai impor tarifas adicionais de 34% sobre todos os produtos importados dos EUA a partir de 10 de abril, como retaliação pelos direitos aduaneiros anunciados pelo Presidente norte-americano na quarta-feira.

Além das tarifas anunciadas pelas duas maiores economias do mundo, o desempenho das cotações do petróleo está a ser impactado pelo aumento da produção anunciado na quinta-feira pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo e os seus aliados (OPEP+), em 411.000 barris por dia em maio, acima da estimativa do mercado de 140.000 barris por dia.

“Isto inclui o aumento originalmente planeado para maio, para além de dois aumentos mensais”, referiu a organização que abrange países como a Arábia Saudita, a Rússia, o Iraque, o Kuwait, o Cazaquistão, a Argélia e Omã.

Ainda assim, ressalvou que “os aumentos graduais podem ser interrompidos ou invertidos em função da evolução das condições do mercado“.

Os níveis de produção para junho serão decididos numa reunião em 5 de maio.

Note-se, porém, que a Casa Branca confirmou que o petróleo, o gás e os produtos refinados estavam isentos das novas tarifas.

Não obstante, as tarifas de 25% aplicadas aos países que importam petróleo da Venezuela têm efeitos a partir desta semana. Trump também ameaçou impor taxas entre 25% a 50% aos compradores de petróleo da Rússia e alertou para um “bombardeamento” e para a aplicação de “tarifas secundárias” ao Irão, outro dos maiores produtores de petróleo.

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Banca europeia em queda a pique. BCP afunda 10% e volta a negociar abaixo dos 50 cêntimos

As novas tarifas comerciais dos EUA esmagam a confiança nos investidores e atiram ações do BCP e dos bancos europeus para quedas históricas com receios de uma recessão global.

As ações do BCP BCP 0,00% chegaram a negociar esta manhã uma queda superior a 10%, que acumulam às perdas de 4,4% da sessão de quinta-feira, colocando as ações a negociar abaixo dos 50 cêntimos pela primeira vez desde 5 de fevereiro.

O movimento desta sexta-feira dos títulos do banco liderado por Miguel Maya, que chegaram a negociar nos 48,45 cêntimos de euros, colocam não apenas o BCP como a “lanterna vermelha” do principal índice da Euronext Lisboa (que está a cair 3%), como se trata da maior correção das ações do BCP desde 10 de junho de 2022, quando os títulos encerraram a cair 11,3%.

Mas o BCP não está sozinho nas quedas desta sexta-feira que se está a pintar um autêntico “meltodown” das bolsas mundiais, como resposta à nova política comercial dos EUA marcada por um aumento significativo das tarifas comerciais. As ações dos bancos europeus estão a cair 9,45%, acompanhando o movimento mais amplo de aversão ao risco que está a abalar os mercados europeus.

Ações do BCP sob pressão

Entre as instituições financeiras mais afetadas destacam-se as ações dos bancos espanhóis e italianos com quedas acima dos 10%, e pelos bancos com maior exposição mundial, como o Santander (que está a cair 11%) e o Barclays (regista uma correção de 10,3%).

“Embora estejamos a acompanhar as implicações dos recentes anúncios de tarifas nos EUA, é em tempos difíceis que o valor da nossa diversificação é mais evidente”, referiu Ana Botín, presidente do Santander, esta sexta-feira na assembleia-geral anual do banco, salientando ainda que “A nossa diversificação atua como um estabilizador num ambiente global incerto.”

A queda das ações do BCP e dos restantes bancos europeus reflete a pressão crescente sobre o setor bancário europeu, que enfrenta um duplo golpe: as incertezas económicas geradas pela nova política comercial dos EUA e os receios de uma recessão global.

A imposição de tarifas aduaneiras adicionais pela Administração norte-americana está a provocar um abalo significativo no comércio global, com impactos diretos na confiança dos mercados e nas perspetivas de crescimento económico.

Impacto das tarifas nos mercados financeiros

Embora os bancos não sejam diretamente visados pelas tarifas, estão altamente expostos às consequências económicas das mesmas. A desaceleração do crescimento global pode reduzir a procura por crédito, afetar a qualidade dos ativos e pressionar os rácios de solvência das instituições financeiras.

Além disso, as turbulências nos mercados podem impactar negativamente as receitas provenientes de comissões e operações financeiras.

A descida do BCP para valores inferiores a 50 cêntimos é particularmente simbólica. Após anos de recuperação e uma valorização expressiva desde os mínimos históricos de 2020, o banco tinha conseguido ultrapassar esta barreira no início de fevereiro, alimentando expectativas positivas entre investidores. Contudo, o cenário atual demonstra como fatores externos podem rapidamente inverter esta trajetória.

Os analistas alertam que o impacto das tarifas norte-americanas poderá ser prolongado, especialmente se as tensões comerciais persistirem e escalarem de níve — como já se assitiu esta sexta-feira com a China a anunciar uma reciprocidade de uma tarifa de 34% sobre todos os bens importados dos EUA.

Segundo a casa de investimento Jefferies, bancos com menor exposição ao comércio internacional poderão estar mais bem posicionados para enfrentar este período turbulento. Contudo, no curto prazo, espera-se que a volatilidade continue elevada nos mercados financeiros.

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Rangel reforça presença na África do Sul com novo hub logístico em Joanesburgo

Presente na África do Sul desde 2020, a Rangel está atualmente em nove países, emprega 2.500 pessoas e fatura 260 milhões de euros. Operações internacionais valem cerca de 20% do negócio.

A Rangel Logistics Solutions inaugurou um novo hub logístico em Joanesburgo, consolidando a presença na África do Sul com um investimento acumulado no país de seis milhões de euros.

“Entrámos na África do Sul com uma visão clara: estar onde o continente pulsa com mais força e ser parte ativa do seu desenvolvimento. Este investimento confirma a nossa aposta de longo prazo na região,” afirma Nuno Rangel, CEO da Rangel Logistics Solutions, citado em comunicado.

Com uma área de 10 mil metros quadrados, o novo armazém junto ao aeroporto de Joanesburgo será a base para serviços de contract logistics, armazenamento alfandegado e cross-docking. Além deste investimento, a empresa de logística também irá abrir um novo escritório no país, em Nakop, na fronteira com a Namíbia.

“Esta infraestrutura não só vai potenciar a capacidade de resposta às necessidades logísticas da África do Sul, como também facilitará as trocas comerciais entre mercados vizinhos, como Moçambique, Zâmbia, Angola, República Democrática do Congo, Tanzânia, Botsuana, Zimbabué e Namíbia”, detalha o grupo nortenho.

Desde 2020, a Rangel abriu quatro escritórios nas principais fronteiras sul-africanas e expandiu a presença à Zâmbia (2021) e à Tanzânia (2022), elevando o investimento total nos três países para sete milhões de euros. No total, a operação internacional representa cerca de 20% da faturação da empresa, sendo a África do Sul responsável por 8% desse volume.

Nuno Rangel, CEO da Rangel Logistics Solutions

A Rangel destaca ainda o papel como plataforma de apoio às exportações portuguesas, contribuindo para o acesso a novos mercados no continente africano. “Temos como objetivo ser mais do que um operador logístico – queremos ser um facilitador do comércio regional e uma ponte entre África e o mundo, usando Portugal como elo estratégico”, frisa Nuno Rangel.

A internacionalização da Rangel iniciou-se em 2007, com a abertura de uma filial em Angola, seguindo-se Moçambique em 2011, Brasil em 2013, Cabo Verde em 2015, México e África do Sul em 2020, Zâmbia em 2021 e Tanzânia em 2022. Fala num “triângulo logístico” entre América, África e Europa.

Fundada em 1980, a Rangel é um operador logístico global com presença em nove países e um portefólio completo de soluções integradas de transporte e logística. Com 2.500 colaboradores e 389.600 metros quadrados de área logística, a empresa registou em 2024 uma faturação de 260 milhões de euros.

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Da NATO para o vinho, uma missão com final feliz

  • Rita Ibérico Nogueira
  • 4 Abril 2025

Segurança e Defesa eram o plano, mas o vinho falou mais alto. Sofia Soares Franco trocou a NATO pelo enoturismo, onde brilha com ética, organização e um copo de Periquita na mão. Missão cumprida! 🍷

Segurança e Defesa pareciam ser o seu destino – e com um percurso que passou pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros e pela NATO, tudo apontava nesse sentido. Mas a chamada da família e do vinho foi mais forte. Desde 2006, Sofia Soares Franco dedica-se ao Enoturismo da José Maria da Fonseca, onde profissionalizou a área e acumulou a Comunicação Institucional da casa, uma das mais icónicas de Azeitão.

No tempo livre, inspira-se entre as paisagens da Arrábida e desafia-se a ser melhor a cada dia. Gostava de saber tocar viola, mas por enquanto aperfeiçoa outro talento: arrumar a casa vezes sem conta – um guilty pleasure que não dispensa. No topo da sua lista de luxos? Tempo com a família (e, claro, um copo de Periquita com queijo de Azeitão). Se tivesse de escolher um último prato, a decisão seria séria: alheira com batatas fritas e ovo estrelado, fechando com mousse de chocolate e Aguardente Mosca. Escolhas seguras, como convém a quem já passou pela NATO.

Quando precisa de se inspirar vai…
…Para casa ou para a Serra da Arrábida, que tem uma vista única e verdadeiramente inspiradora.

Que talento mais gostaria de ter?
Tocar viola.

Um guilty pleasure.
Arrumar e organizar a casa vezes sem conta.

Um defeito imperdoável.
Falta de ética.

O que é para si o maior luxo?
Tempo com a família

Noutra vida foi…
…(esta é difícil)… talvez chef de cozinha.

Personagem que convidava para jantar.
O meu marido, sempre.

Uma perdição a que não resiste.
Um copo de vinho de Periquita e queijo de Azeitão.

Viagem dos sonhos.
África.

O melhor presente que recebeu.
Os meus filhos.

Lema de vida.
Tentar no hoje ser melhor que ontem.

Última coisa que comprou e adorou?
Kobo.

O melhor livro que leu este ano.
Todos os do Lourenço Seruya que li de seguida.

Um sítio que lhe diz muito.
Azeitão, onde nasci e cresci e que me remete para memórias de infância extraordinárias.

Prato que pedia se estivesse no corredor da morte?
Alheira com batatas fritas e ovo estrelado e, para sobremesa, a mousse de chocolate, com sal e Aguardente Mosca, do nosso Wine Corner, adoro!

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Megacentro de dados em Sines traz investimento de 30 mil milhões para Portugal até 2030

A previsão a cinco anos foi dada esta sexta-feira pela Start Campus e embaixada dos EUA na inauguração do primeiro edifício do data center e envolve os novos projetos de clientes, além da construção.

O CEO da Start Campus disse esta sexta-feira que o centro de dados em Sines vai trazer um investimento de mais 30 mil milhões de euros para Portugal nos próximos cinco anos. O valor inclui um montante adicional ao que a empresa alocou para a construção e diz respeito aos novos investimentos dos atuais e futuros clientes, quando instalarem os seus servidores.

“Pode atingir os 30 mil milhões, incluindo o que os clientes vão investir. É tudo uma estimativa”, afirmou Robert Dunn aos jornalistas, à margem da cerimónia de inauguração do primeiro edifício do data center no litoral alentejano, em Sines.

Está cortada a fita (verde) do primeiro edifício do maior centro de dados em Portugal. A Start Campus inaugurou esta sexta-feira o espaço que dá o arranque ao campus de data centers em Sines com capacidade de 1,2 gigawatts (GW), que a empresa informalmente chama “andar modelo” por ser o mais pequeno do investimento de 8,5 mil milhões de euros.

Este primeiro edifício do campus está preparado para tecnologias cloud (nuvem), Inteligência Artificial A e HPC – High-Performance Computing. Os centros de dados considerados de elevada performance de computação (HPC) estão pensados para acolher um conjunto significativo de servidores e supercomputadores para processar massivas quantidades de dados.

O primeiro edifício do projeto (SIN01) está a funcionar desde outubro e, durante a fase de construção, criou aproximadamente 700 postos de trabalho através da sua cadeia de fornecedores. Atualmente, a Start Campus emprega cerca de seis dezenas de pessoas de forma direta.

“É um investimento profundamente empenhado com a sustentabilidade, que vai trazer mais emprego qualificado, diversificando a atividade económica na região e contribuindo para a construção de um ecossistema digital de longo prazo. Junta-se a outros grandes investimentos que têm vindo a demonstrar que Portugal é um país com uma boa proposta de valor para os investidores”, referiu o ministro da Economia, Pedro Reis.

A embaixada dos Estados Unidos em Portugal também esteve presente na cerimónia de inauguração, devido ao capital norte-americano envolvido, que representa “um dos maiores investimentos estrangeiros na história de Portugal”. “É uma mudança de paradigma e estamos orgulhosos de apoiar esta iniciativa, que irá melhorar a conectividade global de Portugal, aprofundar os laços bilaterais e criar milhares de empregos em Portugal e nos Estados Unidos”, assinalou o diplomata Douglas A. Koneff, chargé d’affaires na Embaixada dos EUA em Lisboa.

A construção do segundo edifício do centro de dados em Sines vai começar até ao final deste segundo trimestre, avançou fonte oficial da empresa ao ECO. A segunda fase do projeto de mais de oito mil milhões de euros e 1,2 gigawatts (GW) de capacidade, que estava em licenciamento desde o ano passado, arranca até junho.

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Nuno Tiago Pinto é o novo diretor dos jornais Sol e I

  • + M
  • 4 Abril 2025

Diretor da Sábado até janeiro, Nuno Tiago Pinto assume a liderança dos dois títulos da Newsplex, dirigidos interinamente por Vítor Rainho desde outubro.

Nuno Tiago Pinto, até janeiro diretor da Sábado, é o novo diretor dos jornais Sol e I. “Nesta semana em que, com indisfarçável orgulho, assumo a direção editorial do Nascer do Sol, julgo que é tempo de reafirmar aos nossos fiéis leitores a manutenção do meu — do nosso — compromisso”, escreve esta sexta-feira no primeiro editorial, remetendo para o manifesto dos fundadores do título da Newsplex. “Um jornal que — como os fundadores escreveram na primeira edição — se quer “isento mas não indiferente”, “responsável mas não previsível”, mas também “acutilante”, “moderno”, “irreverente” e “surpreendente“.

O Nascer do Sol e o I eram dirigidos interinamente por Vítor Rainho desde outubro de 2024, altura em que Mário Ramires deixou a direção dos dois jornais.

Os títulos são desde o verão de 2022 detidos pela Alpac Capital, de Pedro Vargas David e Luís Santos, também donos da Euronews.

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Pequim retalia com tarifas adicionais de 34% sobre todas as importações dos EUA

A China anunciou esta sexta-feira que vai retaliar as taxas recíprocas de 34% anunciadas pelos EUA no chamado "Dia da Libertação". Medidas entram em vigor a 10 de abril.

A China anunciou esta sexta-feira que vai aplicar taxas adicionais de 34% sobre todas as importações provenientes dos Estados Unidos, numa resposta direta às tarifas recíprocas anunciadas por Donald Trump no passado dia 2 de abril, as quais considera um “exemplo típico de intimidação unilateral“. As novas taxas aduaneiras entram em vigor no dia 10 de abril.

Donald Trump anunciou esta quarta-feira, no chamado “Dia da Libertação”, a lista de taxas recíprocas, aplicando uma taxa de 34% aos produtos chineses, a mesma taxa que Pequim vai passar a cobrar a todos os bens importados do país.

Uma tarifa de 34% será imposta a todos os produtos importados originários dos Estados Unidos com base na atual taxa tarifária aplicável“, anunciou o Governo chinês, em comunicado, adiantando que estas taxas entram em vigor a partir das 12h01 do dia 10 de abril de 2025.

“Em 2 de abril de 2025, o governo dos EUA anunciou a imposição de ‘tarifas recíprocas’ sobre produtos chineses exportados para os Estados Unidos”, começa por dizer o comunicado do governo chinês. Na leitura de Pequim, “as ações dos EUA não estão de acordo com as regras do comércio internacional, prejudicam seriamente os direitos e interesses legítimos da China e são um exemplo típico de intimidação unilateral”.

Segundo o mesmo comunicado, “as atuais políticas de isenção, redução de impostos e fiança permanecem inalteradas, e as tarifas adicionais não serão reduzidas ou isentas”.

No caso de mercadorias que foram expedidas “antes das 12h01 do dia 10 de abril de 2025 e forem importadas entre 12h01 do dia 10 de abril de 2025 e 24h do dia 13 de maio de 2025, as tarifas adicionais prescritas neste anúncio não serão cobradas”.

Pequim anunciou igualmente que remeteu para a Organização Mundial do Comércio (OMC) a questão das tarifas impostas pelos Estados Unidos às suas exportações, tendo apresentado queixa no mecanismo de resolução de litígios.

A retaliação da China surge um dia depois de o país ter pedido a Washington para cancelar “imediatamente as taxas unilaterais” e “resolverem adequadamente as disputas com os seus parceiros comerciais através de um diálogo justo”. No mesmo comunicado, o Ministério do Comércio chinês frisava que esta ofensiva protecionista da Casa Branca, sem precedentes desde os anos 1930, “põe em risco o desenvolvimento económico global” e ameaça as cadeias de abastecimento internacionais, afetando também os interesses norte-americanos.

A China não será o único país a retaliar as tarifas norte-americanas. Já esta quinta-feira, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse que o bloco está “pronto para responder” à imposição de tarifas por parte dos Estados Unidos e está a trabalhar em novas medidas de retaliação.

Von der Leyen emitiu uma declaração a partir de Samarcanda, no Uzbequistão, onde se encontra de visita, após o anúncio de novas tarifas globais pelos Estados Unidos. “Já estamos a finalizar o primeiro pacote de contramedidas em resposta às tarifas do aço e estamos agora a preparar outras medidas para proteger os nossos interesses e negócios, se as negociações falharem”, garantiu a dirigente.

 

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Homens, portugueses e com 30 anos. Conheça o retrato do motorista TVDE

Em março havia mais de 37 mil motoristas TVDE ativos e 11.894 operadores válidos, informa a plataforma criada pelo IMT, com as plataformas Uber e Bolt.

Homens, portugueses, na casa dos trinta anos e que têm o português como língua materna. É o retrato traçado pela plataforma criada pelo Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT), pela Bolt e pela Uber, dos mais de 37 mil motoristas ativos em março no país, divulgado esta sexta-feira.

“Esta plataforma conjunta de partilha de dados entre IMT, Uber e Bolt permite-nos conhecer de uma forma mais profunda o setor, com base em dados quantitativos e qualitativos, abrindo caminho a uma supervisão mais informada, dinâmica e robusta, igualmente de grande utilidade no quadro do debate em curso sobre a revisão da legislação do setor TVDE”, diz o presidente do IMT, João Jesus Caetano, citado em comunicado.

A plataforma conjunta traça um retrato dos motoristas do setor TVDE ativos no mês de março. Um total de 37.495 motoristas esteve a circular, dos quais 37.495 (90,1%) homens e 3.692 (9,8%) mulheres.

Uma larga maioria (76,4%) tinha como língua materna o português. Mais de metade (52,8%) são de nacionalidade portuguesa, seguida da brasileira (20,6%), indiana (10,4%), paquistanesa (4,7%), com 4,3% dos motoristas nascidos no Bangladesh. Angola (1,4%), Cabo Verde (1,1%), Itália (0,5%) e 1.500 motoristas de outras 90 nacionalidades totalizam os motoristas registados e ativos em março.

Mais de metade do total (59,4%) tinha entre 30 e 49 anos de idade, com 11.774 (31,4%) entre os 30 e 39 anos. Apenas 8,7% tem mais de 60 anos.

No que diz respeito a veículos, no mês passado estiveram ativos 34.447, dos quais quase um terço (32,9%) tem motorização assente em combustíveis alternativos (elétrico e híbrido) e 66,9% são veículos de combustão. A maioria dos veículos (61,7%) tinha menos de cinco anos, com 21,5% com idades entre os 5-6 anos e 16,7% com 6-7 anos.

No mês, um total 11.894 operadores estavam válidos.

(notícia atualizada às 14h33 com tabelas)

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⛽ Com petróleo em queda, diesel vai descer pelo menos 1,5 cêntimos esta semana. Gasolina não mexe

A partir desta segunda-feira, quando for abastecer, deverá passar a pagar 1,583 euros por litro de gasóleo simples e 1,745 euros por litro de gasolina simples 95.

Esta semana, os preços dos combustíveis devem descer. Com o preço da matéria-prima em queda acentuada, caminha para a maior perda semanal em termos percentuais em seis meses, a gasolina não deverá mexer e o gasóleo, o combustível mais utilizado em Portugal, deverá descer 1,5 cêntimos, avançou ao ECO fonte do mercado.

Antecipar a evolução dos preços esta semana é mais “complexo” porque a descida das cotações na quinta-feira foi muito grande e os operadores no mercado podem optar por tomar uma decisão “mais comercial do que tecnocrática”, ou seja, antecipar um pouco a descida da semana seguinte, que será significativa. A “evolução puramente aritmética”, neste momento, dá descida de 1,5 cêntimos no gasóleo e manutenção do preço da gasolina, explicou a mesma fonte. Valores que já divergem dos dados do ACP que apontava, ao início da manhã, para a subida dos preços da gasolina em um cêntimo e a descida dos preços do gasóleo em meio cêntimo.

Assim, quando for abastecer, poderá pagar 1,583 euros por litro de gasóleo simples e 1,745 euros por litro de gasolina simples 95, tendo em conta os valores médios praticados nas bombas à segunda-feira, divulgados pela Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG).

Estes valores já têm em conta os descontos aplicados pelas gasolineiras e a revisão das medidas fiscais temporárias para ajudar a mitigar o aumento dos preços dos combustíveis.

Os preços podem ainda sofrer alterações para ter em conta o fecho das cotações do petróleo brent esta sexta-feira e o comportamento do mercado cambial, que com a forte desvalorização do dólar no âmbito da guerra das tarifas ajuda os mercados europeus. A queda que se assiste nos mercados esta sexta-feira torna a probabilidade de alteração dos preços ainda maior. Mas também porque os preços finais resultam da média dos valores praticados por todas as gasolineiras. Além disso, os preços cobrados ao consumidor final podem variar consoante o posto de abastecimento.

Esta semana, o gasóleo subiu 1,7 cêntimos e a gasolina subiu 3,7 cêntimos, uma subida bastante inferior ao que eram as expectativas do mercado, que apontava para uma subida de dois cêntimos dos preços do diesel e de quatro cêntimos dos preços da gasolina.

O preço do brent, que serve de referência para o mercado europeu, estava esta sexta-feira a descer 5,92% pelas 12h, para os 65,97 dólares por barril, e caminhava para a maior perda semanal em termos percentuais em seis meses. Os preços do petróleo estão a aproximar-se do nível de fecho mais baixo desde a pandemia em 2021, afetados pela enxurrada de novas tarifas e aumentos de produção anunciados pelo grupo de produtores OPEP+.

A Organização dos Países Exportadores de Petróleo e dos seus aliados (OPEP+) decidiu avançar com os planos de aumento da produção. O objetivo agora é injetar 411 mil barris por dia (bpd) ao mercado a partir de maio, acima dos 135 mil previstos anteriormente.

Nota: Texto atualizado com novos dados e explicação da possível evolução dos preços tendo em conta a queda acentuada dos mercados esta sexta-feira.

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iPhones passariam a custar 2.300 dólares nos EUA se Apple refletisse impacto das tarifas

  • Joana Abrantes Gomes
  • 4 Abril 2025

Preços dos telemóveis Apple poderiam aumentar até 43% na sequência das tarifas anunciadas por Trump, por serem feitos na China. Mas a empresa terá dificuldade em passar todo o custo para consumidores.

Comprar um iPhone pode ficar substancialmente mais caro devido às tarifas anunciadas por Donald Trump esta semana. Analistas consultados pela Reuters apontam para um possível aumento dos preços dos telemóveis da Apple entre 30% a 40%, caso a tecnológica norte-americana decida repercutir o agravamento dos custo nos consumidores.

A maioria dos iPhones são fabricados na China, um país sujeito a uma taxa de 54%. Se esta taxa se mantiver, a Apple terá de absorver a despesa extra ou transferi-la para os clientes.

Olhando para os preços nos EUA, o modelo mais barato do iPhone 16 foi lançado com um custo de 799 dólares, mas, devido às tarifas, poderia passar a custar até 1.142 dólares, de acordo com cálculos baseados em projeções de analistas da Rosenblatt Securities, que dizem que o preço pode aumentar em 43%.

Um iPhone 16 Pro Max, o modelo mais musculado, atualmente vendido a 1.599 dólares, poderia vir a custar quase 2.300 dólares nos EUA se o aumento de 43% for repercutido nos consumidores.

Os preços de outros produtos da Apple também arriscam sofrer aumentos na sequência das tarifas.

Ainda assim, Angelo Zino, analista de ações da CFRA Research, considera que a gigante tecnológica terá dificuldades em transferir mais de 5% a 10% dos custos para os consumidores, devido à estagnação da procura.

“Esperamos que a Apple adie quaisquer grandes aumentos nos telefones até este outono, quando o iPhone 17 está programado para ser lançado, já que é normalmente como lida com aumentos de preços planeados”, afirmou.

Mesmo que alguma produção seja transferida para o Vietname e a Índia, estes países também não foram poupados aos direitos aduaneiros anunciados pelo Presidente norte-americano, com o Vietname a ficar sujeito a uma taxa de 46% e a da Índia a chegar aos 26%.

Durante o seu primeiro mandato na Casa Branca, Donald Trump impôs tarifas sobre uma vasta gama de produtos chineses para pressionar as empresas norte-americanas a trazer a produção de volta para os EUA ou para países próximos, como o México. Na altura, a Apple obteve isenções para vários produtos, mas, desta vez, esse cenário (ainda?) não se verifica.

“Toda esta questão das tarifas da China está a desenrolar-se neste momento de forma completamente contrária à nossa expectativa de que o ícone norte-americano Apple seria protegido, como da última vez”, assinalou Barton Crockett, analista da Rosenblatt Securities, numa nota citada pela Reuters.

Na quinta-feira, as ações da Apple em Wall Street registaram o seu pior dia desde março de 2020, tendo fechado em queda de 9,3%.

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“A publicidade pode ser uma arma. Assim seja permitido, porque tem que haver sempre alguém que aprova”

Em contagem decrescente para os "óscares da publicidade", Ana Paula Costa aponta as tendências e expetativas para o festival, que serve de barómetro global à criatividade, e comenta o mercado.

Ana Paula Costa, representante dos Lions Festivals em Portugal, em entrevista ao ECO/+MHugo Amaral/ECO

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“A publicidade é um reflexo dos medos de uma sociedade”. A descrição é de Ana Paula Costa, há 28 anos representante do festival de criatividade Cannes Lions em Portugal. Com a contagem decrescente para o maior festival de criatividade do mundo em marcha, Ana Paula Costa acredita que o tema da inteligência artificial, “que no ano passado foi transversal a todos os seminários”, já foi interiorizado pela indústria. Agora, a questão é a criatividade em prompting, aponta.

“O grande desafio é a rapidez com que todos os players vão absorver esta nova dimensão e trabalhar com ela. Penso que no setor já não há resistências e acho que toda a gente percebe o benefício de ter uma ferramenta que [nos] pode dar mais tempo, porque liberta os profissionais das tarefas rotineiras. Mas, de facto, o grande desafio é a criatividade em prompting, é o patamar que estamos agora a atravessar”, diz em entrevista ao +M.

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Com as inscrições para a competição principal ainda a decorrer, o número de trabalhos nacionais presentes este ano é ainda uma incógnita. Em 2024, Portugal fez-se representar com 151 peças e o balanço saldou-se por um bronze, da Bar Ogilvy, em Digital Craft, com o projeto “The Endangered Typeface”, e por oito entradas em sortlist.

Ana Paula Costa relativiza o resultado. “Temos que ter sempre em atenção a dimensão do nosso mercado”, diz, lembrando que se trata de um festival no qual participam 95 países e há, em média, 27 mil trabalhos inscritos. “Para dar um paralelo, os Estados Unidos têm à volta de 6.500 a 7 mil inscrições”, discrimina. “No binómio entre trabalhos inscritos e prémios ganhos, Portugal anda ali entre a 20ª e 30 posição”, aponta.

Ana Paula Costa, representante dos Lions Festivals em Portugal, em entrevista ao ECO/+MHugo Amaral/ECO

Nos Young Lions, cujo bootcamp arranca esta sexta-feira, Portugal mantém-se nos lugares cimeiros. “Nos Young Lions é sem rede, é diretamente o talento a resolver um briefing. É uma dinâmica na qual a robustez financeira que é necessária para a secção principal não se verifica e, portanto, não é comparável”, reforça.

Há quase três décadas a organizar esta competição no mercado nacional, Ana Paula Costa refere que das cerca de 170 inscrições para a edição deste ano, as categorias com maior adesão foram Digital, Imprensa/Outdoor e Design.

Em sentido contrário, a Relações Públicas apenas concorreram quatro duplas. “Esta categoria é destinada a profissionais que trabalham nas agências de relações pública. Enquanto nas outras agências o mindset está logo virado para Cannes e para os Young Lions, este setor ainda não está muito sensibilizado para para o Cannes Lions”, justifica.

“Muitas vezes é pedido uma proposta outstanding, mas depois, quando é o momento da aprovação, o medo do risco acaba por falar mais alto”. “O que precisamos também é de clientes mais audaciosos”.

Há um fator importante, o ato de participarmos nos Young Lions é um ato de ousadia. Quem se candidata está disposto a sair da sua zona de conforto, numa competição muito dura, onde nós lhes vamos pedir inovação sob pressão. São candidatos que querem, têm a certeza do que valem, e querem ir mais longe”, refere Ana Paula Costa.

No bootcamp, recorde-se, cada marca entrega um briefing às duplas concorrentes, que têm 48 horas para o resolver e, de seguida, 15 minutos para o defender perante um júri. Ou seja, “é uma antecâmara daquilo que se vai pensar depois em Cannes”, onde as duplas dos 40 países têm não 48 mas 24 horas [exceto na categoria Filme] para apresentar resultados. “Cannes é um trampolim na carreira, tanto nacional como internacional. Quem participa, é porque quer ficar no mapa”, resume a profissional.

Quanto ao trabalho produzido em Portugal, Ana Paula Costa começa por responder que “a criatividade assume o seu verdadeiro significado quando inspira as mudanças”.

“Temos provas dadas e muitos projetos que apresentaram insights únicos e execuções até fora do comum, portanto, direi que o mercado nacional não tem tanta dimensão e não tem provavelmente a mesma robustez financeira que outros mercados, mas os profissionais estão cá”, afirma.

“Assim lhes seja dada a oportunidade, por parte dos clientes”, acrescenta Ana Paula Costa, recordando um seminário no ano passado, em Cannes, no qual o diretor financeiro mundial da McDonald’s passava a mensagem que “cada anunciante tem a publicidade que merece”.

Muitas vezes é pedido uma proposta outstanding, mas depois, quando é o momento da aprovação, o medo do risco acaba por falar mais alto”.

“O que precisamos também é de clientes mais audaciosos”, refere Ana Paula Costa. Sobre a forma como os acontecimentos a que temos vindo a assistir a nível mundial, nomeadamente nos EUA, vai impactar a publicidade, a representante do Cannes Lions recorda que esta é um reflexo da sociedade.

Naturalmente, esta fase também irá refletir isso. Haverá mercados condicionados, uns mais do que outros. A publicidade irá refletir, obrigatoriamente, os valores com que hoje nos confrontamos, em termos de sociedade, de atitude com o nosso parceiro, com o nosso mundo, o nosso vizinho”, diz.

“A publicidade, assim seja permitido, porque tem que haver sempre alguém que aprova, pode ser uma arma”, aponta. “Bravura” é o que pede aos diretores de marketing.

A entrevista completa pode ser vista em vídeo ou escutada em podcast.

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