Orlando Figueira vai ser preso nas próximas horas

Orlando Figueira está prestes a dar entrada na cadeia, para cumprir a pena de prisão a que foi condenado em dezembro de 2018 de seis anos e oito meses pelo crime de corrupção.

Orlando Figueira está prestes a dar entrada na cadeia, para cumprir a pena de prisão a que foi condenado em dezembro de 2018 de seis anos e oito meses pelo crime de corrupção.

Segundo avança a SIC Notícias, já foram emitidos os mandados de condução à cadeia que serão executados pela PSP. Orlando Figueira foi condenado por corrupção passiva, branqueamento de capitais, falsificação de documentos e violação do segredo de justiça.

Em maio passado, o Supremo Tribunal de Justiça (STJ) rejeitou o recurso do procurador do Ministério Público Orlando Figueira.

A decisão do STJ, assinada pelo juiz conselheiro relator Pedro Manuel Branquinho Dias, leva assim ao cumprimento da pena de prisão de seis anos e oito meses a que o procurador foi condenado na primeira instância, em 2018, e que foi confirmada em novembro de 2021 pelo Tribunal da Relação de Lisboa.

Em dezembro de 2022, o Tribunal Constitucional (TC) tinha também rejeitado um recurso da defesa de Orlando Figueira, o que abriria caminho ao trânsito em julgado da condenação.

Contudo, um outro recurso apresentado por Orlando Figueira havia sido entretanto aceite pela Relação de Lisboa para subir ao STJ, com efeitos suspensivos, impedindo dessa forma o trânsito em julgado após a decisão do TC. O recurso teve nesta quarta-feira a resposta do STJ: “Negado provimento”, conforme se pode ler na plataforma Citius.

Condenado em dezembro de 2018 pelos crimes de corrupção, branqueamento de capitais, violação do segredo de justiça e falsificação de documento, num caso relacionado com o antigo vice-presidente de Angola Manuel Vicente, Orlando Figueira foi também expulso da magistratura no final do ano passado pelo Conselho Superior do Ministério Público (CSMP).

O processo “Operação Fizz” está relacionado com pagamentos, de mais de 760 mil euros, do ex-vice-presidente de Angola Manuel Vicente, e a oferta de emprego a Orlando Figueira como assessor jurídico do Banco Privado Atlântico, em Angola, como contrapartida pelo arquivamento de inquéritos em que o também antigo presidente da Sonangol era visado, designadamente na aquisição de um imóvel de luxo no edifício Estoril-Sol, por 3,8 milhões de euros.

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📹 Assista à webtalk: lideranças e planos de sucessão

  • ECO
  • 31 Janeiro 2024

A webtalk "Liderança e planos de sucessão" reuniu vários especialistas para discutirem as vantagens e desafios dos planos de sucessão.

A retenção de talentos tornou-se numa das maiores dificuldades das empresas e organizações, incluindo nos cargos mais estratégicos. A saída de profissionais dessas posições não é uma raridade, e substituí-los pode ser um grande desafio, que pode até prejudicar a produtividade e os resultados das empresas.

Definir um plano de sucessão é uma forma de minimizar o impacto das saídas desse profissionais e de pensar de forma estratégica sobre o futuro. No entanto, é necessário saber como o fazer da forma mais acertada possível.

João Rodrigues Pena, founderandmanagingpartner da Arboris, Mauro Cardoso, general manager da Monliz, eMarco Arroz, national senior manager da Multipessoal, juntaram-se numa webtalk para esclarecer todas as dúvidas sobre o tema de liderança e planos de sucessão.

Assista a toda a conversa aqui:

“A Arboris fez um estudo muito extensivo há pouco tempo, com quase 100 líderes empresariais de grupos familiares, com perguntas anónimas, e vimos que a área da sucessão é aquela que levanta mais dúvidas, para a qual as pessoas estão menos preparadas, e onde há uma maior disparidade nos líderes empresariais que desenvolvem processos de sucessão muito bem e aqueles que não estão minimamente preocupados com o tema da sucessão”, começou por dizer João Rodrigues Pena.

O responsável da Arboris acrescentou, ainda, que existem alguns pontos que se devem ter em conta no momento de realizar um plano de sucessão, usando como exemplo grupos familiares. São eles:

  • Dar atenção e suporte permanente ao desenvolvimento de cada futuro acionista, desde criança;
  • Garantir que todos os acionistas conhecem muito bem os membros da nextgen, “para não haver filhos e enteados dentro do processo da próxima geração”. “Tem de haver um grande equilíbrio da informação e um grande equilíbrio de visibilidade de todos os acionistas sobre todos os membros da geração seguinte”, disse;
  • Identificar os candidatos a líder pelo seu perfil, competências e superioridade natural sobre irmãos e primos. “Nesse processo, pode entrar uma avaliação de alternativas de profissionais externos ou quadros topo do grupo para o lugar, ou seja, alguém que não seja da família, para que o candidato escolhido possa ser contrastado contra as melhores opções possíveis fora da família e isso é muito saudável”, admitiu o especialista;
  • E programar e executar uma transição de liderança correta e eficaz, “definindo o calendário, o novo papel do presidente atual, e o espaço do sucessor e a sua autonomia,”.

Por sua vez, Marco Arroz explicou que, mesmo sem ser em empresas de grupos familiares, os planos de sucessão são relevantes, já que são “a forma que as empresas têm de planear o futuro”.

“Em primeiro lugar, é preciso perceber quais são as posições que são elegíveis, o timing para a situação, e perceber se o plano de sucessão é um plano interno ou se pode ser externo. O ideal é o plano de sucessão ser um catalisador para identificar um talento interno, mas muitas vezes não há. E as competências técnicas que são aqui estabelecidas têm que ser rigorosas”, afirmou.

Já Mauro Cardoso, general manager da Monliz, explicou que, mesmo não tendo um plano de sucessão da empresa, já começou a identificar, dentro da sua estrutura, “pessoas com alto potencial”.

Ainda assim, referiu a “imprevisibilidade” como a “única constante” que as empresas têm atualmente. “O tempo é uma incógnita muito grande e, portanto, temos de ir trabalhando, continuamente, sempre preparados para responder ao imprevisto, seja porque estes high potencial possam sair da empresa, mas também para lhes dar caminhos diversos ao que seria o óbvio“, concluiu.

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Norma que criminaliza maus tratos de animais não é inconstitucional, afirma TC

  • Lusa
  • 31 Janeiro 2024

Após decisões judiciais que consideraram inconstitucional o crime de maus tratos a animais de companhia, os juízes do Palácio Ratton entenderam que o bem-estar animal está protegido pela Constituição.

O Tribunal Constitucional (TC) decidiu não declarar inconstitucional a norma que prevê a incriminação de maus tratos a animais de companhia, anunciou esta quarta-feira em comunicado, na sequência de um acórdão aprovado em plenário na última semana.

De acordo com a nota, a decisão decorre de “um processo de fiscalização abstrata sucessiva da constitucionalidade, com origem num pedido de generalização de anteriores julgamentos de inconstitucionalidade, apresentado pelo Ministério Público” após diversas decisões judiciais que consideraram inconstitucional o crime de maus tratos a animais de companhia, tendo os juízes do Palácio Ratton entendido que o bem-estar animal está protegido pela Constituição.

“Quanto à questão de saber se existe ou não um bem jurídico na Constituição que habilite (ou permita) a incriminação deste tipo de crime, a maioria dos juízes votou em sentido afirmativo. Assim, afirma-se na decisão tomada pelo Plenário que a tutela da defesa do bem-estar animal faz parte da Constituição material e integra o conjunto de valores com reflexo na Lei Fundamental”, pode ler-se no comunicado.

Já sobre a questão de “saber se a lei é certa na enunciação dos elementos que descrevem a conduta punida e o respetivo objeto (‘animal de companhia’, ‘maus tratos’)”, o plenário do TC defendeu também que esta matéria não é inconstitucional, registando-se um voto de qualidade do presidente José João Abrantes.

A decisão do TC é de dia 23, mas só agora foi tornada pública, uma vez que faltavam as declarações de voto vencido de alguns juízes e estas são também parte integrante do acórdão.

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Portugal exportou quase 26 toneladas de canábis desde 2019

  • Lusa
  • 31 Janeiro 2024

A Alemanha, Polónia, Austrália, Espanha e Malta foram os principais destinos da canábis exportada por Portugal no primeiro semestre do ano.

Perto de 26 toneladas de canábis cultivadas e produzidas em Portugal foram exportadas desde 2019, ano em que foi legalizado o uso desta planta para fins medicinais, revelam dados do Infarmed. Só em 2022, último ano com dados completos, foram exportadas 9.271 quilos, treze vezes mais que os 709 quilos exportados em 2019, após a entrada em vigor da lei em 1 de fevereiro.

Nos primeiros seis meses deste ano, foram exportadas 5.438 quilos, representando 58,6% do total exportado em todo o ano de 2022. A Alemanha, Polónia, Austrália, Espanha e Malta foram os principais destinos da canábis exportada por Portugal no primeiro semestre do ano, adianta a Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde (Infarmed) num balanço feito à agência Lusa a propósito dos cinco anos da entrada em vigor da lei.

Atualmente, existem em Portugal 21 empresas com licença para cultivo da canábis para fins medicinais, 13 para fabrico, 27 com licenças para importação e exportação e 15 para comercialização. O Infarmed adiantou que está a avaliar três pedidos de autorização para colocação no mercado de três substâncias e 12 preparações à base da planta de canábis.

Desde que foi aprovada em 2021 a comercialização da primeira, e até agora única, preparação à base canábis em Portugal, foram vendidas 1.913 embalagens do produto, que consiste em flores secas da planta ‘Cannabis sativa’, contendo 18% de tetrahidrocanabinol (THC) e menos de 1% de canabidiol (CBD). Em Portugal, está também autorizada e venda dos medicamentos Sativex, para o tratamento de doentes adultos com espasticidade moderada a grave devida a esclerose múltipla, e o Epidiolex, para epilepsia grave em crianças.

Dados do Centro de Estudos e Avaliação em Saúde (CEFAR) da Associação Nacional de Farmácias avançados à agência Lusa indicam que, no total, já foram vendidas 3.321 embalagens dos dois medicamentos. Fazendo um balanço dos cinco anos da lei, a presidente da direção do Observatório Português de Canábis (OPC), Carla Dias, afirmou que “alguma coisa mudou, mas está muito longe de ser suficiente para os doentes”.

Em 2021 tivemos a primeira preparação à base da planta canábis medicinal de uma das empresas licenciada, o que é ótimo, mas é uma solução que não é viável para todos os doentes, porque é uma preparação ou uma substância que é uma flor, só tem THC, e a via de administração para os doentes que poderiam usufruir não é a mais viável”, argumentou.

Carla Dias adiantou que o OPC tem estado “em permanente contacto” com o Infarmed para tentar perceber porque não há mais preparações ou substâncias das empresas que se vão licenciando e que já ultrapassam as 20 em Portugal. O observatório conseguiu perceber que “há algumas que não estão minimamente interessadas nos doentes portugueses”, exportando tudo o que produzem de cultivo.

“Há, no entanto, algumas empresas que se têm preocupado com os nossos doentes e que vão submetendo os dossiês ao Infarmed”, que exige determinados critérios que conferem ao doente qualidade e segurança, disse Carla Dias. A utilização destes produtos depende da avaliação médica e a sua dispensa apenas pode ser realizada na farmácia com receita médica.

Entre as indicações para a utilização destes produtos estão a dor crónica associada a doenças oncológicas, epilepsia e tratamento de transtornos convulsivos graves na infância, esclerose múltipla, náuseas e vómitos causados por quimioterapia, estimulação do apetite nos cuidados paliativos de doentes em tratamento oncológico ou com sida.

 

(Notícia corrigida a 01/02/2024 com a unidade toneladas a ser substituída por quilos. Pelo erro, pedimos desculpas aos leitores)

 

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Agricultores prometem bloquear fronteiras, estradas e pontes em protesto

  • Lusa
  • 31 Janeiro 2024

Nem os apoios aprovados pelo Governo travaram os protestos dos agricultores marcados para esta quinta-feira. Os agricultores alentejanos ameaçam bloquear três postos de fronteiras com Espanha.

Agricultores do Alentejo prometeram esta quarta-feira bloquear com tratores e máquinas agrícolas as três principais fronteiras da região com Espanha, na quinta-feira de manhã, num protesto contra a decisão do Governo de cortar ajudas ao setor. “O mundo rural está em falência”, justificou esta quarta-feira à agência Lusa António Saldanha, agricultor e um dos dinamizadores do denominado Movimento Civil Agricultores de Portugal na região alentejana.

Esta ação de protesto na região, que integra a iniciativa nacional do movimento, vai decorrer, a partir das 06:00 de quinta-feira, junto às fronteiras do Caia (Elvas, distrito de Portalegre), Mourão (Évora) e Vila Verde de Ficalho (Serpa, distrito de Beja). Questionado pela Lusa sobre o acordo anunciado hoje entre a Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) e o Governo para reverter os cortes previstos para os agricultores, no âmbito do Plano Estratégico da PAC, o responsável argumentou que nada muda.

“Este protesto mantém-se até que as ajudas às perdas de rendimento cheguem ao bolso dos agricultores”, afirmou António Saldanha. Segundo este dinamizador do movimento no Alentejo, agricultores de toda a região vão convergir para as três fronteiras para “bloquear as principais entradas em Portugal com todos os meios disponíveis ligados à agricultura”.

“Chegámos a um ponto em que foi extremamente fácil unir-nos, porque todos fomos afetados da mesma forma e já todos estávamos muito descontentes”, referiu, salientando que os cortes nos apoios, conhecidos na semana passada, foram a ‘gota de água’. António Saldanha disse que os agricultores têm “um contrato com o Estado português” relativo a “ajudas para a produção em regime biológico”, tal como acontece em toda a Europa, e, neste âmbito, contavam receber os apoios contratualizados em 2023.

As ajudas, apontou, servem para “colmatar as perdas de rendimento que acontecem derivado ao regime biológico”, pois quem opta por este modo de produção não pode utilizar fertilizantes, herbicidas e determinadas rações. “Essa perda de valor era colmatada com ajudas que vêm de fundos europeus e esses valores eram para ter sido pagos até ao dia 30 de dezembro [de 2023], mas fomos avisados que iriam ser pagos no dia 25 de janeiro” deste ano, afirmou.

Lembrando que todos têm “compromissos financeiros e investimentos feitos” e que foi “um ano catastrófico em termos de produção” devido à seca, o agricultor indicou que, na véspera dessa data para o pagamento, foram informados de que “iria haver um corte de 37%” nas ajudas. “Não recebemos absolutamente um cêntimo, em alguns casos, e houve outros que receberam muito menos do que estavam à espera”, vincou.

Sublinhando que o descontentamento no setor “arrasta-se há muitos anos”, António Saldanha considerou que “os sucessivos ministérios da Agricultura não têm sido amigos dos agricultores”. “A realidade é que as ajudas que são distribuídas pelos produtores agrícolas vão-se refletir nas prateleiras e nos frigoríficos dos supermercados, quer no preço, quer na quantidade”, alertou.

Ou seja, “se as ajudas comunitárias não são distribuídas, os produtores agrícolas vão ser obrigados a produzir menos e, por consequência, a vender os seus produtos por muito mais valor”. A CAP avançou esta quarta que o Governo vai reverter os cortes previstos para os agricultores, no âmbito do Plano Estratégico da PAC, mas essa reversão carece de uma autorização especial da Comissão Europeia. Os ministérios da Agricultura e das Finanças agendaram para esta tarde uma conferência de imprensa conjunta.

Agricultores do Oeste e Ribatejo manifestam-se na Ponte da Chamusca

Já os agricultores do Ribatejo e Oeste vão concentrar-se na quinta-feira num protesto pacífico na Ponte da Chamusca, depois da recusa de duas autarquias do distrito de Santarém em autorizarem manifestações nos seus concelhos. “Uma marcha super pacífica, com concentração na Ponte da Chamusca” marcará, na manhã de quinta-feira, o protesto dos agricultores do Ribatejo e do Oeste, disse à agência Lusa Nuno Mayer, porta-voz do Movimento Civil Agricultores de Portugal nesta região.

A concentração em que os agricultores vão “mostrar descontentamento” pela demora na reposição de ajudas ao setor será reduzida apenas aos concelhos da Chamusca e da Golegã, ambos no distrito de Santarém, devido ao facto de as autarquias de Barquinha e do Entroncamento “não terem autorizado qualquer manifestação”, explicou. “É uma pena porque são Câmaras do interior, em que a população é muito rural e muito agricultora”, disse Nuno Mayer, lamentando igualmente a falta de apoio da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) ao protesto.

“Os agricultores é que ficaram a arder com 35% dos apoios à produção, ou seja, daquilo que estávamos a contar para manter os preços baixos e poder estar competitivos com o resto da Europa”, afirmou Nuno Mayer, criticando que a confederação que “é suposto defender [o setor]” tenha emitido um comunicado em que expressa a posição de não organizar nem participar em ações que condicionem o normal e regular funcionamento do Mercado Único e impeçam a livre circulação de bens agrícolas.

Reagindo ao anúncio do Governo relativo a um pacote de apoio ao rendimento dos agricultores no valor de quase 500 milhões de euros, destinado a mitigar o impacto provocado pela seca e a reforçar a Política Agrícola Comum (PAC), Nuno Mayer garantiu que no Ribatejo e Oeste, “os agricultores não vão desmobilizar” até que “as promessas se concretizem”.

“Os agricultores estão reconhecidos que o Ministério da Agricultura tenha entendido a asneira que fez, ao fazer mal os cálculos e tenha voltado atrás” disse, considerando trata-se de “um primeiro gesto de boa vontade”. Porém, vincou: “O banco que está à espera que eu pague o adiantamento destas ajudas não vai ter a boa vontade de esperar pelo dinheiro”, tal como “os fornecedores de sementes, de serviços de adubos”.

Portanto, rematou, “é ver para crer”, já que os agricultores não vão desconvocar o protesto sendo esperados, na Ponte da Chamusca, mais de mil participantes na concentração. O protesto do Movimento Civil Agricultores de Portugal, um movimento civil espontâneo e apartidário que une agricultores e sociedade civil em defesa do setor primário, ocorre a partir das 06:00 de quinta-feira, em várias regiões do país.

Agricultores algarvios fazem marcha de protesto entre Faro e Castro Marim

Os agricultores do Algarve vão realizar uma marcha lenta entre Faro e Castro Marim, na quinta-feira, para exigir “condições justas” e a “valorização da atividade”, anunciou o Movimento Civil de Agricultores Portugueses, promotor do protesto. Segundo a informação enviada à agência Lusa pela porta-voz do movimento no Algarve, Fátima da Rocha, os participantes são chamados a agrupar-se junto ao estádio do Algarve, no Parque das Cidades Faro-Loulé, pelas 05:00, iniciando uma hora depois uma marcha lenta pela Estrada Nacional 125, até Castro Marim.

A manifestação está inserida num conjunto de ações convocadas pelo movimento para quinta-feira, em várias zonas do país, nos quais está previsto a saída de máquinas agrícolas para as estradas para reclamar melhores condições na atividade. O protesto foi convocado hoje pelo Movimento Civil Agricultores de Portugal, que se apresenta como “um movimento civil espontâneo e apartidário que une agricultores e sociedade civil em defesa do setor primário”.

Dia 01 de fevereiro, a partir das 06:00 da manhã, os agricultores vão para as estradas portuguesas com máquinas agrícolas lutar pelo direito humano à alimentação adequada, por condições justas e pela valorização da atividade”, informou o movimento num comunicado. Convidando “toda a sociedade civil a estar presente e a apoiar esta causa”, os agricultores portugueses afirmam-se “unidos e preparados para se defenderem do ataque permanente à sustentabilidade, à soberania alimentar e à vida rural”.

O Movimento Civil Agricultores de Portugal destaca que o seu objetivo é “apoiar os agricultores e melhorar a produtividade do setor agrícola, garantindo um abastecimento estável de alimentos a preços acessíveis”. A estrutura defende a “reposição imediata das ajudas” e a “assunção dos compromissos contratualizados” no âmbito de uma revisão do Plano Estratégico da Política Agrícola Comum (PEPAC) para garantir a sua adequação “à realidade portuguesa”.

Os agricultores defendem também políticas agrícolas com diretrizes de médio e longo prazo, de forma a garantir estabilidade ao setor, uma dotação orçamental “adequada a cada pilar”, ecorregimes adequados a cada território, a convergência para a média da União Europeia, a revisão do calendário de pagamentos e a desburocratização dos licenciamentos (Balcão do Agricultor).

Entre as reivindicações estão ainda o reconhecimento dos serviços ambientais, fatores de produção “a preços justos e competitivos” (nomeadamente nos combustíveis), a valorização dos produtos no produtor, a aplicação das mesmas regras da União Europeia à entrada de produtos agrícolas de países terceiros e que a agricultura faça parte da disciplina de Cidadania nas escolas.

Agricultores do Centro mantêm protesto apesar dos apoios anunciados pelo Governo

Os agricultores da região Centro do país irão manter o protesto de quinta-feira, com cortes de estradas por máquinas agrícolas, apesar das medidas de apoio anunciadas, desconfiando das intenções do Governo e criticando associações do setor. “Estas medidas agora anunciadas pelo Governo são para nós, apenas, uma carta de boas intenções. É um Governo que está em gestão, está demissionário, temos de perceber que grande parte dessas medidas iriam ser implementadas ou serão verificadas já no próximo Governo”, disse à agência Lusa Ricardo Estrela, porta-voz da região das Beiras do movimento cívico Agricultores de Portugal.

“Mas temos tudo para desconfiar, porque as promessas que têm sido feitas ao longo dos anos não são cumpridas. Isto foi um atraso nas medidas, estamos a falar de apoios à produção que deveriam ter sido pagos em 2023, foram pagos em 2024 e com cortes sem serem anunciados, mostrando total desrespeito pelo setor agrícola”, vincou Ricardo Estrela. O também produtor de gado ovino no distrito de Castelo Branco, deixou também críticas a organizações e associações representativas do setor agrícola, frisando que estão “desacreditadas” junto dos agricultores.

Sobre o protesto, agendado para a madrugada de quinta-feira em vários locais do interior do país, considerou-o transversal a diversos setores agrícolas e demonstrativo de que os agricultores estão cansados de “políticas erráticas” ao longo dos anos e de sucessivas promessas não cumpridas.

“O que temos de fazer são medidas de protesto, que irão passar, obviamente, pelo corte de algumas vias. Vamos cortar um ou outro acesso ao país, mas ficam outros abertos, vamos causar algum transtorno, vamos obrigar as pessoas a passarem por percursos menos habituais e com piores acessos e com piores estradas”, revelou o agricultor do distrito de Castelo Branco.

Sem revelar grandes pormenores sobre o protesto agendado para a região das Beiras, Ricardo Estrela anunciou que o local de concentração das máquinas e tratores agrícolas será junto ao nó de acesso à autoestrada 25 (A25), de ligação entre Aveiro e Vilar Formoso, num local conhecido como Alto de Leomil (concelho de Almeida, distrito da Guarda), por onde se faz umas das ligações à aldeia histórica de Castelo Mendo, a cerca de 15 quilómetros da fronteira.

A concentração está prevista para começar a partir das 04:30 de quinta-feira, sendo de prever o possível corte da A25 naquele local, a exemplo de outros protestos anunciado pelo país, com cortes de vias e acessos às fronteiras com Espanha. Ricardo Estrela, que é administrador de uma sociedade agrícola e de uma herdade privada considerada a maior do país, notou, no entanto, que o protesto do movimento Agricultores de Portugal diverge das manifestações que têm ocorrido em França e noutros países europeus, já que não pretende ser violento.

“Se acabasse por ser violento significaria que tínhamos perdido o controle da situação”, argumentou. Por outro lado, as reivindicações dos agricultores portugueses também se diferenciam das dos seus colegas franceses, com exceção de uma, as regras europeias impostas aos agricultores dos estados-membros da UE, para garantir a qualidade dos produtos, não observadas por países fornecedores de fora do espaço europeu, naquilo que acusam ser concorrência desleal.

“Somos solidários com França e sentimos na pele os problemas que os agricultores franceses sentem. Mas os nossos problemas são bem mais primários e bem mais profundos”, alegou o agricultor. As diferenças para os agricultores franceses e alemães notam-se, também, por exemplo, na qualidade da maquinaria agrícola existente: “Quem assistir ao nosso protesto e verificar as imagens dos tratores franceses na televisão, vê logo a diferença. Aqui há tratores com 30 anos, porque as pessoas, muitas vezes, não têm meios para os renovarem”, ilustrou Ricardo Estrela.

(Notícia atualizada pela última vez às 20h19)

 

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Mais de metade das novas empresas não chega aos três anos

Em 2022 foram criadas 232.173 novas empresas o que representa um aumento de 24,1% face ao ano anterior, segundo dados do INE. A proporção de sobrevivência num período de três anos é de 48,5%.

Mais de duas em cada 10 novas empresas desaparecem antes de completarem o primeiro ano e mais de metade não consegue vingar nos primeiros três anos de vida, segundo mostra o Instituto Nacional de Estatística (INE). Em 2022, nasceram 232 mil novas empresas, que empregaram mais de 265,5 mil pessoas.

No final de 2022, havia 1.453.728 empresas ativas em Portugal, sendo que 232.173 nasceram nesse ano, o que representa um crescimento de 24,1% face a 2021, ultrapassando o nível pré-pandemia, adianta o INE. No mesmo ano, estima-se que o número de mortes tenha atingido 150.661 empresas (+5,2%).

“A proporção de empresas sobreviventes um ano após o nascimento fixou-se em 75,5% (-0,2 pontos percentuais face a 2021) e as sobreviventes três anos após o nascimento corresponderam a 48,5% (-0,6 pontos percentuais em relação ao ano anterior)”, refere o instituto.

Segundo o INE, estas novas empresas foram responsáveis por empregar 265.507 pessoas e geraram 4,59 mil milhões de euros de volume de negócios, respetivamente, mais 21,7% e 45,9% que no ano anterior.

No que se refere à morte de empresas, estima-se que estas tenham sido responsáveis pela redução de 176.233 pessoas ao serviço e de 3.790 milhões de euros de volume de negócios.

Apesar do elevado número de empresas que ficam pelo caminho nos primeiros anos de vida, o INE refere que, “em termos líquidos, diferença entre os nascimentos e mortes, registou-se um saldo positivo no número de empresas, do pessoal ao serviço e do volume de negócios”.

Mais gazelas em 2022

No que toca a sociedades de elevado crescimento, designadas gazelas, em 2022 existiam 5.635 sociedades, mais 5,3% que no ano anterior, e eram representativas de 10,7% do total das sociedades não financeiras com 10 ou mais pessoas remuneradas, 16,2% do pessoal ao serviço, 12,6% do volume de negócios e 14,4% do valor acrescentado bruto (VAB).

O número de sociedades não financeiras jovens de elevado crescimento, designadas gazelas, aumentou 10,8% em 2022, contrariando a tendência observada nos últimos anos (-3,8% em 2021 e -13,6% em 2020), totalizando 614 sociedades. O conjunto das gazelas foi responsável por um VAB de 1.132 milhões de euros.

Mais empresas de transportes e armazenamentos

Os setores dos outros serviços, construção e atividades imobiliárias, comércio e alojamento e restauração concentraram o maior número de nascimentos de empresas (59,6%, 9,2%, 8,5% e 7,1%).

Segundo o INE, “entre os setores com um aumento no nascimento de empresas, destacaram-se os transportes e armazenagem, o alojamento e restauração e a informação e comunicação (57,7%, 49,6% e 36,3% entre 2021 e 2022)”.

Já os serviços financeiros registaram o maior decréscimo no número de nascimento de empresas (61,4%), sendo um dos setores, juntamente com a agricultura e pescas, com nascimentos líquidos negativos.

“No que se refere às mortes de empresas, estima-se que os outros serviços, o comércio e a agricultura e pescas registaram o maior número de situações (55,8%, 11,5% e 8,4%). O setor da informação e comunicação evidenciou um maior crescimento no número de mortes entre 2021 e 2022 (+24,6%), seguido dos outros serviços (+12,1%)”, refere o INE.

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Governo anuncia apoios de quase 450 milhões para os agricultores

Ministra da Agricultura anunciou esta quarta-feira novas medidas para apoiar o setor, incluindo 250 milhões de euros para cobertura de perdas resultantes da seca e uma nova linha de crédito.

Audição da ministra da Agricultura e Alimentação, Maria do Céu Antunes, relativa à nomeação da ex-secretária de Estado da Agricultura, Carla Alves - 18JAN23
Ministra da Agricultura anunciou novos apoios aos agricultores, incluindo cobertura de perdas resultantes da seca em 2024 e 2025Hugo Amaral/ECO

A ministra da Agricultura e da Alimentação, Maria do Céu Antunes, anunciou esta quarta-feira um novo pacote de medidas para apoiar o setor da agricultura, no valor de cerca de 450 milhões de euros, financiado pelo Orçamento do Estado. Entre o conjunto de apoios está a cobertura de quebras de produção nestes próximos dois anos, que corresponde ao grosso deste montante, mas também uma nova linha de crédito de apoio à tesouraria e um alívio fiscal no gasóleo agrícola.

O primeiro pilar do “Pacote de Apoio ao Rendimento dos Agricultores” corresponde a dois apoios para mitigar os efeitos da seca nos rendimentos dos agricultores. Estão previstos apoios à produção no valor de 200 milhões de euros, para todo o país, “assegurando a cobertura das quebras registadas em 2024 e 2025”, assim como a criação de uma linha de crédito de 50 milhões de euros com taxa de juro nula para apoio à tesouraria, destinada a este setor.

Estes 450 milhões de euros vêm exclusivamente do Orçamento do Estado. Vêm da boa gestão que nos permite ter boas contas públicas, que permitem acompanhar aquilo que são as necessidades dos portugueses e das portuguesas e, neste caso, dos agricultores em concreto. Estamos a falar de auxílios de Estado que vão ser alocados a estas medidas, com a flexibilidade que temos.

Maria do Céu Antunes

Ministra da Agricultura e Alimentação

A segunda vertente deste pacote inclui medidas de “reforço dos apoios aos rendimentos” dos agricultores, no valor de 190 milhões de euros. Desde logo, com a luz verde do Ministério das Finanças, a ministra da Agricultura anunciou a baixa do ISP do gasóleo agrícola para o nível mínimo permitido na União Europeia, o que permite uma redução de 55% do imposto, de 4,7 cêntimos por litro para 2,1 cêntimos por litro, medida avaliada em 11 milhões de euros por ano.

Segundo Maria do Céu Antunes, este alívio fiscal nos combustíveis será sentido pelos agricultores já a partir de segunda ou terça-feira, visto que o diploma já foi submetido para publicação no Diário da República com “caráter de urgência”.

Depois, a ministra confirmou o reforço de 60 milhões de euros do Pilar 1 do Plano Estratégico da Política Agrícola Comum (PEPAC), nos apoios à produção dos agricultores, “para assegurar as candidaturas nos ecorregimes ‘agricultura biológica’ e ‘produção integrada’ e o pagamento integral aos agricultores que se candidataram”.

Em causa está aquilo que a Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) chamou de “cortes” – designação que o Governo contesta – de 35% nos apoios da agricultura biológica e de 25% na produção integrada, e que motivou a convocação de uma manifestação de agricultores para amanhã, quinta-feira. Pouco antes da conferência de imprensa em que a ministra anunciou este pacote de apoios, o presidente da CAP, Álvaro Mendonça e Moura, tinha anunciado o acordo com o Governo para que esses “cortes” ficassem sem efeito, sujeito a uma autorização “especial” da Comissão Europeia.

Na ótica da ministra da tutela, a controvérsia resultou de uma “comunicação menos feliz” do IFAP (Instituto de Financiamento de Agricultura e Pescas), “que falou antes do tempo”, numa altura em que “o pacote [anunciado esta quarta-feira] ainda nem estava fechado”.

Prosseguindo nas medidas, foi anunciado o reforço de 60 milhões de euros no segundo pilar, o do desenvolvimento rural, “para assegurar, até final de fevereiro, o pagamento da totalidade das candidaturas às medidas de ambiente e clima”. Maria do Céu Antunes disse que foram recebidas no “dobro” do orçamento disponível, pelo que o Governo entendeu ser “determinante” reforçá-lo deste modo e permitir que os agricultores “acelerem” a “transição ecológica”.

Por fim, o Executivo comprometeu-se a submeter a reprogramação do PEPAC em fevereiro para “criar novas medidas de ambiente e clima”, algo feito “a pedido dos agricultores” e em sede do acordo de médio prazo de melhoria de rendimentos. As novas medidas valerão 58 milhões de euros, disse a governante, informando que este pacote é financiado pelo Orçamento nacional sob a forma de auxílios de Estado.

À hora a que a ministra da Agricultura anunciava estes apoios, ladeada pelo ministro das Finanças, Fernando Medina, mantinha-se em curso um grande protesto de agricultores em França, manifestação que tem marcado os últimos dias por causa do bloqueio dos principais acessos a Paris com tratores.

Na conferência de imprensa, Maria do Céu Antunes anunciou ainda que dia 8 de fevereiro serão aprovadas em Conselho de Ministros “medidas em concreto na área do Ambiente, da Agricultura e do Turismo”, para “dar estabilidade àquela região” que tem sido bastante fustigada pela seca. Uma região “muito importante para o nosso país”, por causa do turismo, mas em que a agricultura representa também a “diversificação da atividade económica”.

(Notícia atualizada pela última vez às 16h52)

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Janeiro é o mês com mais mortes desde a pior fase da pandemia em 2021

  • Lusa
  • 31 Janeiro 2024

O dia com mais óbitos reportados foi 2 de janeiro, quando morreram 551 pessoas, um valor que não era verificado para o mesmo dia desde 2017, quando foram contabilizadas 578 mortes.

Portugal registou 13.160 óbitos em janeiro, o pior mês de janeiro desde 2021, a fase da pandemia de covid-19 que atingiu o maior número de mortes, de acordo com dados oficiais. Segundo o Sistema de Informação dos Certificados de Óbito (SICO), foram contabilizadas 19.649 mortes em janeiro de 2021, enquanto em 2022 e 2023 haviam sido registadas 11.747 e 11.945, respetivamente.

O início de 2024 também foi o mais mortal dos últimos três anos, assinalando 5.542 mortes nas duas primeiras semanas. O dia com mais óbitos reportados foi 2 de janeiro, quando morreram 551 pessoas, um valor que não era verificado para o mesmo dia desde 2017, quando foram contabilizadas 578 mortes.

O SICO mostra ainda que no dia de Ano Novo morreram 513 pessoas, um número que nunca foi atingido em 01 de janeiro nos últimos 10 anos. Nos primeiros quatro dias de 2024 foram registados 2.119 óbitos. Nos últimos dez anos nunca foram registadas mais do que duas mil mortes nesse período. Nem em 2021, ano marcado pela pandemia.

Depois de ter registado um excesso de óbitos durante 18 dias, janeiro verificou um decréscimo a partir do dia 19, com a mortalidade a permanecer “dentro do esperado”. O excesso de mortalidade tinha vindo a ser registado desde o dia de Natal de 2023, ficando 37,4% acima do esperado em 01 janeiro, 47,4% em 2 de janeiro, 43,3% em 3 de janeiro e 38,6% em 4 de janeiro, os dias mais críticos.

Entre 1 de janeiro e esta quarta, a maioria dos óbitos ficou a dever-se a causas naturais, com uma média de 376 mortes diárias. A média de óbitos por causas externas é de 1,7 e 1.487 estão sujeitos a investigação.

Os dados disponibilizados pelo SICO são atualizados de forma automática em intervalos de 10 minutos, permitindo fornecer aos administradores de saúde, autoridades de saúde pública e responsáveis pelo planeamento na área da saúde informação atualizada sobre mortalidade ocorrida em território nacional, por área geográfica, grandes grupos de causas de morte e grupo etário.

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Agricultores alemães em Berlim “preparados para tudo”

  • Lusa
  • 31 Janeiro 2024

Os agricultores voltam a exigir ao governo a isenção de impostos sobre os veículos agrícolas e florestais e o apoio ao gasóleo agrícola.

Os agricultores alemães protestam esta quarta-feira por todo o país, e em frente ao parlamento, em Berlim, para que seja reprovada a proposta de orçamento de estado, discutida esta semana, declarando-se “preparados para tudo”. “Sem nós não há comida” ou “Política com visão de futuro? Nem pensar!” são algumas das mensagens que podem ler-se nos cartazes de cerca de 30 agricultores, que prometem continuar as ações de luta se não forem ouvidos.

“Vamos até onde for preciso. Somos agricultores, estamos habituados ao tempo imprevisível, estamos preparados para tudo”, sublinha Ronny Lehmann, agricultor há 28 anos a viver na região de Brandeburgo. “É a quinta vez que venho a Berlim protestar. Hoje é especialmente importante porque neste edifício (Bundestag) está a ser discutido o nosso futuro. Precisamos de continuar a ter apoio para que esta profissão continue a existir”, salienta em declarações à agência Lusa.

Os agricultores voltam a exigir ao governo a isenção de impostos sobre os veículos agrícolas e florestais e o apoio ao gasóleo agrícola, depois de várias manifestações durante os meses de dezembro e janeiro que juntaram milhares de tratores em Berlim e bloquearam as principais vias da capital alemã. Fabian Erich, um dos organizadores do protesto, realça que em causa está o futuro da profissão, especialmente para quem a exerce em pontos mais remotos do país.

“É cada vez mais difícil viver disto, e sem os subsídios ao combustível agrícola é simplesmente impossível. Mas os agricultores são resilientes e, sobretudo, gostam do que fazem”, acrescenta. Os protestos também se verificam noutros pontos do país. Na região de Trier, a entrada na autoestrada A602, perto de Kenn, esteve bloqueada durante o início da manhã. Na ponte entre Wellen e Grevenmacher (no Luxemburgo) pilhas de estrume impediram a circulação do trânsito.

No estado federado da Alta Saxónia, pelo menos 73 vias de acesso foram bloqueadas, de acordo com os jornais locais, que contabilizam cerca de quatro centenas de manifestantes. A Associação Alemã dos Agricultores, principal organizadora das manifestações de hoje, apelou ao chanceler Olaf Scholz, através de uma carta aberta, para que encontre uma solução viável para o setor.

“A vontade, até agora irreconhecível, do Governo Federal de fazer mais concessões ao setor do gasóleo agrícola levou a uma enorme perda de confiança no executivo por parte dos agricultores”, sublinha o presidente da associação, Joachim Rukwied, em comunicado. “Para que esta perda de confiança não se agrave ainda mais, é urgente que os políticos deem um sinal claro de que a agricultura na Alemanha deve ter futuro e que está assegurada a competitividade da nossa agricultura”, pode ler-se no documento.

Os agricultores alemães reivindicam benefícios fiscais e medidas para reforçar a gestão individual dos riscos agrícolas, isenção fiscal para a utilização de combustíveis não fósseis na agricultura, um programa para restaurar a competitividade no mercado único europeu, e uma iniciava “séria e eficaz” para reduzir a burocracia a nível nacional e europeu.

Os protestos na Alemanha subiram de tom em dezembro, depois do governo da coligação ‘semáforo’, formado pelo Partido Social Democrata (SPD), os Verdes e os liberais do FDP, ter apresentado uma série de medidas para tapar um buraco de 17 mil milhões de euros no orçamento. No pacote de medidas estava o corte dos subsídios ao combustível agrícola que recebeu luz verde da comissão de orçamento do parlamento. Até sexta-feira, é discutida a aprovação final do orçamento de estado para 2024.

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Agência da ONU para refugiados palestinianos pede inquérito independente

  • Lusa
  • 31 Janeiro 2024

"Temos 33.000 empregados (...) para nós, é extremamente importante a realização de um inquérito independente sobre os casos individuais que Israel apontou", afirmou o porta-voz da UNRWA.

A Agência das Nações Unidas para os refugiados palestinianos (UNRWA) considerou esta quarta-feira “muito importante” um inquérito independente sobre as alegações de Israel, que a acusa de “esconder terroristas” na Faixa de Gaza, indicou em Amã uma porta-voz deste organismo.

Importantes doadores – incluindo os Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, Japão – anunciaram a suspensão da sua ajuda à UNRWA após Israel ter acusado 12 dos seus empregados de envolvimento no ataque de 7 de outubro efetuado pela ala militar do movimento islamita palestiniano Hamas.

 

“Temos 33.000 empregados (…) para nós, é extremamente importante a realização de um inquérito independente sobre os casos individuais que Israel apontou”, afirmou à agência noticiosa AFP Tamara Alrifai, porta-voz da UNRWA. “Recebemos as alegações do Governo israelita sobre 12 nomes em Gaza, verificámos esses nomes com base nos nossos registos de 13.000 empregados em Gaza, e conseguimos fazer corresponder oito desses nomes”, acrescentou.

A UNRWA anunciou ter despedido a maioria dos funcionários que foram assinalados. Na terça-feira, o Governo israelita acusou a agência da ONU de estar “fundamentalmente comprometida”, e alegou permitir que o Hamas “utilize as suas infraestruturas” para efetuar ações militares e “esconder terroristas”. O porta-voz do Executivo israelita, Eylon Levy, foi mais longe ao assegurar que a agência “recrutou massivamente terroristas” entre os seus 13.000 funcionários em Gaza. ´

No entanto, não apresentou provas sobre estas novas alegações, e que a AFP também não conseguiu verificar. A porta-voz da UNRWA indicou que “até ao momento 15 países anunciaram congelar as suas contribuições à UNRWA”, advertindo que “caso mantenham a sua decisão, o impacto será catastrófico para os habitantes de Gaza”.

Neste território palestiniano totalmente cercado por Israel e onde se perspetiva uma crise humanitária de enormes proporções, bairros inteiros foram destruídos pelos bombardeamentos israelitas, forçando cerca de 1,8 milhões dos 2,4 milhões a abandonaram as suas regiões para se concentrarem no sul da Faixa, segundo a ONU.

“Será um desastre (…) porque a situação humanitária já é catastrófica em Gaza onde prossegue a guerra, onde prossegue os deslocamentos [de população], onde as pessoas estão sobretudo nos abrigos da UNRWA, onde recebem a farinha da UNRWA para fazer pão, onde recebem os cuidados médicos da UNRWA”, sublinhou Tamara Alrifai.

No entanto, a porta-voz indicou que a UNRWA, responsável por fornecer ajuda a cerca de dois milhões de pessoas em Gaza, recebeu nos últimos dias “garantias de apoio” por parte de doadores que suspenderam o seu financiamento. O Governo Netanyahu é o mais religioso e ultranacionalista da história do país e elegeu como prioridade a expansão dos colonatos na Cisjordânia ocupada desde a chegada ao poder no final de 2022.

O conflito em curso entre Israel e o Hamas, que desde 2007 governa na Faixa de Gaza, foi desencadeado pelo ataque do movimento islamita em território israelita em 7 de outubro. Nesse dia, 1.140 pessoas foram mortas, na sua maioria civis mas também perto de 400 militares, segundo os últimos números oficiais israelitas. Cerca de 240 civis e militares foram sequestrados, com Israel a indicar que 127 permanecem na Faixa de Gaza.

Em retaliação, Israel, que prometeu destruir o movimento islamita palestiniano, bombardeia desde então a Faixa de Gaza, onde, segundo o governo local liderado pelo Hamas, já foram mortas pelo menos 26.400 pessoas — na maioria mulheres, crianças e adolescentes — e feridas mais de 64.000, também maioritariamente civis. A ofensiva israelita também tem destruído a maioria das infraestruturas de Gaza e perto de dois milhões de pessoas foram forçadas a abandonar as suas casas, a quase totalidade dos 2,3 milhões de habitantes do enclave, controlado pelo Hamas desde 2007.

A população da Faixa de Gaza também se confronta com uma crise humanitária sem precedentes, devido ao colapso dos hospitais, o surto de epidemias e escassez de água potável, alimentos, medicamentos e eletricidade. Desde 7 de outubro, pelo menos 365 palestinianos também já foram mortos pelo Exército israelita e por ataques de colonos na Cisjordânia e Jerusalém Leste, territórios ocupados pelo Estado judaico, para além de se terem registado 5.600 detenções e mais de 3.000 feridos.

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Espanhola Amadeus compra portuguesa Vision-Box por 320 milhões de euros

Os 470 trabalhadores da empresa portuguesa de soluções biométricas devem ser transferidos para a Amadeus na primeira metade de 2024.

A empresa espanhola Amadeus anunciou esta quarta-feira a aquisição da empresa portuguesa de soluções biométricas Vision-Box, num negócio de 320 milhões de euros. Os 470 trabalhadores da companhia lusa passam a integrar a Amadeus.

A compra vai permitir à Amadeus incluir serviços de controlo de fronteiras e outras soluções de acesso biométrico, expandindo as suas capacidades para oferecer serviços desde as reservas de clientes até controle de fronteiras e embarque. Em comunicado, a Amadeus adiantou que a aquisição da portuguesa Vision-Box reforça a sua “ambição de ligar a indústria das viagens através de uma abordagem de ecossistema contínua”.

A companhia espanhola realça ainda que o setor global biométrico deverá crescer para 86 mil milhões de dólares até 2028, face aos 48 mil milhões registados no ano passado.

O comunicado refere ainda que os 470 colaboradores da Vision-Box devem ser transferidos para a Amadeus, uma operação que deverá estar concluída na primeira metade de 2024. A empresa estima registar receitas de 70 milhões de euros em 2023 e um EBITDA de 20 milhões.

A Vision-Box, fundada por Miguel Leitmann e Bento Correia, fornece soluções de identificação biométrica para aeroportos, companhias aéreas, companhias de cruzeiros e portos, com presença em mais de 100 países.

Estou extremamente entusiasmado com as oportunidades de crescimento da Vision-Box ao juntarmo-nos à Amadeus, uma empresa líder em tecnologia de viagens com uma presença global”, afirmou Miguel Leitmann, fundador e CEO da Vision-Box.

Decius Valmorbida, presidente da Amadeus, adiantou que “a biometria é uma indústria estratégia e em rápido crescimento e as capacidades da Vision-Box vão permitir-nos acelerar o crescimento nesta área“.

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Ao fim de uma semana, interrogatórios aos suspeitos de corrupção na Madeira ainda não começaram

  • Lusa
  • 31 Janeiro 2024

Os interrogatórios aos três detidos há uma semana numa operação por suspeitas de corrupção na Madeira ainda não começaram no Campus de Justiça, em Lisboa.

Os interrogatórios aos três detidos há uma semana numa operação por suspeitas de corrupção na Madeira ainda não começaram no Campus de Justiça, em Lisboa, tendo durante a manhã desta quarta-feira decorrido a comunicação dos elementos do processo.

À saída do Tribunal Central de Instrução Criminal, o advogado Paulo Sá e Cunha, que defende o ex-presidente da Câmara Municipal do Funchal, adiantou que esteve a ser feita a comunicação dos elementos do processo aos arguidos durante a manhã, pelo que os interrogatórios ainda não começaram.

Após sete dias detidos, Pedro Calado, que formalizou na segunda-feira a renúncia ao cargo de presidente da maior câmara da Madeira, Custódio Correia, principal acionista do grupo ligado à construção civil Socicorreia, e Avelino Farinha, do grupo AFA, continuam assim a ver os seus interrogatórios adiados desde sábado.

Para esta tarde, o recomeço dos trabalhos no tribunal está marcado para as 14h15, de acordo com fonte judicial, devendo terminar pelas 17h00 devido à greve dos funcionários judiciais às horas extraordinárias.

Os três homens foram detidos em 24 de janeiro, na sequência de cerca de 130 buscas domiciliárias e não domiciliárias efetuadas pela Polícia Judiciária (PJ) sobretudo na Madeira, mas também nos Açores e em várias zonas do continente.

A operação também atingiu o presidente do Governo Regional (PSD/CDS-PP), Miguel Albuquerque, que foi constituído arguido e oficializou na segunda-feira a renúncia ao cargo, que tinha anunciado na sexta-feira.

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