Projeto da AEP “guia” 600 empresas na resposta a concursos públicos

Promovido pela Associação Empresarial de Portugal em parceria com organizações da Galiza, o Bid4tenders vai apoiar as PME a identificar e dar uma "resposta eficaz" na contratação pública.

Chama-se Bid4tenders e tem como objetivo apoiar e capacitar as empresas para o public procurement como forma de estimular a inovação, fortalecer a cooperação transfronteiriça e estabelecer novos negócios, respondendo às atuais barreiras através de uma nova plataforma digital para os gestores das PME. Promovido pela Associação Empresarial de Portugal (AEP), o projeto pretende envolver mais de 600 empresas.

“Através do Bid4tenders, vamos trabalhar em prol de uma cultura e prática de cooperação na identificação e resposta a concursos públicos com especial impacto na Eurorregião Norte de Portugal / Galiza, bem como da observação das melhores práticas de procurement e estruturação de um guia operativo a ser usado pelas PME na resposta eficaz a concursos públicos”, explica ao ECO o presidente da AEP, Luís Miguel Ribeiro.

Luís Miguel Ribeiro lembra que “todos os anos mais de 250 mil entidades da União Europeia gastam cerca de 14% do PIB na aquisição pública de bens e serviços. Em Portugal, por exemplo, foram movimentados mais de 12,5 mil milhões de euros em 182 contratos públicos, só em 2022. Mas a verdade é que as empresas ainda se deparam com diversas barreiras no acesso a estas oportunidades e ao conhecimento necessário para as aproveitar”.

As empresas ainda se deparam com diversas barreiras no acesso a estas oportunidades [na contratação pública] e ao conhecimento necessário para as aproveitar.

Luís Miguel Ribeiro

Presidente da AEP

Além de estabelecer uma relação de proximidade e apoiar em termos técnicos mais de 600 empresas e “garantir que, no mínimo, 90 empresas inovem a nível da organização e capacidade de negócio ao participarem e ganharem concursos públicos”, a organização persegue com este projeto os seguintes objetivos:

  • Produzir uma visão holística sobre a contratação pública a nível regional, transfronteiriço, europeu e internacional;
  • Aumentar a literacia das empresas da região transfronteiriça no âmbito do public procurement, levando-as a adotar esta prática comercial;
  • Aumentar a participação das PME em concursos públicos, e na sequência desta capacitação, aumentar também a percentagem de concursos públicos ganhos por PME, sobretudo estabelecendo cooperações à medida;
  • Promover um ambiente de negócios favorável e os benefícios em unir esforços entre empresas, estabelecendo as já mencionadas parcerias empresariais, para responderem de forma mais efetiva e robusta a estas oportunidades de negócio consubstanciadas no public procurement;
  • Apoiar o crescimento e a recuperação económica das PME;
  • Definir uma estratégia conjunta operativa que influencie os processos de tomada de decisão de decisores políticos e entidades públicas da área de cooperação com vista à simplificação processual e a concursos mais resilientes e sustentáveis;
  • Promover a acessibilidade a pessoas com incapacidades, a igualdade de oportunidades, a não discriminação, o desenvolvimento sustentável e a igualdade entre mulheres e homens;

Agendada para esta sexta-feira em Leça da Palmeira (Matosinhos), a sessão de lançamento direcionada a gestores e empresários do Norte de Portugal e Galiza conta com a presença da Comissária Europeia da Política de Coesão e Reformas, Elisa Ferreira, e dos presidentes das Câmaras de Comércio e Indústria do Arco Atlântico (Norte de Portugal, Galiza, Astúrias, Cantábria, Burgos, Navarra, País Basco e Nova Aquitânia), da Junta de Galiza e da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N).

Este projeto transfronteiriço é liderado pela Associação Empresarial de Portugal (AEP) e integra a Confederación de Empresarios de Galicia (CEG) e a Confederação Empresarial do Alto Minho (CEVAL). O IAPMEI – Agência para a Competitividade e Inovação e o Instituto Galego de Promoção Económica (IGAPE) juntam-se também ao projeto enquanto parceiros estratégicos.

O Bid4tenders é um projeto cofinanciado pela União Europeia através do Programa Interreg VI-A Espanha-Portugal (POCTEP) 2021-2027 com um custo total elegível de 585 mil euros, cofinanciado a 75%.

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Alemanha apoia acordo de comércio livre com Mercosul

  • Lusa
  • 1 Fevereiro 2024

Macron garantiu que ia impedir a ratificação do acordo de comércio livre com o Mercosul nas condições atuais, uma posição secundada pelo primeiro-ministro irlandês.

O chanceler alemão, Olaf Scholz, declarou esta quinta-feira apoio ao acordo de comércio livre entre a União Europeia (UE) e o Mercosul e o processo para concluir as negociações, contrariando os seus homólogos francês e irlandês.

Sou apologista dos acordos de livre comércio, também do acordo do Mercosul”, afirmou Scholz, na conferência de imprensa após a cimeira europeia extraordinária, realizada esta quinta para aprovar a ajuda financeira 50 mil milhões de euros à Ucrânia e no mesmo dia que agricultores de vários países europeus se manifestaram em Bruxelas.

Apesar do acordo alcançado em 2019, a UE e o Mercosul (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai) continuam em negociações sobre um texto que reforce compromissos ambientais. Na semana passada, o presidente francês, Emanuel Macron, garantiu que ia impedir a ratificação nas condições atuais, uma posição secundada esta quinta pelo primeiro-ministro irlandês, Leo Varadkar, que afirmou que o “tratado comercial não pode ser ratificado na sua atual forma”.

“Não podemos ter uma situação em que impomos regulamentos ambientais aos agricultores (europeus) e permitimos importações de países que não as têm”.

Por seu lado, Scholz lamentou que, em traços gerais, os acordos de livre comércio demorem a concluir-se e escusou-se a avançar uma data para o Mercosul. “Dizer quando é que se pode concluir um acordo que penso ter sido negociado há 20 anos é sempre arrojado”, rematou.

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PCP defende que é preciso “acabar com ditadura da grande distribuição”

  • Lusa
  • 1 Fevereiro 2024

O líder comunista afirma que a grande distribuição "aperta os rendimentos aos agricultores", e assim vai continuar a haver "mais explorações encerradas, menos produção alimentar".

O secretário-geral do PCP saudou esta quinta-feira a “justa luta” dos agricultores, defendendo que é preciso “acabar com a ditadura da grande distribuição” e acusando PS e a direita de serem responsáveis pela concretização da Política Agrícola Comum.

“O que os agricultores precisam hoje, e em particular os pequenos e médios agricultores, é que o seu rendimento, fruto das suas produções, aumente. Para isto acontecer é preciso, desde logo, acabar com uma questão central, que é a ditadura da grande distribuição”, defendeu Paulo Raimundo em declarações aos jornalistas na sede nacional do PCP, em Lisboa.

Para o líder comunista, “enquanto não se acabar com a ditadura da grande distribuição”, que “aperta os rendimentos aos agricultores”, vai-se continuar a ver “mais explorações encerradas, menos produção alimentar”. “O que se está a passar hoje é uma luta justa dos agricultores e tem de ser também uma justa luta de toda a população, porque primeiro vão os agricultores e depois a seguir vamos nós”, advertiu.

Paulo Raimundo considerou que há um ponto comum que une os agricultores que estão em protesto na Europa, referindo-se à Política Agrícola Comum (PAC), criticando as consequências que teve em Portugal e notando que há responsáveis pela sua conceção política e pela sua concretização. “Bem podem vir agora com declarações, com vídeos enviados para as redações com toda a firmeza, mas são todos responsáveis: PS, PSD e CDS, como protagonistas desta PAC, e o Chega e Iniciativa Liberal como apoiantes”, criticou.

Para o secretário-geral do PCP, esses partidos “são todos cúmplices, cúmplices das 400 mil explorações agrícolas que foram à vida, pelo desprezo da agricultura familiar, por esta política de abandono da produção nacional e alimentar”. Sobre as medidas anunciadas pelo Governo, de apoios de mais de 400 milhões de euros aos agricultores, Paulo Raimundo considerou que a medida é importante mas não chega.

“O que é preciso é criar as condições para que os agricultores aumentem os seus rendimentos, nomeadamente fruto do trabalho que têm e com a venda dos seus produtos”, afirmou. O secretário-geral do PCP advertiu que se está perante uma situação em que “se está a esmifrar os agricultores, os pequenos produtores”.

Os agricultores estão esta quinta na rua com os seus tratores, de norte a sul, reclamando a valorização do setor e condições justas, num protesto que já bloqueou várias estradas de norte a sul. O protesto, organizado pelo Movimento Civil de Agricultores, decorre um dia depois de o Governo ter anunciado um pacote de mais de 400 milhões de euros, destinado a mitigar o impacto provocado pela seca e a reforçar o Plano Estratégico da Política Agrícola Comum (PEPAC).

Segundo um comunicado divulgado na quarta-feira, os agricultores reclamam o direito à alimentação adequada, condições justas e a valorização da atividade.

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Revista Seguros & Cidadania da APS é convertida em newsletter

  • ECO Seguros
  • 1 Fevereiro 2024

A APS visa tornar a revista Seguros & Cidadania mais próxima dos seus leitores ao usar linguagem mais acessível e também quer "ser mais sustentável".

A revista Seguros & Cidadania da Associação Portuguesa de Seguradores (APS) foi convertida em newsletter e passa a ser divulgada bimestralmente, invés de semestralmente, anunciou APS num comunicado enviado às redações.

A revista é editada pela APS que divulga informações e opiniões relacionados com a atividade seguradora para um público não especializado mas interessado no setor, refere a associação no seu site.

A associação visa que este formato, exclusivamente digital, proporcione “uma leitura mais fácil” e quer também ser “mais sustentável”.

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Novobanco tem rating de investimento pela primeira vez

Fitch passou a atribuir ao Novobanco um rating de "BBB-", o mesmo que atribui ao BCP. Analistas destacam recuperação nos últimos anos. Banco apresenta resultados de 2023 esta sexta-feira.

Pela primeira vez na sua história de quase uma década, o Novobanco passou a ter um rating de investimento por uma agência de notação de risco. O banco liderado por Mark Bourke deverá apresentar esta sexta-feira lucros antes de impostos de mais de 700 milhões relativos a 2023.

A Fitch passou a atribuir ao Novobanco um rating de “BBB-” com outlook “estável”, segundo anunciou esta quinta-feira. Coloca-o ao lado do BCP, por exemplo. Nas outras agências de rating, o Novobanco continua a ser avaliado como “investimento especulativo”, estando a um nível de sair de “lixo”.

“A 28 de abril de 2023, o Novobanco anunciou o objetivo de atingir a notação de Investment Grade a médio prazo. O rating anunciado hoje é um marco relevante, e confirma a trajetória positiva do perfil de crédito do Novobanco, atingindo antecipadamente a notação de Investment Grade”, refere a instituição em comunicado.

Para esta decisão, justifica a Fitch, contribuiu “a recuperação do modelo de negócio do banco, suportado numa boa rede de retalho e comercial em Portugal e reservas de capital satisfatórias“. “A capitalização melhorou significativamente em 2023, devido à elevada retenção de lucros e à boa rentabilidade antes de imparidades, beneficiando de uma sólida eficiência de custos e de taxas de juro significativamente mais elevadas”, explicaram os analistas.

Além disso, “os ratings também refletem a estabilidade do financiamento com depósitos e a melhoria da qualidade dos ativos”, apontam ainda, sublinhado, no entanto, que tem um balanço mais fraco em comparação com os pares nacionais com classificações da rating mais elevadas.

A Fitch nota ainda que todo o setor bancário português “registou progressos significativos desde 2016”, está mais resiliente aos choques, reduziu o risco e reforçou a sua capitalização. “A rentabilidade também melhorou devido à forte recuperação económica, à reestruturação do modelo de negócio e às taxas de juro mais elevadas. Tudo isto deverá sustentar um desempenho resiliente face ao abrandamento económico em 2024”, observa.

O Novobanco registou lucros de 640 milhões de euros até setembro, uma subida de quase 50% em comparação com o mesmo período do ano passado, com a margem a duplicar à boleia da subida das taxas de juro. Amanhã o banco dá o pontapé de arranque da temporada de resultados nos principais bancos nacionais.

(Notícia atualizada às 16h48)

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Tem tensão arterial elevada? Infarmed alerta para os riscos destes medicamentos

  • Lusa
  • 1 Fevereiro 2024

O Infarmed pede aos doentes para não tomarem estes medicamentos – usados para aliviar os sintomas de constipação e gripe – se tiverem tensão arterial elevada ou doença renal.

O Infarmed recomenda aos doentes com hipertensão e doença renal para não tomarem medicamentos com pseudoefedrina, usados para aliviar os sintomas de constipação e gripe, como dores de cabeça, febre e dor, rinite alérgica ou rinite vasomotora.

A recomendação consta de uma circular informativa, publicada no site do Infarmed, sobre “Novas medidas para minimizar o risco de efeitos indesejáveis graves” dos medicamentos com pseudoefedrina, nomeadamente o Actifed, Aerinaze, Aspirina Complex, Cegrinaso, Claridon, Dinaxil, Grinhals, Holsigrip e o Sinutab II.

O Infarmed pede aos doentes para não tomarem estes medicamentos se tiverem tensão arterial elevada grave ou não controlada (não tratada ou resistente ao tratamento), doença renal aguda grave (súbita) ou doença crónica renal (de longa duração) ou insuficiência renal, porque são fatores de risco para o desenvolvimento da síndrome de encefalopatia posterior reversível (SEPR) e da síndrome de vasoconstrição cerebral reversível (SVCR).

A SEPR e a SVCR são doenças raras que podem envolver a diminuição do fornecimento de sangue ao cérebro, podendo causar complicações graves e potencialmente fatais. A autoridade nacional do medicamento apela ainda ao doentes para pararem “imediatamente de utilizar” estes medicamentos e procurarem “assistência médica urgente” se desenvolver sintomas destas síndromes, tais como dor de cabeça intensa de início súbito, sensação de enjoo, vómitos, confusão, convulsões e alterações da visão.

Recomenda também aos profissionais de saúde que aconselhem os doentes a interromper imediatamente a utilização destes medicamentos e procurar tratamento imediato se desenvolverem estes sintomas. O Comité de Medicamentos de Uso Humano da Agência Europeia de Medicamentos (EMA) adotou as recomendações do Comité de Avaliação do Risco em Farmacovigilância, sobre as novas medidas para minimizar os riscos de desenvolvimento destas síndromes.

As recomendações surgem na sequência de uma análise de todos os dados disponíveis, incluindo dados de segurança pós-comercialização, a qual conclui que a pseudoefedrina está associada a riscos de SEPR ou SVCR. Durante a revisão, o Comité de Avaliação do Risco em Farmacovigilância consultou um grupo de peritos, representantes dos doentes e dos profissionais de saúde.

Segundo o Infarmed, não foram notificados casos fatais de SEPR ou SVCR, e a maioria dos casos resolveu-se após a interrupção do medicamento e tratamento adequado. Com um diagnóstico e tratamento imediatos, os sintomas de SEPR e SVCR geralmente desaparecem, adianta o Infarmed. “Os riscos de SEPR ou SVCR devem ser considerados juntamente com outros riscos associados aos medicamentos que contêm pseudoefedrina, incluindo acontecimentos cardiovasculares ou isquémicos”, salienta.

Recordando ainda a importância de notificar ao Sistema Nacional de Farmacovigilância quaisquer suspeitas de reações adversas, em particular reações graves ou não identificadas previamente na informação do medicamento, diretamente através do Portal RAM.

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Subsídio de 203 mil euros? São João da Madeira era o “centro da vida” de Pedro Nuno Santos

Durante dez anos, Pedro Nuno Santos recebeu 203 mil euros de ajudas do Parlamento, apesar de ter casa e morar em Lisboa. PS alega que São João da Madeira era “o centro da sua vida pessoal e familiar”.

Apesar de ser dono de uma casa em Lisboa e de ali ter morado quando era apenas deputado do PS, entre 2005 e 2015, Pedro Nuno Santos recebeu quase 203 mil euros em abonos de deslocação e ajudas de custo durante esse período, por ter declarado à Assembleia da República uma morada a cerca de 285 quilómetros, em São João da Madeira (distrito de Aveiro).

Em reação à notícia avançada pela revista Sábado, o PS sustenta que estas ajudas do Parlamento são atribuídas “em função do local onde o deputado reside e tem o centro da sua vida pessoal e familiar”.

“Ora, o centro da vida do [atual] secretário-geral do PS, durante o período em causa, era em São João da Madeira”, garante o partido, acrescentando que o atual líder cumpriu a lei e teve um “comportamento ético e de transparência (…) total e irrepreensível”.

Na mesma nota, o partido alude igualmente a uma outra notícia, publicada na véspera pelo Correio da Manhã, que revelava que Pedro Nuno Santos paga apenas 143 euros de IMI por uma casa em Montemor-o-Novo que lhe custou meio milhão de euros.

“O valor é determinado pela Autoridade Tributária e cabe ao contribuinte efetuar o seu pagamento, o que sempre aconteceu”, contesta o comunicado, emitido pelo gabinete de imprensa sobre a “falsidade das insinuações que têm estado a ser produzidas” contra o sucessor de António Costa e candidato a primeiro-ministro.

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Mapfre, Mutua Madrileña e Occident são as seguradoras com maior valor de marca em Espanha, diz Kantar

  • ECO Seguros
  • 1 Fevereiro 2024

A Mapfre, a Mutua Madrileña e a Occident ocupam a posição 19.º, 22.º e 29.º, respetivamente, no ranking Brandz realizado pela consultora Kantar.

A Mapfre, a Mutua Madrileña e a Occident são as seguradoras com mais valor de marca em Espanha, segundo o ranking Brandz realizado pela consultora Kantar.

A primeira seguradora a aparecer no ranking é a Mapfre ocupando a 19.º posição, com o valor de marca a 645 milhões de dólares e registou um crescimento de 8%, subindo um lugar na tabela face ao ano passado.

A Mutua Madrileña ocupa o 22.º lugar do ranking e foi a marca do setor segurador que mais valorizou face a 2023 (19%), alcançando o valor de marca 548 milhões. Por fim, a Occident ocupa o 29.º lugar no ranking das 30 melhores marcas, valorizando a sua marca em 1% e alcançou os 336 milhões.

A consultora posiciona as marcas no ranking de acordo com a capitalização do mercado e o valor atribuído pelos consumidores. O estudo também destaca a crescente importância da sustentabilidade na criação de valor, tendo este indicador duplicado a sua importância desde 2014.

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IA pode ter impacto económico de 61 mil milhões em Portugal até 2030

  • Lusa
  • 1 Fevereiro 2024

Estudo para a Amazon Web Services conclui que impacto da adoção de inteligência artificial (IA) em Valor Acrescentado Bruto (VAB) nos próximos seis anos pode alcançar 61 mil milhões de euros.

A adoção de inteligência artificial (IA) poderá ter um impacto económico de 61.000 milhões de euros em Portugal, conclui o estudo “Desbloquear as ambições de Portugal sobre a inteligência artificial na década digital”, da Strand Partners, encomendado pela AWS, sendo que 35% das empresas já adotou esta tecnologia.

“Em traços gerais, o estudo conclui que 35% das empresas em Portugal já adotou a tecnologia de IA, um crescimento de 25% desde 2022″, adianta o estudo, acrescentando que “a manter-se esta taxa de adoção” de inteligência artificial “o impacto económico total estimado” em VAB [valor acrescentado bruto] “chegaria, até 2030, aos 61.000 milhões de euros”, ou seja, dentro de seis anos.

No entanto, para tirar partido do potencial desta tecnologia, “Portugal tem de resolver três questões críticas: criar um ambiente favorável à inovação; colmatar o défice de competências digitais no país; e garantir que as empresas de todas as dimensões têm acesso às tecnologias mais recentes”, lê-se no documento.

De acordo com o estudo, “as empresas aumentaram os seus investimentos em tecnologia digital em 61% desde setembro de 2022”, ou seja, dez pontos percentuais acima da média europeia (51%). Mais de um terço (35%) adotou tecnologias de IA no ano passado, “comparativamente a 28% em 2022, uma taxa de crescimento de 25% em apenas um ano”.

Por outro lado, 87% das empresas “já ouviu falar de tecnologias de IA e 35% conhece bem a tecnologia”, enquanto 71% afirma que “as dificuldades em contratar RH [Recursos Humanos] com boas competências digitais estão a atrasar o seu crescimento – em comparação com uma média europeia de 44%”.

Além disso, “uma percentagem significativa de 60% dos cidadãos portugueses considera que a IA pode ser fundamental para resolver problemas globais, tais como as alterações climáticas”, refere o estudo.

“O impacto económico positivo da IA nas empresas portuguesas é claro: 70% das empresas que recorre à IA refere um aumento das receitas e da produtividade”, no entanto, o uso de IA e outras tecnologias digitais “está atualmente concentrada nas empresas de maior dimensão (45% em comparação a apenas 32% das PME)”, lê-se no documento.

Quase dois terços (64%) das empresas portuguesas considera que a IA “vai transformar completamente, ou em grande parte, os seus setores” e 77% “afirma que a tecnologia digital desempenha um papel importante ou mesmo essencial na concretização dos seus objetivos de crescimento a cinco anos”.

Por exemplo, a adoção da cloud [armazenamento da informação na nuvem] entre as empresas portuguesas “cresceu para 27% em 2023, sendo que a maioria das empresas (81%) já ouviu falar da tecnologia, um pouco inferior à média europeia de 85%”.

A AWS investiu entre 2017 e 2022 “mais de 21.000 milhões de euros no futuro económico e digital da Europa, através de infraestruturas periféricas e de computação cloud“. “Portugal depara-se com uma oportunidade sem precedentes”, afirma Suzana Curic, a nova country leader da AWS em Portugal e Espanha, citada em comunicado.

O estudo tem por base uma amostra nacional de 1.000 empresas e 1.000 cidadãos, com dados recolhidos em 2023.

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Bloqueio na A23 complica entrada e saída de camiões em Vilar Formoso

  • Lusa
  • 1 Fevereiro 2024

"As vias alternativas não estão preparadas para receber a circulação dos camiões. São estreitas, há limitação de velocidade e em alguns casos há semáforos", dizem os camionistas.

O bloqueio da A23 pelos agricultores, na zona do Alto de Leomil, no concelho de Almeida, está a provocar constrangimentos sobretudo à circulação dos camiões que têm de entrar ou sair de Portugal pela fronteira de Vilar Formoso. O trânsito está a ser desviado para a EN 16 entre o nó de Pínzio, no concelho de Pinhel, e Vilar Formoso (Almeida), no distrito da Guarda. Há um corredor na A23 para passagem de ambulâncias em marcha de urgência.

“É um transtorno muito grande”, salientou José Oliveira, camionista de Paços de Ferreira em viagem para Inglaterra, que aproveitou o desvio para almoçar num restaurante no Alto de Leomil. “As vias alternativas não estão preparadas para receber a circulação dos camiões. São estreitas, há limitação de velocidade e em alguns casos há semáforos”, apontou José Oliveira, camionista há 23 anos. Ainda assim, destacou que as implicações não são comparáveis às que sentiu na semana passada em França. “Apanhei muitos [bloqueios]. Uma viagem para durar dois ou três dias pode demorar cinco ou seis dias”.

A trajetória da viagem de Ricardo Montinho e Nuno Bento também foi inesperadamente alterada. Vindos de Pamplona numa deslocação em negócios, em Espanha, foram surpreendidos com a presença da GNR em Vilar Formoso e obrigados a desviar o percurso pela EN16. “Não sabíamos o que se estava a passar. Depois é que fui ver ao telemóvel para tentar perceber o que passava e vi”, relatou Nuno Bento. O plano era chegar à empresa no Cartaxo por volta das 14:00, mas não foi possível cumprir. Decidiram parar e almoçar no Alto de Leomil_ “E não correu mal. Porque assim não comíamos uma magnífica jardineira”.

No restaurante “Solar do Côa” vive-se a azáfama da hora de servir almoços. “Não tem nada a ver com os outros dias”, salientou Amélia Pereira. O movimento no estabelecimento regressou hoje “aos tempos antigos”, disse, com satisfação, lembrando quando a A25 ainda não desviava os clientes. Ainda mesmo sem ter terminado a hora do almoço, Amélia Pereira garantiu acreditar que hoje tenha havido um aumento de 35% na atividade.

A proprietária admitiu que se prepararam para a eventualidade de se confirmar o bloqueio, na expectativa de que isso pudesse trazer mais clientes. “Na noite de quarta-feira, já havia pessoas de Idanha-a-Nova a deixar aqui os tratores, na zona de estacionamento”, relatou.

O protesto, uma iniciativa do Movimento Civil de Agricultores, decorre um dia depois de o Governo ter anunciado um pacote de mais de 400 milhões de euros, destinado a mitigar o impacto provocado pela seca e a reforçar o Plano Estratégico da Política Agrícola Comum (PEPAC). O pacote abrange entre outras medidas à produção, no valor de 200 milhões de euros, assegurando a cobertura das quebras de produção e a criação de uma linha de crédito de 50 milhões de euros, com taxa de juro zero.

Segundo um comunicado divulgado na quarta-feira pelo movimento, os agricultores reclamam o direito à alimentação adequada, condições justas e a valorização da atividade.

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LPM integra rede de agências Taan Worldwide

  • + M
  • 1 Fevereiro 2024

Criada em 1936, a Taan engloba 43 agências de 22 países da Europa, América, Ásia e Oceânia.

A LPM passou a fazer parte da rede internacional de agências de comunicação independentes Taan Worldwide. “Estamos entusiasmados por fazer parte de uma rede tão valiosa de agências, certos de que as relações a nível mundial e a partilha de know-how serão uma relevante mais-valia tanto para o Grupo LPM como para os seus clientes“, começa por dizer Catarina Vasconcelos, diretora-geral e board advisor da LPM.

“O mercado pede uma atuação de âmbito global. O nosso posicionamento tem sido de expansão dos serviços e esta integração na Taan vem reforçar as nossas competências”, justifica, citada em comunicado.

Criada em 1936, a Taan engloba 43 agências de 22 países da Europa, América, Ásia e Oceânia. Public relations, criatividade, marketing, digital, social media, media, research e design são as principais disciplinas reunidas na rede, presidida desde 2007 por Peter Gerritsen.

A experiência e a liderança da LPM em Portugal trazem imenso valor à nossa organização e enriquecem a diversidade e as capacidades estratégicas dos membros da Taan. A agência que se junta ao nosso grupo alarga a força coletiva da Taan Worldwide, juntamente com a excelente oportunidade para a LPM aceder a uma vasta rede de recursos globais, conhecimentos, inovação e parcerias de colaboração, para promover o sucesso nos mercados locais e globais”, acrescenta o responsável.

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Agricultores em protesto pela Europa pedem revisão da PAC e suspensão de acordos de livre comércio

  • Joana Abrantes Gomes e Lusa
  • 1 Fevereiro 2024

Manifestações do setor alastram-se por toda a Europa contra regras acordadas por Bruxelas. Exigências incluem revisão da Política Agrícola Comum e suspensão de acordos de livre comércio.

Há mais de uma semana que França tem sido o epicentro da mais recente vaga de protestos do setor agrícola, mas outros países estão a aderir à paralisação. Em Itália, Bélgica, Alemanha, Grécia, Polónia, Roménia, Espanha e agora também Portugal, milhares de agricultores contestam a quebra de rendimentos face à subida da inflação e dos preços da energia, a legislação ambiental, a concorrência desleal de alguns mercados externos e os acordos de comércio livre.

Numa tentativa de pôr fim aos bloqueios de estradas com tratores, os governos dos vários países têm-se desdobrado em anúncios de medidas e pacotes financeiros. Contudo, o descontentamento da maior parte dos agricultores europeus parece dirigido a Bruxelas, que acusam de lhes impor medidas ambientais com altos custos e sobrecarregadas de burocracia, em nome da “transição verde”.

Ao mesmo tempo, também se insurgem contra a importação de bens de países terceiros a baixos preços, em particular de cereais e outros produtos agrícolas da Ucrânia, e contra acordos de livre comércio que a União Europeia (UE) tem assinado nos últimos anos, incluindo aquele que deveria ser ratificado em breve com os países do Mercosul (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai).

Do Presidente francês, Emmanuel Macron, é conhecida a oposição ao acordo entre a UE e o bloco regional. Na terça-feira, o porta-voz do Executivo comunitário, Eric Mamer, confirmou não estarem ainda reunidas as condições para fechar o acordo, mas adiantou que “as negociações prosseguem”, contrariando o pedido de Paris para que fossem encerradas.

Entretanto, Macron já pediu uma revisão sobre as importações da Ucrânia, um assunto que foi discutido durante um encontro esta quinta-feira em Bruxelas com Ursula von der Leyen. Mas o tema deverá ser debatido entre os 27 Estados-membros, que esta quinta e sexta-feira estarão reunidos em cimeira europeia.

Antevendo o Conselho Europeu, o Executivo comunitário propôs esta quarta-feira medidas de salvaguarda que limitam os volumes de certos produtos sensíveis, como aves de capoeira, ovos e açúcar, prevendo um “travão de emergência” para estabilizar as importações, pondo como limite os volumes médios de importação em 2022 e 2023. Se estes valores médios forem ultrapassados, serão repostas as taxas e direitos aduaneiros.

As medidas apresentadas surgem no âmbito da prorrogação, a partir de junho, da isenção de taxas alfandegárias à importação de produtos agrícolas ucranianos. O objetivo é cumprir o apoio a Kiev e, simultaneamente, proteger os agricultores mais afetados na UE, nomeadamente nos países vizinhos. Outra proposta é renovar, por mais um ano, a suspensão das taxas a importações da Moldova, em vigor desde julho de 2022, o que, tal como as restantes medidas, tem de receber ‘luz verde’ do Parlamento Europeu e do Conselho da UE.

Apelos à revisão da PAC e suspensão de acordos de livre comércio com países extra-UE

A estimativa do Governo francês aponta para cerca de dez mil pessoas a participar nas manifestações em diferentes pontos do país. Em resposta às exigências de melhor rendimento pelos seus produtos, menos burocracia e proteção contra importações baratas, o recém-nomeado primeiro-ministro anunciou a implementação de controlos sobre produtos alimentares estrangeiros, a fim de garantir “concorrência leal” no setor agrícola.

Paralelamente, Gabriel Attal prometeu multas para os retalhistas de alimentos que não cumprirem uma lei destinada a garantir uma parcela justa das receitas para os agricultores, enquanto o ministro da Agricultura francês, Marc Fesneau, anunciou, em entrevista à Sud Radio, um pacote de 80 milhões de euros para os produtores de vinho, destinados a cobrir as perdas e aumentar a liquidez este ano, mas acrescentou que aguarda mais propostas “antes do final da semana”.

Em França, os protestos têm-se multiplicado por todo o país desde o outono, neste caso em boa parte contra a política agrícola europeia e o fardo da transição verde — as principais reivindicações prendem-se com melhor remuneração para os seus produtos, menos burocracia e proteção contra as importações. O Governo reforçou a presença policial sobretudo em Paris, para impedir que os manifestantes tentem entrar na capital, depois de, na segunda-feira, terem cercado a região com barricadas congestionadas.

Porém, a maioria dos sindicatos agrícolas franceses está agora a apelar à suspensão dos bloqueios de estradas no país, segundo a agência France Presse. “O movimento não para, transforma-se”, declarou o presidente da Federação Nacional dos Sindicatos Agrícolas (FNSEA), Arnaud Rousseau, numa conferência de imprensa. Rousseau avisou que haverá novas mobilizações se os anúncios feitos pelo primeiro-ministro, Gabriel Attal, não forem concretizados no prazo de 15 dias e se não entrarem em vigor em junho, de acordo com a agência espanhola Efe.

Os protestos alastraram para a Bélgica, onde os agricultores bloquearam, na quarta-feira, o acesso ao porto de Zeebrugge, um dos principais do país, e encheram Namur de tratores. Esta quinta-feira estão a protestar no exterior da sede da Comissão Europeia. Os primeiros tratores chegaram às ruas de Bruxelas ainda no domingo, mas já são centenas.

Neste clima de descontentamento, o Executivo comunitário anunciou também que vai aprovar esta quinta-feira uma revogação temporária das normas europeias que obrigam a manter algumas terras em pousio, outra questão criticada nas manifestações em curso na UE. O próprio Governo francês já pediu uma nova revogação da obrigatoriedade de deixar 4% das terras em pousio.

Na Alemanha, a mobilização dos agricultores tem um cariz mais nacional, visto que a indignação foi causada pelo anúncio, em dezembro, de uma redução nas subvenções e, em particular, a eliminação de benefícios fiscais sobre o gasóleo agrícola. Ao Governo de Olaf Scholz, exigem a isenção de impostos sobre os veículos agrícolas e florestais e o apoio ao gasóleo agrícola.

A Associação Alemã dos Agricultores, principal organizadora das manifestações de quarta-feira, criticou, numa carta aberta dirigida ao chanceler, a vontade “até agora irreconhecível” do Governo federal de fazer mais concessões ao setor agrícola, apelando a um “sinal claro de que a agricultura na Alemanha deve ter futuro e que está assegurada a [sua] competitividade”.

Já na Grécia, milhares de agricultores e criadores de gado têm organizado protestos durante a última semana, que incluem bloqueio de estradas, contra o aumento contínuo dos custos de produção e a diminuição dos rendimentos. Embora o primeiro-ministro conservador grego, Kyriakos Mitsotakis, tenha anunciado na terça-feira que o Governo vai aumentar a ajuda — dos atuais 2.000 euros para um máximo de 10.000 euros — a cada produtor da região central do país, onde as cheias de setembro passado dizimaram as colheitas, os agricultores consideram esta medida insuficiente e exigem que as indemnizações do Estado sejam pagas desde já.

Outra das principais reivindicações dos agricultores gregos é a revisão da Política Agrícola Comum (PAC) da União Europeia, cuja aplicação, segundo clamam, reduz o rendimento para metade, exigindo ainda uma redução dos custos de produção através de isenções fiscais para os combustíveis, bem como uma indemnização devido à diminuição de lucros e a uma série de catástrofes naturais. Esta quinta-feira, os protestos continuam no norte do país com centenas de tratores na cidade de Salónica.

Também as três principais organizações agrícolas espanholas aderiram ao movimento de protesto dos agricultores europeus, prometendo uma série de mobilizações em todo o país durante as próximas semanas. A Associação Agrária Jovens Agricultores (Asaja), a UPA – União de Pequenos Agricultores e Ganadeiros e a Coordenadora de Organizações de Agricultores e Ganadeiros (COAG) defendem a necessidade de mudanças a nível da UE, nas políticas governamentais e na aplicação pelas comunidades autónomas.

Em relação à UE, destacaram a “concorrência desleal” e a luta dos agricultores contra um mercado desregulado que importa de países terceiros “a preços baixos” e com regulamentos desiguais. Consideraram tratar-se de “uma contradição e hipocrisia” que põem em causa a viabilidade de milhares de explorações agrícolas.

Por isso, os agricultores espanhóis exigem, à semelhança dos franceses, a suspensão da ratificação dos acordos com o Mercosul e a Nova Zelândia, e das negociações com o Chile, o Quénia, o México, a Índia e a Austrália, bem como o aumento dos controlos das importações provenientes de Marrocos. Os motivos dos protestos em Espanha abrangem a atual PAC, que consideram implicar uma burocracia insuportável e com custos ambientais.

A nível nacional, pedem a alteração e o alargamento da lei sobre a cadeia agroalimentar para proibir práticas desleais, de modo a que os preços dos agricultores cubram os custos de produção, apelando também à criação de um observatório das importações e que a batalha em Bruxelas seja reforçada para exigir reciprocidade para todos os produtos agrícolas e pecuários que entram no território da UE. Nas comunidades autónomas, exigem “reformas urgentes em termos de simplificação dos procedimentos burocráticos que asfixiam os profissionais da agricultura”.

Agricultores portugueses protestam apesar de novos apoios do Governo

Centenas de agricultores portugueses juntaram-se esta quinta-feira aos protestos que têm acontecido noutros países europeus. De norte a sul, cortando o acesso a várias estradas e autoestradas desde as 7h30, reclamam a valorização do setor e condições justas.

Segundo a Guarda Nacional Republicana (GNR), a A25, na Guarda, estava condicionada ao trânsito com um corredor de emergência, com concentrações de 200 tratores, enquanto em Portalegre, na fronteira do Caia no sentido Portugal-Espanha, havia esta manhã uma marcha lenta com outros 200 tratores. Em Santarém, estão concentrados 100 tratores na Golegã, com condicionamento na ponte da Chamusca, e em Beja, entre Vila Verde e Ficalho, na Estrada Nacional 260, há uma concentração de cerca de 45 tratores e quatro viaturas pesadas. Mas as autoridades recomendam aos automobilistas que vão verificando em contínuo os pontos de constrangimento do trânsito através das plataformas existentes.

O protesto partiu de uma iniciativa do Movimento Civil de Agricultores, decorrendo um dia depois de o Governo ter anunciado um pacote de mais de 400 milhões de euros, destinado a mitigar o impacto provocado pela seca e a reforçar o Plano Estratégico da Política Agrícola Comum (PEPAC). O pacote abrange um apoio à produção, no valor de 200 milhões de euros, cujo maior impacto será nas regiões mais afetadas, como é o caso do Alentejo e do Algarve, e uma linha de crédito de apoio à tesouraria de 50 milhões de euros, com taxa de juro zero.

Por outro lado, o Governo português vai baixar o ISP (Imposto sobre os Produtos Petrolíferos) do gasóleo agrícola para o mínimo permitido, “uma redução de 4,7 cêntimos por litro para 2,1 cêntimos”, ou seja 55%, de acordo com a ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes. Está também previsto um reforço de 60 milhões de euros no primeiro pilar do PEPAC nos apoios à produção, de modo a assegurar as candidaturas aos ecorregimes agricultura biológica e produção integrada.

O segundo pilar do PEPAC também será reforçado, com 60 milhões de euros, para assegurar, “até fevereiro”, o pagamento das candidaturas às medidas de ambiente e clima. “Comprometemo-nos com a reprogramação do PEPAC e a submeter medidas, a pedido dos agricultores, de ambiente e clima” no âmbito do desenvolvimento rural, que corresponde ao segundo pilar da PAC, afirmou Maria do Céu Antunes, na conferência de imprensa em que foram anunciados os apoios. Em causa está um montante de 58 milhões de euros.

Para a Confederação de Agricultores de Portugal (CAP), o compromisso do Governo “dá razão às exigências da CAP e corrige o gravíssimo erro de gestão do Ministério da Agricultura, possibilitando que o setor agroflorestal invista nos modos de produção biológica e integrada”. Num comunicado, enviado às redações na quarta-feira, em que afirma entender a revolta do setor, ressalva, porém, não ser aceitável pôr em causa o funcionamento do mercado único europeu através de bloqueios que impedem a circulação de mercadorias, levando à deterioração de produtos e que impõem elevados prejuízos aos produtores, incluindo portugueses.

Ainda na quarta-feira, o presidente da CAP, Álvaro Mendonça e Moura, chegou a avançar também que o Governo vai reverter os cortes previstos para os agricultores, no âmbito do Plano Estratégico da PAC, que no caso da agricultura biológica poderiam ascender a 35%. Porém, a reversão carece de uma autorização especial da Comissão Europeia — que, segundo a confederação, o Ministério da Agricultura comprometeu-se a agilizar de imediato.

Os protestos dos agricultores, principalmente os bloqueios em França, estão a afetar outros setores, em especial as empresas de transporte de mercadorias. Em declarações à Lusa, o porta-voz da Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (ANTRAM), André Matias de Almeida, disse que as empresas portuguesas estão a registar prejuízos elevados.

“Os bloqueios não só atrasam as descargas das mercadorias como atrasam as cargas, ou seja, um veículo destes quando faz uma descarga faz também uma carga, que fica também atrasada”, contou. De acordo com André Matias de Almeida, estarão em França entre 10 a 15 mil camiões portugueses, ou mais, segundo um balanço feito na quarta-feira.

Entretanto, representantes de associações agrícolas de Portugal, bem como de Espanha e Itália, vão participar esta quinta-feira numa manifestação no bairro europeu, pela hora do almoço, para explicar as razões do protesto.

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