Mota-Engil perde corrida à primeira PPP ferroviária na Colômbia

Após ser desqualificada no metro de Bogotá, a construtora portuguesa viu a agência pública colombiana preterir a proposta do consórcio que liderava para um corredor ferroviário de 526 quilómetros.

O consórcio formado pela Mota-Engil Colombia (50%), pela sua filial ME SAS (25%) e pela colombiana Infraestructura Nacional Ltda (25%) perdeu a corrida àquela que será a primeira Parceria Público-Privada (PPP) ferroviária naquele país da América Latina, que prevê a reabilitação, construção, operação e manutenção de um corredor com 526 quilómetros de extensão, num investimento aproximado de 778 milhões de euros.

A proposta da construtora portuguesa tinha sido uma das três selecionadas pela Agência Nacional de Infraestrutura (ANI), entre um total de 43 candidaturas, para passar à fase final do concurso para a concessão por dez anos do corredor LaDorada–Chiriguaná. Ligará o centro do país à costa caribenha e é considerado pelas autoridades locais como a “espinha dorsal” para reativar o transporte de mercadorias por comboio, que pesa atualmente menos de 20% do total.

O vencedor acabou por ser o agrupamento encabeçado pelos espanhóis do Grupo Ortiz (75%) com as empresas locais Transferport e Colombian Natural Resources, que “obteve a mais alta qualificação na avaliação técnica e financeira, assim como na oferta económica”, segundo o anúncio feito pela agência pública colombiana.

Na corrida final estava também o consórcio liderado pela britânica ERG (80%) em conjunto com as colombianas Castro Tcherassi MIA Grupo Empresarial e Elogia Soluciones Logísticas. A audiência de adjudicação aconteceu na quinta-feira, depois de a ANI ter avaliado nas últimas semanas o cumprimento dos requisitos técnicos e financeiros.

Segundo dados oficiais, 63% da rede ferroviária na Colômbia está atualmente inativa. Citado pela imprensa local, na altura em que o projeto entrou na reta final de avaliação, o presidente da ANI, Francisco Ospina Ramírez, destacou a aliança com o setor privado para “fortalecer a logística ferroviária” no país e descreveu este modelo de PPP como “o mecanismo mais eficiente para desenvolver as ambiciosas obras de infraestruturas de que o país necessita”.

Os estudos apontam para uma redução dos custos logísticos até 20% graças à integração dos carris com a rede viária e portuária, assim como a criação de 32 mil empregos diretos e diretos. A requalificação deste corredor, de acordo com as projeções do governo liderado pelo Gustavo Petro, vão permitir aumentar a movimentação de mercadorias das atuais 225 mil toneladas (dados do ano passado) para 2,8 milhões de toneladas anuais no médio e longo prazo.

Nova derrota após desqualificação no metro de Bogotá

Na Colômbia, onde se instalou em 2011, o grupo que há dois anos passou a ser comandado por Carlos Mota Santos está ainda a executar um contrato de 450 milhões de euros para construir uma linha de metro com 13 quilómetros e 17 estações na cidade de Medellín – vai fornecer também as locomotivas para o “Metro de la 80”. No entanto, em outubro do ano passado acabou por ser desqualificado do concurso para a construção e operação durante 30 anos da segunda linha do metro de Bogotá.

O afastamento do consórcio liderado pela Mota-Engil aconteceu na sequência de um protesto apresentado pelo agrupamento das espanholas Sacyr e Acciona por alegados conflitos de interesses entre dois concorrentes que integram empresas chinesas. Esse projeto avaliado em mais 1,8 mil milhões de euros, cuja adjudicação está prevista igualmente para abril, seria o maior de sempre para o grupo sediado no Porto, que no último exercício registou lucros recorde de 123 milhões de euros que dão azo à elaboração de um novo plano estratégico até 2030.

Como o ECO noticiou esta semana, a Mota-Engil está em processo de compra dos restantes 50% da construtora brasileira Empresa Construtora Brasil (ECB) à família Rezende, que até agora controlava a outra metade do capital na sexta maior construtora brasileira, isto depois de no ano passado ter fechado a venda das concessões rodoviárias no México.

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Wall Street volta a tombar com retaliação chinesa às tarifas de Trump

China foi dos primeiros países a retaliar os EUA. Dow perde mil pontos no arranque. Trump tenta convencer investidores que “vão ficar ricos” depois de Wall Street ter perdido 2,5 biliões na véspera.

Wall Street não consegue estancar a sangria, depois de na quinta-feira ter perdido 2,5 biliões de dólares de valor de mercado, e volta a tombar com o intensificar da guerra comercial com a China a anunciar a primeira retaliação às tarifas de Trump. O índice Dow Jones cai mil pontos no arranque da sessão com os investidores indiferentes às palavras do Presidente americano, que tenta convencê-los de que a sua política não mudará e que eles “vão ficar ricos como nunca”.

No início da sessão nova-iorquina, o índice de referência mundial S&P 500 cede 2,86% para os 5.241,93 pontos. O Nasdaq, que é dos mais fustigados pela pressão vendedora que tomou as grandes tecnológicas como alvo, cede 3,30%. E o industrial Dow Jones derrapa 2,58% e perde mais mil pontos para os 39.497,82 pontos.

Os dados do mercado de trabalho anunciados esta sexta-feira mostraram-se quase irrelevantes para o mercado nesta altura: a economia criou mais emprego do que o esperado em março (228 mil empregos, acima dos 140 mil estimados pelos analistas), mas a taxa de desemprego subiu de 4,1% para 4,2%.

Entretanto, Trump tenta convencer os investidores a apostarem nos EUA, assegurando estabilidade das suas políticas. “As minhas políticas nunca irão mudar. É um excelente momento para se ficar rico, rico como nunca”, escreveu o Presidente americano na sua rede social.

Ainda assim, os investidores estão sobretudo centrados (e assustados) nas medidas de retaliação que o resto do mundo se prepara para impor aos EUA, na sequência do anúncio de Donald Trump na passada quarta-feira. A China foi dos primeiros a reagir, respondendo com uma taxa adicional de 34% às importações americanas a partir de 10 de abril.

A União Europeia também está a preparar uma resposta à tarifa de 20% que Washington aplicou às importações da região.

Em termos empresariais, a Apple desvaloriza 3,81% para 195,45 dólares, depois do afundanço de 8% da sessão anterior. A Tesla cai 3%. Os bancos sentem a pressão: o Morgan Stanley cai 7%, Citigroup recua quase 6% e o JPMorgan e Goldman Sachs perdem ambos cerca de 5%.

Os receios de uma forte travagem da economia global – colocando muitos países à beira da recessão — está a levar o petróleo a tombar mais de 7%, com o crude WTI a transacionar perto dos 60 dólares por barril.

O presidente da Reserva Federal americana, Jerome Powell, tem um discurso marcado para esta sexta-feira e o tema das tarifas não deverá passar ao lado, com os investidores à espera de pistas sobre qual o rumo da política monetária neste cenário de confrontação comercial. Os investidores esperam um maior alívio dos juros devido ao risco de recessão, apontando para quatro cortes nas taxas este ano.

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Investidores refugiam-se em obrigações para fugir às tarifas de Trump

A nova política de tarifas de Trump está a gerar uma corrida às obrigações soberanas, com a yield dos títulos dos EUA e da Europa a caírem significativamente perante o receio de uma recessão.

As tensões comerciais globais, alimentadas pelas tarifas agressivas impostas por Donald Trump, estão a provocar uma reviravolta nos mercados financeiros, com os investidores a abandonarem ativos de maior risco e a procurarem refúgio em títulos de dívida soberana.

Este movimento está a impulsionar uma queda significativa nas yields das obrigações europeias e norte-americanas (e, por conseguinte, a uma subida dos seus preços), enquanto os receios de recessão ganham força e os mercados acionistas acumulam perdas significativas.

Nos EUA, a yield das Treasuries afundaram após a retaliação da China às tarifas norte-americanas, com Pequim a anunciar uma taxa de reciprocidade de 34% a todas as importações norte-americanas, em cima das taxas já existentes.

As obrigações a 10 anos dos EUA negoceiam atualmente com uma yield de 3,884%, 17 pontos base abaixo do fecho de quinta-feira, atingindo o nível mais baixo dos últimos seis meses. As obrigações a dois e cinco anos também registam quedas acentuadas, com as yields a descerem 20 e 17 pontos base, respetivamente, com os títulos a dois anos a negociar com taxas de 3,54% e as Treasuries a cinco anos com uma yield de 3,59%.

Em Portugal, o impacto desta fuga para ativos seguros é também evidente, com a curva de rendimentos da República a revelar quedas das yields de todas as obrigações.

Na Europa, o cenário é semelhante. As yields das obrigações alemãs a 10 anos, consideradas o ativo mais seguro da Zona Euro, negoceiam com uma taxa de 2,51%, uma descida de 13,2 pontos base esta sexta-feira.

Este movimento reflete uma procura crescente por segurança num contexto de incerteza económica global. Itália e França também observaram quedas nas suas obrigações a 10 anos, com as yields italianas a descerem 5,6 pontos base para 3,71% e as francesas estão a deslizar 8,6 pontos base para 3,28%.

Em Portugal, o impacto desta fuga para ativos seguros é também evidente, com a curva de rendimentos da República a revelar quedas das yields de todas as obrigações, contribuindo inclusive para o IGCP aproveitar para avançar com dois leilões de obrigações a cinco e 12 anos na próxima quarta-feira, num montante indicativo global entre 1000 milhões e 1250 milhões de euros.

Os títulos a 10 anos, por exemplo, recuar atualmente 12,5 pontos base para 3,128%, o valor mais baixo em um mês. No entanto, são os títulos de curto prazo que registam as maiores descidas: as obrigações a dois anos, por exemplo, negociam atualmente com uma yield de 1,94%, 12,5 pontos base abaixo dos valores de quinta-feira.

A política tarifária agressiva de Trump está a gerar preocupações sobre um possível abrandamento económico global. Analistas e economistas já estimam que as novas tarifas possam reduzir o PIB da Zona Euro entre 0,3 e 0,7 pontos percentuais.

Este movimento reflete não só o impacto das tarifas comerciais como também as expectativas de cortes nas taxas de juro por parte do Banco Central Europeu (BCE). De acordo com dados da Reuters, os traders de taxa de juro atribuem uma probabilidade de 90% de o BCE voltar a cortar as taxas de juro na próxima reunião do Conselho do BCE (que terá lugar a 16 e 17 de abril), juntamente com mais duas reduções amplamente esperadas antes do final de 2025.

A política tarifária agressiva de Trump está a gerar preocupações sobre um possível abrandamento económico global. Analistas e economistas já estimam que as novas tarifas possam reduzir o PIB da Zona Euro entre 0,3 e 0,7 pontos percentuais. Nos EUA, espera-se que o crescimento económico anual fique abaixo de 1%, com os mercados a anteciparem cortes adicionais nas taxas de juro pela Reserva Federal.

A queda generalizada das yields das obrigações demonstra o impacto profundo das tensões comerciais nos mercados financeiros globais. Com os investidores cada vez mais focados em ativos de refúgio como resposta à incerteza económica, Portugal e os restantes países da Zona Euro e dos EUA beneficiam temporariamente da redução dos seus custos de financiamento.

Contudo, os efeitos secundários desta guerra comercial poderão ser significativos para o crescimento económico global e para a estabilidade financeira.

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Portugal vai emitir até 1.250 milhões em dívida de longo prazo na próxima semana

A agência que gere a dívida pública vai emitir entre 1.000 milhões e 1.250 de euros na próxima semana nos prazos a cinco e 12 anos.

Portugal vai voltar aos mercados financeiros na próxima semana. A agência que gere a dívida pública, o IGCP, anunciou esta sexta-feira que vai realizar dois leilões das linhas de Obrigações do Tesouro (OT) na próxima quarta-feira, 9 de abril.

“O IGCP, E.P.E. vai realizar no próximo dia 9 de abril pelas 10:30 horas dois leilões das linhas de OT com maturidade em fevereiro de 2030 (OT 3.875% 15fev2030) e em abril de 2037 (OT 4.1% 15abr2037), com um montante indicativo global entre 1.000 milhões e 1.250 milhões de euros“, revela a agência responsável pela gestão da dívida pública, em comunicado.

Na última vez que foi ao mercado de dívida de longo prazo, a 12 de março, a instituição liderada por Pedro Cabeços financiou-se em 1.100 milhões de euros através de dois leilões a 10 e 13 anos que resultou num preço acima do que pagou nas anteriores operações com características semelhantes. Na maturidade a 10 anos pagou uma taxa de 3,38% e na mais longa pagou 3,63%.

Esta segunda-feira, o IGCP anunciou que executou mais de um terço (33%) do objetivo de emissões de obrigações do Tesouro, correspondendo a 6,7 mil milhões de euros, considerando o leilão de março.

As emissões de obrigações do Tesouro, excluindo operações de troca, estimam-se que atinjam 20,5 mil milhões de euros em 2025, portanto mantêm-se sem alterações relativamente à anterior estimativa. Até ao final de fevereiro, o IGCP tinha emitido 5,4 mil milhões de euros de OT, segundo a atualização do programa de financiamento.

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“Já devíamos ter medidas de contingência”. Pedro Nuno critica Governo por falta de plano anti tarifas

"O nosso Governo revela que não antecipou o problema e refugia-se em reuniões ministeriais para fins eleitorais", refere o secretário-geral do PS, lembrando o plano desenhado por Espanha.

O secretário-geral do PS apontou esta sexta-feira o dedo ao Governo por não ter preparado um pacote de apoio aos setores económicos que serão mais atingidos pelo impacto das tarifas do presidente norte-americano, Donald Trump. Pedro Nuno Santos defendeu ainda uma reação firme da União Europeia aos Estados Unidos.

Já devíamos ter medidas de contingência preparadas para mitigação dos impactos nos nossos setores económicos previsivelmente mais afetados. Era o que já teríamos feito se fossemos governo”, escreveu o líder socialista numa publicação na rede social X.

Para criticar o Executivo de Luís Montenegro, Pedro Nuno Santos deu o exemplo de Espanha, onde o socialista Pedro Sánchez preparou um Plano de Resposta e Relançamento Comercial de 14,1 mil milhões de euros para “mitigar a guerra comercial” com um “escudo para proteger” as empresas e os trabalhadores,

“Enquanto outros governos europeus, como o espanhol, já estão a preparar pacotes de apoio aos setores mais atingidos, o nosso Governo revela que não antecipou o problema e refugia-se em reuniões ministeriais para fins eleitorais”, acusou.

O Ministério da Economia vai reunir-se com 16 associações empresariais para “avaliar o impacto e as medidas de mitigação das tarifas anunciadas” pelos EUA esta quarta-feira. A “ronda de reuniões” irá decorrer entre quarta e sexta-feira da próxima semana.

Em paralelo, o Governo vai criar um grupo de acompanhamento da guerra tarifária e está a desenhar medidas de apoio ao nível do Compete e do Banco de Fomento. A intenção é ajudar as empresas a resistir a este novo cenário no comércio internacional.

Para o líder do PS, “a escalada de guerra comercial gerada pelas tarifas de Trump vai ter impacto negativo para a economia, desde logo dos Estados Unidos, mas também à escala global, e Portugal não é exceção“. Neste sentido, defende que “a União Europeia, sem fechar a via do diálogo, tem de reagir com firmeza, mas sobretudo com inteligência na defesa intransigente” dos interesses europeus.

Também o Bloco de Esquerda, mais tarde, criticou a “paralisia total” do Governo perante a guerra comercial. “As tarifas impostas por Trump eram esperadas, Trump avisou. Vão afetar a economia e a indústria portuguesa, as exportações portuguesas, o emprego em Portugal e o Governo está calado, não diz nada, não preparou nada”, disse Mariana Mortágua, em declarações aos jornalistas na sede nacional do BE, em Lisboa, durante um encontro com voluntários para a campanha eleitoral.

A coordenadora do BE defendeu também que “é importante que o Governo venha dizer o que é que pensa sobre estas tarifas e como é que se vai defender”. Mortágua defende que é preciso “ter cuidado com as retaliações aleatórias, porque um dos efeitos da retaliação é que elas podem tender a aumentar os preços e, portanto, a inflação”, ainda que considere que a “UE deve retaliar” em “setores e áreas específicas, que não coloquem em causa nem provoquem uma inflação generalizada”.

O presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou na quarta-feira taxas aduaneiras mínimas adicionais de 10% sobre todas as importações norte-americanas a partir de 5 de abril e sobretaxas para países que considera particularmente hostis ao comércio, como por exemplo a União Europeia (20%) e a China (34%), a partir de 9 de abril.

No dia seguinte, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, garantiu que o bloco está “pronto para responder” à imposição de tarifas por parte dos Estados Unidos e está a trabalhar em novas medidas de retaliação. “Já estamos a finalizar o primeiro pacote de contramedidas em resposta às tarifas do aço e estamos agora a preparar outras medidas para proteger os nossos interesses e negócios, se as negociações falharem”, disse a dirigente.

(Notícia atualizada às 20h24 com a reação do Bloco)

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WPP compra InfoSum. Quer potenciar oferta de dados baseada em IA

  • + M
  • 4 Abril 2025

A aquisição é para permitir construir, treinar e implementar modelos de IA personalizados que utilizam diversos conjuntos de dados para gerar insights de forma instantânea, otimizando as campanhas.

A WPP anunciou a compra da InfoSum. A empresa que funciona como uma plataforma de colaboração de dados junta-se ao GroupM, holding de media da WPP, para “impulsionar” a criação de soluções de marketing aprimoradas através de inteligência artificial (IA).

A integração da InfoSum é um “grande passo estratégico” na oferta de dados baseados em IA da WPP, conferindo ao grupo e aos seus clientes “acesso imediato à maior fonte multiplataforma de dados seguros para marketing intelligence, segmentação de público e treino de modelos de IA”, refere-se em nota de imprensa.

Os clientes podem assim, de forma rápida, construir, treinar e implementar modelos de IA personalizados que utilizam esses diversos conjuntos de dados para gerar insights de forma instantânea, otimizando campanhas ao longo de todo o ecossistema de marketing e entregando melhorias mensuráveis ​​no desempenho da campanha em algumas horas, em vez de demorar semanas, aponta-se.

A rede global de dados da InfoSum inclui centenas de milhões de dados de diversas plataformas de media (como da Netflix, News Corp, Samsung Ads, Channel 4, DirectTV ou ITV), bem como de grandes retalhistas a nível mundial e de parceiros de gestão de dados (como a Experian, TransUnion, Circana, Dynata ou a NCSolutions).

“Trazer a InfoSum para a WPP é um grande passo para as nossas capacidades de dados e para os resultados que podemos entregar aos nossos clientes. Ela permite que os clientes mantenham o controlo total dos seus dados primários, ao mesmo tempo que lhes dá acesso a quantidades muito maiores de dados de alta qualidade e em conformidade com a privacidade necessária, além de tecnologia pioneira que não está disponível em nenhum outro lugar no mercado”, diz Mark Read, CEO da WPP, citado em comunicado.

Já Brian Lesser, CEO do GroupM, refere que esta integração permitirá a criação de “ainda mais valor com os first-party data dos clientes, bem como o treino de modelos de IA com esses dados numa “escala e velocidade sem precedentes”.

Lauren Wetzel, CEO da InfoSum, aponta também que a missão da InfoSum “sempre foi reimaginar como os dados impulsionam o marketing de uma forma segura, que dê prioridade à privacidade e, mais importante, que impacte anunciantes e consumidores”.

A WPP e o GroupM são os parceiros perfeitos para nos ajudar a acelerar o nosso impacto a uma escala verdadeiramente global. Não poderíamos estar mais animados por unir forças com a equipa do GroupM, à medida que a privacidade e a segurança se tornam questões não negociáveis e que a IA nos permite redefinir o que é possível para anunciantes e para a nossa rede de parceiros de media e de dados”, acrescenta.

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TVI e SIC separadas por três décimas em março

No mês em que a informação foi dominada pela crise política, a SIC recuperou o prime time e a RTP1 as manhãs. Na informação, CNN Portugal, SIC Notícias e RTP3 reforçam o share.

 

A SIC encurtou para três décimas a distância que a separa da TVI em março. No mês em que se sabe que o país vai novamente a votos, a estação da Impresa obteve um share de 14,7%, mais 0,6 pontos percentuais (pp) do que em fevereiro. A TVI, estação líder, fechou o mês com 15% de share, menos 0,7 pp do que no mês anterior.

Em média, o canal da Media Capital foi visto por 326.3 mil telespectadores, mais 7,2 mil do que a estação da Impresa.

A RTP1, com um share de 11,7%, foi seguida em média por 254 mil pessoas e a RTP2 por 14,3 mil telespectadores, mostram os dados trabalhados pela Dentsu/Carat para o +M/ECO.

 

Analisando por faixas horárias, no último mês assiste-se a três alterações mais significativas, na comparação com fevereiro. O período das 7h30 às 12h foi recuperado pela RTP1 e o prime-time pela SIC, estação que surge empatada com a TVI no late night.

O período das 12h às 14h continua a ser ganho pela SIC, a faixa das 14h às 18h mantém-se liderada pela TVI, o pré prime-time pela RTP1 e a madrugada de novo pela TVI.

Dos 15 programas mais vistos, seis são da TVI, cinco da SIC e os outros quatro da RTP1, com o futebol, mais uma vez, a liderar o ranking dos canais aerial.

No cabo, a CMTV mantém a liderança destacada mas caí 0,3 pp, registando no último mês uma share de 6,1% e uma audiência média de 133,6 mil telespectadores.

Na informação a primeira posição continua com a CNN Portugal, com um share de 2,1% e uma audiência média de 57,3 mil telespectadores. Segue-se a SIC Notícias, com um share de 2,1% e uma audiência média de 46,6 mil telepectadores, o News Now, que mantém um share de 1,3% e regista uma audiência média de 28,5 mil pessoas, e a RTP3, que no último mês subiu ao top 20, com um share de 0,8% e uma audiência de 18,5 mil telespectadores

Star Channel, Globo, Hollywood, Star Movies, , SIC Mulher e Star Life são os restantes canais que compõem o top 10 dos canais mais vistos do cabo.

Nos programas, a entrevista da CNN Portugal a André Ventura é a exceção à hegemonia da CMTV, que protagoniza 14 dos 15 programas mais vistos.

 

 

Nota Técnica para a produção da análise evolutiva e mensal
Dados: Yumi / Caem_TV Fonte: Mediamonitor/ GFK Análise Dentsu/Carat para o +M/ECO
Outros: Vídeo, DVD, VHS, Blu-Ray, satélite, consolas, unmatch (além dos 150 canais medidos e o time-shift com um delay de sete dias), plataforma dos operadores (vídeo clube, jogos)
Aud. Total: Percentagem de indivíduos que contactaram um canal, pelo menos uma vez.
Aud. Média: Audiência provável que contacta com o canal em qualquer momento do período respetivo.
Tempo médio despendido: Média do tempo que cada indivíduo contactado despendeu com um canal num determinado período.
Share Aud.: Percentagem de tempo que é despendido a ver um dado canal relativamente ao tempo total de visão do meio (televisão) num determinado período.

Top produzido para programas “Net” (TeleReport), com duração superior a três minutos. Audiência corresponde à média ponderada das partes do programa. Não são considerados como programas: Sorteios e Tempo de Antena.

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Pedro Reis defende “parceria profunda” com EUA, mas pede “investimento em vez de tarifas”

Declaração do ministro surgiu após embaixada americana dizer que EUA e Portugal partilham o Atlântico. "Podem-lhe chamar bacalhau e nós codfish, mas pescamos nas mesmas águas", disse o diplomata.

O ministro da Economia aproveitou a inauguração do primeiro edifício do data center em Sines, que tem por trás um investimento norte-americano de 8,5 mil milhões de euros, para defender a abertura da economia dos Estados Unidos ao mundo e a construção de uma “parceria estratégica profunda” entre os Estados Unidos, Portugal e a Europa.

“Que boa semana para dizer que é bom para a economia mundial estar aberta ao mundo, para dizermos que o investimento americano é muito bem-vindo em Portugal”, começou por dizer Pedro Reis, na cerimónia oficial de abertura do centro de dados da Start Campus, em Sines.

“É uma boa semana para relembrar que queremos construir com os Estados Unidos uma parceria estratégica profunda, num mercado que é essencial para todos e que os Estados Unidos são uma referência também nos gigantes tecnológicos, mas para todos os outros setores”, afirmou o ministro com a pasta da Economia, no dia seguinte à aplicação de taxas aduaneiras recíprocas sobre os bens importados dos EUA.

Diplomata garante que países “partilham mesma fronteira”

Depois de o diplomata Douglas A. Koneff, chargé d’affaires na Embaixada dos EUA em Lisboa, garantir que Portugal e Estados Unidos “partilham a mesma fronteira”, o Oceano Atlântico, o ministro da Economia respondeu: “Que boa semana para dizer à economia mundial que não há fronteiras”, referindo-se às novas tarifas de Donald Trump. “Podem-lhe chamar bacalhau e nós codfish, mas pescamos nas mesmas águas”, brincou o encarregado de negócios.

Segundo Pedro Reis, este campus em Sines mostra aos investidores externos que Portugal dá “continuidade” aos projetos, porque foi iniciado no anterior Governo liderado por António Costa. “É uma coincidência num período pré-eleitoral”, assinalou, enaltecendo também o trabalho das agências públicas, como a Aicep.

“Que bom evento para testemunhar o quanto é fundamental um compromisso dos EUA e Portugal e a Europa. Com confiança em vez de afastamento, investimento em vez de tarifas, combate a barreiras em vez de bloqueios e liberalismo em vez de protecionismo. Este é o caminho da economia mundial”, afirmou o ministro da Economia para uma plateia repleta de representantes da embaixada norte-americana.

Para o governante, o megacentro de dados é um exemplo do caso português como “força” de recursos humanos, cadeias de valor diversificadas, atração de investimento americano, tratamento de águas e arrefecimento das instalações através de um “ativo estratégico”, como o mar, e conectividade. “Portugal é um porto de abrigo. É uma amarração estratégica muito além dos cabos submarinos”, concluiu Pedro Reis.

“Sines propicia futura amarração de novos cabos submarinos”

Já o ministro das Infraestruturas utilizou este projeto tecnológico, criado com capital privado, para alertar para a necessidade de desburocratizar o licenciamento. “Moderar o risco dos investimentos com regulação que garanta equidade. A Europa tem tido uma regulação fechada. Existe um perto de capital no setor das telecomunicações, que está sem capacidade de fazer o investimento que deveria”, advertiu Miguel Pinto Luz.

O governante com a pasta das Infraestruturas considera o data center em Sines “essencial” para a “ambição de ser maior” e enumerou as ligações ao porto de Sines, o maior do país com 50 milhões de toneladas de carga movimentadas por ano. A seu ver, está pronto para mais cabos submarinos no futuro.

“Sines consolida-se como ponto estratégico, neste hub dotado de tecnologias avançadas e soluções sustentáveis. Sines é plataforma propícia para a futura amarração de novos cabos submarinos. Entre 97% e 99% das comunicações digitais são hoje realizadas através de cabos submarinos. Por outro lado, o Porto de Sines está, no cenário internacional, no Top15 dos portos europeus”, disse Miguel Pinto Luz.

Ministro das Infraestruturas, Miguel Pinto Luz © Hugo Amaral

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Mulheres chamadas à liderança pelo exemplo

Ter mulheres na liderança, sobretudo em áreas como a energia, é importante, pois é essencial para que mais sigam o mesmo caminho e se inverta o desequilíbrio.

“Eu nunca tive o plano de ser presidente da ERSAR [Entidade Reguladora dos Serviços de Água e Resíduos]”, indica Vera Eiró, atualmente no cargo. Não tinha um plano definido, concentrando-se sobretudo em apresentar resultados. Até que, o escritório de advogados onde trabalhava lhe propôs um curso de liderança feminina, para o qual foi “bastante contrariada”. Mudou-lhe a perspetiva. “A partir desse momento, percebi que tinha que passar a olhar para o futuro, e tentar perceber o que quero fazer, e não tanto se estou ou não a cumprir um caderno de encargos”, explica. Passou, por exemplo, a informar-se sobre as regras para as promoções e a evidenciar que estava disponível para ser promovida.

Alice Khouri, que chefia o departamento legal da energética Helexia, reconhece que se move num setor “muito desigual” no que toca à força de trabalho. “E, é claro, não podia ser diferente nos cargos de topo”, observa. “Até ao último ano eu dizia muito que nunca me tinha sentido discriminada, e fui chamada à atenção por parte da minha mãe. Ela disse: ‘Minha filha, uma mulher que nunca foi discriminada, é só uma mulher distraída’.”

E a verdade, de acordo com dados do Fórum Económico Mundial, é que a igualdade de género não é uma realidade em nenhum país do mundo, salientou. Em relação aos temas da sustentabilidade, nos quais a presença feminina é mais relevante, Eiró considera que “podem ser uma armadilha para as mulheres”. “Se não for olhado como uma questão de negócio, é um adereço”, alerta.

Ana Fontoura Gouveia, que coordena o gabinete de sustentabilidade no Banco de Portugal, mas já exerceu o cargo de secretária de Estado da Energia, considera “expressivo” o desequilíbrio nesta área e salienta que o problema que daqui decorre é que se, as jovens raparigas não escolhem cursos superiores nas áreas de ciências, de engenharia e matemática, “isso significa que mais à frente os seus salários também serão piores”.

Fontoura Gouveia aponta que, no universo dos melhores alunos de matemática do secundário, no grupo dos rapazes 50% quer ir para engenharias, enquanto só 15% das raparigas o escolhem. “Precisamente porque não há exemplos. Não há modelos femininos nestas áreas. Ou há muito menos. E é por isso que eu acho que é tão importante termos uma Ministra da Energia que é mulher, ou uma secretária de Estado”, defende. Vera Eiró concorda: “Não é dar exemplo no sentido de que as mulheres [nas chefias] têm de ser perfeitas, porque isso é excessivo. É para mostrar que é possível.”

Veja ou ouça a conversa na íntegra aqui:

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Fábrica, sol e floresta. Oliveira do Hospital ‘fura’ investimento de 50 milhões da Sonae Arauco

Além do polémico parque de painéis solares, empresa de derivados de madeira constrói unidade de madeira pré-triturada, dois armazéns, automatiza a produção e refloresta e recupera áreas ardidas.

Abrangendo projetos nas áreas da eficiência operacional, economia circular, descarbonização e reflorestação e recuperação de zonas afetadas por incêndios, a Sonae Arauco anunciou esta sexta-feira que está a investir cerca de 50 milhões de euros na unidade de Oliveira do Hospital.

Com o objetivo de “reforçar a competitividade e a sustentabilidade das suas operações, potenciar as exportações e contribuir para a comunidade”, estes projetos industriais “estratégicos” incluídos no PRR visam reforçar a fábrica do distrito de Coimbra, que assegura mais de 200 empregos diretos e perto de 600 indiretos.

“Os projetos em curso vão contribuir para fazer da unidade em Oliveira do Hospital uma referência mundial no setor. Estamos a investir na transição verde e digital da unidade de forma a melhorar a sua competitividade a longo prazo e a assegurar a sua sustentabilidade”, indica Rui Correia, CEO da empresa de derivados de madeira nascida de uma joint-venture entre a Sonae Indústria e a chilena Arauco.

Os projetos em curso vão contribuir para fazer da unidade em Oliveira do Hospital uma referência mundial no setor.

Rui Correira

CEO da Sonae Arauco

Na área da descarbonização destaca-se um empreendimento de produção de energia renovável solar para autoconsumo para garantir cerca de 30% das necessidades da unidade industrial. Este parque de painéis solares na zona do vale do Alva tem sido criticado pela oposição a nível local (PSD e CDS), o que levou a autarquia liderada pelo socialista José Francisco Rolo a garantir que foi “muito exigente” e até obrigou a empresa a reduzir a área de implantação de 6,9 para 3,6 hectares.

Ao nível da eficiência operacional, o grupo está a investir em dois novos armazéns em Oliveira do Hospital para “reforçar a competitividade da empresa e consolidar a sua capacidade de entrega”. Em comunicado, detalha que a verba inclui a digitalização e automação dos armazéns, assim como do processo produtivo, oferecendo “ganhos de eficiência e melhoria do impacto das operações”.

Por outro lado, além do investimento já noticiado pelo ECO numa unidade de pré-triturado para aumentar a capacidade de incorporação de madeira reciclada com o objetivo de chegar aos 85% em 2026, está a “estudar o desenvolvimento de uma tecnologia inovadora para separar o MDF [sigla em inglês para ‘aglomerado de fibras de média densidade’] da estilha reciclada rececionada na fábrica” para conseguir incorporar mais madeira reciclada neste tipo de soluções.

Na mesma nota, a empresa sublinha ainda as atividades de reflorestação e de recuperação de áreas ardidas. Já se encontra a gerir uma área ardida em 2017 no Vale da Macieira e está neste momento a negociar uma proposta de arrendamento e intervenção numa área de cerca de 50 hectares, que prevê o controlo de invasoras, a redução de risco de incêndios, a gestão do pinhal existente, a recuperação de linhas de água e a plantação de folhosas.

Reportagem na fábrica de derivados de madeira da Sonae Arauco, em Oliveira do Hospital - 28MAI24
José António Silva, diretor da fábrica da Sonae Arauco em Oliveira do HospitalRicardo Castelo/ECO

“Oliveira do Hospital desempenha um papel central na estratégia do grupo, pelo que estamos a reforçar o investimento no concelho com projetos inovadores e sustentáveis que nos colocam na vanguarda do setor. Queremos continuar a levar os produtos produzidos na nossa unidade para todo o mundo, apostando na diferenciação da nossa oferta pela sua inovação, design e sustentabilidade”, resume o diretor da fábrica, José António Silva.

Detida 50%/50% pela Arauco e pela Efanor, holding da família de Belmiro de Azevedo, ao todo, a Sonae Arauco detém 23 unidades industriais e comerciais, comercializa os seus produtos em 70 países e contabiliza cerca de 2.600 trabalhadores em nove países: Portugal, Espanha, Alemanha, África do Sul, Reino Unido, França, Países Baixos, Suíça e Marrocos.

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Preços do petróleo afundam mais de 6% com retaliação da China às tarifas

  • Joana Abrantes Gomes
  • 4 Abril 2025

As tarifas anunciadas por Donald Trump e a resposta de Pequim estão a penalizar as cotações dos benchmarks, pressionados também pelo aumento da produção do cartel OPEP+.

O anúncio de uma nova bateria de tarifas por Donald Trump está a afetar também as cotações do petróleo nos mercados internacionais, estando mesmo a encaminharem-se para o valor mais baixo desde meados de 2021, ano marcado pela pandemia de Covid-19.

Às 11h59 (hora de Lisboa) desta sexta-feira, o barril de Brent, cotado em Londres e que serve de referência às importações europeias, caía 6,44%, para 65,64 dólares, enquanto o WTI, negociado em Nova Iorque, recuava 6,35%, para 62,66 dólares. Ambos os benchmarks caminham para as maiores perdas semanais em termos percentuais em meio ano.

A queda dos preços do “ouro negro” agravou-se ainda mais após a China anunciar, esta manhã, que vai impor tarifas adicionais de 34% sobre todos os produtos importados dos EUA a partir de 10 de abril, como retaliação pelos direitos aduaneiros anunciados pelo Presidente norte-americano na quarta-feira.

Além das tarifas anunciadas pelas duas maiores economias do mundo, o desempenho das cotações do petróleo está a ser impactado pelo aumento da produção anunciado na quinta-feira pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo e os seus aliados (OPEP+), em 411.000 barris por dia em maio, acima da estimativa do mercado de 140.000 barris por dia.

“Isto inclui o aumento originalmente planeado para maio, para além de dois aumentos mensais”, referiu a organização que abrange países como a Arábia Saudita, a Rússia, o Iraque, o Kuwait, o Cazaquistão, a Argélia e Omã.

Ainda assim, ressalvou que “os aumentos graduais podem ser interrompidos ou invertidos em função da evolução das condições do mercado“.

Os níveis de produção para junho serão decididos numa reunião em 5 de maio.

Note-se, porém, que a Casa Branca confirmou que o petróleo, o gás e os produtos refinados estavam isentos das novas tarifas.

Não obstante, as tarifas de 25% aplicadas aos países que importam petróleo da Venezuela têm efeitos a partir desta semana. Trump também ameaçou impor taxas entre 25% a 50% aos compradores de petróleo da Rússia e alertou para um “bombardeamento” e para a aplicação de “tarifas secundárias” ao Irão, outro dos maiores produtores de petróleo.

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Banca europeia em queda a pique. BCP afunda 10% e volta a negociar abaixo dos 50 cêntimos

As novas tarifas comerciais dos EUA esmagam a confiança nos investidores e atiram ações do BCP e dos bancos europeus para quedas históricas com receios de uma recessão global.

As ações do BCP BCP 0,00% chegaram a negociar esta manhã uma queda superior a 10%, que acumulam às perdas de 4,4% da sessão de quinta-feira, colocando as ações a negociar abaixo dos 50 cêntimos pela primeira vez desde 5 de fevereiro.

O movimento desta sexta-feira dos títulos do banco liderado por Miguel Maya, que chegaram a negociar nos 48,45 cêntimos de euros, colocam não apenas o BCP como a “lanterna vermelha” do principal índice da Euronext Lisboa (que está a cair 3%), como se trata da maior correção das ações do BCP desde 10 de junho de 2022, quando os títulos encerraram a cair 11,3%.

Mas o BCP não está sozinho nas quedas desta sexta-feira que se está a pintar um autêntico “meltodown” das bolsas mundiais, como resposta à nova política comercial dos EUA marcada por um aumento significativo das tarifas comerciais. As ações dos bancos europeus estão a cair 9,45%, acompanhando o movimento mais amplo de aversão ao risco que está a abalar os mercados europeus.

Ações do BCP sob pressão

Entre as instituições financeiras mais afetadas destacam-se as ações dos bancos espanhóis e italianos com quedas acima dos 10%, e pelos bancos com maior exposição mundial, como o Santander (que está a cair 11%) e o Barclays (regista uma correção de 10,3%).

“Embora estejamos a acompanhar as implicações dos recentes anúncios de tarifas nos EUA, é em tempos difíceis que o valor da nossa diversificação é mais evidente”, referiu Ana Botín, presidente do Santander, esta sexta-feira na assembleia-geral anual do banco, salientando ainda que “A nossa diversificação atua como um estabilizador num ambiente global incerto.”

A queda das ações do BCP e dos restantes bancos europeus reflete a pressão crescente sobre o setor bancário europeu, que enfrenta um duplo golpe: as incertezas económicas geradas pela nova política comercial dos EUA e os receios de uma recessão global.

A imposição de tarifas aduaneiras adicionais pela Administração norte-americana está a provocar um abalo significativo no comércio global, com impactos diretos na confiança dos mercados e nas perspetivas de crescimento económico.

Impacto das tarifas nos mercados financeiros

Embora os bancos não sejam diretamente visados pelas tarifas, estão altamente expostos às consequências económicas das mesmas. A desaceleração do crescimento global pode reduzir a procura por crédito, afetar a qualidade dos ativos e pressionar os rácios de solvência das instituições financeiras.

Além disso, as turbulências nos mercados podem impactar negativamente as receitas provenientes de comissões e operações financeiras.

A descida do BCP para valores inferiores a 50 cêntimos é particularmente simbólica. Após anos de recuperação e uma valorização expressiva desde os mínimos históricos de 2020, o banco tinha conseguido ultrapassar esta barreira no início de fevereiro, alimentando expectativas positivas entre investidores. Contudo, o cenário atual demonstra como fatores externos podem rapidamente inverter esta trajetória.

Os analistas alertam que o impacto das tarifas norte-americanas poderá ser prolongado, especialmente se as tensões comerciais persistirem e escalarem de níve — como já se assitiu esta sexta-feira com a China a anunciar uma reciprocidade de uma tarifa de 34% sobre todos os bens importados dos EUA.

Segundo a casa de investimento Jefferies, bancos com menor exposição ao comércio internacional poderão estar mais bem posicionados para enfrentar este período turbulento. Contudo, no curto prazo, espera-se que a volatilidade continue elevada nos mercados financeiros.

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