Trabalhadores do Novobanco não se opõem à venda desde que garanta emprego

Comissão de trabalhadores preferia a venda em bolsa, mas está "confiante e otimista" em relação ao futuro do banco com o novo dono francês.

Os trabalhadores do Novobanco não se opõem à venda aos franceses do Groupe BPCE desde que o novo dono assegure a manutenção dos postos de trabalho e a independência do banco português.

“Consideramos que uma venda que garante a manutenção do emprego e a independência do banco poderá ser uma solução positiva, não só para os trabalhadores e clientes, mas também para o sistema financeiro nacional”, adianta a comissão de trabalhadores do Novobanco num comunicado enviado esta segunda-feira às redações.

A comissão liderada por Liliana Felício assume ainda que viu com “agrado as primeiras declarações” do CEO do grupo francês, Nicolas Namias, que assegurou que serão mantidos os atuais postos de trabalho.

“Neste contexto, a comissão de trabalhadores não tem objeções ao processo de venda, desde que sejam salvaguardados os princípios acima referidos”, refere.

Num comunicado com oito pontos, a comissão de trabalhadores admite que preferia a solução da venda em bolsa, permitindo que os trabalhadores pudessem adquirir ações do Novobanco como uma “forma justa de reconhecer o seu contributo e envolvimento no sucesso do banco”.

Ainda assim, assume “confiança e otimismo” quanto ao futuro do banco com o dono francês: “Acreditamos que esta nova fase poderá trazer estabilidade e novas oportunidades de crescimento, já que nos vamos associar ao quarto maior grupo bancário europeu”.

“O Novobanco e os seus trabalhadores merecem um acionista comprometido, que queira investir e desenvolver o negócio a longo prazo. A equipa do Novobanco já demonstrou ser uma das mais competentes do setor bancário”, destaca a comissão de trabalhadores, frisando que “irá acompanhar de perto todo o processo, com especial atenção à salvaguarda de todos os postos de trabalho”.

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Bourke aos trabalhadores: “BPCE abre capítulo promissor para o Novobanco”

CEO do Novobanco reconheceu o esforço dos trabalhadores nos últimos anos e considera que o Groupe BCPE abre um "novo capítulo promissor e de ambição" para o banco português.

O CEO do Novobanco, Mark Bourke, escreveu aos trabalhadores após a Lone Star fechar o negócio da venda do banco ao Groupe BPCE. Reconheceu o trabalho dos colaboradores na trajetória da instituição e destacou que a integração no grupo francês “abre um novo capítulo promissor e de ambição” para o Novobanco, incluindo clientes e staff.

“Estando integrado num grupo financeiro europeu robusto, o Novobanco terá acesso a uma maior escala, recursos e uma base financeira ainda mais sólido”, frisa o gestor irlandês na comunicação enviada internamente na passada sexta-feira e a que o ECO teve acesso.

“Estaremos assim numa posição ainda mais sólida para concretizar as nossas ambições de longo prazo com confiança renovada e um propósito claro”, acrescenta ainda.

Sobre o passado, não esquece o esforço dos trabalhadores que contribuíram para o “progresso notável” alcançado por todos e que resultou num banco com “fortes níveis de rentabilidade, no reforço nossa posição financeira e na consolidação da confiança dos clientes e demais stakeholders”.

O BPCE disse que espera concluir a transação, que valoriza o Novobanco em 6,4 mil milhões de euros, no próximo ano, e o CEO do grupo francês, Nicolas Namias, já assegurou que a administração liderada por Mark Bourke continuará ao leme do banco.

“Durante este período”, explica o gestor irlandês, “continuaremos a assegurar com normalidade as nossas operações, a fortalecer a relação com os clientes e a trabalhar para alcançar as metas que definimos no nosso plano estratégico e no apoio às famílias e empresas portuguesas”.

De resto, Bourke destacou que “a equipa de gestão mantém-se totalmente empenhada em liderar e preparar o Novobanco neste novo capítulo e continua, como sempre, a contar com o apoio de todos”.

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Ministra do Ambiente anuncia inspeção ao acesso às praias na costa de Grândola

  • Lusa
  • 16 Junho 2025

A ministra do Ambiente lembrou que as praias em Portugal "são públicas", pelo que as autoridades vão inspecionar se "a legalidade está a ser cumprida" na zona costeira de Grândola.

A ministra do Ambiente garantiu esta segunda-feira, em Carcavelos, que as praias “em Portugal são públicas” e que as autoridades vão inspecionar se “a legalidade está a ser cumprida” na zona costeira de Grândola.

“As praias em Portugal são públicas, portanto, não pode ser vedado em nenhumas condições o acesso às praias”, afirmou Maria da Graça Carvalho, após assinalar o início oficial da época balnear na Praia de Carcavelos, no concelho de Cascais.

A governante adiantou que, perante notícias de “alguns problemas nos acessos às praias” no sudoeste alentejano, “a APA [Agência Portuguesa do Ambiente] com a Autoridade Marítima e outras entidades irão fazer uma inspeção a ver se toda a legalidade está a ser cumprida”, se “todas as leis estão a ser cumpridas”.

“Por outro lado, estamos a trabalhar com a Câmara de Grândola de modo a garantir que há mais passagens de acesso à praia na costa do concelho“, acrescentou Graça Carvalho, admitindo que “há ali alguma extensão que tem dificuldade de acesso, que não tem os acessos ainda abertos” e pretende-se “dar condições para que seja mais fácil o acesso à praia”.

Questionada sobre se no licenciamento dos próprios empreendimentos não deveria estar assegurado algum espaço para estacionamento e livre acesso às praias, a ministra do Ambiente e Energia respondeu que sim, mas que também compete às entidades oficiais “fazer essa vigilância e, se não está a correr bem, atuar no sentido em que se reponha a situação”.

Na sua intervenção, para assinalar o início oficial da época balnear, Maria da Graça Carvalho disse mesmo que “não há praias privadas em Portugal e qualquer tentativa de limitar ou dificultar o livre acesso da população às praias será identificada” e contrariada.

A ação de fiscalização da APA, em articulação com a Autoridade Marítimas e outras entidades, decorrerá “nas praias do sudoeste alentejano” e a ministra notou que “as praias são de todos” e “para todos” e cabe ao Governo e autoridades nacionais e ao poder local garantir que as pessoas desfrutam destes espaços “em segurança” e “sem obstáculos”.

O acesso às praias do concelho de Grândola tem vindo a ser dificultado por diversos empreendimentos turísticos em construção ou já concluídos, principalmente na zona da Comporta e de Tróia, com a colocação de barreiras nos acessos e limitação de zonas de estacionamento.

Autarca de Grândola quer clarificar se acesso às praias está a ser respeitado

Entretanto, o presidente da Câmara de Grândola, António Figueira Mendes, veio defender que é preciso clarificar se o acesso público às praias do concelho é respeitado, considerando positiva a decisão do Governo de avançar com uma inspeção.

“Essa é uma questão que já tínhamos falado com a APA [Agência Portuguesa do Ambiente] porque todos aqueles empreendimentos são aprovados não apenas pela câmara, como também por um conjunto de entidades”, como o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) e a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Alentejo, afirmou o autarca à agência Lusa.

Figueira Mendes defendeu que é preciso clarificar esta situação e assegurou que “a câmara está a trabalhar nesse sentido”. “Vamos fazer uma visita em conjunto” com responsáveis da APA, “para verificar se se confirma ou não tudo aquilo que tem vindo a ser especulado e anunciado sobre a faixa costeira de Grândola”, avançou.

No seu entender, em causa está “um processo persecutório contra a Câmara de Grândola por razões políticas, obviamente, e não a questão da proibição de ir para as praias”. De acordo com o autarca, eleito pela CDU e a cumprir o seu terceiro e último mandato, “não há praias privadas no concelho de Grândola” e, se existirem promotores com essa intenção, não serão bem sucedidos.

“Se há algum promotor que faça tentativas para que isso aconteça, não vai ser bem-sucedido, porque a câmara não vai autorizar praias apenas destinadas a um determinado empreendimento”, avisou.

Além de reiterar que “não há praias privadas em Portugal” e “muito menos no concelho de Grândola”, Figueira Mendes disse estar “de acordo com a ministra” do Ambiente e, por isso, pretende, juntamente com a APA, “clarificar tudo isso”.

“O problema é que temos dúvidas [sobre] se alguém está a proibir que as pessoas passem pelo seu empreendimento para ter acesso à praia. Alguém tem de provar que é verdade que é assim. As praias, todas elas têm acesso, com mais dificuldades, menos dificuldade, mas ninguém pode impedir que as pessoas tenham acesso à praia”, assegurou.

Questionado sobre a decisão do Tribunal Judicial de Setúbal que determinou a reabertura da estrada de acesso à praia do Pego, na freguesia de Carvalhal, e a imediata remoção de cancelas e outros obstáculos aí colocados, desde outubro de 2022, o autarca afirmou que continua a acreditar na justiça.

“Muito se especulou à volta [desse assunto] e nós continuamos a acreditar na justiça e o tribunal veio dar razão à câmara e aos promotores desses dois empreendimentos [que interpuseram a providência] porque aquele acesso ser apenas para aquele loteamento não estava previsto”, argumentou.

Segundo Figueira Mendes, com a decisão judicial, se não houver “imediata remoção” dos obstáculos, será a câmara “a intervir para que sejam removidas aquelas cancelas”.

(Notícia atualizada às 18h30 com declarações do autarca)

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Bastonário da Ordem dos Advogados defende combate ao isolamento da advocacia

Segundo o bastonário, a advocacia açoriana enfrenta dificuldades acrescidas, nomeadamente ao nível da formação, da disponibilidade de meios técnicos e no acesso a recursos.

“Há claramente um isolamento da advocacia. E, isso tem sido uma das queixas que mais temos ouvido”, afirmou João Massano, em declarações à agência Lusa, no dia em que tomaram posse, em Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, os membros do Conselho Regional dos Açores da Ordem dos Advogados eleitos para o triénio 2025/2027.

Segundo o bastonário, a advocacia açoriana enfrenta dificuldades acrescidas, nomeadamente ao nível da formação, da disponibilidade de meios técnicos e no acesso a recursos, quando comparada com regiões como Lisboa.

“O acesso é diferente”, assinalou João Massano, garantindo que a Ordem dos Advogados “irá estar mais próxima” dos profissionais açorianos, com medidas concretas como a criação de grupos de trabalho e a realização de inquéritos para “adequar a ação do Conselho Geral às necessidades específicas dos Açores em matéria de formação e em tudo que seja necessário”.

Nesse sentido, explicou que as verbas da Ordem são distribuídas de acordo com o número de advogados em cada Conselho Regional, daí que os Açores tenham uma verba inferior aos outros Conselhos Regionais.

“A nossa ideia é que Conselhos com menos meios devem ser apoiados de forma diferente pelo Conselho Geral”, sustentou, afirmando que “uma quota paga por um advogado deve valer o mesmo, esteja ele em Lisboa, nos Açores ou no interior do país”.

Para estas regiões que “têm menos acesso a determinados meios a Ordem tem que dar um apoio diferente”, reforçou João Massano, à Lusa.

O bastonário da Ordem dos Advogados referiu-se ainda à “falta de investimento na justiça”, o que origina “um défice” de oficiais de justiça, condições deficitárias de vários tribunais e a sobrecarga de “trabalho dos procuradores”, transversal ao país.

No caso dos Açores, alertou para a situação do estabelecimento prisional de Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, cuja construção da nova cadeia “é reivindicada há vários anos”.

“O que se tem notado ao longo dos últimos anos é que a justiça é um direito de segunda relativamente à saúde e à educação. E a falta desse investimento tem conduzido a situações como aquela que se verifica no estabelecimento prisional de Ponta Delgada, pois há anos que se justificava outro estabelecimento, com outra capacidade”, apontou João Massano.

A Ordem dos Advogados assinalou, na quinta-feira, em Ponta Delgada, os seus 99 anos, tendo o bastonário recordado que existe uma deliberação do Conselho Geral para a realização de eventos comemorativos do centenário, no próximo ano, em cada um dos Conselhos Regionais.

“Estamos aqui nos Açores no sentido de dar um sinal claro de que pretendemos que a Ordem esteja junto de todos os advogados onde quer que eles se encontrem”, reforçou.

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Só quatro dos dez acusados de agredir Gouveia e Melo falaram em tribunal

  • Lusa
  • 16 Junho 2025

O julgamento dos 'negacionistas' acusados de agredir e insultar Henrique Gouveia e Melo e Eduardo Ferro Rodrigues começou e apenas quatro dos dez arguidos quiseram falar em tribunal.

O julgamento dos ‘negacionistas’ acusados de agredir e insultar Henrique Gouveia e Melo e Eduardo Ferro Rodrigues começou esta segunda-feira e apenas quatro dos dez arguidos quiseram falar em tribunal.

Os dez arguidos acusados dos crimes de ofensas à integridade física agravada na forma tentada, injúria agravada, ameaça agravada e dano qualificado na forma consumada estiveram todos presentes na sala do Tribunal Central Criminal de Lisboa, mas apenas quatro quiseram prestar declarações nesta fase inicial do julgamento.

Os arguidos Luís Filipe e Jorge Torres falaram sobre o episódio que envolveu o antigo presidente da Assembleia da República, a 11 de setembro de 2021, junto à Assembleia da República. O primeiro negou qualquer insulto a Ferro Rodrigues, tendo dito que apenas gritou “respeito” e que o seu objetivo foi sempre proteger Ferro Rodrigues quando esteve saiu do restaurante onde estava com a mulher.

O segundo arguido, Jorge Torres, admitiu que chamou “pedófilo” e “genocida” a Ferro Rodrigues, mas não se lembra de ter dito as palavras “assassino” e “canalha”. “No calor da situação, somos levados a chamar expressões. Vacinar crianças é um ato genocida”, disse em tribunal esta manhã.

Os últimos dois arguidos, Maria Inês Ribeiro e Pedro Ribeiro, falaram sobre o episódio que envolveu Henrique Gouveia e Melo, que na altura, em 2021, era o coordenador da ‘task force’ do plano de vacinação contra a covid-19. Maria Inês Ribeiro assumiu alguns dos factos que constam na acusação e negou outros.

“Chamei assassino, porque quem mata é um assassino. Não tenho por hábito usar essas palavras e foi a força de expressão em relação ao que pensava e sentia. Sou inocente da acusação que me é feita de agredir e tentar agredir”, disse, acrescentando desconhecer que, naquele dia em que se manifestava junto ao centro de vacinação de Odivelas, Henrique Gouveia e Melo iria estar presente.

Já Pedro Ribeiro, cujas declarações foram interrompidas pela hora de almoço, disse ao coletivo de juízes liderado pela juíza Sandra Carneiro que esteve no centro de vacinação de Odivelas, mas que apenas gritou “capitão iglo paga-me um shot”, dirigindo-se a Gouveia e Melo, uma vez que estava a ser promovida uma festa no âmbito da campanha da vacinação.

O processo chega agora a julgamento, depois de o Tribunal Central de Instrução de Lisboa ter decidido, em dezembro de 2024, que existiam indícios suficientes para julgamento de dez dos 12 constituídos arguidos pelo Ministério Público pelos crimes de ofensas à integridade física agravada na forma tentada, injúria agravada, ameaça agravada e dano qualificado na forma consumada.

De acordo com a acusação, em causa estão episódios que aconteceram durante a pandemia – um deles em agosto de 2021, quando os manifestantes negacionistas gritaram “assassino” e “genocida” contra Gouveia e Melo, então coordenador da ‘task force’ do plano de vacinação contra a covid-19, junto ao centro de vacinação em Odivelas, e o outro aconteceu um mês depois, junto ao parlamento, quando chamaram “pedófilo” e “nojento” a Ferro Rodrigues, quando este se deslocava a pé com a mulher para almoçar num restaurante nas imediações.

O Ministério Público constituiu doze arguidos, mas alguns pediram a abertura de instrução e a juíza Sofia Marinho Pires decidiu não pronunciar dois dos arguidos, que estavam acusados de um crime de ofensas à integridade física qualificada, na forma tentada, contra o então almirante Gouveia e Melo.

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IA surge mais de 30 vezes no Programa do Governo. Onde será aplicada nesta legislatura?

Cardápio de medidas prevê uma aplicação quase transversal de inteligência artificial (IA) nas políticas públicas, incluindo em áreas sensíveis, como forças de segurança, justiça e impostos.

O programa do novo Governo inclui mais de 30 referências à expressão “inteligência artificial” (IA), mais do dobro do anterior, e com objetivos muito distintos. Por exemplo, pretende-se incentivar a adoção destas tecnologias pela indústria e usá-las para melhorar a educação e o combate à evasão fiscal. O uso de IA na Administração Pública é, aliás, um dos desígnios da Reforma do Estado agora prometida por Luís Montenegro.

Anteriormente, o Executivo já estava a trabalhar numa Agenda Nacional para a IA, enquadrando, por exemplo, o desenvolvimento do modelo de inteligência artificial Amália, vulgarmente apelidado de ‘ChatGPT português’. Mas a medida, originalmente prometida até ao final do primeiro trimestre, foi ‘atropelada’ pela convocação de eleições antecipadas.

Agora, o Governo promete “finalizar e implementar” esta agenda, missão que poderá caber ao novo ministro Adjunto e da Reforma do Estado, Gonçalo Saraiva Matias (a anterior ministra da tutela, Margarida Balseiro Lopes, vai assumir competências na área da Cultura). A nova equipa governativa conta ainda com Bernardo Correia como secretário de Estado para a Digitalização, até aqui diretor-geral da Google Portugal, uma das tecnológicas mundialmente mais avançadas nesta área.

Na tomada de posse dos novos governantes, o primeiro-ministro prometeu uma “guerra à burocracia” nesta legislatura, e conta com a IA como aliada nesse combate: “A digitalização, incluindo o uso de inteligência artificial, deve ser acelerada, assegurando a interoperabilidade de sistemas e o fluxo automático de informação entre serviços (como entre AT e Segurança Social), para reduzir erros, pedidos repetidos e custos de contexto”, explica o Programa do Governo, enviado à Assembleia da República durante o fim de semana. A intenção é garantir que o Estado não pede aos cidadãos e às empresas informação que já conste nos seus muitos sistemas.

O documento prevê ainda “equipar a Administração Pública transversalmente com ferramentas tecnológicas mais modernas e de colaboração e de inteligência artificial”. A meta é promover “a adoção de IA nos serviços, melhorando a satisfação dos cidadãos” com os serviços públicos e “reduzindo a pressão” sobre os funcionários do Estado.

Ainda na senda da Reforma do Estado, o Governo tenciona “aprofundar a reforma” dos serviços públicos com recurso a IA, quer ao nível dos serviços que lidam diretamente com os cidadãos, quer ao nível do funcionamento nos bastidores. A promessa é a de expandir “os serviços cujos processos podem ser tramitados integralmente por via digital, assegurando assistência presencial ou remota” aos mais tecnicamente excluídos.

Nestes pontos, o modelo Amália poderá ser fulcral — se vier, como se espera, a permitir uma interação com os cidadãos em linguagem natural, nomeadamente texto e voz.

O Amália está a ser desenvolvido por um consórcio de universidades, de onde se destacam a Universidade Nova de Lisboa e o Instituto Superior Técnico. O projeto de 5,5 milhões de euros encontra-se atualmente na segunda fase, estando previsto que até ao final de setembro seja disponibilizada à Agência para a Modernização Administrativa (AMA) uma versão base do modelo, para que possa começar a ser implementado nos serviços do Estado.

A “revolução” em curso

O Programa do Governo também estabelece visões de como a IA pode ser usada a um nível mais setorial, partindo do pressuposto de que “o digital permeia praticamente todas as esferas do quotidiano, e no qual a inteligência artificial está a mudar a forma de realizar tarefas, criar conteúdos, aceder e assimilar informação”.

Desde logo, nas Finanças. O Governo tenciona que a IA ajude o Fisco a melhor detetar fraudes e fugas aos impostos. A tecnologia é altamente eficaz a detetar padrões complexos em conjuntos de dados que facilmente escapariam ao olho humano, mesmo o mais experiente. Assim, o cardápio de medidas do Governo contempla a definição de “um programa de combate à fraude e evasão fiscais”, garantindo, porém, que não serão comprometidas “as garantias constitucionais dos contribuintes”.

No ensino, é prometido o desenvolvimento e implementação de uma Estratégia para o Digital na Educação que potencie, entre outras coisas, a “criação de recursos educativos digitais inovadores”, e que se baseie também “no potencial da IA para o apoio personalizado à aprendizagem dos alunos”. Isto evoca uma promessa anterior de Luís Montenegro, quando anunciou em novembro, no palco da Web Summit, que pretende dar “a cada aluno um tutor educativo de IA” adaptado aos currículos nacionais.

A qualificação é outra das preocupações. Pretende-se “promover iniciativas de exposição às novas tecnologias para crianças e jovens, por exemplo durante os programas de férias escolares, através da realização de atividades de sensibilização, motivação e promoção de competências em programação, robótica, comunicação digital e IA”.

Para a população mais em geral, promete-se uma aposta “na qualificação dos portugueses em competências tecnológicas e digitais”, para preparar os trabalhadores para o que o Governo apelida de “revolução da inteligência artificial”, sem se referir como.

Para o Executivo, “as escolas e instituições de ensino têm um papel duplo neste paradigma”. “Por um lado, apoiar e preparar alunos e famílias a lidar com um mundo cada vez mais digital, desenvolvendo competências que serão cada vez mais relevantes para a sua empregabilidade; por outro lado, discernir de que forma, e em que momentos, a tecnologia pode ser um potenciador das aprendizagens e do desenvolvimento das crianças e jovens em condições de equidade”, justifica o programa.

Ainda dentro das qualificações, a IA é também uma das em que o Executivo pretende desenvolver “programas de qualificação e requalificação profissional”. Para tal, espera contar “com o apoio dos centros tecnológicos setoriais”.

Passando à Justiça, a ministra Rita Alarcão Júdice, que transita da equipa anterior, terá a incumbência de “criar um código de conduta” para o uso de IA pelas diferentes entidades do setor, com enfoque nos direitos fundamentais.

A tecnologia servirá ainda para garantir a “publicitação de toda a jurisprudência, incluindo sentenças judiciais de primeira instância e decisões dos meios alternativos de resolução de litígios e arbitragem”, ao permitir a anonimização automática dos documentos, confia o Governo.

Dentro da chancela da segurança, prevê-se o uso de “meios tecnológicos preditivos” e de IA pelas forças de segurança. Esta medida insere-se no “investimento em meios tecnológicos” que reforcem “a capacidade de vigilância”. Não são especificadas as aplicações concretas.

De resto, nem a habitação escapa à onda da IA. Numa secção dedicada à Juventude, o programa estipula o uso de tecnologias de IA para “agilizar os processos e evitar atrasos” no programa Porta 65 Jovem. É uma iniciativa já existente que apoia jovens dos 18 aos 35 anos no arrendamento habitacional, pagando uma percentagem da renda do imóvel sob a forma de subvenção mensal.

Gonçalo Saraiva Matias é o novo ministro Adjunto e da Reforma do EstadoHenrique Casinhas/ECO

IA como íman de investimento

Aplicações que recorram a IA podem ainda desbloquear eficiências nas empresas, motivo pelo qual esta é também vista como essencial para a competitividade económica. Nesse sentido, o Executivo promete às empresas “lançar programas de apoio ao investimento na implementação de tecnologias avançadas”. A essa juntam-se outras, como a robótica, a automação e a “manufatura aditiva” (mais conhecida por impressão 3D).

Outra meta é “apoiar a investigação, a inovação e o empreendedorismo em IA, bem como estimular a adoção e a utilização de IA nas empresas”. Sobre este ponto não se estabelecem medidas concretas, no entanto é público que a Comissão Europeia está a desenvolver uma estratégia para fomentar o uso de IA pelas pequenas e médias empresas (PME) europeias.

Já para facilitar a atração de investimento estrangeiro, o Governo quer empregar IA para disponibilizar “informação centralizada e simplificada, em linguagem bilingue, sobre os procedimentos administrativos e legislação relevante para as empresas”. Aparentemente, um processo essencialmente assente na tradução da língua portuguesa.

É notório que o aumento do uso de IA a nível global tem gerado novas oportunidades económicas, com o país bem posicionado para atrair até 12 mil milhões de euros de investimento em data centers nos próximos cinco anos, estimou recentemente uma associação do setor — sobretudo depois de os EUA terem retirado as restrições à compra de chips avançados para IA por parte de entidades estabelecidas em Portugal. O Governo não quer deixar escapar esse filão de investimento, prometendo incentivos “à instalação e desenvolvimento” de centros de dados com elevados padrões de segurança, resiliência, eficiência energética e sustentabilidade.

Além disso, o Governo promete “investir no desenvolvimento de uma infraestrutura computacional de alto desempenho em Portugal que permita a investigação, inovação, desenvolvimento e comercialização de soluções” de IA”. Aqui deve entrar a Fábrica de IA em que o Governo participa, em conjunto com Espanha, Turquia e Marrocos, que se materializa num supercomputador instalado em Barcelona, ou as novas Gigafábricas de IA, que serão infraestruturas de grande dimensão em que a Comissão Europeia pretende coinvestir em conjunto com consórcios privados.

Resposta a novos desafios

A emergência da IA nos últimos anos suscitou novos desafios, prendendo-se um deles com o dos direitos de autor. Algumas destas ferramentas são ou foram treinadas com conteúdos protegidos — e, a nível internacional, têm-se travado batalhas judiciais para definir o que pode ou não ser considerado uso legal de obras protegidas (como este mesmo artigo que está a ler), ou se deve haver compensação. É o caso do processo que coloca frente a frente o jornal norte-americano The New York Times e a empresa que criou o ChatGPT, a OpenAI.

Ora, o próprio Estado está a ser afetado por esse dilema. O desenvolvimento do modelo Amália com recurso a informação recolhida da internet, incluindo artigos dos jornais portugueses ‘eternizados’ no Arquivo.pt — projeto gerido pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) –, tem suscitado dúvidas sobre a proteção dos direitos de autor, incluindo da parte do Sindicato dos Jornalistas: “Importa […] perceber como operará este modelo no recurso e referência a conteúdos jornalísticos, que vêm sendo canibalizados sem atribuição por inteligências artificiais”, avisou em maio, num comunicado.

O Programa do Governo não é omisso sobre essa matéria. Nele, o Executivo de Luís Montenegro assume a intenção de “ajustar os direitos autorais às novas realidades digitais, nomeadamente no que diz respeito à IA”. Não se conhecem detalhes sobre o que se pretende nesta matéria.

Para finalizar, é pretensão do Governo “ampliar as competências e o âmbito de atuação dos reguladores” também nesta vertente, mas também noutras ligadas ao universo digital, como os criptoativos. No que à IA diz respeito, tem entrado em vigor, gradualmente, o novo regulamento europeu da IA. A próxima fase acontece já em agosto de 2025, prazo para o novo Governo determinar qual será em Portugal a autoridade de fiscalização, com a Anacom a ser uma forte candidata.

O Programa do Governo começa a ser debatido no Parlamento esta terça-feira. O documento será votado na quarta-feira, tendo aprovação já garantida.

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Leroy Merlin distribuiu 18,3 milhões de euros pelos colaboradores

A empresa de materiais de construção, decoração, jardinagem e bricolagem entregou 2,7 salários extra aos funcionários em 2024 através de um prémio e da partilha de parte dos resultados operacionais.

A Leroy Merlin anunciou esta segunda-feira que distribuiu 18,3 milhões de euros pelos colaboradores, relativos aos resultados de 2024, o que representa um aumento de 22% em relação ao valor entregue aos trabalhadores no ano anterior.

A verba, que aumentou em cerca de três milhões de euros de um ano para o outro, representa 2,7 salários extraordinários por cada colaborador. Os 18,3 milhões de euros são distribuídos pela equipa a título de participação nos resultados da multinacional francesa e prémios de evolução na performance.

Em Portugal, a empresa de materiais de construção, decoração, jardinagem e bricolagem tem 6.200 funcionários. No âmbito da estratégia da Employer Value Proposition, existe uma cultura de partilha e participação interna através da qual quase todos (99%) dos colaboradores em Portugal sejam, também, acionistas.

A Leroy Merlin procedeu à distribuição dos resultados de duas formas: com o prémio progresso, que se traduz em valor monetário acrescido ao salário, e pela partilha de parte dos resultados operacionais, que pode ser convertida num produto financeiro ou em ações do grupo francês Adeo, ao qual pertence. Em 2024, procedeu-se ainda à atribuição de um voucher online no valor de 150 euros para apoio financeiro adicional no regresso às aulas e na antecipação das despesas de Natal.

“Acreditamos que a partilha do valor gerado é essencial para construir uma empresa mais humana, sustentável e atrativa. Somos human centric [centrados nas pessoas] e preocupamo-nos diariamente em fomentar uma cultura que coloca as pessoas em primeiro lugar”, afirma a diretora de Recursos Humanos da Leroy Merlin Portugal.

Ana Herrero diz que a empresa tem “consciência de um contexto económico desafiante”, portanto investiu no bem-estar dos colaboradores, quer através da valorização financeira quer por via de benefícios e iniciativas relacionadas com a saúde. “Em 2025 continuaremos a dar corpo à nossa ambição de ser um verdadeiro empregador responsável”, garantiu a gestora.

No dia 1 de abril de 2025 a Leroy Merlin aumentou o salário mínimo de entrada para 920 euros, dos anteriores 850 euros. A decisão de subir os ordenados implicou um investimento global de revisão salarial superior a 3,7 milhões de euros e fez com que a empresa fique 5,7% acima do salário mínimo nacional.

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Outlook Mafra avalia o potencial da região do turismo à agricultura

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  • 16 Junho 2025

A conferência Outlook Mafra vai reunir vários especialistas de sustentabilidade, turismo e agricultura para avaliarem o potencial da região relativamente a estes temas.

Num momento em que os territórios enfrentam o desafio de crescer de forma sustentável, integrando desenvolvimento económico com responsabilidade social e ambiental, o concelho de Mafra promove a conferência Outlook Mafra, que reunirá, na manhã do dia 26 de junho, especialistas, decisores e representantes de diversas áreas estratégicas, na Casa de Cultura Jaime Lobo e Silva, na Ericeira.

Turismo, agricultura, sustentabilidade, pesca artesanal e o posicionamento logístico de Mafra no contexto atlântico estarão no centro do debate, numa iniciativa que pretende destacar o potencial multifacetado do concelho e projetar soluções sustentáveis e integradas para o seu crescimento.

Os interessados deverão inscrever-se aqui.

PROGRAMA

09h30 Abertura
António Costa, Diretor do ECO
Hugo Moreira Luís, Presidente da Câmara Municipal de Mafra

10h00 A Ericeira – Capital do Surf à Excelência do Turismo
Fancisco Spinola, Presidente da World Surf League
Teresa Ferreira, Diretora do Departamento de Dinamização dos Recursos Turísticos do Turismo de Portugal
Tiago Pires, Surfista
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10h45 Talk sobre Desenvolvimento Sustentável
Tiago Freire, Subdiretor do ECO à conversa com Manuel Andrade Neves, Sócio da Abreu Advogados

11h15 Coffee-break

11h30 A Agricultura Também está na Moda
Sandra Primitivo, Executive Director EY
Domingos Santos, Vice-Presidente da CAP
Moderação: Alexandre Batista, Editor Local Online

12h15 A Pesca Artesanal ao largo da Ericeira
Tiago Freire, Subdiretor do ECO à conversa com Rodrigo Sengo, Senior Program Development na MSC Portugal e João Pereira, Chefe da Divisão de Modelação e Gestão de Recursos da Pesca no IPMA

12h45 Mafra Como Hub Logístico do Atlântico
Apresentação de Mafra como Pólo Logístico do Futuro
Hugo Moreira Luís, Presidente da Câmara Municipal de Mafra

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Governo anuncia compra de sexto avião da Embraer e venda de 10 para a NATO

  • Lusa
  • 16 Junho 2025

O ministro da Defesa anunciou hoje intenção de compra de um sexto avião KC-390 Millennium da empresa brasileira Embraer para a Força Aérea Portuguesa e a venda de 10 outros aviões para países da NATO

O ministro da Defesa, Nuno Melo, anunciou hoje intenção de compra de um sexto avião KC-390 Millennium da empresa brasileira Embraer para a Força Aérea Portuguesa e a venda de 10 outros aviões para países da NATO.

“Nós decidimos optar pela sexta aeronave, opção que estava prevista no contrato, mas é bom que se tenha presente que será uma aquisição feita ao preço da celebração do contrato, ou seja, lá atrás e não ao preço a que a aeronave está a ser vendida agora. Pelo que, no limite, se Portugal a quisesse vender, a revenderia com um enorme lucro“, disse o ministro da Defesa à imprensa durante a visita à 55° edição do salão internacional “Paris Air Show”.

Segundo Nuno Melo, a parceria entre Portugal e o Brasil através da Embraer, que “resulta em imensos lucros para Portugal e reforça as indústrias de defesa”, vai ser ainda reforçada pela “opção potencial por 10 outras aeronaves”.

Com a opção de venda de 10 aviões, “cada aeronave vendida significa 11 milhões de euros para o Estado português e por cada uma destas vendas, também vantagens que serão acrescidas ainda com mais lucro que reverterá para a Força Aérea Portuguesa“, acrescentou.

Em 2019, Portugal acordou adquirir à brasileira Embraer cinco aeronaves KC-390 e um simulador, tendo já sido entregues duas, com o objetivo de substituir os Hércules C-130, por um valor de 850 milhões de euros.

No âmbito deste processo foram introduzidas modificações à aeronave para a adequar aos requisitos estabelecidos por alianças como a NATO, Nações Unidas e União Europeia, que fazem com que as aeronaves possam ser adquiridas por outros países com lucro para o Estado português.

O ministro quis salientar que Portugal esteve na origem do projeto do KC-390 Millennium, participando no fabrico de inúmeros componentes, numa “tecnologia de ponta, que coloca Portugal na linha da frente, num projeto que é também nacional, à escala global”.

Nuno Melo destacou ainda que o país é o único na Europa que “providencia o treino dos pilotos do KC390”, no centro de Beja.

“O treino de pilotos é uma fonte de lucro muito grande e por cada aeronave vendida Portugal tem um lucro que é superior a 11 milhões de euros, o que significa que quantos mais KC sejam vendidos no mundo, mais Portugal beneficia”, referiu.

Em agosto de 2019, o Governo português e a empresa brasileira líder no fabrico de aeronaves comerciais, executivas e militares assinaram um acordo de aquisição de cinco KC-390, acordando a entrega de uma aeronave por ano, com a entrega do terceiro prevista para os próximos meses, segundo a porta-voz da Força Aérea, capitão Patrícia Fernandes.

O KC-390 Millennium pode realizar uma ampla gama de missões, como transporte e lançamento de cargas e tropas, evacuação aeromédica, busca e salvamento (SAR), ajuda humanitária e missões de resposta a desastres (HADR), combate a incêndios e reabastecimento aéreo, tanto como tanque quanto como recetor.

Além disso, esta aeronave modernizada pode apoiar operações de vigilância marítima, aumentando o alcance e o tempo de permanência em voo por meio do reabastecimento em voo, bem como o transporte estratégico, mais rápido e com menos escalas, permitindo o transporte de pessoas e carga para o teatro de operação.

Dependendo das versões pode custar 130 milhões ao Ministério da Defesa, um “investimento” que, segundo Nuno Melo, equipará a Força Aérea Portuguesa e se pagará a si próprio.

“Nós investimos na defesa, com um grande retorno económico e financeiro, que ajuda a pagar o investimento feito no reequipamento das Forças Armadas em Portugal, mas gera lucro acrescido para a economia portuguesa e para o Estado”, afirmou.

Para o ministro, o país “utiliza o melhor da sua inteligência, dos seus engenheiros, da sua técnica” num projeto que dá retorno, por essa razão a sua visita ao salão em Le Bourget, a cerca de 20 quilómetros de Paris não foi para compra mas para vir vender e ter lucro, para além de modernizar as Forças Armadas.

“Estamos a investir até 2% com retorno para a economia portuguesa (…) e parece-me que falamos já de um passo suficientemente grande face às nossas circunstâncias, até porque este investimento se mede em percentagem do PIB. Portanto, estes passos devem ser calculados, devem ser bem medidos, sempre garantindo um reforço da economia, que pelo aumento do PIB também permitam um maior retorno para a defesa nacional. É tudo isso que estamos a fazer, de forma, a cumprir compromissos com a Nato”, disse.

A Embraer tem um Centro de Engenharia e Negócios em Lisboa, tornando o país “a porta de entrada de uma empresa global na Europa, com benefício para todos”, afirmou Nuno Melo.

Questionado sobre a fabricação em Portugal de aeronaves Super Tucano a pedido da NATO, Nuno Melo revelou que “os primeiros cinco serão entregues este ano”, envolvendo a indústria portuguesa.

Este será também um investimento de perto de 200 milhões de euros no reequipamento das Forças Armadas, dos quais 75 milhões de euros serão aplicados nas indústrias portuguesas que farão a reconfiguração da aeronave para as especificações da NATO, de acordo com o ministro da Defesa.

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Dentsu Creative e S&TG ganham os primeiros bronzes portugueses em Cannes

O trabalho da Dentsu para o canal História ganhou bronze em Outdoor e Print. Também o "Save Us From The USA“, da S&TG, ganhou bronze em Outdoor.

A primeira manhã do Festival de Criatividade de Cannes traz boas notícias para Portugal. A Dentsu Creative, com a campanha Outnumbered para o canal História, ganhou um bronze em Outdoor, ao qual se soma outro em Print.

Também a Stream and Tough Guy, com “Save Us From The USA“, para a Change the Ref, ganhou bronze em Outdoor.

Portugal, recorde-se, tem 17 entradas em shortlist no Festival Internacional de Criatividade Cannes Lions, o mais importante festival de criatividade do mundo, que decorre de 16 a 20 de junho. Os oito trabalhos, que permitiram as 17 shortlist, são da Dentsu Creative (11), Uzina (quatro), Stream and Tough Guy (um) e Judas (um). As shortlists de algumas categorias ainda não foram divulgadas.

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Portugal com 17 shortlist no arranque do Cannes Lions

Os oito trabalhos, que permitiram as 17 shortlist são da Dentsu Creative (11), Uzina (quatro), Stream and Tough Guy (um) e Judas (um).

Portugal tem 17 entradas em shortlist no Festival Internacional de Criatividade Cannes Lions, o mais importante festival de criatividade do mundo, que decorre de 16 a 20 de junho. Os oito trabalhos, que permitiram as 17 shortlist são da Dentsu Creative (11), Uzina (quatro), Stream and Tough Guy (um) e Judas (um). As shortlists de algumas categorias ainda não foram divulgadas.

Pela mão da Dentsu Creative e para o Canal História, entraram em shortlist os trabalhos “History Outnumbered” em Creative Data (na subcategoria Corporate Purpose & Social Responsibility) e Print & Publishing (Corporate Purpose & Social Responsibility), “Likes” nas categorias Outdoor (Media/Entertainment Posters e Media/Entertainment Billboards) e Print & Publishing (Media/Entertainment), “Marches” nas categorias Outdoor (Media/Entertainment Posters e Media/Entertainment Billboards) e Print & Publishing (Media/Entertainment) e “Crimes” na categoria Outdoor (Media/Entertainment posters e Media/Entertainment Billboards).

A Dentsu Creative conseguiu ainda entrar em shortlist na categoria de Media (Breakthrough on a Budget) com o trabalho “The Case for Saving Water“, para o Turismo de Portugal.

Já o trabalho “Drinkable Anthem“, da Judas para a Super Bock, entrou na shortlist da categoria Direct (Use of Broadcast), enquanto Save Us From The USA“, da Stream and Tough Guy para a Change the Ref, conseguiu a entrada na categoria Outdoor (Market Disruption).

Outra das entradas portuguesas em shortlist é o trabalho “Hidden Tags”, da Uzina para a Ikea, nas categorias Creative Data (Data Storytelling e Market Disruption) e Direct (Consumer Goods e Small-Scale Media).

Este projeto foi apontado pela MediaCat como um dos favoritos a levar para casa um Grand Prix do festival. A campanha em causa, foi lançada pela Ikea para celebrar os seus 20 anos em Portugal, tendo a marca desafiado os clientes a procurarem as etiquetas dos seus produtos, com o objetivo de encontrar o móvel mais antigo da marca sueca em Portugal. Quem tivesse a peça de imobiliário com maior idade ganhava um voucher de dois mil euros.

Este ano são 137 os trabalhos que estão a representar Portugal na 72ª edição do Festival Internacional de Criatividade Cannes Lions. No total, o festival recebeu 26.900 inscrições a nível mundial.

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8.ª Advocatus Summit. Edição de junho da Advocatus

  • ADVOCATUS
  • 16 Junho 2025

Na Advocatus de junho pode ler o balanço da oitava edição da Summit Lisboa, uma entrevista à sócia da Melo Alves, Cláudia Leonardo, e ainda todos os pormenores da sociedade do mês, Ana Bruno.

A 8.ª edição da Advocatus Summit decorreu entre os dias 29 e 30 de maio, no auditório da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. A edição de 2025 contou com a presença do presidente da ASAP, José Luís Moreira da Silva, e do bastonário da Ordem dos Advogados, João Massano. Durante duas manhãs, reuniram-se alguns dos principais nomes da advocacia de negócios em Portugal para debater grandes temas que moldam a prática jurídica: fiscalidade, governance e compliance, investimento em Portugal, cibersegurança e IA, concorrência e direitos do consumidor, agribusiness, smart cities e o papel do advogado em projetos cross-border.

O evento que liga a advocacia de negócios aos agentes económicos e mundo empresarial conta com o patrocínio da Abreu Advogados, CMS Portugal, CS’Associados, Deloitte Legal, EY Law, Morais Leitão, Pérez-Llorca, PLMJ, PRA – Raposo, Sá Miranda & Associados, Proença de Carvalho, PwC Portugal, Sérvulo & Associados, SRS Legal, Telles e Vieira de Almeida.

Este ano, o almoço com os managing partners dos escritórios patrocinadores da 8ª edição da Advocatus Summit contou com a presença do candidato a Belém, Henrique Gouveia e Melo. O papel do Presidente da República na nossa constituição e o novo puzzle político-parlamentar preencheram o encontro.

Na 8 ª edição da Advocatus Summit realizou-se o encontro, pelo segundo ano consecutivo, em regime Chatham House Rule. Este ano, o publisher e diretor do ECO, António Costa, esteve à conversa com o jornalista e administrador da Impresa, Ricardo Costa. Em foco esteve a relação entre a comunicação social, o seu trabalho e o resultado eleitoral do dia 18 de maio. Na plateia estiveram alguns sócios dos escritórios patrocinadores do evento.

Cláudia Leonardo, sócia da Melo Alves AdvogadosHugo Amaral/ECO

Cláudia Leonardo de Carvalho é a advogada do mês desta edição. A sócia da Melo Alves assume que a representatividade feminina assume um papel cada vez mais “importante” na atração e retenção de talento. Sobre a arbitragem, considera que é “comprovadamente” um mecanismo de resolução alternativa de litígios com “alta eficácia”.

Filipe Eusébio, sócio da Ana Bruno & Associados, assume que o principal desafio da firma é manter a sustentabilidade no crescimento e o grau de qualidade do trabalho que entregam. O advogado fez um balanço muito positivo dos cerca de 21 anos de atividade da firma e garante que pretendem apostar na área de Direito do Desporto. Sobre uma possível expansão para outras cidades, não está para já nos planos. Descubra todos os pormenores na rubrica sociedade do mês.

Filipe Eusébio, sócio da Ana Bruno & AssociadosHugo Amaral/ECO

As sociedades de advogados Garrigues e Cooley LLP assessoram a tecnológica portuguesa Feedzai na aquisição da empresa australiana DemystData. O negócio é avaliado em cerca de 100 milhões de dólares. A aquisição é a segunda na história da Feedzai liderada por Nuno Sebastião, depois da compra da Revelock em 2021. Descubra todos os pormenores da operação na rubrica negócio do mês da 167.ª edição.

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