MAI garante revisão do policiamento de proximidade

  • Lusa
  • 3 Novembro 2024

O modelo de policiamento de proximidade pela PSP vai ser revisto, adiantou a ministra da Administração Interna, e prometeu também um maior investimento do Governo.

O modelo de policiamento de proximidade pela PSP vai ser revisto, adiantou a ministra da Administração Interna, que defendeu a sua importância junto das comunidades e prometeu também um maior investimento do Governo. “A PSP tem um programa há muitos anos que tem de ser revisitado e que é a polícia de proximidade. Isso passa por ter mais quadros formados e um diálogo que tem de ser feito com as autarquias, com a segurança social, com as associações dos bairros. Estou crente que esse trabalho vai ser feito”, afirmou Margarida Blasco, sublinhando: “É muito importante que o cidadão confie na sua polícia. O Governo confia na polícia“.

Em declarações aos jornalistas no final do primeiro congresso da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP/PSP), que decorreu este fim de semana na Faculdade de Direito de Lisboa, a governante explicou que há 500 futuros agentes a serem formados neste momento e que essa revisão passa também por um reforço das condições dos polícias.

Vamos fazer um investimento na formação e, para isso, precisamos de abrir concursos para agentes, para chefes, para oficiais. Estamos atentos e neste constante diálogo que temos com os sindicatos e os polícias, um dos programas que vamos reavivar é o policiamento de proximidade“, reforçou.

Entre os equipamentos que serão alvo de investimento estão bodycams, tasers e novas viaturas para a Polícia de Segurança Pública (PSP), mas Margarida Blasco lembrou que estas questões têm de passar por concursos públicos até poderem chegar aos agentes no terreno.

Os concursos públicos são morosos e temos de cumprir a lei. Agora, há a nossa intenção de fazer um investimento em bodycams, tasers e no material que é necessário para a atuação da polícia. Obviamente que está inscrito e estamos à espera que os concursos terminem“, vincou, esclarecendo sobre os dois concursos públicos já impugnados relativamente às bodycams que a decisão está nos tribunais e que o Governo aguarda por esse desfecho.

Margarida Blasco manifestou também a expetativa de que “brevemente” haverá conclusões sobre o inquérito que ordenou à Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI) sobre as circunstâncias da morte do cidadão cabo-verdiano Odair Moniz, após ser baleado por um agente da PSP na Cova da Moura (Amadora).

A ministra criticou ainda os desacatos na sequência desse caso e lembrou o motorista da Carris que ficou gravemente ferido dias depois, ao ser atingido num autocarro com um cocktail-molotov. “Os tumultos que ocorreram durante a semana passada foram provocados por pessoas que só estão a praticar crimes, não podemos dizer isto com outras palavras. Há um motorista da Carris ferido, um autocarro que estava a servir a comunidade… Tenho a certeza de que a comunidade está com a sua polícia, porque sabe que a defende quando chama“, disse.

Já sobre a relação da polícia com as comunidades de alguns bairros, como o Bairro do Zambujal ou a Cova da Moura, ambos no concelho da Amadora, Margarida Blasco reiterou que as pessoas dessas comunidades “conhecem a polícia” e que não se deve generalizar que estão contra os agentes.

Odair Moniz, cidadão cabo-verdiano de 43 anos e morador no Bairro do Zambujal, na Amadora, foi baleado por um agente da PSP na madrugada de 21 de outubro, no Bairro da Cova da Moura, no mesmo concelho, e morreu pouco depois, no hospital.

Segundo a PSP, o homem pôs-se “em fuga” de carro depois de ver uma viatura policial e despistou-se na Cova da Moura, onde, ao ser abordado pelos agentes, “terá resistido à detenção e tentado agredi-los com recurso a arma branca”. Nessa semana registaram-se tumultos no Zambujal e noutros bairros da Área Metropolitana de Lisboa, onde foram queimados e vandalizados autocarros, automóveis e caixotes do lixo, somando-se cerca de duas dezenas de detidos e outros tantos suspeitos identificados. Sete pessoas ficaram feridas, uma das quais com gravidade.

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ECO Quiz. Benefícios fiscais a empresas, Volkswagen e portagens

  • Tiago Lopes
  • 3 Novembro 2024

Agora que termina mais uma semana, chegou a altura de testar o seu conhecimento. Está a par de tudo o que se passou durante a semana? Teste o seu conhecimento com o ECO Quiz.

Na semana que agora termina, o ECO publicou um especial onde revela os benefícios fiscais concedidos pelo Estado às empresas. De acordo com os dados analisados, foram perto de 86 mil as entidades que obtiveram benefícios fiscais em 2023.

Na Alemanha, a Volkswagen anunciou que está a planear encerrar várias fábricas, como parte de uma ampla reestruturação da empresa para reduzir os custos. O plano, segundo revelou a líder da comissão de trabalhadores da maior fabricante de automóveis da Europa, inclui também o despedimento de dezenas de milhares de pessoas, cortes salariais universais de 10% na principal marca e a redução permanente das restantes fábricas no país.

O ECO publica todas as semanas um quiz que desafia a sua atenção. Tem a certeza que está a par de tudo o que se passou durante a semana? Teste o seu conhecimento com este quiz do ECO.

 

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Prémio Nobel da Economia quer reforma da banca global

  • Lusa
  • 3 Novembro 2024

O economista Simon Johnson, um dos galardoados com o Nobel da Economia, considera desde há anos que é necessário reformar o setor bancário, que acumula demasiado poder e ameaça a estabilidade.

O economista Simon Johnson, que este ano foi um dos galardoados com o Nobel da Economia, considera desde há anos que é necessário reformar o setor bancário, que acumula demasiado poder e ameaça a estabilidade económica e social.

Logo em 2011, Simon Johnson escreveu, junto com o historiador James Kwak, um livro designado ’13 Bankers’ com uma análise ao setor bancário dos Estados Unidos da América. Os autores criticam o tamanho desproporcionado de muitos bancos (caso de JP Morgan e Goldman Sachs) e consideraram que o poder excessivo que ganharam levou à captura dos governos (colocando pessoas em posições chave na Administração norte-americana) e influenciou as decisões de vários presidentes norte-americanos, contribuindo decisivamente para a crise de 2007-2009 e recessão mundial. Referiram ainda os autores que esses bancos (que designam mesmo de “oligarquia”) conseguiram evitar reformas regulatórias significativas após a crise financeira.

No livro, contam que os 13 banqueiros que em março de 2009 se reuniram na Casa Branca com o presidente dos Estados Unidos – numa reunião em que Barack Obama criticou o setor, os salários milionários e a falta de financiamento a empresas após vários resgates estatais e lhes pediu apoio às reformas que queria executar – foram salvos na totalidade (os seus bónus, as suas pensões, as suas equipas, ficou tudo igual). Os autores defendem que os megabancos não só são demasiado grandes para falir como também demasiado grandes para o bem comum, pelo que defendem a redução do seu tamanho (por exemplo, ativos e passivos representarem no máximo 3% do Produto Interno Bruto do país).

Ao longo dos anos, Simon Johnson continuou a criticar o sistema financeiro e a falar na necessidade de o reforçar.

Em 2016, num artigo no Project Syndicate afirmava que uma dúzia de bancos dominava o panorama financeiro mundial e que após a crise, os resgates e as reformas nos Estados Unidos e na União Europeia, o sistema financeiro era em ambas as regiões e globalmente “semelhante ao de 2006”.

Já em 2023, numa longa entrevista ao ‘podcast’ do economista Tyler Cowen, Simon Johnson disse que continuava “muito preocupado com a concentração do poder económico e político nas mãos destes bancos muito grandes“, mas também argumenta que esse não é o único problema e que também há problemas e riscos de contágio em outras partes do sistema financeiro. Considerou ainda que “o setor bancário é um negócio difícil e repleto de problemas” e riscos para o resto da sociedade “seja como for que se organize”.

Simon Johnson, de 61 anos, foi economista-chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI) e é atualmente professor na universidade norte-americana Massachusetts Institute of Technology (MIT).

Há duas semanas, venceu o Prémio Nobel da Economia de 2024 em conjunto com o turco-americano Daron Acemoglu e o britânico-americano James A. Robinson. A Real Academia Sueca de Ciências galardoou-os por terem demonstrado a importância das instituições sociais na prosperidade dos países.

Em 2023, junto com Daron Acemoglu, Simon Johnson publicou o livro ‘Poder e Progresso’ sobre como o desenvolvimento tecnológico e o aumento de riqueza não significam necessariamente prosperidade para todos. Nesse livro, os autores analisam a história para dar vários exemplos. Explicam como os grandes avanços na agricultura na época medieval levaram a maior produtividade e riqueza para alguns, permitindo construir grandes catedrais na Europa, enquanto os camponeses tinham péssimas condições de vida. Recordam também as miseráveis condições da classe trabalhadora nas fábricas têxteis de Manchester, no Reino Unido, no século XIX.

Em ‘Poder e Progresso’, consideram que há um grande risco em permitir que um pequeno grupo de pessoas, uma elite, monopolize os benefícios da inovação e consideram que é fundamental que haja forças sociais e políticas fortes para que os avanços tecnológicos sejam distribuídos de maneira justa e promovam bem-estar coletivo.

Na entrevista ao podcast de Cowen, Johnson considerou que há uma visão “tecno otimisma” que considera que a tecnologia melhora a produtividade e a vida das populações, beneficiando todos, e disse discordar dessa ideia prevendo que não acontecerá se a tecnologia não for modelada para se centrar no bem comum.

Johnson cita o trabalho de Daron Acemoglu e Pascual Restrepo sobre como a automatização é usada para substituir trabalhadores sem vir daí melhoria da produtividade nem dos salários, trazendo consequências desastrosas para a sociedade desde logo no emprego. O exemplo favorito são as máquinas de ‘self-service’ nos supermercados, onde o trabalho que era dos empregados é transferido para os consumidores sem mais produtividade nem melhores salários.

Para Johnson, o que mais incomoda é a “falta de bons salários”, e sobretudo o limitado aumento salarial desde 1970 das pessoas menos qualificadas, e diz temer que a tecnologia leve à substituição de muitos trabalhadores e agudize a falta de melhorias nos salários reais.

Na semana passada, em entrevista à France Presse, Simon Johnson considerou que um dos mais graves problemas das democracias é a sua incapacidade em produzir resultados que as populações sintam como benéficos e disse que deixar o desenvolvimento e os impactos da tecnologia e da inteligência artificial nas mãos dos ‘gurus’ das grandes empresas tecnológicas (as designadas ‘big tech’) faz com que estes sirvam à sua riqueza.

Em 2010, Simon Johnson considerou que Portugal estava “à beira da bancarrota” o que desagradou ao Governo (PS). Então, o ministro das Finanças Teixeira dos Santos classificou de “disparate” e “ignorância”.

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Trump ensombra ‘mega-pacote’ de apoio às energias limpas

Eventual vitória de Trump não deverá dar azo a um completo revés na política energética dos Estados Unidos, que tem apostado milhares de milhões nas energias limpas. Porém, pode enfraquecer a ação.

Depois de o setor da energia ter ganho protagonismo nos Estados Unidos ao beneficiar de um ‘mega-pacote’ de apoios concedido pela administração de Joe Biden, há nuvens que se aproximam com a candidatura de Donald Trump, assumido opositor destas políticas. Contudo, os analistas esperam que, mesmo com uma vitória republicana, que possa enfraquecer as políticas pró-clima, não exista uma completa reversão na política energética.

A EDP Renováveis é apontada como uma das empresas mais expostas aos riscos destas eleições pelo Goldman Sachs, mas a casa de investimento mantém-se otimista quanto ao potencial da elétrica e das pares do setor.

Nestas eleições, no que diz respeito ao setor da energia, o que está em causa é sobretudo o futuro do Inflation Reduction Act (IRA), um pacote de incentivos lançado em 2022 pela administração democrata chefiada por Joe Biden, e que destina 400 mil milhões de dólares à aposta em energias limpas.

Ainda em maio, o candidato republicano à presidência, Donald Trump, anunciou que, caso chegasse ao poder, iria terminar a aplicação do IRA: “vou cancelar todos os fundos que ainda não tenham sido despendidos no âmbito do mal-designado Inflation Reduction Act”.

Em oposição, a candidata pelos Democratas, Kamala Harris, lançou este mesmo pacote “verde” ainda como vice-presidente de Joe Biden. Caso Harris seja eleita, a expectativa dos analistas, de acordo com a S&P Global, é que não só este pacote seja defendido de ataques legais como, ainda, sejam finalizadas medidas em relação a emissões poluentes, como a imposição de limites às emissões de centrais elétricas a gás.

Uma viragem republicana pode enfraquecer o apoio ao IRA, sobretudo no que diz respeito aos custos”, alertam os analistas do Goldman Sachs, numa nota de análise de 29 de outubro. No entanto, a mesma entidade acredita que seria “desafiante” avançar com uma “rejeição total” do IRA, dado que cerca de 80% dos investimentos em indústria associados ao diploma verde se situam em Estados tipicamente republicanos. A mesma opinião é partilhada pela instituição financeira neerlandesa ING: “Independentemente de quem se torna presidente, o IRA dificilmente será rejeitado”, lê-se num artigo publicado a 10 de setembro.

Republicanos “tiram” às energias limpas e “dão” aos produtores fósseis

Caso o partido Republicano ganhe a presidência nas eleições de 5 de novembro, os analistas do Goldman Sachs consideram “altamente expectável” uma redução, ou pelo menos a implementação de um teto, nos incentivos atribuídos a tecnologias como carros elétricos, hidrogénio verde e captura de carbono. “Também há o potencial de menos apoio para a energia eólica offshore, tendo em conta os custos premium” desta tecnologia, complementam os mesmos analistas.

O ING também aponta o risco de incentivos às energias limpas retrocederem, mas sublinha que aqueles dirigidos ao hidrogénio e captura de carbono devem ser menos impactados. Também a modernização da rede elétrica pode ser enfraquecida se Trump for eleito.

Sob a alçada dos republicanos, os expectáveis beneficiados são outros: uma administração menos favorável às energias renováveis ​​pode intensificar o apoio ao setor de combustíveis fósseis, com a concessão de novos contratos para exploração de petróleo e gás, alívio nas regulamentações ambientais e eventuais incentivos diretos ao setor de petróleo e gás, indica o economista sénior do Banco Carregosa, Paulo Rosa.

Num relatório recente sobre os cenários pós-eleições norte-americanas, a Fitch vê benefícios para o setor do petróleo e gás “pelo menos no curto prazo”, dada uma provável menor pressão para a redução de emissões poluentes, o que estimula a procura por estas fontes energéticas. Também as pressões vindas de investidores, no sentido de diversificar o negócio, podem amenizar.

Em paralelo, há outro risco que é reiteradamente referido: o das taxas de juro elevadas. A inflação nos Estados Unidos poderia ultrapassar o esperado na sequência de uma política fiscal mais agressiva, em conjunto com tarifas sobre as importações, escreve o Goldman Sachs. Neste cenário, podem verificar-se taxas de juro mais altas ou cortes mais lentos nas mesmas por parte da Reserva Federal. “Uma vez que a indústria das utilities é intensiva em capital, isto poderá ser negativo”, sublinha a casa de investimento.

EDP Renováveis entre as mais expostas às eleições

Vemos as perspetivas quanto à procura de energia na região como um fator muito mais importante para as utilities no médio prazo”, referem os analistas do Goldman Sachs, por oposição às eleições norte-americanas e subsequentes políticas. Apesar disso, esta casa de investimento reconhece que as ações podem de facto reagir a uma eventual perceção de mudança de rumo nas políticas, caso o partido Republicano retorne à Casa Branca.

Numa análise mais fina, a portuguesa EDP Renováveis está entre as empresas que o Goldman Sachs considera como mais expostas no contexto das eleições norte-americanas.

A subsidiária de energias limpas do grupo EDP, nos cálculos do Goldman Sachs, tem cerca de 55% do seu EBITDA (real e previsto) para 2024 e 2025 exposto ao mercado norte-americano, a maior percentagem entre as energéticas analisadas. Nos mercados, a empresa regista uma quebra de cerca de 20% desde meados de setembro, e que chega aos 30% desde janeiro.

Parece que as ações estão a incorporar no preço um declínio potencial no crescimento orgânico, a eventualidade de o IRA ser rejeitado e taxas de juro mais altas”, escrevem os analistas do banco de investimento. No entanto, a descida em bolsa é considerada pelo Goldman como “excessiva”, tendo em conta as perspetivas de retorno melhoradas da empresa, que são suportadas por uma procura mais forte e menor concorrência, assim como pela resiliência nos preços da eletricidade na Europa.

Com a ação a negociar abaixo do valor que o Goldman considera adequado, a casa de investimento vê a EDPR como uma “oportunidade de compra cada vez mais atrativa” para os investidores. O preço alvo apontado para esta cotada é de 19 euros, estando de momento a negociar nos 12,53 euros.

Os riscos chave que a empresa de energias limpas portuguesa enfrenta, na visão do Goldman Sachs, são os potenciais atrasos no processo de eletrificação da Europa e dos Estados Unidos, assim como um crescimento abaixo do esperado na capacidade instalada, preços da energia abaixo da expectativa, taxas de juro mais elevadas e uma depreciação significativa no dólar norte-americano e no real brasileiro.

Já na ótica do analista da Fitch Manuel Meneses, que acompanha a EDP, os riscos das eleições para esta empresa “são limitados”. A elétrica portuguesa tem um “foco significativo” de investimento nos Estados Unidos, mas a estratégia de compra de componentes está muito assente neste mesmo território, pelo que “o potencial risco das tarifas estaria largamente coberto”.

Em julho, em entrevista ao Jornal de Negócios, o CEO da EDP, Miguel Stilwell de Andrade, afirmou-se “não muito preocupado” com as eleições nos Estados Unidos e garantiu que “os riscos políticos no país estão mitigados” em termos de projetos eólicos e solares. Já em meados de setembro, na conferência organizada pelo ECO “Energy 2024”, o administrador executivo Pedro Vasconcelos criticou: “[Donald] Trump é contra a transição. Tudo o que afirma vai contra a estabilidade que os investidores precisam“. O mesmo acrescentou que se revê na agenda da candidata pelo partido Democrata, Kamala Harris. Pedro Vasconcelos criticou ainda o “protecionismo muito violento” da parte dos Estados Unidos em relação aos painéis solares chineses.

Além da EDP Renováveis, os analistas do Goldman nomeiam a dinamaquesa Orsted entre as mais expostas, já que “um governo menos adjuvante na energia eólica offshore deverá ter um impacto negativo no sentimento”, caso o mercado assuma que não existirá crescimento da empresa nos Estados Unidos, no que diz respeito a esta tecnologia. Tanto no caso desta empresa como da Vestas, a atividade noutros mercados pode contrabalançar eventuais dissabores no mercado norte-americano, afirma o Goldman Sachs.

No caso da EDPR, quebras no valor da ação relacionadas com os projetos offshore seriam de “curta duração”, uma vez que a empresa já caiu “abruptamente” e tem pouco risco de acordo com os fundamentais.

Em paralelo, há outro perfil de empresa, cujo foco está nas infraestruturas de energia em vez da produção, que é particularmente sensível a oscilações nas taxas de juro e a estas eleições: é o caso da Iberdrola e National Grid, acrescenta o Goldman Sachs.

No extremo oposto, empresas com pouca exposição aos Estados Unidos, como a EON, SSE e Enel, poderiam beneficiar de uma maior turbulência na política energética da maior economia do mundo, no rescaldo das eleições presidenciais. Apesar dos receios assinalados, a recomendação de compra por parte do Goldman Sachs é comum a todas as energéticas mencionadas e ainda à Centrica, Engie e RWE.

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Investimento em arte cai em 2023. Vendas nas principais casas de leilões abaixo dos níveis pré-pandemia

  • Joana Abrantes Gomes
  • 2 Novembro 2024

As vendas no mercado de arte caíram 4% em 2023, assistindo-se a um declínio notável no gasto médio. Porém, o investimento em obras de artistas emergentes e femininas está a aumentar.

Maior interesse em explorar novas galerias, foco em artistas emergentes e femininas e participação em eventos artísticos acima dos níveis registados antes da pandemia de Covid-19. Estas são algumas das conclusões do relatório da Art Basel e do UBS sobre o mercado de arte, que aponta para um abrandamento das vendas em 2023, cenário que deverá manter-se até ao fim deste ano.

O inquérito sobre colecionismo global, divulgado na quinta-feira e elaborado pela economista cultural e fundadora da Arts Economics Clare McAndrew, traça um retrato das atitudes e dos comportamentos dos indivíduos com elevado património líquido (high-net-worth individuals, ou HNWIs, em inglês) durante o ano passado e a primeira metade de 2024.

Foram inquiridos mais de 3.660 colecionadores de arte com um património líquido acima de um milhão de dólares (excluindo ativos imobiliários e empresariais) em 14 mercados-chave: Brasil, França, Alemanha, Hong Kong, Itália, Japão, China Continental, Singapura, Taiwan, Reino Unido, Estados Unidos, Indonésia, Suíça e México – sendo que foi a primeira vez que estes três últimos países participaram no estudo.

Vendas e gasto médio em obras de arte em queda

Após a recuperação da pandemia de Covid-19, as vendas no mercado de arte abrandaram no ano passado, caindo 4% para 65 mil milhões de dólares, devido, sobretudo, ao segmento de luxo. O relatório refere que houve um decréscimo de 32% no gasto médio dos HNWIs, para 363.905 dólares, enquanto a despesa mediana destes colecionadores também baixou, mas de forma menos significativa – de 50.165 dólares em 2022 para 50.000 dólares em 2023.

Agregado global das importações de arte e antiguidades (2010-2023). Fonte: Arts Economics com dados da UN ComtradeO ambiente de compra cauteloso manteve-se nos primeiros seis meses deste ano, destacando-se o abrandamento da atividade no setor dos leilões. Entre janeiro e junho deste ano, as vendas da Christie’s, Sotheby’s, Phillips e Bonhams desceram 26% no seu conjunto face a igual período de 2023 e ficaram abaixo dos níveis pré-pandemia. “A despesa mediana para o primeiro semestre de 2024 (25.555 dólares), se indicativa do nível para o segundo semestre do ano, poderá refletir um nível anual estável de despesa”, antecipa o “Art Basel and UBS Survey of Global Collecting 2024”.

Investimento dos millennials baixou para metade. Chineses são os que gastam mais

Até 2022, os inquiridos mais jovens vinham a registar alguns dos maiores aumentos no gasto médio, mas a tendência inverteu-se no último ano, com o principal motivo para o declínio a incidir na diminuição de 50% das despesas dos millennials (geração nascida entre 1981 e 1996), para 395.000 dólares.

Já os colecionadores da Geração X (nascidos entre 1965 e 1980), apesar do baixo crescimento anual de 3%, tiveram o gasto médio mais elevado em 2023 (578.000 dólares). A sua liderança manteve-se nos primeiros seis meses deste ano, com níveis mais de um terço superiores aos dos millennials e o dobro relativamente aos boomers (nascidos entre 1946 e 1964) e à Geração Z (de 1997 a 2012).

Na comparação por país, destacam-se os investidores da China continental com o maior gasto em arte e antiguidades em 2023 e no primeiro semestre de 2024, registando uma mediana de 97.000 dólares, mais do que o dobro de qualquer outra região.

Foco crescente em artistas emergentes e femininas

Em 2023 e na primeira metade deste ano, mais de metade (52%) das despesas dos HNWIs foi em obras de artistas novos e emergentes, contra 44% no inquérito relativo a 2022. Já 21% dos gastos foram em obras de artistas a meio da carreira (menos 6% face ao inquérito anterior) e 26% em obras de artistas consagrados (queda de 2% em relação a 2023 e de 5% comparativamente a 2022).

Além do maior apoio a artistas em início de carreira, a percentagem de obras de artistas do sexo feminino nas coleções privadas dos inquiridos também aumentou, atingindo um rácio de 44% em relação às obras de artistas do sexo masculino em 2024, o seu nível mais elevado em sete anos, quando em 2018 o rácio era de 33%. Igualmente, a percentagem de despesas em obras de mulheres também foi de 44%, contra 56% nos gastos em obras feitas por homens.

Pinturas são a arte favorita

A pintura continua a dominar como o tipo de arte preferido dos investidores: mais de três quartos dos HNWIs compraram um quadro em 2023 e no início deste ano. Não obstante, as obras em papel também estão a ganhar força, com metade dos inquiridos a investir ativamente nesta categoria, enquanto os gastos em prints tiveram um aumento notável de 35% no último ano.

Já as despesas em esculturas e outros tipos de trabalhos artísticos, como fotografia e arte digital, têm vindo a abrandar, em grande parte devido à concentração da atividade do mercado de arte em obras a preços mais acessíveis.

Quanto aos canais de compra de arte, a esmagadora maioria dos investidores privilegia as galerias e os revendedores, seguindo-se os leilões. O estudo assinala que “a compra multiplataforma veio para ficar” em 2024: só entre as compras diretamente a negociadores de arte, 29% fizeram-no através dos seus websites, sem ver o trabalho pessoalmente; 28% compraram por e-mail ou telefone, também sem ver a obra pessoalmente; 23% fizeram a aquisição pelo Instagram; e 20% optaram por comprar pessoalmente, em eventos ou exposições em galerias.

Quase 90% dos HNWIs compraram em novas galerias em 2023 e este ano. O número de galerias às quais adquiriram obras de arte é maior do que em anos anteriores, com uma média de 18 em 2023 e 17 até agora em 2024, acima das 13 registadas em 2019.

Mais de 70% têm obras herdadas ou doadas nas suas coleções

Os inquéritos dos últimos nove anos mostraram um pico de alocação da riqueza dos HNWIs para o mercado de arte de 24% em 2022, caindo para 19% em 2023 e novamente para 15% em 2024. Os mais ricos (com um património avaliado em mais de 50 milhões de dólares) destacam-se ao alocar 25% da sua riqueza às suas coleções artísticas.

Outro dado do estudo é que 91% dos inquiridos tinham obras que foram herdadas ou oferecidas, mas apenas 72% destes mantiveram pelo menos algumas dessas obras nas suas coleções privadas.

Percentagem de obras herdadas nas coleções dos HNWI em 2024. Fonte: Arts Economics

Entre os principais motivos para a venda de obras herdadas, 55% apontaram não ter espaço suficiente para as guardar, enquanto 47% utilizaram os lucros para ajudar a liquidar os impostos sobre as heranças. Menos de um terço dos investidores mais jovens (millennials e Geração Z) referiram a falta de adequação às suas coleções como motivo para a venda ou a doação.

Maior participação em eventos artísticos

Os HNWIs participaram, em média, em 49 eventos artísticos no ano passado, perspetivando participar em 46 em 2024, mais oito do que em 2019. Para 2025, a maioria dos colecionadores planeava participar em exposições em galerias ou feiras de arte, com 48% a esperar atingir aproximadamente os mesmos números que este ano e 44% a esperar participar em mais eventos do que em 2024.

Simultaneamente, 43% dos inquiridos disseram que planeiam comprar uma obra de arte nos próximos 12 meses, abaixo dos pouco mais de metade da amostra em 2022 e 2023. Em sentido inverso, os que esperam vender obras das suas coleções particulares aumentaram para 55%.

Citado no relatório, Christl Novakovic, em representação do UBS, sublinhou o papel da inteligência artificial (IA) no mercado de arte, notando que as ferramentas baseadas em IA “estão a melhorar a forma como os colecionadores e as instituições descobrem, interagem e apreciam a arte” e antecipando que “é provável que a sua integração no mundo da arte se intensifique”.

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Cerca de 85% dos assassinatos de jornalistas impunes

  • Lusa
  • 2 Novembro 2024

Cerca de 85% dos assassinatos de jornalistas passam impunes, segundo um relatório hoje publicado pela UNESCO para assinalar o Dia Internacional pelo Fim da Impunidade dos Crimes contra Jornalistas.

Cerca de 85% dos assassinatos de jornalistas passam impunes, segundo um relatório publicado pela UNESCO para assinalar o Dia Internacional pelo Fim da Impunidade dos Crimes contra Jornalistas. De acordo com o documento, em 2022 e 2023, houve uma descida de quatro pontos percentuais do número de assassinatos de jornalistas que passaram impunes face a 2018 e de 10 pontos face a 2012.

A UNESCO registou 162 assassinatos de jornalistas e trabalhadores do setor da comunicação em 2022 e 2023, traduzindo-se num aumento de 38% face a 2020 e 2021.

Para esta subida, a agência das Nações Unidas destaca o impacto das mortes em zonas de conflito que, com 44 mortes em 2023, atingiu o número mais alto desde 2018.

Nos países que não estão a viver um conflito armado, “houve um pico significativo em 2022, com 60 assassinatos, o número mais alto alguma vez registado pela UNESCO”, que no ano seguinte contrastou com o total anual (30) mais baixo desde 2008.

Em 2022, o México foi palco do maior número de assassinatos de jornalistas, com 19 casos, seguindo-se Ucrânia (11) e Haiti (nove), enquanto no ano passado a Palestina registou 24 mortes de jornalistas, à frente de México (sete) e Guatemala (cinco).

No biénio em análise, nos países lusófonos contaram-se quatro mortes: três no Brasil e uma em Moçambique.

Desde o início deste registo pela UNESCO, em 2006, apenas 210 casos foram considerados resolvidos, num tempo de espera médio de quatro anos.

Num comunicado que acompanha o relatório, a diretora-geral da UNESCO, Audrey Azoulay, pediu aos Estados-membros para “fazerem mais para assegurar que estes crimes nunca passam impunes”.

Em 2022 e 2023, um jornalista foi assassinado a cada quatro dias apenas por fazer o seu trabalho de procurar a verdade. Para a vasta maioria destes casos, ninguém será responsabilizado. Apelo a todos os Estados-membros para fazerem mais para assegurar que estes crimes nunca passam impunes“, afirmou. “Acusar e sentenciar estes perpetradores é uma alavanca enorme para prevenir futuros ataques a jornalistas”, acrescentou a responsável.

 

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Estão confirmados pelo menos 211 mortos em Valência

  • Lusa
  • 2 Novembro 2024

Pelo menos 211 pessoas morreram nas inundações em Espanha, disse o primeiro-ministro do país, Pedro Sánchez. E estão confirmadas mais forças militares e de segurança no terreno.

Pelo menos 211 pessoas morreram nas inundações em Espanha, disse o primeiro-ministro do país, Pedro Sánchez. O número oficial de vítimas conhecido até agora era de 205 mortos, 203 das quais na região autónoma da Comunidade Valenciana.

Segundo disse Sánchez, as equipas das forças armadas e das forças de segurança do Estado já encontraram 211 cadáveres nos locais em que atuaram no terreno, referindo em concreto e como exemplo milhares de garagens, casas e estradas inundadas. O primeiro-ministro, que fez uma declaração a partir da sede do Governo de Espanha, em Madrid, referiu que há ainda dezenas de pessoas que continuam a procurar familiares e amigos desaparecidos, sem concretizar um número.

Os trabalhos de busca de desaparecidos e de recuperação de eventuais cadáveres vai continuar nos próximos dias, acrescentou, numa declaração em que anunciou o envio de mais 5.000 militares e de mais 5.000 elementos das forças de segurança nacionais para o terreno, para dar resposta a uma “situação trágica”, com “problemas e carências severas” e em que a resposta das administrações tem sido insuficiente em Valência.

Pedro Sánchez reconheceu que há uma “situação trágica” em Valência e anunciou o envio de mais 10 mil militares e polícias para o terreno. “A situação que vivemos é trágica, é dramática“, disse Sánchez, numa declaração a partir da sede do Governo, em Madrid, sublinhando que o leste de Espanha, e sobretudo a região de Valência, foi atingida na terça-feira por um temporal que provavelmente provocou as inundações mais graves deste século em todo o continente europeu.

Estou consciente de que a resposta que se está a dar não é suficiente. Sei. Sei que há problemas e carências, que ainda há serviços colapsados, municípios sepultados pelo lodo, pessoas desesperadas que procuram os seus familiares, pessoas que não conseguem aceder às suas casas, lares destruídos e sepultados pela lama. Temos de melhorar“, afirmou Sánchez.

O primeiro-ministro, que é socialista, apelou à união das administrações e garantiu todo o apoio que for necessário ao governo regional da Comunidade Valenciana (do Partido Popular), a quem compete a coordenação da resposta no terreno e as solicitações de meios ao Estado central, como lembrou o hoje o próprio Sánchez.

No imediato, e em resposta a um pedido desta manhã de sábado da Comunidade Valenciana, serão enviados mais 5.000 militares para o terreno, onde já estão mais de 2.000 elementos das Forças Armadas, disse Sánchez. O primeiro-ministro anunciou também mais 5.000 elementos das forças de segurança nacionais (Polícia e Guarda Civil).

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Valência pede mais cinco mil militares para resgates e apoio às populações

  • Lusa
  • 2 Novembro 2024

O governo da Comunidade Valenciana pediu mais militares para tarefas de resgate, limpeza e apoio às populações nas zonas mais afetadas pelo temporal que atingiu o leste de Espanha.

O governo regional da Comunidade Valenciana pediu mais cinco mil militares para tarefas de resgate, limpeza e apoio às populações nas zonas mais afetadas pelo temporal que atingiu o leste de Espanha na terça-feira. Com este reforço, que tem de ter agora resposta por parte do Governo de Espanha, aumentará para 7.000 o número de militares no terreno, que são dos três ramos das Forças Armadas e da Unidade Militar de Emergências (UME), especializada em resposta em cenários de catástrofe.

O executivo valenciano explicou, num comunicado, que depois de “72 horas de intenso trabalho de diagnóstico e primeira atenção, já não existe qualquer núcleo de população isolada e os acessos são seguros com as mensagens de preocupação enviadas à população e aos voluntários“. Também “as bases logísticas estão já operativas“.

A Comunidade Valenciana solicita, assim, que se mobilizem agora as Forças Armadas “em toda a sua extensão”. “Uma vez que conseguimos assegurar todos os pontos logísticos, garantir o acesso rodoviário por todas as vias e organizar a distribuição de voluntários, é agora seguro pedir mais 5.000 militares“, afirmou o presidente do governo autonómico, citado num comunicado.

O governo regional pede, assim, mais 5.000 militares para o terreno para resgates, remoção de escombros e distribuição de água, alimentos ou medicamentos, entre outros apoios às populações das zonas afetadas pelas cheias.

O Governo de Espanha já tinha previsto reforçar com mais 1.000 militares o dispositivo das Forças Armadas no terreno, onde há mais de 200 mortos confirmados e dezenas de pessoas continuam desaparecidas.

Os meios do Estado espanhol nas zonas afetadas pelo temporal, em especial na Comunidade Valenciana, no leste do país, incluem ainda mais de 4.500 elementos das forças de segurança nacionais (polícia e Guarda Civil).

A região com mais danos e vítimas causados pelo temporal é a Comunidade Valenciana, e em especial a província de Valência, onde ocorreram 202 das 205 mortes confirmadas até agora pelas autoridades.

O Governo espanhol reconheceu na quinta-feira à noite, pela primeira vez, que ainda permanecem “dezenas e dezenas” de pessoas desaparecidas nas áreas afetadas pelo mau tempo, o que confirmam também relatos das populações aos meios de comunicação social.

Além das vítimas mortais, o temporal provocou também danos em infraestruturas, com estradas e vias danificadas que permanecem intransitáveis, incluindo autoestradas.

Durante a madrugada de hoje, as autoridades de Valência restringiram a circulação de veículos nas zonas mais afetadas pelas cheias, limitando-a aos serviços essenciais e às empresas responsáveis por garantir o fornecimento de serviços básicos.

A solidariedade das populações com os mais atingidos pelo temporal de terça-feira à noite atingiu tal dimensão na sexta-feira, um dia feriado em Espanha, que as autoridades apelaram ao regresso a casa dos voluntários ou a que, pelo menos, não se deslocassem de carro, por estarem a impedir o acesso dos meios de emergência e assistência da polícia, das Forças Armadas e dos serviços de saúde.

A Comunidade Valenciana acabou, ao final do dia de sexta-feira, por avançar com a criação de um centro de coordenação na cidade de Valência para gerir as multidões de voluntários.

O executivo pediu aos voluntários para a partir das 07:00 de hoje se dirigirem à Cidade das Artes e das Ciências de Valência, onde está a funcionar desde essa hora um centro de voluntariado e a partir de onde estão a ser organizados e orientados grupos para as tarefas e locais necessários.

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Conferência Cascais Ambiente: que soluções existem para a prevenção de resíduos?

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  • 2 Novembro 2024

Esta iniciativa pretende promover uma cultura de sustentabilidade e de ação ambiental com o objetivo de moldar um futuro mais verde.

No contexto da Semana Europeia da Prevenção de Resíduos, Cascais será palco da Conferência Cascais Ambiente, a realizar-se no dia 21 de novembro no Edifício Cruzeiro.

Esta iniciativa pretende promover uma cultura de sustentabilidade e de ação ambiental, reunindo especialistas e líderes de diferentes setores para debater estratégias que podem moldar um futuro mais verde.

O evento é gratuito, mas sujeito a inscrição aqui.

PROGRAMA (em atualização)

9h30 Sessão de Abertura
António Costa
, Diretor do ECO
Luís Almeida Capão, Diretor Municipal de Ambiente e Sustentabilidade da Câmara Municipal de Cascais
Emídio Sousa, Secretário de Estado do Ambiente

10h00 O que é a EWWR e Contexto Europeu
Françoise Bonnet, Secretária-Geral ACR+ Association of Cities and Regions

10h15 Mesa-Redonda: Desperdício Alimentar (grande tema EWWR 2024)
Hunter Halder
, Fundador da REFOOD
Guilherme Gonçalves, Gestor de Projetos de I&D e Inovação da MC Sonae Continente
Eduardo Diniz, Responsável da Comissão Nacional de Combate ao Desperdício Alimentar
Fernanda Santos, Coordenadora do Departamento de Formação e Educação e Projetos da DECO

11h00 Zero Waste Cities: Combater o Desperdício na Escala Urbana
Sara Correia
, Engenheira Ambiental da Associação ZERO

11h25 Pausa para café

11h45 Mesa-Redonda: A Prevenção na Cadeia de Valor dos Resíduos
Luís Almeida Capão, Diretor Municipal de Ambiente e Sustentabilidade da CM de Cascais
Nuno Soares
, CEO da Tratolixo
Pedro Nazareth, CEO da Electrão
Luísa Magalhães, Diretora Executiva da Smart Waste Portugal

12h30 Contar a História do Desperdício: O Desafio da Sensibilização/Comunicação
One-on-one com Catarina Barreiros, Fundadora & CEO da Loja do Zero

13h00 Encerramento Institucional
Carlos Carreiras
, Presidente da Câmara Municipal de Cascais

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No “Little Portugal” da Carolina do Norte conta-se “cada dólar”

  • Lusa
  • 2 Novembro 2024

O Little Portugal está cheio e Rosemary Pereira não tem mãos a medir, servindo bifanas e outros pratos portugueses, raros na Carolina do Norte, onde uma indigesta inflação é tema de conversa.

O Little Portugal está cheio e Rosemary Pereira não tem mãos a medir, servindo bifanas, churrasco e outros pratos portugueses, raros na Carolina do Norte, onde uma indigesta inflação é tema de conversa com clientes. As sondagens colocam a economia entre as principais preocupações dos eleitores antes das presidenciais de 05 de novembro. A perceção do desempenho económico da administração de Joe Biden, de quem é vice-presidente a candidata democrata Kamala Harris, não é positiva e, para tornar a situação mais complicada, este parece ser o ponto forte de Donald Trump.

Primeiro negócio de Rosemary Pereira, o restaurante Little Portugal arrancou com o final da pandemia e durante a última campanha eleitoral. A comerciante luso-americana, que investiu numa zona onde não há portugueses, mostra-se satisfeita com o negócio, mas queixa-se do custo de vida e aponta o dedo a Biden. “Se a economia estivesse melhor, mais gente saía, a gente da classe média estaria mais livre para não estar a contar cada dólar, cada nota“, afirma à Lusa a comerciante com origens em Mineola, Nova Iorque.

Tenho pessoas que vinham duas vezes por semana e agora vêm uma. E vêm porque gostam e porque querem estar cá, clientes de há anos e com quem temos aquelas amizades“, adianta, no restaurante decorado com padrão de azulejos portugueses e um grande galo de Barcelos, lembrança das suas raízes minhotas. Em pior situação, sublinha, estão os reformados, cujos aumentos de pensões não têm acompanhado o do custo de vida.

Na Carolina do Norte, mas também na Florida e na Georgia, eleitores queixaram-se à Lusa do aumento do custo de vida. Aqueles que exprimiram preferência por Trump apontaram, geralmente, este como o principal fator para a sua escolha, invocando o passado do ex-presidente como empresário.

Num comício na semana passada em Raleigh, perto do Little Portugal, Kamala Harris comprometeu-se a fazer da redução do custo de vida a sua principal prioridade, caso derrote Trump.

Perante um anfiteatro lotado, Harris reforçou a mensagem de que Trump é instável e “obcecado com a vingança e à procura de poder sem limites” e contrastou o que seria a “lista de inimigos” com que o republicano voltaria à presidência, com a sua “lista de coisas a fazer pelo povo americano”, perante uma audiência entusiástica. “No topo da minha lista está baixar o vosso custo de vida“, disse a candidata democrata.

As eleições entram na reta final com Trump e Harris praticamente empatados nas sondagens em estados como a Carolina do Norte, Georgia e Pensilvânia, onde uma vitória fará a diferença em termos de votos do colégio eleitoral. Foi com vitórias neste estado que Trump conseguiu derrotar Hillary Clinton em 2016, apesar de a democrata ter sido a mais votada no total nacional.

Muito em função da questão dos preços – ou da perceção desta – Rosemary já escolheu Donald Trump e revela mesmo entusiasmo pelo magnata. “Há quatro anos [final do mandato de Trump] não estávamos nesta situação, as coisas eram melhores. Quem não vê isso… ‘I´m sorry’!“, exclama, recorrendo ao inglês para mostrar incompreensão da opinião contrária. E dá o exemplo do preço da gasolina, que disparou: “fiquei… wow!”. “Para alguém que está reformado, esse dinheiro era comida para por na mesa e que já perderam“, sublinha.

A Carolina do Norte foi o estado onde nas últimas eleições Donald Trump ganhou por uma margem mais estreita, tendo perdido pontos em relação a 2016, e é neste estado que repousam muitas das esperanças democratas de evitar um regresso do republicano à Casa Branca.

Depois de um pico de inflação na primeira metade do mandato de Biden, a subida dos preços tem de facto vindo a abrandar de maneira consistente. Dados oficiais divulgados na quinta-feira indicam que a inflação atingiu 2,1 por cento no último ano.

Mesmo as estatísticas de perceção da inflação mostram que esta tem vindo a recuar entre os consumidores: é o caso dos indicadores de confiança da Universidade de Michigan e do Conference Board. Mas continuam abaixo do histórico em períodos de crescimento económico sólido e de evolução positiva do mercado de trabalho, como o atual.

Joanne Hsu, economista da Universidade de Michigan, afirmou na semana passada que “não é que [os consumidores] tenham perdido noção da realidade”. “Os preços elevados continuam a pesar nas suas finanças pessoais e isso continua a ser muito frustrante“, disse ao jornal New York Times.

É o caso de Rosemary, que relata que os preços aumentaram após a pandemia “e depois nunca baixaram”, sobrecarregando os pequenos empresários. “Onde podia fazer-se a publicidade por 200 dólares, agora faz-se por 500. Os produtos já custam mais, os empregados querem ser pagos mais… É tudo, é tudo!“, exclama à Lusa. E queixa-se de que, trabalhando com produtos portugueses, sofre também com o encarecimento do transporte desde New Jersey, onde junto da comunidade portuguesa estão concentradas as empresas importadoras.

Para Rosemary, mãe de três filhos, o problema é sobretudo ao “trabalho duro” não corresponder um rendimento equivalente: “Dá, mas podia dar mais se as coisas não estivessem como estão”.

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Exportações para a China crescem 2,6% até setembro

  • Lusa
  • 2 Novembro 2024

As exportações lusófonas para a China aumentaram 2,6% nos primeiros nove meses de 2024, mantendo o melhor arranque de ano de sempre, de acordo com dados oficiais.

As exportações lusófonas para a China aumentaram 2,6% nos primeiros nove meses de 2024, mantendo o melhor arranque de ano de sempre, de acordo com dados oficiais. As exportações atingiram 109,1 mil milhões de dólares (100,3 mil milhões de euros), o valor mais elevado para o período entre janeiro e setembro desde que o Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa (Fórum de Macau) começou a apresentar este tipo de dados dos Serviços de Alfândega da China, em 2013.

Os dados divulgados na sexta-feira mostram que a subida sobretudo devido ao maior fornecedor lusófono do mercado chinês, o Brasil, cujas vendas cresceram 2,8%, para 91,2 mil milhões de dólares (83,8 mil milhões de euros), um novo máximo para os primeiros nove meses do ano.

As vendas de mercadorias de Angola para a China aumentaram 2,2% para 13,5 mil milhões de dólares (12,4 mil milhões de euros), enquanto as exportações de Portugal subiram 8,9% para 2,33 mil milhões de dólares (2,14 mil milhões de euros).

Também Moçambique exportou mais para a China, com as vendas moçambicanas a subirem 6,1%, para 1,26 mil milhões de dólares (1,16 mil milhões de euros).

Pelo contrário, as exportações da Guiné Equatorial para o mercado chinês desceram 16,8%, para 885,2 milhões de dólares (813,6 milhões de euros), enquanto as vendas de Timor-Leste (menos 99%), Cabo Verde (menos 82,4%) e São Tomé e Príncipe (menos 91,1%) também caíram em comparação com o período entre janeiro e setembro de 2023.

As exportações da Guiné-Bissau para a China mantiveram-se inalteradas nos primeiros nove meses de 2024, embora o país não tenha vendido mais de mil dólares (cerca de 919 euros) em mercadorias.

Na direção oposta, os países lusófonos importaram mercadorias no valor de 65,1 mil milhões de dólares (59,8 mil milhões de euros) da China, um aumento anual de 17,9% e um novo recorde para os primeiros nove meses do ano.

O Brasil foi o maior parceiro comercial chinês no bloco lusófono, com importações a atingirem 55,1 mil milhões de dólares (50,6 mil milhões de euros), seguido de Portugal, que comprou à China mercadorias no valor de 4,64 mil milhões de dólares (4,27 mil milhões de euros).

Ao todo, as trocas comerciais entre os países de língua portuguesa e a China atingiram 174,2 mil milhões de dólares (160,1 mil milhões de euros) entre janeiro e setembro, mais 7,8% do que em igual período de 2023 e um novo máximo para os primeiros nove meses do ano.

A China registou um défice comercial de 44,1 mil milhões de dólares (40,5 mil milhões de euros) com o bloco lusófono no período entre janeiro e setembro deste ano.

Em abril, o Fórum de Macau realizou a sexta conferência ministerial, durante a qual foi aprovado o novo plano de ação do organismo até 2027, concentrado em novas áreas de cooperação, como a economia digital e a economia azul.

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PSI fecha semana plena de resultados a subir quase 1%

O principal índice da bolsa portuguesa acompanhou os ganhos das bolsas mundiais com Jerónimo Martins a recuperar mais 2,24%. Já a Semapa caiu 2,3%, reagindo à queda no lucro trimestral.

A bolsa de Lisboa subiu quase 1% na última sessão da semana, primeira do mês de novembro, com apenas duas cotadas a fecharem em terreno negativo. O índice acompanhou os ganhos da generalidade das praças europeias, num dia que também está a ser de otimismo nos mercados norte-americanos.

Enquanto o Stoxx 600 subiu 1,1% e o espanhol IBEX-35 somou 1,3%, o português PSI valorizou 0,95%, para 6.594,91 pontos, o que permitiu ao índice fechar a semana com ganhos acumulados de 1,25%, invertendo uma sequência de duas semanas consecutivas de perdas.

Os CTT estiveram em destaque desde a abertura, comandando os ganhos na praça nacional. Com a sessão concluída, os Correios mantiveram o melhor desempenho do dia, subindo 2,34%, para 4,375 euros por ação, na semana em que apresentaram resultados, nomeadamente uma quebra de 22% nos lucros dos primeiros nove meses do ano.

A Jerónimo Martins, que também apresentou resultados esta semana, fechou a valorizar 2,24%, ocupando o segundo lugar do pódio do PSI, com os títulos a valerem 18,27 euros. A empresa prolongou, assim, os ganhos de mais de 8% registados na sessão anterior.

Ações da Jerónimo Martins recuperam

As cotadas do setor energético também contribuíram para os ganhos do PSI esta sexta-feira. Desde logo, a Galp, que deu o tiro de partida de uma semana preenchida por resultados, ao apresentar na segunda-feira passada uma subida de 24% do resultado líquido nos nove meses até setembro, batendo um novo recorde. Mas a petrolífera, que recuperou 1,72% nesta sessão, acabou por encerrar com uma queda semanal de 4% no preço das respetivas ações.

Enquanto isso, a EDP e a EDP Renováveis somaram, respetivamente, 1,53% e 1,11% nesta sessão.

Do lado oposto, o BCP corrigiu ligeiramente, na ordem dos 0,06%, mas fechou nos 46,31 cêntimos por ação, mantendo assim a capitalização bolsista de sete mil milhões de euros que alcançou na sessão anterior — na sequência, igualmente, da apresentação de resultados e de um plano estratégico que prevê distribuir aos acionistas até 75% dos resultados nos próximos quatro anos.

Já a Semapa saiu-se prejudicada, ao perder 2,30%, para 14,42 euros. Na quinta-feira, já após o fecho dos mercados de capitais na Europa, a companhia revelou aos acionistas que os lucros encolheram 16,5% no terceiro trimestre, para 49,7 milhões de euros, apesar de ter fechado os nove meses do ano com um aumento dos lucros de 8,6% face ao mesmo período do ano anterior.

Os investidores, incluindo na Europa, estavam à espera para conhecer novos dados do mercado laboral norte-americano, e assim foi: excluindo o setor agrícola, a maior economia do mundo gerou apena 12 mil empregos em outubro, muito abaixo dos 100 mil que eram esperados pelos economistas, devido ao impacto negativo de dois furacões e da greve na Boeing. Contudo, as bolsas em Wall Street acabaram por descartar esses dados e valorizar ainda assim, na esperança de um corte maior das taxas de juro na próxima reunião da Fed, que decorrerá na próxima semana.

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