Carlos César acusa Governo de querer “gastar depressa até secar o poço”

  • Lusa
  • 29 Agosto 2024

Presidente do PS acusou o Governo PSD/CDS de governar mal e de estar a gastar rapidamente a margem financeira deixada pelos socialistas.

O socialista Carlos César disse esta quarta-feira que o PS não vive obcecado com a votação do Orçamento do Estado (OE) para 2025 e acusou o executivo da Aliança Democrática (AD) de governar mal e promover a instabilidade.

“Este OE nunca será o nosso e nem o Governo terá o nosso apoio para a sua política geral, mas o nosso sentido de Estado obriga-nos a que ponderemos medidas e soluções, sejam fiscais ou sociais, que tornem o orçamento menos mau e o Governo menos perigoso”, salientou o presidente do PS, em Tomar, no primeiro dia da Academia Socialista.

Num discurso de mais de 45 minutos antes do jantar, perante uma plateia de jovens, Carlos César frisou que a apresentação de propostas não vai “aprisionar nem desviar” os socialistas da sua “interpretação mais autêntica do interesse nacional”. Salientando que o país é a “primeira preocupação”, o dirigente socialista referiu que compete ao PS, “sem se precipitar em ruturas políticas ou aproximações sem critério”, continuar a servir Portugal e cooperar com os Governos nas emergências.

O presidente do PS acusou o executivo de Luís Montenegro de “governar mal, desprezar o passado e pouco saber do futuro”, além de promover a instabilidade para se vitimizar e de “se afastar criteriosamente dos consensos para desvalorizar as alternativas e a opinião da pluralidade dos partidos com assento parlamentar”.

“O balanço destes quatro ou cinco meses de Governo bem se pode dizer, sem cair em exagero, que chegamos a um ponto em que o melhor que o Governo anuncia é muitas vezes o mais que o Governo copia do que já estava programado ou anunciado pelos Governos do PS”, sustentou.

Carlos César acusou ainda o Governo da AD de anúncios sucessivos “numa abundância de gastos às centenas de milhares e milhões de euros que provam que, no mínimo, não tem faltado dinheiro deixado pelo PS”.

O antigo líder parlamentar dos socialistas considerou que o país assiste atualmente a uma política de debilitação dos instrumentos do Estado e de funções de proteção dos cidadãos, “numa prática de desfazer o que está programado ou feito, numa irresponsável campanha alegre de destruição”.

Para o dirigente socialista, ao atual Governo da AD não se conhece uma “reforma a sério nem medida supostamente estrutural, que não se esvaia para lá da oratória e do reporte mediático” de pacotes ilusórios.

“O esforço do Governo parece ser um processo claro de gastar depressa e em força margem financeira que o Governo do PS deixou até secar o poço para não haver margem significativa de aprovação de propostas da oposição no próximo OE”, disse.

A terceira edição da Academia Socialista, dirigida a cerca de 80 jovens entre os 18 e os 30 anos, arrancou na quarta-feira em Tomar e prolonga-se até domingo.

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Hoje nas notícias: Orçamento, plano da Saúde e incêndios

  • ECO
  • 29 Agosto 2024

Dos jornais aos sites, passando pelas rádios e televisões, leia as notícias que vão marcar o dia.

O secretário-geral do PS recusa a sugestão avançada por alguns socialistas de viabilizar o Orçamento do Estado para 2025 sem negociação. O Governo definiu 15 medidas urgentes a implementar no prazo de três meses no setor da saúde, mas apenas cinco (30%) eram dadas como concluídas até à tarde desta quarta-feira. Conheça as notícias em destaque na imprensa nacional esta quinta-feira.

Pedro Nuno Santos exclui viabilizar Orçamento sem negociação

O secretário-geral do PS recusa viabilizar o Orçamento do Estado para 2025 (OE2025) sem negociação. Viabilizar o Orçamento “só porque sim” é “inaceitável”, considera Pedro Nuno Santos, contrariando as vozes que defendem que o partido deve viabilizar o documento mesmo sem negociar, para garantir a estabilidade política no país. Entre as personalidades que secundam a ideia de deixar passar o Orçamento sem negociação encontram-se Pedro Adão e Silva e Álvaro Beleza, enquanto o ex-primeiro-ministro António Costa defendeu que Portugal tenha um orçamento aprovado, mas também afirmou que é o Governo que “tem o dever de procurar uma maioria” e “deve criar condições para que o PS não inviabilize” o OE2025.

Leia a notícia completa no Público (acesso pago).

Governo falha quase 70% das medidas urgentes do plano para a Saúde

A grande maioria das medidas consideradas urgentes pelo Governo no Plano de Emergência e Transformação na Saúde continua por implementar. Apenas um terço, ou seja, cinco das 15 medidas que deveriam ter sido concretizadas num prazo de três meses foram, de facto, concluídas, de acordo com a ferramenta de acompanhamento do plano disponível no site do SNS. O Ministério da Saúde começou por confirmar esta informação, mas entretanto já atualizou os dados do portal, acrescentando mais cinco medidas como concluídas. Contudo, os especialistas contestam a implementação de algumas delas no terreno.

Leia a notícia completa no Observador (acesso pago).

Seguradoras pagam milhões em indemnizações por incêndios florestais

Os incêndios florestais de maior dimensão em Portugal, como os de Pedrógão Grande em 2017 ou os da ilha da Madeira em 2016, levaram as seguradoras a ter de pagar indemnizações muito elevadas. Só a seguradora Ageas pagou, desde 2016, 5,5 milhões de euros em indemnizações na sequência de incêndios florestais. Em cada ano e até 2022, os valores estiveram relacionados com grandes fogos: em 2016 deveu-se ao fogo na ilha da Madeira (1,7 milhões de euros); em 2017 ao de Pedrógão Grande (três milhões); em 2018 ao incêndio de Monchique (355 mil euros); e em 2022 por várias ocorrências registadas em Portugal Continental (496 mil euros). Também a Fidelidade contabiliza indemnizações altas por causa dos incêndios: desde 2016 e até agora já foram pagos 35 milhões de euros aos clientes lesados pelos fogos.

Leia a notícia completa no Jornal de Notícias (acesso pago).

Mota-Engil arranca este ano obra do hospital de Lisboa

O CEO da Mota-Engil antevê que o Hospital de Lisboa Oriental começará a ser construído até ao fim deste ano. A parceria público-privada para o novo hospital da capital portuguesa foi adjudicada apenas este ano ao consórcio da construtora liderada por Carlos Mota dos Santos, no valor de 380 milhões de euros para os três anos de construção. A manutenção da infraestrutura irá ocorrer durante 27 anos e ascenderá a 143 milhões de euros.

Leia a notícia completa no Jornal de Negócios (ligação indisponível).

Falha no site do IGCP acelera venda de Certificados na app dos CTT

O AforroNet, o serviço online do IGCP que permite subscrever e consultar a carteira de produtos de aforro do Estado, como certificados de aforro e do Tesouro, está em baixo para “melhoria das condições de segurança”, sem que haja data para que volte a estar ativo. A alternativa tem sido o site dos CTT, que na terça-feira bateu o recorde de adesões e subscrições. Face ao mesmo dia da semana passada, verificou-se um aumento de 74% nas associações de contas e de 73% nas consultas dos produtos já existentes. Mas também se assistiu a uma subida da compra de novos títulos: de 27% no caso dos pedidos de subscrição e de 79% no que diz respeito ao valor aplicado.

Leia a notícia completa no Jornal de Negócios (acesso pago).

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Empresas apontam mercado de trabalho como o principal desafio, até mais do que os impostos

  • Lusa
  • 29 Agosto 2024

Inquérito da AIP mostra que as dificuldades em recrutar surgem à frente do sistema fiscal enquanto responsáveis pelo baixos crescimentos e competitividade, na ótica de 300 empresas de vários setores.

Portugal vive quase em “pleno emprego” e as empresas continuam a registar dificuldades em recrutar, com uma em quatro a apontar o mercado do trabalho como o maior entrave à competitividade, segundo um inquérito da AIP — Associação Industrial Portuguesa.

“Nunca houve tantas pessoas empregadas, mas não são suficientes. Portugal vive praticamente em situação de pleno emprego, com muitas empresas a sentirem enormes dificuldades em encontrar os perfis que necessitam para reforçar as suas equipas para prosseguirem com as suas estratégias de crescimento”, apontou, em comunicado, a AIP.

Segundo um inquérito realizado pela AIP-CCI (Câmara de Comércio e Indústria), uma em cada quatro empresas referiu que o mercado trabalho é o maior desafio que enfrenta, constituindo um entrave à competitividade.

O mercado de trabalho está ainda à frente do sistema fiscal (23%) enquanto responsável pelo baixo crescimento e competitividade das empresas.

“Não podemos continuar com um quadro fiscal que é composto por 4.300 impostos e taxas e, ainda por cima, quando neles incidem 451 benefícios fiscais. Não faz sentido. É preciso que o Governo olhe para este problema que asfixia as empresas e a economia”, afirmou, citado na mesma nota, o presidente da AIP, José Eduardo Carvalho.

A estes fatores que limitam a capacidade de crescimento das empresas portuguesas junta-se o contexto internacional, nomeadamente a tensão geopolítica e a conjuntura macroeconómica.

A análise da AIP revelou ainda que mais de metade das empresas considera que a sua situação financeira é “normal” e cerca de 40% como “boa” ou “muito boa”. Por sua vez, 7% disseram que é “má” e 1% que é “muito má”.

Entre os inquiridos, 35% referiram fazer uma gestão exclusivamente assente em fundos próprios e 49% admitiram que, pontualmente, recorrem a capitais alheios. Já 16% trabalham regularmente com crédito bancário.

Nunca houve tantas pessoas empregadas, mas não são suficientes. Portugal vive praticamente em situação de pleno emprego, com muitas empresas a sentirem enormes dificuldades em encontrar os perfis que necessitam para reforçar as suas equipas para prosseguirem com as suas estratégias de crescimento.

Comunicado da AIP

No que diz respeito ao investimento, 47% das empresas defenderam que será “igual” ao realizado em 2023 e 22% consideraram que vai ser “superior ao do ano passado”, enquanto 6% sublinharam que será “muito superior”.

O investimento em causa vai ser destinado, sobretudo, ao equipamento produtivo (29%), tecnologias de informação e comunicação (11%) e qualificação de recursos humanos (10,8%).

Para a AIP, é “preocupante” que a grande maioria das empresas ignore a importância do investimento e investigação e desenvolvimento para o futuro das organizações. Quase metade das empresas indicou que raramente investe nesta área.

A esta análise, realizada no início do segundo semestre, responderam perto de 300 empresas, incluindo sócios da AIP-CCI. Na edição de 2024, as empresas são dos setores dos serviços (32%), indústria (31%), comércio (23%) e construção (7%). Mais de 60% das empresas inquiridas têm um volume de negócios de até dois milhões de euros e 53% têm menos de dez colaboradores.

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Ayuso e Prohens receiam que as suas comunidades sejam sobrecarregadas com solidariedade interterritorial devido ao financiamento “único” da Catalunha

  • Servimedia
  • 29 Agosto 2024

As presidentes da Comunidade de Madrid e das Ilhas Baleares pedem ao presidente do Governo, Pedro Sánchez, que convoque a Conferência de Presidentes para conhecer “as condições” deste pacto.

É o que dizem as comitivas dos dois presidentes depois do tratamento “privilegiado” conseguido pela Catalunha em termos de financiamento regional “que serviu de moeda de troca para que o socialista Salvador Illa se tornasse o novo presidente da Generalitat da Catalunha”.

Os governos de ambas as regiões alertam para o facto de os possíveis efeitos no sistema de financiamento regional derivados do pacto entre Sánchez e a ERC poderem ter consequências negativas para ambas as comunidades, devido a um acordo político “cujas letras pequenas e significado ainda são desconhecidos”.

Até agora, argumentam que três comunidades (Madrid, Catalunha e Ilhas Baleares) têm sido os contribuintes básicos para o sistema de financiamento regional numa base per capita, ou seja, as regiões autónomas que atribuem o maior volume dos seus fundos fiscais a outros territórios sob a forma de apoio solidário.

De acordo com os últimos dados da Fundação de Estudos de Economia Aplicada (Fedea), correspondentes a 2022, Madrid contribuiu com 7.395 milhões de euros; a Catalunha com 2.088 e as Ilhas Baleares com 345. As restantes comunidades ou não contribuem ou recebem diretamente dinheiro destes fundos. Se uma destas três comunidades que apoiam o sistema deixar de o fazer, Ayuso e Prohens perguntam-se “o que acontecerá às duas que continuam a contribuir”, razão pela qual exigem esclarecimentos a este respeito.

Por esta razão, têm exigido repetidamente que Pedro Sánchez convoque a Conferência de Presidentes, que tem sido adiada desde 2022, um atraso que vai contra os regulamentos que estabelecem que o Governo deve convocar um mínimo de duas por ano. A reunião é urgente, dizem eles, agora mais do que nunca, para que o Presidente do Governo possa esclarecer o mistério de como a saída da Catalunha do sistema comum de financiamento territorial afectará o resto das regiões autónomas.

UM MODELO SEM PRIVILÉGIOS

Madrid garante que rejeita a quota catalã devido às consequências desastrosas que poderia ter para as outras regiões autónomas se a Catalunha reduzisse a sua contribuição. Ayuso suspeita que o financiamento “singular” significa que a Catalunha terá mais recursos do que nunca, enquanto Madrid e as Ilhas Baleares suportarão a maior parte do peso da solidariedade, para compensar o que a Catalunha deixar de contribuir para o fundo comum. Por isso, exige “um modelo igualitário, sem privilégios para nenhum território”.

Por seu lado, Prohens receia que o projeto de lei da solidariedade possa ter consequências muito prejudiciais para os cidadãos das Ilhas Baleares. A saída da Catalunha do sistema de financiamento comum custaria “dezenas de milhares de milhões de euros”, o que obrigaria a aumentar os impostos ou a fazer cortes nos serviços públicos, políticas diametralmente opostas às levadas a cabo pelo líder do Partido Popular até agora neste mandato. Por este motivo, avisou que não aceitará qualquer tratamento especial para a Catalunha que acabe por ser pago pelos cidadãos das Ilhas Baleares.

Como disse no único encontro que tiveram, em Maiorca, a 23 de julho, Prohens pediu a Sánchez que abordasse “de uma vez por todas” um novo modelo de financiamento regional que, na sua opinião, deveria girar em torno do princípio da ordinalidade, de modo a que a terceira comunidade que mais contribui em termos per capita seja uma das primeiras a receber recursos do sistema, uma reivindicação que o arquipélago tem vindo a fazer há anos. Para além deste pedido básico, há também a exigência de que o modelo tenha em conta os problemas do crescimento populacional, uma vez que as ilhas registaram um crescimento populacional de 50% desde 2020 e devem prestar serviços aos novos residentes.

O governo de Prohens sublinha que o custo dos serviços é mais elevado em regiões como as Baleares, onde é difícil contratar trabalhadores públicos. O governo de Prohens sublinha que o custo dos serviços é mais elevado em regiões como as Baleares, onde é difícil contratar funcionários públicos. O último pedido das ilhas é que seja mantido o princípio da compensação da insularidade.

A comitiva de Prohens sublinha que as Baleares são uma das três comunidades que deixarão de receber recursos próprios dos seus impostos em 2025 para os afetar à solidariedade com outros territórios. A fatura da solidariedade interterritorial no próximo ano será de 449 milhões de euros, um valor que sairá das ilhas para outras comunidades. Em 2025, 4.004 milhões de euros virão do financiamento regional, o que significa que, do dinheiro pago pelos cidadãos das Baleares em impostos, mais de 11% irá para o financiamento de recursos básicos noutros territórios do Estado.

NÃO RESPONDE À REALIDADE

A comitiva dos dois presidentes sublinha que os critérios aplicados ao financiamento das regiões autónomas estão desactualizados há uma década. Aprovados em julho de 2009 com a abstenção das comunidades governadas pelo PP, deveriam ter sido revistos e actualizados cinco anos depois. “Hoje, ainda está em vigor um modelo que não responde à realidade da evolução demográfica e populacional e às mudanças que se registaram. Pedro Sánchez não se atreveu, de momento, a abrir o melão polémico e agora este debate pendente explodiu depois de proporcionar à Catalunha um financiamento ‘singular’”, denunciam.

Recordam que o líder do PP, Alberto Núñez Feijóo, convocou os seus presidentes regionais para 6 de setembro para tentar chegar a um consenso sobre uma proposta e abordar conjuntamente o futuro do debate sobre o financiamento regional. As comunidades do PP também abrirão uma frente judicial contra o acordo fiscal catalão e já anunciaram a sua oposição frontal ao acordo de financiamento especial para a Catalunha, que, nas palavras do PP, “dinamita a solidariedade fiscal” entre as comunidades e implica um acordo encoberto semelhante ao do País Basco e de Navarra.

O PP decidiu travar uma batalha legal contra esta mudança unilateral de modelo. Alberto Núñez Feijóo já anunciou que as comunidades do PP irão contestar esta medida perante o Tribunal Constitucional. Anunciou também que irá recorrer dos possíveis desenvolvimentos regulamentares exigidos nos Tribunais Superiores de Justiça, no Tribunal Superior Nacional e no Supremo Tribunal.

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TAP sai do vermelho e lucra 400 mil euros no primeiro semestre

Resultado líquido baixou 98% face ao mesmo período de 2024. Fim dos cortes salariais e perdas cambiais explicam desempenho. Alavancagem financeira voltou a diminuir.

A TAP registou lucros de 72,2 milhões no segundo trimestre, permitindo à companhia aérea fechar os primeiros seis meses de 2024 com um resultado positivo marginal de 400 mil euros, menos 98% que no mesmo período do ano anterior. O endividamento líquido registou uma redução acentuada.

“O forte desempenho no segundo trimestre permite um resultado líquido positivo no semestre, que, apesar de reduzido, é atingido pela segunda vez consecutiva, mas agora sem cortes salariais”, assinala o CEO da TAP, Luís Rodrigues, em comunicado. A companhia tinha registado prejuízos de 71,9 milhões nos primeiros três meses do ano.

A transportadora explica que o resultado de 400 mil euros, menos 22,6 milhões que no período homólogo anterior, foi “impactado por perdas cambiais originadas pela desvalorização do real brasileiro”. Acrescenta que, face a 2019, existiu uma melhoria de 112,4 milhões de euros.

As receitas operacionais somaram 1.969 milhões no período entre janeiro e junho, mais 3,3% do que primeiro semestre de 2023, “impulsionadas, nas receitas de passagens, por um aumento da capacidade (+2,9%) e melhor load factor (+0,8 p.p.), e por um aumento significativo de atividade nas receitas de manutenção (+36,7%)“. O número de passageiros transportados aumentou 1,6% para 7,7 milhões.

Os gastos operacionais aumentaram 3,3% para 1.857,6 euros, devido sobretudo ao crescimento de 35,2% dos custos com pessoal, para 380,1 milhões de euros, fruto do fim dos cortes salariais e das condições dos novos acordos de empresa. As outras duas rubricas que mais pesam nas contas — combustível e custos operacionais de tráfego — registaram decréscimos de 4,7% e 3,9%, respetivamente.

O resultado operacional (EBIT) cifrou-se em 111 milhões de euros, uma melhoria de 2,8% face ao período homólogo, o que não impediu uma ligeira redução da margem, de 5,7% para 5,6%. Olhando apenas para o EBIT recorrente, o aumento é de 11,8%, para 139,2 milhões, com a margem a situar-se em 7,1%.

As diferenças cambiais, que nos primeiros seis meses de 2023 tinham dado um contributo positivo de 27,6 milhões, este ano penalizaram as contas em 17,5 milhões.

Dívida líquida encolhe 59%

A dívida financeira da TAP manteve-se estável nos 1.441,7 milhões, mas o aumento do dinheiro em caixa, para o que contribuiu a injeção do Estado de 343 milhões, contribuiu para uma descida de 59,1% da dívida financeira líquida, que no final de junho se cifrava em 266 milhões.

A companhia nota que conseguiu “uma melhoria assinalável do rácio dívida financeira/EBITDA que atinge um nível de 2,1 vezes, quando comparado com o rácio de 2,6 vezes a 31 de dezembro de 2023 e 5,2 vezes a 31 de dezembro de 2019″.

Como já referido, o desempenho no segundo trimestre foi decisivo para as contas ficarem acima da linha de água nos primeiros seis meses. O resultado líquido, de 72,2 milhões, ficou, ainda assim, 8,1% do conseguido no período homólogo.

Os rendimentos operacionais aumentaram 3,4% para 1.106,7 milhões, com destaque para o negócio de Manutenção, onde o crescimento foi de 71,4%, para 71,8 milhões, “devido maioritariamente ao aumento da atividade da oficina de motores”.

Olhando para o restante ano, a TAP assinala que as reservas estão em linha com o ano anterior, embora “com alguma pressão” sobre os níveis de rentabilidade. A companhia irá receber três novos A320 NEO e aumentar o investimento no Brasil com duas novas rotas: Florianópolis e Manaus.

A primeira metade do ano tem sido difícil para a maioria das companhias do setor. Lufthansa e Air France – KLM passaram de lucros no primeiro semestre de 2023 para prejuízos este ano, com a companhia alemã a rever em baixa a perspetiva para a evolução das receitas no resto do ano. A IAG, dona da British Airways ou Iberia, escapou à tendência com um aumento de 3,9% nos lucros.

(Notícia atualizada às 8h35)

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O dia em direto nos mercados e na economia – 29 de agosto

  • ECO
  • 29 Agosto 2024

Ao longo desta quinta-feira, 29 de agosto, o ECO traz-lhe as principais notícias com impacto nos mercados e nas economias. Acompanhe aqui em direto.

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Prosegur atinge os 165.000 trabalhadores e consolida a sua posição no “top 3” das empresas que mais empregam em Espanha, juntamente com o Santander e a Inditex

  • Servimedia
  • 29 Agosto 2024

A Prosegur atingiu os 165.000 colaboradores, com presença em 34 países diferentes. Este número inclui os empregados das diferentes filiais do grupo: Security, Cash, Alarms, AVOS Tech e Cipher.

Em Espanha, que é o centro de operações da empresa, a Prosegur conta com uma equipa de 33 777 pessoas. No que respeita à sua expansão internacional, a América Latina é a região com maior número de colaboradores, sendo o Brasil o país com maior número de colaboradores, com cerca de 42.000 pessoas, seguido da Argentina, com 17.351, do Peru, com 11.247, e da Colômbia, com 10.698. De referir os Estados Unidos, onde a atividade da Prosegur Security está em forte expansão, contando já com 5.500 trabalhadores, todos eles americanos, e prevendo ter mais de 6.000 até ao final de 2024.

Com este número de trabalhadores, a Prosegur consolida a sua posição no “top 3” das empresas espanholas com maior número de trabalhadores, juntamente com o Banco Santander e a Inditex.

Na Europa, a Prosegur tem uma forte presença, especialmente em Portugal, com mais de 6.000 trabalhadores, e na Alemanha, com quase 5.000. A expansão noutros mercados europeus inclui a França, o Reino Unido e a Suécia, com mais de 500 pessoas no total. Por último, na região Ásia-Pacífico, a Prosegur também está representada com uma força de trabalho de quase 5.000 colaboradores nas Filipinas, 2.000 em Singapura e mais de 700 na Indonésia e na China.

Por áreas de negócio, a Prosegur Security, com 100.000 empregados em todo o mundo, é a filial com mais empregados, especializada em soluções híbridas de segurança, combinando profissionais e tecnologia avançada. A Prosegur Cash, com cerca de 45.000 empregados, é líder mundial em dinheiro em trânsito e gestão de numerário e é a outra grande filial do grupo com forte representação na América Latina, Ásia e Europa.

Os restantes colaboradores estão divididos pelas outras três áreas de negócio: Prosegur Alarmes, que se centra na oferta de serviços de alarme para residências e empresas; AVOS Tech, uma plataforma de serviços para melhorar a eficiência dos processos empresariais através da tecnologia e da inovação (esta área conta com mais de 350 técnicos especialistas formados em diferentes tecnologias). E, por último, a Cipher, a unidade de cibersegurança da Prosegur, com soluções avançadas para a prevenção, deteção e gestão de riscos, que opera principalmente nos mercados de Espanha, Andorra, Brasil e Estados Unidos.

Além disso, a Prosegur informou em comunicado que a empresa aumentou o número de funcionários com deficiência em 2023 em 13,6% em relação ao ano anterior, chegando a 1.143 trabalhadores, refletindo “seu foco na inclusão e diversidade”.

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#28 As férias de Salvador Ribeiro. O exercício difícil do descanso necessário

O CEO da Bauer Media tenta, "num esforço permanente", desligar pelo menos uma semana, "um exercício difícil mas necessário". No regresso, os desafios da transformação digital continuam a prioridade.

  • Ao longo do mês de agosto, o ECO vai publicar a rubrica “Férias dos CEO”, onde questiona os gestores portugueses sobre como passam este momento de descanso e o que os espera no regresso.

Um homem cansado é um homem perigoso”, disse em tempos um amigo a Salvador Ribeiro. Mesmo em férias, o CEO da Bauer Media Áudio Portugal mantém o contacto permanente com a CFO e com a sua assistente, e tenta desligar pelo menos uma semana. “Um exercício difícil mas muito necessário”, reconhece. As férias são “um momento rico em balanços, reflexões e análises” e, no regresso, o grande tema continuará a ser a transformação digital dos media e, em particular, do áudio.

Que livros, séries e podcasts vai levar na bagagem e porquê?

Há dois livros e um podcast nosso que já tem vários episódios que ainda não tive oportunidade de ouvir. O primeiro livro chama-se “Só avança quem descansa” e é da autoria do Padre Vasco Pinto de Magalhães. O segundo chama-se “Why we do what we do”, de Dr. Helena Boschi. O podcast é da Patricia Reis e da Paula Cosme Pinto, chamado “(Outro) género de conversas”.

O livro do Padre Vasco Pinto de Magalhães é um livro de releitura permanente que nos dá uma perspetiva espiritual do tempo, do descanso e do lugar de cada uma destas coisas deve ter na nossa vida. Em cada releitura há sempre novas descobertas que nos recentram. No caso do segundo livro é uma racionalização dos nossos comportamentos. Nós convidámos a Dra. Helena Boschi para uma palestra num encontro de quadros e foi fascinante. Ela interessa-se pela neurociência aplicada aos ambientes de trabalho e, explorando o cérebro, ajuda, numa linguagem acessível, a perceber os nossos comportamentos e os dos outros.

No caso do podcast, é um conjunto de entrevistas a homens sobre temas sobre os quais normalmente eles não são confrontados.

Desliga totalmente ou mantém contacto com as equipas durante as férias?

Mantenho contacto telefónico permanente com duas pessoas da empresa (a CFO e a minha assistente) e tento, num esforço permanente, desligar pelos menos uma semana. Confesso que é um exercício difícil mas muito necessário.

As férias são um momento para refletir sobre decisões estratégicas ou da carreira pessoal?

Inevitavelmente é um momento rico em balanços, reflexões e análises. É um tempo de maior liberdade em que consigo relativizar melhor e colocar as coisas em perspetiva. Fazer melhores avaliações e análises. Como me disse uma vez um amigo, “um homem cansado é um homem perigoso”.

Que temas vão marcar o seu setor na rentrée?

Os desafios da transformação digital continuarão a marcar o sector dos media e do áudio em particular.

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As empresas ligadas aos cuidados de longa duração apelam à formação para fazer face à escassez de profissionais dos sectores social e da saúde face ao desafio demográfico

  • Servimedia
  • 29 Agosto 2024

As empresas ligadas à dependência consideram necessário aumentar a formação face à escassez de profissionais sociais e de saúde face ao desafio demográfico.

Assim, sublinham que as projeções do Instituto Nacional de Estatística indicam que, em 2050, os idosos representarão 30,4% da população espanhola, o que aumentará significativamente a taxa de dependência dos actuais 30,5% para 53,8%, enquanto a Sociedade Espanhola de Saúde Pública e Administrações Sanitárias (Sespas) afirma que existe atualmente uma escassez e um desequilíbrio de profissionais de saúde em Espanha.

Neste contexto, os especialistas defendem que o envelhecimento da população e os avanços da medicina vão gerar uma maior procura de médicos, enfermeiros e outros profissionais de saúde e a necessidade de promover soluções como a formação.

A Federação Empresarial para a Dependência (FED) considera essencial a criação de mais vagas nas universidades e defende a melhoria da rapidez dos processos de homologação para milhares de profissionais de enfermagem e de medicina em Espanha que aguardam para poder exercer a profissão. Neste sentido, propõe a criação de uma nova figura profissional de enfermagem a partir da Formação Profissional.

Por seu lado, a DomusVi propõe a criação de uma qualificação intermédia de formação regulamentada no sector da saúde que contribua para uma melhoria qualitativa e quantitativa dos profissionais de saúde nos centros e serviços. Para os grupos de saúde, como o pessoal médico, de enfermagem e de fisioterapia, dispõe de políticas específicas que vão desde a remuneração à formação, promoção e desenvolvimento profissional. Tem acordos com universidades, escolas de gestão e centros de formação com qualificações oficiais para atrair talentos para a empresa.

O Instituto de la dependencia-Innovación y formación dispõe de um portal com cursos de formação online especializados no setor da dependência, oferecidos por diferentes empresas e entidades do setor sócio-sanitário. Outros são o MasterD com cursos de assistência social e sanitária a pessoas dependentes em instituições sociais ou a UNIR com Gerontologia e Cuidados centrados na pessoa e nas relações.

 

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Tempo médio para aprovar pensões cai para 19,7 dias no primeiro semestre

Segurança Social demorou em média 19,7 dias a deferir pensões de velhice no 1.º semestre. Mais de 25.700 foram atribuídas através da "Pensão na Hora".

Um trabalhador que tenha dado entrada com o pedido à Segurança Social da pensão de velhice esperou, em média, 19,7 dias para ter uma resposta definitiva, de acordo com dados do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social (MTSS) disponibilizados ao ECO. O tempo de espera diminui, assim, face aos 25 dias registados em 2023.

Os dados do Ministério tutelado por Rosário da Palma Ramalho indicam que o tempo médio entre o pedido de atribuição de pensão de velhice e a resposta por parte da Segurança Social diminuiu em 5,3 dias no primeiro semestre do ano face ao período médio da totalidade de 2023.

A Pensão de Velhice pode ser requerida presencialmente nos serviços da Segurança Social ou online, através da Segurança Social Direta, portal no qual antes de iniciar o pedido é possível consultar o cálculo desta prestação social.

Os dados do MTSS revelam ainda que no primeiro semestre deste ano foram deferidas 42.649 pensões de velhice, o que compara com 73.745 no ano de 2023.

Desde 2021, que o portal disponibiliza a “Pensão na Hora”. Após o preenchimento do requerimento online, caso sejam cumpridos os requisitos exigidos o pedido é aprovado automaticamente, sendo atribuída uma pensão provisória no prazo máximo de 24 horas. No primeiro semestre deste ano foram atribuídas 25.783 pensões de velhice através deste mecanismo.

De acordo com o Orçamento do Estado para 2024, em dezembro de 2022, o valor médio da pensão de velhice do regime geral foi de 520,09 euros, enquanto o de novas pensões foi de 596,85 euros. Estes valores comparam com os registados em 2022 de 508,63 euros e 594,41 euros, respetivamente.

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Suecos compram gestora portuguesa com 500 milhões de crédito malparado

Italianos da DoValue venderam o seu negócio de malparado em Portugal aos suecos da Albatris, que inclui uma carteira de crédito malparado de 500 milhões de euros.

Os italianos da DoValue acabaram de fechar a venda do seu negócio de malparado em Portugal aos suecos da Albatris, que inclui um portefólio de cerca de 500 milhões de euros em ativos sob gestão.

A venda – cujo processo arrancou no início do ano e foi conduzido pela PwC Espanha, como avançou o ECO em primeira mão em fevereiro — foi concretizada no final do mês passado, de acordo com a informação disponibilizada pela DoValue na bolsa de Milão. E, desde então, a DoValue Portugal, com cerca de 60 trabalhadores, passou a chamar-se Stellarvest, que tem agora uma nova vida com um novo dono, mas mantendo a mesma gestão.

Antes de ser vendida a um veículo da Albatris, a agora designada Stellarvest passou por um processo de reestruturação com vista a transformar-se numa “servicer boutique”, concentrando vários serviços de regularização e de gestão de ativos complexos e problemáticos que adquiriu aos bancos nos últimos anos.

Atualmente oferece serviços não apenas de gestão de crédito malparado e de ativos imobiliários, mas também presta serviços de advisory (due dilligence de portefólios de NPL, etc), servicing e securitização, conforme indica no seu site. O ECO contactou a Stellarvest e a Albatris, mas não obteve uma resposta até à publicação deste artigo.

Impacto negativo de 3 milhões

Para o grupo italiano, a venda da operação portuguesa teve um impacto negativo na ordem dos três milhões de euros, um número avançado nas contas do primeiro semestre apresentadas ao mercado há cerca de um mês.

Ainda assim, a DoValue destaca que a saída do mercado português “irá reduzir as suas necessidades de financiamento para uma unidade que estava a operar numa pequena escala e com perspetivas limitadas de crescimento, tendo em conta o contexto do mercado de NPL em Portugal”.

As contas da empresa portuguesa mostram um declínio da faturação nos últimos anos: passou de 21,5 milhões de euros em 2019 para cerca de cinco milhões no ano passado, de acordo com a plataforma InformaDB. Fechou 2023 com prejuízos de 6,6 milhões e euros e capitais próprios negativos de 4,2 milhões.

O próprio mercado de malparado em Portugal, que teve os seus dias de maior atividade entre 2016 e 2020, quando os bancos precisaram de reduzir o malparado que acumularam na crise, tem vindo a cair nos últimos anos, com menos negócios e cada vez mais pequenos a serem feitos.

Os italianos da DoValue entraram no mercado português em 2019 com a aquisição da Altamira Portugal, que tinha comprado dois anos antes a unidade de negócio responsável pela gestão dos ativos imobiliários e da carteira de crédito da Oitante – o veículo criado para ficar com os ativos do antigo Banif que o Santander não quis comprar. Em 2021, a Altamira Portugal passou a chamar-se DoValue Portugal. Agora muda de nome novamente.

Cotada na bolsa de Milão, a DoValue diz ser o maior servicer do Sul da Europa. O grupo é controlado pela Fortress e pela Bain, que detêm mais de 40% da empresa.

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Greve vai cancelar voos no fim de semana, prevê CEO da ex-Groundforce

A Menzies Aviation, dona da antiga Groudforce, previa processar 450 voos nos dois dias. O CEO não tem dúvidas de que haverá cancelamentos e está "profundamente desapontado" com serviços mínimos.

A greve na Menzies Portugal, antiga Groundforce, deverá levar ao cancelamento de vários voos no fim de semana de 31 de agosto e 1 de setembro, afirma ao ECO o responsável em Portugal da empresa de assistência em escala. Rui Gomes diz ainda que “uma grande fatia dos trabalhadores” está contra a paralisação.

A greve foi convocada pelo Sindicato dos Trabalhadores dos Transportes de Portugal (Sttamp) e pelo Sindicato das Indústrias Metalúrgicas e Afins (SIMA), que contestam o nível de salários e questões relacionadas aos horários.

Apesar de os dois sindicatos representarem à volta de 300 trabalhadores, num universo de cerca de 4.000 na Menzies, a greve poderá provocar fortes perturbações nos aeroportos nacionais. O Sindicato dos Transportes e o Sindicato dos Trabalhadores dos Aeroportos Manutenção e Aviação (STAMA) manifestaram intenção em aderir, mas já fora do período legal para o pré-aviso.

“É inevitável que haja cancelamentos, não tenho dúvidas”, afirma ao ECO o vice-presidente da britânica Menzies Aviation em Portugal, que faz a assistência em escala de um elevado número de companhias aéreas nos aeroportos portugueses, incluindo a TAP.

Rui Gomes, vice-presidente da Menzies para Portugal.Linkedin

“No próximo fim de semana temos cerca de 450 voos. Os voos cancelados dependem muito dos serviços mínimos”, refere Rui Gomes. “Posso-lhe dizer que se forem serviços mínimos de 50%, 200 e tal voos vão ser assistidos e outros 200 e tal não são assistidos. Nós pedimos 70% de serviços mínimos”, afirmou, antes ainda de estes serem fixados.

A decisão do Tribunal Arbitral, conhecida na terça-feira, ficou muito aquém do pretendido pela empresa. Os sindicatos ficaram obrigados apenas a garantir a assistência em voos que no momento do início da greve já se encontravam em curso, a primeira aterragem e descolagem nas rotas para os Açores e Madeira e entre ilhas, voos “impostos por situações críticas relativas à segurança de pessoas e bens” e ainda voos militares e de Estado.

Estamos profundamente desapontados com a decisão do Tribunal Arbitral sobre os serviços mínimos, uma vez que prejudica a nossa capacidade de servir eficazmente os nossos clientes e os seus passageiros.

Rui Gomes

Vice-presidente da Menzies Aviation para Portugal

Estamos profundamente desapontados com a decisão do Tribunal Arbitral sobre os serviços mínimos, uma vez que prejudica a nossa capacidade de servir eficazmente os nossos clientes e os seus passageiros”, reagiu o CEO em comunicado, na quarta-feira. “Implementámos um conjunto abrangente de planos de contingência para minimizar as perturbações nos nossos serviços e continuaremos a fazer todo o possível para manter os padrões de serviço, apesar dos desafios colocados por esta decisão.

Rui Gomes salienta quehá muitos efeitos para além do sindicato que convocou a greve”, referindo que o facto de a paralisação ser num fim de semana poderá levar a que mais trabalhadores não se apresentem ao trabalho”, mesmo os não filiados nos sindicatos. Segundo apurou o ECO, a TAP espera um impacto sobretudo no Porto.

O Sttamp justifica a convocação da greve com “a existência de vencimentos base inferiores ao salário mínimo nacional”, “o recurso sistemático a trabalhadores de empresas de trabalho temporário”, o “trabalho suplementar em incumprimento com os limites legais em vigor” ou “alterações sucessivas de horários à margem das disposições do Acordo de Empresa”.

O vice-presidente da Menzies Aviation para Portugal rejeita que existam vencimentos abaixo da retribuição mínima mensal garantida, o conceito previsto na lei, que contabiliza, além do vencimento base, outros valores pagos em 14 meses. “Há sempre o pagamento adicional, fora da tabela, de várias componentes que são pagas em 14 meses”, afirma, dando como exemplo o subsídio de turno — “250 euros em números redondos” — ou o subsídio de condições climatéricas para quem trabalha na placa do aeroporto. “Não há nenhum caso na SPdH que receba abaixo de 820 euros“, garante.

O Sttamp alega ainda, num comunicado divulgado esta semana, que “em dezembro de 2023 foi agendada data para assinatura do Acordo de Empresa, sendo que, nesta altura, apenas foi assinado o texto do clausulado, não constando no documento qualquer tabela salarial, que deveria constar, como anexo ao acordo de empresa”. Rui Gomes diz ser “falso”, e que as tabelas constavam quer na versão assinada em dezembro quer na assinada já em junho deste ano.

CEO afirma que há trabalhadores descontentes com a greve

O ECO sabe que a paralisação criou desconforto noutros sindicatos. O responsável da Menzies Aviation também afirma que há trabalhadores descontentes. “Estive com trabalhadores no Porto, que é onde o Sttamp está mais forte, e a sensação é que há uma grande fatia de trabalhadores que está completamente contra isto, pelo timing em que acontece. O que se ouve no terreno é que a greve não vai ter grande adesão”, afirma.

“Se eu não estou de acordo com alguma coisa — e o acordo de empresa foi assinado há dois meses — o que eu faço é assinalar com uma greve a meio da semana. Não é no mês mais disruptivo do ano, no último fim de semana, que é o regresso das pessoas de férias e de regresso às aulas”, considera Rui Gomes. O vice-presidente da Menzies Aviation para Portugal considera a paralisação “completamente desadequada, extemporânea, inqualificável e sem qualquer respeito pelos objetivos da empresa”.

Estive com trabalhadores no Porto, que é onde o Sttamp está mais forte, e a sensação é que há uma grande fatia de trabalhadores que está completamente contra isto.

Rui Gomes

Vice-presidente da Menzies Aviation para Portugal

Na reação ao anúncio dos serviços mínimos, o Sttamp lamentou, em comunicado, “que tenha sido necessário chegar a este ponto, não obstante de, por todas as formas, ter tentado junto da empresa encontrar soluções que evitassem este desfecho”. “Caberá à administração da Menzies assumir a total responsabilidade por esta paralisação porque, em nenhum momento apresentou qualquer alternativa ou proposta que pudesse evitar a greve”, acrescenta.

Rui Gomes confirma contactos com a direção do Sttamp nos últimos dias, mas rejeita reabrir agora negociações só com alguns sindicatos, dois meses depois de assinado o novo acordo de empresa. “Este acordo de empresa tem agora uma validade de dois anos. Portanto, o que nós vamos cumprir é com esse acordo durante dois anos à vírgula e ao ponto“, afirma o vice-presidente da Menzies Aviation para Portugal.

O responsável alerta que a greve poderá ter consequências negativas nas atualizações salariais do próximo ano. “Há um impacto diretamente ligado à faturação pelos aviões não assistidos, que é bastante. Isso até é contraproducente, porque a forma de revisão salarial está ligada à faturação. Quanto menor a faturação, menor o aumento de salário”, explica.

Para Rui Gomes, a paralisação poderá ainda penalizar a Menzies no concurso para a atribuição de licenças de assistência em escala nos aeroportos portugueses, que a Autoridade Nacional de Aviação Civil já colocou em marcha. “Uma empresa que não consegue controlar todo o ecossistema dos stakeholders, nomeadamente os sindicatos, poder ser vista de forma menos credível pelo júri do concurso”, diz.

A antiga Groundforce foi adquirida pela britânica Menzies Aviation a 4 de junho, no âmbito do plano de recuperação da empresa, ficando com uma participação de 50,1%. Os restantes 49,9% pertencem à TAP.

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