Administração Trump questiona Harvard sobre doações estrangeiras

Tensões entre administração Trump e academia continuam. Agora, Departamento da Educação pediu a Harvard informação sobre doações estrangeiras, de acordo com a "Bloomberg".

A administração de Donald Trump exigiu que a Universidade de Harvard disponibilizasse mais informação sobre as doações estrangeiras que recebeu, segundo avança esta sexta-feira a Bloomberg (acesso pago). É mais um capítulo nas tensões entre a Casa Branca e essa instituição de ensino superior, sendo que, ainda esta semana, esta que é a mais antiga e mais rica universidade norte-americana perdeu 2,2 mil milhões de euros em financiamento público, por recusar cumprir as exigências de Donald Trump.

De acordo com a Bloomberg, o Departamento de Educação norte-americano enviou o pedido referido a Harvard, depois de ter feito uma revisão dos dados já disponibilizados e ter chegado à conclusão que a informação estava “incompleta” e “imprecisa”.

Em resposta, a universidade em causa garante que cumpriu a lei, tendo reportado os presentes e contratos com contrapartes estrangeiras superiores a 250 mil dólares por ano (cerca de 220 mil euros). “Ao longo da história de Harvard, o apoio de alumni e doadores a todos os níveis tem sido essencial para a nossa excelência contínua na investigação e ensino”, assinala a instituição de ensino superior, em comunicado.

No mês passado, a administração de Donald Trump anunciou que estava a examinar até nove mil milhões de dólares (7,94 mil milhões de euros) em subsídios e contratos federais para Harvard como parte dos seus esforços para combater o antissemitismo nos campus universitários dos Estados Unidos.

Harvard já tinha mostrado abertura para trabalhar no combate ao antissemitismo (e tomou medidas nesse sentido), mas o seu presidente, Alan Garber, deixou claro que as novas exigências (incluindo o fim dos programas de diversidade e a reforma da governação da instituição) eram inaceitáveis. A Administração congelou, assim, 2,2 mil milhões de dólares (1,94 mil milhões de euros) de subsídios plurianuais a Harvard.

Harvard não tem sido o único foco da atual administração norte-americana, que tem mesmo estado atenta a universidades fora dos Estados Unidos.

O Expresso e a Lusa avançaram que o Governo dos Estados Unidos cancelou ao Instituto Superior Técnico (IST) um programa que permitia ter nas suas instalações um espaço de divulgação da cultura americana, tendo a instituição portuguesa sido questionada sobre ligações a organizações terroristas.

O presidente do IST, Rogério Colaço, detalhou à Lusa que recebeu a 5 de março um inquérito com “questões bastante desadequadas” sobre se o IST colaborava ou não, ou era citado ou não em acusações ou investigações envolvendo associações terroristas, cartéis, tráfico de pessoas e droga, organizações ou grupos que promovem a imigração em massa.

O IST decidiu não responder, à semelhança da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, cujo diretor, Hermenegildo Fernandes, disse à Lusa que recebeu o mesmo questionário, que o deixou estupefacto pela “dimensão do descaramento” das perguntas, nomeadamente sobre “agendas climáticas”, se a instituição tinha “contactos com partidos comunistas e socialistas” ou “relações com as Nações Unidas, República Popular da China, Irão e Rússia” e o “que fazia para preservar as mulheres das ideologias de género”.

Além disso, o ECO avançou que a embaixada norte-americana em Lisboa enviou cartas às empresas portuguesas com contratos públicos com os Estados Unidos, de forma a forçá-las a abandonar as políticas de diversidade, equidade e inclusão. Noutros países, foram também enviadas missivas semelhantes. Questionada pelo ECO, a Comissão Europeia já disse estar atenta e a avaliar o impacto destas cartas nas empresas.

“A abdicar, será do mercado dos EUA”

O ECO contactou mais de uma dezena de faculdades de economia e escolas de negócios portuguesas, de modo a perceber se estavam ou não a receber cartas semelhantes às referidas dos Estados Unidos. As instituições questionadas explicaram que não recebem apoios dos Estados Unidos, nem têm parcerias, daí não estarem a receber as missivas em questão. E deixaram claro que as suas iniciativas de diversidade vão continuar.

“Uma coisa é certa: há um conjunto de princípios de que não abdicaremos. A abdicar, será do mercado dos EUA“, assegurou o presidente do Iscte Executive Education, Crespo Carvalho, em declarações ao ECO.

“Consideramos esta situação lamentável, na medida em que compromete a autonomia do ensino superior e da investigação científica. Acreditamos firmemente que a ciência deve ser livre, crítica e apoiada de forma transparente, sem interferências de natureza política ou ideológica“, sublinhou, em sentido semelhante, Óscar Afonso, diretor a Faculdade de Economia da Universidade do Porto.

Por sua vez, João Duque, presidente do ISEG, assinalou que acredita “que um ambiente académico, assente na liberdade intelectual, plural e inclusivo é essencial para a formação de líderes conscientes, responsáveis e preparados para os desafios de um mundo global”. “Por isso, mantemos a nossa estratégia DEI ativa e coerente com os padrões das nossas acreditações internacionais”, garantiu ao ECO.

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Cimeira de segurança energética junta 60 países em Londres na próxima semans

  • Lusa
  • 18 Abril 2025

Cimeira vai juntar ministros e secretários de Estado de 60 países, bem como a presidente da Comissão Europeia. Portugal vai estar representado pelo secretário de Estado da Energia.

A Agência Internacional de Energia (AIE) e o Governo britânico estão a organizar uma cimeira sobre segurança energética, em Londres, nos dias 24 e 25 de abril, onde deverão participar representantes de cerca de 60 governos, foi hoje anunciado.

A AIE sublinhou, em comunicado, que esta conferência vai permitir analisar as tendências e refletir sobre “as ferramentas necessárias para abordar os riscos tradicionais e emergentes para a segurança energética”.

Segundo a agência EFE, entre os participantes que já constam da agenda da agência estão sobretudo ministros e secretários de Estado de cerca de 60 países, bem como a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.

Em particular, vão ser abordadas questões como as alterações na procura, na oferta e nas trocas dos principais combustíveis, o acesso à energia e a crescente importância da eletricidade e da energia limpa.

Neste último ponto, serão analisados os problemas das cadeias de abastecimento dos equipamentos necessários ao desenvolvimento destas energias limpas, com enfoque nos metais e minerais necessários para o seu fabrico.

Na ordem do dia vão estar também a resiliência do sistema energético aos efeitos das condições climatéricas extremas e às alterações climáticas, bem como o impacto da inovação tecnológica, especialmente a inteligência artificial.

A abertura da cimeira vai estar a cargo do secretário de Estado para a Segurança Energética britânico, Ed Miliband, e do diretor executivo da AIE, Fatih Birol.

Portugal vai estar representado pelo secretário de Estado da Energia, Jean Barroca, adiantou fonte oficial do Ministério do Ambiente e Energia, questionado pela Lusa.

Na véspera do início da cimeira, vai decorrer uma sessão preparatória com workshops técnicos sobre minerais críticos, segurança do gás, o metano e o sistema energético da Ucrânia.

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📹 Páscoa e gripe das aves nos EUA fazem disparar preços dos ovos em Portugal e na UE

Sabe quanto custava uma dúzia de ovos em Portugal no início de abril? E quais são os três países europeus onde os ovos estão mais caros? Assista a este vídeo.

O preço dos ovos tem vindo a aumentar e a crise aviária nos EUA e a Páscoa são os principais culpados. Saiba qual o preço médio na União Europeia por 100 quilos e quais são os países onde este produto está mais caro. Em Portugal, o preço da dúzia de ovos registou um aumento de 27% desde o início deste ano.

Veja o vídeo.

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“É grave intrusão do poder judicial no processo democrático”, alerta Francisco Assis

  • ECO
  • 18 Abril 2025

Francisco Assis afirma que "a judicialização da política constitui hoje uma das mais graves ameaças às democracias constitucionais".

Francisco Assis considera que a “judicialização da política” é uma das “mais graves ameaças” à democracia. Em entrevista ao Público, o antigo deputado socialista esclarece, por outro lado, que é contra a formalização de um um acordo do PS com o Bloco de Esquerda e o PCP, de modo a evitar dar argumentos ao PSD a fazer um acordo semelhante com o Chega.

“A judicialização da política associada a uma anomalia sistémica no funcionamento do Ministério Público constitui hoje uma das mais graves ameaças às democracias constitucionais. Tão grave como um regime que desvaloriza a autonomia do poder judicial é um regime que permite a intrusão abusiva desse mesmo poder judicial nos processos de decisão democráticos”, sublinha o político, quando questionado sobre a notícia da avaliação preventiva às casas compradas por Pedro Nuno Santos.

Já quanto às eleições marcadas para 18 de maio, o também ex-presidente do Conselho Económico e Social teme que uma nova “geringonça” daria ao PSD justificação para firmar um entendimento com o Chega, pelo que é contra a formalização de um acordo à esquerda. “O PS deve também fazer tudo o que estiver ao seu alcance para evitar que o Chega chegue à área da governação. Esta deve ser uma prioridade política de fundo”, argumenta Francisco Assis.

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Ainda há 131 empresas à espera para converter parte das linhas Covid em subsídios a fundo perdido

Das 1.131 empresas à espera de ver parte das linhas Covid convertidas em subvenção, 909 já receberam o reembolso, 131 estão ainda em processo final de avaliação e 270 não são candidatas a receber.

São 909 as empresas que nos últimos dois meses receberam 20% do financiamento obtido através das linhas Covid-19 e da conversão do crédito em subvenção. Em causa estão 33 milhões de euros que já foram pagos este ano, revelou esta sexta-feira o diretor comercial do Banco Português de Fomento, Luís Guimarães. Por outro lado, 131 empresas estão ainda em processo final de avaliação.

Quando o Governo lançou as linhas de crédito Covid para ajudar as empresas a lidar com os impactos da pandemia, foi decidido que seria possível a conversão de até 20% do crédito concedido em subsídio a fundo perdido. O Banco de Fomento começou a pagar essa regalia às empresas que cumpriam os requisitos necessários em dezembro de 2022, mas, quando a atual administração entrou em funções ainda havia 1.313 empresas que não tinham o processo concluído. Potencialmente, o Banco de Fomento ainda teria de pagar 45 milhões a estas empresas pela conversão das linhas.

O universo total de empresas que poderia ver convertida parte das linhas era de 5.500 empresas, num montante global de 235 milhões de euros. Até final de 2024, 4.200 já tinham recebido os 189 milhões devidos. Mas faltavam 1.313 empresas com conversões não pagas.

O BPF anunciou em dezembro de 2024, ainda sob a liderança de Ana Carvalho, que ia iniciar uma reapreciação dos processos de conversão em valores não reembolsáveis que apresentaram “irregularidades na submissão documental”, tendo recebido as autorizações necessárias do Governo para reabrir o chamado Portal da Banca.

Estava previsto que a plataforma, acessível exclusivamente aos bancos comerciais, seria reaberta em janeiro deste ano para a “submissão de documentação corretiva e probatória necessária à regularização dos processos”. Mas o Portal acabou por abrir apenas a 10 de fevereiro.

A nova administração decidiu “criar uma task force com a esquipa comercial e de back office para ajudar as empresas e os bancos associados a resolver a situação e devolver estes reembolsos onde era devido”, explicou Luís Guimarães. Isto porque cabia às empresas manifestar o interesse junto do banco para que parte do crédito fosse convertido em subvenção, devendo para isso facultar os elementos para futura verificação da condição relativa à manutenção dos postos de trabalho” e preencher uma declaração.

Assim, das 1.131 empresas em espera, 909 já obtiveram esses reembolsos e 131 estão ainda em processo final de avaliação, revelou o responsável.

Mas nem todas as empresas vão ter direito a receber 20% do crédito contraído em subvenção. Cerca de 270 não são candidatas a receber, disse Luís Guimarães. Em causa está o incumprimento dos pressupostos definidos aquando da contratação das “Linha de Apoio à Economia Covid-19: Empresas de Montagem de Eventos” e “Linha de Apoio à Economia Covid-19: Médias e Grandes Empresas do Turismo”.

Na apresentação do Plano de Ação, o presidente executivo disse que a expectativa era que este processo estivesse concluído até 16 de março e todas as subvenções paga até 31 de março.

Os critérios ditavam a necessidade de manutenção da “totalidade dos postos de trabalho face aos verificados na última folha de remuneração entregue à Segurança Social com detalhe de todos os trabalhadores antes da data da contratação da operação com a banca, durante pelo menos 12 meses a contar da data de contratação”.

Caso não mantivessem todos os empregos, então, a taxa máxima de conversão do empréstimo em subvenção a fundo perdido seria “reduzida na proporção correspondente à redução dos postos de trabalho”. Mas se a não manutenção de postos de trabalho fosse superior a 30%, então, este benefício não se aplicava.

Além disso, para ver parte do apoio ser convertido num subsídio a fundo perdido, a empresa teria de ter a situação fiscal e contributiva regularizada e respeitar os montantes máximos de auxílio por beneficiário de acordo com as regras definidas por Bruxelas.

Isto é, o valor não reembolsável não poderia ser superior a 800 mil euros e a 120 mil euros por empresa ativa no setor das pescas e da aquicultura ou 100 mil euros por empresa ativa na produção primária de produtos agrícolas.

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Sky Portugal tem abertas 53 vagas para estágios de verão

Sky Portugal lança oitava edição do seu programa de estágios, com 53 vagas em Lisboa, Aveiro e Funchal. Candidaturas estarão abertas até 27 de abril.

A Sky Portugal acaba de lançar uma nova edição do seu programa de estágios, disponibilizando 53 vagas para o verão. As candidaturas estarão abertas até 27 de abril, sendo que há oportunidades não só em Lisboa, mas também em Aveiro e no Funchal.

“A Sky Portugal, sucursal da gigante britânica Sky, na área de media, entretenimento e telecomunicações, anuncia a abertura das candidaturas para a oitava edição do seu programa anual de estágios remunerados de verão. O ‘Summer internship program’ arranca este ano a 1 de julho e terá a duração de dois meses“, informa a empresa numa nota enviada às redações.

As vagas disponíveis dirigem-se a candidatos com “diferentes perfis e níveis de conhecimento” em áreas diversas, como desenvolvimento backend, inteligência artificial, engenharia de quality assurance, engenharia de site reliability, gestão de projeto, análise de dados e escrita técnica.

“Esta iniciativa oferece aos estudantes a oportunidade de mergulhar no mundo do streaming de forma prática e imersiva, trabalhando lado a lado com programadores experientes e especialistas das suas respetivas áreas“, sublinha a empresa.

“Os estagiários têm uma participação ativa em projetos reais e no desenvolvimento de funcionalidades que poderão chegar a milhões de utilizadores das plataformas de streaming desenvolvidas a partir da Sky Portugal para todo o mundo”, é detalhado na nota enviada às redações.

No início do mês, a Sky Portugal realizou um dia aberto, que contou com cerca de 155 estudantes universitários.

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Setor da defesa pede ‘task force’ entre ministérios e parcerias externas para dinamizar indústria

Empresas nacionais e eurodeputado social-democrata na Comissão da Segurança e da Defesa do Parlamento Europeu defendem que Finanças, Economia, Educação e Negócios Estrangeiros trabalhem em conjunto.

O Ministério da Defesa deve trabalhar com as tutelas das Finanças, Economia, Educação e Negócios Estrangeiros nos temas da segurança e na dinamização desta indústria, que está em crescimento devido ao contexto de incerteza e ao agudizar das tensões geopolíticas. É a ideia unânime entre o cluster da defesa, o eurodeputado português na Comissão da Segurança e da Defesa do Parlamento Europeu e a empresa nacional Orion Technik, que trabalha na área da engenharia e manutenção, civil e militar.

Presentes na terceira edição da conferência “Relatório Draghi” do ECO, representantes destas três entidades defenderam a criação de uma task force entre ministérios e mais parcerias entre Portugal e o estrangeiro.

O diretor de Operações da OrionTechnik esclarece que essa coordenação entre as várias pastas do Governo é relevante, porque os investimentos têm de ser “desmistificados”: serão os contribuintes a pagar. “Isto tem um custo e em 99% dos casos vai ser pago pelos orçamentos do Estado sejam da União Europeia [UE] ou dos países. A conta será paga pelos orçamentos da defesa. Não existe dinheiro público, como dizia Margaret Thatcher. Existe dinheiro dos contribuintes”, afirmou Francisco Oom Peres.

Na opinião do Chief Operating Officer (COO) da Orion Technik, Portugal deve aproveitar esta fase em que opinião pública está especialmente atenta a estes temas, desde o início da guerra na Ucrânia, para consciencializar a população e os legisladores para a necessidade de mão-de-obra especializada e infraestrutura, até porque tem sido mais fácil ganhar contratos através de mecanismos estrangeiros, como a norte-americana Foreign Military Sales (FMS).

Francisco Oom Peres, COO da Orion TechnikHugo Amaral/ECO

Francisco Oom Peres contou que a OrionTechnik está, desde maio de 2022, a tentar chegar a acordo com a Vinci para uma instalação de manutenção de aeronaves e, provavelmente, terá de fazer o investimento em Sevilha, porque “não há espaço em Beja”. A seu ver, há alguma “dificuldade” na projeção de negócio partindo de Portugal, inclusive em relação a Espanha e Países Baixos. “Os outros dão passos maiores. Temos receio”, atirou.

Cluster propõe compras mais caras e a longo prazo

O presidente do AED Cluster Portugal, José Neves, afirmou que é importante os ministérios “trabalharem em conjunto” até porque as aquisições da defesa devem ser repensadas. “Temos de mudar de paradigma. Fazer compras a longo prazo em vez de comprar mais barato”, sugeriu José Neves.

“Temos pouca economia de escala em Portugal. Não temos de comprar o que está na prateleira, porque ao compramos mais caro estamos a criar mais postos de trabalho e a criar um potencial enorme de exportação”, argumentou o presidente do cluster que tem 140 entidades portuguesas dos setores da aeronáutica, espaço e defesa. O objetivo das compras não deve ser apenas o mais barato no curto prazo mas aquilo que for mais reprodutivo em termos de crescimento económico, como um todo, envolvendo as empresas e o País.

Questionado sobre se Portugal tem capacidade para absorver o nível de subida de investimento, assumir contratos de grande dimensão e se investiria nesta área, José Neves respondeu que sim. “Goste-se ou não, vai ser tendência nos próximos quatro a oito anos”, retorquiu.

José Neves destacou o pilar de integradores na defesa, mencionado que o país tem operadores de end-user que “vão à guerra com contratos” e desenvolvem satélites que competem a nível global, mas é necessário entrar a sério na cadeia de fornecimento europeu. “Para chegarmos aos 2% temos de nos preparar para isso senão transformamos os 2% em despesa e não investimento, porque temos de comprar tudo fora”, assinalou no debate moderado por Tiago Freire, subdiretor do ECO.

José Neves, Presidente do AED Cluster PortugalHugo Amaral/ECO

Segundo o presidente do AED Cluster Portugal, o relatório Draghi sobre a competitividade europeia foi apresentado em setembro e, até abril, “pouco aconteceu” além de terem sido apresentados “papéis”, enquanto decorre uma “guerra” nos mares, com os cabos submarinos no Mar Báltico a ser destruídos e quiçá submarinos russos nas nossas águas sem sabermos.

O eurodeputado Hélder Sousa Silva, membro da Comissão da Segurança e da Defesa do Parlamento Europeu, disse que as forças partidárias do centro político estão alinhadas neste desígnio da importância da defesa e segurança e explicou que os políticos têm de ter “honestidade intelectual” para perceber que a segurança é uma “necessidade básica dos seres humanos” e que o investimento em defesa não é um gasto.

“O PS alinha connosco. Há um centro europeu que defende claramente maior investimento em defesa”, frisou sobre o alinhamento com os socialistas. Ademais, defende também uma task force de ministérios para demonstrar, a nível europeu, que Portugal está organizado através de “um Balcão Único no cluster de defesa”.

Hélder Sousa Silva diz que Portugal tem de se associar a outros players europeus, porque sozinho não vai “conseguir fazer nada”: é necessário escolher os parceiros certos, definir áreas de colaboração e trabalhar em consórcio, sobretudo com o Brasil.

Recém-chegado de uma viagem a Riga, o eurodeputado social-democrata garantiu à audiência no estúdio do ECO que pela Europa “só se fala de segurança e defesa”. “Toda a gente quer apanhar esse comboio”, mesmo no segmento económico da agricultura (segurança alimentar), exemplificou.

Hélder Sousa Silva referiu que o Relatório Draghi e a proposta de investimento de 800 mil milhões de euros por ano foram o “acordar”, até porque no atual Quadro Financeiro Plurianual, o orçamento de longo termo da UE, não havia “dinheiro nenhum” para a área da segurança e defesa além de “uns trocos” da mobilidade militar, o que na prática são verbas para assegurar que as pontes aguentam o peso das artilharias militares se fosse preciso transportá-las.

Hélder Sousa Silva, EurodeputadoHugo Amaral/ECO

 

“Estou preocupado. Cuidado com os países pequenos e médios. Porquê? Há uma tendência da França, Alemanha e Itália e alguns nórdicos estarem a organizar-se a uma velocidade estonteante. E nós falamos muito e fazemos pouco. Somos Ferraris com rodas de bicicleta”, comparou o eurodeputado, deixando ainda um alerta sobre a transposição das diretivas europeias, que com a legislação nacional acrescida aumenta a burocracia e leva a perda de concursos por motivos de secretaria.

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Trump reautoriza pesca comercial em santuário marinho do Oceano Pacífico

  • Lusa
  • 18 Abril 2025

Donald Trump assinou ordem executiva para reautorizar a pesca comercial num vasto santuário marinho no meio do Oceano Pacífico, criado em 2009 e alargado em 2014.

O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou na quinta-feira uma ordem executiva para reautorizar a pesca comercial num vasto santuário marinho no meio do Oceano Pacífico, onde se encontra um dos ecossistemas mais vulneráveis do mundo.

Este santuário, designado Monumento Nacional Marinho das Ilhas Remotas do Pacífico, foi criado no início de janeiro de 2009 pelo então presidente George W. Bush e amplamente alargado em 2014 pelo seu sucessor, Barack Obama.

Atualmente, abrange mais de 1,2 milhões de quilómetros quadrados de águas protegidas – quase o dobro da superfície do Texas – em torno de sete ilhas e atóis no Oceano Pacífico.

A pesca comercial e a extração de recursos, incluindo a exploração mineira, eram proibidas, mas a pesca tradicional e recreativa continuava a ser permitida.

Segundo Donald Trump, a proibição da pesca comercial “coloca em desvantagem os pescadores comerciais honestos dos EUA”, ao obrigá-los “a pescar mais longe da costa, em águas internacionais, para competir com frotas estrangeiras mal regulamentadas e fortemente subsidiadas”.

No seu entender, “a pesca comercial devidamente gerida não poria em perigo os objetos de interesse científico e histórico” protegidos pelo santuário”.

As áreas marinhas que constituem o santuário albergam recifes de coral imaculados e muitas espécies ameaçadas de extinção, incluindo aves marinhas e alguns tubarões e baleias.

Segundo a AFP, trata-se de um dos ambientes marinhos tropicais mais imaculados e vulneráveis do planeta, nomeadamente face às alterações climáticas.

Com o decreto de Trump, algumas destas zonas passam a estar abertas à pesca comercial, levantando a proibição em grandes áreas ao largo das ilhas e atóis “para os navios que arvoram o pavilhão dos Estados Unidos”.

As autorizações de pesca podem também ser “emitidas a navios com pavilhão estrangeiro para transportar peixe capturado por pescadores americanos”, refere o decreto.

Neste texto, Donald Trump dá também instruções ao seu governo para “alterar ou revogar todos os regulamentos restritivos que limitam a pesca comercial” no santuário.

Desde o seu regresso à Casa Branca, a 20 de janeiro, o republicano, cético em relação ao clima, tem vindo a atacar numerosas normas ambientais e afirma seguir uma política de desregulamentação para promover a economia, escreve a AFP.

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Marco Rubio avisa que EUA podem abandonar esforços para acordo de paz entre Rússia e Ucrânia

  • Lusa e ECO
  • 18 Abril 2025

Se não houver progresso nos próximos dias, os Estados Unidos podem abandonar os esforços para um acordo de paz entre a Rússia e a Ucrânia, avisa Rubio. Já JD Vance diz-se otimista.

O secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, avisou hoje que os Estados Unidos podem abandonar os esforços para um acordo de paz entre a Rússia e a Ucrânia se não houver progresso nos próximos dias. Já o vice-Presidente dos Estados Unidos, JD Vance, durante uma visita a Roma, disse estar otimista em relação a um cessar-fogo na Ucrânia.

“Temos de determinar nos próximos dias se [a paz] é viável ou não” e, “se não for possível, temos de passar a outra coisa” porque “os Estados Unidos têm outras prioridades”, afirmou Marco Rubio aos jornalistas junto do seu avião no aeroporto de Le Bourget, em Paris.

As declarações do Marco Rubio aconteceram um dia depois do encontro em Paris entre diplomatas norte-americanos e enviados britânicos, alemães e ucranianos, marcado por conversações sobre o conflito entre a Ucrânia e a Rússia.

“Penso que o Reino Unido, a França e a Alemanha podem ajudar-nos, fazer avançar as coisas e aproximar-nos de uma resolução. Considero que as suas ideias são muito úteis e construtivas”, afirmou o chefe da diplomacia norte-americana, durante as conversações do dia anterior com os aliados de Kiev, em Paris.

“À margem, estaremos prontos para ajudar quando estiverem prontos para a paz, mas não vamos continuar este esforço durante semanas e meses“, avisou, lembrando que esta guerra, desencadeada em fevereiro de 2022 pela invasão da Ucrânia pela Rússia, “está a ter lugar no continente europeu”.

Entretanto, em Roma, JD Vance manifestou este sábado o seu otimismo sobre a evolução das negociações indiretas com Moscovo e Kiev, à margem de um encontro com a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni.

“Quero informar a primeira-ministra sobre as negociações entre a Rússia e a Ucrânia, e também sobre certas coisas que aconteceram nas últimas 24 horas”, declarou Vance, acrescentando: “Não quero prejudicar nada, mas estamos realmente otimistas de que podemos acabar com esta guerra tão brutal“.

EUA admitem alívio das sanções à Rússia em troca de paz

A Bloomberg (acesso pago) avança esta tarde que os Estados Unidos admitem aliviar as sanções que estão impostas, neste momento, à Rússia num acordo de paz na Ucrânia.

Citando fontes da União Europeia, a Bloomberg indica que a proposta dos Estados Unidos prevê que o conflito seria “congelado”, mas as regiões ucranianas hoje ocupadas pela Rússia continuariam sob a alçada de Vladimir Putin. Prevê também que a Ucrânia não entraria na NATO.

Este plano não seria, porém, considerado um acordo final entre a Rússia e a Ucrânia, ressalvam as fontes citadas pela Bloomberg. A proposta terá ainda de ser trabalhada com ambas as partes.

Desde que tomou posse, em janeiro, o Presidente norte-americano fez uma aproximação a Vladimir Putin e diz estar a tentar obter um cessar-fogo rápido na Ucrânia, mas as negociações estão, até agora, num impasse.

Novos ataques russos atingiram várias cidades ucranianas importantes na noite de quinta-feira, matando pelo menos duas pessoas e ferindo 40, de acordo com as autoridades ucranianas.

Kremlin diz que há avanços concretos para acordo de paz com a Ucrânia

O Kremlin já reagiu às declarações feitas hoje pelo secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, considerando que se registaram “progressos concretos” nas negociações com Washington para uma solução pacífica na Ucrânia.

“Acreditamos que se podem registar alguns progressos. Esse progresso está relacionado com a moratória provisória que foi respeitada pela Rússia para não lançar ataques às infraestruturas energéticas”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, na sua conferência de imprensa telefónica diária.

Peskov sublinhou que foram alcançados alguns acordos nas últimas semanas, embora, “como é óbvio, ainda subsistem muitas discussões complicadas pela frente”.

Ao mesmo tempo, admitiu que a trégua energética de 30 dias “expirou” depois de a Rússia e a Ucrânia se terem acusado constantemente mutuamente de violações.

O porta-voz do Kremlin acrescentou hoje que, quanto a um possível recomeço dos ataques russos às infraestruturas energéticas ucranianas, “de momento não há qualquer outra ordem do comandante supremo, o Presidente (Vladimir) Putin”.

Quanto à declaração do Presidente dos EUA, Donald Trump, de que espera que Moscovo lhes dê “esta semana” uma resposta à proposta de cessar-fogo entre a Rússia e a Ucrânia, Peskov foi cauteloso. “A questão do acordo com a Ucrânia é complexa. O lado russo é a favor da resolução deste conflito, da defesa dos seus próprios interesses e está aberto ao diálogo”, afirmou.

Peskov também avaliou a reunião trilateral realizada no dia anterior em Paris com a participação de representantes dos EUA, da Europa e da Ucrânia.

“Ultimamente, não temos ouvido quaisquer apelos da Europa à paz. Pelo contrário, têm sido feitos apelos a uma maior militarização da própria Europa e da Ucrânia. O que ouvimos ultimamente dos europeus dificilmente pode contribuir para a procura de formas de resolução”, comentou.

Durante a conversa telefónica de Rubio com o Ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, no dia anterior, este último garantiu que Moscovo está disposto a continuar a trabalhar com Washington para eliminar as causas profundas do conflito ucraniano.

(Notícia atualizada às 17h25)

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Nova sondagem põe AD na frente, mas sem maioria à direita

  • ECO
  • 18 Abril 2025

Nova sondagem atribui 33% das intenções de voto à AD. Com os 4% previstos para os liberais, maioria à direita não está assegurada. Já o PS reúne 29% das intenções de voto.

A coligação que junta o PSD ao CDS-PP mantém a vantagem face ao PS, mas a maioria à direita continua distante, de acordo com uma nova sondagem divulgada esta sexta-feira pelo Expresso.

Este novo estudo de opinião foi feito na semana de arranque dos debates entre os candidatos às eleições legislativas marcadas para 18 de maio pelo ICS em parceria com o ISCTE — para o referido semanário e para a SIC –, e indica que a AD reúne, neste momento, 33% das intenções de voto, enquanto o PS conta com 29% (excluídos os abstencionistas e feita a imputação dos indecisos).

Com uma margem erro de 3,5% para cada um dos partidos, o relatório da sondagem admite, porém, que “a diferença entre estas estimativas não é estatisticamente significativa“. Entre os demais partidos, o Chega mantém-se em terceiro lugar (21%), seguindo-se a Iniciativa Liberal (4%), a CDU (2%), o Bloco de Esquerda (2%), o PAN (2%) e o Livre (1%).

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Pedro Nuno Santos espera ser ouvido pelo Ministério Público antes da campanha

Pedro Nuno Santos atira: "não me podem comparar a mim com Luís Montenegro". E avisa que "a equivalência que se faz entre políticos destrói a própria democracia".

Pedro Nuno Santos insistiu esta sexta-feira que “não há qualquer tipo de equivalência” entre a averiguação preventiva às duas casas que comprou em Lisboa e Montemor-o-Novo e o caso Spinumviva, que envolve Luís Montenegro. Em declarações aos jornalistas, o secretário-geral do PS sublinhou que, em campanha eleitoral, é importante avaliar o perfil dos candidatos, mas avisou que “a equivalência que se faz entre políticos destrói a própria democracia”. Sinalizou ainda que espera ser ouvido pelo Ministério Público antes da campanha.

A avaliação dos líderes é fundamental numa campanha. Percebo que o PSD não queira falar do perfil dos candidatos, mas tem de falar. Quando vamos para uma campanha eleitoral, avaliamos um projeto e quem o vai liderar. Não é um tema irrelevante“, começou por afirmar Pedro Nuno Santos, em declarações aos jornalistas transmitidas pela CNN.

Não há em nenhum dos casos qualquer tipo de equivalência“, acrescentou. “Não me podem comparar a mim com Luís Montenegro“, insistiu o político.

Esta semana, foi noticiado que o secretário-geral do PS foi alvo de uma averiguação preventiva por parte do DCIAP, “na sequência de receção de denúncias e tendo em vista a recolha de elementos”.

Está em causa a aquisição de dois imóveis, um em Lisboa e outro em Montemor-o-Novo, cuja documentação foi, entretanto, publicada online pelo próprio, no site da campanha socialista. Quanto à origem dos fundos para a aquisição destes imóveis, esta amanhã, o Correio da Manhã avança que Pedro Nuno Santos garante que 70 mil euros dos 245 mil euros da compra da sua primeira casa, em Lisboa, foram pagos “com recurso a capitais próprios da família“.

O líder socialista já assegurou também que não foge ao escrutínio e que está disponível para o mesmo, ao contrário, atirou, do primeiro-ministro, Luís Montenegro, que acusou de não o fazer.

Esta sexta-feira, o secretário-geral do PS foi ainda questionado se já entregou um requerimento para ser ouvido pelo Ministério Público sobre a averiguação preventiva. “O requerimento ainda não foi entregue, mas será entregue na próxima semana”, respondeu, manifestando a esperança de poder ser ouvido antes do início do período da campanha eleitoral para as legislativas, que começa oficialmente em 04 de maio.

“Acho que era importante, até porque ontem [quinta-feira] foi noticiado um arquivamento sobre o mesmo caso, com base supostamente nas mesmas notícias, há um ano. Portanto, obviamente isto tem impacto, confunde as pessoas, e é injusto, porque precisamos de ter todos os dados para fazer as nossas escolhas”, referiu, frisando ser “do interesse de todos” que o seu caso seja clarificado.

“Pacto nacional” para o envelhecimento

Esta sexta-feira, Pedro Nuno Santos aproveitou também para reforçar a promessa de, caso vença as eleições marcadas para maio, avançar com aumentos extraordinários permanentes das pensões, “sempre que a capacidade orçamental do Estado o permita”.

Foi o que fizemos quando estávamos no poder e também quando estávamos na oposição“, lembrou o socialista, que critica a posição da AD, que tem prometido suplementos extraordinários (não permanentes) aos pensionistas, caso a execução orçamental o permita.

Por outro lado, o secretário-geral do PS defendeu hoje um “pacto nacional” para lidar com as questões do envelhecimento e criticou a “situação de instabilidade e caos” no SNS, com 15 urgências fechadas este fim de semana, responsabilizando o primeiro-ministro.

Pedro Nuno Santos lamentou que, neste período de pré-campanha, se esteja a falar “muito pouco dos mais velhos”, considerando que é preciso dar “mais atenção” à questão do envelhecimento da população. “Deve haver um pacto nacional para esta área”, disse, frisando que é preciso reforçar os apoios sociais para as camadas mais velhas da população e “voltar a fazer o investimento que o país fez durante muitos anos” para alargar a rede de lares de terceira idade.

Além deste investimento nos lares, Pedro Nuno Santos referiu que é também necessário integrar os cuidados sociais e os cuidados de saúde e passar-se de um “sistema que está centrado no hospital para que esteja centrado cada vez mais na comunidade”.

“Isso significa que nós precisamos de equipas multidisciplinares, com médicos, enfermeiros, nutricionistas, fisioterapeutas, assistentes sociais, que façam acompanhamento dos doentes crónicos e dos mais velhos nas suas casa, quando isso é possível”, disse.

O secretário-geral do PS disse que isso seria não só melhor para os próprios, mas também para o Serviço Nacional de Saúde (SNS), porque “evita que as pessoas tenham de recorrer aos hospitais ou às urgências e melhora a qualidade de vida dos doentes”.

Além da atenção às pessoas mais idosas, Pedro Nuno defendeu que o pacto nacional para o envelhecimento deve também procurar valorizar as pessoas que trabalham nos lares e nas IPSS, considerando que o país “tem uma dívida para com esses homens e mulheres”.

(Notícia atualizada às 15h17)

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Justiça dos EUA determina que Google monopolizou mercado da publicidade na Internet

  • Lusa
  • 18 Abril 2025

Juíza concluiu que "Google se envolveu conscientemente numa série de ações anticoncorrenciais para alcançar e manter o poder de monopólio nos mercados de servidores de anúncios".

Uma juíza federal norte-americana concluiu que a Google monopolizou o mercado da publicidade online, dizendo que a gigante tecnológica norte-americana “executou intencionalmente uma série de ações anticoncorrenciais” e causou “danos significativos” aos seus clientes.

O Governo de Joe Biden processou a Google em janeiro de 2023 num tribunal federal na Virgínia (leste dos Estados Unidos), exigindo que o grupo fosse forçado a alienar os seus bens.

O julgamento foi concluído em novembro de 2024 com a apresentação dos argumentos finais pelo governo dos EUA e pela Google, após três semanas de audiências sem júri, em setembro.

Os demandantes provaram que a Google se envolveu conscientemente numa série de ações anticoncorrenciais para alcançar e manter o poder de monopólio nos mercados de servidores de anúncios e de troca de anúncios na Internet“, concluiu a juíza numa decisão de 115 páginas divulgada hoje.

“Durante mais de uma década, a Google ligou o seu servidor de anúncios e as suas bolsas de anúncios através de cláusulas contratuais e integração tecnológica, o que permitiu à empresa estabelecer e proteger a sua posição monopolista em ambos os mercados”, continuou.

Segundo a magistrada, o grupo também “garantiu o seu monopólio impondo políticas anticoncorrenciais aos seus clientes e eliminando características favoráveis de determinados produtos”. Concluiu que, ao fazê-lo, a Google causou “danos significativos” aos seus clientes e impediu que os rivais competissem com ela.

A juíza deu um prazo de sete dias para que as partes apresentem um cronograma para a continuação do procedimento, de forma a determinar as soluções para esta situação. Depois, pronunciará a sua sentença.

A gigante tecnológica já indicou que pretende recorrer da decisão, num comunicado enviado à agência France-Presse (AFP) pela vice-presidente, Lee-Anne Mulholland.

“Ganhámos metade deste caso e vamos recorrer da outra metade. Discordamos da decisão do tribunal em relação às nossas ferramentas de publicação”, acrescentou.

O desfecho do caso pode ser determinado pela nova administração e o presidente Donald Trump deu a entender, em outubro, que não era a favor da divisão da Google, sublinhando que penalizaria os Estados Unidos no panorama internacional.

Por volta das 17:15 (hora de Lisboa), as ações da Alphabet, empresa-mãe da Google, caíam 1,26% na bolsa de Nova Iorque.

O governo norte-americano acusou a Google de controlar o mercado de anúncios em banners em sites, incluindo os de muitos meios de comunicação, e de usar isso para cobrar preços artificialmente elevados e partilha injusta de receitas.

Segundo a acusação, o grupo apoiou-se em três softwares de gestão de publicidade considerados essenciais pela maioria dos sites. A advogada da Google, Karen Dunn, denunciou a interpretação errónea da lei por parte do ministério.

A empresa alegou que o caso se baseava numa versão desatualizada da Internet, ignorando o contexto atual, onde os anúncios são também colocados nos resultados de pesquisa, aplicações móveis e redes sociais.

Noutro julgamento, um júri de um tribunal federal em Washington considerou o Google culpado de práticas anticoncorrenciais em pesquisas na Internet. Aguarda ainda que o magistrado decida sobre as restrições que lhe serão impostas.

As autoridades, que processaram a Google em 2020, exigiram que a empresa se desfizesse do browser Chrome. Também querem proibi-lo de fazer acordos com fabricantes de smartphones para instalar o seu motor de busca por defeito.

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