Mediação de seguros 2024: Mais mulheres, mais instrução, menos agentes

O número de mediadores de seguros voltou a descer no ano passado atingindo os 10.289. No entanto o perfil sociológico está a mudar, há mais mulheres e mais licenciados.

Em 2024, os mediadores se seguros ativos continuam a descer a nível total (baixou 2% em número para 10.289) e de agentes individuais (4% para 6.417) não compensado pela subida de sociedades de mediação (+1,1% para 3.872), revela o estudo anual Mediação 2024, divulgado pela ASF, entidade supervisora do setor dos seguros.

Esta tendência que se tem acentuado desde 2012, manteve-se sem grande alteração no ano passado refletindo a crescente opção por sociedades em detrimento do negócio individual.

Em relação aos ramos predominam as mediadoras autorizados para operar simultaneamente ramos Vida e Não Vida (95%), 4% apenas trabalham ramos Não Vida e 1% estão somente dedicados a ramo Vida.

Continua a tendência de envelhecimento dos agentes individuais. A média de idades dos profissionais mantém-se estavelmente nos 53 anos desde há 12 anos e é de notar que apenas 8% dos mediadores tem até 35 anos de idade, enquanto 19% tem mais de 65. Entre os 36-45 anos estão 19% dos agentes, enquanto 32% têm entre 46 e 55 anos e 22% entre 56 e 65 anos.

Enquanto em 2012, se apenas 42% dos agentes tinham a mediação de seguros como profissão, no ano passado já esse dado era de 59%, sinalizando uma gradual profissionalização dos agentes.

O grau de instrução dos mediadores tem aumentado no caso dos agentes individuais. Em 2012 apenas 20% dos mediadores ativos eram licenciados, no ano passado já eram 34%.

Com o ensino secundário equivalente ao 12º ano de escolaridade verifica-se uma descida dos 58% em 2012 para os 50% em 2024.

Os mediadores com o nível de Ensino Básico – 4.º ano de escolaridade para nascidos até 1966, 6.º ano de escolaridade para nascidos entre 1967 e 1980, 9.º ano escolaridade para os nascidos entre 1981 e 1995 – têm descido de 20,3% há 12 anos para os atuais 16,3%.

De notar ainda a crescente participação de mulheres na classe de agentes de seguros. Em 2012 apenas 30% eram profissionais femininas, hoje já são 36% e a tendência é de estável aumento.

Quanto a notificações ativas de mediadoras para atuar fora de Portugal, o crescimento foi exponencial nos últimos 10 anos. Em 2012 eram 45 empresas internacionalizadas, hoje já são 400.

Destas 18% (70) expandiram-se para Espanha em LPS, 8% para França, 6% para a Alemanha, 5% para a Itália, Luxemburgo e Bélgica num total de 29 países diferentes.

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Lisboa Fashion Week transmite desfiles em outdoors da MOP

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  • 6 Março 2025

A MOP vai aproveitar o seu posicionamento e contacto com a população para começar a comunicar, além de anúncios, outros conteúdos que possam "oferecer ‘bons momentos’ às pessoas", diz o seu CEO.

A 64ª edição da Lisboa Fashion Week, que decorre entre 6 e 9 de março, vai contar com a transmissão em livestream dos desfiles do evento em alguns dos ecrãs digitais da MOP espalhados pelo país.

Pela primeira vez em Portugal, a MOP vai assim utilizar os seus meios para difundir conteúdos para além dos “normais anúncios publicitários”, refere a empresa.

“Na MOP sempre procurámos ter uma visão e um posicionamento que não se limite apenas a um canal publicitário. Vamos aproveitar o posicionamento e o contacto que temos diariamente com toda a população para, por vezes, além da publicidade, comunicarmos conteúdos interessantes, que possam oferecer ‘bons momentos’ às pessoas“, diz Vasco Perestrelo, CEO da MOP, citado em comunicado.

“Esta iniciativa com a ModaLisboa é um ótimo exemplo disto mesmo: permitir que em vários pontos das ruas da cidade, mas também nalgumas das principais estações de metropolitano e da CP/IP, as pessoas que por lá passem possam ‘assistir’ aos desfiles da ModaLisboa através dos nossos suportes”, acrescenta.

Ainda no âmbito desta ação, alguns mupis “especiais” da MOP em Cais do Sodré, Restauradores, Avenida, Marquês de Pombal e São Sebastião contêm no seu interior objetos e roupas que criam bonecos, todos eles com personalidades diferentes e informações do evento.

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Portugal deve usar empréstimos a custos mais baixos para investir em defesa, defende Montenegro

O primeiro-ministro destacou as conclusões do Conselho Europeu para aumentar o investimento em defesa e considerou que o país deve aproveitar os empréstimos mais baixos da Comissão.

O primeiro-ministro, Luís Montenegro, defendeu esta quinta-feira que Portugal deve utilizar os empréstimos a custos mais baixos que a Comissão Europeia irá disponibilizar para investir em defesa e elogiou a “flexibilidade” para não pôr em causa a trajetória das contas públicas.

Evidentemente que Portugal deve aproveitar a oportunidade de poder ter empréstimos e poder ter um mecanismo de flexibilidade para utilizar, sem colocar em causa a trajetória” das finanças públicas, afirmou, em conferência de imprensa, em Bruxelas, perto da conclusão do Conselho Europeu extraordinário.

Em causa está a possibilidade de Portugal vir a recorrer ao instrumento extraordinário que a Comissão Europeia propôs no valor de 150 mil milhões de euros para empréstimos a condições favoráveis, à semelhança do programa pandémico SURE. Este foi um dos pontos abordados pelos líderes europeus em Bruxelas, que fecharam um acordo a 27 Estados-membros para investir em defesa.

O líder do Executivo português destacou, assim, o estado das contas públicas portuguesas, que registou um saldo orçamental positivo em 2023 e, terá também registado um excedente em 2024. “Portugal seria hoje dos países que, no âmbito da UE, não precisaria de um plano especial de empréstimos para recorrer a financiamento”, assinalou, acrescentando que o país “tem muita margem” para poder “assumir despesa pública não incumprindo o pacto” [de estabilidade].

Neste sentido, salientou que o país poderia “ter um superávite disponível ou até um défice” mas a política do Governo “não é essa”.

É continuarmos a trajetória de diminuição da dívida pública no PIB, controlar as finanças públicas ao mesmo tempo que diminuímos a carga fiscal”, disse.

O primeiro-ministro sinalizou, assim, a ativação da cláusula de salvaguarda nacional das regras orçamentais, para evitar procedimentos por défice excessivo, de modo a permitir um aumento da despesa com defesa num máximo de 1,5% por ano.

Os líderes europeus, reunidos esta quinta-feira numa cimeira extraordinária em Bruxelas, acordaram acelerar a mobilização do financiamento para reforçar o investimento em defesa. “A União Europeia acelerará a mobilização dos instrumentos e do financiamento necessários para reforçar a segurança da União Europeia e a proteção dos nossos cidadãos”, pode ler-se nas conclusões.

“Ao fazê-lo, a União reforçará a sua prontidão global em matéria de defesa, reduzirá as suas dependências estratégicas, colmatará as suas lacunas críticas em termos de capacidades e reforçará a base tecnológica e industrial europeia de defesa em toda a União, de modo a estar em condições de fornecer melhor o equipamento nas quantidades e ao ritmo acelerado necessários”, acrescenta.

Em cima da mesa esteve o plano “Rearmar a Europa” proposto pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, do qual constava também a reafetação de verbas de outros fundos, como os da Coesão, verbas do Banco Europeu de Investimento (BEI), assim como capital privado. Os líderes europeus debateram também a situação na Ucrânia, num texto com o acordo a 26 países, já que a Hungria não assinou o texto.

Hungria salta fora do acordo sobre a Ucrânia

O Conselho Europeu extraordinário debateu ainda o apoio à Ucrânia, com as conclusões a serem subscritas por todos os Estados, menos a Ucrânia. Os 26 concordaram que só podem existir negociações com a Ucrânia na mesa das negociações – e também a participação da Europa se envolver a segurança do continente. E reiterar que a “paz deve respeitar a independência, soberania e integridade territorial da Ucrânia”.

Para 2025, a UE prevê entregar assistência financeira de 30,6 mil milhões de euros a Kiev. O Conselho Europeu pede ainda ao executivo de von der Leyen para “intensificar os esforços” para resolver o trânsito de gás para a Eslováquia, através da Ucrânia.

Questionado pelos jornalistas, o primeiro-ministro português disse ainda que “se houver um processo de paz, com envolvimento da Europa, Portugal pode ter soldados na Ucrânia”. Montenegro insistiu ainda que “se forem necessárias tropas no terreno, Portugal estará ao lado dos parceiros europeus”.

À margem do Conselho Europeu, onde participou, o presidente ucraniano confirmou que iria, na próxima semana, à Arábia Saudita para uma reunião com a delegação dos EUA, a primeira depois da tensão na Casa Branca, que acabou com Zelensky a sair dos EUA sem assinar o acordo sobre recursos minerais.

*Em Bruxelas. A jornalista viajou a convite do Conselho da União Europeia.

(Notícia atualizada às 20h)

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Montenegro convicto de que portugueses estão satisfeitos com políticas do Governo

Primeiro-ministro, Luís Montenegro, afirma que "povo português tem, por larga maioria, satisfação com o caminho que o Governo encetou nos últimos meses".

O primeiro-ministro, Luís Montenegro, acredita que os portugueses estão satisfeitos com o trabalho do Executivo e que se o Parlamento chumbar a moção de confiança têm de ser os eleitores a resolver a questão, “visto que no plano parlamentar não se avista mais nenhuma solução de Governo”.

É minha convicção que o povo português tem, por larga maioria, uma satisfação com o caminho de recuperação e transformação que o Governo encetou nos últimos 11 meses. Mas tenho a humildade de aguardar serenamente, se for o caso, a pronúncia do povo português se for o caso“, disse Luís Montenegro, em declarações aos jornalistas após a conclusão do Conselho Europeu, em Bruxelas.

O Chefe do Governo garantiu ainda que o Executivo está “a fazer aquilo” que lhe compete para evitar um cenário de eleições. Montenegro comentava assim a posição do candidato presidencial Luís Marques Mendes que apelou esta quinta-feira ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, para fazer uma “última tentativa” junto do primeiro-ministro e do PS para evitar eleições.

Tive conhecimento muito fugaz de que havia uma proposta no sentido de esgotar todas as diligências, para poder evitar que o país tenha necessidade de auscultação do povo português. Da parte do Governo estamos a fazer aquilo que nos compete”, disse.

Montenegro considerou que o Executivo está “a dar as respostas que são necessárias”, “a interagir no plano parlamentar com as demais forças políticas” e “a dar ao Parlamento a última oportunidade para dar legitimação que Governo precisa para executar o seu programa”.

Se o Parlamento disser que não confia no Governo para executar o seu programa não me sinto legitimado e tem de ser o povo a resolver essa questão, visto que no plano parlamentar não se avista mais nenhuma solução de Governo“, atirou.

Neste sentido, desafiou: “Se alguém tiver uma solução de Governo alternativa que possa gerar no Parlamento a confiança que, pelos vistos, não existe neste Governo, terá de a apresentar“.

O primeiro-ministro defendeu, à entrada para o Conselho Europeu, que o Governo está em plenitude de funções e não se considera “limitado” na sua ação, apesar da crise política se ter intensificado esta semana. O chefe do Governo reiterou que era desejável que não houvesse uma crise política, mas nota que a democracia tem de funcionar.

*Em Bruxelas. A jornalista viajou a convite do Conselho da União Europeia.

(Notícia atualizada às 19h41)

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Acordo a 27 para investir em defesa. Líderes europeus pedem mais financiamento à Comissão

  • Lusa
  • 6 Março 2025

Os 27 “congratulam-se” com o plano Rearmar a Europa, mas pedem "fontes de financiamento adicionais para a defesa a nível da União" entre os "programas de financiamento relevantes da UE".

Os líderes da União Europeia (UE), reunidos esta quinta-feira numa cimeira extraordinária em Bruxelas, acordaram “acelerar a mobilização” do financiamento necessário para reforçar a segurança do bloco comunitário, pedindo porém à Comissão Europeia “fontes de financiamento adicionais”.

“A União Europeia acelerará a mobilização dos instrumentos e do financiamento necessários para reforçar a segurança da União Europeia e a proteção dos nossos cidadãos. Ao fazê-lo, a União reforçará a sua prontidão global em matéria de defesa, reduzirá as suas dependências estratégicas, colmatará as suas lacunas críticas em termos de capacidades e reforçará a base tecnológica e industrial europeia de defesa em toda a União, de modo a estar em condições de fornecer melhor o equipamento nas quantidades e ao ritmo acelerado necessários”, indicam as conclusões hoje aprovadas pelos chefes de Governo e de Estado da UE.

Dias depois de a Comissão Europeia ter apresentado um plano de 800 mil milhões de euros para investimento na defesa europeia, o Conselho Europeu decidiu também, no mesmo texto, salientar “a necessidade de continuar a aumentar substancialmente as despesas com a segurança e a defesa da Europa”.

Em causa está o plano Rearmar a Europa, assente em cinco vertentes: um novo instrumento ao nível da UE para circunstâncias extraordinárias (como o que foi criado para assistência financeira aos países em empréstimos a condições favoráveis durante a covid-19 para evitar o desemprego), a ativação da cláusula de salvaguarda nacional das regras orçamentais para evitar procedimentos por défice excessivo (para aumento da despesa pública com defesa, num máximo de 1,5% por ano), a reafetação de verbas de outros fundos (como da Coesão), verbas do Banco Europeu de Investimento e ainda capital privado.

Nas conclusões, os 27 “congratulam-se” com estas propostas, que pedem que sejam analisadas “com urgência”, solicitando porém à Comissão Europeia “que proponha fontes de financiamento adicionais para a defesa a nível da União, nomeadamente através de possibilidades e incentivos adicionais oferecidos aos Estados-membros na utilização das suas atuais dotações ao abrigo dos programas de financiamento relevantes da UE, e que apresente rapidamente as propostas pertinentes”.

Duas semanas após o terceiro aniversário do início da guerra na Ucrânia causada pela invasão russa, em fevereiro de 2022, e quando existem tensões entre a administração norte-americana e a liderança ucraniana, os chefes de Governo e de Estado da UE avançam com as primeiras medidas para tornar a Europa ser mais soberana, autónoma e estar melhor equipada na área da defesa e da segurança.

Entre 2021 e 2024, a despesa total dos Estados-membros com a defesa aumentou mais de 30%, ascendendo a um montante estimado de 326 mil milhões de euros, o equivalente a cerca de 1,9% do PIB da UE.

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TotalEnergies e Lhoist inauguram central solar de 2,6 milhões em Santarém

  • Lusa
  • 6 Março 2025

A nova central solar será capaz de gerar anualmente cerca de 5,4 GWh de eletricidade renovável e irá cobrir 27% do consumo de eletricidade da fábrica da Lusical, em Alcanede.

A TotalEnergies, multinacional energética, inaugurou esta quinta-feira uma central solar na fábrica da Lusical, em Alcanede, no concelho de Santarém, num investimento de 2,6 milhões de euros.

A infraestrutura foi desenvolvida em parceria com a Lhoist, empresa proprietária da unidade, que se dedica ao fabrico de cales aéreas (óxido de cálcio, óxido duplo de cálcio e magnésio e hidróxido de cálcio).

Segundo informação partilhada com a Lusa, a central fotovoltaica, situada em Valverde, na freguesia de Alcanede, concelho de Santarém, custou 2,6 milhões de euros e dispõe de uma capacidade instalada de 3,2 MWp, distribuída por cerca de 5.500 painéis de alta eficiência, ocupando uma área de cinco hectares.

De acordo com o documento, esta nova central solar será capaz de gerar anualmente cerca de 5,4 GWh de eletricidade renovável e irá cobrir 27% do consumo de eletricidade da unidade.

Esta infraestrutura permitirá a redução da dependência da rede elétrica, a diminuição dos custos operacionais e uma “redução das emissões de CO2 em aproximadamente 1.500 toneladas por ano”.

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Rússia escolherá a “versão da paz que lhe convém”, diz Putin

  • Lusa
  • 6 Março 2025

“Não precisamos de nada que pertença a outros, mas não vamos desistir do que é nosso”, acrescentou o presidente russo.

O Presidente russo, Vladimir Putin, advertiu esta quinta-feira que Moscovo não desistirá dos limites definidos nos últimos três anos para terminar a guerra na Ucrânia, escolhendo, portanto, “a versão da paz” que melhor sirva os seus interesses. “Temos de escolher a versão da paz que nos convém”, declarou Putin, que, durante um encontro com trabalhadores de uma fundação, insistiu na necessidade de a Rússia obter “tranquilidade” em termos de segurança.

Putin também excluiu a possibilidade de concessões territoriais, numa aparente referência às zonas ocupadas da Ucrânia que a Rússia atualmente considera suas. “Não precisamos de nada que pertença a outros, mas não vamos desistir do que é nosso”, acrescentou, segundo as agências de notícias russas.

Moscovo também voltou a deixar clara a sua rejeição da potencial adesão de Kiev à NATO (Organização do Tratado do Atlântico-Norte, bloco de defesa ocidental), embora a parte ucraniana insista em procurar alguma forma de garantia de segurança para o proteger.

O ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, afirmou também esta quinta que considerará a presença de tropas europeias na Ucrânia um “envolvimento da NATO” no país vizinho.

A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e “desnazificar” o país vizinho, independente desde 1991 – após o desmoronamento da União Soviética – e que tem vindo a afastar-se da esfera de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.

A guerra na Ucrânia já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, e os últimos meses foram marcados por ataques aéreos em grande escala da Rússia contra cidades e infraestruturas ucranianas, ao passo que as forças de Kiev têm visado alvos em território russo próximos da fronteira e na península da Crimeia, ilegalmente anexada por Moscovo em 2014.

As Forças Armadas ucranianas confrontaram-se, durante o terceiro ano de guerra, com falta de soldados e de armamento e munições, apesar das reiteradas promessas de ajuda dos aliados ocidentais, que começaram depois a concretizar-se.

As tropas russas, mais numerosas e mais bem equipadas, prosseguem o seu avanço na frente oriental, apesar da ofensiva ucraniana na Rússia, na região de Kursk, e da autorização dada à Ucrânia pelo então Presidente norte-americano cessante, Joe Biden, para utilizar mísseis de longo alcance fornecidos pelos Estados Unidos para atacar a Rússia.

As negociações entre as duas partes estão completamente bloqueadas desde a primavera de 2022, com Moscovo a continuar a exigir que a Ucrânia aceite a anexação de uma parte do seu território.

A novidade é que agora também o novo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, quer terras: terras raras, ricas em minerais essenciais para inovações tecnológicas, que vão desde veículos elétricos e turbinas eólicas a aviões de última geração, em troca da ajuda militar que Washington lhe forneceu e que entretanto suspendeu.

Antes de regressar à Casa Branca para um segundo mandato presidencial, Trump defendeu o fim imediato da guerra na Ucrânia, asseverando que o conseguiria em 24 horas, mas não foi bem-sucedido até à data.

Trump tem exigido um cessar-fogo imediato e, numa discussão sem precedentes ao receber na Sala Oval da Casa Branca o homólogo ucraniano, perante a comunicação social, criticou Zelensky por não estar “pronto para a paz”, disse-lhe que ele “não tinha as cartas” para ditar os termos do fim da guerra e acabou por congelar a ajuda militar dos Estados Unidos, essencial a Kiev, depois de o Presidente ucraniano abandonar Washington sem assinar o acordo sobre as terras raras.

Na quarta-feira, o chefe de Estado norte-americano admitiu restabelecer a ajuda à Ucrânia se as conversações de paz forem retomadas, segundo o conselheiro da Casa Branca para a Segurança Nacional, Mike Waltz.

Zelensky e Putin garantiram em várias ocasiões que estão prontos para negociações de paz, sob determinadas condições, mas nada foi materializado e continuam em lados opostos. A Ucrânia pede garantias sólidas de segurança aos seus aliados, para evitar que Moscovo volte a atacar, ao passo que a Rússia quer uma Ucrânia “desmilitarizada” e que entregue os territórios que a Rússia afirma ter anexado, o que Kiev considera inaceitável.

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Governo propõe aumentar financiamento do setor social

  • Lusa
  • 6 Março 2025

“Trata-se da maior atualização de sempre das comparticipações financeiras ao Setor e Solidário”, refere o Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social.

O Governo pretende aumentar em 224,4 milhões de euros o financiamento ao setor social, para respostas como lares, creches ou pré-escolar, para os anos de 2025 e 2026, segundo o Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social.

Segundo nota enviada à agência Lusa, o Executivo adianta que apresentou aos parceiros sociais um aumento do valor pago pelas comparticipações nas várias respostas sociais, que será de 224,4 milhões de euros para dois anos, depois da atualização aprovada em 2023 de 123 milhões de euros para 2023 e 2024.

A titulo de exemplo, o Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social (MTSSS) refere que propõe aumentar em 12% o valor da comparticipação paga por utente em Estruturas Residenciais para Idosos (ERPI), que passaria dos atuais 593,90 euros para 666,90 euros. Por cada criança em creche, o Governo propõe pagar 515,90 euros (+8,7%) e no pré-escolar 208,05 euros (+16,85%).

De acordo com a nota do MTSSS, esta proposta foi apresentada aos parceiros sociais, “resulta de uma reavaliação dos custos reais das respostas sociais” e deverá ser assinada nos próximos dias.

“Trata-se da maior atualização de sempre das comparticipações financeiras ao Setor e Solidário”, refere o MTSSS, salientando que “o processo negocial permitiu alcançar um compromisso mútuo no sentido de não fazer as atualizações de forma cega, com base apenas num valor médio, em vez disso reforçando as respostas mais deficitárias”.

Acrescenta que “este reforço traduz também o compromisso do Governo em garantir a sustentabilidade e previsibilidade do financiamento das instituições sociais” e demonstra a aposta no setor social e solidário “como parceiro privilegiado do Estado na defesa dos mais carenciados e vulneráveis”.

O MTSSS salienta ainda que, ao contrário do que era prática no Governo anterior, esta proposta é apresenta no início do ano para que as atualizações entrem já em vigor em vez de apenas no segundo semestre, com retroativos, o que “obrigou as IPSS [Instituições Particulares de Solidariedade Social] a suportar durante todo o ano os encargos decorrentes do aumento do salário mínimo e da inflação”.

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Liberty Mutual faz fusão de marcas para centrar o marketing

  • ECO Seguros
  • 6 Março 2025

A marca Safeco Insurance vai desaparecer em 2026. Mas os clientes vão manter as relações comerciais com os agentes e as suas apólices não serão alteradas pela mudança do nome, garante a Liberty.

A Liberty Mutual Insurance vai passar a vender os seus seguros para particulares sob a marca Liberty Mutual nos Estados Unidos a partir de 2026, e assim fará desaparecer a marca SafecoInsurance. Uma das razões para a mudança é simplificar o negócio ao permitir que a Liberty Mutual Insurance dedique o seu “poder de marketing numa única marca”, assinalou Tyler Asher, Liberty Mutual chief distribution and marketing officer, US Retail Markets.

Tyler Asher, Liberty Mutual chief distribution and marketing officer, US Retail Markets: “Esta transição permitir-nos-á tirar o máximo partido do valor da marca Liberty Mutual para todos os nossos clientes, agentes e parceiros, em todos os canais de distribuição”

O grupo assegurou em comunicado que os clientes vão manter as relações comerciais com os agentes e as suas apólices não serão alteradas pela mudança do nome.

“Esta transição permitir-nos-á tirar o máximo partido do valor da marca Liberty Mutual para todos os nossos clientes, agentes e parceiros, em todos os canais de distribuição”, assinalou Tyler Asher. De acordo com o responsável, além de facilitar a publicidade, usar apenas uma marca nos Estados Unidos “permite-nos tirar partido e dimensionar a nossa tecnologia para fornecer produtos e experiências unificados mas diferenciados em todos os canais”.

Luke Bills, presidente da independent agent sistribution da Liberty acrescentou que “o legado da Safeco é de força, parceria e um compromisso inabalável com os agentes independentes. Levaremos esse legado adiante e traremos aos nossos agentes um valor ainda maior com essa mudança de marca.”

A Liberty Mutual adquiriu a Safeco em 2008. Desde aí, o canal de agentes independentes cresceu para mais de 13 mil milhões de euros em prémios brutos anuais, oferecendo produtos de seguro Automóvel, Patrimonial, e especiais em 48 estados dos EUA através de uma rede de mais de 22.000 agências independentes.

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AD merece “maioria absoluta”, diz Paulo Rangel

  • ECO
  • 6 Março 2025

O ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros defende que, após as eleições, o partido que sair derrotado tem de deixar governar o vencedor.

O ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, está confiante que a Aliança Democrática terá maioria absoluta se houver eleições legislativas. Em entrevista ao Observador, esta quinta-feira, o ministro foi perentório: “Acho que merecemos a maioria absoluta”.

O social-democrata acusa o PS pela crise política que assola o país. E defende que após as eleições, o partido que sair derrotado tem de deixar o vencedor governar.

Paulo Rangel destacou ainda “os resultados muito importantes na área social e económica” da governação deste Executivo. Entre eles, elencou, os avanços conquistados nas questões do aeroporto e da alta velocidade, além da baixa de impostos para os jovens.

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Nova CEO da Logoplaste renuncia cargo de vogal na administração da Navigator

A renúncia ao cargo de vogal do conselho de administração da Navigator acontece dez dias depois de Sandra Santos assumir a liderança da Logoplaste.

A The Navigator Company anunciou esta quinta-feira que Sandra Maria Soares Santos apresentou a renúncia ao cargo de vogal do conselho de administração da empresa. A renúncia produzirá efeitos no final do mês de março.

Em comunicado, enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a Navigator informa que “a vogal do conselho de administração, Sandra Maria Soares Santos, apresentou a sua renúncia ao cargo em 28 de fevereiro de 2025, a qual produzirá efeitos a 31 de março de 2025″.

Reportagem na Fábrica da BA Glass em Avintes - 17JAN24

A renúncia ao cargo de vogal do conselho de administração da Navigator acontece dez dias depois da antiga líder executiva da BA Glass, Sandra Santos, assumir a liderança da Logoplaste.

A papeleira, liderada por António Redondo, fechou o ano passado com um resultado líquido de 287 milhões de euros, o segundo maior da história da empresa, após uma subida de 4% face aos lucros que tinha obtido em 2023.

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Parlamento volta a enviar desagregação de freguesias para Belém

As próximas autárquicas terão 302 novas freguesias no mapa eleitoral. PS e PSD deixam palavras de respeito ao Presidente da República, mas alertas caíram em saco roto.

Alcácer do Sal
O mapa de fusão da “Lei Relvas” envolveu mais de um milhar de freguesias. Entre elas, um trio no concelho de Alcácer do Sal, que criou uma união de freguesias com mais de 900 km2, maior que a Região Autónoma da Madeira e que 295 concelhos do país. Santa Maria do Castelo, Santiago e Santa Susana voltarão a ter o seu próprio presdente da juntaHugo Amaral/ECO

 

O Parlamento reafirmou, no Plenário, nesta quinta-feira, a decisão de desagregar 135 uniões de freguesias e criar 302 novas freguesias para o mapa eleitoral das eleições autárquicas deste ano, desafiando o veto de Marcelo Rebelo de Sousa. Os votos favoráveis do PSD, PS, CDS, Livre, PCP, PAN e BE votaram a favor e secundaram o seu próprio voto de 17 de janeiro, levando adiante a reformulação territorial. A mesma coerência de posição foi mantida pela Iniciativa Liberal, que votou contra nesta reapreciação do decreto da Assembleia da República. Já o Chega alterou o sentido de voto, da abstenção de 17 de fevereiro para voto contra nesta quinta-feira.

Ao contrário da primeira votação, em que bastou uma maioria simples para aprovar a medida, agora exigia-se uma “maioria absoluta dos deputados em efetividade de funções”, tal como preconizado no artigo 136 da Constituição.

O encontro de posições entre PSD e PS que, somados, têm 156 deputados, foi por si suficiente. O diploma regressará agora a Belém, de onde, prometeu Marcelo Rebelo de Sousa, não voltará a surgir oposição à desagregação.

“Qualquer mensagem dirigida ao Parlamento pelo senhor Presidente da República deve ser ouvida, deve ser escutada, deve ser considerada. Ponderámos muito as palavras do senhor Presidente da República na fundamentação do veto exercido”. As palavras iniciais do deputado Jorge Paulo oliveira, do PSD, no debate de reconfirmação da desagregação das uniões de freguesias, poderiam indiciar uma mudança de sentido de voto inicial, depois do veto presidencial a 12 de fevereiro.

Contudo: “Dessa ponderação, concluímos que parar esse processo violaria de forma desnecessária e injustificada as legítimas expetativas das populações”. Além disso, prosseguiu o social-democrata, há “expetativas” da população “que cresceram” com a lei 39/2021, do Governo de António Costa, a qual definiu as metas a cumprir pelas uniões de freguesias que pretendessem o divórcio e partilha de território entre as freguesias unidas pela reforma de 2013.

Lei essa que foi “promulgada sem qualquer reparo por parte do senhor Presidente da República” – que à data era, precisamente, Marcelo Rebelo de Sousa –, frisou o deputado social-democrata. Esta é uma “correção da reforma e não de uma qualquer contrarreforma como muitos alegam”.

Na subida à tribuna do hemiciclo, seguiu-se Jorge Botelho, o mesmo que já defendera a desagregação na primeira votação parlamentar, a 17 de janeiro – ao contrário do PSD, os socialistas mantiveram o seu porta-voz nesta discussão.

As dúvidas de Marcelo Rebelo de Sousa “mereceram a devida análise” pelo grupo parlamentar do PS, disse Jorge Botelho, assegurando que a sua bancada “salienta o papel fundamental do Presidente da República” e “respeita o teor das dúvidas manifestadas” aquando do veto. Mas “discorda das mesmas, pelo que irá confirmar o diploma, porque no nosso entender o mesmo deve entrar em vigor o mais rapidamente possível”, ou seja, a tempo das autárquicas de 2025.

O apoio expresso à desagregação teve a oposição clara da Iniciativa Liberal, que reforçou a sua oposição inicial à criação das novas freguesias, e uma ressalva do CDS. Mariana Leitão, da IL, considera que “em janeiro já havia poucas condições políticas para a desagregação de mais freguesias, em março, em plena crise política e após um veto presidencial, insistir neste processo é irresponsável”. Mais freguesias “significa aumentar o Estado à custa de todos para beneficiar uns poucos”, defendeu.

Já o centrista João Almeida repetiu o entendimento de que “uma reforma do território não devia ter sido feita da maneira que foi feita” e que “a lei que esteve na génese deste processo [39/2021] é uma lei errada, que não deveria ter vigorado”.

Frisando o voto do CDS contra a lei de 2021, Almeida explicou que “a partir do momento em que a lei foi aprovada, é uma lei da República, criou condições e expetativas” às populações e freguesias, “seria incompreensível e uma frustração de direito que o Parlamento não tinha direito a fazer, tirar agora, no final do processo, a estas populações, a possibilidade de concretizarem a sua ambição e a sua expetativa”.

Mais à direita, Barreira Soares, do Chega, deixou críticas que indiciaram a posição de oposição à desagregação que o partido viria a firmar na votação final, dissonante da abstenção verificada a 17 de janeiro. “A reposição de freguesias levanta questões fundamentais que não podem ser ignoradas. Como bem assinalou o Presidente da República, estamos perante uma reversão parcial de uma reforma que procurava racionalizar e modernizar o poder local”.

Para o deputado do Chega, “todo este processo foi marcado pela falta de transparência, avanços e recuos constantes, mudança de posição dos partidos e critérios poucos claros na escolha das freguesias a desagregar. Como se pode esperar uma decisão rigorosa e informada sobre uma proposta que foi construída sem clareza”, perguntou o porta-voz do Chega, partido que protagonizou, ele mesmo, uma mudança de posição, passando da abstenção para o voto contra, alegando agora “risco de conflitos patrimoniais, financeiros e operacionais entre as freguesias agora desagregadas”.

A contagem final

O processo de desagregação das 135 freguesias conheceu uma travagem, para muitos inesperada, quando o Presidente da República vetou a decisão tomada por mais de dois terços dos deputados do Parlamento. Se a 17 de janeiro, data da votação no hemiciclo, se festejou o surgimento de 302 novas freguesias no mapa eleitoral das autárquicas de setembro ou outubro de 2025, no dia 12 de fevereiro os ânimos arrefeciam abruptamente.

“A minha ideia não é travar por travar. É pedir à Assembleia que reflita uma vez, porque do que se trata não é apenas mudar uma lei eleitoral”, mas sim “pôr em funcionamento freguesias que há 11 anos não funcionam autónomas. É dividir o património, as finanças, organizar coisas”, salientou o Presidente da República após a chuva de críticas ao seu veto.

Teria preferido que isso tivesse sido preparado com mais tempo. A razão por que me apressei a vetar foi para dar chance do Parlamento, se quiser, dizer ‘é este ano, tem de ser este ano’. Eu ficaria de consciência pouco tranquila por não chamar a atenção para isto. Separar ou unir não se pode fazer a correr. Foi por causa disso que eu fui contra a agregação que foi feita muito a correr em 2013”.

Nessas declarações aos jornalistas, Marcelo deixou a garantia de não fazer tentar reverter nova decisão do Parlamento, aquela que nesta quinta-feira se consolidou: “É a vontade popular quem mais ordena. Não fico preocupado, ferido, melindrado, nada”.

A reversão destas uniões de freguesas é “um erro crasso”, na opinião de Miguel Relvas, dinamizador da reforma administrativa efetuada em 2013, em consonância com o acordo firmado com a “troika”. “É um erro crasso e um retrocesso político, que o país vai pagar caro”, disse ao ECO/Local Online o ex-ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares no Governo de Pedro Passos Coelho.

A reforma foi bem além das uniões de freguesias, acentuou, abrangendo a designada “Lei dos Compromissos”, que estabeleceu limites nas despesas das autarquias e a criação das Comunidades Intermunicipais (CIM), estruturas potenciadoras de ganhos de escala.

A votação favorável nesta quinta-feira ainda permite levar o processo avante nas autárquicas do final de setembro ou início de outubro. Ao ECO/Local Online, o presidente da Associação Nacional de Freguesias (ANAFRE), Jorge Veloso, dizia, a 17 de fevereiro que “se houver promulgação [pelo Presidente da República] até dia 15, 20 de março, tem tempo, não há problema absolutamente algum. Ficaremos a seis meses e mais uns dias do ato eleitoral, portanto estamos dentro do prazo”.

Ora, como Marcelo Rebelo de Sousa tem, por lei, dez dias para se pronunciar, e considerando a sua garantia de que não voltará a levantar barreiras à desagregação, a promulgação ainda poderá ocorrer nesta janela temporal considerada pelo líder da ANAFRE. Contudo, se o Parlamento repetir a demora no envio do diploma para Belém – Marcelo disse aos jornalistas que só 13 dias depois da aprovação da Lei esta lhe chegou às mãos –, não é de excluir que seja furado o prazo para alteração do mapa territorial, e que é de seis meses antes das eleições, ou seja 28 de março, a confirmar-se a data avançada informalmente a Jorge Veloso.

A escolha da data para as eleições autárquicas caberá ao Governo, o qual poderá ser de Luís Montenegro, ou de outro primeiro-ministro que venha a sair das legislativas que tudo indica venham a ocorrer em maio deste ano.

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