Inscrição dos advogados oficiosos bloqueada desde o início do protesto

A Direção-Geral da Administração da Justiça (DGAJ) pediu explicações à Ordem dos Advogados sobre as causas que deixaram o sistema inoperacional desde segunda-feira.

O sistema informático de inscrição nas escalas das defesas oficiosas da Ordem dos Advogados (OA) encontra-se bloqueado desde segunda-feira, altura em que começou um protesto organizado pela OA que reivindica um aumento da tabela de honorários dos advogados pagos pelo Estado.

“Confrontada com as reclamações de advogados disponíveis para fazerem defesas oficiosas, que tentaram, em vão, inscrever-se na plataforma da Ordem dos Advogados que gere essas inscrições, a Direção-Geral da Administração da Justiça (DGAJ) pediu explicações à Ordem dos Advogados sobre as causas que deixaram o sistema inoperacional desde segunda-feira.
Num ofício enviado esta tarde, a DGAJ pergunta que diligências foram tomadas para garantir o direito dos Advogados de se inscreverem para prestar apoio judiciário e qual a data prevista pela OA para o regresso da plataforma à normalidade”, explica a Direção-Geral da Administração da Justiça ao ECO/Advocatus.

Que acrescenta ainda que “aguarda-se que a OA explique porque está em baixo desde segunda, violando o acesso ao direito e aos tribunais através do bloqueio às inscrições de advogados para prestar assistência jurídica a quem precisa”, diz a mesma fonte.

Em declarações à LUSA, a bastonária da Ordem dos Advogados esclareceu esta quinta-feira que o sistema de inscrição nas escalas das defesas oficiosas não permite “troca de escalas” neste “período excecional” de protesto contra a não atualização dos honorários do apoio judiciário. Não negando que o mesmo está inativo.

Fernanda de Almeida Pinheiro considerou “absolutamente legítimo” que o Conselho Geral da Ordem dos Advogados não permita a troca de escalas durante o “período excecional” em que decorre o protesto. “É um período excecional e os advogados já sabem que têm de estar disponíveis naquelas datas” designadas nas escalas, não podendo haver trocas entre colegas, explicou a bastonária, acrescentando que estes podem contudo “pedir o cancelamento da inscrição”.

“O Conselho Geral da Ordem não permite é que se possa trocar as escalas” que foram designadas durante o “período excecional do protesto”, acentuou a bastonária, notando que os colegas que se inscreveram nas escalas “já sabiam que ia haver contingências e que tinham de estar disponíveis nas datas designadas pelo Conselho Geral da Ordem”.

Questionada sobre qual será a duração do protesto, Fernanda de Almeida Pinheiro enfatizou que “isso depende do Ministério da Justiça (MJ)”, pois sem estar inscrita uma verba no Orçamento de Estado (OE) para a atualização dos honorários das oficiosas, os efeitos práticos imediatos das rondas negociais com o MJ não se vislumbram.

Fernanda de Almeida Pinheiro, bastonária da Ordem dos Advogados, em entrevista ao ECO/Advocatus - 15ABR24
Fernanda de Almeida Pinheiro, bastonária da Ordem dos Advogados, em entrevista ao ECO/AdvocatusHugo Amaral/ECO

“Estamos a pedir ao MJ que apresente uma proposta à Ordem desde 7 de maio”, frisou a bastonária, observando que a próxima ronda negocial com o Governo está marcada para 9 de outubro, não garantindo que a verba reivindicada possa ser inscrita no OE que deverá ser entregue ao Parlamento a 10 de outubro.

A bastonária entende que caso o MJ não se comprometa com uma verba no OE, a negociação cai “num vazio” e está-se “mais um ano sem a tabela (de honorários) ser revista”, o que não é aceitável.

Os constrangimentos no sistema de inscrição das escalas motivou queixas de alguns advogados, mas também há também advogados oficiosos que já manifestaram nas redes sociais a sua indignação por haver colegas que não estão a aderir ao protesto, prejudicando a luta destes profissionais pela atualização dos honorários das defesas oficiosas.

A OA, pela voz da bastonária, quer um acréscimo de 20 milhões no próximo Orçamento do Estado para as defesas oficiosas e “um sinal claro” do Governo de que a revisão da tabela “não é para continuar a protelar”, considerando um mau sinal que a próxima reunião negocial tenha ficado agendada para 9 de outubro, véspera da entrega do orçamento no parlamento.

O MJ garantiu que “está a prestar atenção a este tema desde o início, mas está a fazer o seu trabalho de casa” e que “quando tiver chegado a uma conclusão certamente informará os interessados e a opinião pública”.

Segundo dados divulgados na segunda-feira, apenas 1.487 advogados oficiosos estão inscritos nas escalas de setembro, menos 7.435 face ao ano passado.

Após o primeiro período de inscrição, A Ordem dos Advogados registou uma redução de 83% no número de profissionais inscritos nas escalas para setembro, comparativamente ao ano anterior. De acordo com a entidade representativa da classe jurídica, neste momento cerca de 68 dos municípios do país não têm advogados disponíveis para fazer escalas durante o mês de setembro e 32 municípios têm apenas um advogado. “Até ao momento, não foi dado nenhum sinal por parte do Governo para a revisão desta tabela, o que levou os advogados a manifestar o seu desagrado através da sua indisponibilidade em preencher as vagas existentes para as escalas previstas para este mês”, segundo comunicado da instituição liderada pela bastonária Fernanda de Almeida Pinheiro.

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Fábrica de Guimarães “limpa” aumento de produção com investimento de três milhões

Fundada pelos irmãos Aldo e Bruno Costa, a Interhigiene emprega 130 pessoas e fatura 16 milhões de euros. Seis linhas automáticas aumentam em 35% capacidade de produção na unidade industrial minhota.

A Interhigiene, fabricante de produtos de higiene e limpeza, anunciou um investimento de três milhões de euros para modernizar as operações na fábrica de Guimarães. O projeto Robótica Interhigiene 4.0 já está a ser implementado e tem com objetivo otimizar os processos produtivos, especialmente na fase final de produção, com a introdução de seis linhas automáticas de encaixotamento e paletização.

A empresa familiar detalha ao ECO/Local Online que este investimento nas linhas vai permitir aumentar em 35% a capacidade de produção. A Interhigiene acredita que, além da melhoria em eficiência operacional, “a concretização deste projeto permitirá um aumento significativo na velocidade de produção e uma redução dos tempos de ciclo, agilizando todo o processo de encaixotamento e paletização, até agora realizados manualmente”.

A Interhigiene destaca ainda que a automatização das linhas vai permitir melhorias em termos de precisão e qualidade, reduzindo perdas e diminuindo os custos operacionais associados a produtos danificados”.

Fundada em 2005 pelos irmãos Aldo e Bruno Costa, a empresa sediada na vila de Serzedelo, em Guimarães, emprega 130 pessoas. Em 2023, o volume de faturação ascendeu a 16 milhões de euros e exporta os seus produtos para países como Espanha, Bélgica, França, Angola e Cabo Verde.

Com este investimento, a Interhigiene pretende operar em regime contínuo, 24 horas por dia, sete dias por semana. Inicialmente, a nova linha funcionará em dois turnos consecutivos, das 6h às 22h, permitindo, desde já, “um aumento significativo da sua capacidade produtiva diária”.

A empresa minhota estima, através de um comunicado de imprensa, que o projeto Robótica Interhigiene 4.0 irá “abrir portas a novas oportunidades de crescimento e inovação, posicionando a empresa na vanguarda da competitividade industrial”.

 

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Taxas máximas de cartões de crédito para consumidores recuam no quarto trimestre

  • Lusa
  • 5 Setembro 2024

Já a TAEG máxima aplicável aos contratos de crédito para aquisição de automóveis novos sobe de 6,7% para 6,8% e, no caso, da locação financeira ou ALD de 11,3% para 11,4%.

As taxas máximas dos cartões de crédito, linhas de crédito, contas correntes bancárias, facilidades de descoberto e ultrapassagens de crédito, vão recuar 0,1 pontos percentuais, para 19,1%, no quarto trimestre face ao anterior, anunciou esta quinta-feira o BdP.

De acordo com a informação divulgada pelo Banco de Portugal (BdP), de outubro a dezembro, em relação ao trimestre anterior, a taxa anual de encargos efetiva global (TAEG) máxima aplicável aos contratos de crédito para aquisição de automóveis novos sobe de 6,7% para 6,8% no caso da locação financeira ou ALD de 11,3% para 11,4% nos créditos com reserva de propriedade.

No que diz respeito aos veículos usados, a TAEG máxima sobe de 7,2% para 7,8% na locação financeira ou ALD e aumenta 0,2 pontos percentuais, para 14,5%, nas operações com reserva de propriedade. Já as taxas para o crédito pessoal, quando a finalidade é educação, saúde, energias renováveis e locação financeira de equipamentos, aumentam de 9,2% para 9,3%, sendo que para outros créditos pessoais (sem finalidade específica, lar, consolidado e outras finalidades) mantêm-se nos 15,8%.

As taxas máximas para os diferentes tipos de crédito aos consumidores são determinadas e divulgadas trimestralmente pelo Banco de Portugal. Segundo a legislação, as “taxas máximas são determinadas com base nas Taxas Anuais de Encargos Efetivas Globais (TAEG) médias praticadas no mercado pelas instituições de crédito no trimestre anterior, acrescidas de um quarto, não podendo exceder a TAEG média da totalidade dos contratos de crédito aos consumidores acrescida de 50%”, sublinhou o BdP.

O regime de taxas máximas prevê ainda que a TAEG máxima dos contratos de facilidade de descoberto com obrigação de reembolso no prazo de um mês e que a taxa anual nominal (TAN) máxima das ultrapassagens de crédito sejam iguais à TAEG máxima definida para os contratos de crédito sob a forma de facilidade de descoberto com prazo de reembolso superior a um mês.

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Efacec. Governo preocupado com “buraco” nas contas

Governo manifesta "profundíssima preocupação" sobre "buraco" com a nacionalização da Efacec e quer discussão "séria" sobre responsabilização política no parlamento.

O Governo considera que o processo de nacionalização da Efacec irá “seguramente” desembocar num “debate público sério e atento”. A convicção foi transmitida pelo ministro da Presidência, após as notícias de que o custo da intervenção do Estado na empresa poderá ainda aumentar em cerca de 80 milhões de euros, superando os 500 milhões de euros.

Uma discussão séria e atenta do país vai seguramente iniciar-se“, afirmou António Leitão Amaro.

Em causa está, segundo a notícia avançada pelo Observador, a auditoria que está a ser terminada pelo Tribunal de Contas, que quantifica o financiamento público na Efacec em 484 milhões de euros até à privatização. Segundo o relatório preliminar da entidade liderada por José Tavares, o Estado poderá ainda ter que suportar uma fatura extraordinária de 80 milhões de euros, elevando o montante injetado na empresa para 564 milhões, devido às responsabilidades contingentes assumidas pela Parpública na venda à Mutares da Efacec.

António Leitão Amaro manifestou “profundíssima preocupação” com “a dimensão do buraco feito para as contas dos portugueses” com a entrada do Estado no capital da empresa e “a forma como essas decisões foram tomadas“.

Realçando a “dimensão gigantesca do impacto desta operação” nas finanças públicas, o governante defendeu que “é muito dinheiro” e “o país merece e precisa que se discuta a qualidade, rigor e defesa do interesse público com que essas decisões foram tomadas”.

Ainda assim, realçou que a Efacec é hoje uma empresa privada. “Este não é o governo que anda arbitrariamente a interferir em empresas privadas. Respeitamos os contratos, a lei e a ordem”, afirmou. No entanto, defendeu que “coisa diferente é a responsabilização sobre o que aconteceu”, sendo o “lugar certo” para tal “o Parlamento”.

De acordo com a notícia do Observador, o Estado poderá ainda recuperar parte destes valores, mas, a avaliação feita na versão preliminar da auditoria é a de que a nacionalização da empresa industrial do norte não cumpriu nenhum dos objetivos iniciais. A grande fatia dos apoios financeiros, no montante de 445 milhões de euros, foi realizada através da holding estatal Parpública, havendo mais 35 milhões de euros do Banco Português do Fomento.

O Estado acordou no ano passado a venda da Efacec ao fundo alemão Mutares e através de uma operação harmónio, o capital social da empresa foi reduzido a zero para, posteriormente, ser aumentado para 300 milhões de euros.

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Rui Costa chama Stock da Cunha, Nuno Catarino e Lopes da Costa para a SAD do Benfica

No meio de uma crise desportiva, Rui Costa revoluciona administração da SAD encarnada com três nomes da gestão: Eduardo Stock da Cunha, Nuno Catarino e Manuel Lopes da Costa.

No meio de uma crise desportiva, Rui Costa promoveu uma remodelação profunda na administração da SAD do Benfica SLBEN 0,00% , chamando para a sua equipa de gestão três nomes de relevo do mundo financeiro e empresarial: Nuno Catarino, Eduardo Stock da Cunha e Manuel Lopes da Costa.

Para Nuno Catarino, com uma longa carreira ligada à consultora McKinsey, está reservado um papel de maior relevo na estrutura benfiquista: na comissão executiva vai exercer o cargo de administrador financeiro da SAD, substituindo Luís Mendes que se demitiu em junho. Inicia funções até 1 de janeiro de 2025.

Para não executivos foram designados Eduardo Stock da Cunha e Manuel Lopes da Costa. Stock da Cunha é um nome conhecido no setor financeiro, depois das passagens pelo Santander, Lloyds, Novobanco (onde talvez veio a ganhar maior exposição pública), sendo, atualmente, administrador no Barclays e na seguradora Fidelidade. O Benfica esclarece que assumirá funções quando informar a SAD que obteve ou não requer autorização para o efeito.

Quanto a Manuel Lopes da Costa, engenheiro de formação, é professor na Nova School of Business, presidente consultora Auren Portugal e empresário.

Rui Costa sob fogo

Os três gestores juntam-se a outros quatro membros da direção do clube que também vão ter funções na SAD encarnada: Rui Costa (presidente) e os vogais Jaime Antunes, Manuel Brito e, novidade, José Gandarez (vice-presidente do clube). Com Nuno Catarino compõem a comissão executiva.

Em sentido contrário, Lourenço Coelho deixa o cargo de administrador para assumir as funções de diretor-geral para o futebol, a área chave na atividade e negócios do clube.

Estas mudanças ocorrem num quadro conturbado para os lados da Luz, depois de um arranque em falso da principal equipa de futebol na temporada 2024-2025.

Com uma derrota e um empate nos quatro primeiros jogos da Liga, o desempenho aquém do esperado dentro de campo – sétimo lugar do campeonato — levou à demissão do treinador Roger Schmidt, que desde a época passada vinha sendo contestado pelos adeptos, apesar dos fortes investimentos na contratação de jogadores em comparação com os rivais Sporting e FC Porto.

A atual situação desportiva do clube deixou o próprio Rui Costa, eleito em 2021, sob fogo, quando os sócios se preparam para ir novamente às urnas no próximo ano para eleger o próximo presidente das águias.

Uma mulher

O novo conselho de administração do Benfica irá completar o mandato 2021-2025. A nova composição contará apenas com uma mulher: Maria Pinto Correia.

As regras aplicáveis às empresas cotadas no que toca à igualdade de género nos órgãos de administração determinam que se tenha uma proporção de pessoas do sexo sub-representado não inferior a 33%.

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PS quer auditoria a despesas da ex-presidente da câmara de Setúbal

  • Lusa
  • 5 Setembro 2024

Em causa estão irregularidades da ex-autarca na utilização dos cartões de crédito do município, para pagamento de despesas que ascendem a mais de 103 mil euros, incluindo deslocações a vários países.

Os vereadores do PS na Câmara de Setúbal defenderam esta quinta-feira uma auditoria externa ao pagamento de ajudas de custo à ex-autarca da CDU Maria das Dores Meira no seu último mandato como presidente do município sadino.

Segundo o vereador socialista Joel Marques, o pedido para a realização de uma auditoria externa já foi apresentado na sessão pública de câmara de quarta-feira pelos vereadores do PS, na sequência de uma notícia do jornal Público sobre o pagamento de despesas de 73 mil euros à ex-presidente do município sadino, pela utilização de viatura própria.

Na edição do passado dia 29 de agosto, o jornal Público dava também conta de uma investigação do Ministério Público a eventuais irregularidades da ex-autarca na utilização dos cartões de crédito do município, para pagamento de despesas que ascendem a mais de 103 mil euros, incluindo deslocações a diversos países — Estados Unidos (duas vezes), Brasil (duas vezes), Moçambique, Madagáscar, Taiwan, China, Israel (duas vezes) e Japão -, questões que os socialistas de Setúbal também querem ver esclarecidas.

“Os vereadores do PS querem perceber por que razão a ex-autarca de Setúbal recebeu 73 mil euros por usar o próprio carro, quando lhe estavam atribuídas duas viaturas e dois motoristas, e se houve alguma ilegalidade no que diz respeito a um alegado esquema de preenchimento de boletins dos itinerários, para recebimento ilícito de vantagem, para recebimento de despesas”, disse à agência Lusa Joel Marques.

“Isto é uma coisa que é relativamente fácil de desconstruir, se for mentira, ou de comprovar, se for verdade, através da comparação dos boletins de itinerários que foram preenchidos e validados pela ex-presidente, com os boletins itinerários dos seus motoristas e, também, com as passagens na Via Verde das viaturas que lhe estavam adstritas”, acrescentou.

Para o autarca socialista, “também é preciso perceber se são casos isolados ou uma prática corrente no município, no mandato anterior, ou nos outros mandatos em que Maria das Dores Meira foi presidente, ou até mesmo no atual mandato da CDU na Câmara de Setúbal”.

“Só uma prática corrente e normalizada da utilização de viatura própria poderá justificar que, até ao momento, não tenha sido aberto um inquérito e determinada uma auditoria que, por uma questão de transparência e isenção, entendemos que deverá ser conduzida por uma entidade externa”, frisou o autarca socialista.

Maria das Dores Meira garantiu ao jornal Público que as despesas em causa eram todas legais e devidamente comprovadas, considerando que estava a ser vítima de “atoardas e falsidades” por parte do atual executivo da CDU na Câmara de Setúbal, liderado por André Martins (PEV), e dos responsáveis locais do PS.

A ex-presidente da Câmara de Setúbal, Maria das Dores Meira, que, entretanto, abandonou o PCP, já anunciou a intenção de se recandidatar à Câmara de Setúbal, como independente, nas próximas eleições autárquicas de 2025.

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Governo acata nega de Marcelo e manda para o Parlamento proposta sobre regresso da Função Pública à CGA

Depois de o Presidente ter devolvido sem promulgação o decreto-lei, o Executivo aprovou uma proposta de lei com o mesmo conteúdo que trava a reinscrição de milhares de funcionários públicos.

O Governo aprovou esta quinta-feira, em Conselho de Ministros, uma proposta de lei que “regula as regras do reingresso na Caixa Geral de Aposentações (CGA)” para os funcionários públicos que estiveram inscritos até 31 de dezembro de 2005. O diploma terá “o mesmo conteúdo” do decreto-lei que foi travado em Belém, quando o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, decidiu devolvê-lo sem promulgação para que o Executivo trate dessa matéria no Parlamento, submetendo-a à votação dos deputados.

“O Governo tinha aprovado um decreto e demos boa conta da mensagem do Presidente da República para seguir a via parlamentar. E, com todo o respeito pela cooperação interinstitucional, apresentamos com o mesmo conteúdo uma proposta de lei que regula este tema de reingresso de trabalhadores na CGA”, anunciou o ministro da Presidência, António Leitão Amaro.

Tendo em conta que o articulado que o Executivo vai enviar à Assembleia da República é exatamente igual ao do decreto-lei que foi travado por Belém, isto significa que a proposta do Governo continua a limitar a possibilidade de reinscrição no subsistema de proteção social da Função Pública, que é mais vantajoso do que o da Segurança Social, aos trabalhadores que nunca deixaram de ser funcionários públicos, mas apenas mudaram de instituição e, por esse, motivo poderão ter deixado de estar registados na CGA.

No briefing Conselho de Ministros que aprovou o decreto, que foi depois devolvido por Marcelo sem promulgação, o ministro da Presidência, António Leitão Amaro, tinha esclarecido que as regras aprovadas pelo Governo ditam que “o direito ao regresso está em linha com o que determinou o Supremo Tribunal Administrativo, é só para quem tenha estado em continuidade material na Função Pública”. E acrescentou: “Só faria sentido esta alteração para quem nunca quis sair da Função Pública, mas, por terem trocado da entidade A para a B, posteriormente a 2005, perderam o direito à CGA. Outras situações estão excluídas da garantia”.

Ou seja, estão excluídos desse direito os funcionários públicos que ficaram desempregados ou saíram da Administração Central para o privado após 31 de dezembro de 2005 e depois regressaram ao Estado. Por exemplo, milhares de professores que viram os contratos interrompidos, após 1 de janeiro de 2006, com o fim do ano letivo, tendo depois regressado à escola pública com novo vínculo e outros funcionários públicos que saíram do Estado e foram para o privado tendo voltado depois a exercer funções públicas não terão hipótese de se reinscreverem na CGA, caso a proposta do Governo passe pelo crivo do Parlamento. Uma vez que os partidos que suportam o Executivo (PSD e CDS) não têm uma maioria confortável, mais uma vez a aprovação do diploma ficará dependente ou do apoio do PS ou do Chega.

O diploma agora aprovado vem na sequência da devolução sem promulgação do decreto-lei. Na carta dirigida à Presidência do Conselho de Ministros para justificar a tomada de decisão, Marcelo Rebelo de Sousa exigiu ao Executivo uma proposta de lei a submeter ao Parlamento “assim permitindo conferir legitimidade política acrescida a tema que dividiu o topo da jurisdição administrativa e merece solução incontroversa”, segundo uma nota de Belém.

De facto, a matéria não é consensual entre os tribunais, muitos dos quais têm dado razão aos funcionários públicos que reclamam a subscrição na CGA, quando regressaram ao Estado, uma vez que já tinham estado inscritos naquele sistema de proteção social antes de 1 de janeiro de 2006.

Para além disso, Marcelo alertou que “o diploma que se pretende interpretar com efeitos a partir de 2005 é uma Lei da Assembleia da República” e como “o Governo assume explicitamente contar com alargado consenso nos partidos com representação parlamentar”, o Presidente da República decidiu então devolver sem promulgação o decreto, “solicitando que seja convertido em proposta de lei ou proposta de lei de autorização legislativa, assim permitindo conferir legitimidade política acrescida a tema que dividiu o topo da jurisdição administrativa e merece solução incontroversa”, escreveu Marcelo na missiva enviada ao Ministério de António Leitão Amaro.

A proposta de lei do Governo, aprovada esta quinta-feira, continua a sustentar-se num acórdão do Supremo Tribunal Administrativo (STA) de 6 de março 2014 que restringe a possibilidade de voltar ao regime de proteção social da Função Pública aos trabalhadores com continuidade do vínculo público, mesmo que tenha havido mudança de instituição. Mas esta posição do Supremo contraria centenas de decisões de tribunais que foram favoráveis á reinscrição de trabalhadores que saíram do Estado e voltaram mais tarde, daí a decisão de Marcelo não deixar passar o diploma do Executivo.

Uma das razões que levaram os funcionários públicos a querer voltar à CGA tem a ver com o regime das baixas por doença, que é mais benéfico do que o da Segurança Social. Assim, na Caixa Geral de Aposentações, nos três primeiros dias de incapacidade, não há direito a compensação alguma, sendo que a partir do 4.º e até ao 30.º dia de baixa o trabalhador recebe 90% do ordenado. Na Segurança Social, os primeiros três dias também não são remunerados, mas a partir daí e até ao 30.º dia, o subsídio corresponde a apenas 55% do salário.

A partir de 1 de janeiro de 2006, a CGA passou a ser um sistema fechado e deixou de receber novos subscritores. Assim, os trabalhadores que iniciaram ou reiniciaram funções depois de 31 de dezembro de 2005 passaram a estar inscritos no regime geral da Segurança Social.

(Notícia atualizada às 16h01)

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Governo remete ao Parlamento o Quadro Plurianual de Despesa hoje ou amanhã

Quadro Plurianual de Despesa Pública pedido pelos partidos é enviado ao Parlamento esta semana. Governo garante que está de espírito "aberto" nas negociações do Orçamento do Estado para 2025.

O Governo vai enviar entre esta quinta e sexta-feira o Quadro Plurianual de Despesa Pública, solicitado pelos partidos, e garantiu “total abertura” nas negociações com a oposição sobre o Orçamento do Estado (OE 2025), previstas para decorrer na próxima semana. A informação foi avançada pelo ministro da Presidência, António Leitão Amaro, na conferência de imprensa após a realização do Conselho de Ministros.

“Hoje ou amanhã completa-se a entrega de toda a informação solicitada por todos os partidos. Enviaremos entre hoje e amanhã ao Parlamento o Quadro de Despesa Pública”, afirmou.

O quadro plurianual de despesa pública foi pedido ao Governo pelos partidos, após a entrega das Grandes Opções do Plano (GOP) 2024-2028, uma vez que deve integrar o documento, mas não constava do mesmo. O envio do documento foi novamente solicitado pelo secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, ao primeiro-ministro, Luís Montenegro, no âmbito das negociações para o OE2025.

O quadro plurianual de despesa pública define para os subsetores da administração central e da segurança social para o respetivo período de programação: o limite da despesa total, compatível com os objetivos constantes do Programa de Estabilidade, e os limites de despesa para cada missão de base orgânica.

Os limites de despesa são vinculativos para o orçamento do ano económico seguinte e indicativos para o período de programação que coincida com o resto da legislatura, enquanto o limite de despesa definido para o subsetor da segurança social “apenas pode ser excedido quando resulte do pagamento de prestações que constituam direitos dos beneficiários do sistema de segurança social e que se encontrem diretamente afetas pela posição cíclica da economia”.

Leitão Amaro reiterou ainda que o Governo mantém-se aberto a negociar o OE2025 com todos os partidos, rejeitando que as linhas vermelhas definidas pelo PS (nomeadamente, o IRC e IRS Jovem) sejam um obstáculo nesse processo que tem como fim garantir a viabilização da proposta orçamental. “Estamos profundamente comprometidos com o que interessa para o país: ter um Orçamento para 2025 aprovado“, afirmou.

“É profundamente tentador comentar as posições de cada dirigente partidário, mesmo quando mudam de semana para semana, ou variam entre líderes e outros dirigentes partidários. A nossa posição não é essa. Não vamos transformar isto num folclore de discussão e tática”, afirmou Leitão Amaro em resposta aos jornalistas.

A resposta às condições impostas pela oposição será dada nas reuniões entre os partidos que irão decorrer no Parlamento, na próxima semana e irão contar com a participação de Joaquim Miranda Sarmento, ministro das Finanças, e Pedro Duarte, ministro dos Assuntos Parlamentares. O primeiro-ministro, Luís Montenegro, não fará parte da comitiva, depois de ter estado ausente das reuniões de julho, por questões de doença. Nessa altura, acrescenta o Leitão Amaro, serão discutidas também as propostas do Governo.

“Temos abertura ao diálogo incluído em medidas que apresentamos. É assim que um Governo seriamente comprometido com o diálogo atua. Estamos disponíveis para diálogo e disponível para consertar com todos que assim queiram“, justificou, deixando no entanto, um aviso: o Orçamento do Estado tem estar alinhado com o programa do Governo.

“Tem de haver coerência com o programa do Governo e todos os portugueses entendem [isso]. Coerência não significa só medidas do Governo, significa coerência mas abertura ao diálogo”, finalizou.

(Notícia atualizada às 15h53)

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Eólicas no mar de Viana do Castelo fazem quatro anos. E superam as expectativas de produção em até 6%

O projeto WindFloat Atlantic tem vindo a gerar energia limpa capaz de abastecer 25 mil lares portugueses por ano.

O WindFloat Atlantic, um projeto pioneiro de eólicas no mar (energia eólica offshore) com tecnologia flutuante, completa agora quatro anos de operação. De acordo com os promotores, o balanço é positivo: a produção de energia superou o inicialmente estimado.

O projeto WindFloat Atlantic gerou 320 gigawatts-hora (GWh) de energia ao longo dos seus quatro anos de operação, fornecendo energia limpa a 25 mil lares portugueses por ano. A informação é divulgada pela Ocean Winds (OW), empresa internacional dedicada à energia eólica offshore, criada como uma parceria entre a EDP Renováveis e a Engie.

Nos últimos três anos de operação, o projeto tem vindo a superar sucessivamente o objetivo de produção anual de eletricidade anual assumido com as instituições europeias e nacionais, na ordem de 5% a 6% por ano. Para tal tem contribuído a existência de recurso eólico offshore favorável, bem como a disponibilidade anual do parque eólico”, indica fonte oficial, em declarações ao ECO/Capital Verde.

Desde julho de 2020, as três turbinas do projeto têm fornecido energia à rede elétrica nacional portuguesa, demonstrando o potencial da tecnologia eólica flutuante. Todos os anos, em janeiro, tem-se verificado um aumento da produção, atingindo os 78 gigawatts-hora (GWh) em 2022 e 80 GWh em 2023. Em julho de 2024, registou uma produção acumulada total de 320 GWh, o que evitou mais de 33.000 toneladas de emissões de dióxido de carbono e fomentou 1.500 empregos diretos e indiretos entre as fases de desenvolvimento, construção e operação.

Outra das conquistas do projeto foi resistir, em 2023, à tempestade Ciarán, com ondas que atingiram 20 metros de altura e rajadas de vento de até 139 quilómetros por hora. Nos últimos quatro anos, a Ocean Winds identifica “um impacto mínimo” no fundo do mar e na biodiversidade, tendo em conta levantamentos contínuos que identificaram mais de 270 espécies a coexistirem com o projeto, “sem efeitos adversos significativos sobre os mamíferos marinhos ou espécies de aves em perigo”. A empresa afirma mesmo que as estruturas flutuantes fomentaram a vida marinha, contribuindo para um efeito de conservação e recife subaquático.

Quando a EDPR e a Engie combinaram os seus ativos de energia eólica offshore e pipeline de projetos para criar a OW em 2019, a empresa tinha um total de 1,5 GW em construção e 4 GW em desenvolvimento. A OW tem vindo crescer e está agora numa trajetória para atingir a meta de 5 a 7 GW de projetos em operação ou construção em 2025. Atualmente, a capacidade eólica offshore bruta da OW, já em operação, em construção ou com direitos de desenvolvimento avançados concedidos, atingiu mais de 18 GW.

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PRR

Governo cria modelo de fiscalização do PRR mais “expedito”

Foram aprovados dois diplomas que estabelecem um mecanismo especial que elimina "entraves desproporcionados" junto Tribunal de Contas e dos tribunais administrativos, facilitando a arbitragem.

O Governo aprovou dois diplomas que criam novos mecanismos extraordinários para facilitar a fiscalização dos projetos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) pelo Tribunal de Contas (TdC) e pelos tribunais administrativos, acelerando desta forma a execução do PRR, anunciou esta quinta-feira o ministro da Presidência, António Leitão Amaro, no final do Conselho de Ministros.

São “medidas importantes” que “garantem que continua a existir pelo Tribunal de Contas e tribunais administrativos fiscalização sobre a legalidade financeira e contratual, mas temos de garantir que é expedita e não coloca entraves desproporcionados e injustificados”, argumentou o governante.

Assim, haverá “um regime especial de fiscalização preventiva pelo Tribunal de Contas, continua haver intervenção do TdC, mas é um modelo diferente para projetos do PRR no caso de contratos de despesa ao qual se aplica se aplica um regime especial alternativo ao do visto prévio”, detalhou Leitão Amaro.

Este mecanismo, aprovado sob a forma de proposta de lei, destina-se “aos atos e contratos que se destinem à execução de projetos financiados ou cofinanciados no âmbito do PRR”, de acordo com o comunicado do Conselho de Ministros. “O novo diploma permitirá que os projetos avancem, não tendo de aguardar decisão pelo TdC no âmbito da sua competência de fiscalização prévia, passando esta fiscalização a ser realizada em simultâneo com a execução do projeto”, segundo a mesma nota. Sendo uma proposta de lei, o diploma ainda tem de passar pelo crivo do Parlamento.

Ao nível dos tribunais administrativos, o Governo aprovou “duas medidas importantes: uma facilitação do recurso à arbitragem e outro mecanismo, novo e extraordinário, ligado a estes projetos do PRR, em que é possível de forma acelerada lidar com os mecanismos de suspensão dos processos em caso de apresentação de providências cautelares”, acrescentou. Ou seja, se os contratos forem suspensos por contestação de candidatos que foram preteridos por outro, no âmbito de concursos ou consultas prévias ao mercado, será possível desbloquear o processo de forma mais rápida.

Este decreto-lei “consagra um regime processual especial –- excecional e temporário — aplicável aos contratos que se destinem à execução de projetos financiados ou cofinanciados pelo PRR, permitindo que, nas ações de contencioso pré-contratual que visem a impugnação de atos de adjudicação, se proceda ao levantamento do efeito suspensivo automático mediante uma decisão sumária do juiz“, explica o Governo no comunicado.

O mesmo diploma possibilita “o recurso à arbitragem nos contratos de empreitada de obra pública ou de fornecimento de bens ou prestação de serviços que sejam financiados ou cofinanciados por fundos europeus, nomeadamente pelo PRR, e nos quais, em fase de execução, se suscitem litígios que possam colocar em risco o cumprimento dos prazos contratuais ou a perda de fundos”.

Paralelamente, o Governo também aprovou um “reforço da Estrutura de Missão Recuperar Portugal para que seja dotada de mais meios técnicos e recursos humanos”, indicou o governante. Em concreto, e segundo a nota do Governo, esta resolução de Conselho de Ministros “autoriza o reforço dos recursos humanos da Estrutura de Missão Recuperar Portugal (EMRP), aumentando o limite de elementos no quadro de pessoal de 75 para 137″.

“É um desígnio nacional que o PRR recupere e seja realizado em tempo para que vençamos esta batalha que é superar o atraso em que Portugal estava”, sublinhou António Leitão Amaro.

(Notícia atualizada às 15h38)

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DCIAP vai incluir auditoria à TAP no processo que já existia

A PGR enviou o documento para o Departamento Central de Investigação e Ação Penal. E esclarece que essa mesma auditoria foi adicionada ao processo que decorre desde fevereiro de 2023, no DCIAP. 

A Procuradoria-Geral da República (PGR) confirmou a receção esta quarta-feira do relatório da Inspeção-Geral das Finanças (IGF) sobre a privatização da TAP, em 2015, e enviou o documento para o Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP). E esclarece que essa mesma auditoria foi adicionada ao processo que decorre desde fevereiro de 2023, no DCIAP.

“Confirma-se a receção na Procuradoria-Geral da República, na tarde desta quarta-feira, do relatório da IGF. O mesmo foi remetido ao DCIAP onde, após análise, foi determinada a junção do documento a inquérito que se encontra em investigação nesse departamento e que, como é público, teve origem em participação apresentada pelos, à data, ministros das Infraestruturas e Habitação e ministro das Finanças”, segundo comunicado da PGR enviada ao ECO/Advocatus.

O Ministério Público está a investigar o processo de venda da TAP em 2015 pelo segundo Governo de Pedro Passos Coelho desde Fevereiro de 2023, que ainda decorre e ainda não são conhecidos quaisquer resultados dessas diligências.

Na terça-feira, o ministro das Infraestruturas e Habitação revelava que o Governo já tinha enviado o relatório da auditoria da Inspeção Geral das Finanças (IGF) sobre as contas da TAP ao Ministério Público e à Assembleia da República. Miguel Pinto Luz garante que não há “nada a esconder” e que “foi tudo transparente”.

“O Governo recebeu o relatório a semana passada, homologou o relatório e enviou ao Ministério Público e à Assembleia da República como lhe compete. Todo o cabal esclarecimento será feito, como sempre o Governo disse, este processo foi dos mais escrutinados na democracia portuguesa. Nada há a esconder, foi tudo transparente”, afirma Pinto Luz.

Miguel Pinto Luz recordou que “houve uma Comissão Parlamentar de Inquérito” sobre o assunto e que “não há nenhum facto novo” no relatório da IGF “que não tenha sido abordado” na comissão. O ministro realça que “agora compete às autoridades competentes agirem. Hoje não falarei mais nada sobre o assunto”, disse à chegada de uma reunião com a Área Metropolitana do Porto.

O relatório da IGF revela que TAP foi comprada em 2015 com garantia da própria empresa. A auditoria IGF aponta várias críticas aos gestores da TAP, entre as quais figuram a decisão de participar na manutenção no Brasil, sem partilhar riscos, ou os contratos de serviços a empresas de Neeleman em 2016.

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Empresário diz em tribunal que Pinto Moreira lhe pediu 50 mil euros, ex-autarca nega

  • Lusa
  • 5 Setembro 2024

Pessegueiro referiu que o dinheiro foi pedido pelo então presidente da Câmara de Espinho durante um encontro num café no centro da cidade. Pinto Moreira nega e acusa empresário de incoerência.

O empresário Francisco Pessegueiro, arguido no processo Vórtex, disse esta quinta-feira em tribunal que o ex-presidente da Câmara de Espinho Pinto Moreira lhe pediu 50 mil euros para aprovar dois projetos urbanísticos, o que foi negado pelo ex-autarca do PSD.

Durante o início do julgamento, que começou esta quinta-feira no Tribunal de Espinho, no distrito de Aveiro, Francisco Pessegueiro referiu que o dinheiro foi pedido pelo então presidente da Câmara de Espinho, durante um encontro num café no centro da cidade, numa altura em que estavam em discussão três projetos estratégicos, para a construção de um lar, um hospital e um hotel.

“Foi aí que me foi pedido pelas démarches políticas dele, que seriam necessários 25 mil euros para o lar, 25 mil euros para o hospital e, relativamente ao hotel não conseguiu quantificar, porque era muito problemático a zona onde estava inserido”, disse o empresário.

Questionado pelo juiz presidente, Pessegueiro disse que aceitou pagar os valores pedidos para evitar que os seus projetos fossem “atirados para uma gaveta”. “É muito complicado para um cidadão comum que precisa da Câmara dizer o que quer que seja. A resposta é tácita porque a probabilidade de os meus projetos entrarem para uma gaveta e não se verem mais era total”, disse o empresário, adiantando que não fez queixa porque poderia ter um processo de difamação ou outro tipo de problemas.

Pessegueiro esclareceu ainda que as démarches de Pinto Moreira seriam para garantir a aprovação dos referidos projetos com caráter estratégico na reunião de Câmara, adiantando que o dinheiro seria pago após a venda dos equipamentos, o que nunca chegou a acontecer.

Questionado pelos jornalistas à saída do tribunal, após a pausa para o almoço, Pinto Moreira negou ter pedido qualquer dinheiro a Francisco Pessegueiro. “Eu nunca pedi dinheiro a ninguém e isso vai ser provado em julgamento”, afirmou o ex-autarca que, em tribunal, disse que apenas iria prestar declarações “no momento que entender mais adequado”.

O senhor Francisco Pessegueiro disse numa primeira instância que me tinha entregue dinheiro e hoje acabou por reconhecer que não me entregou dinheiro nenhum. Portanto, a coerência das declarações está demonstrada”, acrescentou.

O processo Vórtex, em que se investigam atos de corrupção envolvendo dois antigos presidentes da Câmara de Espinho, está relacionado com “projetos imobiliários e respetivo licenciamento, respeitantes a edifícios multifamiliares e unidades hoteleiras, envolvendo interesses urbanísticos de dezenas de milhões de euros, tramitados em benefício de determinados operadores económicos”.

A operação culminou em 10 de janeiro de 2023 com a detenção do então presidente da Câmara de Espinho, Miguel Reis (PS), o chefe da Divisão de Urbanismo e Ambiente daquela autarquia, um arquiteto e dois empresários por suspeitas de corrupção ativa e passiva, prevaricação, abuso de poderes e tráfico de influências.

Em 10 de julho do mesmo ano, o Ministério Público deduziu acusação contra oito arguidos e cinco empresas, incluindo dois ex-presidentes da Câmara de Espinho, Miguel Reis e Pinto Moreira, que também viria a ser constituído arguido no âmbito deste processo, após ter sido ouvido no Departamento de Investigação e Ação Penal Regional do Porto.

O primeiro está acusado de quatro crimes de corrupção passiva e cinco de prevaricação e o segundo responde por dois crimes de corrupção passiva, um de tráfico de influência e outro de violação das regras urbanísticas.

Já o empresário Francisco Pessegueiro foi acusado de oito crimes de corrupção ativa, um de tráfico de influência, cinco de prevaricação e dois de violação das regras urbanísticas.

Os empresários João Rodrigues e Paulo Malafaia foram acusados de oito crimes de corrupção ativa, um de tráfico de influência, cinco de prevaricação e dois de violação das regras urbanísticas.

Foram ainda acusados mais três arguidos, que à época desempenhavam funções de chefe de divisão na autarquia, e cinco empresas de diversos crimes económico-financeiros.

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