“Portugal enterra 35 milhões de euros em embalagens que não vão para a reciclagem”

CEO da Sociedade Ponto Verde, Ana Isabel Trigo Morais, alerta que o país está a limitar a criação de valor e a deixar uma forte pegada ambiental.

A CEO da Sociedade Ponto Verde (SPV) alerta que “Portugal está a enterrar 34 a 35 milhões de euros por ano em embalagens que não vão para processos de reciclagem“, uma política que está a “impedir o país de avançar na economia circular”.

Portugal está a desperdiçar muito valor que existe nos resíduos, disse Ana Isabel Trigo Morais, destacando que o “país está a impedir a criação de valor económico, a deixar uma forte pegada ambiental e a impossibilitar que se avance nos índices de circularização da gestão dos recursos e da economia circular”, realça a líder da Sociedade Ponto Verde.

“Continuamos a ter um desempenho muito aquém em termos de circularização e valorização dos nossos recursos”, afiança Ana Isabel Trigo Morais durante a segunda conferência ECO Cidade que aconteceu esta sexta-feira, em Matosinhos. E que resulta de uma parceria entre o ECO e a Sociedade Ponto Verde (SPV) com a sustentabilidade, reciclagem e gestão de resíduos como temas centrais.

Para Ana Isabel Trigo Morais, o esgotamento da capacidade dos aterros é identificado com um dos problemas mais prementes do setor. “Chegamos a 2025 e estamos numa situação de emergência porque os aterros estão a acabar e qualquer dia não temos capacidade para tratar dos nossos resíduos”, afirma a CEO da Sociedade Ponto Verde.

Chegamos a 2025 e estamos numa situação de emergência porque os aterros estão a acabar e qualquer dia não temos capacidade para tratar dos nossos resíduos.

Ana Isabel Trigo Morais

CEO da Sociedade Ponto Verde.

A líder da Sociedade Ponto Verde sublinha que o caminho “não passa por alargar aterros, mas sim de investir num conjunto de processos de valorização e reciclagem de todos os resíduos urbanos”. De acordo com os mais recentes dados da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), Portugal produziu, em 2022, mais de cinco milhões de toneladas de resíduos urbanos – é o equivalente a 507 quilos de resíduos anuais por habitante.

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Wise Pirates contrata innovation lead e cria advisory board para reforçar aposta em inovação

  • + M
  • 21 Fevereiro 2025

A contratação de Ana Bicho para innovation lead e a criação de um advisory board composto por Frederico Costa e Rui Pinto são as apostas da WisePirates para reforçar a aposta da agência em inovação.

Com o objetivo de reforçar o seu investimento em inovação e “consolidar a sua posição na vanguarda do setor martech em Portugal“, a Wise Pirates avançou com a contratação de uma innovation lead e com a criação de um advisory board.

Para ocupar o cargo de innovation lead, a Wise Pirates contratou Ana Bicho, que se junta à agência para liderar os projetos de investigação e desenvolvimento (I&D). Com experiência em engenharia microeletrónica e inteligência artificial (IA), acumulada em setores como marketing, tecnologia e indústria, a profissional é agora responsável por coordenar e desenvolver soluções tecnológicas proprietárias em automação inteligente no setor martech.

No que diz respeito à criação de um advisory board, este é composto por Frederico Costa e Rui Pinto. O primeiro, CEO da Biometrid, conta com mais de 25 anos de experiência em gestão de organizações, desenvolvimento de negócios e transformação digital. É também ex-executivo da Google e professor convidado na Porto Business School.

Já Rui Pinto, chief innovation officer e chief digital officer do Mibelle Group, “junta-se à equipa da Wise Pirates com uma trajetória com mais de 20 anos, em que foi líder de projetos tecnológicos globais, incluindo implementações de ERP [enterprise resource planning] e soluções de IA, com foco na criação de valor através de tecnologia”, refere-se em nota de imprensa.

Estas apostas inserem-se numa “estratégia mais ampla” de transformação digital e inovação, que utiliza a IA como “pilar central para a modernização de processos internos e serviços prestados aos clientes”, lê-se na mesma nota.

O reforço estratégico da Wise Pirates em inovação tem por objetivo “criar valor para os seus clientes, promovendo a modernização do setor empresarial em Portugal“, numa abordagem que “reforça a visão da empresa de colaborar na transformação do país num hub de inovação em martech, acompanhando a sua expansão no mercado europeu“.

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DGC aumentou fiscalização a mensagens publicitárias em 117% no ano passado

  • Lusa
  • 21 Fevereiro 2025

Em 2024 foram instaurados 120 processos de contraordenação, 48% dos quais relacionados com infrações no âmbito do Código da Publicidade e 23% com o regime das práticas comerciais desleais.

A Direção-Geral do Consumidor (DGC) fez 21 ações de fiscalização em 2024, abrangendo 355 operadores económicos, o que representa aumentos de 40% e 10%, respetivamente, face a 2023.

“A Direção-Geral do Consumidor (DGC) reforçou, no ano de 2024, a atuação no âmbito das suas competências de fiscalização em matéria de publicidade, tendo-se verificado com um aumento significativo do número de ações de fiscalização e de processos instaurados”, informou a entidade, em comunicado.

Ao longo do ano passado foram analisadas 5.606 mensagens publicitárias, mais 117% do que em 2023, e instaurados 120 processos de contraordenação. Do total de processos, 48% estão relacionados com infrações no âmbito do Código da Publicidade e 23% com o regime das práticas comerciais desleais.

No âmbito dos 120 processos de contraordenação instaurados foram constituídos 221 arguidos e foram ainda proferidas 80 decisões, das quais 27 resultaram na aplicação de coima (36%) e 43 em arquivamento (50%), totalizando 174 mil euros de coimas aplicadas até ao final do ano passado.

A DGC detalhou que entre as infrações mais recorrentes estão o não cumprimento do princípio da identificabilidade, infrações no contexto de publicidade a bebidas alcoólicas, de publicidade dirigida a menores e de publicidade a géneros alimentícios com elevado teor de sal, açúcar e ácidos gordos, bem como a publicidade enganosa em campanhas promocionais.

As ações de fiscalização incidiram sobre o setor das viagens, automóvel, retalho alimentar e não alimentar, formação e instituições de crédito, entre outras áreas.

Quanto aos processos de averiguações na sequência de reclamações e denúncias, a DGC registou um aumento de 65% para 460 processos, ou seja, mais 181 do que em 2023.

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Santa Casa de Lisboa lança hasta pública de imóveis avaliada em 18,5 milhões

  • Lusa
  • 21 Fevereiro 2025

Santa Casa põe à venda uma moradia em Loures, um apartamento no Seixal, um terreno e dois prédios em Lisboa. A hasta pública vai decorrer no dia 11 de março.

A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa vai realizar uma nova hasta pública de imóveis, pondo à venda uma moradia, um apartamento, um terreno e dois prédios, cujo valor base total de alienação ultrapassa os 18,5 milhões de euros.

De acordo com a informação disponível na página online da instituição, a hasta pública vai decorrer no dia 11 de março e insere-se no âmbito do Plano de Reestruturação em curso, ao abrigo da medida de alienação de ativos imobiliários e participações societárias não relevantes.

No conjunto de imóveis que a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) vai tentar vender está uma moradia T1 em Loures para reabilitar, com logradouro, cujo valor base de alienação é de 59.375 euros, e um apartamento de tipologia T1, no Seixal, por 121.025 euros.

Fazem também parte dois prédios em Lisboa, um na freguesia de Santo António, em propriedade total, com cinco pisos acima do solo, para obras de reabilitação e com valor base de alienação de 1.603.983 euros, e outro na freguesia de Arroios, também prédio em propriedade total, com oito apartamentos e quatro lojas de comércio, também para obras de reabilitação, e pelo qual a SCML pede quase 3,4 milhões de euros.

No pacote de imóveis consta ainda um terreno em Lisboa, na freguesia da Ajuda, com 13.640 metros quadrados e com valor base de alienação de 13.363.419 euros.

A concretização desta medida permitirá a rentabilização de ativos da SCML, através de uma gestão estratégica focada na eficiência e racionalidade, dando um contributo fundamental para a recuperação de património da Instituição, bem como para o reforço das respostas nas áreas da Saúde e Ação Social”, diz a instituição, na sua página online.

A hasta pública está marcada para dia 11 de março, às 10h, na Sala de Extrações da SCML.

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Ministério Público arquiva investigação a Mário Ferreira por suspeitas de corrupção

  • ADVOCATUS
  • 21 Fevereiro 2025

Nesta investigação estava em causa a prática de eventuais crimes de corrupção passiva e ativa, participação económica em negócio e administração danosa relacionados com a venda do navio Atlântida.

O Ministério Público arquivou a investigação a Mário Ferreira sobre alegadas suspeitas de corrupção na venda do navio Atlântida, avança o Observador. Ainda assim, existe um outro inquérito a decorrer sobre a venda do navio.

Nesta investigação estava em causa a prática de eventuais crimes de corrupção passiva e ativa, participação económica em negócio e administração danosa relacionados com a venda do navio Atlântida por parte dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo à Mystic Cruises, de Mário Ferreira.

Ainda assim, segundo o Observador, do processo arquivado resultou um outro que ainda não está fechado e que levou em 2022 a novas buscas à Douro Azul. Em investigação está uma eventual fraude fiscal qualificada e branqueamento de capitais na venda do navio Atlântida pela Mystic Cruises a uma outra sociedade do empresário, sediada em Malta, a International Trade Winds.

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“Dividendos foram retidos para investimento”, diz Montenegro

Luís Montenegro reiterou que sugerir a existência de conflito de interesse no caso da empresa da família "é absurdo". André Ventura pediu demissão de ministros que têm, ou tiveram, imobiliárias.

O primeiro-ministro, Luís Montenegro, vai aproveitar o debate sobre a moção de censura do Chega para responder às dúvidas dos deputados sobre eventuais negócios imobiliários da sua empresa Spinumviva e potenciais conflitos de interesses com a nova lei dos solos, que ainda está em tramitação no Parlamento.

Num primeiro momento, Montenegro afastou qualquer conflito de interesses, alegando que tinha vendido a sua quota à mulher e aos filhos em 2022, quando assumiu a liderança do PSD. Mas uma notícia posterior do Correio da Manhã veio dar conta que essa transição é considerada nula aos olhos da lei, uma vez que o primeiro-ministro é casado em comunhão de adquiridos com a mulher. Durante a cimeira no Brasil, que terminou esta quinta-feira, o chefe do Executivo indicou que iria esclarecer tudo durante o debate da moção de censura apresentada pelo Chega.

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Atletas de diferentes gerações entram em campo nos 65 anos do Campeonato de Voleibol Feminino

  • + M
  • 21 Fevereiro 2025

O conceito criativo é assinado pela Tux&Gill, com produção da Trix e direção de Daniel Gordon, e a agência de meios é a Media Duyes. A campanha, junta as "Marias" às atuais atletas.

Quatro “Marias”, atletas que participaram nos primeiros anos do Campeonato Nacional de Voleibol Feminino, e as atletas das atuais das 12 equipas da Liga Solverde.pt. são as protagonistas da campanha que a Liga Solverde.pt e a Federação Portuguesa de Voleibol estão a lançar para assinalar os 65 anos do campeonato da modalidade.

As atletas Maria Teresa Fernandes, Maria Margarida Leite, Maria José Maia e a capitã Maria Madalena Canha, presentes no vídeo, fizeram parte da equipa do SL Benfica que venceu nove campeonatos consecutivos, entre 1966 e 1975, e enfrentaram equipas internacionais nas competições europeias, incluindo em Moscovo. “A campanha demonstra uma passagem de testemunho entre as diversas gerações, a competição ao longo do tempo, representada pelas septuagenárias e octogenárias “Marias”, assim como pelas atletas atuais da presente edição da Liga Solverde.pt“, descreve a empresa.

O conceito criativo é assinado pela Tux&Gill, com produção da Trix e direção de Daniel Gordon. A agência de meios é a Media Duyes, responsável pela divulgação nos canais digitais e em televisão. O filme começa a ser transmitido no sábado na RTP1, SIC e TVI. Em março, do plano de meios fazem também parte a SportTV, CMTV, SIC Notícias, RTP3 e CNN Portugal.

“O voleibol é o desporto com mais atletas mulheres em Portugal e que mais cresceu entre as atletas portuguesas nos últimos anos. A Solverde.pt conhece bem esta realidade, enquanto naming sponsor da principal liga de voleibol, e decidimos apoiar mais esta campanha que cria um elo entre o passado e futuro da modalidade, para celebrar os 65 anos desta competição nacional e contribuir para lhe dar ainda mais visibilidade”, aponta Telma Marques, head of marketing da Solverde.pt, citada em comunicado.

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Ministras da Justiça e do Trabalho também têm participações em imobiliárias

  • ECO
  • 21 Fevereiro 2025

Rita Júdice e Maria Palma Ramalho tem participações em empresas com atividades ligadas ao imobiliário, noticia a RTP, um dia depois de Castro Almeida ter confirmado a venda de uma participação.

A ministra da Justiça, Rita Júdice, e a ministra do Trabalho, Maria Palma Ramalho, juntam-se ao rol de governantes com participações em empresas com atividades ligadas ao imobiliário. A notícia é avançada esta sexta-feira pela RTP, pouco antes do arranque do debate da moção de censura ao Governo no Parlamento.

A RTP noticia que Rita Júdice tem participações em quatro sociedades com negócios imobiliários, detendo 50% das quotas em duas das empresas – ambas a atuar no imobiliário e turismo -, a Périplo Essencial e a Pedrasgest. Tem ainda uma participação de 30% na Canforeira (compra e venda de propriedades, cuja única área de atuação é imobiliário) e uma percentagem menor na Stone SPA (atua no instituto beleza e imobiliário).

Já Maria do Rosário Palma Ramalho tem a maioria do capital de uma sociedade denominada Rosário Palma Ramalho, cujo objeto social tem atividades ligadas à consultoria em diversas áreas e também “atividades de gestão de património imobiliário”.

Na quinta-feira, o ministro Adjunto e da Coesão Territorial, Manuel Castro Almeida, confirmou que decidiu “vender a quota da empresa, porque nessa altura começou a gerar-se no espaço público a ideia de que ter uma empresa de imobiliário era uma vantagem [no âmbito] da lei dos solos”. As declarações seguiram-se a uma investigação da RTP obre a venda que o ministro terá feito a 13 de fevereiro deste ano, já depois da saída polémica do seu secretário de Estado Hernâni Dias.

Os casos surgem depois de o Correio da Manhã noticiar que o primeiro-ministro, Luís Montenegro, vendeu as quotas à mulher e aos dois filhos. Em resposta ao jornal, Montenegro indicou apenas que deixou de ser sócio da empresa Spinumviva a 30 de junho de 2022, data do contrato de cessão e divisão de quota revelado pelo mesmo jornal.

O primeiro-ministro remeteu mais esclarecimentos para o debate da moção de censura no parlamento marcado para hoje.

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Notas falsas de euro aumentam 19% em 2024 para o valor mais elevado em cinco anos

O Banco Central Europeu apreendeu 554 mil notas falsas em 2024 num valor global de 26,7 milhões de euros, sendo que 80% das contrafações foram notas de 20 e 50 euros.

O número de notas contrafeitas em circulação aumentou pelo terceiro ano consecutivo. Segundo dados do Banco Central Europeu (BCE), publicados esta sexta-feira, foram apreendidas 554 mil notas no ano passado, mais 19% face às 467 mil detetadas em 2023.

O montante global intercetado pelas autoridades ascendeu a cerca de 26,7 milhões de euros, superando os 25 milhões do ano anterior. Estes valores colocam o fenómeno no patamar mais elevado desde 2019, antes da pandemia, mas o banco central garante que “a probabilidade de receber uma nota falsa permanece remota”.

A aparente contradição entre o crescimento das apreensões e a segurança do dinheiro físico explica-se pela dimensão do mercado face às cédulas contrafeitas apreendidas. “Apesar do aumento absoluto, detetámos apenas 18 contrafações por cada milhão de notas genuínas em circulação em 2024″, revela o BCE em comunicado, sublinhando que “as notas de euro continuam a ser um meio de pagamento fiável e seguro”.

Nota: Se está a aceder através das apps, carregue aqui para abrir o gráfico.

Significa que pelos 554 mil exemplares fraudulentos, circulam atualmente mais de 30 mil milhões de notas autênticas. “97,8% das contrafações foram detetadas em países da área do euro, enquanto 1,3% foram detetadas em Estados-Membros da União Europeia não pertencentes à área do euro e 0,9% noutras partes do mundo”, refere o BCE.

A anatomia das notas falsificadas mantém os tradicionais padrões. Cerca de 80% das notas apreendidas em 2024 corresponderam às denominações de 20 e 50 euros (face a uma representação de 72% em 2023). No extremo oposto estão as notas de 500 euros – cuja produção foi interrompida em 2019 – representaram apenas 0,6% do total face a 1,% em 2023, confirmando o declínio progressivo desta cédula de alto valor no mercado ilegal.

“O público não precisa de se preocupar com a contrafação, mas deve manter-se vigilante”, refere ainda o BCE, notando que a maioria das contrafações é fácil de detetar, “uma vez que não possui elementos de segurança ou apenas imita muito mal os elementos existentes”. O banco central da área do euro refere que a autenticidade das notas pode ser verificada através do método simples “tocar, observar e inclinar“.

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Hermés põe exclusividade acima de tudo – e esse pode ser o segredo dos seus bons resultados

  • Rita Ibérico Nogueira
  • 21 Fevereiro 2025

A Hermès continua a desafiar as previsões e a crescer de forma consistente. No quarto trimestre de 2024, as vendas da marca francesa cresceram 18%, consolidando um crescimento anual superior a 20%.

Enquanto a indústria do luxo enfrenta um abrandamento global, a Hermès mantém um crescimento consistente. A casa francesa, sinónimo de exclusividade e artesanato irrepreensível, revelou recentemente resultados financeiros impressionantes, evidenciando um desempenho que contrasta com o de outras marcas do setor. No quarto trimestre de 2024, as vendas da Hermès cresceram 18%, ultrapassando as expectativas do mercado e consolidando um crescimento anual superior a 20%. A receita de 2024, por sua vez, cresceu 15%, para 15,2 mil milhões de euros.

O segredo para este sucesso reside numa estratégia que vai contra a corrente do setor: em vez de acelerar a produção ou expandir agressivamente para novos segmentos, a Hermès reforça a ideia de raridade e controlo absoluto sobre a oferta. A marca não só mantém uma distribuição altamente seletiva, como também aposta na produção manual e na valorização do savoir-faire dos seus artesãos, fatores que fazem disparar o desejo pelos seus produtos.

Em contraste, outros grandes grupos de luxo, como LVMH e Kering, enfrentam um contexto mais desafiador. A LVMH, apesar de continuar líder no mercado, viu um arrefecimento no crescimento das suas vendas, em particular no segmento de moda e artigos em pele. Já a Kering, proprietária da Gucci, enfrenta um período de transição com a redefinição da sua estratégia criativa e comercial. O enfraquecimento da procura na China, um mercado essencial para o luxo, também tem sido um fator determinante para a desaceleração de algumas das maiores casas do setor.

A estratégia da Hermès revela-se ainda mais eficaz num momento em que os consumidores estão a redefinir os seus padrões de consumo. Ao privilegiar a qualidade sobre a quantidade e ao evitar descontos e vendas agressivas, a marca mantém a sua aura de exclusividade. As icónicas carteiras Birkin e Kelly continuam a ser vendidas em quantidades controladas, reforçando a perceção de que um produto Hermès não é apenas um acessório, mas um investimento.

“Em 2024, num contexto económico e geopolítico mais incerto, o desempenho sólido dos resultados atesta a força do modelo Hermès e a agilidade das equipas da casa”, afirmou o presidente executivo Axel Dumas na conferência de apresentação de resultados, em Paris, revelando que o bom desempenho manifestou-se sobretudo no mercado americano (aumento de 22,3%), europeu (aumento de 17%) e japonês (aumento de 22,4%).

Dumas aproveitou o momento para confirmar os planos da maison para lançar a coleção de alta-costura, adiantando que esta se estreará algures entre 2026 e 2027. “O que nos interessa na alta-costura é o know-how. “Estou muito entusiasmado”, acrescentou o executivo. Na área da beleza, adiantou também que, depois da maquilhagem, a empresa planeia desenvolver cuidados de pele.

Além disso, a marca tem conseguido adaptar-se às novas dinâmicas do mercado sem comprometer a sua identidade. O segmento de pronto-a-vestir tem crescido de forma sustentada, impulsionado pela visão criativa de Nadège Vanhee-Cybulski, enquanto a divisão de relojoaria tem vindo a ganhar destaque no setor. Ao contrário de algumas rivais que apostam em estratégias de massificação para impulsionar o crescimento a curto prazo, a Hermès joga o jogo do longo prazo, garantindo que cada peça que sai dos seus ateliers continua a ser sinónimo de distinção.

Num setor onde a efervescência da moda pode rapidamente transformar-se em volatilidade financeira, a Hermès continua a provar que a sua abordagem cautelosa e exclusiva é a chave para atravessar tempos incertos sem comprometer o prestígio. No mundo do luxo, onde o efémero muitas vezes se sobrepõe ao essencial, a Hermès reforça que a verdadeira sofisticação reside na paciência, na raridade e na intemporalidade.

Expansão, tarifas e geopolítica
Nesta apresentação de resultados, a Hermés elencou também as localizações das próximas aberturas de loja da marca, de Florença a Guangzhou, passando por Kitzbühel, Knokke-Le Zoute, Nashville, Phoenix e Shenzhen, revelando que vão ser feitas ampliações em cerca de 20 lojas.

A empresa planeia aumentar os preços entre 6 e 7 por cento em 2025, para compensar o aumento dos custos de produção. No entanto, Dumas observou que poderá haver uma “exceção em caso de tarifas”. “Uma das coisas que mais me preocupa é a evolução das relações geopolíticas neste momento: produzimos em França e vendemos para todo o mundo, por isso ainda precisamos de negociar. Depois disso, não são as tarifas que me preocupam, são mais as tensões entre as nações”, comentou Dumas em alusão à turbulência no comercio mundial causada pelas recentes tomadas de decisão da nova administração Trump.

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Euribor volta a descer a seis meses para novo mínimo de mais de dois anos

  • Lusa
  • 21 Fevereiro 2025

Esta sexta-feira, a taxa Euribor caiu a três meses e a seis meses -- para 2,521% e 2,447%, respetivamente -- e avançou para 2,463% no prazo mais longo (12 meses).

A Euribor desceu esta sexta-feira a três e seis meses, no prazo mais longo para um mínimo desde dezembro de 2022, e subiu a 12 meses em relação a quinta-feira. Com estas alterações, a taxa a três meses, que recuou para 2,521%, continuou acima da taxa a seis meses (2,447%) e da taxa a 12 meses (2,463%).

  • A taxa Euribor a seis meses, que passou em janeiro de 2024 a ser a mais utilizada em Portugal nos créditos à habitação com taxa variável, baixou para 2,447%, menos 0,013 pontos do que na quinta-feira e um mínimo desde 7 de dezembro de 2022.
  • No prazo de 12 meses, a taxa Euribor avançou para 2,463%, mais 0,017 pontos.
  • Em sentido contrário, a Euribor a três meses caiu, ao ser fixada em 2,521%, menos 0,013 pontos do que na quinta-feira.

Dados do Banco de Portugal (BdP) referentes a dezembro indicam que a Euribor a seis meses representava 37,64% do stock de empréstimos para a habitação própria permanente com taxa variável. Os mesmos dados indicam que as Euribor a 12 e a três meses representavam 32,69% e 25,6%, respetivamente.

A taxa Euribor a três meses entra no cálculo da taxa base dos Certificados de Aforro, que é determinada mensalmente no antepenúltimo dia útil de cada mês, para vigorar durante o mês seguinte, e que não pode ser superior a 2,50% nem inferior a 0%.

A taxa de juro bruta para novas subscrições de Certificados de Aforro, Série F, foi fixada em 2,500% em janeiro de 2025.

Em termos mensais, a média da Euribor em janeiro voltou a descer a três e a seis meses, mas subiu a 12 meses, pela primeira vez depois de nove meses a cair.

Enquanto a média da Euribor a 12 meses subiu 0,089 pontos para 2,525% em janeiro, as médias a três e a seis meses continuaram a cair, designadamente, para 2,704%, menos 0,121 pontos percentuais do que em dezembro, e para 2,614%, menos 0,018 pontos.

Na reunião de política monetária de 30 de janeiro e como antecipado pelos mercados, o Banco Central Europeu (BCE) baixou de novo, pela quarta reunião consecutiva, a principal taxa diretora em 25 pontos base. A próxima reunião de política monetária da instituição financeira liderada por Christine Lagarde realiza-se em 5 e 6 de março em Frankfurt.

As Euribor são fixadas pela média das taxas às quais um conjunto de 19 bancos da Zona Euro está disposto a emprestar dinheiro entre si no mercado interbancário.

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Desmontar a regulação do sistema financeiro é o futuro? “Só para alguns”, diz Centeno

  • Lusa
  • 21 Fevereiro 2025

Governador do Banco de Portugal critica "ideia de que temos de desmontar todo o sistema de regulação do sistema financeiro”, pois só serve os interesses de "uma parte muito reduzida da sociedade”.

O governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, disse esta sexta-feira que fica muito preocupado com a ideia em voga atualmente de que é preciso reduzir a regulação, considerando que isso só beneficiaria uma elite.

Não podemos embarcar nesta ideia de que, de repente, temos de desmontar todo o sistema de regulação do sistema financeiro, que é esse o nosso caminho para o futuro. Não é, é só para alguns“, afirmou Mário Centeno, numa aula aberta na Escola Secundária António Damásio, em Lisboa.

O governador do banco central contou que fica muito preocupado quando qualquer debate atual sobre economia começa a falar de desregulamentação por considerar que essa é uma ideia que serve os interesses de “uma parte muito reduzida da sociedade”, mas que tem o enorme poder de influenciar as restantes e de convencer que o “caminho que foi feito é todo errado”.

“Não estava e não está” errado esse caminho, disse.

Anteriormente, Centeno tinha falado do trabalho feito sobre o setor bancário, nomeadamente na regulação, para o deixar mais sólido e poder melhor resistir a crises.

O ex-ministro das Finanças (Governos PS, de António Costa) recordou quando, durante a última crise, “vendiam a ideia de que Portugal vivia acima das suas possibilidades”, para considerar que também então, tal como agora, isso era verdade “só para alguns”.

“Revolução silenciosa” nas qualificações

Nesta aula aberta, o governador do Banco de Portugal destacou ainda a evolução da escolaridade e das qualificações dos cidadãos em Portugal como a “revolução silenciosa” que o país tem feito e afirmou que apenas há 20 anos Portugal tinha o nível de escolaridade mais baixo da União Europeia.

“Há apenas 20 anos, apenas metade de vocês estava aqui, a outra metade estaria a trabalhar”, declarou aos mais de 100 estudantes reunidos no auditório da Escola Secundária António Damásio.

Centeno, que é especialista na área de economia do trabalho, explicou aos estudantes que melhores qualificações trazem melhores empregos, melhores salários e também mais possibilidade de encontrar novo emprego em caso de desemprego, vincando que isso é, sobretudo, muito importante quando tiverem 40 ou 50 anos.

Questionado sobre os salários, disse que em Portugal são estruturalmente baixos porque as qualificações são estruturalmente baixas e recordou que Portugal impôs os 12 anos de escolaridade obrigatória “mais de 100 anos depois do [Estado norte-americano] do Massachusetts”.

Centeno foi também questionado sobre as finanças públicas, tendo repetido uma ideia que vem defendendo de que é preciso “ter políticas económicas contracíclicas” pois – afirmou – “se o Estado não criar ‘almofadas’ suficientes quando a economia sobe, não as vai ter quando a economia descer”, para apoiar famílias e empresas numa situação de crise.

Sobre a União Europeia, Centeno (que, enquanto ministro das Finanças, foi presidente do Eurogrupo) defendeu “maior integração” face aos desafios globais que se colocam. “Que a Europa se possa apresentar mais unida e com resposta mais eficaz no momento em que muito daquilo em que acreditávamos está a ser posto em causa”, disse.

Mário Centeno foi um dos nomes apontados como possível candidato a Presidente da República pela área do Partido Socialista, mas em meados de janeiro anunciou, em entrevista à RTP3, que não seria candidato nas próximas eleições e que essa foi uma “decisão pessoal e muito amadurecida“.

Na mesma entrevista, Centeno voltou a dizer que trabalha para vir a fazer um segundo mandato como governador.

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