Um quarto de século depois da crise das ‘dot-com’, há outra bolha a caminho?

Euforia em torno das empresas de IA tem gerado pontos de comparação com o que aconteceu na bolha das tecnológicas no início dos anos 2000, com os investidores a investirem de forma indiscriminada.

10 de março de 2000. O índice tecnológico Nasdaq bate novos máximos. A partir daí, o mercado inicia um ciclo com um único sentido: o da descida. Depois de meses de euforia, e sem verem os resultados das empresas a acompanhar os elevados preços que estavam a pagar pelos títulos, os investidores, desiludidos, começam a despejar as suas ações no mercado. Um quarto de século depois, o entusiasmo em torno das tecnológicas, nomeadamente da inteligência artificial (IA), faz lembrar o que se viveu no final da década de 90. Estará o mercado perante uma nova bolha?

Um ponto em comum com a atualidade é quando estamos a olhar para temas como a transição energética, baterias, IA ou semicondutores: há investidores que admitem pagar 60 ou 100 vezes o resultado anual na expectativa de que as empresas acelerem os lucros. Historicamente não se observam esses ganhos de produtividade”, explica João Queiroz, recordando esses loucos anos nas bolsas. O head of trading do Banco Carregosa lembra que “havia um grande entusiasmo” dos investidores relativamente a tomar risco.

Mas este entusiasmo cedeu ao “desencanto” quando se percebeu que os resultados não apareciam.

Foi precisamente esta promessa de ganhos elevados de novas empresas ligadas à internet e a outras tecnologias que agigantou as cotações destes negócios, que chegavam ao mercado com avaliações estratosféricas e rapidamente escalavam em bolsa, sem apresentarem fundamentais que o justificassem.

Das centenas que entravam no mercado, muito poucas sobreviveram — ainda que tenham nascido por esta altura alguns ‘campeões’, como a Google (agora denominada Alphabet), cujas ações foram vendidas no IPO a pouco mais de dois dólares (2,13 dólares) e que valem atualmente cerca de 166,5 dólares.

A Alphabet, dona da Google, liderada por Sundar Pichai, nasceu em 1999EPA/RAJAT GUPTA

Em 1999, o mundo vibrava com o avanço das novas tecnologias e os desenvolvimentos que surgiam. A internet era uma novidade e as potencialidades eram imensas. Quando as taxas de juro começaram a subir e o financiamento a desaparecer, estas “estrelas em ascensão” começaram a cair. E grandes empresas que ainda hoje existem não escaparam ilesas.

Entre 1995 e o máximo de março de 2000, o índice tecnológico Nasdaq disparou 800%, antes de cair 78% desde o pico, até outubro de 2002, evaporando todos os ganhos registados neste ciclo.

A Cisco, que se tornou a empresa mais valiosa no mundo, viu o preço da ação afundar 88% — uma desvalorização da qual ainda não recuperou.

Já as ações da Amazon dispararam em 1999, antes de tombarem 90% quando a empresa — então conhecida como uma livraria online — foi atingida por uma crise de confiança no início dos anos 2000. No entanto, as ações da Amazon subiram de forma espetacular desde então, com a empresa a ter hoje uma das maiores capitalizações do mundo.

Um quarto de século após a bolha das dot-com ter rebentado, os mercados têm vivido um novo momento de euforia nas ações tecnológicas, mais concretamente, nas empresas ligadas à IA, apesar das quedas das últimas sessões devido aos receios com as políticas protecionistas de Donald Trump.

“Onde estamos no ciclo agora é muito similar a onde estávamos entre 1998 e 1999”, disse Ray Dalio, o influente investidor que fundou a Bridgewater Associates, ao Financial Times. “Em outras palavras, há uma nova tecnologia importante que certamente mudará o mundo e será bem-sucedida. Mas algumas pessoas estão a confundir isso com os investimentos sendo bem-sucedidos.”

As chamadas 7 magníficas — Alphabet (Google), Amazon, Apple, Meta Platforms (Facebook), Microsoft, Nvidia e Tesla — têm registado ganhos surpreendentes, com capitalizações bolsistas de biliões de dólares. O otimismo em torno da IA tem acelerado o movimento de subida, com estas empresas a prometerem investimentos de milhares de milhões para desenvolver esta tecnologia.

Estima-se que Meta, Microsoft e Alphabet invistam 200 mil milhões em IA apenas este ano, o equivalente a cerca de um quarto das suas receitas. O caso da chinesa DeepSeek, que conseguiu desenvolver um modelo de IA concorrente do ChatGPT por uma pequena fração do custo deste último, veio suscitar dúvidas sobre os elevados investimentos que estão a ser direcionados para a IA nos EUA.

Mesmo com todas as dúvidas em torno destes modelos, a verdade é que estas mega capitalizações continuam a apresentar valores de valorização muito elevados, com os especialistas a argumentarem que a IA vai fazer parte de todos os setores de atividade.

A escalada das empresas do setor, alimentada pelos disparou das megacap, levou os índices acionistas norte-americanos a baterem sucessivos recordes ao longo dos últimos anos, com o índice Nasdaq a valer hoje mais de quatro vezes o que valia no pico da bolha das dot-com. E daqui em diante?

2025 tem-se revelado, para já, um ano difícil para as tecnológicas. Esta segunda-feira, o Nasdaq esteve a descer mais de 4%. Empresas como a Nvidia, Tesla e Palantir têm sido penalizadas pelo nervosismo dos investidores desde o início do ano.

A Nvidia desvaloriza cerca de 15% em 2025, enquanto a Tesla desce 26%. A Palantir, especializada em plataformas de software que permitem a tomada de decisões orientada por IA, afunda 20% desde o início do ano. Desempenhos que levantam alguns receios, no ano que se comemora o 25.º aniversário da bolha das dot-com.

“Entendendo a bolha para investir em ativos cuja avaliação está muito descorrelacionada dos resultados, há essa possibilidade [de uma nova bolha], porém também se verifica que estas cotadas têm balanços muito diferentes”, refere João Queiroz. “Há uma preocupação que não havia por parte dos acionistas e dos stakeholders. Têm um grau de exigência diferente”, remata.

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Son Vell (Menorca), entre os 24 destinos mais exclusivos e únicos do mundo, segundo o “The Times”

  • Servimedia
  • 11 Março 2025

Os destinos selecionados representam uma visão que vai além da exclusividade material, dando prioridade à sustentabilidade, autenticidade, atenção aos detalhes e ligação com o ambiente.

O jornal britânico ‘The Times’ publicou uma lista dos 24 destinos mais exclusivos do mundo, uma seleção feita pela jornalista de viagens Gemma Bowes que destaca destinos “excecionais” em cenários privilegiados que oferecem uma experiência única.

Entre os selecionados está Son Vell, um hotel “que representa o luxo sustentável” no coração de Menorca. Os seus promotores destacam que “combina elegância, tradição e sustentabilidade num cenário natural inigualável. Localizado numa propriedade histórica do século XVIII, o Son Vell destaca-se pela sua integração na paisagem de Menorca, oferecendo uma experiência de desconexão total com foco na sustentabilidade e na cultura local. A sua arquitetura tradicional restaurada, a sua oferta gastronómica baseada em produtos locais e os seus extensos jardins fazem dele a escolha ideal para quem procura exclusividade sem sacrificar a autenticidade”.

A seleção do Times também inclui Lanzarote e a coleção de espaços criados pelo artista César Manrique, incluindo o Jardim dos Cactos, a Casa Museo César Manrique em Haría, uma casa caiada de branco no seu estilo inconfundível, e os Jameos del Agua, um espetacular sistema de cavernas que outrora albergou uma discoteca. Para alojamento, Finca Tomaren oferece villas nas paisagens vulcânicas do interior da ilha. Também em Haría, La Casa de los Naranjos é um fabuloso boutique hotel que combina charme e exclusividade.

Para além disso, a lista inclui uma variedade de destinos remotos, refúgios únicos e hotéis elegantes. Entre eles, Kandy, no Sri Lanka, aninhado nas colinas centrais do Sri Lanka, combina misticismo e uma exuberante beleza tropical. A partir da Kandy House, uma mansão com 200 anos de idade, rodeada de jardins, pode ouvir-se os cânticos dos monges ao pôr do sol e oferece uma atmosfera única.

Também Uma Paro (Butão). O Butão está a emergir como um destino de sonho que cada vez mais viajantes quererão descobrir. Explore o icónico mosteiro Tiger’s Nest ou embarque no desafiante Jomolhari, um trekking de dez dias e regresse ao hotel Uma Paro para desfrutar da sensação de bem-estar com um banho de pedras quentes, uma tradição local que é normalmente feita à beira do rio com pedras aquecidas pelo fogo.

Outro destino é Doro Nawas (Namíbia). Um deslumbrante alojamento em estilo de fortaleza no topo de uma escarpa, rodeado por vastas paisagens, rinocerontes negros, elefantes adaptados ao deserto e arte rupestre antiga, este local oferece safaris únicos e villas com camas que podem ser levadas para o exterior para dormir sob um céu estrelado.

Tal como o Coral Reef Club (Barbados). As suas suites com acesso direto à praia oferecem uma experiência de luxo tropical. Para um contraste mais rústico, o Eco Lifestyle + Lodge, na costa leste selvagem, permite-lhe desfrutar das ondas a partir de uma rede na varanda. Uma combinação perfeita de elegância e natureza num paraíso das Caraíbas.

Também na lista está o Château des Milandes, na Dordogne (França). Uma joia na região de Dordogne, outrora casa da icónica Josephine Baker, cantora, dançarina, ativista e possível espia. Construído em 1489, o castelo combina a história medieval com o toque art deco que Baker acrescentou, e é agora um museu fascinante com a sua extravagante casa de banho inspirada em garrafas de perfume.

Plus Grand Hotel Duchi d’Aosta, Trieste (Itália). Situado na majestosa Piazza Unità d’Italia, oferece quartos sofisticados e uma experiência gastronómica inigualável para uma estadia de charme com uma cozinha excecional.

Outro destino é Anakolodge, Val d’Hérens (Suíça). O Anakolodge transformou antigas cabanas alpinas (mazots e raccards) em edifícios minúsculos, com varandas e telhados de duas águas. Alojamentos únicos que mantêm o seu encanto rústico, mas com um toque moderno: interiores com cozinhas de betão à vista, uma parede de escalada numa varanda e banheiras de hidromassagem a lenha ao ar livre.

Zu Nillu. Favignana, Ilhas Aegadianas (Sicília). Uma villa única construída numa antiga pedreira romana, com imponentes muros de pedra e escadas que ligam a piscina, os terraços e um palco ao ar livre. Um retiro exclusivo num canto paradisíaco do Mediterrâneo, com um caminho privado que conduz a uma enseada secreta para nadar em águas cristalinas.

E depois há o Lord Crewe Arms, em Blanchland (Northumberland). Construído sobre as ruínas de uma abadia de 1165, o Lord Crewe Arms é uma encantadora estalagem rural nos Peninos do Norte, uma Área de Beleza Natural Excecional. A sua atmosfera histórica é sentida nas suas escadas de pedra, salas de jantar medievais e uma cripta abobadada convertida em bar.

A lista do Times é completada por outros destinos e alojamentos em todo o mundo, cada um com o seu próprio caráter distintivo. Estes incluem Tayka del Desierto (Bolívia), um hotel extremo e fascinante, considerado um dos mais altos do mundo; The Josef Kreidl Hütte, Jochberg (Áustria). Para uma escapadela de esqui com uma diferença, esta antiga estalagem de esqui permite-lhe esquiar por uma rota cénica ou fora de pista. Pura magia alpina; Kestle Barton (Cornualha), uma antiga quinta convertida em acolhedoras casas de férias num cenário arborizado, oferecendo uma estadia elegante e tranquila junto ao rio Helford; Borradill, Ardnamurchan (Escócia), um retiro moderno de design escandinavo na costa ocidental selvagem da península de Ardnamurchan, Borradill, no coração da natureza selvagem com vistas deslumbrantes sobre Loch Sunart; Coed y Bleiddiau, Blaenau Ffestiniog (País de Gales), uma encantadora casa ferroviária restaurada pelo Landmark Trust para experimentar a magia dos comboios a vapor no coração do País de Gales, uma vez que tem a sua própria paragem privada mesmo em frente à casa de campo; Red Cliffs Lodge Zion (EUA), localizado perto do Parque Nacional de Zion, este lodge oferece uma experiência de luxo entre formações rochosas de cortar a respiração e trilhos para caminhadas desafiantes; e Kiattua Camp (Gronelândia), um luxuoso acampamento nos fiordes, perfeito para aventuras na natureza selvagem, como navegar entre icebergues, pescar bacalhau e truta do Ártico com um chef privado, visitar povoações inuítes e saltar de icebergues em fatos secos, desfrutando da beleza selvagem de cortar a respiração.

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5 coisas que vão marcar o dia

Parlamento decide futuro do Governo de Luís Montenegro com votação da moção de confiança. EUA e Ucrânia reúnem na Arábia Saudita para avançar com acordo dos minerais.

O Parlamento discute e vota a moção de confiança apresentada pelo Governo depois da polémica relacionada com a empresa familiar de Luís Montenegro. Na Arábia Saudita, delegações dos EUA e da Ucrânia voltam a sentar-se à mesa em torno do acordo de minerais. Esta e outras notícias vão marcar o dia.

Governo de Luís Montenegro cai?

O Parlamento discute e vota a moção de confiança apresentada pelo Governo, na sequência da polémica relacionada com a empresa familiar do primeiro-ministro, Luís Montenegro. A votação tem lugar após o final do debate que arranca às 15h00.

Ecofin discute competitividade

Os ministros das Finanças da União Europeia realizam um debate de orientação sobre a competitividade da economia e a redução de encargos regulamentares. A Comissão Europeia irá apresentar o pacote omnibus. A situação da guerra na Ucrânia também está na agenda dos trabalhos.

Marco Rubio na Arábia Saudita

Uma delegação liderada pelo secretário de Estado americano Marco Rubio está na Arábia Saudita para encontros com as autoridades sauditas, mas também para reuniões com responsáveis ucranianos com vista ao acordo de minerais entre os dois países, depois do desentendimento na Casa Branca entre Trump e Zelensky.

Volkswagen e Mercadona apresentam contas

Volkswagen e Mercadona são duas das empresas que apresentam contas. No caso do fabricante alemão, o anúncio dos resultados surge num momento delicado para o setor automóvel europeu e em que Portugal continua a tentar atrair um modelo elétrico que assegure o futuro da fábrica da Autoeuropa. Já a Mercadona continua a expandir o seu negócio de retalho alimentar em Portugal.

5 anos da pandemia de Covid-19

A Organização Mundial de Saúde (OMS) assinala o 5.º aniversário da classificação da epidemia de Covid-19 como “pandemia”.

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Santa Casa de Lisboa lança hasta pública de imóveis por 18,5 milhões

A instituição põe à venda uma moradia em Loures, um apartamento no Seixal e um terreno e dois prédios em Lisboa por 18,5 milhões.

A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) vai realizar esta terça-feira uma hasta pública de imóveis no âmbito do plano de reestruturação. Entre os ativos estão um apartamento T1 no Seixal, uma moradia T1 em Loures e um terreno e dois prédios em Lisboa, cujo valor base total de alienação ultrapassa os 18,5 milhões de euros.

Entre os imóveis que a instituição vai tentar vender está uma moradia T1 em Loures com logradouro, por reabilitar, cujo preço base é de 59.375 euros. A SCML também quer vender um T1 no Seixal com um valor inicial de 121.025 euros.

Fazem também parte dois prédios em Lisboa. Um na freguesia de Santo António, em propriedade total, com cinco pisos acima do solo, para obras de reabilitação, e com um valor base de mais de 1,6 milhões de euros, bem como outro na freguesia de Arroios, também em propriedade total, com oito apartamentos e quatro lojas de comércio, para obras de reabilitação, pelo qual pede quase 3,4 milhões de euros.

No pacote de imóveis consta ainda um terreno em Lisboa, na freguesia da Ajuda, com 13.640 metros quadrados e com valor base de alienação de quase 13,4 milhões de euros.

A hasta pública está marcada para esta terça-feira, às 10h, na sala de extrações da Santa Casa da Misericórdia.

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Maior feira de emprego no turismo regressa a Lisboa com mais de mil vagas

Nona edição da Feira de Emprego do Turismo divide-se em cinco momentos: depois de Vilamoura, Évora e Coimbra, decorre esta semana em Lisboa. Segue depois para o Porto. Totalizam dez mil vagas.

Lisboa acolhe esta sexta-feira, dia 14 de março, mais uma edição da Feira de Emprego do Turismo. Desta vez, promete fazer a ponte entre 110 empresas do setor e mais de mil oportunidades de trabalho. Em declarações ao ECO, o responsável António Marto argumenta que o turismo “tem de ser” atrativo também para os mais mais jovens, já que são estes que “podem aumentar a qualidade oferecida“, quer pelas suas qualificações, quer “por terem cada vez mais mundo”.

António Marto é responsável pela Feira de Emprego do Turismo

A Feira de Emprego do Turismo nasceu há quase uma década em Lisboa — este ano assinala-se a nona edição — com cerca de 400 ofertas de emprego. Desde então tem crescido, dividindo-se este ano em cinco momentos: depois de em fevereiro ter tido lugar em Vilamoura, Évora e Coimbra, em março acontecerá em Lisboa (a 14) e depois ruma ao Porto (a 26).

Ao ECO, o responsável Antonio Marto adianta que estarão disponíveis nestes vários encontros mais de dez mil oportunidades de trabalho em centena e meia de empresas. Destas vagas, cerca de 1.400 são relativas ao evento que decorrerá em Lisboa (na Sala Tejo da Altice Arena) no fim desta semana.

Este evento na capital — cuja participação é gratuita, ainda que exija inscrição prévia até quarta-feira — será dividido em dois blocos: até ao almoço, o foco serão os alunos do ensino secundário, profissional e universitário; já o período da tarde será dedicado ao público em geral.

Entre as iniciativas incluídas, destaque para as sessões de mentoria, que têm “como objetivo oferecer orientação personalizada a todos aqueles que procurem progredir nas suas carreiras“, e as speed interviews (entrevistas rápidas), “organizadas por diversas empresas presentes, que têm como objetivo criar um momento com os candidatos qualificados, que serão pré-selecionados pela organização“.

O turismo passou de uma atividade muito importante para um setor fundamental para o nosso país. Esta relevância é por demais evidente. Aliás, verificamo-lo em cada um dos nossos eventos“, sublinha António Marto.

O turismo passou de uma atividade muito importante para um setor fundamental para o nosso país. Esta relevância é por demais evidente. Aliás, verificamo-lo em cada um dos nossos eventos.

António Marto

Fundador da Bolsa de Empregabilidade

O turismo é um dos setores onde os empregadores nacionais reportam, neste momento, mais dificuldades em recrutar trabalhadores. António Marto salienta que, a curto prazo, são precisas 50 mil pessoas, sendo que tem havido maior cuidado no recrutamento, diz.

As equipas de recursos humanos têm uma maior atenção ao currículo e aproveitam todas as possibilidades, seja através de sessões de mentoria com pequenos grupos, que visam oferecer orientação personalizada aos candidatos, seja em speed interviews, na qual todos os interessados podem ter uma conversa de três a cinco minutos com as entidades presentes. E, claro, nos diálogos informais junto de quem visita os seus stands“, afirma o responsável.

Salários a melhorar no turismo

Com os trabalhadores a escassear, os empregadores do turismo têm melhorado os salários oferecidos, garante António Marto, que aponta a valorização não só do salário base como também das condições gerais oferecidas.

“Claro, há ainda um longo caminho a percorrer, um pouco ao encontro da realidade nacional, independentemente do setor. Agora, se cresce a qualidade dos candidatos, tal tem um natural impacto nas suas exigências, com consequências também no que as entidades patronais têm de apresentar se quiserem alcançar as suas metas de recrutamento”, assinala o responsável.

Por outro lado, quanto aos horários de trabalho difíceis que caracterizam o setor, António Marto considera que “é difícil contornar” pela própria natureza da atividade.

“No entanto, as empresas do setor têm procurado equilibrar escalas e oferecer maior previsibilidade nos horários. Acima de tudo, as organizações têm de ser francas na descrição do cargo em questão, de forma a não criar expectativas que depois não possam cumprir. E aos candidatos exige-se a responsabilidade de apenas aceitar uma proposta para a qual estejam preparados“, defende o responsável.

As organizações têm de ser francas na descrição do cargo em questão, de forma a não criar expectativas que, depois, não possam cumprir. E aos candidatos exige-se a responsabilidade de apenas aceitar uma proposta para a qual estejam preparados.

António Marto

Fundador da Bolsa de Empregabilidade

Perante estes dois pontos — os salários e os horários –, e questionado sobre a atratividade deste setor para os jovens, António Marto é claro: o turismo tem de atrair os mais trabalhadores com idades mais tenras, até para melhorar a sua qualidade.

“Estou otimista, basta circular pelos corredores da Feira de Emprego do Turismo para sentir o entusiasmo dos jovens que nos visitam“, atira o responsável.

Na visão de António Marto, o sucesso não tem de ser apenas associado a gestores, investidores ou desportistas. “Basta ver o impacto das recentes notícias em torno dos chefs e dos restaurantes com estrelas Michelin para aferir que é um tema muito sério e que Portugal cuida daqueles que, com o seu esforço e competência, dão um estatuto e dimensão superiores ao país nestas áreas“, remata o responsável.

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Lionesa leva à feira do imobiliário de Cannes novo projeto de campos de padel e sports club

O Centro empresarial Lionesa deverá atingir os 30 mil colaboradores em 2030. Terá mais 110 mil metros quadrados de novos espaços verdes, desportivos e escritórios.

Lionesa10 março, 2025

Com vista a atrair cada vez mais talento e contribuir para um estilo de vida ativo no ecossistema empresarial, o Lionesa Business Hub (LBH), em Matosinhos, vai construir novos equipamentos destinados à prática desportiva e de lazer, que incluem campos de padel e sports club. E que acrescem ao projeto de expansão de escritórios e espaços de restauração, que se arrasta há vários anos, num investimento de 40 milhões de euros, e que poderá adicionar entre 2.000 a 3.000 novos empregos nos próximos três anos.

Estes são alguns dos trunfos que o LBH, em Matosinhos, apresenta, entre quinta e sexta-feira, no MIPIM, a maior feira mundial do setor imobiliário, em Cannes, França.

Pelo quarto ano consecutivo, o LBH integra a comitiva do Greater Porto — que junta os municípios de Matosinhos, Porto e Vila Nova de Gaia –, com o objetivo de reforçar a sua posição “como um centro empresarial inovador e destino de destaque para empresas e talentos”, explana Eduarda Pinto, diretora executiva deste hub.

Desta vez, os donos deste centro empresarial — que emprega 7.000 pessoas de mais de 47 nacionalidades, e prevê ter atingir as 30.000 em 2030, como Eduarda Pinto recentemente adiantou — tiram da cartola a aposta no desporto e lazer para dinamizar ainda mais o hub. Entre as 120 empresas instaladas constam a FedEx, a Oracle e a Vestas.

“Estamos a introduzir milhares de metros quadrados de novos espaços verdes, juntamente com instalações sociais, desportivas e de lazer, para criarmos um ambiente onde as empresas e as pessoas possam continuar a prosperar“, detalha Eduarda Pinto sem, contudo, avançar com valores de investimento e datas de execução do novo projeto.

Estamos a introduzir milhares de metros quadrados de novos espaços verdes, juntamente com instalações sociais, desportivas e de lazer, para criarmos um ambiente onde as empresas e as pessoas possam continuar a prosperar.

Eduarda Pinto

Diretora executiva do Lionesa Business Hub (LBH)

Num mercado em crescente competitividade, onde a seleção de um ambiente de trabalho vai além do escritório convencional, o LBH investe numa abordagem integrada que junta a cultura, o bem-estar e a sustentabilidade como elementos essenciais e decisivos na captação e manutenção de talentos”, assinala a diretora executiva do LBH. Também serão dadas a conhecer “inovadoras soluções de Flex Working e Flex Living”.

Ao todo, são 110 mil metros quadrados de expansão, onde se inclui ainda o projeto de construção de edifícios de escritórios e área “coliving”, que se arrastam há vários anos. O prazo da conclusão, inicialmente apontado para 2025, acabou por derrapar para 2026, no caso da construção de edifícios de escritórios e área coliving, e para 2027, para a abertura ao público do túnel, segundo o CEO da Lionesa, Pedro Pinto, avançou ao ECO/Local Online, em março de 2024.

Projeto de expansão do Lionesa Business Hub10 março, 2025

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Montenegro avança como candidato a primeiro-ministro mesmo se for constituído arguido

Primeiro-ministro diz que não cometeu nenhum crime e não se demite. Na entrevista, Montenegro revelou ainda uma mais-valia de 200 mil euros com a venda de ações do BCP.

O primeiro-ministro, Luís Montenegro, afirmou esta segunda-feira que continuará a ser candidato às legislativas mesmo que seja constituído arguido e reiterou que não cometeu nenhum crime. “Avanço com certeza“, disse o chefe do Governo em entrevista à TVI/CNN, quando questionado sobre se manteria a candidatura a primeiro-ministro caso a Justiça o constituísse arguido.

A menos de 24 horas do debate e votação da moção de confiança no Parlamento, com chumbo anunciado e que deverá levar a eleições antecipadas, Luís Montenegro garantiu que não cometeu qualquer ilegalidade. “Tenho a convicção plena que não cometi nenhum crime. Até à data ainda ninguém me imputou nenhum crime“, afirmou.

Embora reconheça que a situação “não é agradável”, vincou: “Não me demito, porque não tenho razões para me demitir“. O chefe de Governo admite, no entanto, que cometeu “alguns erros na comunicação”.

“É muito duro quando se fazem imputações e insinuações e se lançam acusações como as que têm recaído sobre mim nos últimos dias e semanas e que ainda por cima se transmitem para a família”, disse.

Luís Montenegro revelou que irá convocar esta semana o Conselho Nacional do PSD, mas entende que tem condições para continuar a liderar o partido. “Só quero estar à frente do PSD se o PSD quiser. Todos os elementos que disponho é que é essa a vontade do PSD”, disse, acrescentando que “não há a ninguém” a levantar a questão da liderança.

Montenegro revela mais-valia de 200 mil euros com venda de ações do BCP

Luís Montenegro revelou ainda que obteve uma mais-valia de cerca de 200 mil euros com a venda de ações do BCP uma semana antes de ter tomado posse como primeiro-ministro, em abril do ano passado. Mas contou que, apesar dos ganhos, foi um “investimento muito sofrido” ao longo de mais de uma década em que teve as ações.

“Entendi que, apesar de [o investimento] vir desde 1998, como primeiro-ministro, não devia ter ações de uma entidade cotada na bolsa. Se não tivesse vendido essas ações, elas teriam valorizado três vezes mais”, explicou o líder do Executivo.

Montenegro começou por investir em ações no Banco Português do Atlântico em 1998, “ainda era solteiro” e com recurso a um empréstimo bancário a cinco anos. Essas ações foram depois convertidas em ações do BCP em 2000 devido à fusão dos dois bancos. “Andei com as ações durante muito tempo até que um dia vendi com uma mais-valia razoável. Mais tarde acabei por fazer uma asneira que foi retomar a compra de ações do BCP. Isso está em todas as minhas declarações no Tribunal Constitucional”, adiantou.

Recordou que foi um “investimento muito sofrido” nos últimos 10-12 anos porque estava com perdas potenciais. E num dos últimos aumentos de capital decidiu comprar o equivalente ao que já detinha para, segundo explicou, “tentar baixar o preço médio das aquisições para recuperar a poupança que estava ali acumulada”.

Há cerca de um ano, uma semana antes de tomar posse como primeiro-ministro, desfez-se das ações. Se as tivesse mantido, poderia vendê-las hoje com um lucro bem superior devido à forte valorização do banco nos últimos anos.

No final da entrevista, o primeiro-ministro confirmou ainda que pagou 250 euros por noite no hotel de cinco estrelas Epic Sana, com o qual fez um acordo, enquanto decorriam as obras no seu novo apartamento na Lapa, Lisboa. “Achei que tinha direito a uma vida mais recatada. Fui eu que paguei”, rematou, antes de adiantar que agora vive na residência oficial em São Bento.

(Notícia atualizada às 21h49)

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Pedro Nuno Santos acusa Montenegro de “pedido de demissão cobarde”

Líder do PS diz que o primeiro-ministro não teve coragem de assumir as consequências do caso da empresa familiar. "Não é bem uma moção de confiança, é um pedido de demissão cobarde".

Pedro Nuno Santos acusou Luís Montenegro de um “pedido de demissão cobarde” ao apresentar a moção de confiança ao Governo, sabendo de antemão que a maioria dos partidos ia chumbar a proposta. E o secretário-geral do PS não mostrou receio de avançar para eleições antecipadas apesar das sondagens desfavoráveis.

“O primeiro-ministro, quando apresenta uma moção de confiança, sabe qual vai ser o voto do PS e da maioria do parlamento. Mesmo assim decidiu levar. (…) Não é bem uma moção de confiança, é um pedido de demissão cobarde”, disse o líder socialista, esta segunda-feira, em entrevista à SIC.

“Disse sempre que chumbaríamos uma moção de confiança”, reiterou Pedro Nuno Santos. “Não podemos voltar atrás sob pena de juntarmo-nos a Luís Montenegro como políticos sem credibilidade”, atirou ainda.

Pedro Nuno Santos diz que o primeiro-ministro “não teve coragem de assumir as consequências do que aconteceu”, “pediu a demissão” e agora quer “transportar para a oposição aquilo que era a sua responsabilidade”. E lembrou uma frase de Francisco Sá Carneiro: “A política sem risco é uma chatice e sem ética é uma vergonha”.

Sobre a comissão parlamentar de inquérito à Spinumviva, o secretário-geral do PS reiterou que a mantém. “O primeiro-ministro foi-se recusando sistematicamente a dar esclarecimentos cabais, claros e inequívocos“, lamentou. “As respostas escritas não são suficientes para esclarecer as suspeitas. A suspeita de que os serviços não foram prestados ou foram prestados por um preço muito superior, quer dizer que temos uma empresa que diz que prestou serviços que não prestou”, explicou.

Segundo Pedro Nuno Santos, a comissão parlamentar de inquérito iria permitir aos deputados ter acesso ao “mapa de horas, o trabalho que foi feito, as interações e provas de trabalho que justificam as avenças pagas”.

A menos de 24 horas para a votação da moção de confiança, o líder socialista disse não ter receio de avançar para eleições antecipadas, mesmo que as sondagens sejam desfavoráveis. “Não podem ser sondagens numa matéria que tem a ver com a ética, transparência e na confiança nas instituições que nos faça refugiar no cálculo e tática político”, defendeu.

“Uma coisa que vamos aprendendo sobre sondagens é que não nos devemos precipitar. Mas sei que Luís Montenegro está pior do que estava há um ano, a confiança quebrou-se em relação ao primeiro-ministro e isso é fatal. Quebrou-se por culpa própria”, referiu, atirando o ónus da responsabilidade da crise política para o primeiro-ministro. “Não foi o PS nem nenhum outro partido que iniciou esta crise política”.

(Notícia atualizada às 20h38)

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Montenegro diz que venda da quota à mulher foi “legal” e não praticou o crime de procuradoria ilícita

O primeiro-ministro respondeu às várias perguntas feitas pelo grupo parlamentar do BE e do Chega. Juridicamente, o líder do Executivo garante que está tudo dentro da lei.

Nas respostas de Luís Montenegro, enviadas esta segunda-feira por escrito, às 24 perguntas feitas pelo grupo parlamentar do Bloco de Esquerda (14) e Chega (dez), há dois temas de interpretação jurídica em que o líder do Executivo insiste na sua tese: a passagem das suas quotas da Spinumviva à mulher foi legal e não, não cometeu (nem a empresa) qualquer crime de procuradoria ilícita.

A criação da empresa familiar do primeiro-ministro ganhou contornos políticos este mês, levantando questões sobre o papel que o primeiro-ministro ainda terá nesta sociedade e levando o líder do Executivo a desafiar a oposição a apresentar uma moção de censura, o que acabou por acontecer, por iniciativa do PCP. E que foi chumbada. Esta terça-feira será apresentada pelo Governo uma moção de confiança que, ao que tudo indica, deverá ser chumbada e levará à marcação de eleições antecipadas.

Assim sendo, o BE pergunta e Montenegro responde. Em que se baseia o primeiro-ministro para afirmar que a venda da sua quota à sua mulher, com quem se encontra casado em comunhão de adquiridos, é um negócio juridicamente válido?

Montenegro, que é advogado de profissão, justifica tal negócio repescando a doutrina de Antunes Varela de Pires de Lima (pai) que, numa anotação ao artigo 1714 º do Código Civil – que diz que essa venda é nula –, defende que “a proibição da compra e venda entre os cônjuges sofreu, porém, uma séria derrogação, no que respeita à cessão de quotas entre os cônjuges”.

Porque, diz Montenegro, esta regra foi derrogada pelos Código das Sociedades Comerciais que prevê “expressamente que é permitida a constituição de sociedades entre cônjuges, bem como a participação destes nas sociedades, desde que só um deles assuma responsabilidade ilimitada, não dependendo sequer a produção de efeitos de cessão de quotas entre cônjuges, ao contrário do que é a regra geral, do consentimento da sociedade”.

O BE insiste: “Mas se entende como juridicamente válida a transferência da quota e que, portanto, não detém a mesma desde 30 de junho de 2022, porque decidiu transferir a empresa para os seus filhos?”.

O líder do Executivo explica: “Naturalmente, não fui eu que decidi sozinho promover essa transferência. Efetivamente, recaiu sobre mim a responsabilidade de anunciar que a empresa iria doravante ficar exclusivamente nas mãos dos meus filhos, seja pela necessidade de prestar esclarecimentos públicos, seja porque tal ocorreu mediante uma doação das quotas da minha mulher, que careceu, nos termos da lei, do meu consentimento”. Uma tese que já foi partilhada pelo advogado Magalhães e Silva, na SIC Notícias.

Mas, como é costume na área do direito, a doutrina diverge. O advogado António Jaime Martins diz assertivamente que esta transmissão de quotas pode ser declarada nula. “Nos termos do artigo 1714.º, n.º 2, do Código Civil português, é proibida a celebração de contratos de compra e venda entre cônjuges, salvo se estiverem separados judicialmente de pessoas e bens. Que não é o caso, visto que o regime em causa é o de comunhão de adquiridos”, diz.

Para isso, o advogado invoca jurisprudência do Tribunal da Relação do Porto – de 2016 – que considerou que, “se a cessão de quotas se concretizar através de um contrato de compra e venda entre cônjuges, a mesma será nula, exceto se os cônjuges estiverem separados judicialmente de pessoas e bens”.

Bem como um acórdão da Relação de Lisboa – de janeiro de 2023 – que analisou uma situação em que os cônjuges, casados em regime de comunhão de adquiridos, realizaram uma cessão gratuita de quotas. O advogado explica que o tribunal concluiu que tal doação seria nula se a quota cedida não fosse bem próprio do cônjuge doador.

Em suma, “tanto a legislação como a jurisprudência portuguesas estabelecem a nulidade de contratos de compra e venda, bem como de doações, entre cônjuges casados em regime de comunhão de adquiridos”, conclui António Jaime Martins. Uma tese defendida por António Lobo Xavier, também na Sic Notícias, também advogado, que considera esta venda ilegal.

E no caso da procuradoria ilícita?

O BE pergunta ainda diretamente se “os serviços prestados, nomeadamente até à entrada em vigor da Lei n.° 10/2024, de 19 de janeiro (Regime Jurídico dos Atos de Advogados e Solicitadores) podem configurar procuradoria ilícita?”. A resposta é objetiva: “Não foram praticados quaisquer atos próprios de advogados ou solicitadores”.

Mas a explicação já é um tanto ou quanto subjetiva: “O serviço descrito configura uma tarefa comum daqueles que atuam ou assessoram o encarregado de proteção de dados, o qual é designado com base nas suas qualidades profissionais e, em especial, nos seus conhecimentos especializados no domínio das regras e das práticas de proteção de dados, não carecendo de certificação profissional para o efeito”, diz Montenegro.

“De resto, há no mercado inúmeras empresas e prestadores de serviços com formações técnicas diversas, muitas vezes complementares ou adequadas ao tratamento de dados específicos de cada cliente. Estas assessorias podem revestir-se de uma componente de planeamento e auxílio às decisões de procedimentos dos responsáveis pelo tratamento e também ao próprio exercício da função que se exige independente (e por isso muitas vezes externalizada) do encarregado de proteção de dados”.

Quanto a este assunto, o questionário do Chega de André Ventura é omisso.

Esta segunda-feira, o ECO noticiou em primeira mão que o Conselho Regional do Porto da Ordem dos Advogados (OA) abriu uma averiguação de suspeitas de procuradoria ilícita à Spinumviva, empresa familiar de Luís Montenegro. Jorge Barros Mendes, líder da regional do Porto, explica que “no decurso das averiguações logo se verá que atos foram praticados e por quem”, disse.

Colocando de lado as dúvidas de potencial conflito de interesses entre o primeiro-ministro e a Solverde, em causa dúvidas relativamente aos atos praticados pela própria empresa. Se configuram, ou não, atos jurídicos que – até abril de 2024 – eram exclusivos de advogados e só poderiam ser exercidos em contexto de uma sociedade de advogados e não de uma sociedade comercial. E, também aqui, a doutrina diverge.

O advogado Paulo Saragoça da Matta considera que sim, que parece “claro que estamos perante procuradoria ilícita”. Por seu turno, Paulo de Sá e Cunha, atual presidente do Conselho Superior da Ordem dos Advogados, considera que não estamos perante um caso de procuradoria ilícita.

António Jaime Martins defende que os atos referidos pela empresa “exigem qualificação jurídica. E mesmo agora a consultoria jurídica por empresas está sujeita a requisitos apertados e neste caso a empresa nem sequer é uma multidisciplinar pois não tem sócios advogados”.

Relembrando que, mesmo com as alterações introduzidas pela Lei n.º 10/2024, a prestação de serviços de consulta jurídica continua sendo uma atividade reservada aos profissionais e entidades que se enquadrem expressamente nas hipóteses previstas na lei.

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Câmara da Guarda aprova venda de terreno para hospital privado

  • Lusa
  • 10 Março 2025

O terreno foi adquirido pela Embeiral Vida por cerca de 115 mil euros para construir o Hospital São Mateus Guarda. Projeto prevê um investimento de 25 milhões e a criação de 197 empregos.

A Câmara da Guarda aprovou, esta segunda-feira, por unanimidade, a alienação de um terreno, situado junto ao parque industrial, para a construção de um hospital privado do grupo Embeiral. A hasta pública tinha sido retirada da ordem de trabalhos da reunião quinzenal do executivo, realizada a 20 de fevereiro, por causa das dúvidas dos vereadores da oposição relativamente ao processo.

O terreno foi adquirido, com entrega de proposta em carta fechada, pela Embeiral Vida por cerca de 115 mil euros para construir o Hospital São Mateus Guarda, que implicará um investimento de 25 milhões de euros e vai criar 197 postos de trabalhos.

Quinze dias depois, PSD e PS realçaram que nunca estiveram contra a instalação de uma unidade de saúde privada na Guarda e votaram favoravelmente a venda do lote tendo em conta “as explicações do presidente da Câmara”, disse à agência Lusa Adelaide Campos, vereadora do PS.

“O que o PS tem questionado é a forma como o processo foi conduzido, com falta de transparência e de linearidade, pelo presidente da Câmara. Nós queremos o melhor para cidade, não estamos nem nunca estivemos contra o hospital privado”, sublinhou a socialista.

Também o social-democrata Carlos Chaves Monteiro argumentou que o que esteve em causa há quinze dias foi “a má condução do processo” por parte do presidente da autarquia. “Este podia ser o segundo hospital privado na Guarda se o atual presidente do município não tivesse votado contra a construção de um outro há quatro anos, quando era vereador, por motivos eleitorais”, recordou o vereador e antigo presidente da Câmara.

Chaves Monteiro deixou “dois lamentos”, que, na sua opinião, comprovam que “o interesse público não está devidamente salvaguardado” no processo. O primeiro tem a ver com o facto de o caderno de encargos “só obrigar a empresa a manter o investimento durante cinco anos”, alertou o vereador da oposição.

O segundo, também de acordo com o caderno de encargos, “obriga a Câmara da Guarda a pagar o valor das construções executadas pela empresa em caso de incumprimento por parte do promotor. Se assim for, isto é pura e simplesmente um negócio imobiliário”, criticou. Para Sérgio Costa, presidente da autarquia, eleito pelo movimento Pela Guarda, com a aprovação da hasta pública pelo executivo estão “criadas as condições para que, finalmente, este investimento possa vir a ser uma realidade num futuro próximo”.

“É uma boa notícia para anunciar à Guarda e à Beira Interior”, afirmou o autarca. O edil guardense considerou ainda que “todas as dúvidas da oposição foram esclarecidas há quinze dias. Hoje, uma vez mais foi explicado que não há processo mais limpo e transparente do que uma hasta pública”.

“O que aconteceu na última reunião de Câmara foi, no mínimo, um episódio triste”, lamentou. Sérgio Costa acrescentou também que “devemos sempre defender a saúde pública, mas os hospitais e os serviços de saúde privados são excelentes complementos ao Serviço Nacional de Saúde”.

Segundo o presidente do município, o hospital privado vai surgir na Guarda “nos próximos anos, porque agora é preciso fazer o projeto, licenciar a obra, lançar o concurso da empreitada pela empresa”. O projeto será desenvolvido pela Cliniform Saúde, empresa do grupo Embeiral Vida, em parceria com as restantes empresas do grupo de saúde Casa de São Mateus, sediado em Viseu.

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Taxas de juro, economia nacional e global. ASF divulga principais riscos para os seguros

O regulador concluiu que nos próximos 6 meses as seguradoras preveem agravamento dos riscos geopolíticos, dos cibernéticos, dos associados à economia e os associados à carteira de investimentos.

As seguradoras consideram que os principais riscos individuais para o setor são aqueles relacionados com o ambiente macroeconómico nacional e internacional, os de subscrição, os geopolíticos e o risco de taxa de juro.

Quanto às categorias de riscos específicos dos ramos Vida e Não Vida destaca-se o risco relacionado com a evolução da produção. No primeiro semestre de 2024 face ao anterior “no negócio Vida, assistiu-se ao desagravamento do nível de risco associado aos riscos biométricos e de resgates, enquanto, nos ramos reais, verificou-se a agudização do risco referente a eventos catastróficos e a diminuição da severidade do risco relacionado com a adequação das políticas de subscrição e tarifação”, indica a ASF.

Estes dados contam no Riskoutlook 2025. O estudo compila as respostas das entidades supervisionadas pela Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF) quanto à avaliação destas quanto aos riscos globais. Foram recolhidas as respostas ao questionário entre julho e agosto de 2024 com referência ao final do primeiro semestre.

Indo além dos tipos de risco individuais e focando-se na tipologia dos riscos as empresas de seguro apontam para os riscos macroeconómicos e os específicos dos ramos Não Vida como tendo o maior impacto atual no setor segurador. As seguradoras acreditam que estes riscos agravaram-se face ao semestre anterior havendo agora a “necessidade de reforço das medidas existentes” para os colmatar.

Os riscos de crédito e de mercado revelaram a maior queda quanto à perceção de risco face ao semestre anterior.

Já a ASF tem uma perceção diferente dos seguradores quanto aos principais riscos para o setor. O regulador classifica como médio-alto os riscos de os riscos de mercado, específicos do ramo Vida, específicos dos ramos Não Vida, de crédito e macroeconómicos.

Riscos geopolíticos, cibernéticos e económicos em destaque nos próximos meses

As empresas de seguro preveem um agravamento dos riscos geopolíticos, dos riscos cibernéticos, dos riscos associados ao ambiente macroeconómico internacional e nacional e dos riscos associados à carteira de investimentos nos próximos 6 meses.

No ramo Vida e nos ramos Não Vida, prevê-se um aumento dos riscos emergentes e do risco associado à evolução da produção.

Importa referir que acontecimentos relevantes que ocorreram após agosto do ano passado (como a eleição de Donald Trump para a presidência dos EUA) podem resultar em alterações nas perceções de risco apenas nas próximas edições deste estudo.

Seguradoras com escolhas mais sustentáveis

As seguradoras deram em 2024 mais peso do impacto das finanças sustentáveis e alterações climáticas para a sua cadeia de valor do negócio. A classificação subiu de baixa para média.

Ao mesmo tempo, as empresas têm assumido maior sensibilidade na carteira de investimentos e das responsabilidades de seguros assumidas nestas temáticas face a 2023. A avaliação passou do patamar médio para baixo.

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Europ Assistance alarga cobertura a clientes da Athlon Portugal

  • ECO Seguros
  • 10 Março 2025

A seguradora vai prestar apoio, serviços de assistência de viagem e também acompanhamento na resolução de questões relacionadas com infrações rodoviárias a quem aluga um veículo da Athlon Portugal.

A EuropAssistance e a Athlon Portugal anunciam em comunicado parceria que torna a primeira responsável pelo apoio e assistência em viagem aos clientes da Athlon.

João Horta e Costa, CCO da Europ Assistance Portugal: “Esta parceria representa um passo estratégico para a empresa”.

Parte da Athlon – fornecedor de frotas na Europa -, a Athlon Portugal oferece serviços de aluguer de veículos. Com esta parceria, os clientes que alugam viaturas à empresa passam a ser cobertos pelo seguro da Europ Assistance.

A seguradora torna-se responsável pelo apoio ao cliente, garantindo uma linha de apoio ao condutor aberta permanentemente. Além disso, presta serviços de assistência de viagem como desempanagem e reboque em caso de avaria, acidente ou problemas relacionados com o abastecimento de combustível.

O acordo também abrange a gestão de multas, fornecendo aos clientes da Athlon um acompanhamento especializado na resolução de questões relacionadas com infrações rodoviárias e multas.

A Europ Assistance oferece ainda a gestão de viaturas de substituição, garantindo apoio aos condutores em situações de manutenção, avaria, acidente, furto ou roubo de viatura.

“Esta parceria representa um passo estratégico para a empresa”, afirma João Horta e Costa, CCO da Europ Assistance Portugal. “Esta colaboração reforça a nossa posição o mercado e reflete o nosso compromisso em fornecer soluções completas aos nossos clientes”, conclui.

Por sua vez, o branch manager da Athlon Portugal acredita que a parceria acrescenta valor às soluções de mobilidade prestadas ao cliente. “A parceria com a Europ Assistance dá aos nossos clientes acesso a um serviço comprovado e adaptado às suas necessidades”, afirma Gonçalo Proença.

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