Produtor do Douro aposta em vinhos mais caros. Mercado brasileiro está a crescer

Numa altura em os viticultores se queixam da crise no setor, o produtor António Boal tem o mercado de vinhos caros em crescimento, sobretudo no Brasil que tem um peso de 30% na faturação.

Depois de anunciar a construção de um hotel de quatro estrelas, o produtor António Boal, da Costa Boal Family Estates, investe meio milhão de euros num espaço de armazenamento e engarrafamento de vinhos DOC Douro, na zona industrial de Vila Real, para dar resposta à crescente procura por vinhos premium, principalmente do mercado brasileiro que está em crescendo. De olhos postos nos vinhos de luxo, o empresário antecipa faturar 1,7 milhões de euros.

Para acompanhar esta tendência do mercado pela procura de vinhos de luxo e “de qualidade”, o empresário lançou recentemente novos vinhos premium, com a assinatura do enólogo Paulo Nunes, e de edição limitada, como é o caso do Costa Boal Homenagem Tinto, com 3.000 garrafas, cada uma a custar 90 euros, ou as 600 garrafas da referência Costa Boal Homenagem Rosé de 1,5 litros, a 80 euros cada.

Estes novos vinhos apresentam uma nova imagem gráfica que reflete a tradição de mais de 150 anos de história de mãos dadas com a modernidade da marca que pretende reforçar o seu posicionamento no segmento premium. Também é dado relevo ao brasão da família neste rebranding.

Igualmente a pensar nesta tendência do mercado por vinhos mais caros, António Boal prepara-se para adquirir mais uma quinta de vinhas velhas mas, sem contudo, entrar em grandes detalhes sobre a possível localização ou o investimento previsto. “O objetivo é aumentar a qualidade dos vinhos em portfólio. As pessoas pagam pela qualidade, por gamas altas”, assinala o produtor ao ECO/Local Online que, apesar de “estar a vender menos garrafas”, tem o mercado de vinhos caros em crescimento, sobretudo no Brasil que tem um peso de 30% nas vendas seguido do mercado nacional (60%).

Além de reforçar o posicionamento no Brasil, António Boal quer conquistar novos pontos de venda na Alemanha, Estados Unidos, Canadá e China.

Com produção de vinho no Douro, Trás-os-Montes e Alentejo, o empresário considera que “este foi um bom ano de vindimas com mais 10% de produção de uvas do que nos últimos três anos”. Contas feitas, o produtor contabiliza 380 mil litros de colheita nas três regiões.

O objetivo é aumentar a qualidade dos vinhos em portfólio. As pessoas pagam pela qualidade, por gamas altas.

António Boal

CEO da Costa Boal Family Estates

A história do património vitivinícola da empresa começou a escrever-se em 1857, na aldeia de Cabeda, no planalto de Alijó (Vila Real), onde ainda existe a antiga adega da família datada desse mesmo ano. Requalificada em 2014, a adega mantém os lagares tradicionais de granito onde ainda se pisa a pé as uvas. “É aqui que repousam os Vinhos do Porto velhos e muitos velhos da Costa Boal, bem como outros mais recentes”, conta o produtor.

Em 2024, a empresa adquiriu a Quinta de Arufe, em Favaios, num investimento superior a três milhões de euros, para entrar na área do enoturismo e tirar partido das vinhas que a propriedade tem. O projeto contempla um hotel de quatro estrelas, com adega, sala de provas e restaurante panorâmico, em Favaios, Alijó. A unidade hoteleira deverá abrir as portas no início de 2026 e atrair maioritariamente turistas do mercado francês, britânico e brasileiro.

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5 coisas que vão marcar o dia

  • ECO
  • 14 Novembro 2024

Audições do OE2025 continuam. INE divulga estatísticas, a REN os resultados trimestrais e o TCE relatório que avalia Comissão Europeia. Ministros da Economia e Finanças sobem ao palco da Web Summit.

Continuam as audições no âmbito do Orçamento de Estado para 2025 (OE2025) e o Instituto Nacional de Estatística (INE) vai divulgar estatísticas sobre o salário bruto médio em Portugal no mesmo dia em que a REN – Redes Energéticas Nacionais apresenta resultados trimestrais. Enquanto os ministros das Finanças e da Economia sobem ao palco da Web Summit. Lá fora, o Tribunal de Contas Europeu (TCE) avalia gestão feita pela Comissão Europeia em 2023.

Qual é salário médio bruto por português?

O Instituto Nacional de Estatística (INE) vai divulgar estatísticas da remuneração bruta mensal média por trabalhador relativas ao terceiro trimestre do ano. Segundo os dados mais recentes, o salário médio bruto aumentou 6,4% no segundo trimestre em termos homólogos, ultrapassando a fasquia de 1.600. Descontando a inflação, o reforço foi de 3,6%. O órgão de estatística nacional vai divulgar ainda dados da atividade turística de setembro.

Lá fora, o Eurostat divulga estimativa rápida do Produto Interno Bruto (PIB) e emprego na União Europeia e Zona Euro no terceiro trimestre, o relatório sobre a emissão de gases com efeito estufa, dados da produção industrial e ainda registos de empresas e falências em setembro de 2024 no terceiro trimestre. Também a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) divulga dados mensais da taxa de desemprego dos países que a compõem.

REN apresenta resultados do 3.º trimestre

A REN – Redes Energéticas Nacionais vai apresentar os resultados financeiros relativos ao terceiro trimestre deste ano, após o fecho do mercado. Os últimos dados divulgados revelaram que no primeiro semestre do ano a empresa lucrou 48,6 milhões de euros, 22,9% abaixo do registado no mesmo período do ano anterior. Segundo nota enviada à imprensa, a quebra de lucro foi “em linha com o esperado”.

Audição do ministro da Economia sobre OE2024

O ministro da Economia, Pedro Reis, será ouvido na Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública, na Assembleia da República, no âmbito da apreciação, na especialidade, do Orçamento de Estado 2025. Também estão marcadas audições ao Conselho Económico e Social e ao Conselho das Finanças Públicas.

Ministro Miranda Sarmento na Web Summit

O ministro de Estado e das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, e também o ministro da Economia, Pedro Reis, vão marcar presença no último dia da Web Summit. Está previsto que o ministro das Finanças vá falar sobre os planos do governo para a reforma económica e as suas expectativas para o futuro de Portugal. Já o ministro da Economia deverá subir ao palco do evento para explicar como “Alimentar o crescimento económico sustentável através da inovação e da tecnologia”.

TCE avalia gestão da Comissão Europeia

O Tribunal de Contas Europeu (TCE) publica relatório onde avalia a gestão do orçamento da UE e a eficácia dos programas da Comissão Europeia em 2023. A avaliação recai sobre o apoio da UE à Ucrânia, a resposta ao conflito no Médio Oriente e os fundos de recuperação da pandemia da Covid-19.

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Maioria das empresas europeias ainda não pratica transparência salarial

Só 7% das organizações europeias têm estratégias implementadas que promovam a transparência salarial, número que fica bem abaixo do regime noutras regiões do planeta, como os Estados Unidos.

A maioria das empresas europeias ainda não tem implementadas estratégias que promovam a transparência salarial, mostra um novo relatório publicado esta quinta-feira pela Mercer. Ainda assim, o consultor especialista nesta matéria, João Pacheco, explica ao ECO que não há motivo para preocupação (pelo menos, para já), uma vez que os Estados-membros têm até ao final de 2026 para transpor para as leis nacionais a diretiva europeia que vem fixar regras para que os vencimentos sejam mais transparentes.

“Na Europa — excluindo o Reino Unido e a Irlanda –, apenas 7% das organizações já têm uma estratégia de transparência salarial implementada“, lê-se no “Pay transparency survey report 2024”, que tem por base as respostas de mais de mil empresas.

Confrontado com este número, o referido consultor da Mercer Portugal salienta que a diretiva europeia para a transparência salarial é recente, pelo que “é natural” que o número de empresas com políticas deste género seja reduzido. “Na verdade, é interessante que algumas organizações tenham já implementado estas estratégias“, argumenta o especialista.

João Pacheco sublinha ainda que, para muitas organizações, o que estará em falta, face ao que ficou previsto na diretiva, serão sobretudo políticas de comunicação destes dados salariais, sendo que, assinala o mesmo, “ainda não é absolutamente claro” o que constará nas leis nacionais.

Apesar de não ser motivo de preocupação, a fraca transparência salarial das empresas europeias contrasta com o que se regista noutras regiões do planeta, de acordo com o novo relatório da Mercer.

“A Europa está ainda atrás das outras regiões no que se refere à adoção de estratégias de transparência salarial, com os Estados Unidos da América a liderarem a jornada, com 19% das organizações a afirmarem já terem implementado um plano de ação”, é explicado. João Pacheco realça que vários estados federais desse país já têm regras que determinam mesmo a obrigatoriedade da transparência remuneratória.

A Europa está ainda atrás das outras regiões no que se refere à adoção de estratégias de transparência salarial, com os Estados Unidos da América a liderarem a jornada.

Pay Transparency Survey Report 2024

É de ressalvar que este novo relatório não traz dados especificamente sobre Portugal, mas o mencionado consultor salienta que o cenário registado por cá “deve estar muito alinhado” com o verificado no conjunto da Europa. “A nossa experiência é que já há empresas que estão a fazer caminho e a aplicar políticas” deste género, afirma o especialista.

Um estudo divulgado no final de junho também pela Mercer dava conta de que cerca de 40% das empresas portuguesas “não conhecem bem” as novas regras de transparência salarial, prevista na diretiva europeia. Na altura, João Pacheco disse ao ECO que tal significava que ainda havia “um caminho de consciencialização a fazer neste contexto, sobretudo por parte das entidades responsáveis pela transposição e implementação da diretiva no nosso país”.

“Há duas forças muito fortes” a puxar pela transparência salarial

Não é só a diretiva europeia que está a colocar na ordem do dia (e na agenda das empresas) a transparência salarial. As expectativas dos próprios trabalhadores estão a contribuir para isso, enfatiza a o consultor, que considera que existem “duas forças muito fortes” a puxar por ordenados mais transparentes.

Os dados recolhidos pela Mercer confirmam-no: quase sete em cada dez empregadores a nível mundial e quase seis em cada dez a nível europeu concordam que a transparência salarial é uma expectativa dos candidatos.

“Embora as organizações reconheçam as expectativas crescentes em torno da transparência salarial, existe ainda uma lacuna significativa na prontidão, com menos de um terço (32%) das empresas a afirmarem sentir-se preparadas para cumprir com os requisitos gerais de transparência“, frisa o novo relatório.

Na Europa, espera-se um aumento ainda mais significativo, com 43% das organizações a partilharem já bandas salariais para novas contratações e uma previsão de crescimento para 97% nos próximos dois anos.

Pay Transparency Survey Report 2024

Ainda assim, estima-se que a fatia de empresas que divulgam as bandas salariais para novas contratações subirá dos atuais 43% para 97% no prazo de dois anos, prazo que coincide com a transposição da diretiva europeia.

A jornada rumo à transparência salarial é desafiante, mas também está repleta de oportunidades para aqueles que a abordarem de forma antecipada e eficaz. À medida que as empresas se esforçam para dar resposta à crescente demanda dos colaboradores por transparência têm a oportunidade única de transformar o que era visto como um esforço de conformidade numa vantagem competitiva”, sublinha João Pacheco.

Em Portugal, ainda não há sinal da transposição da referida diretiva, mas há vozes que defendem que o Governo deveria aproveitar a anunciada revisitação da lei do trabalho para o fazer.

Ao abrigo das regras da diretiva, as empresas que operam nos países da União Europeia vão passar a estar obrigadas a partilhar informações sobre os salários (interna e externamente) e a tomar medidas, se a disparidade remuneratória em função do género for superior a 5%. Além disso, está previsto que as vítimas de discriminação remuneratória passem a ter direito a indemnizações e que as empresas que fujam às regras paguem coimas.

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Fundação DomusVi distingue as organizações socialmente empenhadas e Gemma Cuervo pela sua carreira profissional

  • Servimedia
  • 14 Novembro 2024

A Fundação DomusVi celebrou a 9ª edição dos seus prémios anuais no Espacio Mutua Madrileña, com um evento de gala.

Neste evento reconheceu o empenho e a inovação daqueles que trabalham para o bem-estar dos idosos, dos deficientes e das pessoas com perturbações de saúde mental. Os prémios, oito prémios com um total de 40.000 euros, destacam o trabalho de profissionais, organizações e instituições que contribuem para melhorar a qualidade de vida das pessoas vulneráveis.

Antonio Martínez, diretor corporativo da People e da Fundação DomusVi, destacou no seu discurso o reconhecimento de iniciativas e colaborações comprometidas com a sociedade. Cristina Ortiz, diretora da Fundação, sublinhou que a Fundação DomusVi está a passar por um processo de transformação para reforçar a sua governação, fazer face ao envelhecimento demográfico e desenvolver projetos de integração social.

O presidente da Fundação DomusVi, José María Pena, encerrou a gala elogiando o trabalho dos galardoados. Incentivou os centros, serviços, profissionais, entidades e instituições a continuarem a partilhar as suas boas práticas como inspiração. Sublinhou ainda que “a Fundação é um grande aliado na promoção do valor das pessoas e dos cuidados, e um ponto de apoio fundamental para a sociedade e para os nossos serviços e centros. O seu papel ativo, a nível social e setorial, permitir-nos-á enfrentar todos os nossos desafios”.

Por outro lado, o Dean’s Award, que presta homenagem a figuras cuja carreira tenha deixado um legado significativo, e que tem um donativo de 3.000 euros, foi atribuído a Gemma Cuervo pelo seu inegável trabalho ao longo da sua carreira profissional. E por ser uma referência que mostra que a idade não é uma barreira para se manter ativo. Gemma continua a sua trajetória através das redes sociais, numa luta para unir jovens e idosos, sem esquecer a importância do amor e da dignidade. A atriz doou o Prémio do Reitor à Cruz Vermelha, além da doação especial da Fundação de 25.000 euros à Cruz Vermelha para as pessoas afetadas pelo DANA na Comunidade Valenciana.

PRÉMIOS

Na categoria interna, o “Prémio Profissionais DomusVi” distinguiu os seguintes vencedores: em residências e centros de dia, a DomusVi Arandia (Biscaia) foi premiada por “Doe o seu novelo” e a DomusVi Cocentaina (Alicante) pelo seu “Calendário personalizado”. Em “saúde mental e deficiência”, a Mentalia Vitoria destacou-se com “I am for you”, um projeto de inclusão laboral, e, em ambiente doméstico, o SAD de Las Palmas foi reconhecido pelas suas “Oficinas de grupo para intervenção psicológica”. Além disso, a DomusVi Santa Justa (Sevilha) e a Faculdade de Medicina da Universidade de Sevilha receberam o prémio DomusVi Collaborations Award pelo seu programa de estágios voluntários.

Na categoria externa, o “Prémio Protagonistas em Ação” foi atribuído à Associação Sociocultural ASCM (Ferrol) pelo seu projeto “Sabedoria em Ação” sobre a inclusão comunitária dos idosos. O Prémio de Investigação no sector social e da saúde foi atribuído ao Instituto Psiquiátrico de Montreal e à Universidade Complutense de Madrid, pelo seu projeto de deteção precoce da psicose nos jovens. Por último, o Prémio de Inovação no sector social e da saúde foi atribuído à Showee Smart Wellness (La Garriga, Barcelona) pelo seu “Chuveiro eco-inteligente” para idosos e pessoas com mobilidade reduzida.

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Biorce levanta 3,5 milhões para revolucionar ensaios clínicos com IA

Startup pretende investir na área de investigação e tem planos para se "expandir para o mercado dos Estados Unidos no próximo ano", adianta o CEO Pedro Coelho, ao ECO.

A portuguesa Biorce levantou 3,5 milhões para “revolucionar ensaios clínicos com IA”. Com esta injeção de capital, liderada pela YZR Capital e o fundo MustardSeedMaze, a startup pretende investir na área de investigação e tem planos para se “expandir para o mercado dos Estados Unidos no próximo ano”.

“Este financiamento permitirá que a Biorce continue a investir em I&D para desenvolver novos modelos de IA com o objetivo de acelerar os ensaios clínicos, bem como apoiar a comercialização do nosso principal produto, o Jarvis”, adianta Pedro Coelho, fundador e CEO da Biorce, ao ECO. “Atualmente, temos parcerias públicas com o Google e a Nvidia, e temos o prazer de anunciar que duas parcerias adicionais estão em andamento”, refere ainda sem mais pormenores.

Com esta ronda — que além da YZR Capital e o fundo MustardSeedMaze contou ainda com a participação da Outsized Ventures, Pathena Family Office e da Plug and Play Tech Center — a startup eleva para 3,9 milhões o capital levantado, embora “o anterior financiamento tenha vindo diretamente dos nossos fundadores”, precisa o CEO ao ECO.

Expansão nos EUA e reforçar equipa

Além do investimento em investigação, esta injeção de capital irá também dar músculo aos planos de expansão da empresa. “Somos já ativos por toda a Europa, com planos para expandir para o mercado dos Estados Unidos no próximo ano”, revela Pedro Coelho.

Com sede em Portugal, “e uma forte equipa de produto em Barcelona, Espanha”, a startup tem planos para reforçar a equipa. “A nossa equipa cresceu para 22 pessoas e antecipamos um crescimento ao longo do próximo ano”, admite Pedro Coelho, embora sem indicar números. “Estamos sempre à procura de talento apaixonado, curioso e aventureiro pronto da transformar o setor de saúde.”

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Empresas têm de pagar IRC sobre gastos com carrinhas para transporte de trabalhadores

Fisco conclui uma viatura de nove lugares se não estiver afeta à exploração de serviço público de transporte não pode beneficiar da isenção da tributação autónoma.

Empresas que comprem uma carrinha para o transporte dos seus trabalhadores têm de pagar tributação autónoma, em sede de IRC, sobre os gastos incorridos, uma vez que a viatura ligeira em causa não está afeta à exploração de serviço público de transporte, segundo uma informação vinculativa da Autoridade Tributária (AT) publicada esta quarta-feira. Os custos com portagens e estacionamento também são tributados, tal como já tinha determinado um acórdão do Supremo Tribunal Administrativo (STA).

O ofício surge na sequência de um pedido de esclarecimento de uma sociedade que se dedica à construção, instalação, reparação e manutenção de fornos industriais e chaminés. A empresa pretende comprar “uma viatura ligeira de passageiros de nove lugares, incluindo o condutor, com peso bruto igual ou inferior a 3.500 kg, viatura essa que se destina a deslocalizar, deslocar e repatriar os seus trabalhadores para as obras a realizar”, relata a AT, e pergunta se terá de pagar tributação autónoma sobre as despesas de aquisição e utilização da carrinha, uma vez que será usada para transportar os seus funcionários.

Para beneficiar da isenção, a viatura ligeira teria de estar “afeta à exploração de serviço público de passageiros”, o que não é o caso, conclui a AT. Se a empresa fosse elegível para o incentivo à produção cinematográfica e audiovisual, relativamente aos encargos que suportem com as referidas viaturas, motos e motociclos, destinados a serem utilizados na produção cinematográfica e audiovisual, também poderia ser excluída da tributação autónoma, mas a atividade exercida é outra: construção, instalação, reparação e manutenção de fornos industriais e chaminés.

“Nenhuma das exceções […] se aplica neste caso, uma vez que se trata de uma entidade que exerce uma atividade de natureza comercial, industrial ou agrícola e a viatura a adquirir é uma viatura ligeira de passageiros […] que não está diretamente relacionada com a exploração de serviço público de transportes ou com o aluguer das viaturas no exercício da atividade normal do sujeito passivo”, esclarece a administração tributária.

Assim, e de acordo com o Código do IRC, os encargos com a compra de viaturas são tributados autonomamente em 8,5% se o custo da aquisição for inferior a 27.500 euros; em 25,5 % se o preço for entre 27.500 e 35.000 mil euros; e em 32,5 % no caso de viaturas com um custo de aquisição igual ou superior a 35.000 euros.

A empresa questionou ainda a AT se teria de pagar IRC sobre os gastos com portagens e estacionamento e o Fisco respondeu que esses encargos também são tributados autonomamente, tal como já tinha concluído um acórdão do Supremo Tribunal Administrativo (STA) publicado em Diário da República a 9 de julho.

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COP procura financiadores para angariar entre 100 mil milhões e um bilião

O grande objetivo da Conferência do Clima é conseguir consolidar as fontes de financiamento e engordar os valores dedicados à causa climática. Apesar das grandes ausências, acredita-se num acordo.

O quarto dia da 29.ª Conferência das Partes (COP29), esta quinta-feira, é dedicado especificamente ao tema “Finanças, Investimento e Comércio” — o tema forte daquela que já é apelidada a “COP das Finanças”, dado que os grandes objetivos estão precisamente debaixo deste chapéu. O grande número em cheque é a meta de 100 mil milhões de dólares que deveriam ser angariados, anualmente, para a ação climática, desde 2020. O desafio agora é acordar qual será o valor a angariar a partir de 2025, e quem irá contribuir para o novo “bolo”. Se a União Europeia concede uma duplicação do financiamento como objetivo, os ambientalistas querem puxar a fasquia até 1 bilião de dólares.

A Rede Internacional de Ação Climática (Climate Action Network) é uma das associações ambientalistas a considerar que, “no mínimo”, deve ser acordado um financiamento anual de um bilião de dólares por ano em subsídios públicos para apoiar os países em desenvolvimento. “Sabemos que é um valor que parece excessivo, e por exemplo a União Europeia aponta apenas para uma duplicação desse financiamento, mas este é um valor credível face às necessidades globais para mitigação e adaptação”, explica Francisco Ferreira, presidente da associação portuguesa Zero.

Pessoas passam pelo símbolo da COP29 a Conferência da ONU sobre as alterações climáticas em Baku, o Azerbaijão. A capital é anfitriã da conferência que decorre de 11 a 22 de novembro. EPA/ANATOLY MALTSEVEPA/ANATOLY MALTSEV

Mas a verdade é que, mesmo o valor atual, de 100 mil milhões de dólares, acordado na COP de 2009 para ser aplicado em 2020, só foi atingido — e ultrapassado — em 2022, quando os países desenvolvidos conseguiram angariar 115,9 mil milhões, de acordo com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE). Fundos públicos suportaram 80% do total.

Para a ministra do Ambiente portuguesa, Maria da Graça Carvalho, que está a representar Portugal na COP em Baku, no Azerbaijão, o resultado deverá ser, “no máximo”, duplicar os atuais 100 mil milhões, apesar de reconhecer “necessidades muito grandes”. Para a responsável, o esforço deve centrar-se em “chamar a atenção aos países que, neste momento, não contribuem” pois, com uma base de doadores mais alargada, “a cada ano podia-se aumentar o valor e seriam mais a partilhar esse esforço”. Considera importante que não se feche um valor sem ter definido antes esta base.

A cada ano podia-se aumentar o valor e seriam mais a partilhar esse esforço [caso se alargue a base de financiadores]

Maria da Graça Carvalho

Ministra do Ambiente e representante de Portugal na COP29

A eurodeputada do PSD, Lídia Pereira, que vai presidir à delegação que vai representar o Parlamento Europeu na COP29, acredita que “mais do que estarmos a fixar novos valores, o importante é assegurar que todas as partes cumprem com o que se comprometem e que quem poluiu mais seja responsável por contribuir”. Para a eurodeputada, a expectativa parece estar ainda mais baixa: “qualquer valor que seja definido, inferior aos valores atuais de 100 mil milhões de euros, será um fracasso“, atira.

Mas esta “grande” meta não é a única em jogo. Espera-se que nesta COP seja operacionalizado o Fundo de Resposta a Perdas e Danos (FRLD), criado na edição do ano anterior. Em paralelo, a operacionalização do Objetivo Global de Adaptação (GGA), deve acontecer até 2025. Os relatórios do Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas (IPCC) e do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) apontam que só o custo global para adaptação deve ultrapassar os 140 as 300 mil milhões anuais até 2030, apenas para os países em desenvolvimento, realça o economista sénior do Banco Carregosa, Paulo Rosa.

Qualquer valor que seja definido, inferior aos valores atuais de 100 mil milhões de euros, será um fracasso,

Lídia Pereira

Eurodeputada e presidente da delegação do Parlamento Europeu na COP29

Maria da Graça Carvalho entende que o foco deve estar em engordar a meta global (NCQG, na sigla em inglês) e que os restantes objetivos sejam incorporados na mesma, de forma a que exista uma “maior flexibilidade de gestão”. Francisco Ferreira defende que “pode ser uma vantagem” incorporar o Fundo de Perdas e Danos como subobjetivo no âmbito do NCQG, “já que iria partilhar de um mesmo mecanismo de monitorização”

China, Médio Oriente e privados chamados a contribuir

Confrontados com a dificuldade em financiar a causa climática, os vários envolvidos na discussão apontam na mesma direção: da China e do Médio Oriente. Lídia Pereira considera que “não é razoável” que países como como a China, a Índia ou a Arábia Saudita se refugiem no estatuto de países em desenvolvimento e não contribuam. China e Arábia Saudita são “países em desenvolvimento que não só têm responsabilidades em termos de emissões, como são consideradas económicas emergentes, com capacidade financeira para fazerem contribuições avultadas”, sublinha Francisco Ferreira. “Não é fácil negociar com países como a China, mas penso que é da responsabilidade de países que têm conseguido um grande crescimento económico, e que têm parcerias com países mais pobres como os africanos, contribuir”, remata Maria da Graça Carvalho.

[China e Arábia Saudita] são países em desenvolvimento que não só têm responsabilidades em termos de emissões, como são consideradas económicas emergentes, com capacidade financeira para fazerem contribuições avultadas.

Francisco Ferreira

Presidente da Zero

Fora a questão dos financiadores, é importante refletir sobre a divisão entre financiamento público e privado. “Se quisermos discutir o aumento dos totais só é possível aumentando também o montante de fontes privadas”, alerta Lídia Pereira.

“Financiar a NCQG a partir de 2025 exigirá uma combinação de financiamento público, mobilização do setor privado e adoção de formas inovadoras de captação e aplicação de recursos”, explica o economista sénior do Banco Carregosa, Paulo Rosa. Apesar de, “provavelmente”, a contribuição pública dos países desenvolvidos continuar a arcar com a fatia de leão do financiamento, “como o setor privado está mais voltado para investir em projetos de mitigação da ação climática (por exemplo, energias renováveis, eficiência energética), essa área pode ser fortemente reforçada por capital privado, através de Incentivos fiscais e títulos verdes“, considera o economista.

Como o setor privado está mais voltado para investir em projetos de mitigação da ação climática (por exemplo, energias renováveis, eficiência energética), essa área pode ser fortemente reforçada por capital privado.

Paulo Rosa

Economista Sénior do Banco Carregosa

Na visão de Camille Leca, responsável de ESG [sustentabilidade] na Euronext, o setor privado servirá, sobretudo, para acelerar o investimento e a inovação, enquanto o financiamento público é “essencial” para o apoio à mitigação de riscos, “criando um ambiente propício para o envolvimento privado”. A Schroders sublinha que “atrair financiamento privado está dependente de criar as circunstâncias de risco e retorno adequadas”.

No que toca às perdas e danos, um objetivo”mais desafiador”, os fundos públicos e as contribuições solidárias deverão ser os mais frequentes, acrescenta Paulo Rosa. No entanto, ressalva a Schroders, um foco na adaptação e resiliência “pode diminuir significativamente a necessidade” de financiamento das perdas e danos. Neste sentido, um reforço no escrutínio dos compromissos de adaptação de das contribuições nacionais para o clima “são passos essenciais para balancear as exigências financeiras”.

"Atrair financiamento privado está dependente de criar as circunstâncias de risco e retorno adequadas.”

Schroders

Fonte oficial

Ainda sobre o tipo de financiamento que faz sentido, Francisco Ferreira afirma que este deve basear-se em subvenções e não em empréstimos, assegurando um apoio a longo prazo, para que os países se possam adaptar às alterações climáticas sem agravar o peso da dívida, e salvaguardando o bem-estar das populações e da biodiversidade.

Em conformidade com o “princípio do poluidor-pagador”, a Zero sugere a criação de novas fontes de financiamento, como impostos sobre a indústria dos combustíveis fósseis e sobre outros setores com emissões elevadas. Já o mercado de emissões de carbono, na opinião de Lídia Pereira, “é uma forma inteligente e eficaz de encontrar financiamento alternativo” ao financiamento público para a transição climática.

Inovações como mercados voluntários de carbono, investimento de impacto e seguros climáticos podem desempenhar papéis transformadores.

Camille Leca

Responsável de ESG na Euronext

A responsável de ESG da Euronext vê ainda espaço para “mecanismos inovadores” como financiamento misto, obrigações verdes e instrumentos financeiros ligados à sustentabilidade. “Inovações como mercados voluntários de carbono, investimento de impacto e seguros climáticos podem desempenhar papéis transformadores, se bem integrados”, reforça e complementa. Além disso, defende que “uma alocação equilibrada entre necessidades imediatas e sustentabilidade a longo prazo ajudará a maximizar o impacto dos fundos”.

Apesar de todas as entidades contactadas esperarem negociações difíceis, com obstáculos como as ausências dos grandes líderes e a sombra da vitória do negacionista Donald Trump nas eleições norte-americanas, ainda há esperança. “Acredito, sinceramente, que é possível conjugar esses objetivos e chegar a um consenso”, afirma Lídia Pereira. Maria da Graça Carvalho acredita que “iremos avançar alguns passos”, desejavelmente na base de financiadores mas também nos compromissos climáticos anteriormente definidos. Camille Leca acredita que “os avanços nos mecanismos de financiamento, responsabilidade e planos de ação podem ainda tornar a COP29 impactante”. A Zero conta que “o objetivo de financiamento alcançado seja suficientemente ambicioso”.

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PSD admite propor redução do IVA das touradas para a taxa mínima no OE2025

A atividade integra o património cultural nacional pelo que não deve ser penalizada com uma taxa máxima de 23%, justifica o partido. Imposto reduzido também deverá ser alargado à carne de caça.

O grupo parlamentar do PSD deverá propor a redução do IVA dos bilhetes das touradas da taxa máxima, de 23%, para a mínima, de 6%, no âmbito da apreciação na especialidade do Orçamento do Estado para 2025 (OE2025), apurou o ECO. A concretizar-se, esta alteração revoga o agravamento do imposto introduzido pelo Executivo socialista de António Costa no Orçamento de 2020, que passou a tributar a atividade tauromáquica a 23% quando antes estava na taxa mínima. Trata-se de repetir a proposta que os social-democratas apresentaram aquando da discussão e votação da proposta orçamental para este ano.

Os deputados ainda estão a decidir se avançam ou não com a iniciativa, uma vez que não é uma matéria consensual dentro do partido que suporta, juntamente com o CDS, o Executivo de Luís Montenegro. Há parlamentares contra e a favor, mas o argumento na defesa do diploma será sempre o mesmo: a atividade passou a ser considerada parte do património cultural nacional pelo que não pode ser penalizada face a outros espetáculos artísticos, que também têm IVA a 6%. “Porque consideramos que isto é uma questão cultural, faz todo o sentido que o IVA seja equiparado à taxa reduzida como são as outras atividades culturais”, defendeu, em outubro do ano passado, o então deputado e vice-presidente da bancada do PSD, João Moura, quando o partido propôs a descida do imposto no OE para 2024.

Apresentação e debate do programa do XXIV Governo Constitucional na Assembleia da República - 11ABR24
O líder parlamentar do PSD, Hugo Soares (ao centro).Hugo Amaral/ECO

De facto, o decreto-lei n.º 89/2014, de 11 de junho, que aprova o regulamento do espetáculo tauromáquico, refere que “a tauromaquia é, nas suas diversas manifestações, parte integrante do património da cultura popular portuguesa”. E a ministra da Cultura, Dalila Rodrigues, já admitiu baixar o imposto das touradas, durante uma audição no Parlamento, no âmbito da apreciação na especialidade do Orçamento do Estado para 2025. “Se é uma atividade cultural, há que ter a redução de IVA”, afirmou na semana passada, Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública (COFAP).

Apesar destes argumentos, e da aprovação garantida com o apoio do Chega, vários partidos vão levantar-se contra a redução do IVA da tauromaquia, designadamente PS, BE e PAN, os partidos que, em 2020 votaram a favor do agravamento do IVA desta atividade para 23%. O partido de Inês de Sousa Real até tem uma proposta de alteração ao OE2025 que visa acabar com o que classifica de “borlas fiscais em sede de IVA para os toureiros”.

Se é uma atividade cultural, há que ter a redução de IVA.

Dalila Rodrigues

Ministra da Cultura

O artigo 9.º do Código do IVA determina que as prestações de serviços efetuadas por “desportistas e artistas tauromáquicos, atuando quer individualmente quer integrados em grupos, em competições desportivas e espetáculos tauromáquicos” estão isentas de IVA. O PAN pretende eliminar deste ponto a parte relativa a “artistas tauromáquicos”, acabando, assim, com a isenção do imposto para estes profissionais.

A direção da bancada laranja ainda está a fechar as propostas para OE2025 e deverá apresentá-las, no Parlamento, esta quinta-feira à tarde ou na manhã de sexta-feira, último dia para a submissão de alterações ao documento, sabe o ECO.

IVA reduzido alargado à carne de caça

Para além da redução do IVA das touradas, o PSD deverá ainda propor o alargamento do IVA reduzido à carne de caça.

Neste momento, e de acordo com o Código do IVA, todo o tipo de carnes (bovina, suína, ovina, caprina, equídea e aves de capoeira) beneficia da taxa mínima, de 6%, exceto a carne de caça. Ou seja, trata-se de dar um tratamento igual. A ser apresentada e aprovada esta alteração, significa que quando o consumidor for ao supermercado vai pagar menos imposto, uma vez que este tipo de alimento é taxado a 23%.

Este também não é um tema novo. Durante o debate do OE para 2024, os social-democratas entregaram uma proposta de alteração para acabar com “a discriminação fiscal entre a carne de aves produzidas em cativeiro e a carne de aves selvagens, proveniente de caça”, segundo o diploma que, na altura, foi apresentado.

“A discriminação fiscal existente para a carne de caça é desapropriada e prejudica não só a atividade cinegética, como também os territórios onde ela se desenvolve, normalmente localizados no interior e de baixa densidade populacional”, alertaram, no ano passado, os sociais-democratas.

O PSD também está a avaliar se avança com uma proposta para a redução do IVA das rações para animais de companhia, passando da taxa normal, de 23%, para a mínima, de 6%. No entanto, poderá optar por não apresentar um diploma próprio e aprovar antes duas alterações, uma do PAN e outra do Chega, que vão no mesmo sentido.

De lembrar que, desde 2024, as associações de proteção animal pagam IVA zero na compra de alimentação para os seus animais, fruto de uma proposta do PAN de alteração ao Orçamento do Estado para este ano.

PSD espera que PS viabilize redução do IRC

Em relação à descida de um ponto percentual do IRC, de 21% para 20%, e que consta da proposta do Governo para o OE2025, o PSD não irá apresentar alteração alguma para alargar a redução a dois pontos percentuais, como defendia inicialmente o Executivo antes de ceder à pressão do PS, apurou o ECO. A bancada, liderada por Hugo Soares, espera sim que os socialistas viabilizem a descida de um ponto para garantir que o núcleo fundamental do Orçamento é preservado e não desvirtuado.

Mas ainda que o PS vote contra, o alívio discal deverá ser aprovado com os votos do Chega que, inclusivamente, tem um diploma que vai mais longe e propõe uma redução do imposto em dois pontos, como era intenção inicial do Governo.

De resto, o número de propostas de alteração do PSD ao OE2025 será reduzido, apurou o ECO. E deverão incluir também clarificações nas dotações de alguns programas. Por exemplo, no orçamento da Agricultura será proposta a autonomização da verba, de 12,5 milhões de euros, destinada ao bem-estar alimentar e vai ser entregue outra alteração para corrigir o orçamento do Desporto, que passará para 54,5 milhões de euros, quando OE tinha inscrito 42,5 milhões de euros.

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Decisão do Constitucional sobre taxas às operadoras compromete 95% da receita da Anacom

O regulador das telecomunicações diz que o acórdão está a ser analisado e que o impacto não está ainda avaliado, escusando-se a antecipar como vai compensar esta quebra de receita.

O acórdão do Tribunal Constitucional, que veio considerar que as taxas cobradas pela Autoridade Nacional de Comunicações (Anacom) às operadoras de telecomunicações são inconstitucionais, compromete mais de 95% do orçamento de rendimentos para 2024 do regulador. A Anacom admite que “poderão existir vários cenários”, escusando-se a antecipar qual será o impacto desta decisão e como vai compensar esta quebra de receita.

“O acórdão [sobre a inconstitucionalidade das taxas cobradas às operadoras] ainda está a ser analisado, pelo que o seu impacto não está ainda avaliado”, adiantou fonte oficial da Anacom ao ECO, reconhecendo que “poderão existir vários cenários”.

A declaração da inconstitucionalidade das taxas, “com força obrigatória geral”, noticiada pelo Jornal de Negócios esta quarta-feira, foi dirigida ao gabinete do primeiro-ministro e comunicada à Anacom, sendo justificada pelo facto de a operacionalização das mesmas incumprir a lei fundamental ao ter sido determinada por uma portaria.

Esta decisão deixa em aberto a devolução dos valores que as empresas do setor, como a NOS, MEO ou Vodafone Portugal, pagaram ao regulador pelo exercício da atividade de fornecedor de redes e serviços de comunicações eletrónicas.

Só no ano passado estas taxas renderam 113,5 milhões de euros, um valor que ficou ligeiramente acima dos 111,55 milhões recebidos em 2022, segundo o relatório e contas da Anacom de 2023. Este montante recebido em taxas de utilização de frequências e taxas de atividade das comunicações eletrónicas representa cerca de 95% dos rendimentos obtidos — 119,5 milhões de euros — pela entidade liderada por Sandra Maximiano, no ano passado. Trata-se da mesma percentagem com que o regulador antecipa que estas taxas contribuam para o orçamento deste ano.

Fonte: Relatório e Contas 2023 da Anacom

Segundo o Plano Plurianual de Atividades para 2024 da Anacom, o regulador escreve que “as taxas administrativas de regulação associadas às comunicações eletrónicas, que se baseiam no princípio da orientação para os custos e que, nessa medida, variam em função do valor dos custos ligados às atividades de regulação das comunicações eletrónicas”, “representam cerca de 36,4% do total dos rendimentos“.

Já as taxas associadas à utilização de frequências do espetro “representam 59% do total dos rendimentos”. Contas feitas, estas duas taxas deveriam representar 95,4% do total do orçamento de rendimentos, que a Anacom previa, neste relatório, que atingissem os rendimentos os 122,6 milhões euros, em 2024.

Anacom e Governo preparam mudanças legislativas

Com uma importante parte do seu financiamento para este ano comprometido devido à decisão dos juízes do Palácio Ratton, a Anacom está a trabalhar com o Governo para encontrar “as soluções legislativas adequadas”.

Nos últimos anos, a ANACOM tem desenvolvido diligências junto do Governo e da Assembleia da república tendo em vista ultrapassar a situação. Já em 2022, a ANACOM deu nota desta situação ao Governo e à Assembleia da República, aos quais enviou as propostas de alteração legislativa necessárias à resolução da situação. Voltámos a fazê-lo em 2023″, explica fonte oficial do regulador ao ECO.

O Tribunal Constitucional considerou que uma vez que a obrigação do pagamento de taxas por parte das operadoras de telecomunicações foi determinada por um decreto-lei, a sua aplicação deveria ter seguido o mesmo preceito legal.

O resultado líquido do exercício de 2023, no montante de 10.750 mil euros, decresceu 78% relativamente ao verificado em 2022, relacionado essencialmente com o aumento dos gastos com provisões e juros indemnizatórios de processos judiciais em curso.

Relatório e contas 2023 da Anacom

O regulador tem registado, nos últimos anos, um aumento dos processos legais, com as operadoras a contestarem o pagamento de várias taxas aplicadas ao setor. De acordo com o relatório e contas de 2023, havia, no final do ano passado, “243 processos judiciais contra a Anacom, respeitando a maioria a ações intentadas em que são postos em causa atos decorrentes da atividade de regulação na área das comunicações eletrónicas, atos da atividade de regulação de serviços postais e impugnação de liquidação de taxas“.

Esta situação tem levado a Anacom a reforçar as provisões para fazer face a estes processos, com impacto nos resultados. “O resultado líquido do exercício de 2023, no montante de 10.750 mil euros, decresceu 78% relativamente ao verificado em 2022, relacionado essencialmente com o aumento dos gastos com provisões e juros indemnizatórios de processos judiciais em curso”, refere a empresa no mesmo documento. As provisões subiram de 18 milhões, em 2022, para 46 milhões, em 2023.

“A constituição de provisões tem aumentado de ano para ano, não só pelo surgimento de novos processos de impugnação de taxas, como pelo reforço da cobertura dos processos de anos anteriores, na medida em que decorreu mais um ano desde a data de impugnação e a provisão reforçou-se em mais 25%, até perfazer os 100% de cobertura ao final de 4 anos, nos termos da política de provisões da ANACOM”, acrescenta.

O ECO procurou obter a reação da NOS, MEO e Vodafone Portugal à decisão do TC, mas não obteve resposta das operadoras até à publicação deste artigo.

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Governo de Miguel Albuquerque mais próximo de cair. JPP vai votar a favor da moção de censura

  • ECO
  • 13 Novembro 2024

PSD da Madeira quer empurrar votação da moção de censura na Assembleia Legislativa para depois do orçamento regional, mas partidos questionam a legalidade do adiamento.

O partido Juntos Pelo Povo (JPP) vai votar a favor da moção de censura ao Governo de Miguel Albuquerque. Segundo avança a SIC Noticias, a decisão foi alcançada, esta quinta-feira, por unanimidade dos órgãos do partido.

Com este voto favorável, que se junta ao do Partido Socialista, a moção de censura apresentada pelo Chega tem aprovação garantida na Assembleia da Madeira.

O regimento da Assembleia Legislativa da Madeira prevê que a votação da moção de censura decorra até 18 de novembro – oito dias após a entrega da moção –, mas o PSD Madeira apresentou um requerimento para adiar a votação para 17 de dezembro, apoiado entretanto pelo PS, CDS e PAN.

No entanto, vários partidos questionaram a legalidade da decisão de adiar a votação, pois poderá violar o regimento da assembleia madeirense. Confrontado com esta questão esta quarta-feira, o presidente do Parlamento da Madeira, José Manuel Rodrigues, decidiu submeter o assunto a votação no plenário desta quinta-feira, onde também será votado um parecer entregue pela Chega para impugnar o adiamento da votação da moção de censura para 17 de dezembro.

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5ª Conferência: Nasce um novo patamar para os seguros de saúde

  • ECO Seguros
  • 13 Novembro 2024

O produto estrela das seguradoras está a passar para um novo degrau de maturidade com novos atores, novos produtos e novas ideias. Um debate de líderes atualizou a análise. Veja aqui.

O futuro próximo dos seguros de saúde foi debatido por Filipe Martins, administrador da Multicare, Ricardo Raminhos, administrador executivo da Mgen, Rui Leão Martinho, chairman Mútua Saúde e Teresa Xavier, Head of Corporate Business Portugal – Grupo Future Healthcare, com moderação de Francisca Pinto Gonçalves, jornalista do ECOseguros.

O painel “Seguros de saúde: Como compensar o custo do sucesso” contou com a presença de Rui Leão Martinho, Chairman da novíssima operadora Mútua Portuguesa de Seguros, de Filipe Martins, recém-nomeado administrador da Multicare, de Ricardo Raminhos, administrador executivo da Mgen e de Teresa Xavier, Head of Corporate Business Portugal – Grupo Future Healthcare, sendo moderado por Francisca Pinto Gonçalves, jornalista do ECOseguros.

Rui Leão Martinho, chairman da Mútua Saúde, explicou que o seguro de saúde comercializado pela mútua “não é um seguro vitalício”, mas de médio prazo vendido através das empresas aos colaboradores – os segurados podem depois estendê-lo para a reforma.

Teresa Xavier, Head of Corporate Business Portugal do Grupo Future Healthcare, acredita que as seguradoras continuarão a investir diretamente na prestação de serviços de saúde privados e reconhece, assim como Filipe Martins, Administrador da Multicare, que a crise na prestação de cuidados de saúde não é exclusiva do Serviço Nacional de Saúde, mas transversal ao setor e que as chaves para reduzir o congestionamento nas urgências são a prevenção e telemedicina, por exemplo.

Questionado acerca do impacto que a norma regulamentar relativa ao direito ao esquecimento e proibição de práticas discriminatórias poderá ter sobre o setor, Ricardo Raminhos, administrador executivo da MGEN diz que não terá sentido sobre a empresa que dirige, mas considera ser importante e que deve ser regulado.

Veja ou reveja o painel aqui:

A 5ª Conferência ECOseguros com o tema geral “Os seguros como parceiros do crescimento económico e da proteção social” teve lugar na passada semana em Lisboa, no Centro Cultural de Belém (CCB).

Empresas que viabilizaram a Conferência

A 5.ª Conferência ECOseguros foi possível devido ao apoio recebido de importantes protagonistas do setor segurador, permitindo o acesso gratuito aos profissionais inscritos. As companhias de seguros apoiantes foram a Ageas Seguros, Allianz, Azuaga, BPI Vida e Pensões, Caravela, CA Seguros, Fidelidade, GamaLife, Generali Tranquilidade, Mgen, Mútua Saúde, Prévoir e Real Vida.

Entre as corretoras e mediadoras de seguros, apoiaram a 5.ª Conferência a Innovarisk Seguros, MDS, NacionalGest e Universalis/Acrisure.

Entre as tecnológicas estiveram Cleva, lluni, MPM e RandTech Computing.

Entre protagonistas especiais na área dos seguros estiveram presentes a Broseta – Advogados, EY, Future HealthCare e NTT Data.

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Orlando Carvalho será o novo diretor-geral das prisões

  • Lusa
  • 13 Novembro 2024

Isabel Leitão, que assumiu a liderança da Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais, volta às suas funções iniciais. Orlanda Carvalho terá como adjunto Paulo Rio.

O diretor do estabelecimento prisional de Coimbra Orlando Carvalho será o novo diretor-geral de Reinserção e Serviços Prisionais e terá como adjunto Paulo Rio, que deixa o estabelecimento prisional do Funchal.

O anúncio foi feito esta quarta-feira pela ministra da Justiça, Rita Alarcão Júdice, que está a ser ouvida no parlamento no âmbito da discussão da proposta de Orçamento do Estado para 2025.

Isabel Leitão, que assumiu a liderança da Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP) volta às suas funções iniciais, adiantou a ministra, que deixou um agradecimento público “pelo esforço que fez” nestas funções.

O início de funções dos novos responsáveis aguarda a oficialização das nomeações, sendo que a diretor-geral depende de um despacho conjunto do primeiro-ministro e da ministra da Justiça, esclareceu o gabinete de Rita Alarcão Júdice.

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