“Temos de ser prudentes com as taxas de juro”, alerta Centeno

O governador do Banco de Portugal mostra-se confiante no controlo da inflação pelo BCE, mas pede prudência na gestão das taxas de juro, numa altura em que espera novos cortes das taxas ainda este ano.

O governador do Banco de Portugal continua a mostrar-se confiante relativamente ao controlo da inflação por parte do Banco Central Europeu (BCE) na Zona Euro, destacando que “o cenário base se revelou bastante sólido” e que “a inflação está muito bem ancorada.”

No arranque do segundo dia do Fórum anual do BCE, que decorre até amanhã em Sintra, Mário Centeno referiu que “há confiança de que a inflação atinja os 2% em 2025.” Em maio, o Índice Harmonizado de Preços do Consumidor apresentou uma taxa homóloga de 2,7% no espaço do euro, 0,1 pontos percentuais acima dos valores registados no mês anterior.

No entanto, o governador do Banco de Portugal destacou a necessidade de o BCE e o Conselho do BCE — órgão que agrega os governadores de todos os bancos centrais da Zona Euro — manterem o caminho que está a ser feito em matéria de política monetária.

“Temos de ser prudentes com as taxas de juro”, referiu Centeno em declarações à CNBC, sublinhando ainda que, “à medida que a confiança aumenta, o BCE pode analisar [futuras decisões] a cada reunião.”

Na última reunião do Conselho do BCE, realizado a 6 de junho, a autoridade monetária da zona euro anunciou o primeiro corte das taxas de diretoras em quase cinco anos, colocando a taxa de juro de facilidade permanente de depósito nos 3,75%, a taxa de juro de refinanciamento nos 4,25% e a taxa de juro aplicável à facilidade permanente de cedência de liquidez nos 4,5%.

Para Centeno, este terá sido apenas o primeiro corte de taxas que o BCE realizará este ano. “Espero mais alguns cortes de taxas do BCE este ano”, ressalvou o governador do Banco de Portugal.

Inspirado no simpósio de Jackson Hole nos EUA, o Fórum do BCE reúne anualmente governadores de bancos centrais, académicos e especialistas do mercado financeiro para discutir os desafios mais prementes da economia global. Este ano, na celebração do seu 11.º aniversário, tem como tema central a “Política monetária numa era de transformação”.

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Tirar portagens das Scut obriga a renegociar contratos

  • ECO
  • 2 Julho 2024

Segundo os especialistas, a negociação deve arrancar em setembro, caso o objetivo seja abolir as portagens no início do próximo ano.

Está previsto que as portagens nas antigas Scut do Interior e Algarve sejam eliminadas a partir de 2025, mas advogados em direito público, ouvidos pelo Jornal de Negócios (acesso pago), asseguram que o processo é “bastante mais complexo”, porque obriga a uma renegociação dos contratos de concessão existentes.

Segundo os especialistas, o Estado irá receber pedidos de reposição do equilíbrio económico-financeiro e, sem acordo, as concessionárias recorrerão à arbitragem. Embora a perda de receitas das portagens seja o efeito mais visível da medida, há outros “custos e externalidades associados”.

Quando a decisão do Executivo, no passado, foi introduzir portagens nas Scut, os contratos com as concessionárias tiveram de ser renegociados. Agora para as retirar terão de ser novamente. E a tradição é de grande litigância porque, tradicionalmente, as concessionárias apresentam valores que não são aceites pelo Estado, o que exige que seja provada “a receita a menos ou os custos a mais”. Segundo os especialistas, a negociação deve arrancar em setembro, caso o objetivo seja abolir as portagens no início do próximo ano.

 

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Hoje nas notícias: Scuts, alojamento local e forças de seguranças

  • ECO
  • 2 Julho 2024

Dos jornais aos sites, passando pelas rádios e televisões, leia as notícias que vão marcar o dia.

Especialistas alertam que eliminação das portagens nas antigas Scut vai obrigar o Estado a renegociar os contratos de concessão existentes. Em Lisboa, nas zonas de contenção para alojamento local, nas quais praticamente não houve novos licenciamentos, foram construídos 41 novos hotéis. Conheça as notícias em destaque na imprensa nacional esta terça-feira.

Tirar portagens das Scut obriga a renegociar contratos

Está previsto que as portagens nas antigas Scut do Interior e Algarve sejam eliminadas a partir de 2025, mas advogados em direito público asseguram que o processo é “bastante mais complexo”, porque obriga a uma renegociação dos contratos de concessão existentes. Segundo os especialistas, o Estado irá receber pedidos de reposição do equilíbrio económico-financeiro e, sem acordo, as concessionárias recorrerão à arbitragem. Embora a perda de receitas das portagens seja o efeito mais visível da medida, há outros “custos e externalidades associados”.

Leia a notícia completa no Jornal de Negócios (acesso pago)

Lisboa fechou o centro ao AL, mas abre porta a 41 novos hotéis

Em 2019, a Câmara de Lisboa aprovou um regulamento que criou zonas de contenção para alojamento local e quase pôs a zeros os números de novos licenciamentos, mas no mesmo período foram construídos, naquelas freguesias da cidade, 41 hotéis que equivalem a 1.979 quartos que podem acomodar 3.248 turistas, segundo dados de registos do Turismo de Portugal. Os locais em que este fenómeno é mais visível são as freguesias de Santa Maria Maior e de Santo António, que, entre 2020 e 2023, viram nascer 21 hotéis e 11 hotéis, respetivamente.

Leia a notícia completa na Renascença (acesso livre)

PSP e GNR demarcam-se do Chega e mantêm diálogo com o Governo

Os sindicatos dos polícias demarcam-se do apelo de André Ventura para que protestem junto ao Parlamento em 4 de julho, dia em que está marcado o debate sobre a proposta do Chega sobre o valor do subsídio de risco das forças de segurança. Embora não afastem a possibilidade de haver agentes, a título individual, que queiram estar presentes durante a discussão, dizem que não deliberaram qualquer manifestação.

Leia a notícia completa no Diário de Notícias (acesso pago)

Governo afastou presidente do Instituto de Informática da Segurança Social

O Governo afastou Paula Barrocas Salgado da presidência do Instituto de Informática da Segurança Social, cargo que ocupava em comissão de serviço desde 2016, nomeando para o lugar Sérgio Bruno de Carvalho, que trabalhava na Deloitte Tecnhology. A tutela fundamenta a decisão com a “necessidade de imprimir nova orientação à gestão dos serviços”. Note-se que a lei quadro dos institutos públicos prevê uma indemnização — que corresponde à “remuneração base ou equivalente vincenda até ao termo do mandato, com o limite máximo de 12 meses” — se o dirigente já estiver no cargo há mais de um ano e se o motivo do afastamento for a necessidade de “imprimir nova orientação à gestão”.

Leia a notícia completa no Observador (acesso pago)

Galiza e Norte unidos em defesa do TGV

Norte e Galiza unem esforços e exigem que o TGV entre as duas regiões comece a circular em 2032, tal como foi prometido pelo ministro das Infraestruturas, Miguel Pinto Luz. A ligação de alta velocidade entre Porto e Vigo foi uma das prioridades estabelecidas na Cimeira Luso-Espanhola de 2023 e as respetivas regiões não aceitam derrapagem nos prazos. Para já, Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N) e Junta da Galiza pedem uma melhoria do serviço do comboio Celta, que liga o Porto a Vigo em duas horas e meia.

Leia a notícia completa no Jornal de Notícias (acesso pago)

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IA no setor jurídico: uma ajuda ou um problema?

  • BRANDS' ADVOCATUS
  • 2 Julho 2024

A eficiência e a análise de dados da IA está a revolucionar o setor jurídico, mas também levanta desafios éticos e exige novas competências dos profissionais.

A introdução da inteligência artificial (IA) no setor jurídico está a revolucionar a forma como se pratica o Direito, já que tem vários benefícios, mas também desafios. Entre as vantagens, destaca-se a capacidade da IA para automatizar tarefas repetitivas e administrativas, o que permite aumentar a eficiência e reduzir custos operacionais.

Contudo, a implementação da IA no setor jurídico não está isenta de desafios. As questões éticas, como a imparcialidade dos algoritmos e a privacidade dos dados, são preocupações centrais. Além disso, a necessidade de adaptar as competências dos profissionais do Direito para lidarem com estas novas tecnologias e a resistência à mudança dentro das instituições tradicionais são obstáculos significativos.

Para analisar todas estas questões e perceber como está a ser a implementação da IA no setor jurídico, a Advocatus, em parceria com a Code for All_, a PLMJ, a CCA, a Costa Pinto & Associados e a Legau, juntaram-se no Estúdio ECO para uma análise detalhada do tema.

No que diz respeito aos desafios, Domingos Cruz, Managing Partner da CCA, partilhou a sua preocupação: “Para além da implementação da IA, a minha preocupação é o upskilling dos advogados e de todo o suporte na utilização das ferramentas para que os profissionais interiorizem a IA como uma segunda pele e, segundo, para que haja um processo de controlo e verificação do que está a ser feito”.

Controlo humano reforça segurança dos dados

“Na CCA, estamos muito focados em aplicar IA na parte das diligências, dos contratos, do contencioso. Estamos a experimentar ferramentas para cada uma destas áreas no sentido de reduzir o esforço do advogado nas tarefas. Até agora, estas ferramentas têm conseguido reduzir até 30% da carga de trabalho, mas o objetivo chegar a um 80/20“, acrescentou.

Além da adaptação dos profissionais a esta nova realidade, outro dos riscos associados à utilização de IA é a segurança dos dados. De acordo com José Costa Pinto, Founding Partner Costa Pinto & Associados, isso implica que quando se importa ferramentas de IA para este setor, esse processo tenha de ser feito com “especiais cuidados e preocupações”.

Para isso, realçou a importância de haver “transparência na forma como se usam estas ferramentas”, bem como “responsabilidade individual e coletiva, dos associados e dos advogados, mas também das firmas, para que as ferramentas que sejam usadas deem todas as garantias que os advogados também dão aos clientes“.

Nesse sentido, Jorge Rodrigues da Ponte, Vice-Presidente IRN, deu o exemplo dos vários pilotos que o IRN usa para facilitar alguns processos: “Em setembro de 2022, lançámos um piloto para a geração de nomes para a bolsa de firmas. Isto foi muito bem aceite pela equipa e conseguiu-se provar, em muito pouco tempo, que o modelo dava muito boas respostas”. Ainda assim, alertou para o facto de que esta solução tinha “um humano no controlo para avaliar se o nome era bom ou não”. “Acho que trabalhando com as pessoas e garantindo que elas estão no controlo do que se está a passar, conseguimos fazer muito mais coisas“, disse.

Além deste piloto, o IRN continuou a apostar noutras soluções, como o chatbot, mas também um piloto para os pactos sociais, “que permite validar de forma imediata se aquele pacto social cumpre todos os critérios”. Mas não ficou por aqui: “Com o fim do SEF, recebemos as renovações da autorização de residência e preparámos um chatbot para responder. Recebíamos 500 emails por dia e passámos a receber menos de 50. Por isso, nesta primeira fase, estamos a olhar para o GPT e para a tecnologia da IA generativa como uma forma de conseguir dar uma informação mais customizada ao nosso cliente. Temos tido muito sucesso”.

IA pode trazer work life balance ao setor jurídico

O exemplo dos pilotos usados pelo IRN demonstra, na prática, os vários benefícios que estão associados ao uso de IA. Mas quais são, então as oportunidades que esta ferramenta pode trazer ao setor jurídico?

Segundo Bruno Ferreira, Partner da PLMJ, “ainda é uma incógnita” saber quais as oportunidades que vão advir da aplicação da IA neste setor, mas destacou a importância de estas ferramentas conseguirem, em parte, despertar algumas qualidades que se podem ter vindo a perder com o tempo. “O uso do ChatGPT, por exemplo, está a fazer com que as pessoas reaprendam a fazer perguntas“. Por isso, referiu que este é o momento em que estão “a testar tudo e a fazer com que as pessoas comecem a pensar de uma forma diferente”.

Claro que isso tem impactos e, para João Magalhães, CEO & Co-Founder da Code for All_, estes concentram-se nas entidades que trabalham na área e nos profissionais: “Enquanto as sociedades têm que estar atuais e continuar a acrescentar valor, os profissionais têm que estar relevantes no mercado“.

Para isso, a atualização de formações é fundamental e, nesse sentido, a Code for All_ lançou recentemente um curso de IA para o setor jurídico. “Entendemos que há ferramentas que são transversais e que se podem usar em vários use cases, mas há outras que são mais específicas para cada profissão“, explicou.

O curso foca-se em três temas centrais: “Primeiro, em perceber o que é a IA e como ela nos pode ajudar. Depois, perceber como melhorar a performance na prática, no dia-a-dia. E, por fim, o tema dos riscos, para saber como se proteger“.

Estas formações, aliadas a um novo conhecimento que é gerado em todos os profissionais do setor jurídico, podem trazer ao dia-a-dia destas pessoas um “equilíbrio” que, de acordo com Luís Alves Dias, CEO & Co-Founder da Legau, só se consegue com o suporte tecnológico, que visa “suportar os advogados na fase de elaboração do documento jurídico, que vai desde a pesquisa, ao planeamento, à criação do documento e, depois, à revisão do documento“.

Nós trabalhamos com uma open interface, como o ChatGPT. Acreditamos que é importante focarmo-nos em use cases, portanto pensamos em categorias específicas de use cases nos quais os advogados precisam de ajuda”, concluiu.

Assista a toda a conversa aqui:

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Almeida e Cerezo lançam a primeira pedra da Ciudad del Deporte junto ao Metropolitano

  • Servimedia
  • 2 Julho 2024

O presidente da Câmara Municipal de Madrid, José Luis Martínez-Almeida, e o presidente do Atlético de Madrid, Enrique Cerezo, lançaram esta terça-feira a primeira pedra da futura Ciudad del Deporte.

O evento decorreu entre as bancadas do estádio e o terreno adjacente, onde foi colocada a primeira pedra e enterrados os objetos simbólicos. Estiveram presentes vários membros da Junta Diretiva da Câmara Municipal de Madrid, os grupos municipais, bem como o presidente do clube, Miguel Ángel Gil Marín, e atletas de base do Atlético de Madrid e do clube desportivo Suanzes de San Blas.

A cerimónia começou com a intervenção de Enrique Cerezo, que declarou que esta iniciativa “inovadora” permitirá que “Madrid se torne uma referência nos domínios do desporto e da sustentabilidade”. Disse ainda que esta iniciativa torna o sonho do Atlético de Madrid “uma realidade e um legado para a próxima geração de atléticos”. Concluiu dizendo que todos os Atléticos devem “estar de parabéns, porque é um grande dia e uma magnífica notícia”.

O evento prosseguiu com as palavras do presidente da Câmara, que afirmou que este projeto permitirá a Madrid dispor de “instalações desportivas de primeiro nível” para continuar com as “bases” da política desportiva da Câmara Municipal, que consiste em “gerar as melhores condições para a prática do desporto de base”.

Acrescentou que, para aqueles que viveram a “evolução nos últimos 20 anos” do Atlético desde a sua saída do Estádio Vicente Calderón, “ver como este clube continua a crescer, como continua a evoluir, como continua a ser ambicioso na concretização de desafios e melhorias como esta cidade desportiva” dá-lhes “esperança”.

Por outro lado, assegurou que “Madrid está a avançar em conjunto” e que a prova disso é a “colaboração” que houve entre os clubes para este projeto. “Esperamos ansiosamente pela conclusão destas obras, que estou certo que serão feitas o mais rapidamente possível para que todos os madrilenos possam desfrutar desta cidade do desporto”, concluiu.

Em seguida, os desportistas de base Cerezo, Almeida e Gil Marín colocaram numa urna simbólica elementos que representam tanto a situação atual como os diferentes agentes envolvidos no projeto. A Câmara Municipal colocou um galhardete com o logótipo municipal, enquanto o Atleti colocou um galhardete e uma camisola do centenário. Os desportistas do clube Suanzes colocaram uma camisola da sua equipa e, por último, foram colocados outros objetos como jornais do dia ou uma nota de 20 euros e uma fotografia de família do acontecimento. A urna foi depois enterrada no local onde já se iniciaram as obras das instalações desportivas municipais.

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#18 Diogo Costa e Martínez, “o belo e o monstro”

O ECO estabeleceu uma parceria com o jornal desportivo online Bola na Rede, para o acompanhamento do Euro 2024. O jornalista Diogo Reis é Enviado Especial à Alemanha e escreve uma crónica diária.

Se Portugal continuar a jogar assim, esqueçam Berlim. Esqueçam a repetição de 2016 e sobretudo esqueçam a felicidade. Foi mais uma noite de sofrimento, em que a Seleção Nacional voltou a não corresponder a todo o seu potencial. É verdade que a Eslovénia apresentou uma forte e compacta organização defensiva, procurando eliminar qualquer espaço interior e no último terço, porém Portugal tem mais que argumentos para se impor. Valeu o salvamento histórico de Diogo Costa e há agora uma segunda oportunidade. Vem a França, que leva um percurso ainda menos famoso, após eliminar a Bélgica. A partida entre Portugal e a França vai decorrer no dia 5 de julho, em Hamburgo.

Os 4 Cantos do Dia

Roberto Martínez, qual é a ideia?

O plano de Roberto Martínez falhou redondamente. Não era segredo nenhum as características da Eslovénia e como iriam jogar (bloco mais baixo) e Portugal, sabendo das suas limitações atuais contra equipas deste estilo, tinha como principal missão encontrar uma solução. Não encontrou. Continuou uma construção muito lateralizada (objetivo de abrir espaços) e cruzamentos num jogo mecanizado e previsível, faltando uma maior aposta pelo espaço frontal (difícil, mas necessário), circulação mais rápida, rasgos individuais e outro tipo de movimentos que ajudasse a desbloquear a estrutura adversária. Faltou maior criatividade e por isso, numa altura em que o jogo estava empatado e pedia isso, tirar Vitinha e Rafael Leão foi inconcebível. O mesmo pensamento para a colocação de Francisco Conceição à esquerda (no final da segunda parte, pois foi para a direita no prolongamento), em vez de conciliar com Rafael Leão na procura de rasgos. Há muito a pensar e trabalhar.

O Super-Homem Português

Diogo Costa deve ser o homem mais feliz do mundo nesta noite. Salvou Portugal de uma eliminação desastrosa (com todo o respeito pela Eslovénia) e fez história, ao tornar-se o primeiro guarda-redes de sempre a defender três penáltis num desempate de grandes penalidades num Campeonato da Europa. Além disso, convém mencionar a defesa que fez contra Benjamin Sesko aos 116 minutos, recordando Emiliano Martínez na final do Mundial. Quase que dá para dizer que não foi Portugal que passou aos quartos-de-final, foi Diogo Costa. Monstruoso.

Opinião sobre Cristiano Ronaldo

Ou se morre como herói ou se vive o suficiente para se tornar o vilão” é uma frase de um filme de Christopher Nolan. Cristiano Ronaldo é o melhor jogador português da história e um dos melhores de sempre no geral. No entanto, por conta da idade, já não é o que era e parece ter dificuldades a aceitar isso. Continua a marcar muitos golos na Arábia Saudita (campeonato muito menos competitivo) e a ser o Cristiano Ronaldo (um jogador que a qualquer momento pode resolver), mas nota-se o declínio e o mais correto seria uma gestão adequada e não o colocar como estatuto de titular indiscutível e intocável, tendo como objetivo principal o melhor coletivo e tirar o melhor proveito possível de CR7. Penáltis todos falham, não é tanto por aí. É uma visão mais ampla e sempre com muito respeito pelo que já deu à Seleção Nacional.

História sorri a Portugal nos penáltis

Portugal decidiu a eliminatória através de grandes penalidades em cinco vezes e apenas perdeu uma: Espanha no Euro 2012. Neste aspeto, a história tem sorrido a Portugal, que venceu a Inglaterra (Euro 2004 e Mundial 2006), Polónia (Euro 2016) e agora Eslovénia (Euro 2024), registando esta última noite a primeira vez que não sofre golos (3-0). Mencionar também que a última vez que Portugal foi a prolongamento também terminou com um bom desfecho (final do Euro 2016, frente à França, onde a Seleção Nacional conquistou a prova).

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O dia em direto nos mercados e na economia – 2 de julho

  • ECO
  • 2 Julho 2024

Ao longo desta terça-feira, 2 de julho, o ECO traz-lhe as principais notícias com impacto nos mercados e nas economias. Acompanhe aqui em direto.

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Restalia quebra a tendência decrescente do consumo de cerveja em Espanha e vende, em média, mais 22,1% de cerveja por estabelecimento

  • Servimedia
  • 2 Julho 2024

As instalações da maior cadeia espanhola de restaurantes organizados vendem cinco vezes mais cerveja do que a média dos bares e restaurantes em Espanha.

Recentemente, o “Informe Socioeconómico del Sector de la Cerveza 2023”, elaborado pela Cerveceros de España e publicado pelo Ministério da Agricultura, Pesca e Alimentação, revelou que o consumo nacional de cerveja tinha diminuído 3,53% em 2023, em comparação com 2022.

Estes números contrastam com os alcançados pela Restalia e reforçam a posição da maior empresa espanhola de restauração organizada como um dos principais motores das vendas de cerveja no nosso país. Em contraste com a queda mencionada no relatório, o consumo de cerveja na rede de franchisings da Restalia cresceu em média 22,1% por ponto de venda em 2023 (+30% em relação a 2019).

De facto, em 2023 a empresa atingiu o seu recorde histórico na venda desta bebida, aproximando-se dos 20 milhões de litros expedidos em apenas um ano. Por outras palavras, a Restalia vende sozinha cerca de 1% do total de cerveja consumida nos 300 000 bares e restaurantes distribuídos por toda a Espanha.

Nos seus quase 25 anos de história, desde o seu nascimento em 2000, a Restalia vendeu mais de 250 milhões de litros de cerveja, com um aumento exponencial que se intensificou nos últimos anos, acompanhado pelo crescimento da sua rede de franchisados.

Tudo parece prever que estes números continuarão a crescer a dois dígitos. Só nos primeiros cinco meses do ano, o consumo médio por ponto de venda da cadeia voltou a aumentar 16% em relação a 2023, confirmando que o recorde histórico alcançado não tem limite.

“Se aprofundarmos os dados do relatório Cerveceros de España, tendo em conta o número de bares e restaurantes em Espanha e o consumo que se realiza em todo o canal, percebemos que a Restalia é um ator essencial para o consumo de cerveja no nosso país, uma vez que a sua rede de instalações franchisadas vende cinco vezes mais do que o número médio de bares em Espanha”, diz a empresa. “É, no mínimo, curioso que uma única cadeia de hotelaria e restauração tenha um papel tão importante no presente e no futuro da cerveja, uma bebida fundamental para a economia espanhola, que contribui com 1,3% do PIB e gera 2,7% do emprego”.

A cadeia de origem andaluza sempre teve a cerveja como protagonista indiscutível da sua proposta de valor, já que, apesar de ser uma cadeia de “serviço rápido”, apostou desde o início no jarro de vidro gelado para servir cerveja. Recentemente, a marca introduziu novidades neste sentido, com a oferta de dois jarros de tamanhos diferentes, denominados Quixote e Sancho, em homenagem às duas personagens da literatura espanhola, e que demonstram a firme aposta da empresa na cerveja como protagonista.

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Taxa reduzida do IVA exclui cremes para barrar com chocolate

Fisco entende que este tipo de produto alimentar deve ser tributado a 23%, apesar de o Orçamento do Estado para 2023 ter alargado o imposto a 6% aos cremes vegetais para barrar.

O IVA reduzido de 6% não se aplica a cremes para barrar com chocolate, ainda que o Orçamento do Estado para 2023 tenha alargado a taxa mínima a produtos com a designação “creme vegetal para barrar obtido a partir de gorduras de origem vegetal, com ou sem adição de outros produtos”, segundo uma informação vinculativa da Autoridade Tributária, publicada no final da semana passada no Portal das Finanças.

“A transmissão do produto designado por ‘Milka chocolate spread hazelnut 340 gramas’, ainda que tenha sido concebido para barrar, não é passível de aplicação da taxa reduzida do imposto, devendo ser tributada à taxa normal”, de 23%, conclui o Fisco num despacho assinado em novembro do ano passado pela diretora de serviços do IVA da AT, Cláudia Afecto Dias, mas só agora divulgado.

O pedido de esclarecimento foi realizado por um empresário que exerce atividade de comércio por grosso não especificado de produtos alimentares, bebidas e tabaco. Em concreto, este contribuinte perguntou ao Fisco “se o produto com a designação ‘Milka
chocolate spread hazelnut 340 gramas’ que comercializa […] se enquadra na verba 1.4.3 da lista I anexa ao Código do Imposto sobre o Valor Acrescentado (Código do IVA), isto é, se está abrangido pela taxa reduzida de 6%, tendo em conta que o Orçamento do Estado para 2023 estendeu a redução do imposto a produtos como “manteiga, margarina e creme vegetal para barrar obtido a partir de gorduras de origem vegetal, com ou sem adição de outros produtos”.

O comerciante indica ainda a composição do produto em causa: “açúcar, óleo de colza, soro de leite em pó, pasta de avelãs (5%), cacau magro em pó (4,5%), leite em pó magro, manteiga de cacau, óleo de girassol, emulsionante (lecitinas), sal, aromas”. “Pode ainda conter outros frutos de casca rija, trigo e amendoim”, refere.

A AT começa por indicar que “não existe no Código do IVA um conceito ou definição para o produto cujo enquadramento a requerente pretende ver ser esclarecido”. Assim, o Fisco socorre-se dos requisitos que lhe são legalmente atribuídos ao abrigo do Regulamento n.º 1308/2013, do Parlamento Europeu e do Conselho e 17 de dezembro de 2013. Com base nessa legislação, a denominação ‘creme para barrar’ “só é aplicável aos produtos que mantêm uma consistência sólida à temperatura de 20ºC e que servem para barrar”, e cujo “teor de matéria gorda láctea não seja superior a 3% do teor de matérias gordas”.

Para além disso, o termo ‘vegetal’ pode ser utilizado “desde que o produto apenas contenha matéria gorda de origem vegetal com uma tolerância de 2% do teor de matéria gorda para as matérias gordas de origem animal”. O Fisco salienta que “não compete à Área de Gestão Tributária – IVA avaliar as características intrínsecas dos produtos produzidos/comercializados pelos sujeitos passivos”.

Contudo, analisada a ficha técnica do produto em apreciação, a AT entende que “não se afigura que reúna condições de ser considerado um creme vegetal obtido a partir de gorduras de origem vegetal”, porque contém outros ingredientes além de óleo vegetal, como avelãs e cacau, e por não quantificar a percentagem de gorduras lácteas, como determinado pelo Regulamento da União Europeia (UE).

“Por outro lado, também não há qualquer indicação de que o produto mantém uma consistência sólida à temperatura de 20ºC, sendo unicamente referido que deve ser armazenado entre os 15ºC e os 20ºC”, acrescenta.

Assim, “a transmissão do produto designado por ‘Milka chocolate spread hazelnut 340 gramas’, ainda que tenha sido concebido para barrar, não é passível de aplicação da taxa reduzida do imposto, devendo ser tributada à taxa normal”, de 23%, conclui a AT.

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Setor das águas “estagnado” e “subsídio-dependente”. Absorveu 1,4 mil milhões em dez anos

Estudo realizado pelo professor do Instituto Superior Técnico, Rui Cunha Marques, conclui que estes subsídios não estão a contribuir para melhorias significativas nos serviços em causa.  

Os serviços de abastecimento e saneamento de água arrecadaram, nos dez anos terminados em 2021, quase 1,4 mil milhões de euros em subsídios, contabiliza um estudo apresentado esta terça-feira. Ao mesmo tempo, o estudo conclui que estes subsídios não estão a contribuir para melhorias significativas nos serviços em causa.

O setor está fortemente dependente do Orçamento de Estado, dos orçamentos dos municípios e de fundos europeus. Contudo, os níveis de melhoria de serviço estão estagnados e a eficiência tem-se vindo a degradar, apesar da forte subsidiação registada”, lê-se na nota de imprensa que acompanha a divulgação do estudo, e na qual o setor é descrito como “subsídio-dependente”.

Estas são algumas das conclusões do estudo “Modelo de subsidiação dos serviços de abastecimento de água e de saneamento, em Portugal”, realizado pelo professor do Instituto Superior Técnico Rui Cunha Marques, e no qual é feito uma análise ao modelo de subsidiação dos serviços de água e de saneamento. Este estudo é apresentado esta terça-feira numa conferência organizada pela AEPSA — Associação das Empresas Portuguesas para o Setor do Ambiente.

O estudo calcula que, na última década, cerca de 1,4 mil milhões de euros foram destinados a subsídios à exploração dos serviços de água. “Estes subsídios não adquiriram um caráter temporário e não permitiram ultrapassar as barreiras e dificuldades existentes”, alerta o estudo.

Os motivos apontados para os subsídios atribuídos não estarem a ser mais eficazes são a respetiva abundância, combinada com a falta de critério na atribuição e falta de estímulo à competitividade, assim como a falta de definição de metas e compromissos.

Serviços em baixa absorvem mais verbas

O bolo de 1,4 mil milhões de euros diz respeito a subsídios com origem no Orçamento do Estado, que apoiaram a exploração dos serviços de abastecimento (AA) e saneamento (AR) de água, entre 2012 e 2021.

É este o processo: o Estado faz transferências para os municípios, que nos seus orçamentos municipais destinam parte das verbas para atividades e gastos associados aos serviços de abastecimento de água e de saneamento de águas residuais. Desta forma, concedem descontos na tarifa da água.

Na década em questão, foram os serviços em baixa que mais usufruíram destas verbas. O saneamento em baixa, que trata da drenagem de águas residuais urbanas, auferiu de 791 milhões de euros, enquanto o abastecimento em baixa, ou seja a distribuição de água até às casas, arrecadou 506,9 milhões.

Fora estes montantes, existem ainda verbas que chegam ao setor através do Fundo Ambiental e de fundos europeus. Em relação ao Fundo Ambiental, o estudo apresenta apenas estimativas para 2020 e 2021: foram atribuídos 24,4 milhões e 28,5 milhões, respetivamente.

De resto, “não foi possível identificar o total dos montantes recebidos da UE” de forma rigorosa, o que “retrata também um pouco a governança, falta de transparência e de controlo dos setores da água e do saneamento em Portugal”, acusa o estudo.

Olhando para a evolução do setor nestes anos, o documento regista, em vários indicadores, mudanças ligeiras. No serviço de abastecimento de água em baixa, a acessibilidade física do serviço subiu de 95% para 97%. No sentido contrário, a acessibilidade económica do serviço caiu de 0,37% para os 0,35% e a reabilitação de condutas diminuiu de 1% ao ano para 0,6%. Ainda numa tendência descendente mas numa nota mais positiva, a água não faturada (água tratada que não chega aos pontos de consumo) desceu de 30,7% para 28,8%.

Já no serviço de saneamento, a acessibilidade económica ao serviço subiu, entre 2012 e 2021, de 0,24 para 0,27, e a acessibilidade física também melhorou, de 81% para 86%. A mesma tendência ascendente verificou-se na cobertura de gastos, que está nos 96%, acima dos 90% correspondentes a 2012. No entanto, a reabilitação de coletores piorou, caindo de 0,5% ao ano para os 0,2% ao ano.

Serviços municipais mais subsidiados

“Os serviços municipais evidenciam o melhor desempenho em termos de acessibilidade económica dos seus utilizadores. No entanto, os serviços municipais são também aqueles que menos recuperam os gastos com a prestação dos serviços e aqueles que mais são subsidiados”, deteta o estudo.

Olhando ao ano de 2021, os serviços que se regem pelo modelo de gestão direta, ou seja, os serviços municipais, municipalizados e associações de municípios, tiveram direito a 58,1% do total de subsídios atribuídos ao setor, em oposição aos 0,6% que cabem à concessão privada.

No que diz respeito à recuperação de gastos totais dos serviços de abastecimento de água e de saneamento de águas residuais, “destacam-se pela positiva as empresas concessionárias (113,1%) e pela negativa o desempenho dos serviços municipais (81,7%)”, face a uma média nacional de 100,9%.

Na acessibilidade económica dos serviços, o desempenho nacional “é muito bom”, na ordem dos 0,61%, que comparam com o 1% recomendado pela Entidade Reguladora dos Serviços de Água e Resíduos (ERSAR). Os municípios estão abaixo de 0,6% e as entidades concessionárias situam-se “ligeiramente acima” dos 0,7%, retrata o estudo.

Perante o cenário retratado, é recomendado que o processo de atribuição dos subsídios seja “transparente, participado, competitivo” e imponha compromissos no que diz respeito à sustentabilidade económica e ambiental dos serviços. Em paralelo, deve ser objeto de prestação de contas dos seus destinatários, sugere.

Além disso, o estudo adota como recomendação a estatística retirada do PENSAARP — Plano Estratégico para o Abastecimento de Água e Gestão de Águas Residuais e Pluviais 2030, que prevê que sejam necessários aumentos médios das tarifas da ordem de 40%, para garantir a cobertura dos custos operacionais e os necessários investimentos de reabilitação dos ativos.

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Levantamento de sigilo bancário pelo Fisco subiu 13% em 2023

AT abriu 677 processos de pedido de levantamento do sigilo bancário, tendo a maioria sido concluído por autorização voluntária. Número transferências para 'offshores' aumentaram, mas valor caiu 6,5%.

O Fisco instaurou 677 processos de pedido de levantamento do sigilo bancário em 2023, um aumento de 13,4% face ao ano anterior, de acordo com dados do relatório da Autoridade Tributária (AT) sobre o combate à fraude e evasão fiscais e aduaneiras, remetido ao Parlamento.

O número de processos abertos em que foi solicitado levantamento do sigilo bancário tem vindo a aumentar progressivamente. Em 2021 foram abertos 555 processos, em 2022 registaram-se 597 e em 2023 o número voltou a subir.

Dos 677 processos abertos no ano passado foram concluídas 156 decisões de levantamento de sigilo e 513 processos por autorização voluntária, enquanto se registaram oito decisões de levantamento do sigilo notificadas a familiares ou a terceiros.

A AT salienta que se verifica “um aumento do recurso a este importante mecanismo para apuramento da real capacidade contributiva dos sujeitos passivos”.

Os dados do relatório indicam ainda que foram interpostos seis recursos jurisdicionais pelo contribuinte e/ou familiares ou terceiros, tendo sido proferidas três sentenças pelo tribunal a favor do Fisco, duas a favor do contribuinte e uma a favor de terceiros.

Acesso a informações e documentos bancários

A Lei Geral Tributária prevê que a administração tributária tem o poder de aceder a todas as informações ou documentos bancários, bem como a informações ou documentos de outras entidades financeiras “sem dependência do consentimento do titular”:

  • Quando existam indícios da prática de crime em matéria tributária;
  • Quando se verifiquem indícios da falta de veracidade do declarado ou esteja em falta declaração legalmente exigível;
  • Quando se verifiquem indícios da existência de acréscimos de património não justificados;
  • Quando se trate da verificação de conformidade de documentos de suporte de registos contabilísticos dos sujeitos passivos de IRS e IRC que se encontrem sujeitos a contabilidade organizada ou dos sujeitos passivos de IVA que tenham optado pelo regime de IVA de caixa;
  • Quando exista a necessidade de controlar os pressupostos de regimes fiscais privilegiados de que o contribuinte usufrua;
  • Quando se verifique a impossibilidade de comprovação e quantificação directa e exacta da matéria tributável, e, em geral, quando estejam verificados os pressupostos para o recurso a uma avaliação indirecta.
  • Quando se verifique a existência comprovada de dívidas à administração fiscal ou à segurança social;
  • Quando se trate de informações solicitadas nos termos de acordos ou convenções internacionais em matéria fiscal a que o Estado português esteja vinculado;
  • Constitui também fundamento da derrogação do sigilo bancário, em sede de procedimento administrativo de inspeção tributária, a comunicação de operações suspeitas, remetidas à Autoridade Tributária e Aduaneira, pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal da Procuradoria-Geral da República (DCIAP) e pela Unidade de Informação Financeira (UIF), no âmbito da legislação relativa à prevenção e repressão do branqueamento de capitais e financiamento do terrorismo.

Transferências para offshores aumentam, mas valor cai

O número de transferências de Portugal para ‘offshores’ e territórios com tributação especial subiu 6,3% em 2023 face ao ano anterior, mas o valor transferido caiu 6,5%.

Os dados da Autoridade Tributária indicam que o número das operações comunicadas ao Fisco no âmbito da entrega pelas instituições de crédito e sociedades financeiras de uma relação das transferências transfronteiras que tenham como destinatário entidade localizada em país, território ou região com regime de tributação privilegiada mais favorável tem vindo a subir ao longo dos últimos quatro anos.

Em 2023, o número de operações totalizou 125.109, mas o valor transferido registou uma quebra de 2022 para 2023, cifrando-se em 6,9 mil milhões de euros.

O Fisco destaca que a informação disponibilizada por esta declaração tem vindo a ser utilizada anualmente na “identificação de sujeitos passivos de risco, nomeadamente quando as transferências que efetuaram não aparentam ter enquadramento face à atividade desenvolvida”. Neste âmbito, avançou no ano passado com 122 procedimentos inspetivos, com correções e regularizações voluntárias de 2,4 milhões de euros de matéria coletável e 1,7 milhões de euros de imposto, tendo sido ainda instaurado um processo de inquérito pela prática do crime de fraude fiscal.

Paralelamente, ao longo do ano, foram concluídos 645 procedimentos inspetivos, no âmbito da declaração de fluxos de pagamentos com cartões de crédito e de débito (modelo 40), de que resultaram correções ou regularizações voluntárias num total de 13,96 milhões de euros de matéria coletável e 3,53 milhões de euros de imposto.

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“Preço apertado” e concentração nacional limitaram candidatos à Alta Velocidade

Prazo para entrega de propostas para o concurso público do primeiro troço da linha de Alta Velocidade entre Porto e Lisboa terminava esta terça-feira.

O prazo para a entrega de propostas para o concurso público do primeiro troço da linha de Alta Velocidade Porto – Lisboa termina esta terça-feira. O número de concorrentes terá ficado aquém das expectativas iniciais, com o valor da obra e a criação de um consórcio nacional alargado a limitar o interesse.

O concurso público internacional para a construção e gestão da linha ferroviária entre Porto e Oiã, no distrito de Aveiro, orçado em 1.950 milhões de euros, atraiu o interesse alargado de construtoras e empresas ligadas à ferrovia, nacionais e estrangeiras. Mas tudo aponta que serão muito poucos os consórcios a apresentar uma proposta.

Um dos fatores é o “preço apertado” que a Infraestruturas de Portugal estabeleceu para o concurso público, como qualificou uma fonte envolvida no processo. O CEO da Mota-Engil, Carlos Mota Santos, afirmou numa entrevista ao Jornal de Negócios, em maio, que “o preço é um desafio”, mas que a construtora “vai entregar uma proposta ao primeiro concurso”.

Este primeiro troço, entre o Porto e Oiã, no distrito de Aveiro, tem um total de 71 km. É considerado o mais complexo, já que inclui 11,6 km em túnel e 20,2 km em pontes e viadutos, a modernização da estação da Campanhã, a construção de uma nova estação em Vila Nova de Gaia e uma nova travessia rodoferroviária sobre o Douro.

Carlos Mota Santos, CEO da Mota-Engil.

A Mota-Engil lidera um consórcio que integra mais cinco construtoras portuguesas: Teixeira Duarte, Casais, Gabriel Couto, Alves Ribeiro e Conduril. Uma concentração que também limitou o aparecimento de outros contactos. Ao que o ECO apurou, houve empresas de várias geografias que acabaram por recuar por falta de um parceiro local.

O El Economista avançou no final de março que a Sacyr, dona em Portugal da Somague e da Neopul, juntou forças com as construtoras lusas DST e ACA (Alberto Couto Alves) para concorrer aos concursos da Alta Velocidade. Apontava ainda para negociações entre a Ferrovial, a OHLA, a ACS (Dragados), a Acciona e a FCC para a formação de outro consórcio. A TVI noticiou em maio que a FCC teria desistido, devido ao valor baixo do concurso e que existiam queixas de outros interessados.

O ECO contactou a Mota-Engil e a Sacyr, mas nenhuma quis fazer comentários sobre a apresentação de uma proposta para o concurso público lançado a 12 de janeiro. O vencedor do concurso público internacional ficará responsável pela conceção, financiamento, construção e manutenção da linha, em regime de Parceria Público-Privada.

A empresa pública responsável pela gestão da rede rodoviária e ferroviária está já a avançar com o segundo concurso, para o troço entre Oiã e Soure, com um valor estimado de 1.751 milhões de euros, tendo publicado há cerca de um mês as peças técnicas no Jornal Oficial da União Europeia. O lançamento está previsto para 15 de julho.

Quando estiver concluída, a linha ferroviária de Alta Velocidade vai permitir viajar entre o Porto e Lisboa em 1h15, menos de metade das atuais 2h49. A obra será feita em três fases. A primeira compreende dois troços: Campanhã (Porto) – Oiã (Aveiro) e Oiã – Soure, e deverá estar concluída até ao final de 2030, segundo o cronograma da Infraestruturas de Portugal. A segunda ligará Soure ao Carregado (2032) e a terceira o Carregado à estação do Oriente, em Lisboa, ainda sem prazo definido.

Para ajudar a financiar o projeto, Portugal apresentou uma candidatura para receber 729 milhões de euros em fundos europeus do Mecanismo Interligar a Europa, só para a primeira fase. O Banco Europeu de Investimento aprovou no final de junho novos financiamentos, onde se inclui uma soma de até 3.000 milhões de euros para a Alta Velocidade ferroviária em Portugal.

Está ainda prevista a construção da linha de Alta Velocidade Porto – Vigo, com novas estações no Aeroporto Francisco Sá Carneiro, Braga e Valença. O arranque da construção está previsto para 2027. Quando estiver concluída, a ligação à capital da Galiza passará a ser feita em 50 minutos.

Em maio, o Governo anunciou o relançamento do projeto para a ligação entre Lisboa e Madrid, onde se inclui a terceira travessia do Tejo. A obra só deverá estar concluída em 2034 e tem um custo global estimado de 3,9 mil milhões de euros.

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