E o novo Papa é o norte-americano Robert Prevost

Robert Prevost será o 267.º Papa da história da Igreja e o primeiro Sumo Pontífice norte-americano. "A paz esteja convosco" foram as primeiras palavras do Papa Leão XIV.

O novo Papa é o norte-americano Robert Prevost, que escolheu o nome Leão XIV. O anúncio foi feito esta quinta-feira a partir da varanda da Basílica de São Pedro, em Roma. Aos 69 anos, é o 267.º líder da Igreja Católica e o primeiro papa norte-americano da história.

Ao segundo dia do Conclave, os 133 cardeais elegeram o sucessor do Papa Francisco. Os sinos da basílica de São Pedro tocaram a repique, anunciando a escolha do novo chefe da Igreja católica. Perante milhares de pessoas na Praça de S. Pedro que o aplaudiam em uníssono, o Papa Leão XIV acenou à multidão e dirigiu as primeiras palavras: “A paz esteja convosco”.

Natural de Chicago, Estados Unidos, o cardeal norte-americano Robert Prevost considerou-se um “filho de Santo Agostinho”, durante o seu primeiro discurso público após ser eleito o novo Sumo Pontífice. Agradeceu ao seu antecessor: “Obrigado, Papa Francisco”. E pediu ajuda para construir uma Igreja “aberta a todos” e com “pontes de diálogo”, evocando a “um só povo” na busca da paz.

Conhecido por ser um “homem muito calmo e discreto”, o Papa Leão XIV é o arcebispo-emérito de Chicago e foi nomeado cardeal pelo Papa Francisco em setembro de 2023. Até agora era prefeito do Dicastério para os Bispos, organismo responsável pela nomeação de bispos e cardeais.

É conhecido como o “pastor de duas pátrias” por ter passado grande parte da sua vida missionária no Peru. E adepto da linha pastoral de Francisco.

Marcelo Rebelo de Sousa já expressou “a profunda alegria” e saudou o Papa Leão XIV “em seu nome pessoal e em nome do Povo Português”, lê-se numa nota publicada na página oficial da Presidência da República.

Na sequência da escolha de Robert Prevost, o Presidente da República expressa ainda as suas felicitações à “Igreja Católica universal e, em particular, à Conferência Episcopal Portuguesa, no momento em que se abre uma nova fase na sua vida, na qual serão aprofundadas as excelentes relações entre o Estado português e a Igreja”.

Igualmente o primeiro-ministro Luís Montenegro enviou felicitações ao sucessor do Papa Francisco e a todos os católicos, através da rede social social X: “Felicito Sua Santidade o Papa Leão XIV pela eleição e desejo um pontificado pleno de luz, humanismo e universalismo”. E lançou um apelo: “Que nesta hora internacional de grande instabilidade e incerteza, o Papa Leão XIV e a Santa Sé possam ser ouvidos na promoção da paz, da empatia, da compaixão e da compreensão entre todos”.

O presidente dos Estados Unidos também apresentou congratulações ao cardeal Robert Francis Prevost, na sua rede social, Truth Social: “Parabéns ao cardeal Robert Francis Prevost, que acaba de ser nomeado Papa. É uma grande honra saber que ele é o primeiro Papa norte-americano. Que emoção e que grande honra para o nosso país”.

Donald Trump expressou ainda estar “ansioso por conhecer o Papa Leão XIV. Será um momento muito significativo!”.

Antes da eleição como Papa, Robert Prevost tinha uma conta na rede social de Elon Musk. Num post do início de fevereiro deste ano escreveu que o vice-presidente dos EUA, “JD Vance está errado: Jesus não nos pede para classificar o nosso amor pelos outros”.

Os 133 cardeais de 71 nacionalidades – quatro deles de Portugal – estiveram reunidos na Capela Sistina desde quarta-feira para eleger o novo Sumo Pontífice. As votações que aconteceram esta quinta-feira, pela 9h30 e 11 horas, não obtiveram os dois terços de votos necessários para eleger um novo Papa até o Conclave ter chegado a consenso ao final da tarde.

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Raimundo recusa cair na “casca de banana” do Governo sobre lei da greve

  • Lusa
  • 8 Maio 2025

"Aquilo que é preciso que o primeiro-ministro faça é acabar de uma vez por todas com a greve, porque está nas mãos do Governo", afirmou o secretário-geral do PS.

O secretário-geral do PCP afirmou esta quinta-feira que a sugestão de alteração à lei da greve é “uma casca de banana” em que a CDU não cai, insistindo que está nas mãos do Governo o fim da paralisação na CP.

“Nós não vamos cair na casca de banana que o Governo quer pôr, para a gente comentar isto. Aquilo que é preciso que o primeiro-ministro [Luís Montenegro] faça é acabar de uma vez por todas com a greve, porque está nas mãos do Governo”, afirmou Paulo Raimundo, após uma visita ao quartel dos Bombeiros Voluntários de Beja.

O líder comunista respondia aos jornalistas sobre as declarações do presidente do PSD, após este admitir que poderia ser necessário alterar a lei para equilibrar o direito à greve com outros direitos. “O objetivo de Luís Montenegro é que agora passe aqui a comentar: ‘Ai, ai, ai, que ele vai atacar o direito à greve. Ai, ai, ai…’. Ora, não é isso que a gente precisa agora. Isso é conversa para a gente se distrair”, comentou.

Segundo o secretário-geral do PCP, quer o ministro das Infraestruturas quer Luís Montenegro, “em vez de andarem a fazer campanha com este assunto, em vez de estarem a arrastar esta greve”, deveriam concentrar “os seus esforços, o seu tempo e as suas palavras para, juntamente com a CP e os trabalhadores da CP, resolver este problema”.

Questionado pela agência Lusa sobre o que poderia ter sido feito para evitar a greve, que se prolonga até 14 de maio, Paulo Raimundo disse que seria possível à CP avançar com acordos com os trabalhadores, ao contrário do que o Governo alega, que se escuda no facto de estar em gestão.

Este “foi o mesmo Governo que [em gestão] contraiu ou quer contrair quatro mil milhões de euros para a guerra e para o armamento”, notou. “Digam lá se isto não é uma casca de banana. É, mas connosco não. Nós andamos nisto há muito tempo, muitos anos a virar frangos”, acrescentou.

Sobre a ausência de serviços mínimos na CP, que foram garantidos noutras greves, Paulo Raimundo pediu aos jornalistas para dirigir essa questão à Comboios de Portugal. “Não temos nada a ver com isso. Isso tem de perguntar à CP, que sou do PCP, não sou da CP”, atirou.

A paralisação da CP, que se prolonga até 14 de maio, foi convocada contra a imposição de aumentos salariais “que não repõem o poder de compra”, pela “negociação coletiva de aumentos salariais dignos” e pela “implementação do acordo de reestruturação das tabelas salariais, nos termos em que foi negociado e acordado”, segundo os sindicatos.

A greve teve um especial impacto entre terça-feira e hoje devido ao maior número de sindicatos (14) que aderiram à paralisação nestes dias. Por decisão do Tribunal Arbitral, estas greves não têm serviços mínimos.

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A história da Padaria Portuguesa que os espanhóis querem levar para “outros sítios do globo”

O negócio dos primos Nuno Carvalho e José Diogo Quintela, criado há 15 anos a partir de uma fábrica de Samora Correia, vai "voar para Espanha" e outros países após a aquisição do grupo Rodilla.

A Padaria Portuguesa deixou de ser (tão) portuguesa ao fim de 15 anos. O negócio dos primos José Diogo Quintela e Nuno Carvalho, que encheu Lisboa com as padarias dos mosaicos alaranjados e croissants brioche, foi comprado pelos espanhóis da Rodilla, o grupo de restauração da cervejeira Damm. O investimento vai levar a insígnia para o país vizinho e outras geografias.

“Estamos ansiosos por ver A Padaria Portuguesa continuar a crescer em Portugal e, sobretudo, voar para Espanha e outros sítios do globo”, escreveu esta quinta-feira o fundador e CEO da Padaria Portuguesa, Nuno Carvalho, numa publicação na rede social Linkedin. Nuno Carvalho tinha 32 anos quando deixou a Jerónimo Martins para se lançar num projeto que procurava replicar o modelo de cadeia – como se vêm em supermercados, restaurantes ou lojas de roupa – para o pão.

Oito dezenas de lojas, duas fábricas e um centro logístico depois, Nuno Carvalho não têm dúvidas de que conseguiu cumprir o que idealizou. “Sinto um enorme orgulho por ter criado e desenvolvido uma marca que se tornou uma das mais relevantes do país e, muito importante, com grande reconhecimento internacional. Este sucesso é fruto de uma década e meia de muito trabalho, sempre com um forte foco no consumidor, levado a cabo por uma equipa extraordinária, por quem tenho uma enorme admiração e eterna gratidão”, comentou após a assinatura do acordo com a Rodilla.

Em comum com o grupo Rodilla, composto pelas marcas Rodilla, Hamburguesa Nostra, Vaca Nostra, Café de Indias e Jamaica, tem a fundação familiar: um em 2010 numa fábrica em Samora Correia e o outro em 1939 em Madrid. Agora, as sandes de ensaladilla pensadas pelo empreendedor Antonio Rodilla vão conviver lado a lado com os pães de Deus made in Padaria Portuguesa.

Continuo a ver A Padaria Portuguesa como um verdadeiro diamante em bruto, com um enorme potencial de crescimento. Encontrámos no Grupo Rodilla as características ideais – nomeadamente solidez financeira, competências de gestão, valores familiares e um forte enfoque no desenvolvimento das pessoas – para acelerar o ciclo de investimento e expansão da marca, cujo cenário natural de atuação passa agora a ser a Península Ibérica, levando-a a novos patamares.

Nuno Carvalho

Fundador e CEO d'A Padaria Portuguesa

A partir do centro da capital, mais precisamente no Areeiro, a Padaria Portuguesa foi-se expandindo para cidades como Porto, Setúbal ou zonas contíguas, nomeadamente o Estoril. Hoje, tem 84 lojas no país, sendo que a mais recente abriu portas no passado mês de abril.

Trata-se da segunda na baixa da cidade Invicta e a sexta na zona do Grande Porto. O espaço ocupa uma área de 150 metros quadrados na Rua de Sá da Bandeira, em frente à praça D. João I. A operação foi acompanhada pela promotora imobiliária Cushman & Wakefield, em representação do proprietário, o fundo Valor Prime, gerido pelo Montepio Gestão de Ativos.

Além das padarias tradicionais de bairro, a Padaria Portuguesa enfrenta concorrência de cadeias internacionais que se continuam a expandir em Portugal e se instalam nas artérias comerciais mais emblemáticas. É o caso da Starbucks e a Paul, da conterrânea Gleba, que se destaca pelo pão de fermentação lenta, e dos hipermercados Continente, Pingo Doce ou Auchan, cujas secções de padaria se têm desenvolvido e nalguns existem mesmo espaços de cafetaria.

É esse o principal motivo pelo qual se tem tentado reinventar. No início do ano, enquanto ainda decorria o processo de venda, a Padaria Portuguesa realizou uma campanha publicitária, que envolveu a mudança do logótipo, para promover a versão “restaurante” da empresa e informar sobre o reforço da oferta de opções para almoço (dois pratos do dia em todas as lojas) de forma a tentar conquistar outros públicos, quiçá mais fiéis.

Em entrevista ao M+, a diretora de marketing admitiu que o maior desafio nesta área é conseguir “trazer novos clientes para a marca”, porque “há muita concorrência, procura e oferta”, o que torna o processo mais “difícil”.

“Limpámos muito as lojas, que estavam muito ‘poluídas’ de comunicação. Quisemos limpar esse ruído visual para que as pessoas gostassem mais de estar nas nossas lojas. Os pontos de comunicação que temos hoje nas lojas são, estrategicamente, muito bem escolhidos”, adiantou Rita Neto.

Em marcha está um plano de expansão, que prevê a abertura de, pelo menos, mais 40 lojas até 2028 na Grande Lisboa e no Porto para atingir os 120 espaços nos próximos três anos. O investimento da panificadora, no valor total de 16 milhões de euros, envolve a criação de até 600 postos de trabalho para atingir os 1.600 colaboradores. O objetivo é que a faturação supere os 80 milhões de euros, praticamente o dobro dos cerca de 44 milhões de euros de volume de negócio registado em 2024. Os novos donos consideram-na “um caso de sucesso desde a sua fundação”.

“No Grupo Rodilla, estamos empenhados em continuar a impulsionar o seu crescimento”, garantiu a CEO, María Carceller Arce, acrescentando que em comum valorizam “a proximidade, bem como o caráter artesanal na produção diária dos nossos produtos, com matérias-primas da mais alta qualidade”.

Por detrás do grupo Rodilla está a cervejeira Damm, desde 2015. A Damm é uma empresa com histórico de investimentos em Portugal, porque além de ter uma das maiores empresas do distrito de Santarém – antiga Font Salem, onde foi produzida a cerveja Cintra –, em 2012 comprou à Sumol+Compal a marca de cerveja Tagus por cerca de 2,6 milhões de euros.

O ECO tentou contactar a gestão nacional d’A Padaria Portuguesa e a Rodilla para perceber se haverá alterações ao plano anunciado em 2024, mas até ao momento não foi possível obter comentários.

Tesouraria deixou de ‘fermentar’ na pandemia

Em 2023, segundo os últimos dados disponíveis, os lucros foram de 1,63 milhões de euros, acima do resultado líquido de 886 mil euros contabilizado em 2022 e positivo comparativamente aos prejuízos de 3,4 milhões de euros e 1,6 milhões de euros em 2020 e 2021, respetivamente. Certo é que foi o efeito Covid-19, dado que em 2019 havia lucrado 1,3 milhões.

A empresa tinha 905 trabalhadores em 2023 – dos quais 60% mulheres –, com um custo médio de 17.620 euros por funcionário, mas entretanto voltou a ultrapassar a barreira de um milhar.

O capital próprio é de 3,6 milhões de euros. Até esta aquisição para uma “Padaria Ibérica”, a sociedade A Padaria Portuguesa CQ – Atividades Hoteleiras tinha perto de uma dezena de acionistas. O principal, após um reforço da anterior participação, era a Nutelo – Gestão, Comunicação e Marketing, de Nuno Carvalho (25%), seguindo-se a ZDQ, Lda. (16,67%), que pertence ao humorista José Diogo Quintela (16,67%), uma cara conhecida do público após saltar para a ribalta com o programa Gato Fedorenho. Atualmente, é uma das vozes do podcast Assim Vamos Ter de Falar de Outra Maneira ao lado dos antigos colegas Ricardo Araújo Pereira e Miguel Góis.

Foi neste contexto financeiro que a empresa foi posta à venda em dezembro, num processo coordenado pelo Haitong, de acordo com o Jornal Económico. Para trás ficou um histórico de polémicas de liderança, com declarações como “o espírito de equipa vale muito mais do que salário base” ou a carta aberta, escrita em 2020, para o então ministro da Economia Pedro Siza Vieira com pedidos urgentes de medidas de apoio às empresas.

A opinião dos portugueses: 5/10

O índice de satisfação dos portugueses com a empresa está nos 53,6 pontos em 100, de acordo com o Portal da Queixa. No ano passado, a insatisfação dos consumidores em Portugal aumentou com uma subida de 20% no número de reclamações registadas em comparação a 2023. Aliás, na categoria à qual pertence – Pastelarias e Cafetarias – foi a segunda marca com o maior volume de reclamações (17,1%).

Quase metade das queixas (47,2%) se deve a problemas no atendimento por alegada falta de simpatia, eficiência ou profissionalismo dos funcionários. Seguem-se a insatisfação com os preços (22,2%), considerados elevados ou injustos, e depois (16,7%) a qualidade do produto (sabor, frescura ou apresentação). A falta de higiene e a existência de pragas foi justificada em apenas 5,6% das denúncias feitas nesta rede social de reclamações.

Cronologia da empresa até à venda

  • 2009 – Nasce a ideia da Padaria Portuguesa, “uma padaria à medida dos portugueses” com inspiração vinda das grandes metrópoles da Europa, como Paris, Londres e Berlim.
  • 2010 – Fundação da empresa. Quatro anos depois, contavam-se 25 lojas espalhadas por Lisboa.
  • 2017 – Abrem-se as portas da fábrica de Marvila para produzir diariamente “milhares” de pães e bolos para as 50 padarias da marca.
  • 2018 – É inaugurado o centro de inovação da Padaria Portuguesa, chamado LAB, onde é criada a nova gama de pão artesanal, com farinhas de moleiro e massa mãe.
  • 2020 – Em plena pandemia, a empresa dedicada ao fabrico artesanal de pão e bolos vê-se obrigada a investir (mais) na digitalização, lança uma aplicação móvel (app) e entra nas plataformas de entrega ao domicílio, como Uber Eats, Glovo ou Bolt Food, para compensar os constrangimentos nas vendas presenciais durante o confinamento. É também o ano em que se começa a vender produtos de mercearia, uma oferta que se mantém.
  • 2023 – Abertura da fábrica do Bom Sucesso (Porto).
  • 2024 – Padaria Portuguesa anuncia plano de expansão até 2028.
  • 2025 – Espanhóis da Rodillha chegam a acordo para aquisição da Padaria Portuguesa.

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Negócio dos CTT cresce mas lucro cai 25,9% no primeiro trimestre

CTT lucram 5,5 milhões nos primeiros três meses do ano, uma quebra de 26%, devido sobretudo a custos extraordinários, como o gasto com rescisões de funcionários.

O lucro dos CTT caiu 25,9% no primeiro trimestre do ano, para os 5,5 milhões de euros, impactado sobretudo por itens extraordinários como o custo de indemnizações com saída de trabalhadores ou custos associados às aquisições recentes.

Segundo comunicado da empresa, estes impactos não recorrentes ascenderam a nove milhões de euros: praticamente metade referente a indemnizações por saídas de pessoal e o restante a custos de assessorias dos negócios com a Cacesa e a DHL e a efeitos contabilísticos no veículo de imobiliário CTT IMO YELD.

A nível operacional, o arranque de 2025 foi positivo (+19,5% no EBIT recorrente) em todos os segmentos menos no do Correio, cuja receita desceu 6%. Mas também aqui há um factor extraordinário, uma vez que no primeiro trimestre de 2024 houve eleições, fenómeno que é sempre positivo para o negócio dos CTT devido às receitas da votação dos emigrantes. Há um ano, esse contributo foi de quase 8 milhões de euros. Descontando essa comparação, os rendimentos do Correio ficaram praticamente estagnados.

O segmento de encomendas e expresso manteve-se como o mais significativo da empresa, depois de tal ter acontecido, pela primeira vez, no exercício de 2024. Aqui, o crescimento foi de 23%, para 125 milhões de euros de volume, acima dos 118 do Correio.

Outro destaque positivo coube ao segmento dos serviços financeiros, basicamente devido à grande procura por títulos da dívida pública, vendidos na sua esmagadora maioria pelos CTT (sobretudo ao balcão mas já uma parte via app).

Nos primeiros três meses do ano, foram colocados quase 1,7 mil milhões de euros de dívida pública via CTT, uma escalada de 474% face ao que aconteceu um ano antes. Desde então, foram flexibilizados os limites máximos dos montantes possíveis de subscrever e, por outro lado, a descida das taxas de juro e da remuneração dos depósitos voltou a tornar atrativa a remuneração dos certificados de dívida pública para o retalho.

Por último, ainda não foi desta que o Banco CTT deu um salto e um grande contributo para os lucros do grupo. Apesar de o setor financeiro nacional estar a viver, genericamente, uma das melhores épocas de resultados das últimas décadas, isso ainda não chegou ao banco dos CTT, que está ainda em processo de transformação que lhe permita esses crescimentos nos próximos exercícios.

O resultado antes de impostos da instituição financeira ficou praticamente inalterado nos 5,1 milhões de euros, num período marcado por grandes investimentos, tanto tecnológicos como na reconversão física de algumas agências e na contratação de recursos humanos especializados.

Cacesa já integrada, parceria com DHL só para o final do ano

Foram os dois grandes negócios dos CTT no último ano, e anunciados quase em cima um do outro. Mas se a compra da espanhola Cacesa, do negócio alfandegário, está a avançar a bom ritmo, o mesmo não se pode dizer da parceria com a DHL. Ambas as operações estavam presas por análise das autoridades da concorrência, mas a compra da Cacesa já foi aprovada e está a avançar a todo o gás, segundo informações do comunicado, que refere que as “sinergias deverão começar a ser visíveis dentro de três a seis meses”.

“O preço final de compra aumentou de 103,8 M€ para 106,8 M€ e a posição líquida de caixa da Cacesa melhorou de 12,8 M€ para 17,6 M€, levando à redução do Enterprise Value de 91,0 M€ para 89,1 M€”, pode ler-se no documento. Ou seja, o preço final foi mais elevado mas a empresa vem com mais dinheiro para o universo dos CTT.

Já no que toca à parceria estratégica com a DHL, para Portugal e Espanha, continua sob a alçada das autoridades de regulação e supervisão. Os CTT acreditam que o processo não esteja concluído antes do último trimestre deste ano.

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O caderno de encargos das televisões para o próximo Governo e os desafios do setor

Acabar com a publicidade na RTP, adotar ações em relação às big tech que "roubam" receitas publicitárias e conteúdos ou rever as leis da rádio e televisão são algumas das reivindicações.

Pedro Morais Leitão (Media Capital), Francisco Pedro Balsemão (Impresa), Nicolau Santos (RTP) e Carla Borges Ferreira (+M/ ECO)

Os líderes dos três canais televisivos em sinal aberto — RTP, SIC e TVI — apontaram esta quinta-feira o seu “caderno de encargos” para o Governo que saia das eleições legislativas de 18 de maio. As ideias foram defendidas no painel “Posicionamento dos Media no Futuro Global”, durante o 10º Encontro de Produtores Independentes de Televisão, organizado pela APIT, e que decorreu esta quinta-feira, em Lisboa.

Francisco Pedro Balsemão, CEO do grupo Impresa, começou desde logo por responder que o novo governo deve “encontrar uma forma executiva para conseguir impor que a RTP deixe de ter publicidade“.

O CEO do grupo dono da SIC e do Expresso defendeu ainda uma ação por parte do Governo em relação ao impacto das big techs e da inteligência artificial generativa, nomeadamente no que diz respeito à usurpação da propriedade intelectual, defendendo que “há formas de o governo poder trazer estes players para a conversa e, não só de uma forma executiva mas também tecnológica, conseguir chegar a acordo com estes players” e, assim, proteger o ecossistema mediático português.

Sobre a questão da RTP, Nicolau Santos, presidente do conselho de administração do operador público, defendeu que o problema da publicidade em televisão se resume ao facto de o investimento ter passado de 400 milhões há 15 anos para 200 milhões atualmente, dos quais a RTP capta “apenas” 25 milhões. “Pergunto se [os canais privados] vão resolver os seus problemas com 25 milhões e se esta publicidade vai sair da RTP vai para esses operadores? Não, vai sair para as big techs. A publicidade que saia da RTP não vai para os operadores privados“, argumentou.

Em relação à RTP, Pedro Morais Leitão defendeu a necessidade de uma “visão a longo prazo” quanto ao futuro do canal público de televisão português, observando que em 2004 já se falava que a publicidade na RTP ia acabar e que passados 20 anos a situação é a mesma. “Estamos aqui a discutir o futuro, quando não sabemos o que é o futuro da RTP e em que medida isso afeta os canais privados“, argumentou o CEO da Media Capital.

Continuar o apoio do Estado à produção é também “muito importante”, particularmente no que diz respeito a “produção que possa viajar, ou seja produção que não seja só para Portugal mas que possa viajar pelo menos para todo o mercado de língua portuguesa”, apontou o responsável do grupo dono da TVI.

Além disso, Pedro Morais Leitão sugeriu ainda que o próximo Governo considerasse fazer parcerias público-privadas na produção de conteúdos. “Nós estamos a fazer a nossa quota-parte de investimento para promover a produção nacional, mas achamos que isso é um desígnio nacional e que devia ser apoiado pelo Governo”, argumentou.

Encarando como positivo o regime de incentivos e de linha de apoio à produção audiovisual já existente, Francisco Pedro Balsemão apontou também, no entanto, que os valores em causa ainda não são os ambicionados. Tal como Trump defende a máxima “make Hollywood great again“, em Portugal devia-se apostar em “make produtores great again, defendeu perante uma plateia de profissionais do setor e na qual também estava Carlos Abreu Amorim, o ainda secretário de Estado com a pasta da comunicação social.

Não somos de estender a mão, mas o mais importante é que o Governo perceba e tome este tipo de decisões”, percebendo a importância que os media têm para o país, para a democracia, para a cultura e para economia, defendeu.

Nicolau Santos apontou ainda que o Governo conseguiu avançar com a celebração de um novo contrato de concessão da RTP, além de estar a trabalhar na revisão da lei da rádio e televisão. “Penso que estávamos num bom caminho, veremos o que acontece nas eleições, mas acho que faz todo o sentido manter aquilo que estava planeado“, afirmou.

Media Capital aponta investimento de 100 milhões em cinco anos na produção audiovisual

Pedro Morais Leitão disse ainda no debate que as empresas da Media Capital planeiam investir 50 milhões de euros na área da produção audiovisual até 2030 e que, e em cima disso, os acionistas da Media Capital vão investir também cerca de 50 milhões de euros no “Media City”, espaço para onde o grupo vai transferir as suas instalações.

“Na prática vamos investir, até 2030, 100 milhões de euros no que é essencialmente produção audiovisual, algo que é concorrente com os produtores independentes, mas que acredito que reverterão também a favor de todos os que estão aqui presentes. Achamos que isso vai trazer infraestrutura, meios, que possibilitarão projetos com escala, que é uma das tendências importantes em relação aos projetos audiovisuais”, afirmou no evento promovido pela Associação de Produtores Independentes de Televisão (APIT).

“Quando temos 120 esquemas de apoio à produção audiovisual espalhadas pelo mundo inteiro, não podemos acreditar que Portugal irá ganhar muitos mais ‘Fast and Furious’ e outras produções dessas de Hollywood, sem ter um esquema de apoio a essas produções muito competitivo. Essas produções virão para cá se o nosso esquema for mais competitivo que os outros, ou seja, se dermos mais dinheiro a essas produções para virem para cá. E nós achamos que esse dinheiro será melhor utilizado se investirmos em projetos de produção local“, acrescentou.

Esta é assim encarada como uma “grande aposta na produção audiovisual independente dos grandes streamers, que é quem está a consolidar todo o investimento em produção audiovisual a nível mundial“.

Plataforma de streaming conjunta não convence privados

Sobre a parceria que a TVI tem com a Prime Video, Pedro Morais Leitão disse que o grupo está “muito contente” mas que tem “consciência que está a dormir com o inimigo”. “Estamos a correr riscos ao alimentar a presença aqui de alguém que tem capacidade para consolidar todo este setor“, disse.

Nicolau Santos apontou também que a RTP Play foi a primeira plataforma de streaming a surgir em Portugal, sublinhando que a mesma é gratuita [graças à contribuição audiovisual] e que atraiu 9,8 milhões de visitantes no ano passado. “Isto quer dizer que existe mercado, que têm potencial, e que estas plataformas têm de ser rentabilizadas“, sendo essencial adequar os preços à capacidade e interesse das pessoas em Portugal.

A ideia de criar uma plataforma de streaming conjunta entre as três televisões, o que “não é fácil” mas permite “ganhar dimensão e alguma massa cinzenta”, foi novamente defendida por Nicolau Santos. “Ganharemos todos mais se conseguirmos uma plataforma conjunta para nos apresentarmos lá fora do que se cada um tentar trilhar o seu caminho. Não é fácil, mas acho que é algo que faz sentido. Cada um tem êxito com as suas parcerias internacionais, mas são êxitos que se calhar acabam por ficar limitados por não estarmos em conjunto”, defendeu o presidente do conselho de administração RTP.

Isto até porque a concorrência das televisões já não é interna mas sim com as plataformas internacionais, como a Netflix ou a Amazon, mas também com outras plataformas como o TikTok, que capta a atenção de milhões de pessoas, ou a Google que utiliza os conteúdos produzidos pelos media. “O nosso problema é a concorrência destas plataformas de streaming que estão a entrar no nosso negócio, transmitindo eventos musicais e desportivos, e isto representa um grave risco, porque temos de continuar a dar as nossas histórias”, observou.

Francisco Pedro Balsemão não considerou, no entanto, que as plataformas de streaming sejam o inimigo, argumentando que o maior concorrente das televisões é, na verdade, o YouTube, estando-se a viver uma “guerra entre o long-form e short-form“. “A concorrência é global, mas neste caso estamos mais do mesmo lado das plataformas de streaming“, disse, avançando que a Impresa é a única empresa de media em Portugal com uma plataforma de streaming paga — a OPTO –, a qual já conta com um “número significativo” de assinantes, numa ordem superior a 35 mil.

Em relação à OPTO, o grupo tem apostado nas séries, “mas é importante dizer que a novela não deve ser vista como o parente pobre da ficção“, defendeu também o CEO da Impresa. “E vemos agora este interesse por parte das plataformas de streaming pelo género de novela. A estratégia destas plataformas passa por atrair mais assinantes e utilizadores, mas também por reter os que já lá estão e isso passa por estes conteúdos que têm mais episódios, pelo que é importante quando se falar em linhas de apoio à operação audiovisual, que também se valorize este produto“, argumentou.

Pedro Morais Leitão também não pareceu deixar-se convencer com a ideia de uma plataforma de streaming comum entre as três televisões, argumentando desde logo que Portugal sofre de um “problema de escala”, o que torna “quase uma perda de tempo” concorrer por publicidade com as grandes plataformas, as quais “estão sempre dois passos à frente a nível tecnológico”

E nas plataformas de streaming é igual. É estarmos sempre dois passos atrás porque os concorrentes internacionais estão sempre mais avançados tecnologicamente e têm essa maior capacidade de investimento em tecnologia. Mesmo que estejamos os três juntos“, disse o CEO da Media Capital.

Sobre a compra dos direitos televisivos dos jogos do Moreirense por parte da TVI, e sem avançar se avançaria para acordos idênticos com outros clubes, Pedro Morais Leitão disse que aquilo que “parece uma loucura para a maior parte das pessoas” foi feito para “perturbar o estado de coisas que se tinha cristalizado na televisão paga em Portugal e que, na prática, está a prejudicar socialmente o desporto e o futebol, em favorecimento de um congelar da evolução do mercado da televisão paga”.

Recorde-se que a TVI chegou a acordo com o Moreirense Futebol Clube em novembro passado para transmitir nos canais do grupo os jogos em casa do clube minhoto. Este acordo marca o regresso do campeonato de futebol à televisão em sinal aberto já a partir da próxima época desportiva e por um período de três anos.

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Saiu fumo branco da chaminé do Vaticano. Já há Papa

Há fumo branco no Vaticano. Conclave escolheu sucessor do Papa Francisco.

À quarta votação foi de vez: saiu fumo branco da chaminé da Capela Sistina, no Vaticano, com milhares de pessoas na Praça de São Pedro, em Roma, a aguardarem a eleição do sucessor do Papa Francisco.

As votações dos 133 cardeais de 71 nacionalidades – quatro deles de Portugal – reunidos no Conclave, que decorre no Vaticano, resultaram em fumo branco no segundo dia de votações. Estão fechados dentro da Capela Sistina desde esta quarta-feira para eleger o novo Sumo Pontífice.

A ‘fumata’ que anuncia ao mundo o resultado da eleição começou a sair pelas 18h10 de Roma (17h10 em Lisboa). Com os sinos da Basílica de São Pedro a repicar a anunciar “Habemus Papam”, a notícia sobre o novo Papa será feita a partir da varanda da Basílica de São Pedro.

As votações que aconteceram esta quinta-feira, pela 9h30 e 11 horas, não obtiveram os dois terços de votos necessários para eleger um novo Papa.

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REN quadruplica lucro para 14,4 milhões de euros no primeiro trimestre

Elétrica liderada por Rodrigo Costa justificou a subida com "impostos mais baixos refletindo efeitos não recorrentes (-7,5 milhões de euros) e recuperação de impostos de anos anteriores".

A REN – Redes Energéticas Nacionais quadruplicou o lucro para 14,4 milhões de euros no primeiro trimestre do ano, em comparação com os 3,7 milhões de euros registados em igual período do ano passado. O resultado líquido da elétrica subiu 290,7% de um ano para o outro.

A empresa liderada por Rodrigo Costa justificou a subida no resultado líquido com “impostos mais baixos, refletindo essencialmente efeitos não recorrentes (-7,5 milhões de euros) e recuperação de impostos de anos anteriores (-1,8 milhões de euros)”.

Neste relatório trimestral, a REN faz uma referência à falha geral do sistema de eletricidade a 28 de abril, apesar de ter acontecido durante o segundo trimestre. “As causas ainda estão sob investigação, mas tudo indica que tenha tido origem no sistema elétrico espanhol. O sistema foi recuperado em menos de 12 horas”, assinala a energética sobre o apagão ibérico.

O EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) fixou-se nos 128,9 milhões de euros, em linha com do mesmo trimestre de 2024. No lucro operacional, destaca-se a redução do desempenho doméstico (menos 700 mil euros) impulsionado pelo aumento dos custos de operação (opex) de 2,3 milhões de euros, apesar de aumento de 200 mil euros noutras receitas e ativos, bem como despesas com remuneração (mais 1,3 milhões de euros). Destaque ainda para a contribuição dos negócios internacionais, que aumentaram 700 mil euros, em termos homólogos.

O investimento (capex) foi de 69,1 milhões de euros, o que representa uma subida de 44,4%, em relação ao primeiro trimestre de 2024. “Impactos positivos dos setores domésticos de transmissão de eletricidade e gás natural, bem como do segmento internacional”, lê-se na apresentação financeira divulgada esta quinta-feira à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

A dívida líquida, excluindo desvios tarifários, teve uma redução de 5,1% entre janeiro e março, para os 2.240 milhões de euros, apesar de um ligeiro aumento do custo médio da dívida para 2,78% dos anteriores 2,77%.

Renováveis baixam para 80%

As fontes de energia renováveis atingiram 80,5% da oferta total da REN. É uma queda significa em relação aos 88,6% registados nos primeiros três meses de 2024, de acordo com o documento publicado pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

Quanto ao consumo de eletricidade no sistema nacional, aumentou 2,7% em termos homólogos, para 14,1 Terawatts-hora (Twh), enquanto o de gás natural diminuiu para 11,57 Twh.

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“Oportunidade perdida”, “insuficiente”, “entropia”. Parceiros sociais criticam mexidas à lei do trabalho

Dois anos depois de ter entrado em vigor, Agenda do Trabalho Digno foi discutida na Conferência Anual do Trabalho e foi alvo de crítica tanto por parte das confederações empresariais como pela CGTP.

  • A Conferência Anual do Trabalho foi organizada pelo Trabalho by ECO e abordou os salários, a lei do trabalho, o futuro da Segurança Social, a formação e as migrações. Ao longo desta semana, serão publicadas peças relativas a cada um destes cinco painéis, sendo que pode rever já os principais destaques aqui.

Dois anos depois da chamada Agenda do Trabalho Digno ter entrado em vigor, os parceiros sociais fazem-lhe críticas. No painel “Lei do trabalho a caminho de novas mudanças?” da Conferência Anual do Trabalho, o presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), o presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP), o secretário-geral da CGTP, e um dos sócios que coordenam a área de laboral da PLMJ deixaram o recado de que o próximo Governo deve voltar a ajustar a legislação do trabalho.

Segundo painel da segunda edição da Conferência Anual do Trabalho debruçou-se sobre lei do trabalho.Henrique Casinhas/ECO

Não aceitámos a Agenda do Trabalho Digno. Há uma série de pontos, como outsourcing, que estão em Tribunal Constitucional”, sublinhou o presidente da CCP, João Vieira Lopes, que considerou que estas dezenas de mexidas à lei do trabalho “não tiveram qualquer valor acrescentado“. “Até introduziu algumas entropias”, referiu.

Já o presidente da CIP, Armindo Monteiro, disse discordar desde logo que o nome que o Governo anterior deu a este pacote de alterações ao Código do Trabalho, argumentando que consistiu numa jogada de marketing. “Foi uma oportunidade perdida para construir soluções. Nas relações de trabalho não se pode utilizar marketing”, declarou o responsável.

Foi uma oportunidade perdida para construir soluções. Nas relações de trabalho não se pode utilizar marketing.

Armindo Monteiro

Presidente da CIP

E também do lado dos representantes dos trabalhadores vieram críticas. O secretário-geral da CGTP, Tiago Oliveira, caracterizou a Agenda do Trabalho Digno como “insuficiente”. Algumas medidas “permitiram avanços”, reconheceu. Porém, no contexto geral a legislação “fiou aquém dos objetivos centrais que permitiram condições de trabalho melhores”.

Por sua vez, o advogado Nuno Ferreira Morgado, sócio da PLMJ e um dos coordenadores da área de laboral dessa sociedade, deixou claro que não tem dúvidas de que o pacote legislativo em causa foi um “falhanço”, porque há normas que estão por regulamentar, e outras que estão a gerar dúvidas.

O advogado alertou também que “há uma falta de qualidade atroz na lei“. “Não nos podemos esquecer de que o Direito do Trabalho só existe para servir um propósito: para proteger os trabalhadores. Mas temos de ter um texto que as pessoas entendam, porque os primeiros prejudicados com isso são os trabalhadores e também as empresas”, advertiu.

Segundo Nuno Ferreira Morgado, a falta de clareza do texto da Agenda do Trabalho Digno é visível, por exemplo, na norma que veio abrir a porta a que os estafetas sejam reconhecidos como trabalhadores das plataformas digitais, “com milhares de ações a decorrer em tribunal”, neste momento.

Despedimentos mais fáceis?

Tiago Oliveira, secretário-geral da CGTP, participou na segunda edição da Conferência Anual do Trabalho.Henrique Casinhas/ECO

No painel dedicado à lei do trabalho, Armindo Monteiro, da CIP, fez questão de notar as dificuldades para promover saídas de trabalhadores com baixa performance dentro das empresas. “É legítimo promover o despedimento por fraco desempenho? Esta plateia sabe que é extremamente difícil. A relação laboral, sendo certo que é para proteção dos trabalhadores, tem outras variantes”, declarou.

No mesmo sentido, Nuno Ferreira Morgado, da PLMJ, apontou que é necessário mudar o mecanismo de cessão do contrato de trabalho. Segundo o advogado, enquanto o país não se confrontar com este problema de forma “séria”, não iremos sair deste “marasmo”. “Queremos melhores salários, maior empregabilidade jovem, melhores condições, mas para isso é preciso que a regra do despedimento não seja a que existe atualmente“, acrescentou.

Queremos melhores salários, maior empregabilidade jovem, melhores condições, mas para isso é preciso que a regra do despedimento não seja a que existe atualmente.

Nuno Ferreira Morgado

Sócio da PLMJ

Tiago Oliveira, da CGTP, reagiu a estes apelos à flexibilização dos despedimentos com críticas ao cumprimento da obrigatoriedade de formação dentro das empresas, para que os trabalhadores possam ser mais eficientes e produtivos. “O número de empresas que cumpre as 40 horas de formação obrigatória deve ser irrisório”, atirou Tiago Oliveira.

“Temos de valorizar quem dá tudo em prol das empresas, para serem mais produtivos. Não podemos partir da premissa de que tudo gira à volta das empresas. Não podemos continuar a ter a mesma retórica e discurso”, disse ainda o dirigente sindical.

O que pedem os parceiros sociais ao próximo Governo?

João Vieira Lopes, presidente da CCP, participou na segunda edição da Conferência Anual do Trabalho.Henrique Casinhas/ECO

Na Conferência Anual do Trabalho, mas já de olho no próximo Governo, João Vieira Lopes, da CCP, pediu cooperação e trabalho conjunto para se chegar a consensos em sede de concertação social.

“Em cada momento do desenvolvimento económico e dos desequilíbrios políticos, é sempre possível mexer nalguns pontos e definir prioridades”, assinalou, detalhando que a solução não é “fazer tudo ou nada”, mas, antes, ir encontro pontos para dar “saltos positivos”.

Também Armindo Monteiro, da CIP, frisou a importância da negociações entre as várias partes das relações de trabalho, enquanto Nuno Ferreira Morgado, sócio da PLMJ, indicou que uma das principais preocupações do próximo Governo deveria ser identificar o seu desígnio, o seu objetivo.

Era importante haver um acordo regime que os dois partidos maioritários sobre o futuro do trabalho, onde querem que os trabalhadores estejam. A reforma laboral é essencial”, rematou o advogado.

Recorde abaixo o painel na íntegra:

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Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril passa a integrar Universidade Nova

  • Lusa
  • 8 Maio 2025

Para a Universidade Nova, a ESHTE “traz consigo um conhecimento consolidado num setor estratégico, que representa cerca de 15% do PIB nacional”.

A Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril vai fazer parte da Universidade Nova de Lisboa, anunciou a universidade, num comunicado a que a Lusa teve acesso esta quinta-feira.

“O Conselho Geral da Nova aprovou, no passado dia 5 de maio, a integração da Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril (ESHTE) na Universidade Nova de Lisboa”, lê-se na nota, datada de quarta-feira. A integração da ESHTE, proposta pelo reitor da Universidade Nova de Lisboa, João Sàágua, vai permitir a criação de sinergias entre “áreas científicas já consolidadas na Nova e as competências especializadas da ESHTE”.

A universidade caracteriza o turismo como uma área científica e profissional com um forte impacto económico, social e cultural, sublinhando que a ESHTE é uma referência na área do Turismo e da Hospitalidade em Portugal. Para a universidade, a ESHTE “traz consigo um conhecimento consolidado num setor estratégico, que representa cerca de 15% do PIB nacional”.

Segundo o comunicado, a iniciativa permite que a universidade reforce a sua presença no turismo, que descreve como “um fenómeno global que exige soluções sustentáveis, digitais e qualificadas”.

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Carregamentos na Mobi.E sobem 48% em abril para 665.000

  • Lusa
  • 8 Maio 2025

A empresa pública detalhou que foram feitos, em média, 22.176 carregamentos por dia, uma subida face a 21.602 carregamentos no mês anterior.

Os carregamentos em abril na rede Mobi.E aumentaram 48% em termos homólogos, para 665.000, tendo sido atingido um máximo de 115.000 utilizadores distintos, anunciou esta quinta-feira a empresa em comunicado.

“A rede Mobi.E registou, em abril, cerca de 665.000 carregamentos, o que representa um aumento de 48% face ao mesmo mês do ano passado, que foram efetuados por mais de 115.500 utilizadores distintos, número nunca antes atingido num único mês e uma subida de 52% em comparação com o período homólogo”, explica a empresa em comunicado.

Já a energia consumida subiu 63% face ao mesmo mês do ano passado, para 14,7 gigawatt-hora (GWh). No documento, a empresa pública criada em 2015 e incumbida pelo Governo de criar um mercado para a mobilidade elétrica, detalhou que foram feitos, em média, 22.176 carregamentos por dia, uma subida face a 21.602 carregamentos no mês anterior.

Desde o início do ano, o número de carregamentos cresceu 48% em termos homólogos, para 2,5 milhões, distribuídos por cerca de 200.000 utilizadores únicos. Em abril, a rede de carregamento pública era composta por 6.193 postos – ou 11.517 pontos de carregamento –, dos quais 2.360 (ou 38,1%) eram de carregamento rápido ou ultrarrápido.

A Mobi.E acrescenta que a potência da rede foi superior a 382.922 kW, “ultrapassando o exigido pelo regulamento europeu para a criação de uma infraestrutura para combustíveis alternativos (AFIR)”, que estabelece que deve existir uma potência de 1,3 kW por cada veículo 100% elétrico e 0,8 kW por cada veículo híbrido plug-in.

A empresa registou ainda que existem hoje, em média, 94 tomadas por cada 100 quilómetros de rodovia e 127 tomadas por cada 100.000 habitantes.

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Trump anuncia acordo nas tarifas com Reino Unido. Taxas sobre aço e alumínio removidas

EUA deixam cair já tarifas sobre o alumínio e o aço e baixam taxas aduaneiras no automóvel de 25% para 10%. Trump diz que EUA estão "muito próximos" de fechar acordos com outros países.

O presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou esta quinta-feira um acordo comercial com o Reino Unido. Trata-se do primeiro acordo alcançado após o anúncio por parte dos EUA das chamadas tarifas recíprocas. Tarifas sobre o alumínio e o aço baixam para 0% e sobre os carros recuam de 25% para 10%, mantendo-se uma taxa de 10% para a maioria das importações britânicas, enquanto os bens exportados para o Reino Unido vão pagar 1,8%.

O acordo com o Reino Unido foi anunciado numa conferência na Casa Branca, após Trump ter publicado uma tabela onde desvenda alguns detalhes sobre as condições acordadas entre os dois parceiros comerciais. A publicação mostra que as tarifas recíprocas para o Reino Unido ficarão em 10%, acima dos anteriores 3,4%, enquanto as taxas aduaneiras cobradas pelo Reino Unido às importações norte-americanas vão baixar de 5,1% para 1,8%. Trump explicou ainda que os detalhes finais estão a ser preparados.

Já o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, saudou o acordo, considerando que é “um dia histórico” na história da cooperação bilateral entre os dois países. “Este é um dia realmente fantástico e histórico, em que podemos anunciar este acordo entre os nossos dois grandes países. Penso que é um verdadeiro tributo à nossa história de trabalho tão estreito”, disse por telefone ao Presidente dos EUA, Donald Trump, em declarações transmitidas pela televisão.

Segundo Starmer, o acordo “vai impulsionar o comércio” entre ambos e “proteger postos de trabalho, mas também criá-los, abrindo o acesso ao mercado”. Numa conferência de imprensa mais tarde, Starmer adiantou que o acordo vai eliminar as tarifas aduaneiras sobre o aço e o alumínio britânicos de 25% para 0% e do setor automóvel de 27,5% para 10%.

Questionado sobre se 10% servirá a base para outras negociações que estão a decorrer, Trump afirmou que 10% “é um número baixo”. “Fizeram um bom acordo”, disse, referindo-se ao acordo alcançado com o Reino Unido.

O republicano mostrou-se ainda confiante em relação às negociações com outros parceiros comerciais. “Estamos muito próximos” de alcançar novos acordos nas tarifas, adiantou Donald Trump, numa conferência de imprensa que está a decorrer na Casa Branca, referindo que está a negociar com vários países e que vai encontrar-se com a China. “Vamos ter uma boa semana com a China“.

O presidente dos EUA adiantou ainda que quer fazer um acordo com a União Europeia. Sobre as medidas anunciadas por Bruxelas esta quinta-feira, que incluem a possibilidade da União Europeia impor tarifas a importações norte-americanas no valor de 95 mil milhões de euros, caso falhem as negociações, Trump não deu grande importância, afirmando que “toda a gente quer fazer um acordo com os EUA”.

(Notícia atualizada às 16h52)

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Há mais nove concelhos a oferecer benefícios fiscais a startups

Com este acordo, firmado com a Startup Portugal, durante a SIM Conference, no Porto, eleva-se para 31 o número de concelhos que aderiram à iniciativa.

Vila Nova de Famalicão, Esposende, Belmonte, Cadaval, Coruche, Paços de Ferreira, Caldas da Rainha, Penela e Vila Viçosa são os nove novos concelhos que vão passar a oferecer benefícios fiscais a startups e scaleups para promover a sua instalação na região. Com este acordo, firmado com a Startup Portugal, eleva-se para 31 o número de concelhos que aderiram à iniciativa.

“Com a assinatura destes novos memorandos, reforçamos o nosso compromisso de criar um ambiente mais favorável ao crescimento das startups em todo o território nacional. A colaboração com os municípios é essencial para atrair e reter talento, estimular o investimento e impulsionar o desenvolvimento económico regional”, salienta António Dias Martins, diretor executivo da Startup Portugal, citado em comunicado.

Com estes acordos, assinados durante a segunda edição da SIM Conference, a decorrer no Porto até 9 de maio, eleva-se para 31 o número de concelhos que oferecem benefícios fiscais às startups para incentivar a sua instalação na região e, com isso, impulsionar o empreendedorismo regional e a atração e retenção de talento.

Isenção de derrama municipal para startups e scaleups sediadas nesses municípios, além da criação de outros benefícios fiscais estão entre os benefícios previstos no âmbito destes memorandos.

Os nove municípios juntam-se assim a São João da Madeira, o primeiro a aderir à iniciativa, seguido de Fundão, Porto, Arco de Valdevez, Barreiro, Monchique, Porto de Mós e Odemira, Braga, Coimbra, Matosinhos, Tomar, Montemor-o-Novo, Alcanena, Covilhã, Penacova, Carregal do Sal, Mangualde, São Pedro do Sul, Sever do Vouga, Arganil e Vila Nova de Paiva que já tinham fechado acordos semelhantes com a Startup Portugal.

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