5 coisas que vão marcar o dia

  • ECO
  • 2 Maio 2025

Quanto cresceu a economia portuguesa no início do ano? E qual o ritmo da inflação em março? São perguntas que vão ter resposta esta sexta-feira.

Numa semana marcada por uma falha histórica no abastecimento de eletricidade em Portugal e Espanha, o Instituto Nacional de Estatística (INE) publica hoje a estimativa rápida do crescimento económico no primeiro trimestre e da inflação em março. Enquanto isso, o Banco de Portugal atualiza dados da dívida pública.

Quanto cresce a economia?

O Instituto Nacional de Estatística (INE) divulga esta sexta-feira a estimativa rápida das Contas Nacionais Trimestrais relativa ao primeiro trimestre de 2025. De acordo com os últimos dados divulgados pelo gabinete de estatística, a economia portuguesa cresceu 1,9% em 2024, influenciada sobretudo pelo consumo. A divulgação destes dados foi adiada para hoje por causa do ‘apagão’ que se registou na segunda-feira e impediu a conclusão dos trabalhos, explicou o instituto.

Como evoluiu a inflação em abril?

O INE vai ainda revelar a estimativa rápida da evolução do Índice de Preços no Consumidor em abril. Em março, a taxa homóloga de inflação foi de 1,9%, menos 0,5 pontos percentuais face a fevereiro. Quanto à inflação subjacente, que retira da equação os produtos energéticos e os produtos alimentares não transformados, a variação homóloga no terceiro mês de 2025 foi também de 1,9%, contra 2,5% em fevereiro.

Banco de Portugal atualiza dívida pública

O Banco de Portugal publica esta sexta-feira a nota de informação estatística sobre a dívida pública registada em março. Em fevereiro, a dívida das administrações públicas subiu pelo terceiro mês seguido, tendo atingido os 277,2 mil milhões de euros, o valor mais alto desde setembro de 2023. O supervisor financeiro revelou que endividamento das Administrações Públicas deu um salto de 2,9 mil milhões de euros em fevereiro. A evolução deveu-se sobretudo ao acréscimo dos títulos de dívida (2,5 mil milhões de euros) e dos Certificados de Aforro (600 milhões de euros).

Desemprego recua na Zona Euro?

O órgão de estatística europeu divulga esta sexta-feira dados do desemprego na Zona Euro e da União Europeia (UE) relativos a março. Em fevereiro, a taxa de desemprego da UE foi de 5,7% em fevereiro de 2025, também abaixo dos 5,8% em janeiro de 2025 e dos 6,1% em fevereiro de 2024. O Eurostat estimou que 12,6 milhões de pessoas na UE, das quais 10,6 pertencem à Zona Euro, estavam desempregadas em fevereiro.

INE analisa setor do comércio

Por fim, o INE divulgará também o Índice de Volume de Negócios, Emprego, Remunerações e Horas Trabalhadas no Comércio relativo a março. Em fevereiro, o comércio registou um crescimento homólogo de 5,8%, uma aceleração de 0,3 pontos percentuais (p.p.) em comparação com o mês anterior. As vendas no comércio a retalho cresceram 5%, enquanto os índices de emprego e de remunerações apresentaram crescimentos homólogos de 1,2% e 5,7%, respetivamente.

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Ações da Telefónica sobem mais de 12% após os primeiros 100 dias de Murtra como presidente

  • Servimedia
  • 2 Maio 2025

As ações da Telefónica subiram mais de 12% desde que Marc Murtra assumiu a presidência em janeiro.

Após cem dias de mandato, com uma agenda intensa para conhecer a empresa em primeira mão, Murtra promoveu uma reflexão estratégica que, embora deva ser anunciada no segundo semestre do ano, já adiantou na Assembleia Geral de Acionistas de 10 de abril que seria ambiciosa e na qual a Europa seria a principal prioridade.

Os primeiros 100 dias de Murtra foram bem recebidos pelos investidores, tendo as ações da Telefónica subido nas últimas semanas num ambiente de mercado volátil devido ao contexto geopolítico internacional. As ações estão atualmente a ser negociadas a cerca de 4,5 euros, contra cerca de 4 euros na sessão anterior à sua nomeação.

Murtra viu também a sua gestão ser apoiada pelos analistas. De acordo com o consenso de mercado divulgado pela Bloomberg, 83% dos analistas que seguem a empresa recomendam a compra ou a manutenção da ação, descrevendo-a como uma ação sólida e estável num ambiente global de incerteza.

Por sua vez, a Morgan Stanley, num relatório recente, destacou a Telefónica como uma das ações europeias mais bem posicionadas no atual contexto de mercado, sublinhando o seu baixo risco geopolítico e a sua capacidade de gerar valor através de possíveis operações empresariais, redução de investimentos e crescimento ligado à inteligência artificial. Destacaram também o elevado rendimento dos dividendos da empresa.

A Telefónica acelerou a sua estratégia de desinvestimento na América Latina com a venda das suas filiais na Argentina, a primeira grande operação sob a liderança de Murtra, na Colômbia e no Peru. Estes movimentos fazem parte da estratégia avançada pelo próprio Marc Murtra de se concentrar em mercados-chave como Espanha, Alemanha e Reino Unido e do seu objetivo de reduzir a exposição na região, um objetivo já expresso pela Telefónica em 2019. Desde então, a empresa reduziu o capital investido na região em 44%.

No entanto, Murtra defendeu nestes primeiros 100 dias que o Brasil continuará a ser um mercado central para a Telefónica e que a empresa manterá a sua liderança no país. A Vivo fechou 2024 com uma quota de mercado móvel de 38,8%, 43,1% em contrato e 17,6% em FTTH.

Para liderar a nova fase que Telefónica enfrenta, na qual, segundo o próprio Murtra, a solidez financeira será uma marca da companhia, o presidente da empresa de telecomunicações promoveu uma profunda transformação da Comissão Executiva.

Emilio Gayo, com uma extensa trajetória na empresa e um perfeito conhecimento do negócio das telecomunicações, é o novo CEO; Borja Ochoa é o novo Presidente Executivo da Telefónica España; Sofía Collado é a nova CEO da Telefónica Tech; Sebas Muriel é o novo Diretor de Digital da Telefónica e Álvaro Echevarría é o novo Diretor do Gabinete do Presidente.

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Stratesys ‘pisca o olho’ português à Adidas, Bosch e Siemens

Multinacional desenvolve projetos a partir de Portugal para mais de 100 clientes da Argentina, Brasil, México e Espanha. Com escritórios em dez países, emprega 1.900 pessoas e fatura 130 milhões.

Presente em Portugal desde 2010, a multinacional Stratesys quer começar a prestar serviços a partir de território nacional para grandes empresa da Alemanha e Reino Unido dentro de dois a três anos. Tem na mira clientes como Adidas, Bosch, Siemens, Deutsche Bank, entre outros. A espanhola já tem escritório nestes dois países.

O diretor e partner da tecnológica Stratesys explica ao ECO que “nestes dois mercados já existe alguma apetência para trabalhar com equipas em modelo nearshore, ou seja, contratarem empresas que prestem serviços a partir de outros países”. Business Technology Platform (SAP BTP) e gestão de analítica de dados são as áreas que a Stratesys pretende explorar a partir de Portugal para estes dois mercados.

“Estamos a pensar em multinacionais presentes em vários países e com presença especificamente nos países onde temos escritórios, porque assim vamos conseguir diferenciar-nos”, adianta Tiago Lopes Duarte, diretor e partner da tecnológica Stratesys.

A tecnológica faturou o ano passado cinco milhões de euros no país, mais 1,5 milhões que no ano anterior. A multinacional emprega 100 pessoas em território nacional, mas prevê chegar aos 130 profissionais até ao final do ano. A nível global, a espanhola está presente em dez países, emprega 1.900 pessoas e fechou o ano com um volume de negócios de 130 milhões de euros. Já executou mais de 5.000 projetos em 60 países.

“O ano passado crescemos cerca de 30% em Portugal, ultrapassamos os 1,5 milhões de euros, sendo que a este valor isto acresce 3,5 milhões de euros de serviços para o estrangeiro a partir de Portugal”, explica ao ECO Tiago Lopes Duarte, diretor e partner da Stratesys.

Tiago Lopes Duarte, diretor e partner da Stratesys

A tecnológica espanhola entrou em Portugal em 2010 para trabalhar exclusivamente com a EDP. Sete anos depois depois lançou um plano de crescimento em território nacional. “Foi uma estratégia de crescimento no mercado local, ou seja, a partir de Portugal fazermos projetos não só com clientes portugueses, mas também para várias geográficas”, explica Tiago Lopes Duarte, que integra a equipa da Stratesys desde 2010.

A partir de Portugal, mais concretamente de Lisboa, a tecnológica de origem espanhola trabalha com 25 empresas portuguesas, mas desenvolve projetos para mais de 100 clientes da Argentina, Brasil, México e Espanha.

Em Portugal, a Stratesys tem clientes como o Grupo JAP, Logoplaste, Sumol-Compal, Convatec, MC Sone e Sonae Sierra, Delta Cafés, entre outras.

Fundada em Espanha em 2008, além de Portugal e Espanha, tem escritórios no Reino Unido, Brasil, México, Argentina, Chile, Colômbia e Países Baixos.

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Estado arrecada mais 15% com taxas e multas. Rendem 1.170 milhões até março

Cobrança de taxas pela AIMA, ANACOM, Fundo Sanitário e de Segurança Alimentar Mais e autarquias contribuiu para subida de 15% da receita do Estado com taxas, multas e outras penalidades.

As taxas, multas e outras penalidades já renderam aos cofres do Estado 1.170,6 milhões de euros no primeiro trimestre, um aumento de 15,1% face a igual período do ano passado. Entre estas incluem-se as taxas cobradas pela Agência para a Integração,
Migrações e Asilo (AIMA) e pela Autoridade Nacional de Comunicações (ANACOM).

De acordo com os dados publicados na quarta-feira pela Direção-Geral do Orçamento (DGO), a contribuir para o aumento da receita arrecadada esteve a cobrança de taxas pela AIMA, na sequência da “continuação da regularização de processos de manifestações de interesse”, bem como pelo Fundo Sanitário e de Segurança Alimentar Mais, “que assegurou a cobrança de Taxa de Segurança Alimentar Mais em atraso por parte de um operador económico“.

A estas juntam-se as taxas específicas cobradas pelas autarquias e as cobradas pela ANACOM “por conta de taxas de regulação, que normalmente ocorre no final do ano”.

“Tendo em consideração a declaração de inconstitucionalidade com força obrigatória geral, a ANACOM foi impedida de faturar aos operadores de comunicações eletrónicas as taxas de regulação (…) que era normalmente recebida em dezembro. No entanto, foi efetuado um pagamento por conta pelos operadores de comunicações eletrónicas em fevereiro de 2025, no âmbito da contribuição financeira”, bom base nos elementos essenciais da contribuição devida pelas empresas de redes e serviços de comunicações eletrónicas, explica a DGO.

Em sentido contrário, registou-se uma redução de receita de portagens pela sua eliminação nos lanços e sublanços das autoestradas do Interior, de antigas autoestradas sem custos para o utilizador (SCUT) e em vias sem alternativas de qualidade e segurança.

Cobrança de taxas pela AIMA, ANACOM, Fundo Sanitário e de Segurança Alimentar Mais e autarquias contribuiu para subida de 15% da receita do Estado com taxas, multas e outras penalidades.

Além do aumento da receita arrecadada com taxas, multas e outras penalidades, assinala-se ainda o crescimento de 16,1% das transferências, contribuindo para uma subida de 5,9% da receita não fiscal e não contributiva do Estado.

Ainda assim, a principal contribuição para a melhoria das contas públicas no primeiro trimestre face a igual período do ano passado chegou através da receita fiscal, que subiu 12,5% para 1.3562,6 milhões de euros. Nos impostos diretos, o IRS rendeu 4.620,6 milhões de euros aos cofres públicos, mais 4,8% do que no primeiro trimestre de 2024, e o IRC 405 milhões de euros, mais 22,7% na comparação homóloga.

Nos impostos indiretos, cujo crescimento da receita representou 81% do aumento da receita fiscal, o IVA garantiu ao Estado 6.316,8 milhões de euros, mais 18,2% do que em igual período do ano passado, “motivado em grande parte pela diminuição significativa dos reembolsos”, enquanto a receita com o ISP subiu 13,6%, para 907,8 milhões de euros.

receita contributiva cresceu 8,2%, fundamentalmente devido à evolução das contribuições para a Segurança Social (9%).

Assim, o Estado registou um excedente orçamental de 1.592,3 milhões de euros até março, em contabilidade pública, contrariando o défice registado em igual período do ano passado. A melhoria do saldo em 1.715,8 milhões de euros resultou sobretudo de um crescimento da receita (9,6%) superior ao da despesa (2,9%).

Os dados divulgados na quarta-feira pela DGO são na ótica de compromissos, distinta do saldo em contabilidade nacional, apurado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) e utilizado nas comparações internacionais.

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PS rejeita responsabilidade na divulgação da nova lista de clientes da Spinumviva

  • Lusa
  • 1 Maio 2025

O PS rejeitou responsabilidades na divulgação da nova lista de clientes da Spinumviva, empresa fundada e do universo familiar de Montenegro, após um deputado do partido ter admitido que a consultou.

O PS rejeitou responsabilidades na divulgação da nova lista de clientes da Spinumviva, empresa fundada e para a qual trabalhou o primeiro-ministro, Luís Montenegro, depois de um deputado do partido ter admitido que a consultou. “O deputado [do PS, Pedro Delgado Alves] já disse que não divulgou. Consultou“, afirmou o porta-voz do PS, Marcos Perestrelo, em declarações à imprensa, sublinhando que o partido “apenas pode dizer que não divulgou”.

Marcos Perestrelo referiu que do ponto de vista do PS esse não é “um facto essencial” e acusou o primeiro-ministro e líder do PSD e também este partido de “um padrão de opacidade e falta de transparência”. O importante é que “a informação foi entregue um ano depois do que devia ter sido entregue e com a preocupação — ficámos hoje a saber – de só vir a ser conhecida depois das eleições”, afirmou.

Numa nova declaração submetida no portal da transparência dos titulares de cargos políticos, Luís Montenegro acrescentou sete novas empresas para as quais trabalhou na empresa fundada pelo próprio e que passou recentemente para os seus filhos.

Essa informação foi conhecida pouco antes do debate com o líder do PS, Pedro Nuno Santos, na quarta-feira à noite, tendo este lançado a suspeita de que o próprio Luis Montenegro o tenha feito com o propósito de influenciar o debate.

Montenegro refutou durante o debate e reiterou esta quinta-feira que não entregou a nova lista de clientes da Spinumviva por decisão própria, mas por pedido da Entidade para a Transparência. “Por mim [a informação] não era pública”, manteve hoje Montenegro, que recusou ainda interferência em contratos do Estado com empresas ligadas à Spinumviva.

Questionado sobre estas declarações do primeiro-ministro, Pedro Nuno Santos defendeu que Montenegro continua a “fugir aos esclarecimentos” sobre a sua empresa familiar. “Cada informação é libertada a ferros, a conta-gotas. Luís Montenegro escondeu várias contas do Tribunal Constitucional e faz o mesmo em relação aos clientes da sua empresa“, denunciou.

O presidente do PSD, Luís Montenegro, assumiu, em Beja, que há indícios de que o PS “tem muito mais a ver” com a divulgação dos clientes da empresa Spinumviva e reiterou que não difundiu nem promoveu a difusão do documento. “Mais uma vez, os factos aparecem distorcidos, manipulados, e fui até acusado pelo líder do PS de o ter feito, quando, afinal de contas, não tenho a certeza, mas parece que o Partido Socialista tem muito mais a ver com isso do que eu“, afirmou.

Montenegro foi questionado pelos jornalistas numa ação da AD — Coligação PSD/CDS na feira Ovibeja, em Beja, sobre o deputado do PS Pedro Delgado Alves ter admitido a consulta de informação com novos dados de clientes da Spinumviva, empresa fundada pelo presidente do PSD e que passou recentemente para os seus filhos.

O Observador avançou que Delgado Alves assumiu numa reunião no Parlamento ter acedido a informação que o primeiro-ministro e líder do PSD enviou à Entidade para a Transparência e que partilhou informação com Fabian Figueiredo, do Bloco de Esquerda.

Na sequência da divulgação de novos dados, o deputado do PSD Hugo Carneiro pediu ao Grupo de Trabalho do Registo de Interesses no Parlamento que peça à Entidade para a Transparência os registos de quem acedeu aos dados sobre o primeiro-ministro.

Segundo o Observador, o coordenador do Grupo de Trabalho e vice-presidente da bancada do PS, Pedro Delgado Alves, terá assumido de imediato perante os outros deputados presentes que acedeu ao processo.

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Crescimento da economia abrandou no arranque do ano. Incerteza das tarifas já se terá feito sentir

Economistas apontam para, no primeiro trimestre, um crescimento do PIB entre 2,4% e 2,8% na comparação homóloga e 0,1% e 0,6% na comparação em cadeia.

A deterioração da confiança dos consumidores perante um contexto de elevada incerteza internacional terá afetado já a economia portuguesa no primeiro trimestre. É pelo menos esta a expectativa da generalidade dos economistas, que já antecipavam um abrandamento do crescimento face ao forte desempenho registado no final de 2024, com uma queda esperada no consumo privado.

O Instituto Nacional de Estatística (INE) divulga esta sexta-feira a estimativa rápida da evolução do Produto Interno Bruto (PIB) no arranque do ano. A publicação chegou a estar prevista para quarta-feira, mas foi adiada “devido à falha de energia que impediu a conclusão dos trabalhos”.

As estimativas dos economistas consultados pelo ECO apontam para um intervalo de entre 2,4% e 2,8% na comparação homóloga e 0,1% e 0,6% na comparação em cadeia. O desempenho abaixo do registado nos últimos três meses do ano passado já era esperado, devido ao efeito de base, uma vez que nesse período a atividade acelerou 1,5% face ao trimestre anterior e 2,8% na comparação homóloga. No entanto, a conjuntura internacional também terá tido impacto.

O Banco de Portugal prevê que a taxa de variação em cadeia do PIB seja de 0,2% no trimestre inicial de 2025. “No primeiro trimestre de 2025, o rendimento disponível nominal deverá reduzir-se 1,2% — revertendo parcialmente o aumento do quarto trimestre — e refletir-se numa retração do consumo privado, já corroborada pelos indicadores de conjuntura disponíveis“, escreve a instituição liderada por Mário Centeno no “Boletim Económico de março“.

Uma projeção na mesma linha do NECEP – Católica Lisbon Forecasting Lab e que, na comparação homóloga, aponta para 2,5%. Por seu lado, o Barómetro de conjuntura económica CIP/ISEG antecipa “uma desaceleração significativa” para um valor entre 0,1% e 0,2% no primeiro trimestre deste ano na comparação em cadeia e para um intervalo entre 2,4% e 2,5% em termos homólogos.

Os três primeiros meses do ano ficam marcados pela deterioração dos níveis de confiança dos consumidores, bem como pelo agravamento, comum aos diversos setores de atividade, do clima e perspetivas económicas do setor empresarial“, aponta.

O Fórum para a Competitividade admite um cenário mais otimista, estimando que a economia terá desacelerado nos primeiros três meses do ano, para entre 0,3% e 0,6% em cadeia, a que corresponde uma variação homóloga entre 2,5% e 2,8%. “No primeiro trimestre, o consumo privado parece ter mantido um dinamismo significativo, mas não tão dinâmico como no final do ano, enquanto o sector da construção terá mantido um bom desempenho”, justifica a análise.

O Fórum assinala também que “as exportações começaram o ano de forma favorável, mas com uma volatilidade significativa“. A venda de bens ao exterior cresceu 7,8%, enquanto as importações subiram 7,1% no primeiro trimestre do ano, face ao mesmo período do ano passado, segundo os dados divulgados pelo INE na terça-feira.

O cenário internacional degradou-se profundamente desde janeiro, sobretudo devido às medidas do novo presidente dos EUA. As novas políticas, já aplicadas ou anunciadas, envolvem as relações comerciais, a defesa, a desregulamentação e a imigração, entre outras. Para já, as mais gravosas têm sido as novas tarifas, muito elevadas, aplicadas de forma mais intensa sobre aliados do que sobre os outros países”, recorda o Fórum para a Competitividade, destacando que “sem clareza não há investimento nem contratações por parte das empresas, nem há grandes compras por parte dos consumidores“.

O presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou a intenção de impor tarifas de 25% às importações de alumínio e aço. A decisão abrange também os países da União Europeia (UE), tendo entrado em vigor em março. A tensão comercial escalou e após anúncios de retaliação, negociações e avanços e recuos, a Administração Trump suspendeu as taxas adicionais.

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CGTP diz que vida dos trabalhadores “está mais difícil” após um ano de Governo da AD

Nas celebrações do Dia do Trabalho, o secretário-geral da CGTP enfatizou que salários e reformas dos portugueses continuam baixos.

O secretário-geral da CGTP salientou esta quinta-feira que a vida dos trabalhadores e dos reformados “está hoje mais difícil”, após um ano de Governo de Luís Montenegro. Nas celebrações do Dia do Trabalhador, Tiago Oliveira chamou a atenção para as eleições legislativas marcadas para 18 de maio, considerando-as “uma oportunidade”.

“Depois de um ano da governação, o Governo da AD aprofundou a política de direita. A vida dos trabalhadores, dos jovens e dos reformados está hoje mais difícil“, sublinhou o dirigente sindical, num discurso proferido em Lisboa.

Na visão de Tiago Oliveira, os empregadores têm aproveitado a “situação geral” para “atacar os direitos” dos trabalhadores e perpetuar os baixos salários. “Os salários continuam magros, e as reformas são uma miséria”, afirmou o secretário-geral da CGTP.

Perante este cenário, o dirigente sindical realçou a importância das eleições legislativas de 18 de maio, considerando que são “uma oportunidade para quem trabalha e trabalhou de derrotar a política de direita“.

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Conselheiro de segurança nacional dos EUA estará de saída

"Reuters" cita quatro fontes, que indicam que Mike Waltz está a ser forçado a sair do cargo de conselheiro de segurança nacional dos EUA. Adjunto também deverá deixar posição.

O conselheiro de segurança nacional da administração de Donald Trump estará de saída, segundo avança a Reuters esta quinta-feira, citando quatro fontes. Isto depois de Mike Waltz ter adicionado um jornalista a um grupo de mensagens na rede social Signal no qual altos responsáveis de segurança discutiam o plano de ataque aos Houthis. O adjunto, Alex Wong, também deverá o cargo que ocupa atualmente, de acordo com a mesma agência.

Estas serão as primeiras baixas no círculo próximo de Donald Trump, sendo que Mike Waltz tem enfrentado críticas dentro da Casa Branca desde que foi noticiado que tinha adicionado um jornalista da revista The Atlatinc ao referido grupo.

Mas esse não é o único motivo de queixa contra o responsável. A Reuters cita uma fonte que indica que Mike Waltz é visto nas várias agências como alguém que não está a coordenar de forma eficaz a política externa.

Segundo a Reuters, isto não é certo quem substituirá Mike Waltz no papel. Uma opção é Steve Witkoff, que tem estado envolvido tanto na diplomacia na Rússia e Ucrânia, como no Médio-Oriente.

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Pedro Nuno Santos acusa Governo de usar dinheiro público para fazer campanha

  • Lusa
  • 1 Maio 2025

"Este Governo em plena campanha, em plena campanha eleitoral, usa dinheiro público e recursos públicos para fazer campanha", afirmou Pedro Nuno Santos.

O secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, acusou hoje o Governo de utilizar dinheiros públicos para fazer campanha eleitoral e criticou a falta de seriedade sem limites da Aliança Democrática (AD) devido ao evento “São Bento em Família”.

“A falta de seriedade do Governo da AD não tem limites. Este Governo em plena campanha, em plena campanha eleitoral, usa dinheiro público e recursos públicos para fazer campanha. O espetáculo que nós hoje estamos a assistir em São Bento é inaceitável”, afirmou Pedro Nuno Santos, durante um almoço-comício, em Ponta Delgada, nos Açores, na pré-campanha para as eleições de dia 18.

O líder socialista referia-se ao evento “São Bento em família”, que resultou do adiamento, devido à morte do Papa Francisco, dos momentos celebrativos do 25 de Abril previstos para a residência oficial do primeiro-ministro.

Pedro Nuno Santos criticou a postura de Luís Montenegro, que esteve a “cantar com Tony Carreira”, e considerou que a AD não tem respeito pelo 25 de Abril.

O secretário-geral do PS comparou o nome daquele evento com o programa televisivo “Conversas em Família”, de Marcelo Caetano, emitido durante o Estado Novo. “Temos um Governo que não é sério e não tem pudor na forma como se relaciona com o povo”, reforçou.

O socialista considerou que existem vários exemplos da “falta de seriedade” do Governo, como o anúncio da redução do IRS no início da legislatura ou a alteração às tabelas de retenção daquele imposto.

Pedro Nuno Santos voltou a classificar Luís Montenegro como o “principal fator de instabilidade política” devido aos casos que “envolvem pessoalmente” o primeiro-ministro.

“Se acontecesse uma vitória de Luís Montenegro, coisa que não vai acontecer, continuaríamos a viver numa situação de instabilidade política e ao mínimo aperto aquilo que faria foi o que fez, ao atirar o país para eleições”, sublinhou.

O secretário-geral do PS enalteceu o papel dos idosos e das mulheres e destacou a importância de “governar para todos”, realçando que o partido pretende “reduzir impostos para todas as famílias e não para uma minoria”.

“Queremos concentrar o esforço fiscal na redução do IVA para os bens alimentares para zero. Para zero”, insistiu.

A propósito da visita aos Açores, Pedro Nuno Santos defendeu a revisão da Lei de Finanças Regionais e das Obrigações de Serviço Público e a criação de uma estratégia para combater as dependências. “Queremos definir a política do mar com os Açores e os açorianos”, acrescentou.

Já Francisco César, líder do PS/Açores e cabeça de lista no arquipélago, garantiu que os deputados socialistas não se vão desviar do interesse regional e apelou ao voto útil “sem rodeios”.

O Livre, o BE, o PAN e a CDU, sabemos todos, estão muito longe de poder eleger um deputado nos Açores. Votar no PS nos Açores e não nesses partidos é o voto que vale. É o voto que pode fazer diferença. É um único voto que pode impedir a eleição do Chega“, avisou.

Nas eleições de março de 2024, a coligação PSD/CDS-PP/PPM venceu no círculo eleitoral dos Açores, com 39,84% dos votos dos 106.273 eleitores, elegendo dois deputados, seguindo-se o PS, com 29,18% e dois deputados, e o Chega com 15,76% dos votos, com um deputado (Miguel Arruda, que passou a independente por suspeita do furto de malas em aeroportos).

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Apagão. Ministras de Espanha e Portugal reúnem-se na sexta-feira

  • Lusa
  • 1 Maio 2025

O encontro acontece depois de Sara Aagesen, cujo ministério lidera o comité que analisa as causas do apagão, se ter reunido com o presidente da Comissão Nacional de Mercados e Concorrência de Espanha.

As ministras do Ambiente e Energia de Portugal, Graça Carvalho, e da Transição Ecológica de Espanha, Sara Aagesen, vão reunir-se na sexta-feira para discutir o apagão que afetou os dois países, divulgaram fontes do ministério espanhol.

O encontro acontece depois de Sara Aagesen, cujo ministério lidera o comité que analisa as causas do apagão, se ter reunido com o presidente da Comissão Nacional de Mercados e Concorrência de Espanha (CNMC), divulgou a agência EFE.

A comissão realizou sua primeira reunião na quarta-feira, no Ministério da Transição Ecológica, e realizará a próxima reunião, no sábado, na sede da empresa espanhola Red Eléctrica.

Um corte generalizado no abastecimento elétrico afetou na segunda-feira, desde as 11:30, Portugal e Espanha, continuando sem ter explicação por parte das autoridades.

Aeroportos fechados, congestionamento nos transportes e no trânsito nas grandes cidades e falta de combustíveis foram algumas das consequências do ‘apagão’.

A Rede Europeia de Gestores de Redes de Transporte de Eletricidade anunciou hoje que vai criar um comité para investigar as causas do ‘apagão’ “excecional e grave” que deixou Portugal continental, Espanha e Andorra praticamente sem eletricidade e também uma parte do território de França.

A Rede Europeia de Gestores de Redes de Transporte de Eletricidade acrescentou que também será feito um relatório que vai apresentar de maneira exaustiva todos os detalhes do incidente.

O comité vai incluir investigadores de vários países da União Europeia e os que estiveram envolvidos no incidente, assim como as entidades nacionais dos países afetados.

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Apagão: Seguros multirriscos podem não cobrir perdas das empresas

Ainda que a cobertura base multirriscos ofereça cobertura de danos materiais, apenas subscrições complementares à padrão poderão cobrir os danos provocados pelo apagão. Mas há condições excluentes.

Máquinas avariadas, bens perecíveis perdidos e portas encerradas. Foi este o cenário com que alguns empresários de hotelaria, restauração e retalho se depararam após a quebra do fornecimento de energia que paralisou Portugal Continental durante várias horas no dia 21 de abril. Perante os prejuízos, impõe-se a dúvida: o seguro contratado cobre estas perdas?

A resposta, para muitos, será negativa. As apólices multirriscos são desenhadas “para indemnizar danos materiais em edifícios ou conteúdos, próprios, decorrentes de causas súbitas, aleatória e imprevistas”, no entanto, isso não significa que todas as situações estejam automaticamente cobertas, explica Luís Costa, Head of Technical Lines & Complex Claims da Verlingue Portugal.

No caso dos danos provocados pela falta de fornecimento de energia, existem exclusões significativas nas coberturas base. “Normalmente, o conjunto de garantias que compreende a cobertura Base, não responde por danos em máquinas, sejam ou não decorrentes de efeitos de energia elétrica, nem por danos em produtos que exigem refrigeração, seja por ausência no fornecimento de energia ou pela avaria na máquina que conserva os bens perecíveis em refrigeração”, sublinha o responsável da Verlingue.

Ou seja, se a empresa tem uma apólice padrão, é pouco provável que os prejuízos com equipamentos danificados ou bens perecíveis sejam ressarcidos, no entanto, importa salientar que “é pouco provável que a falta de fornecimento de energia tenha provocado danos no objeto imóvel”.

Para que exista possibilidade de indemnização, é necessário que a apólice inclua garantias adicionais como Bens Refrigerados (multirriscos industrial /multirrisocs empresas), Avaria de Frigoríficos e Arcas Congeladoras – (Multirriscos Habitação) e Riscos Elétricos.

As soluções de seguro “desenhadas para empresas/industria , associam sempre a garantia de Bens Refrigerados à garantia de Avaria de Máquinas, ou seja, na indústria e nas empresas, só há possibilidade de acionar Bens Refrigerados se suportados por uma garantia de Avaria de Máquinas”, explica o responsável da Verlingue.

Outro aspeto crítico prende-se com a duração da interrupção. Grande parte das seguradoras apenas considera coberturas de danos por falha de energia quando esta ultrapassa 12 horas consecutivas, o que não se verificou no incidente desta segunda-feira. Há no mercado outras coberturas, como para falhas que ultrapassem as 8 horas.

“Analisando estritamente as cláusulas mais comuns do mercado de Bens Refrigerados e de Avaria de Frigoríficos e Arcas Congeladoras, embora com denominações distintas, ambas excluem danos por ausência ou interrupção no fornecimento de energia elétrica da rede pública”, explica o especialista.

“Analisando o acontecido pelo lado do restabelecimento no fornecimento de energia, caso os objetos seguros que consomem energia elétrica sofram danos em virtude de efeitos diretos de corrente elétrica, nomeadamente sobretensão e sobreintensidade, poderá haver lugar a obrigação de indemnizar ao abrigo da garantia complementar de Riscos Elétricos, mas sempre limitado à máquina ou ao equipamento que sofre o dano, não cabendo nesta garantia a indemnização por danos em bens refrigerados”, afirma Luís Costa.

É fundamental que cada empresa analise cuidadosamente a apólice que tem em vigor, em conjunto com o mediador ou seguradora. Só assim será possível perceber com exatidão quais os riscos efetivamente cobertos e que medidas poderão ser tomadas para proteger o negócio de futuras situações semelhantes.

Tirando as apólices obrigatórias, de conteúdo uniforme, todos os produtos seguradores gozam de liberdade contratual, ou seja, ainda que denominemos todas de Multirriscos, o seu conteúdo varia em função da qualidade do produto disponibilizado e da apetência do Segurador pelos riscos que aceita subscrever, indica Luís Costa.

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Blackstart. O mecanismo que tirou o país do apagão e vai exigir mais 8 milhões até 2030

O sistema elétrico nacional reanimou, esta segunda-feira, devido ao chamado 'blackstart'. Um mecanismo que vai exigir mais oito milhões até 2030.

Ao dia de hoje, existem apenas duas centrais em Portugal que são capazes de reiniciar o sistema elétrico quando este vai abaixo, a Tapada do Outeiro e Castelo de Bode. Fazem-no através de um sistema chamado blackstart, o qual tem estado no centro da discussão desde que o país ficou sem eletricidade esta segunda-feira, durante mais de dez horas.

No dia do apagão, a primeira central a conseguir arrancar na Península Ibérica foi a de Castelo de Bode, uma central hídrica, o que permitiu que Abrantes fosse a primeira região a receber eletricidade no país. Só foi possível à terceira tentativa. Seguiu-se a Tapada do Outeiro, uma central a gás plantada perto do Grande Porto, que reagiu à terceira tentativa.

Em declarações à Rádio Observador, a ministra do Ambiente explicou que esta não era uma história de insucesso, até porque Espanha, que também tem este tipo de mecanismo, não conseguiu reiniciar as suas centrais — recorreu a eletricidade de França e Marrocos, algo que não está ao alcance de Portugal por falta de interligações, para voltar a pôr o seu sistema de pé. “É mesmo assim. É difícil recomeçar, porque a rede está sem carga. É começar do zero“, indicou Maria da Graça Carvalho.

António Vidigal, consultor na área de energia, corrobora ao ECO que “é extremamente difícil fazer o arranque”, até porque são situações que acontecem tão raramente que os profissionais não estão treinados para fazer o serviço. “Esta geração de pessoas nunca assistiu a um blackout. É uma manobra muito difícil de fazer para os operadores“, afirma. Além disso, concede que a rede é cada vez mais complexa, acrescentando dificuldade à tarefa. É tão complicada que ainda não existe um sistema automático para dar resposta nestas situações. “É um caminho para a inteligência artificial”, diz. Além disso, pode-se apostar em mais treino para estas situações através de simuladores.

Foram dez horas de espera até ao país voltar a ter luz, algo que os especialistas consideram um espaço de tempo muito razoável, sobretudo em comparação com incidentes recentes no estrangeiro — Reino Unido e Itália — que, apesar de terem tido menores dimensões, não foram resolvidos tão rapidamente. Contudo, em termos práticos, dez horas sem luz têm custos significativos, que no caso da Península Ibérica ainda estão por apurar. No entanto, nas declarações ao Observador, a ministra apontou, por exemplo, que o abastecimento de água estaria ameaçado caso a situação se tivesse prolongado por muito mais tempo.

Mais blackstart para um reinício mais rápido

Face ao transtorno, o Governo decidiu alargar o número de centrais com o sistema de blackstart, de duas para quatro. À Tapada do Outeiro e Castelo de Bode vão juntar-se as hídricas de Alqueva e do Baixo Sabor, anunciou o primeiro-ministro, sendo que a primeira vai ter o contrato prolongado até 2030, já que só está ativo até 2026.

Em entrevista à CMTV, a ministra explicou que “a probabilidade de uma recomeçar mais rapidamente é maior com as quatro, espalhadas geograficamente“. Desta forma, haverá uma no Norte, outra no Centro, mais uma no Alentejo e outra no Algarve. A ideia é que as “ilhas” de eletricidade que vão crescendo à volta destas centrais, depois do reinício, se unam mais rapidamente permitindo chegar a todo o país com maior celeridade.

Em termos relativos [face a Espanha], Portugal está mais limitado — tanto em número de unidades como em cobertura geográfica”, considera a Selectra. Esta empresa especializada no mercado energético estima que a capacidade disponível para blackstart em Portugal ronde os 300 a 500 megawatts (MW), embora esse valor possa variar consoante a manutenção e o estado operacional das unidades. Em Espanha, aponta uma capacidade instalada para arranque autónomo superior a 1.000 MW.

“Ter mais centrais black start (ou adaptar infraestruturas existentes com essa capacidade) aumentaria a resiliência do sistema elétrico nacional e reduziria o tempo de recuperação em caso de apagão generalizado”, atesta a Selectra.

[As quatro centrais com capacidade de blackstart devem manter-se] enquanto não existem todos os meios para diminuir probabilidade blackout. À medida que haja mais resiliência, até podemos voltar a ter duas.

Maria da Graça Carvalho

Ministra do Ambiente e Energia

Confrontada com a questão de se a existência de apenas duas centrais com capacidade de blackstart foi imprudente, a ministra considerou que não, em declarações ao ECO/Capital Verde. Isto porque a recomendação, inscrita no decreto-lei 15 de 2022, aponta precisamente para a existência de duas centrais nestes termos. As centrais do Baixo Sabor e do Alqueva haviam sido propostas pela REN como alternativa “há alguns meses”, indicou, mas em substituição das primeiras duas. Na sequência do apagão, retirou-se a “lição” que fez o Governo decidir pela coexistência de quatro sistemas de blackstart.

Esta situação, de ter quatro centrais com este sistema, deve prolongar-se “enquanto não temos todos os meios para diminuir probabilidade blackout. À medida que haja mais resiliência, até podemos voltar a ter duas”, admite Maria da Graça Carvalho.

Custos do blackstart sobem 1,7 milhões por ano e passam os 22 milhões

De acordo com a ministra, a central de Castelo de Bode recebe 2,4 milhões de euros a cada ano pelo sistema de blackstart. Já no caso da Tapada do Outeiro, a mesma não dispõe de um valor discriminado: contam-se 20,4 milhões de euros anuais entregues a esta central, que incluem tanto o blackstart como o serviço de garantia de potência, que dita que a central está disposta a ligar-se sempre que solicitada, se o sistema assim o necessitar.

As novas centrais a juntar-se ao grupo do blackstart exigem 578 mil euros anuais, no caso de Baixo Sabor, e 1,1 milhões de euros, no caso de Alqueva. A diferença de valores tem a ver com a capacidade“, explicou a ministra ao ECO/Capital Verde.

Isto significa que, anualmente, as novas centrais vão acrescentar 1,7 milhões de euros aos custos com blackstart, 8,4 milhões até 2030. Contabilizando o valor dado para a Tapada de Outeiro, apesar de não dizer exclusivamente respeito ao Blackstart, vão acarretar-se custos de 22,3 milhões anualmente e de 112 milhões no horizonte até 2030, no conjunto das quatro centrais.

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