Novos critérios de qualidade para os CTT? “É um progresso enorme”

É um tema quente, mas parece haver fumo branco. Em entrevista ao ECO, João Bento, o CEO do CTT diz que os critérios de qualidade são e muito melhores e exequíveis.

O CEO dos CTT, João Bento, falou sobre critérios de qualidade em entrevista ao ECO. No final de setembro o Governo publicou no Diário da República os novos parâmetros de qualidade de serviço, um conjunto de indicadores que os Correios têm de cumprir ao abrigo da concessão do serviço postal universal, sob pena de terem de compensar os utilizadores. Na altura, os CTT disseram que os iriam analisar de forma mais profunda, mas que são melhores do que os anteriores, que foram sempre um problema.

Que problemas é que os novos critérios de qualidade vêm resolver? Que melhorias apresentam? O que falta, na vossa opinião?

Ótima pergunta. A nova Lei Postal e o contrato de concessão determinavam que os indicadores de qualidade, agora fixados pelo Governo, obviamente auscultado o regulador e também o concessionário, deviam estar em linha com a média dos países da União Europeia. É nesse sentido que nós dizemos que se devia ter ido mais longe, porque ficamos quase sempre longe da média ou aproximamo-nos da média.

Agora, ao contrário do que se passava no passado, no caso anterior, nós dissemos que os indicadores são indicadores exigentes, muito exigentes, mais do que a lei e o contrato obrigavam, porque justamente podiam ter-se aproximado mais da média europeia, mas que são cumpríveis. Com dificuldade, mas cumpríveis.

Onde achamos que ficámos longe do que faria sentido é naquilo que diz respeito aos indicadores para as ilhas. Porquê? Porque nós temos dificuldades estruturais no que diz respeito à capacidade de transporte de ligação. E isso é um problema que os CTT não podem resolver, pois os CTT não podem, obviamente, comprar aviões. O modelo de financiamento do contrato e do serviço público é incompatível com este tipo de possibilidade. Sabendo que a realidade é esta, nós temos com frequência aquilo a que chamamos short shipping.

Ou seja, tínhamos contratado um dado volume para correio para ir para o Expresso e depois, em cima da hora, as companhias cortam, por razões que nós compreendemos: privilegiam a carga dos passageiros. Se o avião enche e tiver muita carga, cortam-nos. E depois há também muitos cancelamentos, por razões, sobretudo, de natureza climatérica.

E há ainda, no caso de algumas ilhas dos Açores, a impossibilidade objetiva de que, se tudo corresse de forma perfeita, não seríamos capazes de cumprir o padrão. A realidade é esta, é fácil de objetivamente demonstrar, e é assim há muitos anos. Tínhamos a esperança de que fosse possível nestes indicadores, mas isso não foi considerado.

Esperam cumprir mais dos critérios? No ano passado cumpriram só um,

Cumprimos um e até achávamos que era impossível de cumprir. E quando cumprimos esse tivemos ocasião de dizer que achamos que é impossível de cumprir de forma consistente. Tínhamos indicadores com níveis de exigência de 99,9%, ou seja, falhávamos uma vez em 1.000 e acabou a tolerância e portanto, isso acabou, felizmente.

Quantos espera cumprir agora? Todos?

A nossa obrigação é cumprir todos e o nosso esforço será por cumprir todos. Vamos dar o nosso melhor para que assim seja.

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