O novo diretor-geral da Glovo Portugal assume como foco tornar essa plataforma de entregas o mais acessível possível, o que passa nomeadamente pela redução das taxas.
A Glovo Portugal tem um novo líder. Chama-se Pedro Sobral e chega com a vontade de transformar essa plataforma de entregas na “primeira escolha on demand de todos os portugueses“.
Nesta sua primeira entrevista enquanto general manager da equipa lusa, o responsável adianta que a inflação não tem impactado a operação, mas que, ainda assim, um dos focos tem sido tornar a app mais acessível, fixando as taxas de entrega mais baixas possíveis.
Pedro Sobral fala ainda sobre a presença da plataforma no território português, frisando que a sua principal missão é agora consolidar a presença nas cidades onde a Glovo já atua.
Mestre em Engenharia Mecânica pelo Instituto Superior Técnico, ainda em 2017 este responsável era trainee na Jerónimo Martins. Seis anos depois, lidera agora uma equipa com 100 pessoas distribuídas em dois escritórios, em Lisboa e no Porto. Há mais de um ano que era diretor de brand ads da Glovo, em Barcelona, uma divisão que se dedica à publicidade de grandes marcas dentro da aplicação.
É fundamental que mantenhamos a cultura da Glovo, enquanto crescemos tão rapidamente. É uma cultura baseada na inovação, agilidade, muito virada para uma performance de excelência.
Acaba de assumir a liderança portuguesa da Glovo. Que objetivos tem definidos para este novo desafio?
Tenho dois grandes objetivos. Em primeiro lugar, tornar a Glovo a primeira escolha on demand de todos os portugueses, independentemente do produto que desejem. Para alcançar isso, é fundamental que mantenhamos a cultura da Glovo, que é muito forte, enquanto crescemos tão rapidamente. É uma cultura baseada na inovação, agilidade, muito virada para uma performance de excelência. Só assim vamos continuar a dar o melhor serviço a consumidores, estafetas e parceiros – que é o nosso segundo grande objetivo. Apesar de já estarmos no mercado português há quase seis anos, sentimos que ainda estamos a começar e que temos muito por fazer nos próximos anos.
A propósito, que importância tem o mercado português para a Glovo?
O mercado português é de extrema importância para a Glovo. Estamos presentes em 25 países, na Europa, África e Ásia Central, e Portugal é o quarto maior país, ficando apenas atrás de Espanha, Itália e Polónia. Isto é prova do excelente trabalho feito até aqui, e que pretendemos continuar. Desde 2022, investimos mais de 90 milhões de euros no mercado português, o que demonstra o nosso compromisso contínuo com Portugal.
A Glovo tem estado a crescer no mercado português, mas onde é que ficam as pessoas nessa trajetória? Têm feito o suficiente para cuidar efetivamente das pessoas que fazem a vossa operação funcionar, nomeadamente os estafetas?
Na Glovo, atribuímos o mesmo peso e importância aos nossos três pilares fundamentais: consumidores, estafetas e parceiros. Acreditamos que o equilíbrio entre estes três grupos é essencial para o nosso sucesso, pelo que temos equipas centrais e locais 100% dedicadas a cada um destes pilares. Implementamos diversos projetos para cada grupo, como o Glovo Prime, que por uma subscrição mensal, trimestral ou anual, traz aos consumidores uma série de vantagens e descontos, o Glovo Local, um projeto para capacitar ainda mais pequenas e médias empresas, ou o Glovo+, um clube de benefícios para estafetas, onde têm acesso a descontos e promoções diretos de várias empresas diferentes.
O número de estafetas é muito dinâmico, mas, em média, entre 3.500 a 4.000 estafetas ligam-se à app Glovo todos os meses.
Hoje têm quantos entregadores de encomendas?
O número de estafetas é muito dinâmico, mas, em média, entre 3.500 a 4.000 estafetas ligam-se à app Glovo todos os meses.
São mais os que fazem essas funções como um complemento a um emprego a tempo inteiro ou são mais os que fazem das entregas uma ocupação em tempo integral?
De acordo com o estudo “O impacto social e laboral das plataformas digitais de entregas em Portugal”, do ISCTE Executive Education, apenas 10% se dedicam somente a esta atividade, com 52% dos inquiridos a afirmarem terem outro emprego a part-time ou a full-time.
Quanto ganha hoje um estafeta que trabalhe para a Glovo? Como é que esse valor é calculado?
Esse valor é altamente variável (desde a hora do dia em que um estafeta se liga à app, até às condições meteorológicas) pelo que qualquer valor que eu pudesse divulgar haveria sempre estafetas que não se iriam rever no mesmo.
Esse valor tem sido atualizado com a inflação?
Temos uma equipa central que se dedica a 100% aos estafetas e, uma das suas funções é monitorizar aquilo que os estafetas recebem e comparar com diversos fatores, como os ordenados médios do país, bem como a remuneração de profissões equiparáveis.
Vários relatos dão conta que, por vezes, é indicado ao utilizador que o pedido será entregue por um estafeta, mas quem chega à porta é uma pessoa diferente. Estão atentos a essa situação? Tratam-se de fraudes? Que resposta estão a preparar?
A segurança é uma grande prioridade para a Glovo. Temos vários mecanismos dentro da app para que tanto estafetas, parceiros e consumidores possam reportar qualquer situação irregular.
O nosso foco tem sido taxas de entrega o mais baixas possível e, ao mesmo tempo, lançar serviços que permitam aos nossos clientes poupar.
Falemos da operação da Glovo em Portugal. Como é que a inflação tem afetado a vossa atividade? Os portugueses têm hoje menos rendimento disponível, nomeadamente com a quebra dos salários reais e a subida dos custos com o crédito à habitação.
De momento, não sentimos nenhum impacto. Desde o início de 2022 que temos investido em tornar a nossa app cada vez mais acessível. O nosso foco tem sido taxas de entrega o mais baixas possível e, ao mesmo tempo, lançar serviços que permitam aos nossos clientes poupar, como é o caso do Glovo Prime. Com esta subscrição, os consumidores, para além de não pagarem taxas de entrega, têm acesso a promoções e descontos exclusivos.
Em janeiro, a Glovo indicava que estava em mais de 130 cidades de Portugal. Quais os planos de crescimento para os próximos meses?
Nos últimos três anos investimos em alargar a nossa operação o máximo possível para conseguirmos dar acesso a uma grande parte da população portuguesa a tudo nas suas cidades. A verdade é que estamos em 136 localidades e cobrimos cerca de 70% da população portuguesa, incluindo Madeira e Açores. O desafio para os próximos anos é consolidar-nos nas cidades em que estamos presentes.
Portugal tem um tecido empresarial dominado por empresas pequenas. Que relevância quer ter a Glovo para a sobrevivência e prosperidade dos negócios mais pequenos?
Os parceiros Glovo refletem isso mesmo. A maior parte são PMEs que, por vezes, precisam de um apoio extra no processo de digitalização. Nesse sentido, criámos o Glovo Local, uma solução inovadora desenhada para ajudar PME’s a digitalizaram-se, com uma série de ferramentas que permitem a todos os parceiros gerir melhor o seu negócio offline e controlar a sua experiência de compra online. Os serviços disponibilizados incluem soluções digitais e operacionais para os seus próprios canais e lojas, bem como ferramentas dedicadas para os ajudar a gerir as suas operações nos pontos de venda (desde gestão de dados até soluções para a cadeia de fornecimento), e assim fazer crescer os respetivos negócios com recursos de marketing e publicidade, para os ajudar a alcançar novos clientes e aumentar a sua visibilidade.
Julgo que a Uber Eats tem a posição dominante no mercado. O seu objetivo é levar a Glovo ao número 1? Como planeia fazê-lo
Não há nenhuma fonte de informação pública fidedigna de posicionamento de mercado e, como tal, não nos podemos guiar por suposições. Sabemos o nosso crescimento anual e temos vindo a crescer acima do mercado, o que indica que estamos a ganhar quota de mercado. O objetivo é continuar assim até nos tornarmos na opção número um de todos os Portugueses. Seja para refeições, supermercado, electrónica ou qualquer outro produto disponível nas cidades em Portugal.
Como planeiam fazer isso?
O nosso plano divide-se em três grandes blocos, todos interligados. Em primeiro lugar, trazer o melhor conteúdo, de todas as categorias, para a app. Hoje, temos a confiança de restaurantes como o H3, A100, Local ou Time Out Market — estes a trabalhar exclusivamente com a Glovo –, ou supermercados como o Continente, Aldi, lojas Fnac, Staples, entre outros. Queremos continuar neste caminho e aproximar-nos da nossa visão: dar acesso a tudo, e a todos, nas suas cidades. Em segundo lugar, a experiência de utilização. Acreditamos na capacidade de proporcionar uma experiência sem sobressaltos, o mais rápida e previsível possível aos nossos consumidores, estafetas e parceiros. Por último, vamos continuar com o mesmo foco em tornar a nossa aplicação o mais acessível em termos de preço, o que passa por ter taxas de entrega mais baixas, melhores promoções e um programa de fidelização cada vez mais atrativo, o Glovo Prime.
É inegável que qualquer regulação que afete o negócio, pode ser considerada um obstáculo. Uma regulação mal desenhada corre o risco de parar ou mesmo retroceder no desenvolvimento.
Os últimos meses ficaram marcados por milhares de despedimentos no setor tecnológico. A Glovo, julgo, despediu 250 trabalhadores, mas não em Portugal. Está em cima da mesa uma redução da equipa portuguesa?
A Glovo tem o compromisso de construir um negócio economicamente sustentável. Para apoiar o nosso caminho até à rentabilidade, num contexto de incerteza económica, e depois de anos de crescimento exponencial, foi necessário otimizar tanto a nossa estrutura operacional como os nossos processos, para nos tornarmos mais eficientes. Em Portugal, não prevemos nenhum impacto nem qualquer disrupção nas nossas operações. O compromisso da Glovo com Portugal mantém-se inalterado.
Quais os principais desafios e obstáculos que estão hoje colocados ao vosso negócio?
O nosso grande desafio é, à medida que crescermos, continuar a responder da melhor maneira às necessidades de consumidores, estafetas e parceiros. Para isso, temos que continuar com a cultura de inovação, de auto-disrupção e vontade de fazer mais e melhor, que nos trouxe até aqui. Em termos de obstáculos, é inegável que qualquer regulação que afete o negócio, pode ser considerada um obstáculo. Como noutros setores, uma regulação mal desenhada corre o risco de parar ou mesmo retroceder no desenvolvimento social, económico e tecnológico alcançado até aqui pelas plataformas digitais.
Para terminar, para continuarem a crescer, estão a contar adquirir mais alguma empresa em Portugal?
Portugal tem um portfólio de startups incrível e este é um mercado prioritário para a Glovo. Não sabemos o que o futuro trará, no entanto, estamos sempre atentos às empresas portuguesas.
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“Quero tornar a Glovo a primeira escolha ‘on demand’ de todos os portugueses”
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