São gigantes do setor mas, mesmo assim, insistem em estar no Web Summit. O que procuram a Microsoft, a EDP, a Porsche e a KPMG? E o que ganham as empresas pequenas com isso?
Como costuma dizer-se, é troca por troca. São conhecidas mundialmente, transacionam milhões de euros em negócios e em clientes mas, mesmo assim, continuam a insistir em ir ao Web Summit. Montam stands enormes, apelativos e interativos, e trazem sócios e responsáveis de todo o mundo. Mas o que procuram empresas como a EDP, a Microsoft, a KPMG e a Porsche no maior evento tecnológico do mundo?
Talento, inspiração, novas ideias e… mostrar ao mundo que estão a transformar-se. E não são só elas que saem a ganhar. Para os mais pequenos também há muitas vantagens.
Comecemos pelo ringue de boxe da EDP, ou melhor, pelo Knockout Pitch. A ideia é sentar frente a frente um responsável da elétrica e, num minuto, deixá-lo knockout com uma ideia inovadora. Este ano foram ouvidas cerca de 400 ideias, um número bastante superior às 170 ouvidas na edição do ano passado. “Este ano foi mais forte. Há mais gente e o stand está também mais apelativo, o que acaba por ajudar”, explica ao ECO Luís Manuel, administrador da EDP Innovation.
“Não estamos aqui para vender nada. Estamos aqui para encontrar, essencialmente, aquilo que vai ajudar-nos a construir o futuro da energia”, sublinha o responsável, acrescentando que, para a EDP, esta foi a melhor edição de Web Summit. “Estamos aqui precisamente à procura de boas ideias, boas startups e talento”. Este ano correu tão bem que, diz Luís Manuel, “a ideia é cá estar novamente para o ano” porque a EDP “quer sempre mais e melhor”. O administrador da EDP Innovation faz questão de sublinhar que o investimento só por si não é o objetivo da empresa, mas sim que esse investimento se transforme depois em produtos e soluções.
E se no stand da EDP se promoveu um confronto de ideias, no stand da Porsche as ideias foram outras. Havia carros, claro, uns metros ao lado, mas a ideia da marca de automóveis foi outra: pôr as pessoas deitadas no chão. “No ano passado havia muita confusão e muito barulho. Por isso este ano quisemos encontrar uma espécie de equilíbrio e criar um espaço onde os visitantes pudessem relaxar, onde houvesse silêncio“, explica ao ECO Matthias Hub, software prototyper da Porsche. Foi assim que nasceu um espaço de meditação, com pessoas deitadas em almofadas gigantes e música de meditar de fundo.
“Criámos o nosso espaço de meditação, que consideramos um espaço premium. Porque, hoje em dia, o que é premium é o tempo que nós temos para nós mesmos. E queremos mostrar às pessoas que estamos conscientes disso, que elas também precisam de relaxar”, continua. Enquanto as pessoas têm a possibilidade de tirar uns momentos para meditar durante a maior cimeira tecnológica, a Porsche destaca-se.
Queremos inspirar-nos rapidamente. Fizemos isto para mostrar ao mundo que a Porsche está a mudar e que o nosso foco não são apenas os carros, mas sim a mudança interna.
Para a empresa, o Web Summit é uma oportunidade para encontrar novas ideias, startups e pessoas mas, ao mesmo tempo, uma oportunidade para as pessoas se aproximarem da Porsche. “Queremos inspirar-nos rapidamente. Fizemos isto para mostrar ao mundo que a Porsche está a mudar e que o nosso foco não são apenas os carros, mas sim a mudança interna“, explica Matthias Hub.
Dias de “pura hiperatividade positiva”
Entre ringues de boxe, unicórnios elevadores — sim, a EDP também tinha um unicórnio — e espaços de meditação, também houve quem quisesse chamar a atenção com videojogos. Foi o caso da KPMG, que tinha no stand uma máquina de videojogos antigos e a fila só terminava quando o recinto fechavas as portas. Além disso, a consultora ofereceu brindes — como 99% de todas as empresas presentes no Web Summit –, e promoveu meetings diretos com startups e palestras. “O balanço é extraordinário. Foram três dias de pura hiperatividade positiva, a todos os níveis”, diz ao ECO Diogo Eloi de Sousa, partner da KPMG.
Do lado da consultora, os “objetivos foram concluídos a 200%”. “O Web Summit incorpora quase na perfeição a forma como temos de nos transformar enquanto empresa”, diz Diogo Sousa, explicando que a cimeira é uma oportunidade de interagir com todo o ecossistema, desde investidores a startups. Por outro lado, essas startups também saem a ganhar porque é uma forma de ganharem, quem sabe, financiamento e visibilidade. Nesta edição do Web Summit, a KPMG trouxe 25 startups de várias partes do mundo e três delas chegaram às semifinais. “Isto é mais uma demonstração de que as coisas estão a ser bem feitas e que estamos a ajudar a dinamizar e a fazer parte de toda esta dinâmica”, diz o partner.
Do lado da Microsoft, o balanço é igualmente positivo. “Foi uma experiência fantástica, é sempre”, diz ao ECO Paula Panarra, diretora geral da tecnológica em Portugal. O Web Summit, para além de ser uma oportunidade para estar em contacto com pessoas de todo o mundo, é também uma oportunidade de trazer a Lisboa responsáveis e speakers internacionais da empresa. Mas as startups e os empreendedores não são esquecidos.
“No Web Summit é onde está a próxima geração de empresas do mundo. Sabemos que nem todas serão provavelmente bem-sucedidas, porque é mesmo assim que funciona, mas claramente há aqui muito talento, conhecimento e ideias de futuro“, diz a responsável.
Estar próximo é fundamental, não importa se já nos conhecem. Porque as pessoas conhecem o que nós fomos, mas não necessariamente o que somos hoje e, acima de tudo, o que queremos ser no futuro.
Mas sendo a Microsoft uma empresa tão reconhecida mundialmente, o que procura no Web Summit? “Estar próximo é fundamental, não importa se já nos conhecem. Porque as pessoas conhecem o que nós fomos, mas não necessariamente o que somos hoje e, acima de tudo, o que queremos ser no futuro“, diz Paula Panarra. “Estar aqui, perto das pessoas, responder a todas as perguntas que surjam, mas também dar palco a alguns dos projetos das startups que apoiamos e que irão ser grandes empresas no futuro é muito bom”, acrescenta.
Na próxima edição, os milhares de pessoas que passarem pelo Web Summit vão continuar a poder estar em contacto tanto com a KPMG como com a Microsoft. Do lado da consultora, esta edição correu tão bem que um dos resultados que foram alcançados foi “o lançamento das sementes para a participação da KPMG durante os próximos anos”. “Para os próximos anos vamos cá estar novamente, certamente. As expectativas são de continuar a sentir que o ecossistema está a crescer”, afirma Diogo Sousa, referindo que, nos próximos anos, a empresa quer “continua a sentir” que dá mais um passo na evolução da maturidades. “Sentimos que as nossas startups estão a ter cada vez mais sucesso e a ter acesso a cada vez mais capital para conseguirem também desenvolver os seus produtos” — eis mais uma vantagem para startups e empreendedores.
Para a Microsoft, “valeu a pena, claramente”. O quiosque de reconhecimento facial que tinha no stand atraiu centenas de curiosos em descobrir com que personalidades são parecidos ou até mesmo com que raça de cães mais se identificavam. E tudo graças à Inteligência Artificial. “Eu acredito que vamos cá estar de novo no próximo ano”, diz Paula Panarra, explicando que “tem sido um sucesso, ano após ano”, mesmo com a preocupação de “manter toda a gente ocupada, incluindo os próprios voluntários”.
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O que querem as grandes empresas no Web Summit? E o que ganham as pequenas?
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