O ECO pediu a 75 empresários e gestores para hierarquizar as prioridades do Orçamento. Alguns querem elencam outros temas urgentes que o documento deve abordar.
O Governo vai entregar, no Parlamento, esta quinta-feira a proposta de Orçamento do Estado para 2026, um dia antes do prazo limite. O ECO pediu a 75 empresários e gestores dos mais diversos setores de atividade para hierarquizar quais deveriam ser as prioridades do documento. Reduzir impostos, assegurar o equilíbrio das contas públicas, reforçar a despesa com saúde e educação, aumentar o investimento público e reforçar a despesa com defesa foi a opção dos 41 empresários que responderam.
Mas muitos quiseram sublinhar a necessidade do documento refletir outras prioridades. Veja as declarações
Ana Trigo Morais,
CEO da Sociedade Ponto Verde
“O Orçamento do Estado para 2026, enquanto instrumento de gestão em matérias centrais para o país, deve, no entendimento da Sociedade Ponto Verde, face aos desafios que existem, discriminar a aceleração da economia circular e rever os instrumentos de fiscalidade da política pública para o setor do ambiente. Pela natureza do diploma, o Orçamento do Estado deve ser capaz de traduzir em investimento as prioridades do país, os seus desafios estruturais e as áreas que carecem de desenvolvimento.
Este enquadramento pode ajudar a fazer a transição para a importância de acelerar o investimento em economia circular, mas também em literacia e outros elementos relevantes para o cumprimento das metas de reciclagem, nomeadamente, de embalagens.
Assim, o Orçamento do Estado para 2026 deve ser um veículo para reforçar o compromisso de Portugal com as metas ambientais, demonstrando de forma clara a prioridade atribuída pelo Governo a estas matérias.
Para tal, deve orientar políticas públicas que garantam previsibilidade e estabilidade regulatória; promover a inovação tecnológica; e incentivar a colaboração, levando a um maior envolvimento de todos os agentes desta cadeia de valor, desde as empresas aos cidadãos. Mas também deve mobilizar investimento para melhorar a infraestrutura de recolha seletiva de todos os resíduos urbanos, traduzindo-se, não apenas em mais despesas, mas em resultados concretos e eficientes. É prioritário resolver o problema de esgotamento dos aterros nacionais.
O alerta da Comissão Europeia reforça a urgência nesta ação: Portugal não cumpre, historicamente, as metas de reciclagem de resíduos urbanos, a não ser nas embalagens (com exceção do vidro) e este bom exemplo pode estar em risco, na medida em que temos de conseguir recolher seletivamente, em 2025, 65% de todas as embalagens que são colocadas no mercado e à data de hoje estamos ainda longe. Uma situação de incumprimento levará a consequências ambientais, a potenciais penalizações financeiras e a um impacto reputacional negativo no país.
O OE deve ser um incentivo à mudança, levando ao cumprimento das metas e assegurando um modelo económico mais circular, que gere ganhos concretos para o país e assegure competitividade a longo prazo. Uma boa gestão de resíduos é uma aposta no futuro e exige compromisso e ação imediata de todos os agentes da cadeia de valor.”
Carlos Mendes Gonçalves,
CEO da Casa Mendes Gonçalves
“Todos os itens acima listados se revestem de uma enorme importância para o desenvolvimento do país, para a sua competitividade e coesão. Mas apenas fazem sentido se pensados numa perspetiva macro, integrando uma estratégia bem definida, de médio/longo prazo, e que tenha por base um compromisso político transversal.
Apontei como prioridade o reforço da despesa com saúde e educação porque são fatores essenciais para o bem-estar das pessoas. As dificuldades de acesso a cuidados básicos condicionam muito a vida dos cidadãos. Quando temos um problema de saúde que não conseguimos resolver – nós ou alguém no nosso círculo mais próximo -, nada mais importa. Todas as outras questões se tornam acessórias.
Por outro lado, uma educação forte, abrangente, e ao alcance de todos, é o que está na base do desenvolvimento económico e social de um país. É essencial termos cidadãos informados, com espírito crítico, com conhecimento técnico nas mais variadas áreas, com vontade e possibilidade de saber sempre mais e de adquirir competências que vão aportar valor ao seu desempenho pessoal e profissional. É esse o motor de uma sociedade evoluída, de uma cidadania ativa e participativa e também de um tecido económico sustentado e sustentável. As empresas dependem de ativos que nunca deixam de aprender e que estão aptos a aportar novas propostas e novos desafios.
Paralelamente, contas públicas equilibradas, uma política fiscal que promova o investimento e o empreendedorismo (e que não dependa de ciclos políticos cada vez mais curtos), e um investimento público ponderado e assente em prioridades bem delineadas para o país, devem ser pilares-base do desígnio nacional.
Não posso deixar de referir a questão da habitação. É fulcral conseguirmos fixar as populações, em particular no interior do país, combatendo não só a desertificação mas também permitindo às empresas que estão fora dos grandes centros, como a Casa Mendes Gonçalves, atrair e reter recursos, nomeadamente os mais qualificados. Isso só é possível se lhes pudermos proporcionar boas condições de vida, que começam numa habitação a um custo justo, razoável e suportável, complementada por acesso a serviços de saúde, educação e transportes de qualidade.”
César Araújo,
CEO da Calvelex
“É preciso pôr o foco no desenvolvimento económico. O Estado tem de investir mais no privado. Portugal está muito assente no turismo, o que é um perigo. Temos de apostar no desenvolvimento económico e na indústria, com mais formação dos trabalhadores e ajudar as empresas a dar o salto da digitalização, com um grande reforço do investimento. É preciso apostar na modernização da indústria.
Tem de haver mais investimento, mas na economia. O investimento é extremamente importante. Tem de haver maior contribuição do Estado. É inadmissível ser tudo através de fundos de coesão. Depois, é preciso apostar numa redução dos impostos sobre o trabalho para retenção de talento, aumentando a qualificação da indústria. E investir na Defesa, não por opção, mas por obrigação.”
Diogo Mónica,
Cofundador e presidente da Anchorage Digital
“Desde logo, parece importante fazer duas notas prévias. A primeira apenas relembra o óbvio: itens que comecem por “Reforço da despesa” não podem nunca ser considerados objetivos ou prioridades em si mesmos, seja de um ponto de vista político, material, ou orçamental. A despesa ou consumo de recursos será sempre um mal necessário para atingir um bem pretendido. Esse bem, sim, será o objetivo a atingir e, portanto, a prioritizar. Concordar com um aumento de despesa implicará sempre, portanto, a assunção de duas coisas; que o aumento da despesa irá gerar melhorias, e que para conseguir melhorias será necessário aumentar a despesa. Nem sempre isso é claro. Com demasiada frequência, o aumento de despesa apenas vem aumentar ineficiências, e — porque serve como mitigação imediata de sintomas — impedir o ataque aos reais problemas da área. A segunda nota prévia, é a necessidade de separar o estrutural do contextual. As prioridades que temos de definir para o imediato podem ser consequências necessárias e infelizes do contexto em que vivemos, e distintas — ou até opostas — às prioridades que nos devem guiar de forma estrutural e permanente.
Com estes dois pontos em mente, e do conjunto de prioridades listadas acima, realçaria um aspeto estrutural que será sempre fundamental, neste como em todos os OE (Equilíbrio das contas públicas), e um aspeto contextual que, por razões várias, temos de enfrentar de forma muito direta neste momento, e onde me parece claro que a prossecução dos objetivos implica necessariamente um aumento de despesa (Reforço da despesa com defesa). De caminho, e como mera nota de rodapé — uma vez que se trata de um aspeto cuja expressão orçamental é diminuta – acrescentaria um desejo que não consta da lista de prioridade acima listadas: ver o Estado português a plasmar em termos orçamentais um programa de pesquisa e inventariação (com meios nacionais) que finalmente possa dar resposta à eterna pergunta: Que recursos (quais, quantos e onde) tem Portugal na sua plataforma continental? Não estará na altura de saber?”.
Filipa Pantaleão,
Secretária-geral do BCSD Portugal
“Reconhecendo que a saúde e a educação são áreas vitais e pilares básicos para uma sociedade justa e igualitária, que necessitam de especial atenção neste momento, acreditamos serem fundamentais, tal como o equilíbrio das contas públicas, de forma que o investimento seja bem repartido e chegue onde é preciso. Complementarmente, assinalaria como prioridade a habitação digna para todos, bem como o compromisso nacional com a transição climática.”
Francisco Teixeira,
Country manager da WPP e CEO da WPP Media
“Portugal precisa de se tornar competitivo, diferenciado e eficaz nos resultados que apresenta. Não é um desafio do país, mas um desafio de todos nós, em todas as nossas áreas de atuação.”
Gabriel Sousa,
CEO da Floene
A redução da fiscalidade sobre o setor energético deve ser uma prioridade do Governo, de forma a promover a descarbonização de forma equilibrada e uma transição energética tecnologicamente neutra.
O fim da CESE para o setor da distribuição de gás devia ser uma prioridade uma vez que já foi declarada a inconstitucionalidade da norma, reiteradas vezes, e a manutenção desta contribuição extraordinária, em 2026, 12 anos depois de ter sido criada, prolonga injustificadamente a litigância.
Por outro lado, medidas de apoio ao desenvolvimento do mercado de Biometano em Portugal são urgentes. Existe potencial de produção, existe procura por parte da indústria, mas falta regulamentação e incentivos para lançar este vetor fundamental da descarbonização energética do nosso país.
Helena Freitas,
CEO da Sanofi Portugal
“O reforço da despesa com saúde é um passo importante para a valorização da prevenção e da inovação terapêutica. O investimento em vacinação, além de proteger a saúde pública, pode gerar poupanças significativas ao sistema, permitindo redirecionar recursos para áreas prioritárias. Em relação ao acesso a medicamentos inovadores, é essencial acelerar processos e garantir sustentabilidade financeira para que a inovação com impacto na saúde e no bem-estar chegue mais rapidamente aos portugueses. O equilíbrio das contas públicas deve ser compatível com escolhas estratégicas que promovam saúde, bem-estar e inovação.”
João Amaral,
CEO da Voltalia Portugal
Considero fundamental que o próximo Orçamento do Estado privilegie a redução da carga fiscal e o aumento do investimento público, em especial no setor da transição energética e das infraestruturas estratégicas. A redução de impostos é crucial para reforçar a competitividade das empresas, atrair investimento estrangeiro e permitir às organizações nacionais ganhar escala no mercado global. Num contexto económico exigente, é decisivo criar condições que reforcem a confiança dos investidores e libertem recursos para inovação e crescimento.
Paralelamente, o investimento público, sobretudo em áreas como as energias renováveis, as redes elétricas inteligentes, os transportes e a digitalização, é determinante para acelerar a transição energética, garantir a segurança de abastecimento e cumprir metas climáticas. Este esforço não deve ser encarado apenas como despesa, mas antes como uma alavanca para o crescimento sustentável, a criação de emprego qualificado e o reforço da resiliência económica do país.
Outras ações, adicionais ao Orçamento, devem refletir a realidade dos Portugueses. Seja na habitação, onde deve ser reforçada a aposta em construção pública através de um concurso público internacional massivo, seja na energia onde o crescimento do consumo com recurso à produção de eletricidade individual/coletiva (autoconsumo) nos mostra que entre 2020 e 2025 o aumento de consumo supera os 9% – um marco de crescimento extraordinário que deve ser ampliado além do solar fotovoltaico.
João Manso Neto,
CEO da Greenvolt
“O Orçamento de Estado deveria em primeiro lugar privilegiar a redução de dívida pública, tendo em conta o contexto de instabilidade e de incerteza a que assistimos. Por outro lado, é igualmente fundamental como alavanca do crescimento e dinamização da economia a progressiva redução da carga fiscal que incide sobre famílias e empresas. O aumento da dinâmica económica tem capacidade para incrementar as receitas do Estado mesmo diminuindo a carga fiscal.
Em termos de sociedade, é crítico que se aposte numa gestão rigorosa da Saúde, permitindo libertar meios financeiros para estancar e atrair mais profissionais, nomeadamente médicos.
O investimento público, que tem sido ao longo dos anos uma área pouco dinamizada, deve ser incrementado, nomeadamente em projetos devidamente estudados e reprodutivos, constituindo-se também como uma fator indutor da geração de riqueza.
Menos prioritário, mas relevante, será o investimento em defesa, na lógica implementada por Espanha e na educação.”
João Moreira Rato,
Presidente do Instituto Português de CorporateGovernance
Manter o saldo orçamental estrutural ao longo do tempo.
De forma a não se seguirem políticas orçamentais pró cíclicas em que se aumenta despesa em expansão para ter de se corta quando se estiver em recessão.
Manter a margem de manobra orçamental para se poder lidar com períodos de crise.
Não aumentar despesa em percentagem do PIB quando se está em pleno emprego.
Manter disciplina orçamental e evitar que no futuro se tenha de cortar despesa ou aumentar ainda mais a carga fiscal.
João Nuno Serra,
CEO da Enforce e Presidente da Associação dos Comercializadores de Energia no Mercado Liberalizado (ACEMEL)
“A redução de impostos deve ser o farol de qualquer governo e OE. Políticas orientadas para a redução de impostos, não significa pior estado e pior serviço público. Obriga sim a um estado melhor gerido e com mais eficiência e produtividade. A produtividade do país está hoje em parte muito afetada, por um estado e um serviço público, em muitos casos desequilibrado, entre as respostas que os cidadãos procuram e necessitam do estado central e também Municipal e, aquelas que acabam por ter. Ou seja, uma montanha de procedimentos e burocracia, separam hoje estado e cidadãos, que na maioria dos casos, para mais não serve que justificar o monstro que foi criado. Isto sim, são as verdadeiras barreiras ao desenvolvimento do país. A economia para gerar riqueza, é feita de investimento, criação de valor e empregos. Com a atual estrutura do estado (Central e Municipal), não seremos capazes de alcançar níveis mais acelerados de crescimento económico. É preciso reformar o Estado.”
José Alexandre Oliveira,
Presidente da Riopele
“Somos uma empresa instalada num concelho muito exportador, com 98% para exportação. Gostava que houvesse a reintrodução de benefícios à criação líquida de emprego. Um incentivo que fosse relevante ao apoio a quem cria emprego neste país. Outra medida é que o apoio ao investimento tem um prazo que às vezes é injusto. Atualmente o investimento tem de ser realizado no prazo de cinco anos. Não devia haver um prazo. O incentivo devia prevalecer enquanto o investimento estivesse a ser feito, devia haver uma eliminação do prazo.
Outra coisa que não compreendo é continuarmos a pagar derrama estadual. Para quê? É uma decisão fácil para o governo, sem grande impacto financeiro, mas no caso da Riopele são 150 ou 200 mil euros.
Outra prioridade é haver uma redução das tarifas de acesso à rede (da eletricidade).
Os incentivos [à exportação] já não deveriam ser considerados só para os mercados europeus. Devia apoiar-se a exportação para mercados como a China, Coreia ou Japão, que são mercados novos e de difícil introdução. Devia haver um incentivo financeiro qualquer. São mercados longínquos, em que os custos de lá estar são mais elevados.”
José Germano de Sousa,
CEO do Grupo Germano de Sousa
“Tenho a convicção que o papel do Estado passa muito mais pela capacidade de gerir recursos. Sou um defensor do Estado ser um regulador competente. Não acredito que o Estado deva ser um prestador. O dinheiro não é a solução para tudo. Acredito que o Estado deve ter uma posição de competente regulador com o financiamento possível do Orçamento.”
José Pedro Salema,
Presidente e CEO da EDIA – Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva
“A continuidade do investimento público em infraestruturas estratégicas é fundamental para os territórios do interior, especialmente onde a gestão sustentável da água pode ter evidentes reflexos no desenvolvimento regional. A previsibilidade e estabilidade orçamental são igualmente cruciais para o planeamento de longo prazo que este tipo de projetos exige.”
José Pinheiro de Lacerda,
Presidente da Injex
“Meios de reforço do combate à corrupção e meio que façam a Justiça forte e dissuasora são outras coisas que considero fundamental estarem no Orçamento.”
Luís Santana,
CEO da Medialivre
“a) Redução de impostos: Tendo em consideração a elevada carga fiscal que impende sobre a economia portuguesa, esta redução deve constituir uma prioridade estratégica, tendo em vista o reforço do rendimento disponível das famílias, melhorar a competitividade das empresas e estimular o crescimento económico.
b) Equilíbrio das contas públicas: A estabilidade das finanças públicas e a consolidação orçamental são condições críticas para garantir a credibilidade do Estado e a sustentabilidade da economia. Este equilíbrio pode ser alcançado através de uma gestão prudente da despesa pública mas também através de políticas que promovam o crescimento económico. Saldos orçamentais positivos de forma estrutural são garantia de margem de manobra em períodos de maior incerteza económica ou choques externos.
c) Reforço da despesa com saúde e educação: O investimento em saúde e educação é um fator fundamental para o bem-estar social e o desenvolvimento económico. Na saúde, é fundamental aumentar a capacidade de resposta do Serviço Nacional de Saúde (SNS), reduzindo tempos de espera e garantindo a equidade no acesso, reforçando ao mesmo tempo a rede de cuidados primários e a cooperação com o setor social e privado. Na educação, deve priorizar-se a qualidade do ensino, o combate ao abandono escolar e o investimento no ensino técnico e superior, de modo a responder às novas exigências do mercado de trabalho. Todo o investimento na educação deve ter como objetivo fundamental a capacidade do país conseguir reter e aproveitar todo o talento gerado na formação dos nossos jovens.
d) Reforço da despesa com defesa: O contexto internacional exige um compromisso reforçado com a defesa nacional e com as responsabilidades assumidas por Portugal no quadro da NATO e da União Europeia. O aumento da despesa com defesa deve ter como objetivo além da modernização das Forças Armadas, mas também o investimento em novas capacidades tecnológicas e em meios de vigilância e proteção do território. Também neste aspeto é fundamental as empresas portuguesas não perderem a oportunidade de assumir papel de relevo na indústria de defesa.
e) Aumento do investimento público: O investimento público é um motor essencial para o crescimento económico, a coesão territorial e a transição ecológica. O Orçamento de Estado deve prever um reforço significativo do investimento público, particularmente em infraestruturas críticas — transportes, habitação, energia, digitalização e ambiente. É igualmente fundamental assegurar uma execução eficiente dos fundos europeus, nomeadamente do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e dos fundos de coesão, garantindo que os investimentos realizados promovem ganhos estruturais e sustentáveis na produtividade e competitividade do país. O aumento do investimento público deve, por fim, ser acompanhado por mecanismos rigorosos de avaliação e transparência, assegurando que cada euro gasto gera valor económico e social mensurável.”
Lurdes Gramaxo,
Partner da Bynd VC
“O Orçamento de Estado é o momento de delinear com clareza qual a estratégia que o Governo quer seguir e, este governo tem dado sinais claros de que quer investir na iniciativa privada para criar riqueza através da inovação, aumentar a produtividade, apostar nas exportações e, com isso, aumentar a rentabilidade.
Por isso, sinalizo a equilíbrio das contas públicas e a redução do IRC como importantes para definir as prioridades da estratégia do OE.
O reforço das despesas com defesa, apesar de ser um compromisso de Portugal com a NATO e com a EU, deve ser encarado como um investimento se a sua implementação visar também o financiamento de I&D e de empresas em áreas tão como, por exemplo, a cibersegurança, drones e IA, onde temos tantas startups a desenvolver produtos e serviços altamente diferenciadores.”
Miguel Pinto,
CEO da Aumovi
“Incentivos à atração de IDE e à reindustrialização do país; promoção da digitalização e redução da burocracia na Administração Pública e desenvolvimento de uma política de habitação acessível, em especial para os mais jovens são outras das prioridades do OE2026.”
Reinaldo Teixeira,
CEO do Grupo Carité
“Deveria haver forma de os empregados quando fazem além das 8h obrigatórias não fosse possível descontar impostos. Era uma forma de criar mais riqueza para os funcionários e para as próprias empresas, que resolviam problemas de encomendas. Quando os funcionários fazem uma ou duas horas extra por dia, 60% não vai para o bolso deles. Se ganharem dinheiro também vão gastar. E as próprias empresas deviam ter um imposto diminuído para essas horas, além das 8h obrigatórias.
Outra prioridade tem de ver com o fundo de maneio das empresas. O Banco do Fomento foi criado para ajudar, mas até à data ainda não houve tanto efeito como esperado.
Ainda no setor do calçado, o Governo devia associar-se a empresas de seguros internacionais. Quando há crises na Europa, os clientes perdendo o seguro, não podemos trabalhar, porque não têm seguro.”
Ricardo Mendes,
cofundador e CEO da Tekever
“Não considero que uma listagem desta natureza reflita a complexidade de um Orçamento do Estado. Dito isto, acredito que as áreas fundamentais são sempre a saúde, a educação, a cultura, a habitação e a soberania.
O Orçamento do Estado deve, por isso, refletir uma visão estratégica de longo prazo, centrada nestas áreas, que sustente uma sociedade livre, próspera e resiliente.
Uma das preocupações centrais em Portugal deve ser a garantia, com visão e consistência, de investimento na soberania nacional — uma aposta no setor da defesa e segurança, mas também na capacidade de proteger infraestruturas críticas, manter cadeias de valor estratégicas para o país e responder a crises, tanto autonomamente, como no quadro europeu.
Na área da inovação, o apoio público deve centrar-se na investigação fundamental e na inovação científica de base, onde o investimento do Estado tem um verdadeiro efeito transformador e estruturante, e adotar estratégias de procura — não de subsidiação — em áreas de conhecimento mais desenvolvido e maduro.
O contexto internacional torna evidente a necessidade de reforçar o orçamento nas áreas da defesa, segurança e resiliência — para proteger a soberania nacional e para responder a compromissos externos —, mas este deve ser pensado também como uma oportunidade para criar uma cadeia de valor no país.
Esse investimento pode e deve funcionar como um motor económico, estimulando o tecido empresarial, fomentando o emprego qualificado e motivando um diálogo mais transversal e consequente entre as forças armadas e a indústria portuguesa, para onde se deve canalizar um claro investimento que contribua para a criação de novas capacidades industriais.
Por fim, não podemos esquecer o que é, talvez, o nosso maior ativo: as pessoas. É imperativo criar condições para atrair, reter e desenvolver talento em Portugal. Essa deve ser uma prioridade transversal em qualquer política pública: colocar o talento no centro da estratégia nacional.”
Samuel Fernandes de Almeida,
Fiscalista e managingpartnerda MFA Legal
“Estas prioridades devem ser contextualizadas: o investimento público produtivo deve ser uma prioridade de forma a aumentar a riqueza ou as condições para a sua criação, no que deveria ser um desígnio nacional, tal como a redução da taxa de esforço fiscal, via simplificação do sistema e menor tributação dos rendimentos de trabalho. O investimento em despesa deveria estar centrado no reforço da indústria nacional e do hub de defesa, num contexto de forte procura doméstica e internacional. Por fim, a saúde e a educação não necessitam de mais despesa, mas sim de mais eficiência e uma nova organização dos recursos existentes. Isto exige para estes setores, como para muitos outros do setor público, uma reforma do Estado que nenhum dos partidos do eixo pretende realizar. Os problemas crónicos do país continuam por resolver – lentidão da Justiça, excesso de carga fiscal, ineficiência do setor público, baixa produtividade, a que acresce agora um problema na habitação. Gostaria de ver no OE/26 sinais fortes de tentativa de inversão destes constrangimentos que nos empobrecem”.
Sandra Santos,
CEO da Logoplaste
“Portugal precisa de atrair investimentos de valor acrescentado. A energia é a base de muitas atividades com alto valor. Temos de pagar melhores salários e ter projetos de carreia interessantes para reter talento jovem. Há um grande défice de construção de habitação afoordable. Mas os investidores precisam de incentivos.
De facto, muitas prioridades estão inter relacionadas e requerem ações de vários atores. E os incentivos devem sempre premiar a entrega de valor ao país. Subsidiar a “inatividade” não é solução.”
Stephan Morais,
Managing partner da Indico Capital
“Considero que a prioridade fundamental deve ser a redução de impostos. A redução de impostos é um catalisador da atividade económica e Portugal tem uma taxa de imposto média enorme, em particular para as empresas, mas também para os cidadãos. Esta deve ser a medida chave do próximo Orçamento de Estado.”
Assine o ECO Premium
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.
De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.
Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.
Comentários ({{ total }})
Prioridades para o OE26: o que dizem os empresários
{{ noCommentsLabel }}