A limitação de salários no privado e o Bloco de Esquerda
O BE tem 19 deputados, 15 dos quais trabalham para o Estado ou para entidades apoiadas pelo Estado. Sugiro a Catarina Martins que se torne empresária. Depois, sim, venha meter-se na vida das empresas.
As declarações de Catarina Martins sobre a limitação de salários no privado explicam-se da seguinte forma:
Carlos Matias, engenheiro técnico e ex-funcionário da então empresa pública Portugal Telecom; Catarina Martins, atriz de teatro e co-fundadora da companhia “Visões Úteis”, que de acordo com o seu site é financiada pela Direção Geral das Artes; Domicilia Costa, doméstica; Heitor Sousa, economista e, segundo o site da Assembleia da República, “chefe de departamento na Carris desde 2011”; Isabel Pires, mestre em ciência política e também segundo o site da AR “operadora de call center”; Joana Mortágua, licenciada em relações internacionais, frequenta o mestrado e no site da AR não consta nenhuma profissão; João Vasconcelos, professor; Jorge Campos, professor em instituto superior público; Jorge Costa, jornalista; Jorge Falcato, arquiteto na Câmara Municipal de Lisboa; José Manuel Pureza, professor em universidade pública; José Soeiro, segundo o site da AR “sociólogo”; Luís Monteiro, estudante de mestrado em museologia; Mariana Mortágua, deputada desde os 27 anos, frequenta doutoramento em Londres; Moisés Ferreira, psicólogo; Paulino Ascensão, economista e, segundo o “esquerda.net”, dirigente da administração pública; Pedro Filipe Soares, matemático com um vasto percurso em consultoria informática; Pedro Soares, professor em universidade pública; e por fim, Sandra Cunha, professora em universidade pública.
Caro leitor, sinta-se desde já apresentado aos deputados da nação eleitos nas listas do Bloco de Esquerda. Agora, sem demoras, vamos fazer contas.
O Bloco de Esquerda tem um grupo parlamentar de 19 deputados. Destes ilustres senadores da república, 15 trabalham para o sector público ou para instituições que recebem apoio do Estado, ou são estudantes, ou nunca trabalharam, ou só trabalharam em política. Restam-nos então 4 deputados: Pedro Filipe Soares, com uma irrepreensível carreira no privado; depois temos a deputada do call center; o psicólogo; e por fim, o jornalista Jorge Costa, que a Meios & Publicidade noticiou em 2007 ter transitado da comunicação do Bloco de Esquerda diretamente para uma curta passagem numa das mais prestigiadas consultoras de comunicação do mercado.
Bem feitas as contas, 78% dos deputados do BE nunca tiveram qualquer relação com o sector privado e mesmo os que tiveram, salvo raras exceções, não são conhecidos pelo particular brilhantismo da sua carreira profissional.
Não o digo com qualquer tipo de maldade, mas percebo, sinceramente, que alguém que nunca tenha trabalhado numa empresa privada não tenha a mínima noção de como o mercado laboral funciona. O que não consigo compreender é que um partido político tente imiscuir-se desta forma no funcionamento das empresas privadas.
Mas pior do que isso, parece-me inaceitável que um partido político coloque no lixo os conceitos de meritocracia e de livre iniciativa privada. Isto equivale a dizermos aos nossos jovens: podes trabalhar muito, empreender, arriscar o teu capital, esforçares-te todos os dias, abdicar de férias, esquecer os fins-de-semana e lutar muito, mas nunca poderás ganhar mais dinheiro do que o Bloco de Esquerda te deixar ganhar. Não foi para isto que se fez o Web Summit em Lisboa.
Não tenho absolutamente nada contra o funcionalismo público. Conheço, aliás, excelentes funcionários públicos. O que não consigo compreender é um partido político que se diz defensor dos interesses dos trabalhadores e que não tem no seu grupo parlamentar um único operário ou agricultor. Partido político este que se limita a fazer a gestão dos interesses que os seus deputados representam – o que ajuda a explicar o porquê de sermos uma país subsídio-dependente, com excesso de funcionários públicos, com um peso enorme do Estado na economia e onde os sindicatos da Função Pública (principalmente no ensino) funcionam como um lobby poderosíssimo.
Quanto à líder do Bloco de Esquerda, sugiro que um destes dias se torne empresária. Construa um negócio, procure o lucro, pague impostos, empregue pessoas e gere riqueza para o seu país. Depois disso, que venha então meter-se na vida das empresas privadas.
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