As startups e o e-commerce
Se olharmos atentamente para os movimentos no ecossistema de startups, entre investimentos e aquisições, as ferramentas e soluções de e-commerce estão no topo da lista.
De uma forma muito resumida, o caminho “das pedras” de um empreendedor no desenvolvimento da sua startup (“Uma startup é uma instituição humana concebida para criar um novo produto ou serviço sob condições de extrema incerteza”, Eric Ries, The Lean Startup ) pode ser descrito da seguinte forma:
- A ideia: não existe forma de se dizer que uma ideia é boa ou má, pois é na implementação que reside o sucesso de qualquer novo produto ou serviço. Mas se a proposta a desenvolver contribuir para aumentar a qualidade de vida, ajudar a corrigir algo errado ou prevenir o fim de algo bom, então poderá valer a pena desenvolver a ideia.
- O desenvolvimento do MVP: acrónimo de “Minimum Viabale Product”, produto mínimo no sentido de ter apenas as características funcionais básicas que permitam lançar rapidamente o produto no mercado e começar a percorrer o caminho de aprendizagem do negócio e descoberta dos clientes.
- A procura de investimento: com o MVP consegue-se tração (leia-se clientes, muitas vezes denominados “early adopters”)? Então vão ser precisos mais recursos para continuar a desenvolver o produto (não esquecer que ainda tem um MVP), para o comercializar e para criar a empresa. Se o empreendedor conseguir criar a expectativa de que a sua startup vai conseguir uma cota de mercado suficiente para pagar toda a operação e ainda gerar lucro para o investidor então poderá ter sucesso na sua procura.
Existem pelo menos quatro motivos muito objetivos que deveriam fazer com que os empreendedores olhassem com muita atenção para o e-commerce como fonte de ideias:
- Tecnologia: um e-commerce é muito mais que um sítio na internet! Em média, uma loja virtual necessita de 26 ferramentas para funcionar. Existem milhares de ferramentas para e-commerce, desde a plataforma de e-commerce ao meio de pagamento, cada uma com um propósito específico. E-Commerce é a soma de retalho e tecnologia, e as Startups com um ADN ágil têm no e-commerce uma oportunidade para solucionar problemas e a criar novas soluções.
- Dimensão do mercado: Um gigante pequeno, é assim que podemos definir Portugal: o país tem pouco mais de 8 milhões de pessoas com acesso à internet mas tem um fácil acesso aos 670 milhões utilizadores de internet do continente europeu. Enquanto no Brasil se conseguem atingir pouco mais de 130 milhões de habitantes (utilizadores de internet), em Portugal pode-se atingir toda a Europa e muito mais.
- Volume de Negócios: o mercado de e-commerce em Portugal, onde apenas 39% da população já compra online, no Reino Unido 78% da população já compra online, vale 4.6 mil milhões de euros e continua a crescer a uma velocidade superior à da média europeia. E para que mais portugueses comprem online é necessário que mais empresas portuguesas comecem a vender online – 80% das compras online são provenientes de sites fora de Portugal!
- Oportunidades: O e-commerce permite às empresas, independentemente de serem indústria ou de retalho tradicional, reduzirem o risco de entrada em novos mercados e conseguirem novos clientes. O sector que atualmente mais cresce é o da moda e beleza, mais 18%. Mas para que tal seja possível é necessário utilizar as ferramentas adequadas e estratégias de aceleração de crescimento. Ora, estas são muitas vezes desenvolvidas pelas startups que tem aqui uma oportunidade única para conquistarem o seu espaço.
Em Portugal já existem bons exemplos. A Farfetch, o primeiro unicórnio português (valor potencial de mais de 1 bilião de dólares), é o exemplo mais conhecido e de maior sucesso. A OLX entrou em Portugal e ajudou muitos consumidores a passarem de consumidores a vendedores dos seus próprios produtos. Quem não conhece hoje em dia a Prozis ou quem não comprou ainda no Continente Online?
A verdade é que a transformação digital está em curso, está a mudar o quotidiano de todos nós e é também uma oportunidade para Portugal. Se olharmos atentamente para os movimentos no ecossistema de startups, entre investimentos e aquisições, as ferramentas e soluções de e-commerce estão no topo da lista. Um exemplo é o da Vtex que comprou a Xtech por 14 milhões. Foi no Brasil, é verdade. Mas não deixa de ser um bom exemplo para as startups portuguesas.
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