Como os pagamentos podem acelerar a ativação dos novos serviços de mobilidade
Fornecedores de pagamentos podem considerar parcerias para ter acesso a uma base alargada de clientes, e evitar o tempo, capital e risco necessários à construção de uma base de clientes do zero.
Atualmente estamos a viver o início de uma nova era de mobilidade, baseada não na viatura como um produto mas de mobilidade como um serviço. Neste contexto, as múltiplas indústrias que constituem este vasto espaço de mobilidade estão a evoluir de um negócio baseado na produção para um baseado em serviços. Contudo o impacto na experiência de pagamento do cliente tem merecido uma menor atenção.
As situações de pagamentos estão a ser suplementadas com novos e mais complexos eventos de pagamentos, como os seguintes exemplos:
- Veículos autónomos que automaticamente pagam estacionamento ou portagens
- Pagamento e utilização de veículos de uso partilhado
- Custos e pagamentos de abastecimento elétrico com ligação à rede de eletricidade
- Subscrição de produtos de transporte público, integrados ou não com rede partilhada
A ativação de novos processos de pagamentos nestes novos cenários de mobilidade obriga a superar vários desafios que, apesar de não novos para a indústria de pagamentos, necessitam de serem revisitados à luz do novo contexto de mobilidade:
- Conveniência: a introdução de wallets é crítica para a conveniência exigida pelo consumidor final, num contexto de pagamentos mais frequentes e a um maior número de providers
- Mercado “multilateral”: com múltiplos providers, processadores e pontos de contacto com o cliente, a (re)aplicação de serviços master-merchant de um ambiente de e-commerce permite a cobrança de diversos serviços, como estacionamento, portagens e abastecimento de eletricidade de forma homogénea
- Autenticação: apesar de ainda ser um desafio por resolver (principalmente na Europa com o requisito de two-factor authentication), a introdução de pagamentos por voz ou uso de biométrica pode solucionar este desafio no setor automóvel
- Custos: apesar das alterações recentes (e.g., interchange fee cap), a redução de custos ainda é crítica, especialmente num contexto de transações de baixo valor (e.g., transportes públicos). Novos rails de pagamentos (como pagamentos instantâneos ou blockchain) podem ajudar a manter os custos baixos
Até agora têm sido os incumbentes de mobilidade a melhor se posicionarem, como fabricantes automóveis inclusive com cativas próprias (mas com racional diferente de financiamento e não de transacionalidade). Também players não tradicionais estão a entrar neste espaço, como empresas de navegação, fornecedores de software ou utilities elétricas. Curiosamente, os tradicionais players de setor financeiro têm sido menos ativos. Acquirers e payment-service providers (PSPs) têm o conhecimento de mercado mas ainda não desenvolveram ofertas dedicadas às necessidades de pagamentos neste espaço.
A profunda alteração dos setores de mobilidade pode constituir uma das principais oportunidades para a indústria dos pagamentos, com incumbentes de mobilidade (e.g., setor automóvel) numa posição privilegiada para avaliar o potencial deste novo paradigma em pagamentos. Fornecedores de pagamentos podem considerar parcerias para ter acesso a uma base alargada de clientes, e evitar o tempo, capital e risco necessários à construção de uma base de clientes do zero.
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